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ROSICLEIDE BARBOSA DE MENEZES

ATIVIDADE DISCURSIVA – PSICOLOGIA HOSPITALAR

A problemática da morte e o morrer é bastante trabalhada no contexto


hospitalar e suscita questões de ordem ética que permeiam a prática do
psicólogo hospitalar. Uma importante psiquiatra e estudiosa na área, Elizabeth
Kübler-Ross propôs em seu livro “Sobre a Morte e o Morrer” sua compreensão
acerca dos estágios emocionais pelos quais passam os pacientes em
terminalidade.    

Realize uma explanação sobre as principais ideias de Kübler-Ross,


descrevendo as características de cada fase, exemplificando-as, bem como
explicitando a maneira como estas ideias podem ser utilizadas na assistência
psicológica hospitalar.    

Explanação:

A autora discorre sobre o cuidado a pacientes gravemente enfermos,


destacando-se, no livro, a importância da escuta de suas necessidades à
compreensão de seu sofrimento. Essa obra é mais conhecida pela descrição
dos estágios do luto, sendo estes (negação, raiva, barganha, depressão e
aceitação), teorizados pela autora como vividos pelos pacientes que recebem
diagnósticos de doenças graves, seu trabalho permitiu identificar um conjunto
de reações emocionais pelos doentes em fase terminal (Livro AVA, pág. 155-
156).

A fase da negação é caracterizada por um afastamento da gravidade


do diagnóstico: os pacientes (ou familiares) não acreditam, pensam na
possibilidade de um erro no diagnóstico ou troca de resultados de exames. O
primeiro contato com a doença, em geral, mobiliza reações de negação ou
acompanhadas posteriormente pelo choque inicial. Nesta fase são comuns
questionamentos como: - Por que isso está acontecendo comigo?
- Por que não me levou no lugar dele (a)?
Na fase da raiva, são esperados sentimentos com forte carga de
ambivalência afetiva, a raiva é desferida contra a equipe que não cuida
adequadamente, contra a vontade divina, pacientes e familiares podem se
tornar hostis e agressivos uns com os outros e com a equipe, é colocada em
cheque a própria capacidade técnica da equipe, busca-se culpabilizar alguém.

Na fase da barganha ou negociação, é comum a busca por métodos


mágicos de cura, apelos dramáticos, pactos e promessas com Deus ou
entidades. Buscam-se acordos reais ou imaginários com figuras que
representam, no sistema de crenças e valores de cada um, um ideal de
onipotência e supremacia, que pode intervir na situação, essas figuras podem
estar encarnadas em profissionais da equipe ou com apelo religioso-espiritual.
Após um processo de elaboração psíquica, que aproxima o sujeito da verdade
inexorável, ou a percepção de que o quadro clínico não apresenta melhoras,
pode-se instaurar a fase da depressão, na qual a angústia e a introspecção
aumentam junto à piora do quadro clínico. Nessa fase, caracterizada pela dor
psíquica, é comum a manifestação de sentimento de culpa, insegurança,
tristeza e pesar. Nesta fase o indivíduo tem consciência de que aquela perda
aconteceu de verdade, então ele começa a vivenciar o luto de maneira mais
intensa.

A fase da aceitação pode ser observada pela equipe como um estágio


de quietude e isolamento, é relatada uma necessidade de descanso, e a
vontade de lutar diminui gradualmente. A aceitação não significa perder a
esperança, mas não mais temer ou se angustiar imensamente ao entrar em
contato com a possibilidade de morte, necessária para elaborar a perda e a
separação que estão por vir. Nesta fase o enlutado percebe que ao aceitar o
ocorrido, conseguirá viver em serenidade, entendendo melhor suas emoções e
sentimentos, e o mais importante, conseguindo lidar com elas de maneira mais
saudável.

Faz-se relevante pontuar a importância da Psicologia Hospitalar na


prestação de apoio psicológico no processo de luto, de moda a auxiliar o
enlutado a compreender sua perda, até conseguir aceitá-la, encarando de
frente a realidade que se apresenta. Com empatia, cautela e delicadeza, o
psicólogo hospitalar intervém com o objetivo de levar o sujeito que enfrenta o
luto a lidar com este processo, estando com ele em todos os estágios,
oferecendo escuta para que o mesmo consiga se perceber em cada etapa,
identificando com clareza o que está sentindo.

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