“Como é possível observar, as relações de poder dentro da família influenciam
amplamente os estilos parentais e as práticas educativas utilizadas com os filhos. A falta extrema de afeto ou a rejeição gera consequências negativas para o desenvolvimento. Se, na relação que se estabelece entre os pais e a criança, o afeto, a reciprocidade e o equilíbrio de poder não estão presentes, pode ocorrer prejuízo ao desenvolvimento da criança, comprometendo as relações posteriores que ela virá a estabelecer com outras pessoas (Bronfenbrenner, 1979/1996).”
Conforme citado no trecho acima, sabe-se que os estilos parentais exercem
grande influência no desenvolvimento e formação de personalidade das crianças e que cada estilo se utiliza e práticas parentais com características específicas. Descreva quais são os estilos parentais e quais as consequências dessas práticas na vida da criança.
Resposta
Na espécie humana a prole ao nascer depende de cuidados que são
essenciais a sua sobrevivência, e este cuidados seguem sendo ofertado durante prolongado tempo por seus cuidadores diretos, que em geral são seus pais. Nessa relação de cuidados e orientações a criança recebe a influência direta de seus cuidadores, de seus pais e de outros familiares. A família é o primeiro núcleo social que integramos, nela a criança aprende valores, comportamentos, emoções, sentimentos e experiências compartilhadas entre os integrantes. Vale ressaltar que há muitos modelos de família o que torna relevante se fazer uma reflexão acerca dos estilos parentais adotados nas famílias e pensar de que forma o modelo adotado afeta o desenvolvimento de uma criança. Pesquisadores têm se questionado sobre os padrões comportamentais dos pais e o que eles provocam nos filhos. Diana Baumrind (1966) propôs um modelo que é amplamente utilizado até os dias de hoje, onde definiu que os estilos parentais são o conjunto de atitudes e práticas dos pais em relação aos filhos que caracteriza a natureza da interação entre eles. Tal proposta considera paralelamente aspectos emocionais e comportamentais da conduta parental conforme (Baumrind, 1967), de modo que valores e as crenças parentais, somados ao temperamento da criança, definem o estilo parental. A autora nomeou três estilos parentais: autoritativo, autoritário e indulgente, e mais tarde, Maccoby e Martin (1983) incluíram um quarto estilo parental, chamado de negligente. É mister trazer que a operacionalização de Baumrind nos anos de (1966, 1967) subsidiou os estudos de Maccoby e Martin em (1983), estes estabeleceram como parâmetros de diferenciação dos estilos parentais duas dimensões chamadas de responsividade (responsiveness) e exigência (demandingness). Responsividade refere-se a atitudes compreensivas dos pais que visam, por meio do apoio emocional e da comunicação, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da autoafirmação dos filhos. Já exigência inclui atitudes dos pais que buscam controlar os comportamentos dos filhos por meio de limites e regras, já os pais com elevadas responsividade e exigência são classificados como autoritativos, enquanto que aqueles que apresentam baixa responsividade e exigência são tidos como negligentes. Os pais muito responsivos, porém, pouco exigentes, são categorizados como indulgentes, enquanto os muito exigentes e pouco responsivos são considerados autoritários (Maccoby& Martin, 1983).
ESTILOS PARENTAIS
Pais Autoritativos ou participativos apresentam grandes expectativas
para seus filhos, empatia, respeito, os escutam, os observam, os acolhem e reagem de acordo com as demandas destes. Utilizam uma linha aberta de comunicação que leva em consideração os sentimentos, opiniões e preferências da criança, mas estabelecem limites básicos, oferecendo apoio e orientação para que os filhos consigam atingir essas expectativas. Este estilo parental considera as necessidades para o desenvolvimento saudável das crianças, o que resulta nelas efeito muito positivo, pois as que são criadas seguindo este estilo parental se sentem acolhidas, amadas e guiadas na direção correta ou mais adequada, tornando-se adultos mais bem-sucedidos no que se refere autonomia, afeto, desenvolvimento sócio emocional saudável, diminuindo comportamentos indesejáveis e fortalecendo os vínculos com seus pares. Crianças criadas por pais autoritativos definem-se e são classificadas como mais competentes em todos os níveis, ou seja, apresenta boa autoestima, habilidades sociais, são otimistas, com bom desempenho acadêmico e desenvolvimento de resiliência aos estressores da vida.
Pais Autoritários são muito rígidos, rigorosos, pouco afetuosos, fazem
uso de regras rígidas, que são estabelecidas sem participação dos filhos e o não cumprimento das mesmas gera punições diversas, incluindo agressão física. Estes pais dão prioridade a obediência, restringem a autonomia dos filhos e desconsidera o que os filhos acreditam ou preferem. Neste tipo de estilo parental as crianças se mostram mais frágeis em relação a vínculos, muitas se tornam rebeldes, outras submissas, o que pode resultar em transtornos de ansiedade, depressão entre outros. Vê-se um impacto um tanto quanto negativo sobre as crianças, sendo mais provável que desenvolvam ressentimento em relação aos seus pais, podem também, não se sentir amadas e invisíveis, frente a pouca atenção e a baixa qualidade de presença quando os pais estão com elas. Em relação a escola o desempenho é moderado, sem problemas de comportamento inadequado, por se tornarem crianças e adolescentes quietos e passivas ou apresentar alto grau de hostilidade e agressividade diante de figuras de autoridade. Podem ainda apresentar os piores desempenhos em habilidades sociais, humor instável, pouco amigável.
Pais Permissivos ou Indulgentes apresentam dificuldades para impor
limites e fazer exigências aos filhos, não fazem uso de regras e dão reforço positivo continuo, muita afetividade e passividade diante de qualquer desejo dos filhos. Dão prioridade ao afeto e a superproteção, promovendo assim baixa tolerância, falta de empatia e egocentrismo. Tais formas de ser na relação com seus filhos pode fazer com estes sintam que não têm orientação ou apoio adequado em momentos diversos. Este estilo parental é marcado pela flexibilidade e evitação de conflitos. Os pais indulgentes tendem a não reconhecer ou corrigir maus comportamentos de seus filhos. Além disso, não são claros em relação a suas expectativas. Crianças criadas por pais indulgentes podem desenvolver autonomia e apresentar boa autoestima, porém, em virtude do baixo nível de monitoramento parental, tendem a apresentar problemas relacionados a hiperatividade, comportamento agressivo e abuso de substâncias psicoativas. Os filhos de pais permissivos podem apresentar dificuldades acadêmicas e profissionais como consequência direta da ausência de um apoio parental de maior monitoramento, podem desenvolver maus hábitos alimentares e de higiene, o que aumenta o risco destas crianças não crescerem saudáveis. Estão mais propensas a envolver-se em problemas de comportamento e têm pior desempenho na escola, mas podem ter boa autoestima, boas habilidades sociais e baixos níveis de depressão. Retomando, embora haja estre estes um alto risco de envolvimento com drogas, por não aprenderem que existem regras e limites no mundo, acham que podem e devem experimentar tudo e testar todos.
Pais Negligentes são caracterizados pela ausência de regras, não
fazem exigências aos seus filhos, são pouco afetuosos, não interagem com os mesmos. Estes pais priorizam sempre outros aspectos da vida que não a parentalidade. Crianças deste tipo de estilo parental apresenta autoestima baixa, sendo comum elas desenvolverem transtornos de conduta, depressão, sentirem-se totalmente sem rumo, sem serem ouvidas ou mesmo amadas. A longo prazo este estilo de criação pode ser devastador, pois as crianças podem apresentar graves problemas de confiança, se tornarem pessoas infelizes ou até depressivas e ter um desempenho ruim em termos acadêmicos e profissional. Podem ainda iniciar a prática sexual precocemente, ficam suscetíveis a doenças sexualmente transmissíveis e podem facilmente se envolver com álcool e drogas em contar que “podem desenvolver comportamento antissociais, como mentir, roubar.