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FACULDADE UNYLEYA

PÓS-GRADUAÇÃO PSICOLOGIA PERINATAL

EMILY VERDE PRADO ARENA

O USO DA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NAS FASES


DO LUTO

BRASÍLIA, 2019.
O USO DA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NAS FASES
DO LUTO

Desde o nascimento, o ser humano enfrenta processos de perdas e luto, de


maior ou menor forma de sofrimento. Kovács MJ (1992) afirma que o luto é
uma reação natural e esperada ao rompimento de um vínculo e o seu
significado é determinado de modo individual, subjetiva e de forma contextual,
por quem a vivencia.
Kübler-Ross (2005) dividiu o luto em cinco fases, sendo estas: negação, raiva,
barganha, depressão e aceitação. O primeiro estágio ocorre principalmente
quando a pessoa recebe a notícia de forma abrupta, a negação é um processo
de defesa inicial e temporário, mas pode ressurgir concomitante as outras
fases do luto
O segundo estágio, o da raiva, caracteriza-se pela externalização do
sentimento de revolta, surgem momentos de maiores questionamentos e
agressividade, “com o intuito de aliviar o imenso sofrimento e revolta pela
perda” Kübler-Ross (2005). A barganha representa o terceiro estágio, nessa
fase a pessoa recorre às suas crenças ou até mesmo aos profissionais de
saúde, fazendo promessas e propondo acordos “na tentativa de negociar ou
adiar os temores diante da situação” Kübler-Ross (2005).
A quarta fase, a da depressão, foi dividida por Kübler-Ross em duas etapas: a
depressão preparatória e a reativa. A depressão reativa ocorre quando surgem
outras perdas advindas da perda por morte, a depressão preparatória é o início
do processo de aceitação, é quando começam a surgir reflexões e avaliações
sobre a vida.
O quinto e último estágio é a fase da aceitação, nesse momento a pessoa
passa a entender a morte de forma mais clara, e começam a expressar melhor
seus sentimentos e frustrações. Quanto mais negarem, mais dificilmente
chegarão a este último estágio. Cabe ressaltar que, esses estágios não são um
roteiro a ser seguido e que podem sofrer alterações de acordo com cada
perspectiva pessoal Kübler-Ross (2005).
Como suporte a readaptação pós-luto, a Terapia Cognitivo-Comportamental é
recorrida pela brevidade da sua atuação. A pessoa enlutada necessita de
mecanismos que a ajudem a ressignificar o luto de forma breve, porém
abrangente, para assim minimizar as sensações fisiológicas e prevenir o luto
patológico.
A TCC faz uso de várias técnicas que auxiliam o processo terapêutico de luto,
a seguir listarei algumas dessas técnicas e em qual fase do luto se aplicam:
 Psicoeducação: momento em que o terapeuta explica ao paciente o
modelo da terapia e também o funcionamento disfuncional do paciente,
para promover a compreensão deste perante a perda sofrida (Garner,
1997). Essa técnica pode ser aplicada no quarto estágio do luto, o da
depressão. Nesse estágio o enlutado está mais reflexivo sobre os
acontecimentos advindos da morte, inicia-se o processo de aceitação,
tornando-se mais fácil a inserção de ajuda terapêutica.
 Registros de Pensamentos Disfuncionais (RPD): instrumento
bastante utilizado para identificar pensamentos dissociativos diante de
determinadas situações. Como auxiliar pode ser usado o modelo da
flecha descendente para encontrar as crenças centrais que geraram tais
emoções e comportamentos ao paciente (Beck, 1997). Esse mecanismo
se encaixa no segundo estágio, o da raiva. Onde podemos pontuar os
comportamentos e falas com maior grau de agressividade e desconforto
emocional.
 Role-play: torna-se eficaz na fase da barganha, quando o paciente usa
de promessas e acordos para tentar reverter ou amenizar a perda. Com
o role-play, o enlutado pode reviver o momento da perda, e ressignificá-
lo. O paciente dramatiza o que diria para alguém que estivesse na
mesma situação e o mesmo problema que ele, tentando mostrar a
disfuncionabilidade da crença da pessoa (Beck, 1997).
 Descoberta Guiada: busca significar de forma profunda as informações
trazidas pelo paciente. Perguntas como: “O que significa isso para
você?”, “Se isso fosse verdade, o que quer dizer de você?” São
utilizadas para evocar as crenças centrais (Beck, 1997). Aplica-se no
estágio da aceitação, pois o paciente já consegue entender com clareza
a perda, expressar seus sentimentos e frustações.
 Dessensibilização Sistemática: paciente e terapeuta hierarquizam
quais situações são mais ansiogênicas ao paciente, e, gradativamente,
do menor ao maior evento ansiogênico, há a confrontação deste com a
finalidade de dessensibilização (D’Zurilla & Goldfried, 1971). Essa
técnica pode ser usada no primeiro estágio do luto, o da negação, onde
é fundamental que os níveis de ansiedade e angústia sejam diminuídos
para que o paciente possa dar início ao processo de ressignificação.
BIBLIOGRAFIA
 Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1979). Cognitive
therapy of depression: a treatment manual. New York: Guilford Press.
 Beck, J. (1997). Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artes
Médicas. (Original publicado em 1995).
 Garner, D. (1997). Psychoeducational principles in treatment. In: D.
Garner & P. Garfinkel (Eds.), Handbook of treatment for eating disorders
(p. 145-177). New York: The Guilford Press.
 Kübler-Ross, E. (2005). Sobre a morte e o morrer (Paulo Menezes,
Trad.). São Paulo: Martins Fontes.
 Perda e luto: vivências de mulheres que interromperam a gestação por
malformação fetal letal
(https://www.scielosp.org/article/csc/2013.v18n9/2663-2670/).

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