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Vivenciar o sentimento de luto necessariamente não se refere somente a

morte, passamos por diversas situações das quais nos remetem a este reflexo,
mas nem sempre é sinônimo de morte. Tais como estes exemplos dizem ao
contrário do que se remete, o luto também está relacionado à términos de
relacionamento (namoro, casamento, etc.), perda de emprego, fim da
faculdade, a descoberta de uma doença. O processo de luto é descrito como a
privação de reforçadores, por isso é normalmente associado a situações de
sofrimento, perda de alguém muito amado, por exemplo.
Do ponto de vista da análise comportamental, a tristeza é um processo de
adaptação no repertório comportamental, considerando que vínculo e perda
são estímulos que antecedem a resposta que caracteriza a tristeza, e que o
mesmo comportamento relacionado à pessoa/lugar é suscetível de ocorrer
antes da perda e fortalecido.
O conjunto de comportamentos que denominado como luto
usualmente acompanha um conjunto de contingências
aversivas e a perda de reforçadores importantes, uma vez que
a pessoa passa a evitar mais dores e frustrações, e como
consequência, passa a diminuir sua atividade cotidiana, não se
expondo a contingências com novos e diferentes reforços,
emitindo condutas de fuga e esquiva (NASCIMENTO, et al.
2015, p. 455).

O luto consiste em cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e


aceitação. Entre esses processos, nenhum comportamento que o indivíduo que
vivência o luto faça, mudará a perda, portanto o luto é um processo de
adaptação.

A fase inicial do luto é a negação, muitas vezes considerada a mais complicada


para quem vivencia, a pessoa pode emitir comportamentos como se o outro
estivesse presente, como passar/lavar as roupas, esperar o filho chegar da
escola, preparar a comida predileta da pessoa, sempre negando a perda. A
segunda fase é a raiva, nesse momento a pessoa busca culpar alguém pela
perda, o sentimento de revolta e agressividade são normais nesse período.
“Os sentimentos de indignação, revolta e raiva, são expressas muitas vezes em
perguntas do tipo: Porque eu? Ou porque para nós? ”. Esse momento de sentir
raiva está relacionado à impotência sobre a realidade. Na barganha, que é a
terceira fase do luto, o indivíduo que está vivendo o luto recorre à um “Deus”, à
uma crença para mudar ou evitar a perda. Nesta fase, os pactos e promessas
são constantes servindo de negociação para a mudança que ocorreu.

Aspectos religiosos e culturais implicam a forma de como o luto será


vivenciado, a crença, é utilizada como recurso para lidar com a perda ou com
sua possibilidade. Um fato ilustrativo da barganha, relacionado à cultura
religiosa, seria: recorrer às entidades divinas, utilizando a promessa como
recurso de cura de um ente querido, quando a cura é alcançada, dá-se o nome
de “milagre” ao fato. A barganha é uma fase importante e a mais utilizada
nesse processo por aqueles que se mantém na fé.
A fase da depressão é quando o indivíduo se torna consciente de que nada do
que fez mudou a perda, é geralmente um momento de contestação da fé,
marcada pela tristeza, choro e ou desejo de ficar sozinho.
De acordo com Maia “o paciente pode ficar distante, quieto e vivenciar seu
próprio processo de enlutamento e morte antecipada que costuma ser o
momento mais solitário da pessoa”. O momento de tristeza pode ocorrer desde
o recebimento da notícia e estar presente em todas as fases do luto, porém, é
na fase da depressão que isso se torna mais evidente.

E a última fase, aceitação, quando falamos em aceitar a perda, não significa


que está tudo bem, mas é um período que a pessoa reconhece que seus feitos
não surtiram efeito para alterar o evento que ocasionou o luto, assim, a
aceitação facilita o enfrentamento desse momento difícil, permitindo o sujeito
viver as experiências difíceis presentes nesta situação. Abrindo espaço para
novos acontecimentos e emoções. O modo que nós nos comportamos frente a
essa nova realidade é único, cada pessoa teve uma história de vida diferente,
assim, cada um vai lidar com o momento de forma singular e é preciso
respeitar esse processo individual.

Livro utilizado: NASCIMENTO, et al. Luto: uma perspectiva da terapia analítico


comportamental. PsicolArgum. 33(83) p. 446-458. 30/05/22.

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