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A DOR TEM CURA? : AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA PSICOTERAPIA NA


PREVENÇÃO DO LUTO PATOLÓGICOI
IS THERE CURE FOR PAIN?: EVALUATION OF THE EFFICACY OF
PISHICOTHERAPY IN PREVENTION OF PATHOLOGICAL MOURNING.

Lucimar Silveira FigueiredoII


Maria Paula Pereira Matos de AlmeidaIII

Resumo: O luto é uma resposta natural frente a perda de alguém ou algo com quem se tem um
vínculo emocional. Quando a sintomatologia do luto passa a interferir na qualidade de vida e
saúde mental, compreende-se que se trata de um luto complicado. Esse estudo buscou investigar
a relação entre a psicoterapia e a intensidade de sintomas vivenciados no luto, sendo uma
pesquisa de campo de abordagem quantitativa. Aplicou-se, através de uma plataforma online,
dois instrumentos: o inventário TRIG, que mede sintomatologia do luto patológico, e um
questionário sobre as percepções da psicoterapia entre os 200 participantes da pesquisa, sendo
estes partícipes de uma página do Instagram para enlutados. Não foi possível estabelecer nesta
amostra uma relação de evidência significativa para o efeito da psicoterapia na redução de
sintomas de luto patológico, tampouco confirmar uma relação entre o tempo de psicoterapia
com a melhora da sintomatologia, quando mensurados os sintomas pelo TRIG. Encontram-se
evidências de que os sujeitos apresentam uma percepção positiva acerca dos efeitos da
psicoterapia, ainda que se encontrem em estágio patológico de luto. A pesquisa também
apresenta evidências de que as mortes inesperadas são um fator de risco para o luto patológico.

Palavras-chave: Psicoterapia. Luto Patológico. Trig.

Abstract: Grief is a natural response to the loss of someone or something with whom one has
an emotional bond. When grief symptoms interfere with quality of life and mental health, it is
understood that this is a complicated grief. This study aimed to investigate the relationship
between psychotherapy and the intensity of symptoms experienced in grief, being a field
research with quantitative approach. Through an online platform, two instruments were applied:
the TRIG inventory, which measures symptomatology of pathological mourning, and a
questionnaire on the perceptions of psychotherapy among the 200 research participants, who
are participants of an Instagram page for mourners. It was not possible to establish in this sample
a significant evidence for the effect of psychotherapy in reducing symptoms of pathological
grief, nor confirm a relation between the duration of psychotherapy and the improvement of
symptomatology, when the symptoms were measured by TRIG. Evidence is found that subjects
have a positive perception about the effects of psychotherapy, even though they are in a

I
Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo (a).
II
Acadêmico (a) do curso de Psicologia. E-mail: l.silveira27@gmail.com
III
Professor (a) orientador. Mestre em Ciências da saúde (Unesc). E-mail:mariapaulamatos@hotmail.com
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pathological stage of grief. The research also provides evidence that unexpected deaths are a
risk factor for pathological grief.

Keywords: Psychotherapy. Pathological mourning. Trig.

1 INTRODUÇÃO

A morte de uma pessoa amada é o rompimento de um vínculo importante na vida. É um


momento que se vivencia o luto de uma maneira intensa, em que se perde a percepção de
estabilidade, mundo presumido e segurança. O rompimento desse vínculo resulta em uma perda
de identidade, em que o sujeito se questiona acerca de seu próprio self (ARANTES, 2019)
Atualmente, Arantes (2019) tem sido um nome de grande relevância na literatura acerca
das questões sobre a morte e morrer. Com sua experiência com pacientes terminais, tem
apontado questões e reflexões acerca da vida e da morte. A autora corrobora com os trabalhos
de Parkes e Bowlby, para quem o luto se inicia com a perda de alguém de grande importância;
entende que é por meio do amor desse vínculo que o indivíduo irá conseguir se reconstruir
(ARANTES, 2019).
Na Psicologia, tem-se aprofundado os estudos sobre luto, absorvendo pesquisas
existentes e publicando novos materiais anualmente, em busca de progressos no trabalho com
enlutados. (DELALIBERA et al., 2014).
As abordagens psicológicas apresentam grande interesse em respostas teóricas acerca
da eficácia de psicoterapia em enlutados, com resultados satisfatórios como se pode observar
nas pesquisas voltadas a Gestalt, Psicanálise, Teoria Cognitiva Comportamental, Humanista,
Psicodrama e a Psicologia fenomenológica como um todo (FREITAS, 2018; PIERASSOL et
al, 2018; CECCON, 2018; STRAUCH, 2017; ZWELEWSKI & SANT`ANA 2016; SOUSA,
2016). Há pesquisas que apontam a carência brasileira de instrumentos fidedignos para a
identificação do luto prolongado, a partir do que se objetivou validar instrumentos à população
brasileira e, desta forma, obter indicadores para a psicopatologia do luto (DELALIBERA et al.,
2014).
Mesmo com todo o movimento em busca de conhecimento na área, ainda se percebe
dificuldade em coletar dados empíricos que mostrem a eficácia da psicoterapia no processo de
luto. Devido a isso, surge o problema de pesquisa: Qual a relação entre a Psicoterapia e a
intensidade de sintomas vivenciados no luto?
Gonçalves e Bittar (2016) buscaram compreender as estratégias de enfrentamento do
luto. Os autores concluíram que os psicólogos não foram lembrados como apoio pelas pessoas
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enlutadas. Uma vez que se entende que o Psicólogo é o profissional qualificado para cuidar das
dores emocionais, mas que não está sendo lembrado como uma estratégia de enfrentamento, a
pesquisa torna-se de relevância acadêmica, pois visa trazer desenvolvimento à Psicologia como
ciência e como profissão.
Para a comunidade, a pesquisa se justifica como uma apresentação da Psicologia no
processo de luto, com objetivo de trazer conhecimento à população sobre a relação que a
Psicologia exerce na sintomatologia do luto.
Entende-se que o profissional Psicólogo é de extrema importância na elaboração do luto
e na prevenção da psicopatologia do luto. Dessa forma, a pesquisa busca apresentar dados
fidedignos que auxiliem os profissionais e os enlutados a entenderem a importância desse
trabalho conjunto e, assim, oferecer um atendimento humanizado que possa reduzir sintomas
vivenciados pelo enlutado, bem como prevenir doenças associadas ao luto.

1.1 LUTO

O luto por morte é um assunto delicado, importante e que dificilmente passará


despercebido por quem o sofre ou por quem acompanha o sofrimento de um ente querido
(PARKES, 1998). Nas últimas décadas, estudiosos como Freud (1915), Bowlby (1989,
1990,1997, 2004), Parkes (1998, 2009), entre outros, mergulharam nas dores psíquicas de
enlutados com o objetivo de buscar respostas para a dor vivenciada com a perda de quem se
ama. O intuito é encontrar maneiras de intervenção e prevenção de doenças associadas ao luto.
Não se pode deixar de mencionar o relevante trabalho realizado por Elizabeth Kubler-Ross
(1981), ao ouvir pacientes e familiares em fase terminal. A autora elaborou as fases do morrer,
até hoje conhecidas como as fases do luto. Seu livro recentemente recebeu uma nova edição,
Kubler- Ross (2017), mostrando a importância de seu trabalho na contemporaneidade.
No Brasil, destaca-se a importância do trabalho de Ana Cláudia Quintana Arantes
(2019) que tem buscado uma transformação no olhar para as questões de morte e luto. Arantes
(2019) classifica o luto como a perda de alguém de grande importância, causando o rompimento
de um vínculo significativo. Quando se entra no processo de luto, inicia-se, também, um
processo de profunda transformação, pois se faz necessário um reencontro com o sentido de
vida e é, a partir desse novo sentido, que é possível recomeçar a viver. O luto é um processo
natural, saudável e subjetivo. Nesse contexto, existem formas de ajudar o enlutado no processo,
como fatores que estão relacionados ao tipo de vínculo com a pessoa perdida, assim como o
lugar que a mesma ocupava na vida de quem ficou.
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Outro ponto importante e muito pessoal do processo de luto são as especificidades de


cada um para enfrentar frustações. Devido a esses fatores, o luto não tem um tempo pré-definido
e nem sequer é considerado uma doença, pois ele é reflexo de uma perda, entendendo-se, assim,
a tristeza como uma causa genuína (ALVES, 2018).
Ao se falar em luto, necessário ressaltar as questões culturais, pois o significado da
finitude humana depende de cada civilização, religião, cultura e credos. Para cada cultura, a
morte possui um significado e um ritual diferenciado, mudando, assim, a maneira de
compreensão do luto o que pode alterar emoções e comportamentos no enlutado (BASSO;
WAINER, 2011).
No Brasil, culturalmente a morte é um tabu, tema pouco discutido se comparado às
pesquisas realizadas no mundo. Sem reflexão acerca da morte e do morrer, perde-se a
oportunidade de construir novos sentidos sobre a finitude. Embora a morte faça parte de cada
dia como uma certeza na vida, ninguém conversa abertamente sobre ela. Sem conversa, não há
preparação. Vivenciar o morrer é um tempo de buscar internamente em si respostas, verdades
e novos sentidos de vida (ARANTES, 2019).
O caráter insidioso da morte não permite uma preparação. Embora a morte seja uma
certeza, nunca se está preparado para ela.
A morte chega em nossa casa, num dia qualquer, interrompe um projeto, engaveta
sonhos, esvazia os abraços, emudece a voz, silencia os passos. Sua chegada não pede
grandes acontecimentos, se espreita pelos cantos da casa em horários corriqueiros –
após o jantar, dormindo, antes do amanhecer, vendo um programa de tv, no meio de
um filme, esperando o almoço de domingo – sem cerimônias, uma visita certa, mas
ainda assim intrusa. (GOUVÊA, 2018, p.183)

Após a morte, tem-se o tempo para os rituais fúnebres; o vazio se faz presente quando
as pessoas retomam suas vidas e o enlutado se vê sozinho com sua nova realidade. Nesse
momento, são esperadas sensações de raiva, desespero, assim como fantasias, dificuldade de
encarar a realidade, isolamento. As reações que se enquadram nas fases do luto são: negação,
raiva, barganha, depressão e aceitação. Na negação, o enlutado não consegue assimilar a morte
e frequentemente ouvem-se frases como “Não, não pode ser verdade”. A negação, na grande
maioria das vezes, não dura muito tempo, mas pode retornar quando o enlutado tem dificuldade
de encarar a situação. Assim que se conecta com a realidade da perda, o enlutado sente raiva,
revolta e começa a ter questionamentos, buscando encontrar uma razão da perda “porque eu?”.
Já a barganha acontece por um espaço de tempo muito curto, a revolta contra Deus é bastante
frequente nessa fase, as promessas também são realizadas e pedidos intensos de acabar com o
sofrimento. A fase da depressão é o momento em que o enlutado percebe que negar, revoltar e
rezar não mudam a realidade da perda, então se deprime. Na aceitação, o enlutado compreende
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a perda e a ressignifica. Não se deve confundir aceitação com felicidade, a aceitação é um


momento de paz na alma. As fases do luto não acontecem exatamente nessa ordem, muitas
vezes, durante o mesmo dia, a pessoa pode passar por todas as fases, não existindo uma regra,
um tempo, apenas sensações e emoções (KUBLER- ROSS, 2017).
Bowlby (2004), em seus estudos sobre luto com viúvas, entende que o luto possui quatro
grandes fases que denomina de entorpecimento, anseio/busca da figura perdida,
desorganização/desespero e, por fim, a fase de reorganização. Na fase de entorpecimento,
encontram-se sensações de choque e incapacidade de aceitar a notícia. Nessa fase, a calma do
choque pode dar lugar a ataques de pânico ou crises de raiva. Ao adentrar na fase de anseio pela
figura perdida, reações esperadas são de desânimo, espasmos de aflição, choro intenso, insônia,
inquietação. É o momento em que o enlutado sente a presença da pessoa na casa, coloca um
prato a mais na mesa, prepara o café a dois. É comum oscilar entre o anseio pela pessoa e a
raiva por não a ter ao lado. A fase da desorganização é o momento do desespero, em que se
percebe não ter saída para a realidade, concretizando a depressão e apatia. Passar por todas
essas fases é necessário para alcançar a reorganização, aprendendo, assim, a lidar com as
oscilações de humor de forma que o enlutado compreenda a necessidade de reconstruir sua vida
(BOWLBY, 2004).
A maneira como cada pessoa reage às fases do luto e o processo até alçar a aceitação da
morte dependem de fatores determinantes, entre eles se podem citar as relações antecedentes à
morte como parentesco, força de apego, segurança de apego entre outros. Gênero e idade da
pessoa falecida também são fatores determinantes para as reações do luto. Ausência dos
cuidados de posvenção, como apoio social e isolamento, também são fatores que merecem
atenção. O tipo de morte, vulnerabilidade pessoal e os tipos de ajuda recebidos também são
determinantes para o aparecimento ou não do luto patológico (PARKES, 1998).
O luto patológico depende da reação que o enlutado tem ao passar pelas fases do luto.
Ao conseguir passar por todas as fases, entende-se viver um luto dentro da normalidade
esperada. Luto patológico é compreendido quando a extensão do luto se dá por muito tempo,
assim como a influência que exerce na vida do enlutado eliciando baixo desempenho mental.
Uma das consequências desse processo é fixação nas lembranças de maneira rígida e frequente,
resultando na dificuldade de reorganização, aceitação e reconstrução de vida (BOWLBY,
2004).
O tempo impulsiona as pessoas a vivenciarem perdas, em meio a projetos, promessas,
abraços não dados, perdões esquecidos. A morte surge mesmo que nem tudo tenha sido dito ou
todo o sentimento compartilhado, mas, mesmo assim, nunca seria a hora de perder quem se
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ama. A notícia da perda assusta, os dias se passam, mas a solidão não. O tempo da despedida
precisa ser respeitado, é momento de carinho, sopa quente, chá calmante, colo, cafuné, apoio e
cuidado. Respeita-se o tempo. O tempo de ressignificar, aceitar, reorganizar, reconstruir
(GOUVÊA, 2018).
Ressignificar o luto é um processo, perde-se a pessoa que se ama, mas não se perde as
memórias de vida, os ensinamentos, as emoções que essa pessoa proporcionou em vida. É o
amor que emana desse vínculo que vai ser o alicerce para a reconstrução da nova vida. A vida
é uma constante reconstrução.

1.2 SINTOMATOLOGIA DO LUTO

De acordo com Freud (1915) o luto em si não é uma condição patológica, embora resulte
em graves afastamentos da vida cotidiana e sintomatologias diversas, julga-se inútil qualquer
interferência sobre ele. Se o indivíduo ao invés do luto apresentar melancolia, entende-se, então,
que essa pessoa possui uma disposição patológica. Para se compreender a diferença entre luto
e melancolia utiliza-se como guia a sintomatologia para tal avaliação. No luto, encontram-se
sintomas de desânimo profundo e penoso, perde-se o interesse pelo mundo externo, assim como
a inibição de toda e qualquer atividade. Outro ponto delicado afetado pelo luto é a perda da
capacidade de amar. Na melancolia encontram-se os mesmos sintomas do luto, a única
diferença está no fato de que, na melancolia, o ser possui uma perturbação na autoestima, o que
não se encontra no quadro de luto (FREUD, 1915)
No luto saudável, o traço mais característico não é a depressão e sim os episódios agudos
de dor que se iniciam horas ou dias após a perda. Esses episódios são carregados de ansiedade
e dor psíquica. Por um tempo, são frequentes e acontecem facilmente; com o passar do tempo,
porém, é necessário algum estímulo que desencadeie tal episódio, como uma fotografia, datas
especiais ou aniversário da morte (PARKES, 1998).
O luto complicado, definido por Bowlby (1993), pode desenvolver muitas formas de
enfermidades físicas e psicológicas. O enlutado apresenta sérias dificuldades para organizar sua
vida social e emocional, causando isolamento. Quando esses sintomas aparecem de forma leve,
entende-se que se tratam de reações a um luto sadio, mas dependendo da frequência e
intensidade dessas reações pode-se compreender evidências de um luto perturbado. Outros
sintomas aparecem no luto complicado e merecem atenção, como reações emocionais intensas
e prolongadas, muitas vezes expressando raiva ou autoacusação. Os sintomas depressivos
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também aparecem e muitas vezes com comorbidades como ansiedade, agorafobia, hipocondria
e até mesmo excesso de álcool (BOWLBY, 1993). Outros sintomas também são encontrados
no luto complicado como alterações endócrinas e neuroendócrinas, assim como a alterações
psicofisiológicas que incluem alterações no sono, apetite, nível de cortisol e mudanças
comportamentais (FRANCO, 2018).
Parkes (1998) já levantava a discussão se o luto poderia ser prejudicial à saúde física do
enlutado, podendo causar danos em sua saúde e até mesmo sua morte. Apresenta pesquisas
(STROEBE, 1993; RESS E LUTKINS, 1967; YONG, BENJAMIN E WALLIS, 1963;
YONG et al, 1963 apud PARKES, 1998) apontando que os danos psicológicos causados pelo
luto impactavam a saúde de quem o sofre, tendo como consequência a prevalência de mortes
em viúvos (a) e pais que perderam seus filhos. Dentre as pesquisas realizadas na época
(MELLSTROM et al, 1982; COTTINGTON et al, 1980; PARKES, BENJAMIN E
FITZGERALD, 1969 apud PARKES, 1998), os problemas cardíacos apareceram como causa
mais frequente de morte em enlutados, originando, assim, a expressão “morreu de coração
partido”. Na verdade, o que acontece é o stress provocando alterações na pressão arterial,
batimentos cardíacos, fluxo de sangue, podendo provocar uma trombose coronariana. Devido à
complexidade do assunto, sugerem-se mais pesquisas a fim de entender o que acontece nessa
relação luto e doenças cardíacas (PARKES, 1998).
Em pesquisa realizada com 44 pessoas internadas com doença arterial coronariana,
85,2% dos entrevistados vivenciaram perdas e luto recentes, em que a morte de um familiar foi
identificada em 65,9% da amostra. A pesquisa sugere a categoria ‘vivências de perdas’ como
indicativo de fator predisponente à doença arterial coronariana (JURKIEWICZ; ROMANO,
2009).
Em busca de marcadores biológicos para entender como o luto afeta a saúde do coração,
há pesquisas que continuam sendo realizadas a fim de trazer esclarecimentos e, assim,
possibilitar intervenções psicológicas e farmacológicas, com vistas à prevenção da síndrome do
“coração partido”. Recente pesquisa desenvolvida por Fagundes et al (2018) aponta que viúvos
(a) há três meses possuem níveis de citosina pró-inflamatórios elevados e menor variabilidade
cardíaca o que pode acarretar em um risco 41% maior de mortalidade. Assim, 53% do risco de
morte se dá devido a doenças cardiovasculares (FAGUNDES et al., 2018). O luto impulsiona a
depressão, diminuindo as resistências do corpo e promovendo processos inflamatórios. Essa
descoberta amplia a literatura sobre os processos subjacentes ao luto (FAGUNDES et al., 2019).
Parkes (1998) já sinalizava a questão dos efeitos na saúde física do enlutado, alçando até mesmo
o risco de mortalidade, mas enfatizava que os perigos eram mais psicológicos do que físicos.
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O manual diagnóstico estatístico de transtornos mentais (DSM V), ao compreender a


gravidade do luto complicado na saúde do enlutado, em sua nova edição traz o luto como
patologia. Visto desta forma, o indivíduo que esteja passando por um sofrimento psíquico grave
devido ao luto poderá receber a atenção adequada (ARAUJO; LOTUFO NETO, 2014). Como
critérios diagnósticos para o Transtorno do luto complexo persistente, o DSM V nos apresenta:

O transtorno do luto complexo persistente é diagnosticado somente se ao menos 12


meses (seis meses em crianças) se passaram desde a morte de alguém com quem o
enlutado tinha um relacionamento próximo (Critério A). Esse intervalo de tempo
discrimina o luto normal do luto persistente. A condição envolve, em geral, uma
saudade persistente do falecido (Critério B1), que pode estar associada a intenso pesar
e choros frequentes (Critério B2) ou preocupação com o falecido (Critério B3). O
indivíduo também pode estar preocupado com a maneira como a pessoa morreu
(Critério B4). Seis sintomas adicionais são necessários, incluindo dificuldade
acentuada de aceitar que o indivíduo morreu (Critério C1) (p. ex., preparando
refeições para ele), descrença em que o indivíduo está morto (Critério C2), lembranças
angustiantes do falecido (Critério C3), raiva com relação à perda (Critério C4),
avaliações desadaptativas sobre si mesmo em relação ao falecido ou à morte (Critério
C5) e evitação excessiva de lembranças da perda (Critério C6). Os indivíduos também
podem relatar desejo de morrer porque desejam estar com o falecido (Critério C7);
não confiar nos outros (Critério C8); sentir-se isolados (Critério C9); acreditar que a
vida não tem sentido ou propósito sem o falecido (Critério C10); experimentar um
senso diminuído de identidade no qual sentem que uma parte de si morreu ou foi
perdida (Critério C11); ou ter dificuldade em se engajar em atividades, buscar relações
ou planejar o futuro (Critério C12). O transtorno do luto complexo persistente requer
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento psicossocial
(Critério D). A natureza e a gravidade do luto devem estar além das normas esperadas
para o contexto cultural relevante, grupo religioso ou estágio Condições para Estudos
Posteriores 791 do desenvolvimento (Critério E). Embora haja variações em como o
luto pode se manifestar, os sintomas do transtorno do luto complexo persistente
ocorrem em ambos os gêneros e em grupos sociais e culturais diversos. (APA, 2014
p. 790)

Pode-se observar que os critérios diagnósticos do DSM V corroboram com a literatura


apresentada por Freud (1915), Bowlby (1993), Parkes (1998) em que existe o cuidado de não
classificar como patológico um luto sadio. Busca-se, de outra forma, oferecer recursos a fim de
diagnosticar o luto complicado, tornando, assim, o ponto de partida para intervenções e
cuidados psicológicos. Nessa perspectiva, visa-se a saúde do indivíduo como um todo,
fornecendo possibilidades de recomeço para as pessoas que possuem dificuldade de retornar a
vida após um evento de grande dor psíquica como o luto.

1.2.1 Instrumentos para mensurar o luto como patologia no Brasil

O luto complicado, também considerado como luto patológico pela nova versão do
DSM V, está associado ao distanciamento do curso natural do luto e a dificuldade de
reconstrução de vida (APA, 2014). O luto complicado pode vir a afetar o ser em todas as áreas,
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tornando-se um problema biopsicossocial, sendo assim, merece atenção não apenas como
posvenção, mas também como prevenção, pois leva a riscos não só psicológicos, como também
a riscos na saúde como um todo. Dessa forma, entende-se que a utilização de avaliação
psicológica nesse público específico se justifica a fim de prevenção a doenças associadas ao
luto patológico (FRANCO, 2018).
O cenário brasileiro, comparado ao cenário mundial, possui uma escassez de
instrumentos válidos e fidedignos que sejam capazes de reconhecer e avaliar a severidade do
luto e suas manifestações. Na literatura internacional, foram encontrados diversos instrumentos
com o intuito de avaliar as manifestações do luto, entre os mais conhecidos destacam-se os
Bereavement Phenomenology Questionnaire (BPQ), Hogan Grief Reaction Checklist, o
Inventory of Complicated Grief (ICG), Texas Revised Inventory of Grief (TRIG), Prolonged
Grief Disorder (PG-13). É premente destacar a importância de tais instrumentos a fim de não
classificar um luto normal como patológico, assim como se faz necessário não tratar como
normal um luto que apresenta características patológicas (DELALIBERA et al. 2014).
No Brasil, foram encontrados apenas dois instrumentos validados para a população
brasileira, embora aparente ser pouco, comparado com o que é produzido fora do país,
reconhece-se um avanço, pois ambos os instrumentos foram validados entre os anos de 2014 e
2017, mostrando assim que o país tem despertado para a importância de se pesquisar sobre o
tema.
Alves (2014) validou para o Brasil o Texas Revised Inventory of Grief (TRIG) A autora
apresenta o modelo final composto por quatro partes a serem pesquisadas, que são: dados
demográficos e psicográficos, com objetivo de conhecer os dados demográficos do enlutado,
assim como os do falecido a fim de compreender como se deu essa morte e em qual população
enlutado e falecido pertencem. A segunda parte é composta por avaliar os comportamentos
passados. Nessa etapa da pesquisa, o enlutado é convidado a voltar ao período em que a pessoa
faleceu e assim responder oito perguntas com intuito de avaliar se as questões financeiras e a
idade do falecido impactam as reações de intensidade ao luto. A parte três da pesquisa está
relacionada aos sentimentos atuais do enlutado, avaliando a expressão de emoções e as reações
ao luto. Para finalizar, o TRIG inclui questões de fatores relacionados ao luto, buscando
compreender o índice de doenças somáticas. Com todos esses dados apresentados, foi possível
a formação de indicadores para a psicopatologia do luto na população brasileira (ALVES,
2014).
Recentemente, Delalibera et al. (2017) traduziram, adaptaram e validaram para o
português do Brasil o instrumento Prolonged Grief Disorder (PG-13), desenvolvendo um
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instrumento fidedigno para avaliação do luto prolongado na população brasileira. O objetivo é


possibilitar ferramentas de identificação de um luto complicado, com vistas aos cuidados com
o tratamento e patologias advindas do luto. O instrumento Prolonged Grief Disorder (PG-13) é
composto por uma avaliação de sintomatologia que o enlutado vivencia, essa avaliação está
combinada em 13 perguntas que aferem sentimentos, pensamentos e ações. Essa avaliação só é
validada após tempo de perda superior há seis meses, pois estima-se que, antes a essa data, os
sintomas sejam genuínos a um luto normal. Sintomas de angústia e separação compõe a
primeira parte do questionário composta por dois itens, a fim de mensurar a frequência de tais
sentimentos. A segunda parte do questionário avalia sintomas comportamentais, assim como os
cognitivos e emocionais. O alcance de tais resultados se dá a partir de nove itens descritivos
para avaliação. Para finalizar, as dificuldades de adaptação nas áreas sociais e ocupacionais são
mensuradas, visando, com as treze questões, compreender como o enlutado está reagindo ao
luto em todas as dimensões biopsicossociais e assim considerar a presença do transtorno do luto
prolongado (DELALIBERA et al. 2014).

1.2.2 Estratégias de enfrentamento dos enlutados

A morte de alguém com o qual se tem um vínculo muito forte é considerada uma das
piores dores sofridas pelo ser humano, sendo um estressor que desencadeia sentimentos como
raiva, revolta, tristeza, saudade e falta de perspectiva de futuro. Alguns lutos são longos e outros
podem durar uma vida toda se não elaborados de maneira adequada. Durante o processo de luto,
é fundamental que se encontrem maneiras de enfrentamento as quais podem ser compreendidas
como elementos de resiliência psicológica, a fim de auxiliar quem sofre a encontrar maneiras de
enfrentamento e alívio do sofrimento perante a nova realidade (ALMEIDA, 2017).
Nas fontes de ajuda encontradas pelos enlutados para a ressignificação de suas perdas,
encontram-se os apoios especializados, como ajuda médica, serviços de aconselhamento do luto
e psicoterapia. Existem também ajudas não especializadas, que são de extrema importância para
o processo de luto, como os aconselhamentos voluntários, compostos por pessoas que já
passaram pelo luto e que buscam ajudar quem está em grande sofrimento pós perda. Esses
serviços são bastante indicados, pois, através da compreensão vivencial do grupo, o enlutado
se conecta pela identificação. Essa ajuda mútua é um importante apoio para o enlutado. A
religião ou espiritualidade é outro apoio de enfrentamento do luto, em que a pessoa encontra
não só auxilio espiritual como também social (PARKES, 1998).
A ajuda mútua entre enlutados, transformada em grupos de apoio, tem se mostrado uma
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excelente ferramenta de enfrentamento para a ressignificação do luto. Nesse espaço, é possível


olhar a perda de frente, falar sobre a morte, como se mexesse na ferida, deixasse-a sangrar e,
ao mesmo tempo, receber curativos, carinho e cuidado. Esses cuidados são importantes para a
melhora, pois a dor do luto não é algo para ser curado e sim cuidado. O luto é um processo de
aprendizagem para lidar com a realidade de que o luto pode ser ressignificado, mas a perda será
sempre real. Ao participar dos grupos de ajuda mútua, o enlutado sente-se pertencente a um
sistema de acolhimento e compreende que sua dor é validada. Nesse espaço, não há necessidade
de inibir a dor e sim acolhê-la, dessa forma o enlutado cria novos vínculos, inclui-se em uma
nova rede de apoio e se fortalece. Aos poucos, é possível perceber envolvimento com a dor
alheia, buscando acolher quem chega e assim esse ciclo de ajuda se mantém, objetivando buscar
uma nova maneira de encarar a realidade, aceitando a morte, a fragilidade, o conforto e a
reconciliação entre o amor e a perda (TAVARES, 2018).
Habecoste e Areosa (2011) buscaram compreender quais eram as formas de
enfrentamento utilizadas por indivíduos enlutados, mensurando as formas de enfrentamento
com a sintomatologia apresentada pelos indivíduos. A pesquisa apresentou diversos fatores
utilizados pelos enlutados para amenizarem suas dores, entre elas podemos citar a negação da
morte, procura pela doutrina espírita, mudanças comportamentais, busca de apoio ao luto,
abandono das atividades sociais e a prevalência de atividades laborais. A pesquisa concluiu que
as estratégias de enfrentamento são fatores determinantes para auxiliar a resiliência no processo
de luto. Pessoas que mantiveram suas atividades e buscaram apoio ao luto, seja com profissionais,
psicoterapias suportivas ou apoio de amigos e familiares, tiveram uma melhora significativa e
foram em busca de uma ressignificação do luto.
A resiliência no processo de luto é a capacidade de reorganização após um trauma como
a morte de alguém muito importante e a partir dessa separação encontrar meios de reconstrução
e ressignificação de vida. Observa-se que pessoas resilientes possuem características de
autoconhecimento e amor próprio, expressando emoções de gratidão, confiança e fé. Essas
características são a base do enfrentamento do luto, pois após a perda se faz necessário acreditar
na capacidade de reconstrução. A fé como fator de resiliência é fomentada na espiritualidade,
não apenas em uma doutrina, mas a espiritualidade como um todo, bem como base de
sustentação, força, apoio e esperança apesar do sofrimento. A resiliência é um campo fértil que
precisa de mãos que adubem a terra, essa terra é cuidada por familiares e amigos, instituições e
profissionais capacitados para acolhimento e intervenções (ALMEIDA, 2017).
Mães enlutadas encontram apoio em blogs temáticos, a fim de expressar suas dores e
receber acolhimento virtual. A partir dessa ferramenta, cria-se uma rede de relacionamentos
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com pessoas que compartilham do mesmo sentimento, encontrando identificação e apoio nas
dores compartilhadas. Dessa forma, compreende-se que a criação de um blog temático é uma
das formas de enfrentamento encontradas para esse público, contribuindo para a reconstrução
de vida a partir da vivência do luto na expressão das emoções (FRIZZO et al, 2017).
Gonçalves e Bittar (2016) realizaram pesquisa com vinte e nove pessoas em situação de
luto no Centro de Referência Social – CRAS, afim de perquirir quais são os elementos de apoio
no enfrentamento do luto. Os autores concluíram que, em primeiro lugar, encontra-se o apoio
familiar e a religião/espiritualidade. Também foram citadas outras formas de enfrentamento
como amigos, trabalho, música e o tempo. Pode-se verificar que todas as estratégias de
enfrentamento apresentadas pelos enlutados vêm ao encontro de uma busca de reorganização
de vida, devido à vontade de reconstrução, manifestando que isso só é possível com ajuda de
diversas variáveis como família, espiritualidade e ajuda profissional. É nesse caminho que se
pode ressignificar o luto e prevenir o luto patológico.

2 MÉTODO
A presente pesquisa caracteriza-se como pesquisa de campo, de nível descritivo e de
abordagem quantitativa. Trata-se de uma pesquisa que tem como objetivo conhecer e
aprofundar as informações acerca de um tema, ou mesmo uma hipótese que se tenha o interesse
de comprovar. A pesquisa de campo também pode levar o pesquisador a descobrir novos
fenômenos em relação à pesquisa, através da observação dos dados coletados (MARCONI;
LAKATOS, 2005).
De acordo com Gil (2002), as pesquisas de nível descritivo têm como objetivo descrever
as características de um grupo ou fenômeno, utilizando técnicas padronizadas para a coleta de
dados como questionários. As pesquisas descritivas têm, ainda, como objetivo levantar
opiniões, crenças e atitudes do fenômeno pesquisado, sendo muito utilizadas por pesquisadores
preocupados com a atuação prática no meio social.
Quanto à abordagem da pesquisa, a mesma se caracteriza como um estudo de caráter
quantitativo. De acordo com Marconi e Lakatos (2005), as pesquisas quantitativo-descritivas
utilizam técnicas como entrevistas e questionários com a finalidade de investigação empírica
de uma população, buscando analisar as características e fatos do fenômeno. O objetivo é
verificar uma hipótese pré-estabelecida a partir de artifícios quantitativos para uma coleta
sistemática de dados de uma população.

2.1 PARTICIPANTES
13

Os participantes dessa pesquisa foram enlutados entre um a cinco anos de luto,


seguidores de uma página para enlutados na rede social Instagram. Para a amostra, foi realizado
um cálculo de proporção a partir do número de 3163 seguidores da página de enlutados, com
intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de 7%. Sendo considerado como amostra
mínima 185 respondentes a partir dos resultados de questionário online. Responderam à
pesquisa 780 participantes. Foram excluídos da pesquisa devido aos critérios de exclusão 580
respondentes, dessa forma a pesquisa conta com 200 participantes válidos, resultado esse que
fica dentro do cálculo de proporção pré-estabelecido com intervalo de confiança de 95%. Foram
considerados critérios de exclusão enlutados com tempo de luto inferior à 1 ano ou superior a
5 anos, também foram excluídos os participantes que não responderam a todas as questões,
assim como os menores de idade ou os que não aceitaram o termo de consentimento livre
esclarecido.

Tabela 01. Caracterização sociodemográfica


Média ± DP, n (%)
n = 200
Idade (anos) 32,46 ± 10,22

Sexo
Feminino 196 (98,0)
Masculino 4 (2,0)

Escolaridade
Segundo grau 55 (27,5)
Graduado 93 (46,5)
Pós-graduado 39 (19,5)

Fonte: Dados da pesquisa, 2019

2.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

O período de coleta de dados foi de julho/2019 a agosto/2019. A pesquisa foi realizada


através de um questionário online na plataforma pesquisas online. Foi encaminhado um link
aos participantes da pesquisa através da rede social Instagram, onde constava um inventário de
mensuração do luto patológico (TRIG) assim como um questionário fechado sobre a percepção
da Psicoterapia, elaborado pela autora, sendo possível assim através das respostas quantificar e
analisar os dados. O inventário constava questões de múltipla escolha, assim como verdadeiro
e falso com o objetivo de avaliar o luto patológico em paciente enlutados. Esse instrumento foi
14

previamente desenvolvido no Brasil e passou por todo processo de tradução, adaptação e


validação para ser utilizado no contexto brasileiro (ALVES, 2014). Após a coleta de dados, os
resultados foram tabulados no software de elaboração de planilhas eletrônicas excel e
processados posteriormente pelo software estatístico Statistical package for the social sciences
(SPSS) da IBM.
Convém ressaltar que todos os preceitos éticos com relação à pesquisa seguiram a
resolução 466/12 e 510/16, bem como a sua coleta de dados se deu após a aceitação do Termo
de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). O projeto de pesquisa foi submetido ao conselho
de ética em pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina, tendo recebido parecer positivo
n° 3.446.741 e não houve restrições.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados coletados foram analisados com auxílio do software IBM Statistical Package
for the Social Sciencies (SPSS) versão 21.0. As variáveis quantitativas foram expressas por
meio da média e desvio padrão pois seguiram distribuição normal. As variáveis qualitativas
foram expressas por meio de frequência e porcentagem.
Os testes estatísticos foram realizados com um nível de significância α = 0,05 e,
portanto, confiança de 95%. A distribuição dos dados quanto à normalidade foi avaliada por
meio da aplicação do Kolmogorov-Smirnov (n ≥ 50).
A comparação da média das variáveis quantitativas entre as categorias das variáveis
qualitativas dicotômicas foi realizada por meio da aplicação do teste U de Mann-Whitney,
sendo que a variável não seguiu distribuição normal.
A investigação da existência de associação entre as variáveis qualitativas foi realizada
por meio da aplicação dos testes Qui-quadrado de Pearson, Razão de Verossimilhança, seguidos
de análise de resíduo quando observada significância estatística.
Dessa forma foi possível mensurar as questões propostas na pesquisa.

Tabela 02 Luto patológico


n (%)
n = 200

Luto patológico 128 (64,0)

Fonte: Dados da pesquisa, 2019


15

A respeito dos sintomas de luto patológico avaliados pelo inventário TRIG verificou-se
que 64% dos enlutados permanecem em luto patológico entre um a cinco anos após a perda.
Segundo o DSM V se após doze meses o enlutado persiste com sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento psicossocial ele se enquadra no transtorno do luto
persistente (APA 2014).
De acordo com Leal et al (2019) A psicoterapia é muito importante no processo de luto,
pois a partir dela pode-se prevenir o luto complicado.

Tabela 03. Psicoterapia e luto


n (%)
n = 200
Você sentiu necessidade de ajuda psicológica durante o processo de luto? 153 (76,5)

Você fez psicoterapia durante o processo de luto? 80 (40,0)

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

De acordo com os resultados 76,5% dos respondentes gostariam de ter realizado


psicoterapia no processo de luto, mas apenas 40% realizaram. Esse resultado mostra a
compreensão que as pessoas possuem da importância da psicoterapia, validando assim a
necessidade de acolhimento emocional que o enlutado apresenta nesse momento de grande
sofrimento que é o luto. A psicoterapia no processo de luto visa trazer ao enlutado uma visão
global de seu aspecto emocional, físico, social e psicológico. Dessa forma possibilitando que
encontre um espaço de expressão e validação de seus sentimentos. É papel do psicólogo
observar pensamentos e ações disfuncionais em todo o processo podendo assim auxiliar o
enlutado nessas distorções cognitivas (ALVES; ROCHA, 2019).
Dentre os motivos pelas quais as pessoas não buscam ajuda psicológica podemos
observar os seguintes resultados:

Tabela 04 Qual o motivo pela qual você não buscou ajuda psicológica?
.
n (%)
n = 200
Não possuo condições financeiras para ajuda psicológica 42 (21,0)
Possuo outras formas de enfrentamento como família, religião e amigos 37 (18,5)
Nunca pensei nessa possibilidade 21 (10,5)

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.


16

Conforme o exposto podemos observar que 21% dos respondentes referem não possuir
condições financeiras para realizar psicoterapia. É importante ressaltar nesse dado a relevância
de se realizar políticas públicas que atendam os enlutados, pois o luto afeta o indivíduo em
todas as áreas de sua vida, se transformando dessa forma em uma pessoa disfuncional e
adoecida. Estudos anteriores demonstraram que com um atendimento adequado, pode-se
acompanhar o processo dos enlutados e auxilia-los em suas demandas (DÁVILA; HOCH,
2018)
Dávila e Hoch (2018) realizaram um grupo de seis encontros com enlutados e
concluíram a eficácia do atendimento, onde após os encontros os enlutados relataram melhor
qualidade de vida, sentindo-se acolhidos e tendo um espaço para lidar com suas emoções.
Assim, os participantes compreenderam que podem conviver com a perda de uma forma mais
leve e se abrindo a novas experiências.
Também verificou-se que 18,5% dos respondentes não buscam a psicoterapia por
possuírem outras formas de enfrentamento. É importante ressaltar que no processo de luto se
faz necessário o acolhimento e a validação da dor, dessa forma compreende-se que os enlutados
não sentem necessidade de psicoterapia pois estão sendo validados e apoiados nesse processo.
O luto quando solitário propicia ao enlutado um estado de fragilidade, mas quando o mesmo se
vê envolto de uma rede de apoio que valida suas emoções e ampara sua dor, se sente fortalecido
para passar por esse processo. De acordo com Almeida (2015) sempre que há sofrimento o ser
humano busca conforto, dessa forma busca apoio em algo mais poderoso para que assim
encontre forças para sobreviver.

Tabela 05. Psicoterapia no processo de luto (continua)


Fez psicoterapia durante o
luto, n (%) Valor – p
Sim Não
n = 80 n = 120
Você acredita que a psicoterapia auxilia na
minimização dos sintomas do luto?
Sim, embora eu não faça, acredito que seja uma <0,001††
3 (3,8) 105 (87,5)b
fonte de ajuda
Sim, tenho vivenciado melhoras significativas
63 (78,8) 2 (1,7)
nos meus sintomas após o início da terapia
Sim, porém ainda não experimento melhora 12 (15,0)b 6 (5,0)
Não, eu não acredito que a psicoterapia possa
2 (2,5) 7 (5,8)
auxiliar a minimizar essa dor
17

Tabela 05. Psicoterapia no processo de luto (conclusão)


Fez psicoterapia durante o
luto, n (%) Valor – p
Sim Não
n = 80 n = 120

Pessoa em luto:
Patológico 55 (68,8) 73 (60,8) 0,253†
Não Patológico 25 (31,3) 47 (39,2)

Valores obtidos por meio da aplicação do teste Razão de Verossimilhança
††
Valores obtidos por meio da aplicação do teste Qui-Quadrado de Pearson
b
Valores obtidos após análise de resíduo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Os pacientes que receberam acompanhamento psicoterápico durante o luto relatam


vivenciar melhora dos sintomas em função da psicoterapia. No entanto, sua sintomatologia para
luto patológico, mensurada pelo TRIG, não apresenta diferença estatisticamente significativa
quando comparados aos enlutados que não receberam psicoterapia, ou seja, os enlutados em
psicoterapia referem perceber melhora, embora esta melhora não se reflita de maneira
consistente na aferição de sintomas pelo instrumento.
Podemos observar que 68,8% dos enlutados que realizaram psicoterapia estão em luto
patológico, mas que ao mesmo tempo os mesmos avaliam que a psicoterapia pode vir a ser um
espaço de minimização de sintomas (p <0,001). Podemos a partir desse resultado questionar o
papel do terapeuta no processo do luto. Se a psicoterapia não está sendo efetiva para que o
paciente saia da condição patológica quando mensurado pelo TRIG, algumas reflexões acerca
do assunto se tornam relevantes. A psicoterapia é um local de acolhimento e intervenções e que
no caso dos enlutados pode estar sendo utilizado como um local de validação emocional e
amparo do sofrimento, sem que, no entanto, promova efetiva minimização dos sintomas, talvez
pela falta de intervenções voltadas ao luto. A falta de especialização do profissional psicólogo
para o atendimento da demanda do luto pode ser uma variável que elucide tais resultados, pois
as abordagens teóricas de cada psicólogo conduzem o luto de formas diversas, sendo assim, a
falta de intervenção específica para o luto é um fator a ser investigado. De acordo com Santos
(2017) existem poucas pesquisas voltadas para intervenções no luto, dessa forma a psicologia
tem se desenvolvido pouco como ciência para formulação de estratégias de intervenções
eficientes para esse público em específico. A autora ressalta ainda a importância de o
profissional psicólogo ter autocuidado, pois muitas vezes o psicólogo se envolve
emocionalmente com a dor do outro e com isso não consegue perceber o que é essencial para a
melhora do mesmo, pois está envolvido com sua demanda. A autora ainda ressalta a importância
de o atendimento ao enlutado não ser solitário, sendo de grande valia supervisões clínicas,
18

compartilhamentos, assim como psicoterapia para si, pois seu autocuidado reflete na eficácia
do seu atendimento ao enlutado (SANTOS, 2017).
Para Gomes e Gonçalves (2015) lutos que interferem nas relações dos enlutados muitas
vezes são lutos complicados que não são percebidos pelos profissionais, dessa forma ficam
presos a queixa sem desenvolverem questões importantes voltadas a ressignificação do luto. As
autoras ressaltam que isso se dá pela dificuldade de compreender um luto normal de um
patológico. Trabalhar com processo de luto demanda conhecimento e compreensão dos fatores
envolvidos como personalidade, técnicas de enfrentamento, experiências anteriores, tolerância
a frustação que são fatores determinantes para se trabalhar em terapia para a melhora do
paciente (GOMES; GONÇALVES, 2015).
De acordo com Alves e Rocha 2019) perder quem amamos faz parte da vida, e a perda
nos leva a um processo de luto que se não for bem cuidado pode se transformar em patológico,
doenças físicas e até mesmo levar o paciente a morte. Devido à gravidade do quadro do luto se
faz necessário que o enlutado tenha atenção e acompanhamento para que com o tempo a
assimilação da perda aconteça. Para Ramos (2016) o processo de luto é único e individual, da
forma que a sua duração vai depender da subjetividade e cultura de cada um, assim como o tipo
de vínculo com quem morreu e os sentimentos e culpas que podem surgir, como também a
forma da morte.

Tabela 06. Associação entre psicoterapia e a melhora do paciente


Paciente em Luto, n (%),
média ± DP
Luto Luto não
Valor – p
patológico Patológico
n = 128 n = 72

Essa pessoa morreu


De 1 à 2 anos 90 (70,3) 46 (63,9) 0,350††
De 3 à 5 anos 38 (29,7) 26 (36,1)

A morte dessa pessoa foi


Esperada ou lenta 17 (13,3) 25 (34,7)b < 0,001††
Inesperada ou súbita 111 (86,7)b 47 (65,3)

Valores obtidos por meio da aplicação do teste Razão de Verossimilhança
††
Valores obtidos por meio da aplicação do teste Qui-Quadrado de Pearson

Valores obtidos por meio da aplicação do teste U de Mann Whitney
b
Valores obtidos após análise de resíduo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
19

Há evidências de uma associação entre os pacientes que estão em luto patológico e os


conhecidos que faleceram de forma inesperada ou súbita, enquanto que uma associação entre
os pacientes que não estão em luto patológico e o falecimento foi de forma esperada ou lenta
(p < 0,001). Segundo Carnaúba, Pelizzari e Cunha (2016) o luto complicado acontece quando
não há a aceitação da perda e isso se dá devido a vários fatores, entre eles o tipo de morte. As
mortes traumáticas e inesperadas colocam o enlutado em uma posição traumática de choque
ocasionando stress que pode gerar problemas psicológicos a quem vivência o luto. As autoras
ressaltam que nesse momento do choque é fundamental atenção e acompanhamento psicológico
para que seja possível a assimilação da perda em um contexto de morte inesperada, para que
assim seja possível a aceitação do luto e da morte.
Quando existe a morte lenta é possível vivenciar a experiência antecipada do luto, que
segundo Arantes (2019) existem pensamentos que preparam para ver a vida sem a pessoa,
também é um ambiente propicio ao perdão e ao amor. No tempo do luto antecipado é possível
ter cuidados, demostrar afetos, perdoar e ser perdoado. É um momento de conexão e amor
genuíno, dessa forma deixar o outro ir em paz é libertador, e os demais sentimentos negativos
se vão com o corpo.
Não foram encontradas diferenças estatisticamente relevantes que relacionem o tempo
de luto com a melhora do luto complicado. De acordo com Ramos (2016) o processamento do
luto leva tempo, e depende dos significados que cada um dá a esse processo. Os sentimentos de
tristeza, raiva, amargura e isolamento só serão ressignificados quando a perda é compreendida
e aceita para que assim seja vivenciada de uma forma mais saudável.

Tabela 07 Tempo de psicoterapia e parentesco da perda. (continua)


Paciente em Luto, n (%)
Luto Luto não Valor –
patológico Patológico p
n = 128 n = 72
Durante quanto tempo você fez psicoterapia
De 1 à 3 meses 15 (11,7) 6 (8,3) 0,606†
De 4 à 6 meses 12 (9,4) 5 (6,9)
De 7 meses à 1 ano 5 (3,9) 3 (4,2)
Mais de um ano 27 (21,1) 11 (15,3)
Eu não fiz psicoterapia 69 (53,9) 47 (65,3)

n = 120 n = 70
A pessoa que morreu era meu/minha
Filho (a) 33 (25,8) 17 (23,6) 0,014†
Cônjuge 28 (21,9) 8 (11,1)
Pai 16 (12,5) 17 (23,6)b
20

Tabela 07 Tempo de psicoterapia e parentesco da perda. (conclusão)


Paciente em Luto, n (%)
Luto Luto não Valor –
patológico Patológico p
n = 128 n = 72
Mãe 26 (20,3) 8 (11,1)
Avos 6 (4,7) 11 (15,3)b
Tia (o) 4 (3,1) 1 (1,4)
Outros 7 (5,5) 6 (8,3)

n = 59 n = 25
Tempo de Psicoterapia
Mais de um ano 27 (45,8) 11 (44,0) 0,882††
Menos de um ano 32 (54,2) 14 (56,0)

Valores obtidos por meio da aplicação do teste Razão de Verossimilhança
††
Valores obtidos por meio da aplicação do teste Qui-Quadrado de Pearson
b
Valores obtidos após análise de resíduo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Os pesquisados que tiveram os falecimentos do pai e avós com maior frequência não
apresentam, na amostra dessa pesquisa, sintomatologia indicativa de luto patológico quando
avaliada pelo TRIG (p = 0,014). Segundo Busa, Silva e Rocha (2019) quando se perde um dos
pais existem mudanças importantes na vida do enlutado, onde se pode observar mais
amadurecimento e responsabilidade, pois passa a ocupar novos papeis na vida que antes eram
de quem morreu. Essa perda também impulsiona uma modificação de olhar para a vida,
valorizando assim as pessoas mais próximas e familiares.
Ao se falar em morte de avós podemos compreender que em grande maioria são pessoas
com idade mais avançada e que muitas vezes, já se tem uma aceitação da perda devido a idade
e o contexto da morte, quando a mesma ocorre de forma natural e esperada. Machado e Menezes
(2018) ressaltam que o prognostico do enlutado não pode ser pré-julgado sendo que as questões
que envolvem a elaboração do luto são multifacetadas como intimidade, vida afetiva na
infância, personalidade, contexto e processo de morte.
Quando olhando diretamente para as respostas dos pesquisados ao questionário
elaborado pela autora, percebe-se um predomínio de sintomatologia para aqueles que perderam
cônjuge ou filho. Embora os resultados não tenham se mostrado estaticamente significativos,
ao olhar diretamente para os dados, infere-se que uma pesquisa com n (%) maior, o dado poderia
aparecer de forma mais evidente. Esse dado corrobora com os estudos de Fagundes et al (2018)
que já indicava 41% de chances de mortalidade entre viúvos advindas de problemas
cardiovasculares. Segundo (STROEBE, 1993; RESS E LUTKINS, 1967; YONG, BENJAMIN
21

E WALLIS, 1963; YONG et al, 1963 apud PARKES, 1998) isso se dá devido a danos
psicológicos com prevalência entre viúvos e pais enlutados. Segundo Assis, Motta e Soares
(2019) a perda de um filho acarreta em uma sintomatologia de desespero, dor intensa,
arrependimentos, culpas, dificuldades de viver e perda do sentido de vida. As autoras ressaltam
que a mãe passa de um papel de ser-mãe para ser-mãe-de-filho-morto, dessa forma se tornando
um novo modo de ser que precisa ser ressignificado em clínicas de luto capazes de promover
acolhimento e ressignificação de vida.
Não foram encontrados dados estatísticos que relacionem o tempo de psicoterapia com
a melhora do luto complicado, dessa forma podemos observar que embora os enlutados
busquem uma melhora, mesmo com maior período de psicoterapia, não apresentam a redução
os sintomas de luto patológicos mensurados pelo trig. De acordo com Rocha, Da Fonsêca e
Sales (2019) existe uma problematização social com a patologização do luto, onde não tem se
compreendido que o luto é um processo que necessita de diálogo para sua elaboração, para que
dessa forma passe de uma condição de tabu inaceitável para uma condição de aceitação e
naturalidade. Ressalta também que essa compreensão não anula o sofrimento, mas tira o
enlutado de uma posição de suporte emocional que é necessária no luto.
Se olharmos por essa perspectiva, a psicoterapia se faz um local de abertura de diálogo,
aceitação incondicional e suporte emocional, sendo assim, porque a psicoterapia não tem
alcançado os resultados esperados quando mensurados pelo TRIG na minimização de sintomas
que proporciona aos enlutados reorganizações de vida? Alguns fatores podem estar intrínsecos
a esse resultado. a metodologia do presente estudo pode não ter sido suficientemente sensível
para estabelecer essa relação, pois com tantos fatores idiossincráticos envolvidos, seria
necessário um número muito maior de participantes para tal avaliação, levando-se em conta que
mesmo com um número elevado de participantes, ainda assim se torna complexo mensurar a
influência das características pessoais de cada um para avaliação quando observada a
minimização dos sintomas. Sendo assim novas metodologias podem ser empregadas no futuro
para tal mensuração.
Segundo Marques (2015) o profissional deve estar sensível a tudo que permeia o
processo de luto que pode influenciar no processo natural da perda, para assim evitar um luto
patológico. É de extrema importância que o profissional tenha conhecimento acerca de tais
fatores que são fundamentais para uma assertiva intervenção. Para Schubert (2017) cada
enlutado reage ao luto de forma individual , mas se pode observar uma probabilidade de que
quando não vivenciado o luto de forma saudável as chances de patologia aumentam, por isso o
autor ressalta a importância dos profissionais de psicologia, assim como os profissionais que
22

trabalham diretamente com situações de perdas, desenvolverem novos saberes para a psicologia
como ciência, para que possa suprir as dificuldades que hoje apresenta produzindo novos
conhecimentos para a pratica profissional.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O luto é um assunto delicado e que precisa ser tratado com muito respeito, compaixão
e cuidado. Conforme avaliado, na aferição dos sintomas pelo inventario TRIG, conclui-se que
64% dos entrevistados mesmo após um ano da perda permanecem em luto, caracterizando assim
um luto persistente e patológico. `
A prevalência do atendimento psicológico foi de 40% dos entrevistados, que é baixa
comparada a 76,5% dos entrevistados que gostariam de fazer psicoterapia no luto. Essa baixa
procura, segundo 21% dos entrevistados se dá devido a questões financeiras.
Foram encontradas evidências estatísticas de que os enlutados embora não
experimentem melhora nos sintomas, acreditam que a psicoterapia pode vir a ser um espaço de
minimização de sintomas (p <0,001).
É importante ressaltar que não foram encontradas evidências que relacionem o tempo
de luto com a melhora do luto complicado, tampouco que relacionem o tempo de psicoterapia
com a melhora do luto patológico quando mensurados pelo TRIG.
A pesquisa nos mostra que há evidências de uma associação entre os pacientes que estão
em luto patológico e os conhecidos que faleceram de forma inesperada ou súbita, enquanto que
uma associação entre os pacientes que não estão em luto patológico e o falecimento foi de forma
esperada ou lenta (p < 0,001), assim como os pacientes que tiveram os falecimentos do pai e
avós com maior frequência não estão em luto patológico (p = 0,014) o mesmo não ocorre com
quem perdeu filho ou cônjuge que se encontram em estado patológico de luto.
Conforme o exposto, conclui-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois foi
possível investigar a relação entre a psicoterapia e a intensidade dos sintomas vivenciados no
luto e concluir que não foi possível estabelecer uma relação de evidencia significativa para o
efeito da psicoterapia no luto patológico quando mensurado pelo TRIG, pois 68,8% dos
enlutados em atendimento psicológico continuam em luto patológico.
É importante ressaltar a importância desses resultados para o desenvolvimento do apoio
psicoterápico ao enlutado, pois é notório que se faz necessário desenvolver novos estudos
acerca da temática luto afim de proporcionar para os profissionais psicólogos aportes teóricos
eficazes para auxiliar os enlutados nesse trajeto de grande dor e sofrimento. Acolher, escutar,
23

ser empático são qualidades tão importantes quanto ajudar o enlutado a passar pelo luto de uma
forma adaptativa, ressignificando sua vida e vivenciando novos papeis.
Sugere-se que pesquisas posteriores façam uma avaliação de pacientes em terapia com
psicólogos especialistas em luto e com psicólogos sem essa especialização, para que assim
possa ser realizada uma comparação entre o possível desfecho de diminuição de sintomatologia
com e sem uma intervenção específica. O luto tem seu tempo, assim como cada enlutado possui
distintas maneiras de vivenciar as dores de suas perdas. A individualidade e os padrões de
resiliência de cada um são importantes fatores a serem avaliados quando se fala de
ressignificação das perdas. Dessa forma o psicólogo precisa estar sensível a esses padrões
distintos de sofrimentos para que assim possa intervir de forma a proporcionar que o enlutado
passe por esse processo de uma forma consciente e adaptativa à nova realidade.
24

REFERÊNCIAS

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psicológica no enfrentamento do luto: uma análise a partir de estudos de casos de pais
enlutados. 2017. 314 f. Tese (Doutorado) - Curso de Filosofia, Ciência da Religião,
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ALMEIDA, T. Espiritualidade e resiliência: enfrentamento em situações de luto. Sacrilenges.


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29

ANEXO A– Parecer consubstanciado do Cep


30
31
32
33

AGRADECIMENTOS

Essa caminhada só foi possível com ajuda de pessoas especiais que amenizaram os impactos
das renuncias necessárias para fazer esse sonho se tornar realidade.
Agradeço em primeiro lugar a minha filha Gabrielly por ter sempre compreendido minha
ausência sem nunca me fazer nenhuma cobrança, sendo apenas amor e compreensão em todas
as fases dessa trajetória.
Agradeço ao meu marido Elói por nunca ter me abandonado, mesmo quando tantas vezes o
deixei só. Estando ao meu lado sendo apoio, força e me encorajando sempre a ser minha melhor
versão.
Agradeço a minha mãe por sido a pessoa que foi meus braços e pernas quando eu não pude
estar em casa, cuidando de absolutamente tudo para que eu pudesse me dedicar a esse projeto
de vida.
Agradeço meu pai pelo acolhimento, apoio e por ter me ensinado a fazer com excelência tudo
que me proponho a fazer.
Agradeço a professora e orientadora Maria Paula por todos os ensinamentos e liberdade que me
proporcionou no desenvolvimento desse trabalho. Sempre solicita a cada necessidade e sempre
empática em todas as ansiedades que surgiram no decorrer desse trabalho. Com toda certeza o
caminho foi mais leve ao seu lado.
Agradeço a minha amiga Marilani por ser ouvido, apoio e descontração quando tudo era pesado
demais.
E por fim agradeço a minha psicóloga Eliane Clemes (in memoriam), ela que me ensinou tudo
sobre a vida e com sua partida me ensinou tudo sobre a morte.
Minha eterna gratidão!

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