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consequências econômicas e nas ralações afetivas, o isolamento, o
medo da contaminação ou seja uma pessoa pode ter sido exposta a
várias destas situações ao mesmo tempo (Ministério da Saúde 2021).
Perder um ente querido é uma das experiências mais difícieis para
o ser humano e ao se deparar com o tema em um contexo de luto
coletivo e de grande prejuizos psicoemocionais surge o questionamento,
qual seria a forma mais adequada e mais eficiente de lidar com essa
demanda?
Dessa forma o objetivo dessa revisão narrativa da literatura é
descrever as contribuições da terapia cognitiva-comportamental no
processo do luto no contexto pandêmico que apresenta particularidades
que devem der consideradas, uma vez que, além do luto os individuos
enfrentam diversos impactos psicossociais.
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Complexidade do luto na pandemia
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Alguns autores apontam que tanto a pandemia quanto as medidas adotadas
para contê-la apresentam grande impacto na saúde mental das pessoas,
aumentando o risco para o surgimento de sintomas de estresse, ansiedade e
depressão (SIMONETTI; GOMES; NUNES, 2021).
Mais implicações são acarretadas por outros fatores como o local e a
condição que a morte ocorreu, se no hospital com o doente isolado e sem realização
de ritual de despedida pode haver maiores chances de seus familiares
experienciarem luto complicado (CRESPALDI et al. 2020)
Diante deste cenário compreender o luto se torna ainda mais importante neste
momento.Segundo Parks (1998) “O luto é concebido como reação natural a
qualquer perda significativa, principalmente à perda de um ente querido por morte”.
O enlutado experimenta um conjunto de respostas fisiológicas, psicológicas, sociais
e comportamentais frente a perda. De acordo com o mesmo autor a vivência do luto
não deve ser considerada doênça mas como um processo que será vivenciado por
cada pessoa de forma singular.
Este novo cenário imposto pela pandemia tem trazido inúmeros desafios, de
acordo com a cultura ocidental os ritos fúnebres apresentam propósitos psicológicos
e sociais, os enlutados demonstram os sentimentos de pesar diante do grupo,
justificando e regulando novas relações interpessoais (FONTES et al.,2020). O
mesmo autor afirma a importância desses rituais como forma de expressão dos
sentimentos e emoções restaurando assim sentimentos negativos.
Lopes et al (2021) corroboram sobre a importância desses rituais na
resolução do luto como a despedida que contém ações como a comunicação,
resolução de questões, liberação de perdão e agradecimento, propiciando
fechamento, expressão dos sentimentos e resolução de pendências, essa prática de
acordo com o autor diminui o sofrimento após a perda possibilitando a construção de
novos caminhos e significados na resolução do luto.
Os mesmos autores destacaram que a restrição na comunicação seria um
fator que poderia agravar e afetar o processo de luto dos pacientes e familiares, o
paciente que antes poderia expressar necessidades finais e realizar despedidas
essenciais, pode não conseguir elaborar o processo vivenciado por estar
experienciando o morrer de forma solitária, muitas vezes sem atender as
necessidades básicas para sua partida. A família que antes poderia participar dos
cuidados, mesmo que por meio de visitas ou diálogos com equipe, hoje encontra-se
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mais ausente, fator que inviabiliza a construção de narrativas do processo de morrer
essencial para elaboração da despedida (LOPES et al., 2021).
Existe uma grande possibilidade de desencadear o luto complicado
justamente pelo fato do familiar não ter se despedido do ente querido após a morte,
não havendo preparo para esta morte precoce desencadeada pela pandemia.
(TEIXEIRA,2020). Os rituais de despedida são organizadores, importantes para o
processo do luto normal dos indivíduos e o impedimento de viver esse momento
pode trazer intenso sentimento de raiva, tristeza e entorpecimento. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE 2020).
Para encerrar este capítulo, longe de encerrar o assunto penso ser
interessante olhar outros aspectos destacados pelos artigos publicados neste
contexto, foram o adoecimento e óbito de diferentes pessoas do mesmo núcleo
familiar. Este fator é analisado como potencializadores de estresse repercutindo e
potencializando negativamento o processo do luto ainda mais tramático no contexto
pandêmico, além do luto antecipatório ocasionado pelo medo da morte devido a
letalidade do vírus, o local e a condição em que a morte ocorreu, a fragilidade de
apoio da rede socioafetiva, pelas medidas de distanciamento adotadas para
combater a propagação da doênça, a não realização dos rituais de despedida em
conformidade com as práticas e culturais e religiosas, além do sentimento de culpa
que os sobreviventes podem sentir quando acreditam que foram os responsáveis
por infectar a pessoa falecida (CREPALDI et al., 2020).
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Terapia Cognitiva Comportamental no processo de resolução do luto
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Esses protocolos trazem algumas técnicas importantes no tratamento como a
psicoeducação sobre as fases do luto e explicação sobre o modelo de terapia com o
objetivo de promover a compreensão deste perante a perda sofrida(BASSO E
WAINER, 2011).
Os mesmos autores indicam como passo posterior a psicoeducação avaliar
os pensamentos disfuncionais e as crenças que ele tem acerca da morte,
trabalhando as distorções cognitivas. Outro método trazido por Beck, (2013) é o
Registro de pensamento disfuncional (RPD) é uma ferramenta que que auxilia neste
sentido, pois o paciente verifica quais pensamentos passaram pela sua mente, quais
emoções e comportamentos. A partir destes pensamentos usa´-se a técnica da flexa
descendente a fim de encontrar crenças centrais.
Também, pode ser realizado o treino de solução de problemas, treinamento
de habilidades sociais, ativação comportamental, dessensibilização sistemática e o
role-play (BASSO E WAINER 2011; RODRIGUES et al, 2018).
Além de todas essas técnicas que se demonstram eficazes na diminuição dos
sintomas, é necessário criar ao longo da terapia ritual de despedida, como se
observou em toda essa pesquisa a falta desses rituais comuns em nossa cultura o
luto pode se tornar em luto complicado.
No protocolo de tratamento dos autores Zwielewski, & Sant´ana, (2016)
destacam a importância de criar um ritual de despedida, como escrever carta ao
ente querido que faleceu, fazer homenagem nas redes sociais, compartilhar sobre a
morte desse ente querido com pessoas próximas, como forma de se despedir.
Essas técnicas se monstram eficazes no sentido de aliviar os sintomas do
enlutado e auxiliar na readaptação a vida, Hartmann et al. (2020). enfatizam a
eficácia da TCC por visar o bem estar do individuo em sua totalidade, biológico,
psicológico e social possuindo um conjunto de estratégias e técnicas psicoterápicas,
contribuindo para o tratamento de uma série de transtornos psicológicos. “É uma
abordagem que tem sua eficácia comprovada através de pesquisas, sendo indicada
como primeira escolha para o tratamento de diversas psicopatologias”.
(HARTMANN, et al. 2020).
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O impacto do novo coronavírus são diretamente perceptíveis e a pandemia
trouxe mudanças na forma como o sujeito experienciam o morrer, assim, o presente
trabalho propôs a problematizar sobre a complexidade do luto na pandemia e as
constribuições da terapia cognitivo-comportamental. Durante a pandemia da COVID-
19, além de muitos fatores de risco que foram identificados, como as mortes
coletivas, as restrições e os impedimentos que podem afetar o processo do luto,
também são complicadores; a perda de mais de um membro da família, a
insegurança, o medo, a angústia, o isolamento e muitas vezes a falta de suporte em
um momento tão delicado, além da culpa por ter contaminado o ente falecido ou
mesmo por ter sobrevivido e o ente querido não. Assim o luto se torna um desafio
para os profissioanais da saúde por apresentar um tema complexo em meio a
mudanças biopsicossociais significativas decorrentes da pandemia. Diante deste
contexto nota-se que a TCC proporciona um vasto acervo de técnicas interventivas
que se mostram eficazes no sentido de aliviar os sintomas do enlutado além de
buscar a readaptação à vida do paciente intervindo em sua totalidade
biopsicossocial.
O tema ainda deve ser explorado e mais estudos precisam ser realizados
para que o psicólogo que está na linha de frente e comprometido com as suas
obrigações como profissional em casos de calamidade pública e de emergências
como é no caso da pandemia estejam preparados e capacitados para lidarem com
essa demanda.
O objetivo deste atigo é proporcionar reflexões e questionamentos sobre a
contribuição da TCC diante do luto na pandemia e no pós pandemia prevenindo
agravos na saúde mental destes paciente
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