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31/05/2023, 00:52 Assistência de enfermagem no processo de morte

Assistência de enfermagem no processo de morte


Prof. Michael Vida de Freitas

Descrição

Identificação e sistematização dos cuidados de enfermagem no processo de morte.

Propósito

Conhecer o processo de morte e o morrer no contexto assistencial proporciona à equipe de enfermagem um cuidado diferenciado que também
inclui as famílias.

Objetivos

Módulo 1

As visões sobre o processo da morte, os sinais e os tipos de morte


Identificar as visões sobre o processo da morte, os sinais e os tipos de morte.

Módulo 2

Assistência de enfermagem pós-morte para a família e os cuidados com o corpo pós-morte

Identificar a assistência de enfermagem pós-morte para a família que vivencia o luto, bem como os cuidados com o corpo pós-morte.

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Introdução
Quando pensamos no ciclo da vida lembramos de suas diferentes etapas, que são representadas pelo nascer, crescer, reproduzir e morrer,
sendo esses os processos naturais da constituição do ser humano. No entanto, algumas pessoas têm mais facilidade para lidar com o fim da
vida que outras.

Encarar a morte e seus processos pode ser doloroso, e muitos de nós não estão preparados para lidar com essa situação. Com o passar do
tempo, o significado da morte foi se transformando de acordo com os diferentes contextos históricos, mas até hoje ela continua sendo
inevitável e imprevisível.

Os profissionais de enfermagem, principalmente o enfermeiro, estão expostos a diversas situações durante sua jornada de trabalho. Entre
elas, está o encontro com o processo de morte e morrer de seus pacientes, assim como o cuidado prestado a seus familiares. Portanto, é
importante saber conduzir ética e atenciosamente a assistência em enfermagem em todo esse transcurso.

1 - As visões sobre o processo da morte, os sinais e os tipos de morte


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as visões sobre o processo da morte, os sinais e os tipos de morte.

Entendendo a morte

Para lidarmos com a morte, é importante entendermos o contexto ético no qual ela ocorre, termos serenidade para enfrentar as adversidades
inerentes a esse processo e, acima de tudo, respeito em relação à cultura, crenças e opiniões das pessoas.

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É fundamental incluirmos os familiares nesse processo de morte de seus entes queridos.

Precisamos dispensar a atenção necessária a todos os envolvidos por mais que, ao longo do processo, nos deparemos com a ingratidão ou com
sentimentos hostis por parte de familiares e cuidadores.

Conforme definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), óbito é o desaparecimento permanente de todo o
sinal de vida em um momento qualquer depois do nascimento, sem a possibilidade de ressuscitação. No Brasil,
o profissional médico detém a prerrogativa legal para constatar e atestar o óbito, ainda assim, a morte não é
um fato instantâneo, mas, sim, uma sequência de fenômenos que, por meio da semiologia e instrumentos
tecnológicos, podem ser precocemente detectados.

(BRASIL, 2009)

A visão sobre a morte em diferentes momentos da história


Faremos aqui uma retrospectiva dos principais marcos históricos sobre esse assunto para entendermos a evolução do conceito e da maneira como
o ser humano se relaciona com a morte e com seu processo de morrer.

Começaremos pela Idade Média, quando o fim da vida se dava de forma natural e o doente permanecia no ambiente familiar até a morte. Suas
causas eram, geralmente, por consequência de doenças de cunho infeccioso e, por vezes, a partir desse processo, começava a ser esperada.

No século XX, com o progresso da Medicina e o avanço científico, assim como pelos interesses econômicos e capitalistas, passa a haver uma
mudança de paradigma nesse processo, marcado por uma indução em sua representatividade. Surge, então, uma enorme preocupação com a
longevidade humana e começamos a institucionalizar a morte, de modo que os hospitais passam a representar essa institucionalização. Contudo,
os profissionais de saúde não estavam ainda preparados para enfrentar e lidar com essa mudança.

Para entendermos melhor o processo de construção histórica da morte, vamos observar como era a relação cultural da sociedade com ela.
Dividiremos em períodos históricos a partir da sociedade ocidental, que serão denominados de: morte domada, morte de si mesmo, morte do outro
e morte interdita. Veja a seguir.

Morte domada

Durante a Idade Média, os povos não costumavam morrer sem saber que a morte estava próxima, seja por eventos naturais, seja por eventos como
a ida às guerras. Nesse período, as pessoas se preparavam e planejavam seus últimos feitos. Assim, a morte era esperada no leito, como um grande
evento público e aberto, sem pesares ou grandes sofrimentos, pois tudo acontecia de forma simples e muito natural.

A morte de si mesmo

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Pequenas transformações começam a ocorrer na segunda parte da Idade Média, mais especificamente a partir dos séculos XI e XII. Nesse
momento, a morte ganha novas significações a partir da experiência singular de cada um. Dessa forma, ela deixa de ser vivenciada de maneira
coletiva, uma experiência que seria compartilhada com todos de maneira natural, e passa a ser entendida como uma experiência individual. As
pessoas começam a reconhecer a sua própria vida e a si mesmas a partir do advento da morte. Junto a isso surgem as representações mentais da
morte, a existência de si mesmo e o apego às coisas e aos outros.

A morte do outro

A partir desse período ocorrem grandes avanços e, para que possamos entender as mudanças que ocorreram a partir do século XVIII, lembraremos
que, até aqui, a morte era domada e familiar. Esse é um período de ruptura e modificações. A morte ganha um ar romantizado, dramático, com certa
gentileza e delicadeza.

A partir desse momento a nossa própria morte não é mais tão temida como a morte do outro. Mudamos o comportamento diante desse momento,
principalmente no que diz respeito às relações familiares, que, a partir daí, deixam de ser coadjuvantes e passam a atuar mais de perto no decorrer
desse processo.

A morte interdita

Como você pode observar, o comportamento social frente à morte veio até aqui apresentando mudanças sutis, quase imperceptíveis aos seus
contemporâneos. Isso porque a morte se manteve, na maior parte do tempo, como um evento de caráter público, inserido na realidade da vida e,
acima de tudo, contando com a participação e o conhecimento de todos, ou seja, o próprio doente, seus familiares, vizinhos e até as crianças.

Daí em diante, observamos um conjunto de fenômenos sociais que representam a colocação de uma interdição nesse assunto. Interditar significa
fechar, vedar ou impedir o funcionamento, e isso aconteceu com a morte, que passa a ser algo indesejado e que precisa ser interditado. Ela começa
a ser comparada com um momento vergonhoso e sujo, passa a ser deixada de lado, então, todos os movimentos sociais caminham para que ela
possa ser escondida.

A partir de então, morrer se transforma num evento privado e a morte começa a se constituir como um tabu, como
uma questão proibida. As manifestações e sentimentos de pesar, ou seja, o drama e as emoções calorosas diante
da despedida, também não são mais bem-vindos.

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Uma das mudanças de paradigma que se iniciam nesse período diz respeito à forma como a consciência sobre a própria morte é encarada. A partir
dessa época, entender ou tomar conhecimento sobre a gravidade de seu estado de saúde e, consequentemente, da proximidade da morte, passa a
ser prejudicial ao doente.

Vimos aqui, portanto, um resumo da crescente modificação na construção dos entendimentos sobre a morte e o morrer ao longo dos anos.

A perspectiva dos profissionais de saúde sobre a morte


E quanto a nós, os profissionais de saúde, como lidamos como a morte?

Resposta

Precisamos entender que a morte não é algo a ser temido, ou que temos que enfrentá-la a qualquer custo diante das doenças progressivas e
terminais, mas devemos tomá-la como uma parte natural do avanço dessas doenças e, também, como parte da própria vida.

Sabemos que a morte faz parte do cotidiano de trabalho do profissional de enfermagem e é comum apresentarmos dificuldades na prestação de
cuidados ao paciente em processo de morte e morrer. Isso, por vezes, acontece porque essa responsabilidade da assistência de enfermagem
parece fazer parte do desejo de cura, de salvação, e isso faz com que apareçam conflitos e sofrimentos em meio aos profissionais que trabalham
com cuidados diariamente. Além disso, precisamos estar ao lado de todos os envolvidos, isto é, os próprios pacientes, as famílias, os cuidadores e a
equipe multiprofissional.

Partimos, então, desse novo olhar que devemos construir diante do processo de morte e o morrer. Logo, os profissionais inseridos no cuidado
próximo precisam estar preparados para reconhecer aqueles pacientes que se aproximam da própria finitude, tendo em vista que a identificação da
iminência da morte permitirá uma elaboração de um novo plano de cuidados, cujas ações serão direcionadas para o conforto e o bem-estar do
paciente, além do acolhimento dos familiares diante do sofrimento e do luto.

Por exemplo, há setores, em uma unidade hospitalar, onde lidamos com a morte todos os dias e, muitas vezes, sentimos dificuldades quando algum
paciente se vai. Embora a morte de um paciente em estado grave seja previsível, quando ele de fato vem a falecer podemos ser acometidos por uma
sensação de impotência, algo muitas vezes inexplicável.

Evidências e tipos de morte


Diante de todo esse quadro, é importante que saibamos reconhecer os sinais da morte e seus fenômenos.

De acordo com Santos (1977), no que tange ao estabelecimento do momento da morte, há fenômenos intermediários, concorrentes ou sucessivos.
São eles:

Sinais abióticos imediatos ou precoces

Os sinais abióticos imediatos ou precoces são aqueles que, segundo diretrizes assistenciais internacionais, caracterizam a parada
cardiorrespiratória e a indicação para a realização de ressuscitação cardiopulmonar com perda da consciência. São eles:

• Abolição do tônus muscular com imobilidade;


• Cessação da respiração; e

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• Cessação dos batimentos cardíacos.

Sinais abióticos mediatos ou consecutivos

Os sinais abióticos mediatos ou consecutivos se instalam algum tempo depois e se constituem na tríade livor, rigor e algor, ou seja, alterações de
coloração, rigidez e de temperatura, que são considerados como indicativos de certeza da morte. São eles:

Desidratação.

Desidratação, decorrente da evaporação tegumentar.

Resfriamento.

Resfriamento, decorrente da tendência do corpo em equilibrar sua temperatura com o meio ambiente.

Livor mortis.

Deposição de sangue, por força da gravidade, nas partes do corpo que se encontram em posição de declive, caracterizando a hipóstase, que se
inicia 20 a 30 minutos depois da morte, atingindo seu ápice entre 12 e 15 horas.

Rigor mortis.

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Rigidez cadavérica ou rigor mortis, decorrente de um fenômeno físico-químico que resulta em um estado de contratura muscular, cujo tempo de
instalação é variável, podendo aparecer a partir de no mínimo 30 minutos e na seguinte ordem: os três músculos da mandíbula, do pescoço, do
tórax, dos membros superiores, do abdome e dos membros inferiores.

Fenômenos tardios ou transformativos

Os fenômenos transformativos são alterações somáticas tardias, intensas e claramente incompatíveis com a vida, que podem ser de duas ordens:

Destrutivos

Autólise, putrefação e maceração.

Conservadores close

Mumificação, saponificação e calcificação.

São, portanto, também sinais de certeza da realidade de morte.

Autólise e sinais de putrefação.

A autólise ocorre quando a circulação sanguínea é interrompida e, consequentemente, não há trocas nutritivas e de oxigenação entre as células e a
circulação. Isso gera o aumento da acidez e da decomposição intra e extracelular. Por sua vez, a putrefação tem início após a autólise e envolve a
ação microbiana aeróbia e anaeróbia. É sabido que o corpo já possui bactérias que fazem parte da flora natural, principalmente a flora intestinal, por
isso, é comum que a putrefação se inicie no intestino e que, como consequência, surja uma mancha verde na região abdominal. Essa mancha
representa a evidência da decomposição dos tecidos, justamente na região onde há maior abundância de bactérias, ou seja, nas alças intestinais.
(SILVEIRA, 2015)

Para além dos fenômenos mencionados anteriormente, podemos, com base na perda dos sinais vitais e na possibilidade ou não de retomá-los,
relacionar as divisões didáticas da morte. São elas:

Morte aparente expand_more

Como o próprio nome sugere, a aparência é de que a pessoa está morta, embora isso não seja verdade. Pode acontecer em quadros como o
da catalepsia, um estado em que a pessoa pode ficar até 48 horas sem os sinais vitais. Atualmente, no entanto, com toda a tecnologia e
aparelhos disponíveis, conseguimos detectar esse estado e dificilmente acontece de a catalepsia ser confundida com uma morte real.

Morte relativa ou morte clínica expand_more

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Chamamos de morte relativa porque há a possibilidade de reanimação, ou seja, pode ocorrer a parada de funções como respiração,
circulação ou nervosa, mas ainda é possível reverter esse quadro.

Morte absoluta expand_more

Chamamos de morte absoluta porque há a cessação de todas as atividades biológicas, sem a possibilidade de se reverter o processo.

Morte cerebral expand_more

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (BRASIL, 1997), é a parada total e irreversível da função encefálica.

Como vimos, a morte vem sofrendo ressignificações ao longo do tempo e, por mais que seja algo natural e que todos temos a certeza de que
acontecerá em algum momento, construímos barreiras e tabus ao entorno desse conceito. Como uma das realidades da equipe de enfermagem é
cuidar daqueles que vivem um processo de morte e morrer, esse é um assunto que precisa ser conversado, e não apenas para se discutir seus
conceitos, mas também pela importância dos sentimentos envolvidos durante esse cuidado.

video_library
A morte e seus sinais
Neste vídeo, a especialista definirá de maneira geral o que é a morte, suas complexidades e apresentará seus sinais e cuidados que podem ser
prestados pelo profissional enfermeiro.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre a morte domada podemos afirmar que:

A A tristeza e a dor eram manifestadas de forma exagerada.

B O maior temor das pessoas era morrer repentinamente, anonimamente, sem as homenagens cabidas.

C A morte era esperada no hospital.

D A morte não estava presente no cotidiano.

E A atitude familiar em relação à morte era distante.

Parabéns! A alternativa B está correta.

De acordo com a definição de morte domada, conceito esse que data da Idade Média, esse momento se tornou mais próximo das relações
familiares e, consequentemente, não receber homenagens, não ter preparação para a morte, não esperar a morte em seu leito e não poder fazer
cerimônias públicas era o maior temor das pessoas.

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Questão 2

Em relação ao estabelecimento do momento da morte, podemos afirmar que são fenômenos abióticos imediatos ou precoces:

A Rigor mortis e desidratação.

B Abolição do tônus muscular com imobilidade e cessação dos batimentos cardíacos.

C Putrefação e autólise.

D Mumificação e saponificação.

E Resfriamento e hipóstase.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Conforme a definição dos sinais ou fenômenos no processo de morte, rigor mortis e desidratação são fenômenos abióticos consecutivos;
putrefação e autólise, assim como mumificação e saponificação, são sinais tardios ou transformativos; e abolição do tônus muscular com
imobilidade, cessação da respiração e cessação dos batimentos cardíacos são sinais abióticos imediatos.

2 - Assistência de enfermagem pós-morte para a família e os cuidados com o


corpo pós-morte
Ao final deste módulo, vocês será capaz de identificar a assistência de enfermagem pós-morte para a família que vivencia o luto,
bem como os cuidados com o corpo pós-morte.

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Luto e família
Um dos momentos mais difíceis e dolorosos para o ser humano poderá ser a perda de alguém por quem nutrimos um grande sentimento. Nesse
momento de luto, o único desejo significativo talvez seja o retorno do ente querido.

Vale acrescentar que algumas situações não relacionadas com a morte, tais como uma perda de emprego, um
término de relação ou uma doença grave, também podem disparar o processo do luto, mas o mais importante é
que, ao final desse momento difícil, possamos ser capazes de ressignificar esse luto e retomar as nossas
atividades diárias, assim como a vida propriamente dita.

Atualmente, o luto, tal como a morte, passou a ser proibido, individualizado e, também, uma demonstração de fraqueza. Contudo, ao longo da vida
passamos por diversas experiências de perda, abandono e desistência. Esses momentos fazem parte da existência, mas, mesmo assim, são
dolorosos. O processo de lamentação costuma ser difícil e lento, prolongando essa dor.

O sofrimento em relação à perda de alguém de quem gostamos está relacionado ao modo como sentimos essa perda, ou seja, vai depender da
nossa idade e de como entendemos esse momento, assim como da idade de quem morre. Desse modo, quando perdemos alguém mais jovem, às
vezes essa perda se torna mais difícil por diversos fatores. É comum falarmos, diante da morte de um jovem: “Nossa, como ele se foi cedo”, ou
“Ainda tinha tantas coisas para viver”.

Seguindo essa linha de pensamento, podemos dizer que existe uma forte relação entre a doença, o doente e sua família. Por isso, conhecer o núcleo
familiar no qual o paciente está inserido, bem como suas particularidades e forma de interação, se faz necessário. A doença crônica, especialmente
quando no estágio terminal, traz significativas mudanças à família.

s A forma de enfrentamento, ou seja, os recursos utilizados pelos familiares para lidar com a doença, incidirá diretamente na qualidade de vida e,
também, no processo de morte do paciente.

Comentário
Optamos por considerar aqui o conceito de família que valoriza a sua organização em forma de matriz, na qual todos os seus membros se
influenciam mutuamente de modo a criar uma identidade, cujos valores, crenças e costumes são compartilhados de maneira única. Toda família
enfrentará momentos de mudanças e de fechamento de ciclos ao longo do seu desenvolvimento, fazendo novas configurações acontecerem.

Algumas situações, como as relacionadas com o adoecimento e a morte, afetam sobremaneira sua organização e exigem de seus membros um
grande ajustamento quanto às funções e ao lugar que cada um ocupa no núcleo familiar. O impacto que a doença e a morte provocam na família
pode estar relacionado a diversos fatores, tais como a idade do paciente, sua doença e mesmo ao tipo de morte.

Há situações potencialmente capazes de gerar uma forte desestruturação familiar, como é o caso, por exemplo, do suicídio, que tende a gerar culpa
entre seus membros. Da mesma forma, a doença de uma criança, ou mesmo a de um adulto ou idoso, dependendo da organização familiar, pode

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afetar seriamente aquele grupo, de modo a colocar em risco sua coesão e funcionamento.

Por isso, conhecer a história da família durante o acompanhamento ao paciente, assim como seu estilo de enfrentamento com relação a perdas e
dificuldades enfrentadas ao longo da vida, pode dar subsídios para a atuação dos profissionais, contribuindo, portanto, para a assistência à unidade
paciente-família, tão importante na fase avançada da doença.

Perspectiva de morte para o doente


Um aspecto relevante da relação da família com o doente é a comunicação. Durante muito tempo considerou-se que o conhecimento da
proximidade da morte poderia ser prejudicial ao doente. Essa ideia, muitas vezes ainda presente nos dias de hoje, contribui para o isolamento e o
distanciamento do paciente.

Com estudos voltados especificamente para a análise das reações dos pacientes que enfrentam uma doença terminal, Kübler-Ross (2005)
colaborou significativamente para essa discussão, mostrando as cinco fases que o paciente pode atravessar ao lidar com sua doença: negação e
isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação.

Saiba mais
De acordo com a autora, a pessoa que está morrendo não apenas tem conhecimento sobre sua condição, como também, em geral, tem
necessidade de conversar a respeito. Para isso, precisa encontrar alguém com quem se sinta à vontade com o tema e que, de fato, se disponha a
escutá-la.

Experiência do luto

Antes de entrarmos nas fases do luto, vamos conhecer alguns sentimentos comuns nesse processo. São eles: tristeza, raiva, culpa, ansiedade,
solidão, fadiga, desamparo, choque, anseio, alívio e torpor.

Podemos elencar também algumas sensações físicas que são comuns serem sentidas após a perda. São elas: vazio no estômago, aperto no peito,
nó na garganta, dificuldades em lidar com muito barulho, sensação de nada parecer real, falta de fôlego, sensação de falta de ar, fraqueza muscular,
falta de energia e boca seca.

Tipos de luto

Luto normal

Nesse tipo de luto, temos consciência da perda e de tudo que ocorre naquele momento. Conseguimos fazer uma elaboração bem-sucedida, ou seja,
conseguimos lidar de uma maneira sadia com esse processo, por mais que haja sofrimento e dor. Vamos a um exemplo!

Exemplo
Quando ocorre a morte ou a perda de algum ente querido, seja ele um familiar, amigo ou pessoas próximas, por vezes ficamos chorosos,
ressentidos, sem vontade de trabalhar, com dificuldade para dormir, ou, pelo contrário, passamos a dormir demais. Com o tempo, esse sofrimento

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começa a diminuir, então passamos a entender e a ressignificar essa perda. Mesmo ainda havendo sofrimento, conseguimos ir retomando as
nossas atividades diárias aos poucos, sem prejuízos à nossa saúde. Seguimos em frente e, o que resta, é o sentimento de saudade. Esse período
pode durar de alguns meses até um ano, desde que não haja prejuízos à vida.

Luto patológico
Diferentemente do luto normal, esse processo sai de nosso controle. Nele, temos muita dificuldade para lidar com a perda, de forma que a nossa
vida fica bastante prejudicada devido ao intenso sofrimento que o luto provoca. Por vezes, não conseguimos dar conta de atividades básicas do
nosso dia a dia, o que acaba afetando áreas importantes, como o trabalho, os estudos, entre outras.

Durante o processo do luto patológico acontece a negação do real, da verdade, do rompimento do vínculo, da finitude, e isso se dá porque a pessoa
em sofrimento tem dificuldades para lidar com o início desse processo, querendo manter vivo aquele ente querido que morreu, seja por meio de
lembranças ou tentativas de contato de diversas ordens.

Saiba mais

O luto normal começa a ser patológico quando a pessoa não consegue lidar com a situação da perda, então, esse luto impactará nas suas
atividades diárias, assim como na sua saúde. Mesmo com o passar do tempo, a pessoa não consegue se recuperar e, por causa disso, terá
prejuízos e adoecimentos, necessitando de acompanhamento psicológico e, por vezes, psiquiátrico, para poder lidar com a perda.

Estágios do luto
De acordo com Kübler-Ross (2005), o luto pode ter cinco estágios, que podem acontecer na ordem ou não. Eles também podem se repetir, ou seja, a
pessoa pode passar por determinado estágio mais de uma vez. Veja a seguir.

Primeiro estágio: negação


Consiste em uma fase de negação do acontecimento. No luto pela morte de alguém, a pessoa não acredita no falecimento e acha que pode haver
enganos. Essa fase está sujeita a ser vista como uma forma de defesa de algo improvável e pode durar minutos ou até mesmo anos. Existem,
inclusive, relatos de indivíduos que continuaram esperando seus entes queridos para sempre.

Quanto à pessoa que está na iminência da morte ou aquela que se encontra em um luto afetivo, inicialmente elas não acreditam no ocorrido e
podem achar que o outro está mal-intencionado. Elas têm dificuldade para enxergar com clareza essa realidade, podem querer esquecer a situação
e até mesmo buscar dados e argumentos que a neguem ou contradigam. Esse é um processo de autoproteção que é provocado pela dificuldade de
lidar com uma verdade bastante inconveniente. A dor se torna intensa e a perspectiva de futuro parece devastadora.

Segundo estágio: raiva

Esse estágio se caracteriza pelos sentimentos de raiva, dor, medo e culpa que podem variar muito em intensidade e frequência. Essa fase é a mais
delicada, pois a pessoa está incongruente e pode ter atitudes desagradáveis, piorando o clima diante de um tratamento ou durante um velório, por
exemplo.

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É nesse estágio que o indivíduo percebe que a situação é irreversível, então a tendência é que essa dificuldade em
se conformar com a perda seja transformada em revolta.

Para as pessoas na iminência de morte e aquelas em luto afetivo, é comum sentirem raiva de quem informou (o diagnóstico ou o término da
relação), do fato que causou a perda, de alguém que poderia tê-la evitado, e podem, inclusive, questionar Deus e acusá-lo por sua injustiça, além de
ter outras reações imprevisíveis.

Terceiro estágio: negociação/barganha


Nesse estágio, como a revolta da fase anterior parece não ter trazido alívio, vêm os pensamentos relacionados à negociação e barganha, ou seja, a
pessoa procura meios de fazer algo que possa reverter o acontecido.

Para os que estão na iminência de morte e aqueles com perda afetiva, é comum pensarem em fazer promessas ou pactos com Deus na tentativa de
receberem alguma graça ou milagre, ou seja, realizam algumas ponderações imaginando possíveis soluções mágicas. A pessoa que vive o luto
negocia consigo mesma ou com entidades superiores nas quais acredita na tentativa desesperada de aliviar sua dor.

Quarto estágio: depressão


O insucesso do estágio anterior provoca essa nova fase de grande sofrimento. Na depressão, a maior colaboração que uma pessoa pode dar a
quem sofre é ser um ouvinte paciente, mostrando-se disponível e estando ao seu lado.

Essa fase é caracterizada por um sofrimento significativo, marcado por uma percepção de impotência diante do falecimento e da perda do ente
querido. É comum, nesse estágio, o enlutado passar por um período de isolamento e de choros intensos.

Para as pessoas na iminência de morte e aquelas com perda de vínculo afetivo, é comum chorarem, se isolarem, repensarem sobre a vida, quererem
deixar a vida do outro mais bem organizada e perceberem a falta que o outro fará nas suas vidas.

Quinto estágio: aceitação

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Nesse estágio, já com o sofrimento um pouco mais suavizado, a pessoa faz reflexões e tem percepções mais congruentes com a situação. Ela
consegue ter expectativas mais tranquilas, o que facilita a aceitação do ocorrido e também gera possibilidades de reação.

Para as pessoas em iminência de morte e aquelas em luto afetivo, é natural perceberem, nesse estágio, que nem tudo em sua vida está acabado.
Mesmo com algumas dificuldades e limitações, elas têm a possibilidade de se reestruturar sem a pessoa perdida, ou seja, o indivíduo que
experimenta o luto começa a desenvolver uma visão mais realista, passando a aceitar e a conviver com a saudade. É nesse momento que a pessoa
enlutada começa a compreender a sua nova realidade, que será constituída, necessariamente, na ausência de quem partiu.

Por mais que seja difícil, todos nós precisamos aceitar que um dia vamos morrer e precisamos estar conscientes de que, ao longo da vida, vamos
sentir a dor da perda de pessoas queridas.

Vivemos em uma sociedade na qual a morte e o luto ainda são tabus. O luto é um período de tristeza, de saudade e de choro. Não adianta tentar
adiá-lo ou mascarar os seus sentimentos. Esses últimos precisam ser vividos e expressados, para que quem experimenta o luto possa ultrapassá-
los e superar essa fase.

Não existe um tempo predeterminado para que o luto se conclua, ou seja, ele é um processo individual e singular.

Contudo, em uma sociedade na qual o choro e a tristeza não são bem-vindos, tenta-se, portanto, excluí-los, impondo ao sujeito que vive o luto um
isolamento que pode se tornar um risco para a sua saúde psíquica.

Assistência de enfermagem na relação com o processo de morte


Cuidar é acompanhar, é estar ao lado. Isso envolve um encontro verdadeiro e a disposição para se sofrer junto, que são a essência do cuidado.
Sendo assim, não haverá um cuidador que, ao olhar para as feridas do enfermo, não se identifique, de alguma forma, com as que ele próprio carrega.

Uma das características da enfermagem é a proximidade diária e constante com o paciente. Tamanha proximidade permite ao enfermeiro conhecer
profundamente a história do doente, contribuindo para a criação de vínculos afetivos na relação, o que torna esse profissional uma referência
daquilo que chamamos de cuidado.

Quando temos um caso de morte iminente, a demanda sobre o enfermeiro é grande e ela não se limita ao momento final, pois é necessária a
continuidade do cuidado à família para que o enfrentamento da perda seja mais bem elaborado. A dificuldade e o despreparo para lidar com a morte
é uma característica humana que todos, sem exceção, vivenciamos, embora muitas vezes de formas diferentes.

Comentário

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Como nem todas as profissões lidam com a morte em sua rotina diária, muitos vivem como se dela nada quisessem saber. No entanto, ao
profissional de saúde não é facultada essa possibilidade. O confronto diário com o término da vida, não apenas acompanhando, mas dedicando-se
a cuidar, confortar e aliviar todo tipo de sofrimento de forma tão intensa como faz o enfermeiro, pode levar o profissional a lidar com diversas
sensações relacionadas à perda.

A implantação de hospitais para pacientes terminais com a preocupação de oferecer cuidados paliativos e assistência à família em situação de luto
tem efeitos positivos e preventivos. É importante que a pessoa enlutada expresse, mais cedo ou mais tarde, seus sentimentos e emoções.

A comunicação entre o profissional e a família do paciente é um processo no qual podem ser encontrados
elementos que facilitem ou compliquem o luto.

No entanto, é importante o acolhimento à família, de forma a considerá-la parte integrante do cuidado a ser oferecido. E para que ele seja
efetivamente realizado, é necessário conhecer esse grupo familiar em sua forma de equilíbrio e estilo de organização, bem como identificar em que
estágio do desenvolvimento a família e o paciente se encontram no momento do surgimento da doença. Adoecimento e morte desencadeiam
diferentes reações quando acometidos em um adulto jovem, em um idoso ou em uma criança. Também existem peculiaridades no enfrentamento,
dependendo do tipo de doença combatida.

A comunicação entra, então, como uma forte aliada nesse processo. É importante que todos estejam conscientes do que está para acontecer,
permitindo, assim, as despedidas e a resolução de pendências que, muitas vezes, se revelam urgentes. Há inúmeras situações familiares que só
serão resolvidas nesse momento, e os parentes precisam ter não apenas o conhecimento, mas a oportunidade de espaço e abertura para dividirem
suas preocupações, medos, dúvidas e fantasias. Por isso, além de informar, é preciso escutar.

Esse é o momento para se desfazer algumas fantasias que porventura possam ressurgir após o óbito, durante o período de luto, o que geraria
sentimento de culpa em algumas pessoas.

Abordar com a família e com o paciente as principais dificuldades enfrentadas na fase final, identificando suas
principais necessidades, é terapêutico e, muitas vezes, é também o que há de mais importante a ser oferecido pelos
profissionais.

(GEOVANINI, 2011)

Cuidados com o corpo pós-morte


Segundo a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC, 2016), existem alguns cuidados que precisam ser realizados no corpo pós-morte
pelo profissional de Enfermagem. São eles:

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Identificar o corpo e fazer a Retirar as sondas, cateteres, Alinhar os membros Colocar as próteses dentárias
limpeza e preservação da cânulas e equipamentos superiores e inferiores ao (quando houver) e fechar os
aparência natural dele. conectados ao corpo. corpo. olhos.

Esses cuidados devem ser realizados conforme protocolo ou rotina estabelecida pela instituição de saúde e em consonância com os princípios
éticos e legais que norteiam os profissionais de Enfermagem.

Saiba mais
A Lei nº 5.905/73, define que o sistema COFEN/COREN é responsável por normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem, zelando pela qualidade dos serviços prestados e pelo cumprimento da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem nº
7.498/86, art. 11, a qual estabelece que a Enfermagem participe dos procedimentos pós-morte.

Nesse sentido, entendemos que faz parte dos cuidados de Enfermagem a coordenação do transporte intra-hospitalar do cadáver da unidade para a
anatomia patológica ou necrotério, visto que tal procedimento contribui para o controle sanitário e a conservação do corpo. Recomenda-se que o
transporte intra-hospitalar seja realizado por padioleiro e, na impossibilidade de ser feito por esse profissional, cabe à gestão da instituição de saúde
estabelecer os protocolos, normas e rotinas nesses casos.

O cuidado com o corpo pós-morte tem como objetivo deixá-lo limpo e organizado, assim como corretamente posicionado para o sepultamento.
Fazem parte desse cuidado:

1 2 3 4

Comunicar aos familiares Quando houver dúvidas, é Perguntar se há algo que Utilizar Equipamentos de
sobre a necessidade de fazer necessário esclarecer e precisa ser feito, em relação a Proteção Individual (EPIs).
o cuidado ao corpo pós-morte orientar. Sempre que algum ritual, crenças, Utilizar o biombo, se houver
e solicitar que se retirem do necessário, encaminhar ao costumes, entre outros e necessidade, para evitar a
local e aguardem do lado de serviço de assistência social reunir o material necessário curiosidade e diminuir o mal-
fora do quarto para a para orientações gerais que próximo ao paciente. estar dos outros pacientes,
realização dos cuidados. vão além da alçada da caso seja uma enfermaria.
enfermagem.

O enfermeiro fica responsável por fazer a prescrição de enfermagem após a constatação do óbito feita pelo médico no prontuário do paciente.

Saiba mais
Não é necessário realizar os procedimentos de higienização e tamponamento para o corpo que será encaminhado ao IML ou ao Serviço de
Verificação de Óbito (SVO) e que esteve hospitalizado por um período inferior a 24 horas.

Nesses casos, deve ser feita somente a identificação, pois os cuidados com o corpo passam a ser do local para onde ele será encaminhado.
Desprezar os materiais descartáveis utilizados nos cuidados com o corpo no expurgo em recipientes de descarte específicos para o tipo de resíduo.
Permitir que a família veja o corpo antes de ser encaminhado ao Serviço de Patologia/Necropsia, quando solicitado.

Em relação aos materiais que serão necessários para a limpeza e o preparo do corpo, podemos elencar os seguintes:

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EPIs (máscara cirúrgica, óculos protetores, aventais e luvas de procedimento), biombos e bandeja.

Sistema de aspiração montado, se necessário (cateter de aspiração de 10 a 14 french, extensões de silicone, frascos de redutor de pressão e de
coletor intermediário, além de rede de vácuo).

Pinça longa (Cheron), tesoura ou bisturi, se necessário, algodão e/ou gaze não esterilizada, atadura crepe.

Fita adesiva ou esparadrapo, para fazer a identificação do paciente (nome completo, registro geral, data de nascimento, data e horário do óbito,
setor e número do leito, nome do responsável pelos cuidados).

Compressa de banho, bacia com água, papel-toalha e sabonete líquido, se necessário.

Recipiente para o descarte dos materiais. Lençol, Hamper e maca sem colchão.

amper
Equipamento utilizado em hospitais para transportar roupas sujas, infectadas ou contaminadas sem ter contato com outros ambientes.

É de suma importância que o enfermeiro evite comentários desnecessários e mantenha sempre uma atitude de reserva e compostura enquanto
realiza os cuidados com o corpo. Também é fundamental respeitar as crenças, culturas e singularidades dos familiares durante esse preparo.

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O cuidado com o corpo pós-morte
Neste vídeo, a especialista descreverá como é realizado o cuidado pós-morte.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Segundo Elisabeth Kübler-Ross, existem cinco estágios no processo de morte e morrer. São eles: negação e isolamento, raiva, barganha,
depressão e aceitação. Sobre esses estágios, marque a opção correta:

Primeiro estágio (negação): são mecanismos de defesa temporários contra a dor psíquica diante da morte, que variam em
intensidade e duração dependendo de como o paciente e as pessoas ao seu redor lidam com essa dor. O paciente pode
A
procurar vários médicos em busca de um diagnóstico contrário ao primeiro. A pessoa nega os motivos ou as causas para a sua
morte, ou pode procurar se iludir, fazendo de conta que aquilo não está acontecendo com ela.

Segundo estágio (barganha): a maioria delas é feita com Deus e, normalmente, mantida em segredo. A pessoa implora que Deus
B
aceite sua oferta em troca da vida: uma vida dedicada à igreja, aos pobres, à caridade.

Terceiro estágio (depressão): aparece quando o paciente toma consciência da perspectiva da morte. É uma atitude evolutiva:
C
como a negação, a revolta e as barganhas não resolveram, surge, então, o sofrimento e a dor psíquica da realidade da morte.

Quarto estágio (aceitação): já não há desespero e nem negação da realidade, pois é um momento de repouso e serenidade do
D paciente. É importante permitir que o paciente e a família alcancem esse estágio de aceitação com o terceiro estágio
(barganha).

E Não há diferenças entre os estágios.

Parabéns! A alternativa A está correta.

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Como definido por Kübler-Ross, a negação sempre será o primeiro estágio, é o momento da não aceitação, de lidar com a perda e com a dor, e
não de querer aceitá-la.

Questão 2

O fato de estar preparado tecnicamente para atender o paciente grave, mas não estar pronto psicologicamente para lidar com a morte dele
pode levar o enfermeiro a prestar uma assistência autônoma e desumanizada. O primeiro passo para transformar a sua assistência em pessoal
e humanizada é:

A Reconhecer o medo de lidar com aquela perda.

B Entender como é capaz tecnicamente de cuidar de um paciente grave.

C Disfarçar, durante o atendimento, a angústia que sente da morte.

D Entender que não há espaço para frustração pela morte de um paciente, quando se tentou de tudo para atendê-lo bem.

E Nunca demonstrar seus limites, pois o paciente precisa ser resguardado.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Para um cuidado humanizado, é imprescindível que o enfermeiro reflita sobre o medo de lidar com as perdas, principalmente no que se refere
aos pacientes. Desse modo, ele poderá lidar melhor com essas situações.

Considerações finais
O enfermeiro que atua ou for atuar com cuidados terminais precisa desenvolver competências e habilidades que são extremamente necessárias ao
cuidado. Empatia, compaixão, escuta qualificada, trabalho em equipe e disponibilidade interna para estar junto daquele que padece são comumente
esperadas desse profissional, assim como dos demais membros da equipe.

Sendo assim, é necessário estarmos atentos para a sobrecarga de trabalhos e demandas dirigidas à enfermagem, atendendo especialmente ao
sofrimento desse profissional que, em sua essência, se dedica ao cuidado dos outros.

Esse cuidado do enfermeiro começa com o reconhecimento de que, a cada perda de paciente vivida, um novo luto se inicia, e que essas perdas, de
certo modo, são sentidas. Elas precisam ser expressas e elaboradas em prol de sua saúde mental e da qualidade da assistência que será dedicada
ao paciente e aos seus familiares.

Assuntos ligados à morte e ao morrer precisam ser discutidos, desfazendo o tabu de que a dor e o sofrimento devem ser silenciados. Metodologias
ativas para trabalhos em grupo, por meio da leitura e da produção de narrativas, dão voz àqueles que se mantêm em constante movimento de
doação e cuidados, como é o caso do enfermeiro.

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Podcast
Neste podcast, você ouvirá um resumo da assistência da enfermagem no processo de morte.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. A declaração de óbito: documento necessário e importante. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Consultado na
Internet em: 28 ago. 2021.

BRASIL. Lei nº 5.905/73, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras
providências. Consultado na Internet em: 17 set. 2021.

BRASIL. Resolução COFEN nº 564/2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. CFM. Resolução nº 1.480, de 8 de agosto de 1997. Dispõe sobre a caracterização de morte encefálica. DOU,
Brasília, 21 de agosto de 1997. Consultado na Internet em: 20 out. 2021.

GEOVANINI, F. Notícias que (des)enganam. 132 p. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública). 2011. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2011.

KOVÁCS M. J. Desenvolvimento da Tanatologia: estudos sobre a morte e o morrer. Paidéia 18(41), 457-468, 2008. Consultado na Internet em: 10
ago. 2021.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

NURSING INTERVENTIONS CLASSIFICATION (NIC). Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

PRESNELL, S. E.; DENTON, J. S. Postmortem Changes. Medscape. Oct 13th, 2015. Consultado na Internet em: 15 set. 2021.

PY, L. A. Amor e superação: como enfrentar perdas e viver lutos. 1. ed. Rio Janeiro: Rocco, 2010.

SANTOS M. C. C. L. dos. Conceito médico-forense de morte. RFDUSP, v. 92, 341-380, 1997. Consultado na Internet em: 5 ago. 2021.

SILVEIRA, P. R. Fundamentos da medicina legal. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015.

TRINDADE, V.; SALMON, V. R. R. Sistematização de enfermagem: morte e morrer. Curitiba: Revista das Faculdades Santa Cruz, v. 9, n. 2, p. 115-137,
2013.

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Veja como Débora Diniz aborda o tema deste conteúdo em seu curta-metragem O solitário anônimo, lançado em 2007.

Assista ao vídeo de Ligia Py, Finitude e o sentido da vida, disponível no YouTube.

Por fim, observe como Ana Claudia Quintana trata do término da vida em seu vídeo A morte é um dia que vale a pena viver, também disponível no
YouTube.

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