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Resumo
Dentro de uma ampla subárea da Arqueologia como as práticas funerárias encontramos
diversos conceitos de suma importância para uma análise fidedigna dos contextos
arqueológicos. Este trabalho é um diálogo sobre os conceitos de morte, rituais funerários
e cremação buscando também trazer exemplos deles para que possamos examinar suas
características e suas correlações, a fim de se possa conjecturar sobre as relações de vida
e morte, rituais funerários e suas tecnologias aplicadas, ferramentas estas tanto
psicossociais como também mecânicas e físico-químicas como a cremação. Por fim
empenhar-se em uma ponderação sobre as potencialidades do tema incluindo a própria
aplicabilidade dos conceitos abordados.
Palavras Chaves: Morte, Ritual funerário, Cremação.
Morte ou Vida ?
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Universidade aberta do SUS ( em parceria com FIOCRUZ e Ministério da Saúde) 2023.
https://moodle.unasus.gov.br/vitrine29/mod/page/view.php?id=2864
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não se instituam as manobras de ressuscitação cardiorrespiratória (VIEIRA;
TIMERMAN, 1996 apud. SANTOS,1997).
b) Morte óbvia
Morte óbvia é aquela evidenciada pelo estado de decomposição corpórea,
decapitação, esfacelamento ou carbonização craniana, presença de sinais de
morte (livor mortis ou como no rigor mortis), ou seja, é o tipo de morte na qual
o diagnóstico é inequívoco (FRANÇA, 2015, apud. SANTOS,1997).
c) Morte psíquica
Na morte psíquica, existe uma percepção psicológica da morte antecedente, em
um tempo variável, à morte biológica. Nessa situação o enfermo toma
consciência do escoamento progressivo e inexorável de sua vida, habitualmente
após receber a notícia de ser portador de uma enfermidade incurável (exemplo:
câncer disseminado) (KASTENBAUM, 1981 apud. SANTOS,1997).
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desidratação4, pergaminhamento da pele5, esfriamento do corpo6, rigidez cadavéricá
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(rigor-mortis ) hipóstases8, espasmo cadavérico9, mumificação10, saponificação11 e a
calcificação12 assim como a autólise13 e a putrefação14 (SANTOS, 1997).
Então, parece-nos que a morte é a desintegração do dinamismo vital, psicológico;
sociológico e cultural do indivíduo humano, em Direito denominado Pessoa (do latim
persona, aé) de modo total que se torna irreversível. Ou como diz Daniel Callahan:
"There is nothing more that can be done'' [“ Não há mais nada que possa ser feito”].
Por tanto, Santos (1997) considera que a morte da pessoa e a morte médica precisam
ocorrer juntas, mas a dignidade da pessoa humana deve ser preservada. (SANTOS,
1997).
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cotidiano das sociedades e consequentemente do seu modo de vida, pois, além da morte
esta o seu resultado social que está ligada a um conjunto de ações que interagem
diretamente com seus valores e crenças. Assim, Barbosa (2013) conclui:
Dentro desta perspectiva, os seres humanos do passado não são apenas estudados
como agentes ativos de um ambiente físico (macro, mezzo e micro ambiente), mas
também se observa os mesmos em um ambiente social (ALARCÃO, 1996). Neste
ambiente social deve levar em consideração a fala de Morin (1970) e O,shea (1981) que
de maneiras diferentes falam de uma morte que não é só física, mas social, psicologica,
etnográfica demarcada histórico e culturalmente.
Pois para estes autores falar de morte não é apenas sobre falar sobre falência dos
órgãos de um indivíduo, mas é falar mais de vida e de cotidiano e de sua interferência
no morrer. Assim, quando tratamos de vida (cotidiano), falamos também do entorno
social e ambiental e como estes interferem diretamente no falecido, assim como o
próprio morto interfere nas relações sociais e na própria paisagem.
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Neste caso tem-se também a fala de Silva (2014) que mostra que no âmbito do
estudo social da morte há um investimento por parte das ciências humanas em olhar
para as práticas relacionadas a mesma como uma expressão social vistas tanto nas
sepulturas quanto dentro das práticas religiosas, considerando também a morte como
um processo de transição, trazendo esta para uma reflexão das posições
sociopsicológicas da morte, onde admite-se que assim como visto no conceito de morte
no âmbito biológico observando os três tipos de morte, a morte psíquica descrita pelo
ministério da saúde que está atrelada a consciência da previsão vindoura de morte por
parte do individuo afetado, também se interconecta com a visão destes autores, que tem
em seus trabalhos um grande esforço para mostrar as conexões entre esta morte psiquica
individual, e a morte psiquicosocial, onde o preludio da morte também significa a
efetividade da morte e da não existência de um papel social assim como o nascimento de
outros papeis.
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Referências
FRANÇA, G. V. Medicina legal. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. (e-
book).
FREUD, S. Nossa atitude para com a morte. In: Obras psicológicas completas de
Sigmund Freud, volume XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
KASTEMBAUM R. J Death, society and human experience (2a ed). Mosby, St. Louis.
1981.
PEARSON. P.M .The archaeology of Death and burial. Texas A&M University
Antropology Series. 2008.
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SILVA, S.F.D.M. Arqueologia Funerária: corpo, cultura e sociedade. Ensaios sobre
a interdisciplinaridade arqueológica no estudo das práticas mortuárias. Recife:
Editora Universitária UFPE, 2014.