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Condutas diante do paciente terminal

Prof.ª Anara da Luz Oliveira

Descrição

Você vai conhecer os cinco estágios presentes no processo de morte e


morrer, compreender como a equipe de enfermagem atua diante do
paciente terminal e entender os processos de acolhimento aos seus
familiares e luto.

Propósito

O conhecimento acerca da fase de terminalidade da vida e das


principais intervenções da Enfermagem e da equipe multidisciplinar
diante do paciente em fase terminal e seus familiares possibilita ao
enfermeiro oferecer um cuidado direcionado às necessidades do fim da
vida, bem como ressignificar a própria visão acerca da morte e do
morrer.

Objetivos

Módulo 1

Os cinco estágios do processo morte/morrer


e a enfermagem
Conhecer os cinco estágios do processo de morte e morrer, a
atuação do enfermeiro neles e as principais intervenções da equipe
de enfermagem ao paciente em fase terminal.

Módulo 2

O acolhimento aos familiares e o processo de


luto

Analisar como se dá o acolhimento dos familiares do paciente em


fase terminal, bem como o processo do luto diante da morte e suas
complicações.

Módulo 3

Morte e finitude em diferentes ciclos vitais

Reconhecer as características da morte e finitude em diferentes


ciclos vitais.

meeting_room
Introdução
A morte, como parte do ciclo vital, pertence ao existir humano e
tem a sua importância assim como o nascimento. Apesar disso,
o assunto da terminalidade da vida traz consigo uma série de
tabus, pois falar da morte e do morrer é assunto contra
normativo.

Esses tabus são estendidos muitas vezes para outros âmbitos


além do pessoal, como social e profissional. Na área da saúde, é
comum encontrar profissionais que utilizam estratégias de
evitação diante dos pacientes em fase terminal, podendo
acarretar prejuízos no cuidado prestado nesse período e perder a
oportunidade de cuidar do indivíduo em um momento tão
importante da vida, que traz aprendizados profissionais e
pessoais, individuais e coletivos.

Os últimos momentos da vida merecem atenção especial tanto


quanto os primeiros momentos da vida. É preciso refletir a nossa
condição existencial de ser finito, de modo a entender a morte
como parte do ciclo vital e assim poder oferecer maior conforto à
pessoa em cuidados ao fim de vida, bem como à sua família.

Cuidar do morrer implica a tentativa de assegurar dignidade e


conforto até o último minuto da vida do paciente. Assim, torna-se
urgente e necessária a abordagem da terminalidade da vida, de
suas nuances e da gama de cuidados que esse momento exige.

Vamos, então, iniciar nossos estudos sobre essa temática tão


relevante e desafiadora!

1 - Os cinco estágios do processo morte/morrer e a


enfermagem
Ao final deste módulo, você será capaz de conhecer os cinco estágios do processo de morte e
morrer, a atuação do enfermeiro neles e as principais intervenções da equipe de enfermagem
ao paciente em fase terminal.
Estágio de negação e isolamento
Ainda que sejam assuntos temidos e evitados, quando a possibilidade
da morte está próxima ou quando se veem diante de uma notícia que
representa ameaça à vida, as pessoas começam a adotar
comportamentos característicos a fim de lidar com a situação limite.
Esses comportamentos foram observados pela psiquiatra Elisabeth
Kübler-Ross, que os organizou em cinco estágios emocionais pelos
quais as pessoas passam diante do processo de morrer:

Negação e isolamento
Raiva
Barganha
Depressão
Aceitação
Os diferentes estágios poderão ter durações diversas e estão
interligados entre si, podendo um substituir o outro ou mesmo
acontecer concomitantemente. (CHAVES, 2011). A seguir, vamos
entender melhor cada um desses estágios e aprender como devem ser
abordados pelos profissionais de saúde. Vamos lá!

O estágio da negação funciona como “amortecedor” após o


recebimento de notícias difíceis, como a impossibilidade de cura de
uma doença grave. Por isso, é mais frequente quando se recebe o
diagnóstico da doença ou com o início da manifestação dos seus
sintomas.

Atenção!
A forma como os pacientes recebem a notícia de doença terminal
influencia na manifestação do estágio da negação. Para Kübler-Ross, a
negação dos pacientes está intimamente ligada à fala médica. Portanto,
comunicações feitas de modo abrupto, breve, sem o devido preparo do
profissional, podem potencializar o surgimento da negação.

A negação é, sobretudo, uma estratégia de luta pela vida: se eu aceito a


morte, estou afirmando que não vale a pena viver. Pensar
constantemente na morte é negar a vida, e nessa balança em que
pesam a vida e a morte, o mais aceitável é negar esta última.
A reação inicial é o choque e, após essa sensação de torpor, a pessoa
então reflete sobre a situação. Nesses casos, os pacientes não aceitam
a condição, sustentam a ideia de que algo está errado no diagnóstico
médico. É comum escutá-los dizer: “Não, não pode ser verdade, não
comigo”. Essa fase está relacionada com a crença de imortalidade e
funciona como um suporte para que o paciente continue lutando pela
vida (KÜBLER-ROSS, 1996).

No estágio da negação, é comum que pacientes adotem atitudes que


confrontem com a notícia recebida, sendo assim, tendem a acreditar
que exames podem ter sido trocados, que o diagnóstico foi dado à
pessoa errada, e assim começam a jornada de busca da famosa
“segunda opinião”.

Importante frisar que, aqui, a busca por diferentes


profissionais não está relacionada à dúvida quanto à
qualidade técnica, mas sim à necessidade de escutar o
que gostaria que fosse falado.

Pensando em todas essas informações acerca da negação, você deve


se perguntar: De que forma eu, na qualidade de profissional de saúde,
devo agir diante dessa situação?

Confira a seguir algumas recomendações de condutas para com os


pacientes que estão vivenciando o estágio da negação:

Discutir o assunto da morte e do morrer com o paciente, sempre e


desde que ele desejar.

Respeitar o tempo que o paciente precisa para compreender a nova


realidade.

Respeitar o desejo do paciente de não aceitar a doença.

Manter rotina de visitas.

Trabalhar os próprios estigmas diante da morte e do morrer, de


modo a manter-se ao lado do paciente sempre que ele desejar.

Evitar julgamentos diante das atitudes dos pacientes.

Pesquisar as necessidades do paciente, identificar suas forças e


medos e, a partir de então, estabelecer estratégias de comunicação
e cuidados assertivos.

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“Não pode ser comigo!” – Tópicos
sobre o estágio da negação
Neste vídeo citaremos inicialmente os cinco estágios do processo de
morte e morrer e, em seguida, abordaremos o primeiro estágio, de
negação e isolamento, trazendo informações definidoras desse estágio,
comportamentos comuns dos pacientes nesta fase e as condutas que
devem ser adotadas.

Estágios da raiva e da barganha


No estágio da raiva, a pessoa se deixa levar por sentimentos de ira,
inveja, revolta, ressentimento. A raiva sentida é de tamanha intensidade
que se dissemina por todo o ambiente no qual o paciente se encontra e
em todas as direções, sem uma causa aparente.

Esse estágio é bastante comum em pessoas ricas, influentes e que


tenham posturas dominadoras, uma vez que a ira surge exatamente
diante da falta de controle dos processos que o paciente acredita estar
acontecendo.

Estágio da raiva.

As queixas são frequentes e os profissionais que estão em contato com


as pessoas nessa etapa são julgados como responsáveis por tudo de
errado que está acontecendo com eles (KÜBLER-ROSS, 1996; CHAVES,
2011).

Por isso, é comum a evitação desses pacientes, no estágio da raiva,


pelos profissionais de saúde.

Frases características desse estágio são as seguintes: “Não esqueçam


que ainda estou vivo”; “Vocês podem escutar minha voz, ainda não estou
morto!”.
Veja algumas das principais recomendações de cuidados para os
pacientes que enfrentam o estágio da ira:

Respeitar e compreender o paciente.

Jamais evitar o atendimento ao paciente terminal.

Evitar reações de cunho pessoal e entender que a raiva está


relacionada ao momento peculiar do indivíduo.

Dispender tempo e atenção.

Tolerar a raiva e evitar rejeições.

Oferecer espaço para que os pacientes possam manifestar seus


sentimentos.

Algumas pessoas, após negarem a condição e se revoltarem, tentam


estabelecer uma relação de “troca” para evitar um desfecho trágico de
sua situação ou tentar ao menos adiá-lo. Muitas vezes, as trocas são
feitas com Deus e, em alguns casos, tentam barganhar com os
profissionais de saúde.

Esse é o estágio da barganha, que é na realidade uma tentativa de


excluir ou reduzir aquele problema de sua vida (KÜBLER-ROSS, 1996;
SUSAKI, SILVA E POSSARI, 2006). É um estágio pouco conhecido e
geralmente com duração mais curta.

Estágio da barganha.

Nesse estágio, é comum que a pessoa adoecida resgate


comportamentos tidos como inadequados para utilizá-los como
justificativa para o castigo da doença.

Certa de que o arrependimento é capaz de reverter a situação, surgem,


então, as trocas: bons comportamentos merecem boas recompensas.

Arrependimentos por situações concretas ou fantasiosas percebidas


como comportamentos inadequados fazem com que o adoecimento
seja sentido como castigo pelo doente, sendo assim, promessas de
mudanças visam o restabelecimento da saúde.

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“Por que eu?” – Tópicos sobre os
estágios da raiva e da barganha
Neste vídeo explicaremos as principais características dos estágios da
raiva e da barganha, trazendo exemplos práticos de cada um deles e
citando como os pacientes nesses estágios devem ser abordados.

Estágios da depressão e da aceitação


Quando o paciente vê que o seu problema não pôde ser reduzido com
as ações anteriores e que não há mais como negar seu estado de
saúde, ele tende a imergir no estágio da depressão.

No estágio da depressão um sentimento de grande


perda marca a vida do indivíduo e a realidade é vivida
com muito sofrimento. Esse sofrimento decorre não só
do impacto da doença sobre o indivíduo, mas também
das alterações presenciadas no contexto familiar,
como perdas financeiras, enfraquecimento de vínculos
e reorganização de papéis familiares.

A partir de tais experiências, a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross


organizou o estágio da depressão em duas etapas:

Preparatória
O indivíduo experimenta um momento de revisão da sua trajetória de
vida e de seus sentimentos, é um momento de contato mais profundo
com o mundo anterior, quando a aceitação começa a ser elaborada
(BASSO E WAINER, 2011).
Reativa
O sofrimento relaciona-se com todas essas outras perdas que
circundam o doente: perdas sociais, econômicas, psicoemocionais. Isso
gera a sensação de impotência diante da vida.

Nesse estágio, é preciso haver uma abordagem multidisciplinar com


apoio e orientação, principalmente na área social e na psicologia. Oferta
de escuta terapêutica, ambiente privativo e respeito à individualidade
são cuidados que podem e devem ser oferecidos por qualquer
profissional nesse estágio.

Com o passar do tempo, a realidade da perda começa a ser trabalhada e


ressignificada, a pessoa busca adaptar-se à nova maneira de viver,
refletindo o estágio da aceitação, que é também o período de maior
fragilidade física. No estágio da aceitação, o indivíduo encontra-se mais
sereno, as emoções mais intensas vividas nos estágios anteriores são
amenizadas e ele consegue organizar melhor a realidade vivida.

Atenção!

No estágio da aceitação, parece ser mais difícil viver do que morrer e os


sentimentos desvanecem. O fato de ser um estágio em que os
pacientes desejam falar de seus sentimentos requer a disponibilidade
de profissionais preparados emocionalmente para esse contato. Por
isso é importante que a equipe trabalhe entre si estratégias emocionais
e atitudes para o suporte ao paciente no estágio da depressão.

Como já dito anteriormente, esses estágios não são estanques e variam


muito de acordo com a perspectiva individual.

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Notas sobre os estágios da depressão
e da aceitação
Neste vídeo, traremos informações sobre as principais características
dos estágios da depressão e da aceitação, apresentando também
comportamentos comuns dos pacientes nesses estágios e as condutas
dos profissionais diante deles.
A equipe de enfermagem e os
cuidados com o paciente terminal

Conceitos e definições
Se perguntamos para a maioria das pessoas o que vem às suas
cabeças quando falamos "enfermagem”, muito provavelmente surgirão
palavras como punção venosa, aferição de sinais vitais, uso de roupas
brancas, mas também surgem percepções como cuidado, afeto,
presença 24h.

Assim, entende-se que a enfermagem tem uma essência técnica e,


também, uma essência de cuidado, de vínculo com o ser que demanda
seu trabalho, participando em todas as etapas do ciclo vital.

Agora falaremos sobre a atuação da enfermagem na terminalidade, mas


antes vamos entender alguns conceitos.

Carga afetiva no cuidado com os pacientes.

É preciso sabermos a diferença entre conceitos como cuidados


paliativos e terminalidade da vida. Embora relacionados, é preciso
entender o emprego de cada um deles.

Cuidados paliativos expand_more

São definidos como uma abordagem que promove a qualidade


de vida de pacientes (adultos e crianças) e seus familiares, que
estão diante de problemas associados a doenças ameaçadoras
da vida. Previnem e aliviam o sofrimento por meio da
identificação precoce, da avaliação correta e do tratamento da
dor e de outros problemas, quer sejam físicos, psicossociais ou
espirituais (OMS, 2018). Corresponde ao conjunto de princípios e
intervenções que devem ser instituídos logo que for
diagnosticada uma condição ameaçadora da vida e com caráter
de irreversibilidade.

Terminalidade da vida expand_more

Corresponde principalmente a um marco temporal e pode ser


definida como o período anterior ao momento da morte. Para
Silva (2016, p. 253), a terminalidade de vida é definida quando se
esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde e
a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível.

Muitas vezes, é difícil de ser determinado e pode variar de dias a


horas. A literatura traz que não há consenso sobre o tempo
chamado de “fim de vida”. No entanto, considera-se geralmente o
período de horas a dias antes do óbito (INCA, 2021). Esse
período exige tomadas de decisão assertivas e dialogadas entre
paciente, equipe e família.

Mas qual a relação entre os dois conceitos? Idealmente, os pacientes


que se encontram diante da terminalidade decorrente de doença ou
condição ameaçadora da vida deveriam ser beneficiados o quanto antes
pela abordagem paliativa.

Resumindo

Os cuidados ao fim de vida estão intimamente relacionados com os


cuidados paliativos, mas nem todo paciente que se encontra em
cuidados paliativos está obrigatoriamente em cuidados ao fim de vida. A
oferta dos cuidados ao fim de vida é como se fosse uma última etapa
dos cuidados paliativos de qualidade.

Percebeu a diferença?

Em se tratando de cuidados ao fim de vida, estes podem ser definidos


como o conjunto de medidas adotadas para o controle de sintomas nos
últimos dias de vida do paciente.

Manifestações clínicas e intervenções


da enfermagem
Algumas alterações clínicas são mais evidentes nessa fase, como a
redução da resposta a estímulos verbais e visuais, delirium, torpor ou
coma; redução da perfusão periférica, taquicardia, hipotensão,
extremidades frias, cianose, manchas na pele, ausência de pulso
periférico; acúmulo de secreção em vias aéreas superiores
(traqueobrônquica e/ou salivar); perda do controle esfincteriano;
redução da ingestão oral e dificuldade de deglutição (alimento e
medicações); fraqueza muscular, redução da funcionalidade
(classicamente KPS 20%); e mudança do padrão respiratório (INCA,
2021).

KPS
A escala de Karnofsky, mais conhecida como KPS, é uma escala
objetiva e prática, bastante utilizada para fins prognósticos de
expectativa de vida. Avalia a funcionalidade do doente, com um
porcentual que varia de 100% (normal, sem queixas, sem evidência
de doença) até 0% (óbito). (SANVEZZO; MONTANDON; ESTEVES,
2018).

Equipe médica cuidando de paciente internado.

Nesse período de terminalidade, é imprescindível controlar os sintomas,


prevenir os agravos das últimas horas de vida e suavizar a agonia final.
O objetivo do cuidado ao fim da vida é amenizar o sofrimento diante da
partida de um doente, quer seja controlando (manejo) sintomas mais
evidentes, quer seja proporcionando suporte psicoemocional e espiritual
ao doente e seus familiares/cuidadores.

A partir das alterações citadas e da importância em oferecer o máximo


de conforto aos pacientes e familiares diante da finitude, listamos a
seguir alguns cuidados de enfermagem:

filter_1 Manutenção da dieta

Oferecer alimentos nesse período está mais


relacionado à sensação de bem-estar do paciente,
pois não há vantagens nutricionais importantes.
Deve-se avaliar e adequar as características da
dieta ao quadro clínico do paciente. Nesse
momento, as restrições alimentares não fazem
sentido. Não há benefício no aumento da ingestão
calórica ou manutenção de sonda nasoenteral
(salvo se necessária para administração de

di t ) A t t i já i t t d
medicamentos). A gastrostomia já existente deve
ser mantida, mas nunca realizada. Pacientes nos
últimos dias de vida não se beneficiam de indicação
de terapia nutricional (INCA, 2021).

filter_2 Cuidados com as mucosas

Pode-se umidificar a mucosa oral com água ou


saliva artificial e a mucosa ocular com soluções
como carmelose. Tais medidas objetivam ofertar
conforto ao paciente e aliviar angústia da família
diante da possível aparência fragilizada decorrente
da fase final do doente.

filter_3 Oferta de hidratação

Líquido em quantidade aumentada nesse período


pode provocar acúmulo de secreção
traqueobrônquica, piora da dispneia, tosse,
desconforto e aumenta o risco de broncoaspiração.
Por outro lado, reduzir a hidratação venosa pode
melhorar a tosse, a congestão, reduzir o débito
urinário e a secreção gastrointestinal (vômitos e
diarreia). Sendo assim, a hidratação deve ser
avaliada caso a caso.
filter_4 Posicionamento e mobilização do paciente
no leito

Uma vez que a capacidade de deglutição está


prejudicada e há maior acúmulo de secreções nas
vias aéreas, recomenda-se manter a cabeceira do
leito elevada a 30°. A movimentação passiva no
leito deve ser realizada com o emprego de técnica
adequada e as transferências de leito devem ser
evitadas a fim de prevenir maior desgaste e dor.

filter_5 Realização de procedimentos invasivos

Procedimentos mais invasivos e incômodos devem


ser evitados nesse período, como a passagem de
sondas, realização de punções venosas
repetidamente e a aspiração de vias aéreas, devido
ao maior desconforto do paciente e pouco
benefício clínico. No lugar dessas intervenções
podem ser utilizados medicamentos para controle
das secreções e pode-se lançar mão da terapia
subcutânea.

filter_6 Administração de medicamentos

A prescrição para um doente em cuidados ao fim


de vida deve ser constantemente revista pela
equipe, avaliando a necessidade de manutenção de
medicamentos, como antibióticos, e a importância
da prescrição de outros, como analgésicos e
ansiolíticos. Ainda, a via de administração dos
medicamentos precisa ser avaliada, sendo a via
subcutânea bastante utilizada nesses doentes
devido às vantagens que apresenta: oferece maior
conforto ao doente; pode ser utilizada fora do
ambiente hospitalar; pode ser realizada pelos
cuidadores, quando treinados para tal; possibilita a
administração de importantes medicamentos
usados na fase terminal.
Para além dos cuidados diante dos sinais e sintomas presentes na
terminalidade, a enfermagem dispõe, ainda, de outras intervenções
capazes de aliviar o sofrimento do paciente e de seus familiares e
cuidadores diante do momento final.

Preocupação em oferecer um ambiente acolhedor e calmo; articulação e


discussão sobre as medidas a serem implementadas juntamente com a
equipe multidisciplinar; integração de familiares, cuidadores e, sempre
que possível, participação do paciente na tomada das decisões. É
fundamental a flexibilização de rotinas institucionais, como horários
estendidos de visita, bem como incentivo e oferta de espaço para
prática da espiritualidade, que são algumas das intervenções de
enfermagem para pacientes em fim de vida.

Dica

Entre as estratégias que podem ser utilizadas para integração de


cuidadores e familiares nesse momento, tem-se a oferta de escuta ativa,
as reuniões com a presença da equipe multiprofissional, a realização e
participação nas conferências familiares e, sobretudo, o uso da
comunicação assertiva.

Após o óbito, a enfermagem auxilia ainda a família disponibilizando


espaço de escuta e acolhendo os sentimentos e emoções, o que
contribui para melhor elaboração do luto. Pode, também, contribuir na
resolução dos trâmites burocráticos relacionados ao funeral,
encaminhando os familiares e cuidadores ao Serviço Social.

Como vimos, a equipe de enfermagem tem papel crucial nos cuidados


ao fim de vida, necessitando, para isso, de conhecimento científico,
preparo técnico e valorização da subjetividade como importantes
instrumentos do cuidado de enfermagem.

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A importância da enfermagem para o
cliente em fase terminal
Neste vídeo apontaremos as principais manifestações clínicas
apresentadas pelas pessoas que estão em fase de terminalidade e
ressaltaremos as principais intervenções de enfermagem diante dessas
pessoas.

Após falar de forma mais aprofundada sobre os cuidados ao doente em


fim de vida, abordaremos a seguir o acolhimento à família desses
doentes. Mas antes vamos praticar as atividades!

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Diante de uma perda real ou simbólica, como o diagnóstico de uma


doença irreversível, pacientes e familiares manifestam sentimentos
e atitudes peculiares, que foram organizadas em cinco estágios.
Assinale a alternativa abaixo que corresponde a esses cinco
estágios:

Enfrentamento; barganha; revolta; desesperança;


A
negação.

B Negação; ira; troca; desesperança; entrega.

C Negação; revolta; euforia; enfrentamento; entrega.

Negação e isolamento; raiva; barganha; depressão;


D
aceitação.
E Aceitação; ira; negociação; entrega; esperança.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Os cinco estágios emocionais pelos quais pessoas gravemente


doentes ou aquelas com doença ameaçadora da vida passam são:
negação e isolamento; raiva, barganha; depressão; aceitação.

Questão 2

Os cuidados ao fim de vida estão relacionados com a assistência


prestada nos últimos momentos de vida do doente. Assinale a
alternativa correta abaixo sobre esse tipo de cuidado:

São direcionados somente ao paciente moribundo,


A pois a morte está próxima e a presença da família
pode acarretar maior sofrimento.

São cuidados oferecidos diante da terminalidade da


B vida, quando estão mais evidentes sintomas físicos
e demandas emocionais.

Os cuidados ao fim de vida devem ser


C implementados assim que a pessoa recebe a notícia
de uma doença incurável.

São cuidados realizados somente no ambiente


D
hospitalar, pois exigem estrutura física importante.

Nessa fase, todos os procedimentos devem ser


E suspensos e só deve ser mantida a analgesia do
doente.

Parabéns! A alternativa B está correta.


Cuidados ao fim de vida correspondem à assistência oferecida
quando a doença irreversível se encontra em progressão e o
prognóstico é limitado, nesse momento, a morte está próxima.

2 - O acolhimento aos familiares e o processo de luto


Ao final deste módulo, você será capaz de analisar como se dá o acolhimento dos familiares
do paciente em fase terminal, bem como o processo do luto diante da morte e suas
complicações.

Dinâmica familiar diante da


terminalidade de um ente
Os cuidados no fim de vida visam oferecer alívio do sofrimento à pessoa
que se encontra em processo ativo de morte bem como proporcionar
suporte aos familiares e cuidadores. Vamos discorrer sobre os cuidados
e o acolhimento aos familiares do cliente terminal e ainda entender
como se dá o processo de luto. Estão preparados?

Acolhimento dos familiares.

É importante entender inicialmente que o conceito de família na


sociedade atual foi reestruturado.

Quando falamos em família, estamos nos referindo ao grupo de


pessoas ligadas entre si quer seja por vínculos sanguíneos ou vínculos
sociais, como aqueles oriundos de casamento, adoção e até mesmo a
vivência no dia a dia.
As reações da família diante do processo de adoecimento e finitude de
um ente variam bastante e são influenciadas principalmente pela função
daquele ser adoecido no núcleo familiar. No entanto, diante desse
contexto, duas reações costumam ser mais evidentes:

Superproteção Afastamento

Há uma ideia de Há um afastamento dos


superproteção do familiares, como
doente, excluindo-o das close estratégia de fuga
tomadas de decisão e diante de todo
de tudo que envolve seu sofrimento.
adoecimento.

Além das demandas emocionais, o processo de morte e morrer impacta


também questões sociais no núcleo familiar, pois, ao mesmo tempo em
que a família busca satisfazer as necessidades de cuidado da pessoa
moribunda, ela também precisa manter a funcionalidade e dinâmica
financeira do lar, o que gera sentimentos de pesar e aflição.

Entre as principais mudanças que ocorrem no âmbito familiar diante da


finitude de um ente, podemos listar:

filter_1 Mudanças nos papéis de cuidado x cuidador

Muitas vezes, a pessoa agora adoecida era a


centralizadora do cuidar na família e esses papéis
precisarão ser revistos.

filter_2 Alterações no padrão financeiro

A renda familiar pode ser reduzida, devido aos


gastos aumentados com os procedimentos e
medicamentos, bem como a necessidade de algum
familiar desfazer-se do emprego para assumir as
demandas de cuidado.
filter_3 Reestruturação das atividades em família

Os momentos de lazer tornam-se mais escassos e


as reuniões familiares geralmente estão
direcionadas a falar do ente adoecido.

filter_4 Reestruturação dos vínculos

As relações podem ser ressignificadas e ocorre a


aproximação de familiares distantes ou o
afastamento daqueles que são mais próximos.

filter_5 Problemas de saúde em paralelo

O processo de adoecimento e finitude de um


familiar pode acarretar problemas de saúde em
outros, como cansaço excessivo, doenças
osteomusculares e depressão.

Nesse processo, a família vivencia também o luto, que pode ser


entendido como a reação de dor e pesar diante da perda de um objeto
amado, nesse caso, o familiar falecido.

Abaixo falaremos sobre o luto, que pode se manifestar de distintas


formas. Descreveremos o luto normal, o luto complexo e o luto
elaborado. Conhecer a forma como a família vivencia o processo da
finitude e o luto é imperioso para o cuidar.

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A família no contexto da
terminalidade de um ente
Neste vídeo abordaremos as mudanças ocorridas no contexto familiar
diante do processo de terminalidade de um membro desse núcleo.

A enfermagem e o acolhimento aos


familiares do paciente terminal
Em se tratando das intervenções de enfermagem na terminalidade,
sabe-se que elas têm foco na pessoa, família e comunidade,
independentemente da forma como essa família é constituída. Veja a
seguir algumas dessas intervenções:

Envolver diferentes familiares no cuidado, de modo a auxiliá-los no


compartilhamento das responsabilidades.

Manter uma comunicação assertiva, oferecendo aos familiares


todas as informações possíveis e utilizando linguagem clara e
acessível.

Integrar a família em todo o processo de tomada de decisões.

Articular familiares aos demais profissionais da equipe


multidisciplinar, de modo a contemplar as necessidades
biopsicossocioespirituais que acometem pacientes e familiares.

Proporcionar espaços que favoreçam a privacidade necessária.

Possibilitar condições para uma despedida digna, por exemplo,


através da liberação de visitas de crianças e outros membros
familiares.

Diante de possíveis conflitos familiares, manter-se imparcial e


buscar promover a conciliação, de modo a favorecer o cuidado no
fim da vida do ente adoecido.

As reuniões familiares também figuram entre as estratégias que podem


ser lançadas pela equipe multidisciplinar para contemplar as
intervenções mencionadas juntamente com a família da pessoa em
processo de terminalidade. Também conhecidas por conferência
familiar, trata-se de um espaço de cuidado da equipe para com a família,
com encontro pré-agendado e realizado em espaço confortável, onde
todos os envolvidos possam estar bem acomodados.

As reuniões familiares podem ser empregadas para distintas


finalidades, por exemplo: informações sobre diagnóstico e prognóstico;
discussão sobre opções de tratamento; planejamento de cuidados;
alívio da ansiedade e insegurança de familiares; definição sobre
cuidados de fim de vida bem como sobre implementação de medidas de
suporte avançado (D’ALESSANDRO et al., 2020).

Atenção!

É preciso que os profissionais de saúde envolvidos na realização da


reunião familiar estejam muito bem orientados sobre suas finalidades e
como conduzi-las, pois esses são espaços que visam potencializar o
cuidado ao doente e familiares, e não impor e julgar.

Entre as estratégias que podem ser utilizadas para realização da reunião


familiar, tem-se: incentivar e possibilitar a realização de perguntas;
valorizar e respeitar o momento de fala dos familiares; oferecer escuta
ativa e empática; fornecer informações assertivas; abordar o luto.

A compreensão das alterações clínicas esperadas por meio de


orientações claras sobre o quadro clínico e prognóstico bem como a
conversa, preferencialmente presencial, em ambiente acolhedor com
equipe disponível sanam boa parte das dúvidas dos familiares e ajudam
na redução da ansiedade diante da situação. Ainda, perante a vivência
do luto, seis intervenções mais específicas podem ser direcionadas aos
familiares enlutados, a saber:

Rituais de despedida

Encorajar os familiares a participarem dos rituais de despedida,


pois isso ajuda na elaboração do luto e permite a expressão
dos sentimentos e sofrimento.

Resgate de memórias

Orientar os familiares a resgatar as memórias positivas vividas


com o familiar falecido.
Individualidades sobre o luto

Explicar que o luto é individual e que cada familiar precisa de


um tempo específico para processá-lo.

Novos vínculos

Incentivar os familiares a buscarem conectar-se com outras


pessoas e possibilitar novos vínculos, mas não a substituição
do ente perdido.

Expressão de sentimentos

Reconhecer e expressar os sentimentos diante da perda.

Adaptação à ausência do ente

Elaborar estratégias para adaptação da vida sem a presença da


pessoa amada.

Pensar o processo de morrer envolve, para além da dimensão clínica


que atesta o fim da vida, um cuidado com todos os aspectos que
possibilitam dignidade e conforto para quem morre e para aqueles que
precisam continuar vivendo, pois será a experiência menos traumática e
mais bem assistida diante da perda de um ente querido que fará com
que a família consiga enfrentar o luto de forma saudável.

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Cuidados de enfermagem à família do
paciente terminal
Neste vídeo apontaremos as intervenções da enfermagem diante da
família do paciente em fase terminal e o seu acolhimento à família
enlutada.

Manifestações do luto
No cotidiano, pensamos o luto somente diante da morte de alguém, mas
será que ele se resume a isso? Qual a verdadeira definição de luto? E
será ele apenas um processo negativo? Essas e outras questões que
envolvem o luto serão abordadas a partir de agora.

Quando experimentamos o rompimento de um vínculo significativo, a


partir da vivência de uma perda, é natural sentirmos insegurança,
tristeza, pesar, revolta, entre outros sentimentos. Essa reação dolorosa à
perda é uma experiência universal, subjetiva, individual, esperada, e a ela
damos o nome de luto (D’ALESSANDRO et al., 2020).

O luto é experimentado não somente pela morte de alguém, mas também pela quebra ou perda
de vínculos.

O luto, que pode ser definido como o evento que envolve a perda de
estruturas de significado para o indivíduo, engloba não somente a perda
de um ente querido, mas também outras situações em que o vínculo é
rompido, como a passagem de uma fase para outra do
desenvolvimento, a perda de um animal de estimação, a perda do
emprego, a perda social e psicológica sem morte e até mesmo a
doença.

Alguns sinais são observados nas pessoas que estão vivenciando o luto,
e que podem ser divididos em: manifestações físicas, sentimentos e
comportamentos. Entenda cada um deles a seguir:

Manifestações físicas

Alteração do sono; fadiga e baixa energia; palpitação; dor de


cabeça; dor no estômago; perda do interesse sexual; alteração do
apetite; perda de memória; dificuldades de concentração em
atividades rotineiras; confusão; alterações de memória
(D’ALESSANDRO et al., 2020).

Sentimentos

Tristeza; insegurança; culpa; sentimentos de choque; raiva;


desesperança; desamparo; medo.

Comportamentos

Irritabilidade; hostilidade, dificuldades de relacionamento, perda


de vontade de falar com outras pessoas; conflitos com as
crenças pessoais.

Existem alguns fatores de proteção que contribuem para a elaboração


saudável e alguns fatores de risco que influenciam no surgimento de um
processo de luto complicado.

Importante saber que, apesar do desconforto que acompanha o luto, é


fundamental que ele seja vivido, pois o seu principal objetivo é contribuir
na elaboração da perda e seguimento da vida sem o ente/objeto
perdido.

video_library
Principais características do
processo do luto
Neste vídeo abordaremos as principais manifestações físicas,
sentimentais e comportamentais apresentadas pelas pessoas que
vivenciam o luto.
Tipos de luto e abordagens
dispensadas
O luto normal é aquele no qual a pessoa enlutada vivencia o processo
da perda, manifesta sentimentos (culpa, ansiedade, tristeza), sensações
físicas (dor no peito, boca seca etc.) e comportamentos (alterações do
sono, isolamento social, choro) diante da ausência do objeto querido,
durante um período de tempo, que varia de indivíduo para indivíduo. No
entanto, a pessoa consegue viver o luto e elaborar a perda, dando
continuidade às suas atividades.

Outro tipo de luto que os pacientes e familiares podem vivenciar é o


chamado luto antecipatório. Um processo que ocorre a partir de
ameaça de perda, como uma doença que traga ameaça à vida (PARKES,
2009). Nesses casos, a perda real ainda não aconteceu.

O luto antecipatório permite que pacientes e familiares desenvolvam


estratégias para lidar com as distintas perdas ocasionadas pelo
adoecimento. Um benefício do luto antecipatório é a possibilidade de
permitir que pacientes e familiares organizem as despedidas e
construam novos significados diante das situações em que o fim da
vida está iminente. É como se fosse um preparo para a perda.

Luto antecipatório.

O luto, se não cuidado, poderá trazer prejuízos importantes para a saúde


mental das pessoas, como processos depressivos e/ou ansiosos, perda
de esperança e certa anestesia para a vida (ANCP, 2020). Surge assim o
luto complicado.

O luto complicado refere-se àquele no qual a intensidade das reações


não diminui com o passar do tempo, pelo contrário, elas se tornam mais
evidentes. Entre os comportamentos da pessoa que vive um luto
complicado, podemos citar os seguintes: dificuldades na execução de
tarefas cotidianas; distanciamento de familiares e amigos; pensamentos
constantes no ente perdido; perda de esperança; sofrimento
exacerbado, podendo evoluir para quadros depressivos.

Comentário

A manifestação do luto relaciona-se diretamente com a história de vida


da pessoa, sua cultura, religião, bem como seus mecanismos individuais
de enfrentamento das situações desafiadoras da vida. Assim, trata-se
de uma experiência individual e subjetiva, para a qual não há uma receita
de bolo sobre como vivenciar esse processo sem sofrimento.

Porém, diante das definições de luto acima sinalizadas e das


intervenções no processo de luto já discutidas anteriormente, é
importante acrescentar aqui outras abordagens que podem ser
dispensadas pelos profissionais de saúde às pessoas enlutadas:

Assegurar que os familiares, cuidadores e amigos possam realizar


seus rituais de despedidas, como visitas hospitalares adaptadas e
despedidas após preparo do corpo, de modo que estes possam
atribuir sentido ao processo doloroso vivenciado e elaborar um luto
saudável.

Incentivar que a pessoa enlutada busque espaço para refletir a


perda e todos os sentimentos advindos dela.

Encorajar que crianças e adolescentes participem das despedidas,


explicando-lhes sobre o evento e questionando se eles desejam
participar.

Incentivar práticas de autocuidado após a perda do ente querido:


cuidados com o sono e com a alimentação, práticas de atividade
física e meditação.

Interessante saber que o luto não acontece somente diante da morte de


alguém, não é? Certamente, cada um de nós já viveu o luto pela perda de
algo/alguém querido. Por isso, para melhor acolher uma pessoa
enlutada, precisamos compreender o processo do luto e fixar esse
conhecimento por meio da prática de exercícios. Continuemos com eles
então, mas antes, assista ao vídeo a seguir!

video_library
O luto, seus tipos e cuidados
dispensados
Neste vídeo abordaremos os conceitos dos diferentes tipos de luto e
traremos as principais intervenções dos profissionais de saúde diante
do enlutamento.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida afeta não


somente o paciente, mas também sua família e cuidadores. Entre
as alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta uma mudança
que geralmente acontece na família de um doente em fase de
terminalidade:

A Não há o surgimento de novos vínculos familiares.

Há alterações na vida social, uma vez que o


B
momento de lazer é ressignificado.

Não pode haver inversão dos papéis de cuidado x


C
cuidador.

Não há mudanças na situação financeira


D
decorrentes da diminuição da renda.

Há manutenção dos vínculos como era antes do


E
processo do adoecimento.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O processo de adoecimento de um familiar e, sobretudo, a evolução


para a fase da terminalidade ocasionam mudanças sociais e
psicoemocionais em todo o núcleo familiar, reestruturando vínculos
e reorganizando papéis perante o doente e a família no geral.

Questão 2

O luto não é somente quando estamos diante da morte


propriamente dita. Assinale a alternativa que apresenta a melhor
definição de luto:

Reação de sofrimento intenso que ocorre diante da


A
morte de alguém.

B Sensação de luta constante contra tudo e todos.

Reação apresentada somente por quem recebeu


C
uma notícia ameaçadora da vida.

Estado de alerta repetido diante de todos, após


D
experimentar evento traumático.

Reação universal, esperada e subjetiva diante de


E
uma perda real ou simbólica.

Parabéns! A alternativa E está correta.

O luto corresponde ao conjunto de reações que acontecem após a


perda real ou simbólica de alguém ou algo, como a morte de um
ente querido ou a perda de um membro após um acidente. Essas
reações, quando bem elaboradas, ajudam o indivíduo enlutado a se
reorganizar melhor após a perda.
3 - Morte e finitude em diferentes ciclos vitais
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as características da morte e finitude
em diferentes ciclos vitais.

Morte e finitude em pediatria


Desde muito cedo aprendemos que o ciclo de desenvolvimento do ser
humano passa pelos seguintes processos: nascimento, crescimento,
envelhecimento e morte, como se fossem etapas estanques e
sequenciais umas às outras.

Na realidade, a morte é a etapa que pode perpassar qualquer uma das


anteriores, sendo capaz de interromper as etapas de crescimento e
envelhecimento, por exemplo. Diante do entendimento coletivo sobre
quando a morte deve ocorrer e a dificuldade em aceitá-la como parte do
processo do existir, faz-se necessário explorar o assunto da morte e da
finitude em diferentes ciclos vitais.

Se estudar o assunto do processo de morte e morrer já é algo temido,


imagina abordar esse assunto na pediatria, em que há quase um
consenso universal de que crianças não devem sofrer e tampouco
morrer? O desafio agora é compreender as nuances da finitude no
cenário pediátrico.

As causas de morte em crianças são substancialmente


diferentes das causas de morte em adultos, muitas
delas são doenças raras e de caráter familiar, como
doenças congênitas incompatíveis com a vida,
doenças degenerativas e neuromusculares, patologias
cromossômicas e metabólicas, doenças oncológicas e
HIV.

Já no cenário na neonatologia (crianças com até 28 dias de nascidas),


as principais causas de morte estão relacionadas à prematuridade e
suas complicações, ao baixo peso e às infecções neonatais, além de
malformações e síndromes genéticas que levam ao óbito.
Apresentaremos a seguir os principais diagnósticos que limitam a vida
de crianças e adolescentes, conforme dados informados por Silva,
Amaral e Malagutti (2019).

video_library
O processo de morte e morrer em
crianças
Neste vídeo informaremos os principais aspectos que envolvem a
terminalidade em pediatria: principais diagnósticos, sinais e sintomas e
intervenções que podem ser realizadas diante da criança em fase
terminal.

Os grupos de doenças e seus exemplos são:

filter_1 Tratamento curativo

O tratamento curativo é possível, mas não


garantido.
Exemplos: neoplasias, algumas doenças renais,
cardiopatias congênitas ou adquiridas.
filter_2 Morte precoce

A morte precoce é esperada, mas o investimento


em tratamento intensivo pode prolongar a vida.
Exemplos: anemia falciforme, HIV/AIDS, fibrose
cística.

filter_3 Cuidados paliativos

A modalidade de cuidado mais indicada é o


cuidado paliativo exclusivo.
Exemplos: distrofia muscular, doenças
neurodegenerativas, mucopolissacaridose.

filter_4 Quadros de vulnerabilidade

Condições que não são progressivas, mas podem


levar à vulnerabilidade e morte precoce.
Exemplos: paralisia cerebral, prematuridade
extrema, encefalopatias e sequelas neurológicas
graves de infecções.

Alguns sinais e sintomas que podem indicar o início da terminalidade


são os seguintes: aumento progressivo do sono; desconexão com o
meio; diminuição da interação com as pessoas; confusão; alucinação
(perceber estímulos que não existem); perda de consciência;
permanência constante na cama; perda acentuada do apetite; maior
perda de peso; dificuldade para ingerir líquidos. Outros sintomas que
podem surgir: alterações respiratórias (taquipneia ou bradipneia
acompanhadas de períodos de apneia, respiração ruidosa); perda do
controle esfincteriano; sudorese fria.

Com o avanço tecnológico, as UTIs neonatais têm recebido cada vez


mais neonatos muito prematuros ou gravemente enfermos, o que
muitas vezes é incompatível com a vida. Diante dessa
incompatibilidade, quer seja dos neonatos, quer seja de crianças em
qualquer outra fase pediátrica, é imperativo que os profissionais estejam
preparados para auxiliar as crianças e suas famílias. Mas como prestar
esses cuidados?

Apoio as crianças e familiares na fase terminal.

Para isso, é importante pensar sobre os cuidados paliativos pediátricos,


que envolvem também os cuidados diante do processo de finitude.
Confira a seguir alguns princípios dos cuidados paliativos pediátricos,
de modo a direcionar os profissionais:

Os cuidados devem ser dirigidos à criança ou adolescente,


orientados para a família e baseados na parceria.

Os cuidados devem ser direcionados ao alívio dos sintomas e à


melhoria da qualidade de vida.

Todas as crianças e adolescentes que sofram de doenças crônicas,


terminais ou que ameacem a sobrevida são elegíveis aos cuidados
paliativos.

Os cuidados devem ser adequados à criança e/ou à sua família de


forma integrada.

Os cuidados paliativos não se destinam a abreviar a etapa final de


vida.

A participação dos pacientes e familiares nas tomadas de decisão é


obrigatória.

Não se faz necessário que a expectativa de sobrevida seja breve.

No momento da terminalidade, a prioridade do cuidado deve ser


oferecer conforto à criança e proporcionar suporte aos familiares, sendo
desnecessário o emprego de intervenções e/ou procedimentos que
possam prolongar o sofrimento da criança.

Comentário

Ainda surgem dúvidas sobre onde esses cuidados devem ser prestados.
Os cuidados paliativos pediátricos e aqueles direcionados na finitude
podem ser oferecidos em distintos espaços, como hospitais, centros de
saúde e em casa. Dentro do possível, deve ser oferecido à criança um
espaço físico adequado para suas necessidades, bem como para a
permanência de um ou mais membros da família.

E quais profissionais devem estar envolvidos nos cuidados diante da


morte e finitude em pediatria?

No final de vida de uma criança, é importante a participação de uma


equipe multidisciplinar, de modo que as distintas demandas da criança e
cuidadores sejam atendidas. Essa equipe deve contar com médicos,
enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e, se necessário, um
conselheiro espiritual (pastor, sacerdote etc.), dependendo da demanda
da criança ou familiar, bem como do serviço onde essa criança está
sendo assistida.

Por fim, os cuidados às crianças que estão em fase de finitude


envolvem três abordagens, como consta na imagem a seguir:

Três cuidados às crianças em fase terminal.

Cabe às equipes não somente abordar os aspectos técnicos, mas


também oferecer cuidado integral à criança e aos seus familiares e
promover o autocuidado, pois acompanhar o processo de finitude na
fase pediátrica pode ser um processo bastante doloroso.

Morte e finitude da pessoa idosa


Ao contrário do pensamento a respeito da finitude na pediatria, na fase
do envelhecimento, a morte é melhor aceita e até esperada. Entretanto,
mesmo assim precisamos conversar e aprender sobre como lidar com a
finitude na pessoa idosa.

A longevidade traz consigo maior número de pessoas com


enfermidades crônicas não transmissíveis, progressivas e
incapacitantes. Ainda, os idosos representam a principal faixa etária que
necessita de cuidados na finitude, devido ao maior número de doenças
crônicas e às falhas no processo curativo.

A morte em pacientes idosos.

Há um aumento expressivo de pessoas idosas com indicação de


cuidados paliativos, fazendo com que a enfermagem tenha contato
cada vez maior com pessoas idosas no processo de terminalidade. As
principais enfermidades relacionadas com as indicações aos cuidados
paliativos geriátricos são: neoplasias, doenças degenerativas do SNC,
como doença de Parkinson e esclerose lateral amiotrófica, demências e
psicopatias crônicas.

Entre os principais sinais e sintomas presentes nos idosos em fase de


terminalidade, tem-se: confusão mental; anorexia; insônia; agitação; dor;
fadiga; incontinência; e dispneia (SILVA, AMARAL E MALAGUTTI, 2019).
De forma resumida, apresentamos a seguir alguns desses sintomas e as
principais intervenções:

Incontinência urinária

É representada pela retenção e incontinência e suas principais


causas são: debilidade generalizada, infecção e declínio
sensorial/ motor.

Intervenções: realizar higiene íntima em intervalos regulares,


buscando equilibrar com as necessidades de higiene e
conforto do paciente; prevenir as lesões de pele ao evitar que o
paciente permaneça muito tempo molhado; prezar pela
privacidade do paciente.

Nota: Nos casos de incontinência urinária, a sondagem vesical


de demora deve ser medida quanto ao custo x benefício, sendo
sua colocação mais indicada nos casos de alteração
importante da pele, por exemplo.

Insônia

Está relacionada a fatores como depressão, medo, mal-estar


físico decorrente de sintomas como dor, dispneia e
incontinência urinária. Traz consigo mau humor, irritabilidade e
falta de concentração.

Intervenções: ajustar a rotina de administração de


medicamentos para apoiar o ciclo de sono/vigília; promover e
incentivar um ambiente livre de ruídos e com ventilação
adequada; oferecer alívio e controle dos sintomas
desagradáveis; aplicar e incentivar o uso de técnicas de
relaxamento; controlar a ingesta de alimentos e líquidos que
interfiram no sono.

Confusão

É definida como alteração da compreensão lógica associada à


diminuição da capacidade de concentração. A confusão pode
se manifestar como desorientação, fala incoerente, ideias
paranoides, agressividade e agitação. Na terminalidade, está
relacionada a delírio, internação prolongada, abuso de
medicamentos e demência.

Intervenções: identificar e buscar corrigir os fatores causais;


reduzir os estímulos externos perturbadores; tranquilizar os
familiares.

Além dos sinais e sintomas físicos, outros problemas enfrentados pelos


idosos e potencializados diante do processo de finitude são o
isolamento social e a solidão, os problemas econômicos (muitos idosos
são provedores do lar) e a disponibilidade única de cuidador também
idoso.

Os cuidados de enfermagem no idoso em processo de finitude


envolvem o reconhecimento e a expertise em cuidar de estados de
demência, confusões mentais, AVC, e que muitas vezes geram alto nível
de dependência, bem como demandam a articulação com os demais
profissionais da área da saúde, como psicólogos e assistentes sociais, a
fim de buscar resolver as distintas demandas.

Algumas estratégias de cuidados diante da terminalidade em pessoas


idosas:

Controle dos sinais e sintomas físicos e emocionais.

Compreensão da importância em manter a funcionalidade e a


autonomia do paciente, sempre que possível.

Valorização da capacidade de decisão do paciente e participação


dele no planejamento do cuidado.

Reavaliação constante das necessidades de cuidados agressivos.

Instituição de protocolos de luto aos familiares, sobretudo diante de


cuidadores também idosos, que têm maior risco de luto complexo.

No processo de morte e morrer, os idosos preocupam-se mais com a


qualidade de vida do que com a quantidade de anos. Sendo assim, é
imperioso que a equipe de saúde compreenda que os cuidados de
conforto trazem importantes benefícios à população idosa diante da
finitude.

video_library
O processo de morte e morrer na
população idosa
Neste vídeo sinalizaremos os aspectos do processo de finitude em
idosos: principais enfermidades relacionadas, sinais e sintomas da
finitude em idosos e intervenções realizadas.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A morte na fase pediátrica pode ocorrer em razão de distintas


condições e diagnósticos. Ao considerar as diferentes causas de
morte nessa fase, assinale a alternativa que apresenta exemplos de
doenças que não são progressivas, mas podem levar à
vulnerabilidade e morte precoce em crianças:

A HIV/ AIDS, neoplasias e doenças psiquiátricas.

Paralisia cerebral, complicações neurológicas


B decorrentes de infecções graves e prematuridade
extrema.

Neoplasias, encefalopatias e doenças


C
neurodegenerativas.
D Distrofia muscular, HIV/ AIDS e complicações
neurológicas de infecções graves.

Doenças neurodegenerativas, neoplasias e anemia


E
falciforme.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A morte na fase pediátrica pode ser ocasionada por doenças e


condições que são agrupadas em distintos grupos e pode ocorrer
de forma mais breve ou num processo lentificado. Entre as
condições que podem levar à vulnerabilidade infantil e morte
precoce, temos: prematuridade extrema, encefalopatias, sequelas
neurológicas graves de infecções e paralisia cerebral.

Questão 2

O processo de morte e finitude na população idosa apresenta


características, como as manifestações físicas e emocionais, além
da reação diante da morte. Sobre esse assunto, leia as alternativas
e identifique a que melhor descreve seu aprendizado:

É comum que, no processo de finitude, além dos


A problemas físicos, os idosos enfrentem o
isolamento social e a solidão.

Diante de um diagnóstico de doença ameaçadora e


da possibilidade da morte precoce, viver bem e com
B
qualidade importa menos para os idosos do que
viver por longos anos.

Imunossupressão, agressividade e febre matinal são


C alguns dos principais sintomas presentes nos
idosos em fase de terminalidade.
No processo de finitude da pessoa idosa, é preciso
estender os cuidados para os cuidadores, que
D
muitas vezes também são jovens e não idosos, e
atentar para o risco de luto complexo.

Com o aumento da expectativa de vida e menor


número de idosos, tem diminuído também o número
E
de pessoas com doenças crônicas e incapacitantes
e que podem se beneficiar dos cuidados paliativos.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Idosos em cuidados paliativos tendem a priorizar qualidade de vida


e não quantidade de anos. Aqueles que se encontram em fase de
terminalidade apresentam sinais e sintomas como dispneia,
insônia, dor, confusão mental, isolamento social e solidão.
Imunossupressão e febre não são características da fase de
terminalidade. Nesse período, muitos idosos que estão em fase
final são cuidados por pessoas também idosas, o que pode trazer
repercussões no luto.

Considerações finais
A partir do conteúdo abordado, podemos considerar que a fase da
terminalidade, ainda que marcada por tabus e dificuldades, tanto por
parte dos profissionais de saúde quanto dos familiares, representa uma
importante etapa do existir humano que precisa ser compreendida e
aceita.

Pode-se concluir, ainda, que existem diversas possibilidades de cuidado


que a equipe de enfermagem pode dispensar à pessoa em fase final de
vida, tanto cuidados físicos quanto psicoemocionais e/ou espirituais.
Para isso, é preciso que os profissionais busquem a aproximação
humana e a aproximação científica do tema da terminalidade, a fim de
garantir conforto e dignidade aos seres humanos por eles atendidos até
o último instante de vida.
headset
Podcast
Ouça agora os conceitos relacionados à terminalidade da vida, à finitude
na infância e na fase idosa e à abordagem da enfermagem diante do
cliente terminal e seus familiares.

Explore +
Para entender sobre a autonomia do paciente e aparato legal para
sua capacidade decisória, consulte a Resolução do Conselho
Federal de Medicina nº 1995.

Para conhecer melhor as diretrizes para organização dos cuidados


paliativos, consulte a Resolução do Ministério da Saúde nº 41, de
31 de outubro de 2018.

Busque pelas diretrizes sobre cuidados paliativos nos cursos de


graduação em Medicina no site da Academia Nacional de Cuidados
Paliativos.

Referências
ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. ANCP. Manejo do
óbito e luto no contexto de COVID-19 em adultos em cuidados
paliativos. São Paulo: ANCP, 2020. Recurso eletrônico.

BASSO, L. A.; WAINER, R. Luto e perdas repentinas: contribuições da


terapia cognitivo-comportamental. Revista Brasileira de Terapias
Cognitivas, v. 27, n. 1, p. 35-43. 2011.
CHAVES, L. V. Luto: um foco da prática de enfermagem de
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D’ALESSANDRO, M. P. S. et al. Manual de cuidados paliativos. São Paulo:


Hospital Sírio Libanês; Ministério da Saúde; 2020.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA.


INCA. Cuidados paliativos: vivências e aplicações práticas do Hospital
do Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2021.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte: o que os doentes terminais têm para


ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes.
7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

PARKES, C. M. Luto: estudo sobre perda na vida adulta. São Paulo:


Summus Editorial, 1998.

SANVEZZO, V. M. S.;MONTANDON, D. S.; ESTEVES, L. S. F. Instrumentos


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revisão integrativa. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 21, n.
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SILVA, R. S.; AMARAL, J. B.; MALAGUTTI, W. Enfermagem em cuidados


paliativos: cuidando para uma boa morte. 2. ed. rev. e atual. São Paulo:
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SILVA, S. M. A. Os cuidados ao fim da vida no contexto dos cuidados


paliativos. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 62, n. 3, p. 253-257,
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SUSAKI, T. T.; SILVA, M. J. P.; POSSARI, J. F. Identificação das fases do


processo de morrer pelos profissionais de enfermagem. Acta Paulista
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Palliative care. 5 ago. 2020.


Consultado na internet em: 7 fev. 2023.

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