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O papel de peritos e

assistentes técnicos

Profª Dra. Sonia Liane R. Rovinski


Aula 09
Metodologia: instrumentos
de investigação
Entrevista no contexto forense

Principal meio para o conhecimento do outro

Se diferencia de uma simples conversação:


Sequência e organização
Foco para obtenção de informações

A entrevista possibilitaria testar os limites de aparentes contradições que


pudessem ser encontradas no processo de avaliação, e de explicitar,
contextualizar, características levantadas pelos instrumentos padronizados,
dando-lhes a validade clínica necessária (Tavares, 2000).
Tipos de entrevista

Foco:

Identificação de sinais ou sintomas de patologia mental entrevista clínica

Confirmação da ocorrência de situação traumática entrevista investigativa


Entrevista clínico-forense
Dimensões e características Entrevista forense Entrevista clínica

Subsídios para o sistema Orientar o diagnóstico e/ou


Objetivo
judicial tratamento
Indivíduo ou família
Cliente ou usuário Representante do SJ
demandante
Fatos e experiências
Tipo de informação Somente fatos
subjetivas
Contexto legal terapêutico

Postura do entrevistador Mais neutra Mais apoiadora

Sigilo profissional Exceção Regra


Demanda involuntária e Demanda voluntária e com
Disposição do entrevistado maior risco de simulação e menor risco de simulação e
dissimulação dissimulação
Estrutura da entrevista Mais estruturação Menos estruturação

Tavares & Torres Alves Jr., 2020


Entrevista investigativa
(entrevista cognitiva)

Foco:
• Elucidar fatos que possam ter ocorrido e que sejam de interesse, ou não, da Justiça;
• A aplicação independe do sistema legal instituído em cada país e pode ser utilizada para
casos criminais ou da área cível.

Principal objetivo: responder a duas questões básicas


• O que aconteceu (se algo realmente ocorreu)
• Quem fez isso

Dirigido às testemunhas e vítimas das situações que se está investigando.


Busca aumentar o número de informações fornecidas pela vítima/testemunha sem
prejudicar a qualidade das mesmas.
Testes Psicológicos

Traz um diferencial em relação à avaliação psiquiátrica;


É de interesse do sistema judiciário

Considerar o psicólogo um “testólogo”;


Responder a demanda legal com a aplicação um teste específico.
Cuidados na escolha dos testes
Relevância à questão legal específica
Deve trabalhar com um construto psicológico que tenha relevância para a questão legal
(importância primária X secundária)

A natureza hipotética dos resultados do teste


Relacionar as abordagens nomotéticas e idiossincráticas

Limitações na reconstrução de contextos


Muito cuidado com propostas de avaliações retrospectivas. Os testes avaliam as condições
atuais.

Considerações sobre a validade aparente


Avaliar a aceitação das técnicas pelo contexto legal, tornando-as mais compreensivas no
relatório final.
Testes Psicológicos
(abordagem multimétodos)

Abordagem multimétodos:
• Escalas,
• Inventários,
• Questionários e
• Métodos projetivos/expressivos

Traz vantagens sobre as provas objetivas ou de autorrelato, que seriam


muito mais susceptíveis a manipulações por parte dos periciados;
Mas traz maiores riscos de viés interpretativo.
Rorschach: R-PAS
Vantagens
Instrumento mais utilizado e aceito em avaliações forenses
• Traz possibilidade de trabalhar com dados:
• Perspectiva nomotética : com interpretações que comparam indivíduos a padrões ou expectativas
normativas,
• Perspectiva idiográfica : interpretações que ajudam a definir a individualidade do sujeito.

Técnica de “medição indireta”


• Vai além da visão do próprio periciado

Dificulta controle intencional


• Dificulta simulação

Traz indicadores de características de personalidade


• Auxilia nas inferências de previsibilidade de comportamento.
Referências bibliográficas

PELISOLI, C.L. & LAGO, V.M. Instrumentos de avaliação psicológica no contexto forense. In:
HUTZ, C. S. et al. (Orgs.). Avaliação psicológica no contexto forense . Porto Alegre: Artmed,
2020.

TAVARES, M. & TORRES ALVES Jr. Entrevista clínico-forense. In: HUTZ, C. S. et al.
(Orgs.). Avaliação psicológica no contexto forense . Porto Alegre: Artmed, 2020.

ROVINSKI, S.L.R. & PELISOLI, C.L. Violência sexual contra crianças e adolescentes:
testemunho e avaliação psicológica. São Paulo: Vetor, 2019.

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