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Faculdades Santana

Disciplina: Psicologia Forense


Professora: Edimara Rambo
Alunas: Jade Souza Pinheiro e Polyana Fagundes de Almeida
Curso: Psicologia Período: 6°

Resenha feita a partir do texto: Psicologia jurídica: perspectivas teóricas e


processos de intervenção / Sonia Liane Reichert Rovinski, Roberto Moraes Cruz
organizadores - 1. ed. - São Paulo : Vetor, 2009.

A obra debate sobre como se dá a entrevista forense, abordando inicialmente sua


diferença para com a entrevista clínica que se foca mais na identificação do mundo
interno do sujeito. Partindo desse pressuposto, o autor adentra nos métodos de
entrevista forenses utilizados mundo a fora e principalmente na chamada Entrevista
Cognitiva Revisada.

O texto entregue a leitura se dá do capitulo introdutório do livro Psicologia Jurídica:


Perspectivas teóricas dos processos de intervenção, sendo subdividido em cinco
sessões para a melhor compreensão do leitor frente ao mesmo, tais subdivisões se
dão afim de fazer com que a leitura aconteça de modo mais fluído. O autor
consegue estabelecer uma comunicação clara com o leitor, levando as nove
páginas do capítulo serem compreendidas bem. Todavia, o capítulo apesar de curto
se mostra denso em quantidade de informações, nítido a se tratar de uma revisão
de literatura.

Inicialmente, o texto começa a abordando sobre o conceito de entrevista psicológica


e como ela se dá, que a mesma acontece dentro do contexto clínico/psicológico,
afim de se estabelecer uma investigação ao contexto interno do paciente, levando a
um diagnóstico psicopatológico. Deste modo, a entrevista no contexto da psicologia
forense não pode se dar como a da psicologia clínica, pelo fato de que a mesma é
focada no ambiente externo, no fato ocorrido e nas informações fieis e acuradas do
que se aconteceu naquele determinado momento.
Deste modo, a autora inicia explicando sobre certos cuidados que se deve ter
durante a realização da avaliação forense, principalmente a necessidade que se
deve ter da atuação do entrevistador frente aos mais diversos perfis de
entrevistados, vistos que - diferente da entrevista psicológica - os entrevistados
podem tender a simular ou mesmo dissimular situações e/ou falas a favor de seu
interesse.
Por conta disso, no texto relata-se sobre o inicio de diversas técnicas de entrevista
forense que vieram com os avanços de pesquisas, métodos que fossem mais
eficazes e mais fidedignos e que conseguissem fazer com que houvesse mais
verdade nos discursos, até que surge a Entrevista Cognitiva. Esta surge através da
necessidade de recuperar informações de fatos passados, focando nisso,
elucidando fatos que podem ter ocorrido no passado. É válido falar que, apesar de
usar como base a psicologia cognitiva, a entrevista cognitiva não é de uso exclusivo
do psicólogo, podendo ser utilizada por qualquer outro profissional do meio
investigativo jurídico e não depende do sistema legal de cada pais.
A entrevista Cognitiva preza pela qualidade no recebimento de informação, tendo
muitas vezes um recebimento de informação maior do que o normal e suas
questões base e norteadoras são “O que aconteceu? (se aconteceu)” e “Quem fez
isso?” Baseado a isso, utilizando técnicas de recuperar memórias já previamente
armazenadas, a entrevista cognitiva consegue ter um maior sucesso em recuperar
essas informações, não é à toa que é o método utilizado em países como Estados
Unidos e Alemanha.
Nota-se também que a entrevista cognitiva pode ser utilizada no caso da
necessidade de avaliação de crianças, todavia com algumas alterações pressuposta
por alguns autores, essas alterações levam o nome de “Protocolo Flexível de
Entrevista” quando é utilizado com crianças. Este protocolo possui duas grandes
etapas, a pré-entrevista (focada no rapport que o entrevistador deve estabelecer
com a criança e em toda a separação de fantasia e realidade que deve ser feito e a
entrevista propriamente dita, que é bastante focada na utilização desse rapport
criado para a melhor obtenção de informações. Desse modo, nota-se que a
Entrevista Cognitiva é o melhor método de obtenções de informações no meio das
entrevistas forenses com o maior cuidado da saúde mental do indivíduo, todavia
isso não ocorre no Brasil, onde ainda se é utilizado o método clínico para a busca
de informações jurídicas acarretando em uma dissonância e inferência de
informações e consequente alongamento do processo.
A técnica da Entrevista Cognitiva é uma técnica bastante estudada ao longo dos
anos, os autores demonstram que seus questionamentos datam de desde meados
dos anos 1980 e criam um ambiente de maior inclusão dentro do complicado
momento que é a entrevista psicológica. Deste modo, a entrevista cognitiva se
consagra como um método seguro de ter informações de testemunhas e vítimas
(visto que seu público alvo são essas pessoas). Sua utilização em vez do uso da
entrevista psicológica tradicional se mostra muito mais eficiente pois a entrevista
psicológica é feita para fazer o movimento totalmente contrário do que se busca na
avaliação forense - onde se busca dados reais e sem interferências externas -.
Algo também abordado no texto é como a Entrevista Cognitiva consegue acessar e
decodificar os meios de recuperação de memória das pessoas. Feito principalmente
pela criação de um ambiente de segurança e pelo próprio entrevistador transparecer
isso verbal e não verbalmente, o texto mostra que a entrevista demanda diversa
treinamentos e que não é uma técnica de fácil compreensão e utilização, porém se
configura como a mais segura por diversos países e órgãos internacionais.
Já sua utilização com crianças - e sua consequente reelaboração através de
estudos - mostra grande parte deste cuidado com o entrevistado que se passa.
Compreendendo que a criança se encontra passando por uma imensa quantidade
de atos ditos fora da normalidade, a entrevista cognitiva, feita através do protocolo
flexível de entrevista, se preocupa muito mais com a entrega de informações
fidedignas desta criança do que com a quantidade de informações que serão
passadas, por isso, tendem a ser sessões mais demoradas, visto que envolvem até
a apresentação da criança para o local em que ela será entrevistada, afim de que a
mesma se familiarize com o contexto total. Algo citado no texto é que esta é uma
técnica utilizada inclusive para crianças em situação de violência sexual, tendo alto
sucesso, visto que a criança é plenamente capaz de entregar um depoimento
fidedigno e não totalmente fantasioso, como se imaginaria.
Algo interessante a se destacar é a escolha da filmagem das entrevistas, afim de
guardar o material tanto para o tempo das investigações, quanto para a própria
melhora do profissional entrevistador.
Finalizando, nota-se que, apesar de ser uma técnica difundida mundo a fora, a
Entrevista Cognitiva ainda não é utilizada no Brasil, sendo preterida frente a
entrevista psicológica, deve-se ter noção de que isso tem muito a ver com o caráter
massivamente clínico no qual a psicologia brasileira foi embasada e enraizada em
seus cinquenta e nove anos de atuação, desde sua regulamentação em 1962, deste
modo, separar algumas atuações ainda se mostra bastante difícil, principalmente
quando são áreas que ainda estão em crescimento e ascensão de procura e
reconhecimento no mercado e na própria classe psicológica, como é o caso da
psicologia forense.

O texto se faz de extrema utilidade a estudantes de psicologia ou mesmo


profissionais graduados que desejam compreender mais sobre o tema.

Sonia Liane Reichert Rovinski possui graduação em Psicologia pela Pontifícia


Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981), mestrado em Psicologia Social
e da Personalidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(1993), doutorado em Psicologia pela Universidade de Santiago de Compostela
(2003) e Pós-doc junto ao GEAPAP- UFRGS, com pesquisa sobre instrumentos de
avaliação na área forense. Trabalhou como psicóloga no Sistema penitenciário do
RS (1982-1993) e psicóloga perita judiciária no Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Sul (1993-2013). Atua na área da psicologia forense como perita e assistente
técnica. Docente convidada em disciplinas de avaliação e perícia psicológica em
cursos de pós-graduação na UFRGS, Unisinos, UNIGRAD-Bahia, Universidade
Potiguar de Natal -CE, Universidade de Passo Fundo, IPOG, Academia Judicial do
TJSC e Academia Judicial do Tocantis. Realiza palestras e capacitação para
psicólogos que trabalham em Tribunais de Justiça. Possui experiência na área de
Psicologia Jurídica, atuando principalmente nos seguintes temas: avaliação
psicológica, perícia forense, vitimização, psicologia jurídica e violência. -
Informações obtidas a partir do curriculum Lattes da mesma.

Lilian Milnitsky Stein é Psicóloga com doutorado em Cognitive Psychology -


University of Arizona, EUA e pós-doutorado Universidad de Barcelona, Espanha na
área das falsas memórias e com atuação pioneira no país em Psicologia do
Testemunho. Professora do Programa de Pós-Graduação Profissional em Direito da
Universidade Federal de Santa Catarina. Possui 30 anos de trajetória acadêmica e
de pesquisa como professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, e pesquisadora CNPq nível1-B. Nas últimas duas décadas tem se
dedicado a formação e capacitação de profissionais do Direito e da força policial, em
nível nacional e internacional, aplicando métodos científicos a entrevistas com
testemunhas/vítimas, e suspeitos. Integra o Comitê Diretivo Internacional de
Especialistas está desenvolvendo um protocolo universal de como conduzir
entrevistas investigativas, a ser apresentado à Assembleia da Organização das
Nações Unidas em 2021. Também integra o Grupo de Assessoramento Técnico da
CTI (Convention against Torture Inniciative), organização ligada à ONU. -
Informações obtidas a partir do curriculum Lattes da mesma.

Alunas: Jade Souza Pinheiro e Polyana Fagundes de Almeida.

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