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FUNÇÕES PSÍQUICAS: ALTERAÇÕES,

AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA E
DIAGNÓSTICO
Prof: Ms. Ana Carolina P. Soares
NORMAL É “ TODO AQUELE QUE NÃO
FOI DEVIDAMENTE EXAMINADO.”
(ANÔNIMO)
“A comunicação profissional–paciente é
praticamente a única ferramenta para a
propedêutica e o diagnóstico psiquiátricos, o
que faz dela o centro dessa discussão.”
AVALIAÇÃO PSICOPATOLÓGICA
 Avaliação estruturada de sinais e sintomas, que permite a
geração de hipóteses diagnósticas ou diagnósticos
específicos.
 Realizado por profissionais da área de saúde mental.
 Observação, entrevistas, relato de terceiros, escalas de
avaliação, testes psicológicos e neuropsicológicos.

 Entrevistas: ANAMNESE
EXAME DO ESTADO MENTAL
UTILIZAÇÃO DO MEEM
PROCESSO DE AVALIAÇÃO- ANAMNESE
LOCAL E CONDIÇÕES
Garantir segurança e privacidade ;
Sempre tentar entrevistar o paciente a sós ;
Não fazer anotações prolongadas durante a entrevista.

ENTREVISTADOR
Conhecimento teórico  “Ser mais que um ouvido compreensivo”
Fazer aliança com o paciente
Contato visual
Escuta empática
Respeitar momentos de choro e silêncio
Evitar julgar o paciente e induzir respostas
Pode ser necessário perguntar diversas vezes a mesma coisa
Resumir periodicamente o que entendeu
O diagnóstico não deve ser uma preocupação fundamental na primeira entrevista
Identificar o “tipo” de paciente para direcionar o tipo de pergunta
COMPONENTES DA ANAMNESE
 Identificação
 Queixa principal
 Motivo do encaminhamento
 História da doença atual : Início e evolução
 Revisão sintomatológica
 Antecedentes médicos
 História psiquiátrica pregressa
 Tentativas de suicídio
 Padrão de relacionamento interpessoal
 Personalidade pré-mórbida
 Antecedentes familiares
 Hábitos e estilo de vida
 História de vida  Diferenciada por etapas • DNPM • Relação com a família •
Acontecimentos relevantes • História conjugal • Impacto da doença na vida • Rede
de apoio social
POSTURA DO/A ENTREVISTADOR/A

EVITAR:
 postura rígida e estereotipada;

 atitude fria ou muito neutra;

 reações emotivas exageradas;

 julgamentos de valor;

 reações de compaixão;

 reagir com hostilidade ou agressão;

 não manter o foco da entrevista na avaliação


SITUAÇÕES DE ENTREVISTA

História subjetiva (Coletada do próprio paciente): Ocorrência de


dissimulação ou simulação? + História objetiva (Coletada de pessoas
próximas ao paciente ) = Construção de uma história mais fidedigna.

 Condições do paciente: Paciente violento ? Possibilidade de contato


verbal ? Necessidade de medicação ou contenção física? Paciente
potencialmente suicida? (Atentar para janelas e objetos pontiagudos ,
Entrevista em ambiente seguro, Alertar a família), Paciente ansioso?
(Iniciar com perguntas neutras, Conduzir a entrevista sem confrontar)

 Atenção à comunicação não verbal!


EXAME PSÍQUICO
 Avaliação detalhada das funções psíquicas do
paciente, ou seja, avaliação do seu modo de
funcionar, de responder às situações cotidianas da
vida, de se relacionar consigo mesmo e com o
outro.
 Tem início na sala de espera e é feito durante a
anamnese.
 Obs: Evitar interpretação precoce dos dados.
ROTEIRO
1) Aspecto geral
2) Consciência
3) Orientação
4) Atenção
5) Memória
6) Sensopercepção
7)Pensamento
8) Linguagem
9) Inteligência
10) Juízo de realidade
11) Vida afetiva
12) Volição
13) Psicomotricidade
14) Personalidade
15) Sentimentos contra-transferenciais
16) Crítica com relação aos sintomas e desejo de ajuda
ASPECTO GERAL
Atitude do paciente: Confusa ? Desconfiada ?
Desinibida/inadequada? Etc..

Aparência: • Vestes? Higiene? Auto-cuidado? Nutrição?

Postura: Arrogante? Poliqueixosa ? Manipuladora?


Oposicionista • Não cooperante ? Dissimulada ? Hostil?
Ativa x passiva? Postura Corporal? Expressões faciais?
Embora cada função seja estudada
isoladamente, não existem funções psíquicas
isoladas e alterações psicopatológicas
compartimentalizadas desta ou daquela
função. É sempre a pessoa na sua totalidade
que adoece.
AVALIAÇÃO
 Componentes da avaliação psiquiátrica diagnóstica: Anamnese
propriamente dita e Exame psíquico (exame do estado
mental)

 Objetivos básicos da anamnese: Formular diagnóstico; Formular


plano terapêutico; Formular prognóstico. Outros: Perícias,
pesquisa, ensino

 A entrevista é parte do “tratamento”? A entrevista pode ser


considerada um recurso do tratamento, e não apenas um
elemento anterior a ele (o tratamento)
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico é um constructo, não é um dado concreto da
natureza. É formulado para ajudar a entender melhor a
pessoa doente e poder ajudá-la de uma maneira mais eficaz

 Diagnóstico: Função científica e de comunicação


Função pragmática e ética de entendimento, ordenação e
subsídio para a prática clínica

Diagnóstico em Psiquiatria: Baseado em dados clínicos,


na história dos sintomas e no exame psíquico atual. É or
ientado pela observação, descrição e aspectos fenomenol
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO
 Não há sintomas patognomônicos específicos de
um transtorno mental
 É o conjunto de dados clínicos que possibilita o
diagnóstico psicopatológico
 O diagnóstico se torna consistente com a
observação do curso, da evolução do transtorno
 É necessário aguardar a evolução para se
confirmar a hipótese inicial
OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO
PSIQUIÁTRICO

 1. Distinguir um diagnóstico psiquiátrico de


outro para que os profissionais possam
oferecer o tratamento mais efetivo;
 2. Prover uma linguagem comum entre
profissionais de saúde;
 3. Investigar as causas ainda desconhecidas
de muitos transtornos mentais.
ASPECTOS RELEVANTES DURANTE O DIAGNÓSTICO

A entrevista:

 Formação técnica
 Destreza para detecção de alterações psicopatológicas
 Capacidade de estabelecer uma boa relação
 Capacidade de expressão da queixa
 Percepção do psiquiatra a partir da anamnese subjetiva
 Necessidade de mais entrevistas?
 Necessidade de fontes externas?
 Efeito halo (influência da 1ª impressão)
 Contato visual
 Escuta empática
 Respeitar momentos de choro e silêncio
 Evitar julgar o paciente e induzir respostas
 Pode ser necessário perguntar diversas vezes a mesma coisa
 Resumir periodicamente o que entendeu
 O diagnóstico não deve ser uma preocupação fundamental na
primeira entrevista
 Identificar o “tipo” de paciente para direcionar o tipo de
pergunta
A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO
PSIQUIÁTRICO

 Observações gerais: Começa no primeiro contato com paciente


(marcação da consulta)
 Busca avaliar as principais funções psíquicas
 Inclui basicamente o que observado pelo examinador
 Descrever apenas o que é visto durante a entrevista
 Descrever as condições em que o exame se realizou
 Descrever alterações psicopatológicas observadas e funções
mentais preservadas sem considerar possíveis causas
 Redação deve restringir-se a descrição dos fenômenos observados
 Pode ser realizada mesmo sem cooperação do paciente 
A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO
PSIQUIÁTRICO

 As observações podem variar de um momento


para outro, em função de mudanças na
psicopatologia do paciente (da mesma forma que
o exame físico de um paciente com hipertensão
arterial, pode mostrar uma pressão arterial
normal, em razão do paciente estar medicado, o
exame do estado mental de um paciente com
esquizofrenia pode deixar de apresentar
alucinações, pelo mesmo motivo).
ATITUDE/ COMPORTAMENTO DO PACIENTE
 Atitude/Comportamento para com o entrevistador: (fala, gestos, mímica e
movimentos corporais) Cooperante; Não cooperante: Oposição – se recusa a
participar da entrevista; Hostil – ofende, ameaça ou agride fisicamente; De
fuga – reflete o medo do paciente; Desconfiança – “Você é mesmo
médico?”, “Existem microfones aqui?” ; Querelante – discute ou briga por
se sentir prejudicado ou ofendido; Reivindicativa – “Quero ter alta agora”

 Atitude/Comportamento para com o entrevistador: Arrogante: atitude de


desdém ou sentir-se superior; Evasiva: evita reponder certas perguntas,
desvia-se do assunto; Invasiva: quer saber sobre a vida do examinador, mexe
em objetos do consultório; Esquiva: evita contato social; Inibida: pouco à
vontade; Desinibida: inconveniente; Jocosa: fazendo piadas ou brincadeiras.
ATITUDE/ COMPORTAMENTO DO PACIENTE

 Atitude/Comportamento para com o entrevistador: (fala, gestos, mímica e


movimentos corporais): Irônica, denotando arrogância e agressividade;
Lamuriosa: queixosa o tempo todo; Dramática: teatral, hiperemotividade;
Sedutora: elogios e tentativas de agradar ou depertar interesse sexual;
Pueril: infantilismo, comportamentos regressivos; Gliscróide: grudento,
atitude pegajosa e inconveniente

 Atitude/Comportamento para com o entrevistador: (fala, gestos, mímica e


movimentos corporais): Simuladora: finge ter doença ou sintoma // O que é
diferente de: Dissimuladora: tentando ocultar sintomas Indiferente: belle
indiference; Manipuladora: “jogos” de perde e ganha, condiciona respostas;
Submissa: não expressa o que deseja ou a contraria; Expansiva: trata a
todos como pessoas íntimas; Amaneirada: maneirismos, trata o médico
como “Vossa Excelência”; Reação de último momento: cooperação no
último momento 
O DIAGNÓSTICO EM PSIQUIATRIA

 Os sistemas classificatórios de
diagnóstico atuais e oficiais em
Psiquiatria são a CID-10 e o DSM-
V
“Quem não sabe o que procura, não sabe
interpretar o que acha” Claude-Bernard,
fisiologista.
BIBLIOGRAFIA
 DALGALARRONDO, P. Piscopatologia e
Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto
Alegre, ArtMed Editora, 2000. cap. 8, pág 50-60

 Kaplan & Sadock; Compêndio de Psiquiatria –


Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica.
9ª Edição, Artmed, 2003
CONSCIÊNCIA
CONSCIÊNCIA

 Sentido Ético: capacidade de julgar o que é correto e o


que não é, de acordo com valores morais e de
conhecimento.
 “Você não sabe o que é consciência, não vê que eu sou
um pobre rapaz...”

 Psicopatologia: É onde se desenvolvem todos os


processos mentais, tais como sensações, pensamentos e
emoções em certo instante. Utiliza-se o termo lucidez para
conceituar o estado normal de consciência.
CONSCIÊNCIA
 É a capacidade neurológica de captar o ambiente e de se orientar
de forma adequada, é estar lúcido.

 Definição neuropsicológica: nível de consciência; estado de


vigília; clareza no sensório

 Definição psicológica: Dimensão subjetiva da atividade psíquica.

 Soma total das experiências conscientes eu x meio ambiente:


percepção e discriminação.

 A avaliação de todas as outras funções dependerá da consciência.


ALTERAÇÕES “ PATOLÓGICAS” DA CONSCIÊNCIA

 Alterações quantitativas implicam em um


rebaixamento (mais comum) ou elevação
(mais raro) do nível de consciência;

 Alterações qualitativas implicam em uma


modificação da qualidade (propriedade) do
conteúdo da consciência.
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA CONSCIÊNCIA

1. OBNUBILAÇÃO (ou turvamento) :

• diminuição do grau de clareza do sensório (pode ser leve ou moderada);


• lentidão (ou comprometimento) da compreensão, dificuldade de
elaboração e síntese das impressões sensoriais;
• alterações do curso do pensamento, perturbação da fixação e da
evocação, relativo grau de desorientação, sonolência;
• indiferença, apatia e uma certa inibição dos atos volitivos;

O paciente obnubilado usualmente responde a ordens verbais simples,


porém, tem dificuldades para executar ordens mais complexas.
Notavelmente, encontra-se desorientado, em grau variável, quanto ao
tempo, ao espaço, a si próprio e aos outros.
 Exemplo de um quadro onde se observa a OBNUBILAÇÃO da
consciência:

DELÍRIO ONIRÓIDE (estado onírico ou onirismo):

• Ocorre no curso de doenças febris-infecciosas; intoxicações crônicas


(psicoses tóxicas) e enfermidades cerebrais orgânicas; síndromes de
abstinência.

Assemelha-se a um sonho vívido -> caráter cênico e alucinatório;•


acompanha-se de intensas reações afetivas: angústia e pavor;• obnubilação
da consciência, desorientação e alucinações (geralmente, cênicas, como nos
sonhos). Presença de excitação psicomotora e reações afetivas vívidas;

Duração: horas ou dias  amnésia completa ou lembranças lacunares


após o quadro;• este quadro pode também ser nomeado de “Onirismo”
SOPOR (ESTUPOR):

 Estado marcante de turvação;


 Despertar ocorre apenas por estímulo enérgico.
Evidente sonolência; visível incapacidade quanto à
reação espontânea (inibição da psicomotricidade de
forma mais severa do que no caso da obnubilação);

 Importante diagnóstico diferencial com as síncopes!


Síncope é a suspensão temporária do estado de consciência. É
seguida pela perda da postura. A síncope resulta de uma diminuição
abrupta e transitória do fornecimento de sangue ao cérebro,
geralmente é de curta duração e a pessoa recupera o estado
neurológico normal quase de imediato, podendo no entanto passar
por um breve período de confusão (obnubilação).

A síncope pode ser precedida pelos seguintes sintomas: tonturas,


náuseas, palpitações, visão turva e sensação de desequilíbrio na
marcha. Sempre que surgem um ou vários sintomas premonitórios e
não chega a ocorrer a perda da consciência estamos perante uma pré-
síncope.
Além das alterações quantitativas que comportam uma
diminuição da intensidade do campo da consciência (ou
hipovigilância), há ainda a possibilidade da amplificação deste
campo:

 HIPERVIGILÂNCIA: vemos aqui a elevação e exaltação do


nível da consciência. Acompanha-se de agitação
psicomotora,taquipsiquismo, expressões afetivas intensas, baixo
rendimento em tarefas e enorme dificuldade de síntese. É um
forte indício de quadros orgânicos ou uso de drogas
(anfetaminas, cocaína,álcool, LSD).Mas também pode ser
observada em estados maníacos, epilepsia e em algumas formas
iniciais de esquizofrenia.
 Estupor Catatônico
 Extrema imobilidade;
 Incapacidade de falar;
 Redução ou falta de resposta a estímulos
(ignoram o ambiente)
 Comum na esquizofrenia catatônica
Nível de consciência

HIPERVIGILÂNCIA
ESTADO VIGIL
SONOLÊNCIA (TORPOR)
OBNUBILAÇÃO (TURVAÇÃO)
ESTUPOR
COMA
Delirium

Síndrome psicopatológica associada ao rebaixamento do


nível da consciência. Síndrome confusional aguda.
Rebaixamento de leve a moderado do nível da consciência
com flutuação e variação diuturna. Desorientação tempo-
espacial.   Ilusões e alucinações visuais. Agitação ou
lentificação.   Ansiedade marcante.

 Não confundir com delírio (alteração do curso do


pensamento)
 No que tange à apresentação dos fenômenos, os pacientes com delirium (oriundo de
transtorno mental orgânico) têm alteração da atenção, da memória e,
consequentemente, da orientação.

 Não apresentam pensamento sistematizado, somente fragmentos. Parecem não estar


compreendendo o que se passa à sua volta. Existe piora noturna ou em qualquer
situação que diminua o "input" sensorial, já que sua atenção está reduzida;

 Podem apresentar alterações da psicomotricidade principalmente agitação noturna, e


também podem tentar pegar pequenos animais ou objetos onde não há nada
(alucinose visual).

 Por outro lado, se beneficiam de lugares, informações ou pessoas familiares, de


ambientes calmos e iluminados. Em suma, na vigência de uma desorganização das
funções psíquicas os pacientes ficam confusos. Por isso, frequentemente utiliza-se
outro termo para designar a síndrome que estes pacientes apresentam que é o "estado
confusional“.
ORIENTAÇÃO
 Definição Genérica da orientação:

capacidade individual de situar-se quanto a si


mesmo (o que inclui as relações de proximidade e
diferença em relação ao outro) e ao ambiente
(espaço e tempo). Está intimamente relacionada
com o funcionamento da consciência.
ORIENTAÇÃO
 Capacidade de situar-se no tempo, espaço ou situação.

1) Autopsíquica (orientação a respeito da identidade pessoal e das


relações com o grupo social)

2) Alopsíquica (orientação espaço-temporal)

Distúrbios:
Apatia – falta de interesse.
Amnésico – alterações da memória
Confusional – turvação da consciência
Delirante – juízo patológico da realidade
Oligofrênica- Rebaixamento intelectual
SOBRE A ORIENTAÇÃO AUTOPSÍQUICA

 Pode-se dizer que o paciente está bem orientado quanto a noção do eu,
quando fornece ele próprio dados de sua identificação pessoal, revelando
saber quem é, como se chama, que idade tem, qual sua nacionalidade,
profissão, estado civil, etc.

 A desorientação quanto à própria identidade se verifica nas amnésias


totais traumáticas, nos estados de acentuada obnubilação da consciência
ou na evolução extremas dos processos demenciais.

 Bem mais comum é a chamada falsa orientação autopsíquica . Trata-se


daquele tipo de orientação que ocorre em pacientes delirantes, quando se
auto atribuem uma nova identidade ou quando assimilam a personalidade
de figuras fantasiosas de seus delírios (Ex: “Eu sou o Messias”).
ATENÇÃO
ATENÇÃO
Atividade psíquica de base que produz a capacidade de
concentração sobre determinados estímulos experimentados e
que foram capazes de ensejar uma ação mental em sua direção.

Está integrada a outras funções como: consciência neurológica,


orientação e memória.

Sensível a estímulos sensoriais, cognitivos ou afetivos.

Alterações acentuadas geralmente são observadas em quadros


lesionais e disfuncionais orgânicos e brandas em quase todos
os transtornos (Ex: ruminações na depressão).
Dois tipos de atenção:
 Atenção voluntária: concentração ativa e
intencional da CS sobre um objeto

 Atenção espontânea: atenção suscitado


pelo interesse momentâneo.

Influências de fatores intrapsíquicos e exógenas (alimentos,


medicamentos, drogas)  Considerar variáveis durante a
ANAMNESE!
Direção da atenção
 Externa- voltada para o mundo exterior
 Interna- voltada para os processos mentais do
indivíduo

Amplitude
 Focal- concentra-se sobre um campo delimitado
da consciência
 Dispersa
AVALIAÇÃO:

-Observar atitude do paciente e adequação e


rapidez nas respostas. (Vigilante – hipervigil ou
hipovigil)

-Observar grau de distraibilidade e de fatigabilidade.

- Uso de instrumentos específicos. Sequência de


letras (Tenacidade); Cálculos (Concentração)
ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO
1. DISTRAÇÃO

Dificuldade para concentrar a atenção sobre um


estímulo mais significativo (desatenção ou
distraibilidade).

Pode ocorrer por excesso de concentração


(aumenta atenção voluntária e diminui
espontânea) ou por falta de concentração (diminui
atenção voluntária e aumenta espontânea).
2. HIPOPROSEXIA
Redução acentuada da atenção, de forma global (espontânea
e voluntária), em geral, com aumento da fadiga, dificultando
percepção de estímulos ambientais e a compreensão.

PRESENTE EM: transtornos depressivos, embriaguez aguda


ou patológica, intoxicações, demência, esquizofrenia, autismo,
retardo mental, transtorno cognitivo leve, epilepsia, estados de
obnubilação da consciência neurológica, paralisia geral.

Obs: NÃO É distraibilidade!!!!!!!


3.HIPERPROSEXIA

Prejuízo qualitativo da atenção voluntária e


aumento quantitativo da atenção espontânea,
caracterizada por extrema labilidade de
concentração, que leva o indivíduo a se dirigir a
diversos estímulos sensoriais, sem foco
determinado.

PRESENTE EM episódios maníacos, intoxicação


por estimulantes, transtorno hipercinético da
infância.
4. APROSEXIA
É a total abolição da capacidade de atenção, por
mais intensos que sejam os estímulos. Comum
em quadros de estupor, traumas
craniencefálicos, distúrbios metabólicos e
tóxicos, retardo mental severo, demências
graves.

5. DISTRATIBILIDADE
Atenção inconstante, é um estado patológico
caracterizado pela incapacidade de se deter em
algo, ex.:TDAH).
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
(TDAH)
 F90 (Transtornos hipercinéticos)

Grupo de transtornos caracterizados por início precoce (habitualmente durante os


cinco primeiros anos de vida), falta de perseverança nas atividades que exigem um
envolvimento cognitivo, e uma tendência a passar de uma atividade a outra sem acabar
nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva.

Os transtornos podem se acompanhar de outras alterações. As crianças hipercinéticas


são freqüentemente imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes e incorrem em
problemas disciplinares mais por infrações não premeditadas de regras que por
desafio deliberado.

Suas relações com os adultos são freqüentemente marcadas por uma ausência de
inibição social, com falta de cautela e reserva normais (IMPULSIVIDADE).

São impopulares com as outras crianças e podem se tornar isoladas socialmente.


Sensopercepção
SENSOPERCEPÇÃO

 O termo sensopercepção é utilizado para se referir a


processos complexos através dos quais tomamos
conhecimento do mundo. Ou seja, a sensopercepção é a
primeira etapa de nosso processamento cognitivo.

 Refere-se à capacidade de captar as sensações e


transformá-las em percepções no cérebro. Os estímulos
podem ser auditivos, visuais, olfativos,táteis e gustativos.
ALTERAÇÕES DA SENSOPERCEPÇÃO
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS

Hipoestesia: diminuição da intensidade perceptiva.


Ocorre em: estados depressivos, onde as cores tornam-se
pálidas, sem brilho, os alimentos não tem sabor, os odores
perdem sua intensidade.

Hiperestesia: aumento global da capacidade perceptiva. Os sons


são ouvidos de forma muito amplificada, as imagens visuais
tornam-se mais vivas, intensas.
Ocorre em: intoxicações por alucinógenos; epilepsias; enxaqueca;
estados psicóticos agudos.
Estudos das neurociências envolvendo a análise das respostas elétricas
das retinas (aquelas encarregadas da “visão dos contrastes”)
comprovam que as pessoas que não estavam sob um quadro de
depressão possuem uma maior ativação das células da retina quando
comparadas com as pessoas deprimidas. Ou seja, as pessoas com
depressão enxergam as cores com menos brilho e intensidade, como se,
diante dos seus olhos, houvesse um vidro que tende a apagar as cores,
alguma coisa parecida com um vidro cinza.

Vincent Van Gogh, “Noite estrelada”


ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
1. Ilusão

(latim= illusionem: engano). Os estímulos reais


são confundidos ou interpretados erroneamente,
ex.: um cinto é percebido como uma cobra.
2. Pareidolia
Uma imagem, fantástica e extrojetada, é criada
intencionalmente a partir de percepções reais de
elementos sensoriais incompletos ou imprecisos.

Ocorre em pessoas “normais” e é relacionado à


atividade imaginativa.

Diferencia-se da ilusão pela consciência da


irrealidade da imagem e da sua influência
voluntária sobre essa.
PAREIDOLIAS
 Exemplos de ilusão:

- um ruído qualquer, parecer-nos passos misteriosos (a marca de uma


presença que nos espreita), manchas num papel são percebidas como
símbolos religiosos, um barulho indefinido soa-nos como alguém nos
chamando, etc;

- por si só a ilusão não constitui um estado patológico, mas pode denotar um


estado emocional mais ou menos intenso;

- os enganos da ilusão podem afetar os cincos sentidos

- podem acontecer em qualquer quadro clínico no campo da saúde mental,


entretanto, elas são mais freqüentes nas alterações da tonalidade afetiva. Podem
estar presentes na psicose maníaco depressiva, em determinadas neuroses ou ainda,
em ocorrências fortuitas do cotidiano emocional de quem atravessa momentos de
forte tensão.
 3. Pseudo- alucinação
Não consegue identificar com precisão a projeção para o
exterior) As Pseudo-alucinações são Falsas alucinações –
O sujeito pode não conseguir distinguir as imagens de seus
pensamentos, se está dentro ou fora da sua mente, do
mundo objetivo ou subjetivo, sua característica principal é a
DUVIDA.

 4. Alucinação
(latim= alucinare: privado da razão, enlouquecido). É a
percepção sem a presença do objeto. Podem ser visuais,
auditivas, táteis, olfativas, somáticas ou cenestésicas (sentir
o fígado apodrecido), cinestésicas ou motoras (falsa
percepção de movimento).
CARACTERÍSTICAS DAS ALUCINAÇÕES
 Projeção exterior – a vivência da alucinação é no espaço exterior, o
sujeito localiza, projeta. Toda a alucinação tem projeção para o espaço
exterior.

 Experiência de realidade – O sujeito acredita naquilo que está vendo,


pegando, sentindo e ouvindo.

 Nitidez – As alucinações variam de sujeito para sujeito, podendo ser mais


nítido, ou menos nítido para alguns.

 Freqüência – Há uma variação entre cada sujeito.

 Complexidade – O sujeito se apega a riqueza de detalhes e as


alucinações podem ser bastante complexas em suas apresentações.
•Nas alucinações verdadeiras há todas as características de
uma imagem perceptiva real.

•As alucinações verdadeiras possuem irresistível força de


convencimento, ou seja, são aceitas pelo juízo da realidade,
por mais que pareçam para o próprio paciente estranhas ou
especiais.

•A possibilidade de se suprimir uma alucinação através da


argumentação sensata é decididamente nula e, caso isso
aconteça, não estaremos diante de uma alucinação genuína,
mas de um engano sensorial.
IMPORTANTE!

Apesar dos problemas conceituais, a alucinação deve


ser descrita precisamente quanto a suas características
e, em particular, quanto ao insight de quem alucina
sobre o fenômeno patológico. Nesse sentido, tem sido
proposto por alguns autores de se abandonar o
ambíguo conceito de pseudo-alucinação e que se passe
a utilizar os termos alucinação psicótica ou alucinação
não-psicótica, caso o teste de realidade esteja mantido
ou prejudicado, respectivamente.
TIPOS DE ALUCINAÇÕES
1. Alucinações visuais

•  Podem ser simples (fotopsias) em que se vê cores,


bolas, pontos brilhantes, escotomas, etc.

•  As complexas incluem figuras, imagens de pessoas,


de partes do corpo, de entidades, objetos, etc.

• As visões de cenas completas são chamadas


de cenográficas.
•  Nas alucinações liliputianas o indivíduo vê
personagens minúsculos entre os objetos reais de
sua casa.

Alucinações liliputianas, inspiradas no livro


“As viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift
2. ALUCINAÇÕES AUDITIVAS

 É o tipo mais freqüente.


 Nas alucinações simples, ouvem-se ruídos.
 Na alucinação audioverbal, escutam-se vozes sem
estímulo real.
 Podem ser depreciativas, ameaçadoras, que
ordenam (vozes de comando), comentadoras.
 Às vezes,o que o sujeito percebe não é outra coisa que sua
"linguagem interior". É "ouvir de dentro para fora". Mas com
a característica toda especial de que o alucinado não
reconhece como própria, sua "linguagem"; não conseguindo
identificá-la como proveniente de seu EU pessoal. Ele
projeta para o espaço exterior e relata com enorme riqueza
de detalhes.

 Alucinações musicais: Fenômeno raro. Em geral, a crítica


está preservada. Associada a déficits auditivos, doenças
neurológicas e quadros depressivos em idosos.
3. Alucinações do gosto e do olfato

São em geral , muito elementares e


monótonas: sabor ou cheiro de algo
queimado, de peixe, de matéria fecal, gostos
ou odores, repulsivos, etc. Têm um papel
importante no desenvolvimento de idéias de
perseguição. Suscitam idéias de
envenenamento, de rechaço dos alimentos
(Ex: esquizofrenia paranóide).
4. Alucinação Táctil

O sujeito pode sentir algo lhe apertando, lhe


tocando, muitas vezes em suas partes
intimas, as vezes sente ser penetrado ou
mesmo as sensações de uma relação sexual,
outras chicotadas ou furadas e arranhões,
sem nada existir ali. Nos casos de alcoolismo
ou nas neuroses e psicoses de perseguição,
tornam-se particularmente penosas.
5. Alucinações cenestésicas

Cenestesia é a consciência (senso-percepção) que temos do


próprio corpo, é a representação consciente do próprio corpo, de
sua posição, de seu movimento, de sua postura em relação ao
mundo à sua volta e em relação aos suas diversas partes e
segmentos.

Quando existe uma percepção falseada dos órgãos internos ou


do esquema corporal falamos em Alucinações Cenestésicas.

Nestes casos os pacientes sentem como se tivessem seu fígado


revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o
cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim por diante
6. Alucinações cinestésicas

Cine= movimento. Falso movimento.

 Falsas percepções de movimento, ativo ou passivo, de todo


o corpo ou só de um segmento.

 A pessoa está imóvel, mas sente-se afundando, girando,


voando, elevando um braço, etc.

 Ocorre na catatonia e quadros orgânicos.


TRANTORNOS PSICOPATOLÓGICOS E ALTERAÇÕES DAS
FUNÇÕES PSÍQUICAS

 T. Orgânicos : Consciência, Atenção, Orientação, Memória, Inteligência e


Linguagem.

 T. Psicóticos: Sensopercepção, Pensamento, Juízo crítico, Vivências do


eu.

 T. Neuróticos: Ansiedade com suas múltiplas apresentações ( Fobia,


Obsessão, Compulsão, Astenia, Depressão, etc.).

 T. Humor: Afetividade, Psicomotricidade, Pensamento, Vontade.

 T. Personalidade: Conflitos interpessoais, comportamento.


VÍDEO VAN GOGH

https://www.youtube.com/watch?v=S3JVm8sUVp8
MEMÓRIA
MEMÓRIA
 É a capacidade de registrar, manter e
evocar as experiências e os fatos já
ocorridos. A capacidade de memorizar
relaciona-se intimamente com o nível de CS,
com a atenção e com o interesse afetivo.
Está intimamente relacionada com a
aprendizagem, pois tudo o que uma pessoa
aprende em sua vida depende intimamente
da capacidade de memorização.
 São fixados na memória fatos ou situações que
quando ocorreram provocaram emoções associadas:
prazer, medo, etc, ou que foram significativas para a
pessoa. Ao ser evocada, a lembrança pode trazer a
emoção a ela associada.

 Funcionalmente as áreas encefálicas responsáveis


pela memória podem ser divididas em: área de
registro (córtex cerebral), área de consolidação ou
retenção (hipocampo), área de armazenamento
(lobo temporal) e área de recuperação(dorso medial
do tálamo).
TIPOS DE MEMÓRIA
Memória sensorial, que recebe a informação dos órgãos
dos sentidos e a retém por breve período de tempo (0,5
segundos)

 Memória imediata: de poucos segundos até 1 a 3


minutos. Capacidade de reter material imediato.

 Memória recente: de poucos minutos até 3 a 6horas.

 Memória remota ou de longo prazo: pode durar toda a


vida. Capacidade de evocar dados passados e após
muito tempo.
 A memória é ainda dividida em memória
declarativa ou verbal (de fatos, eventos,
nomes de pessoas) ou procedural: de
habilidades ou procedimentos. A primeira é
acessível à consciência ao contrário da
segunda que não é expressa em palavras e é
inconsciente, ou implícita.
A MEMÓRIA E SUA ALTERAÇÕES
 Amnésia: incapacidade parcial ou total de evocar
experiências passadas.

 Amnésia imediata: geralmente existe um


comprometimento cerebral agudo.

 Amnésia anterógrada: o paciente esquece tudo o que


ocorreu após um fato ou acidente importante. Ex:
traumatismo craniano, distúrbio dissociativo (histeria).

 Amnésia retrógrada: esquecimento de situações ocorridas


anteriormente a um trauma, doença ou fato importante.
 Amnésia lacunar: esquecimento dos fatos ocorridos
entre duas datas. Por exemplo: não se lembra o que fez
no ano de 1995, o ano da sua separação.
Eventualmente, o paciente pode preencher estas
lacunas com inverdades ou situações não ocorridas,
sem dar-se conta. A isto se dá o nome de confabulação,
freqüente em pacientes com Demência.

 Amnésia remota: esquecimento de fatos ocorridos no


passado. Pacientes idosos com algum grau de
demência.
CLASSIFICAÇÃO DAS AMNÉSIAS:

a-pela extensão:
-parciais: esquecimento de um nome, um local, uma língua;
-total: perda total das lembranças;

b-pelo mecanismo:
-de fixação: por falta de reações lógicas, referenciais
cronológicos e memorização;
-de evocação ou psicógena: por inibição emocional da
evocação;
-conservação: por extinção definitiva das lembranças
antigas demais;
c-paramnésias:
-déjà vu: sensação de familiaridade com uma
percepção efetivamente nova.

-jamais vu: sensação de estranheza em relação a


uma situação familiar.

d-hipermnésia: capacidade aumentada de registrar e


evocar os fatos.
DEMÊNCIA
 Com o envelhecimento da população, a demência passou a ser um
problema sério de saúde pública. A prevalência dessa patologia é
estimada em 5% para as pessoas acima de 65 anos e mais de 20% para
as acima de 80 anos de idade. No Brasil, a prevalência dessa doença
tende a aumentar após 65 anos e a dobrar a cada cinco anos posteriores;

 A demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas


que afetam principalmente as pessoas mais idosas (mas não
exclusivamente). Essa patologia pode ser descrita como um quadro
clínico de declínio geral na cognição acompanhado de um prejuízo
progressivo funcional, social e profissional. As demências pode mincluir: o
Mal de Alzheimer, Demência Vascular, Demência Fronto-temporal e a
Demência de Korsakov, dentre outras;
 Quando uma pessoa, que teve o desenvolvimento intelectual dentro do
que se espera, apresenta perda ou deterioração da capacidade
cognitiva (seja esta de forma parcial ou completa, permanente ou
momentânea e esporádica).

 Dentre algumas causas potencialmente reversíveis estão as disfunções


metabólicas,endócrinas, quadros infecciosos, déficits nutricionais e
depressão(chamada de pseudodemência depressiva). Mas há
circunstâncias irreversíveis.

 OBS: não confundir demência com oligofrenia: • A oligofrenia é o déficit


da capacidade mental em que a patologização ocorre antes do
desenvolvimento completo do sistema nervoso central;• Esquirol, em
seus estudos sobre a oligofrenia, propunha a seguinte fórmula: “o
oligofrênico é o pobre que sempre o foi, enquanto o demente é o rico
que empobreceu”.
INTELIGÊNCIA
INTELIGÊNCIA
 Capacidade de uma pessoa de assimilar
conhecimentos factuais, compreender as relações entre
eles e integrá-los aos conhecimentos já adquiridos
anteriormente; de raciocinar logicamente e de forma
abstrata manipulando conceitos, números ou palavras.

 Capacidade de resolver situações novas com rapidez e


com êxito mediante a realização de tarefas que
envolvam a apreensão de relações abstratas entre
fatos, eventos, antecedentes e consequnecias, etc.
 Idade Mental é o nível intelectual médio de
determinada idade. Binet elaborou uma equação
que permite expressar a capacidade intelectual de
um sujeito em Coeficiente de Inteligência (QI),
através da avaliação com testes padronizados.

 Segundo a teoria das inteligências múltiplas


identificam-se sete tipos de inteligência: lingüística,
lógico-matemática, espacial, musical,
cinestésicocorporal, interpessoal e intrapessoal.
AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA
 É preciso conhecer o “antes”.

 Importante coletar informações sobre o desenvolvimento e rendimento


escolar do paciente: idade de ingresso na escola, se repetiu algum ano,
dificuldades em matérias específicas, dificuldade de leitura e escrita,
quando parou os estudos, por que motivo (se por dificuldade em
acompanhar).

 Para avaliar ("grosseiramente") o rendimento intelectual, pode-se


questionar a capacidade do paciente de adaptar-se ao meio e a novas
situações, aprender com a experiência, desenvolver atividades
coerentes com um objetivo, utilizar pensamento abstrato (incluindo
conceitos abstratos, como liberdade, amor) e resolver problemas do
cotidiano.
O grau de inteligência pode ser avaliado por:

• Quanto melhor e mais rapidamente acontece a


compreensão.

• Quanto maior o campo de informações que é


abarcado e integrado.

• Quanto mais rápida e adequadamente é conseguida a


adaptação a situações existenciais novas
 Se a deficiência é grosseiramente aparente,
informações históricas podem ser utilizadas para
verificar se ela esteve sempre presente
(deficiência mental) ou desenvolveu-se a partir de
certa idade (demência). Quando houver dúvida
sobre o nível de inteligência do paciente, deve-se
encaminhá-lo para a testagem psicológica, onde a
padronização das perguntas e respostas permite
uma avaliação acurada do seu QI.
ALTERAÇÕES E TRANSTORNOS MAIS COMUNS

 Deficiência mental: atraso ou insuficiência de desenvolvimento


intelectual (QI inferior a 70), com interferência no desempenho social e
ocupacional. É classificado como leve (classe espacial), moderado
(escola especial), grave e severo.

 Demência: deterioração global e orgânica do funcionamento


intelectual sem alteração no nível de consciência. Freqüentemente é
acompanhada de: distraibilidade; déficit de memória; dificuldade em
cálculos; alteração no humor e afeto; prejuízo no julgamento e
abstração e dificuldades com a linguagem.

 Abstração: interpretação concreta de provérbios, por exemplo: "Quem


tem telhado de vidro não deve atirar pedras no telhado do vizinho",
resposta: "O vidro quebrará!".
AFETIVIDADE E
HUMOR
AFETIVIDADE
 Afetividade é um termo genérico, que compreende
várias modalidades de vivências afetivas, como o
humor, as emoções e os sentimentos.

É a experiência imediata e subjetiva das emoções


sentidas pelo paciente em relação ao que o cerca,
abrangendo desde sentimentos em relação a pessoas e
ambientes até lembranças de fatos, situações, ou pessoas
do passado, bem como expectativas sobre o futuro.
 Humor: é a tonalidade de sentimento predominante,
e mais constante, que pode influenciar a percepção de
si mesmo, e do mundo ao seu redor.

 Afeto: é a experiência da emoção subjetiva e imediata,


ligada a idéias ou representações mentais e que pode
ser observada pelas suas manifestações objetivas:
alegre, triste, embotado, expansivo, lábil, inapropriado.
 Em outras palavras, humor se refere à emoção
predominante, mais constante, enquanto afeto é a
sua expressão, o que se observa, sendo mais
flutuante. O normal, para qualquer tipo de afeto, é
que ocorra uma variação na expressão facial, tom de
voz e gestos, denotando um espectro de intensidade
na emoção expressada (de superficial a profunda

 Deve ser descrito o tom predominante durante a


entrevista, sendo eutímico o paciente que está com
o afeto/humor normal.
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DO AFETO
 Afeto inapropriado ou incongruente (em relação ao que
está sendo relatado);

 Afeto hipomaníaco e maníaco, exaltado, expansivo:


euforia e êxtase (sendo este sentimento desproporcional às
circunstâncias);

 Afeto deprimido: tristeza, desesperança, baixa auto-estima


e sentimentos de culpa; apatia,

 Afeto achatado ou embotado –embotamento afetivo


(resposta emocional diminuída ou indiferente às alterações
dos assuntos).
ALTERAÇÕES DO HUMOR
  distimia: alteração básica do humor (inibição ou exaltação)

  disforia: mau-humor

  humor deprimido

  euforia: alegria patológica

  puerilidade: estado regredido

  estado de êxtase: experiência de poder religioso

  irritabilidade: hiper-reatividade
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE

• ANSIEDADE: inquietação interna desagradável,


apreensãonegativa em relação ao futuro.Somático:
dispnéia, taquicardia,tensão muscular, tremores,
desconforto mental.

• ANGÚSTIA: sensação de aperto no peito e na


garganta,compressão, sufocamento (mais corporal,
passado)

• MEDO: refere-se a um objeto mais ou menos preciso


ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS

•Apatia: diminuição subjetiva da excitabilidade emotiva e afetiva(nem


alegria, nem tristeza)

• Hipomodulação do afeto: incapacidade de modular a resposta afetiva


de acordo com a situação

• Inadequação do afeto ou paratimia: reação incongruente da esfera


ideativa e a afetiva

• Distanciamento afetivo: perda progressiva das vivências afetivas

• Embotamento afetivo: perda profunda de todo tipo de vivência afetiva


(observável)
• Sentimento de falta de sentimento: incapacidade para
sentir emoções ( estado vazio com sofrimento)

• Anedonia: incapacidade de sentir prazer com as coisas

• Labilidade afetiva: mudanças súbitas e imotivadas do humor

• Ambivalência afetiva: sentimentos opostos em relação a um


mesmo sujeito ou objeto

• Neotimia: sentimentos e experiências afetivas novas


empsicóticos (estranhos e bizarros)
•Fobias: medos desproporcionais e incompatíveis
com as possibilidades de perigo real.
*fobia simples (animais, elevador)
*fobia social (contato)
*agorafobia (espaços amplos e aglomerados)
*claustrofobia (espaços fechados)

• Pânico: reação de medo intenso, de pavor, ligado


ao perigo imaginário de morte
iminente,descontrole ou
desintegração.Sentimento primário de desamparo.
TRANSTORNOS MAIS COMUNS:

 Depressão (tristeza permanente);


Transtorno Afetivo Bipolar (tristeza
e euforia intercaladas);
Esquizofrenia (afeto embotado,
inapropriado); Transtornos de
Ansiedade (medo e ansiedade);
Demência (labilidade).
VONTADE
 CONCEITOS BÁSICOS
•Instinto: resposta comportamental padronizada e
herdada,demonstrando uma adaptação do organismo.

• Desejo: é um anseio consciente ou inconsciente que busca


uma satisfação.

PROCESSO VOLITIVO
1. Intenção ou propósito
2. Deliberação ou ponderação
3. Decisão propriamente dita
4. Execução ou atos psicomotores
 ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA VONTADE
• Hipobulia / Abulia

• Atos Impulsivos: “curto circuito do ato voluntário” •


egossintônico • natureza inconsciente / intolerância a
frustração.

• Atos Compulsivos : reconhecidos como indesejáveis


e inadequados • Ação motora complexa •desconforto
subjetivo •egodistônico •tentativa de resistir à sua
realização •sensação de alívio ao realizar o ato
•frequentemente associados a idéias obsessivas. 
 Egossintônco: Aspectos do pensamento, dos
impulsos, atitudes, comportamentos e sentimentos
que não perturbam a própria pessoa.

 Egodistônico:  Aspectos do pensamento, dos


impulsos, atitudes, comportamentos e sentimentos
que contrariam e perturbam a própria pessoa.
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE
 “É a expressão final da volição”

• Agitação psicomotora ( hipercinesia )


• Lentificação psicomotora ( hipocinesia )
• Estupor ( acinesia )
• Catalepsia (exagero do tônus postural)
• Flexibilidade cérea (moldável por outra pessoa)
• Maneirismo (movimentos bizarros)
• Tiques (coordenação muscular)
• Conversão ( sintomas físicos psicogênicos)
PENSAMENTO
A palavra pensar vem do verbo latino
pendere , que significa ficar em suspenso,
examinar, pesar, ponderar . O pensar está
relacionado à antecipação de
acontecimentos, à construção de modelos
da realidade e simulação do seu
funcionamento.
PENSAMENTO
 É o conjunto de funções integrativas capazes
de associar conhecimentos novos e antigos,
integrar estímulos externos e internos, analisar,
abstrair, julgar, concluir, sintetizar e criar.

 O pensamento é avaliado em três aspectos:


produção (ou forma), curso e conteúdo.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PENSAMENTO

 CONCEITO
Formado através das representações. Elemento
puramente cognitivo, exclui a sensorialidade.

JUÍZO
Relações entre os conceitos (Ex: cadeira + utilidade=
“A cadeira é útil”)

RACIOCÍNIO
Relação entre os juízos.
 O curso caracteriza-se pela quantidade de idéias que vêm
ao pensamento, podendo ser de abundante a escassa; e
pela velocidade com que as idéias passam pelo
pensamento, de modo que o curso pode ser rápido,
lentificado ou estar completamente bloqueado.

 O conteúdo do pensamento são as idéias propriamente


ditas, sua conexão ou não com a realidade, refletindo ou
não aspectos reais do mundo externo ou interno. A principal
preocupação é a presença de idéias que sugiram que o
paciente possa apresentar um perigo para si ou para outros
(por risco de suicídio, agressão, homicídio), o que reflete
prejuízo no teste de realidade e no juízo crítico.
 O conteúdo do pensamento expressa as
preocupações do paciente, que podem ser
idéias supervalorizadas, idéias delirantes,
delírios, preocupações com a própria
doença, problemas alheios, obsessões,
fobias, etc.
 A forma refere-se a como o paciente concatena as
idéias, em que seqüência, se segue ou não as leis
da sintaxe e da lógica. O normal é que a produção
do pensamento seja lógica (ou coerente), isto é,
clara e fácil de seguir e entender.

 Diz-se que é ilógica quando a seqüência não segue


as leis da lógica formal, ou seja, ocorrem inferências
falsas ou indevidas; e que é mágica quando não
obedece as leis da realidade, tempo e espaço,
envolvendo sorte, misticismo, poder a distância,
força do pensamento para provocar ações, etc.
AVALIAÇÃO DO PENSAMENTO

Em uma amostra do discurso do paciente, ou seja, durante a


entrevista, observa-se a produção, o curso e o conteúdo do seu
pensamento.

Na avaliação da produção (ou forma) do pensamento observa-se se o


paciente tem um discurso coerente, se segue as leis da sintaxe, se a
inferência de conclusões é lógica, e se as associações entre as idéias
fazem sentido.

Deve-se considerar a cultura do paciente ao avaliar-se o conteúdo de


seu pensamento, uma vez que crenças compartilhadas por uma
comunidade são vistas como naturais entre seus membros e não como
um sintoma. Desta forma é preciso conhecer detalhadamente a cultura
e religião dos pacientes em avaliação para que não se identifiquem
falsos sinais e sintomas.
TRANSTORNOS MAIS COMUNS

Esquizofrenia; mania; hipocondria


(preocupação exagerada com a própria
saúde, interpretação exagerada de
sinais e sintomas, crença irreal de que
é portador de uma doença grave), TOC
(exagerar o risco ou poder do
pensamento).
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DO PENSAMENTO

1. Lentificação do pensamento- Bradipsiquismo

A inibição do Pensamento é um sintoma que se manifesta geralmente


unido à lentificação de todos os processos psíquicos. O essencial
nesse tipo de transtorno reside na diminuição do número de
representações evocáveis na unidade do tempo, e a lentificação no
curso associativo.

O Pensamento é tão lento que diminui o conteúdo do pensamento. A


voz é monotemática. Aparenta uma dificuldade de “começar a
pensar”, manifestada pela grande demora em responder questões
simples.

No início dos processos esquizofrênicos pode-se encontrar a inibição


do pensamento percebido conscientemente pelo indivíduo, que se
queixa de dificuldade no curso mental.
2. Aceleração do Curso do Pensamento- Taquipsiquismo

Caracteriza-se pela rapidez do pensamento e pela fuga de


idéias. Esta fuga de idéias é consequência da aceleração
do pensamento. O pensamento é tão acelerado que a
linguagem não acompanha o que ele pensa.

A diminuição do tempo psíquico, que caracteriza os estados


de excitação maníaca, acompanha-se frequentemente da
chamada Fuga de Idéias , variam continuamente o tema do
discurso, que perde a coerência e a ordem do pensamento
normal.
3. Interrupção do curso do Pensamento –
(Bloqueio do pensamento)

Consiste numa abrupta parada do curso


associativo, de tal modo que o pensamento se
interrompe, ou muda abruptamente de
direção. O Paciente queixa-se que não pensa
com continuidade, ou acusa uma sensação
subjetiva na seqüência das suas idéias. É
freqüente na esquizofrenia. 
4. Roubo do pensamento

Vivência associada ao bloqueio do


pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida
sensação de que seu pensamento foi
roubado de sua mente. Trata-se de uma
alteração típica da Esquizofrenia.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DO PENSAMENTO (DA FORMA)

1. Desagregação do pensamento:
Ocorre uma quebra dos laços associativos. O pensamento se mostra
despedaçado e desagregado, perdendo assim toda a coerência lógica
(“Não fala coisa com coisa”).

2. Prolixidade :
Caracteriza-se como um discurso cheio de detalhes irrelevantes.
Decorre de uma incapacidade de sintetizar o discurso. É típica da
epilepsia e da debilidade mental.

3. Fuga de idéias:
Caracteriza-se pela variação rápida e incessante de tema, com
preservação da coerência do relato e da lógica na associação de idéias.
A tendência dominante do pensamento está enfraquecida e,
consequentemente acontece um afastamento da idéia-alvo.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DO PENSAMENTO

4. Perseveração :
É uma recorrência exagerada e inadequada no discurso de
um mesmo tema. Ocorre uma fixação persistente numa
única idéia-alvo e um empobrecimento dos processos
associativos.

5. Minuciosidade:
Caracteriza-se por um discurso com um numero exagerado
de detalhes relevantes. Estes detalhes são introduzidos
para enriquecer a comunicação e, ansiosamente para evitar
possíveis omissões
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DO PENSAMENTO

6. Idéias delirantes ou delírios (conteúdo)


De acordo com Karl Jaspers (1987), idéias
delirantes( ou delírios) são juízos patologicamente
falsos, que possuem as seguintes características
externas:

1.acompanham-se de uma convicção extraordinária


2. não são susceptíveis à influência da realidade
3. possuem um conteúdo impossível
O DELÍRIO COMO UM JUÍZO FALSO
 O delírio constitui uma alteração relacionada à
formação de juízos. Através dos juízos,
discernimos a verdade do erro. Através do juízo de
realidade, distinguimos o que é real do que é fruto
de nossa imaginação.

 Todavia, nem todos os juízos falsos são


patológicos. O erro que também constitui um juízo
falso,distingue-se do delírio por originar-se na
ignorância, no julgamento apressado ou em
premissas falsas, e por ser passível de correção
pelos dados da realidade. 
JUÍZO CRÍTICO
 É a capacidade para perceber e avaliar adequadamente a
realidade externa e separá-la dos aspectos do mundo interno ou
subjetivo. Implica separar sentimentos, impulsos e fantasias
próprios, de sentimentos e impulsos de outras pessoas.

 Refere-se, ainda, à possibilidade de autoavaliar-se


adequadamente e ter uma visão realista de si mesmo, suas
dificuldades e suas qualidades.

 A capacidade de julgamento é necessária para todas as decisões


diárias, para estabelecer prioridades e prever conseqüências. Os
distúrbios do julgamento podem ser circunscritos a uma ou mais
áreas, como dinheiro ou sexualidade, mantendo as demais áreas
adequadas.
 Insight é uma forma mais complexa de juízo. Envolve um grau de compreensão
do paciente sobre si mesmo, seu estado emocional, sua doença e as
conseqüências desta sobre si, pessoas que o cercam e sua vida em geral. O
insight é reconhecido como um importante mecanismo de mudança psíquica nas
psicoterapias em geral e em especial nas psicoterapias de orientação analítica.

 Alterações:
Falar coisas inapropriadas; ser inconveniente; gastar mais do que pode; não
medir conseqüências; não se dar conta da gravidade da doença; não reconhecer
limitações.

 Transtornos mais comuns:


Transtornos de Personalidade; Demência; estados psicóticos como a
Esquizofrenia).
Erros simples X Delírios

Os erros são passíveis de serem corrigidos


pela experiência, pelas provas e dados que a
realidade oferece.

A maior parte dos erros de ajuizamento é


determinada por situações afetivas intensas ou
dolorosas, que impede que o indivíduo analise
a experiência de forma objetiva e lógica .
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS
Idéias prevalentes ou sobrevaloradas # Delírios

 Ideias com importância afetiva que se sobrepõem


às outras e influenciam toda a personalidade do
indivíduo.

 São sustentadas com forte convicção (menor que


no delírio), geralmente ocorrem em personalidades
alteradas, possuem forte componente afetivo,
causa sofrimento intenso e pode evoluir para o
delírio propriamente dito.
EXEMPLOS DE IDÉIAS PREVALENTES
 Anorexia nervosa  “Tenho uma forte sensação
que estou muito gorda”

 Hipocondria  “Estou convencido de que tenho


câncer de estômago”

 Ciúmes patológicos não delirante  “Tenho


certeza que minha mulher está tendo um caso”
PRINCIPAIS CONTEÚDOS PSICOPATOLÓGICOS

1. Persecutórios
2. Depreciativos
3. Religiosos
4. Sexuais
5. De poder, riqueza, prestígio ou grandeza
6. De ruína ou culpa
7. Conteúdos hipocondríacos
DIMENSÕES DO DELÍRIO (INDICATIVOS DE GRAVIDADE)

 Grau de convicção (maior na esquizofrenia e menor nos


transtornos de humor com sintomas psicóticos);

 Extensão (áreas da vida do paciente afetadas pelo delírio);

 Bizarrice (crenças mais distantes da realidade sócio-


cultural do paciente, maior valor diagnóstico que os não
bizarros);

 Pressão ou preocupação (o quanto o paciente está


preocupado ou envolvido com suas crenças delirantes)
Resposta afetiva ou afeto negativo (o
quanto as crenças delirantes abalam
ou tocam afetivamente o paciente).

Comportamento desviante (o quanto o


paciente age em função do seu delírio)
TIPOS DE DELÍRIOS E SEUS CONTEÚDOS
 1. Delírios Persecutórios (idéias de perseguição);

 2. Delírios de Auto-referência (atribui a si


acontecimentos neutros da realidade)

 3. Delírios de relação (constrói conexões


significativas tipo “o inverno mais frio indica que
a guerra religiosa irá começar...”)
 4. Delírios de influência ou controle (o indivíduo acredita
estar sendo controlado , comandado ou influenciado por
força, pessoa ou entidade externa).

 5. Delírios de grandeza (o indivíduo acredita ser


extremamente especial, dotado de capacidades e
poderes).

 6.Delírios místicos ou religiosos (o indivíduo acredita ser


ou estar em contato permanente com alguma entidade
religiosa: Deus, Jesus, Messias, Santo, Demônio etc...)
 6. Delírios de ciúmes e infidelidade (percebe-se
traído pelo cônjugue de forma vil e cruel)

 7. Delírios eróticos- Erotomania (acredita que


alguma pessoa está totalmente apaixonada por ela
e que realiza investidas amorosas)

 8. Delírios de conteúdo depressivo (associados a


estados depressivos profundos, incluem crenças
de culpa, auto-acusação, ruína etc...)
 9. Delírios de ruína ou Nilista (percebe-se em um
mundo repleto de desgraças. Pode acreditar que
está morto, todos estão mortos e o mundo
detruído).

 10. Delírios de culpa e auto-acusação (acredita


ser culpado por tudo de ruim que acontece no
mundo, acredita ter cometido um crime grave e
ser uma pessoa indigna. Comuns nas formas
graves de depressão).
 11. Delírios de negação de órgãos (experimenta
profundas alterações corporais como naõ ter mais
um órgão, seu corpo apodreceu, não tem mais
uma gota de sangue etc...)

 12. Delírios hipocondríacos (indivíduo crê com


convicção extrema que tem uma doença grave.
Importante diferenciar da hipocondria não
delirante  intensidade da crença.)
OUTROS DELÍRIOS

 Delírios de invenção ou descoberta;


 Delírios de reforma ou Salvacionismo;
 Delírios de infestação (Síndrome de
Ekbom);
 Delírio Fantástico ou Mitomaníaco
LINGUAGEM
LINGUAGEM

Definição de Linguagem

A Linguagem é a “expressão do pensamento por


meio de palavras” . A palavra pode ser falada ou
escrita. Estas duas formas de manifestação do
pensamento constituem o último elo da cadeia de
processos psíquicos que, iniciando-se com a
sensopercepção, terminam com a expressão da
palavra falada ou escrita.
 A linguagem é considerada como um processo
mental de caráter essencialmente consciente,
significativo e orientado para o social. Entretanto,
não se pode afirmar categoricamente que em todo
seu curso a linguagem seja inteiramente
consciente
 A linguagem “permite não somente a transmissão
dos conhecimentos adquiridos ao longo do
processo histórico pelo qual o homem se torna
progressivamente o senhor da natureza, mas dá-
lhe também um meio de conhecimento, a
possibilidade de abstrair dos primeiros sinais da
realidade seu aspecto profundo e as leis que
regem os objetos e fenômenos da natureza”.
OBJETIVOS DA LINGUAGEM
 Comunicação social.
 Expressão de vivências internas (pensamentos,
sentimentos).
 Organização da experiência sensorial e dos
processos mentais.
 Tradução dos estímulos externos.
 Indicação e descrição das coisas.
 Transmissão de conhecimentos.
 Regulação da conduta.
FATORES DA COMUNICAÇÃO

• Emissor: é o remetente
• Receptor: é o destinatário da mensagem, para
quem a mensagem foi enviada
• Mensagem: o que é transmitido, o conteúdo.
• Código: meio através do qual a mensagem é
transmitida: fala, escrita, gestos, imagens.
• Canal: meio pelo qual a mensagem pode
circular: jornal, revista, TV, rádio, e o próprio ar.
• Contexto: é a situação na qual emissor e
receptor estão inseridos.
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA LINGUAGEM
 AFASIAS:
São distúrbios de linguagem causados por lesão das áreas corticais de associação
responsáveis pelo processamento lingüístico.

PERDA DA FALA EM CONSEQÜÊNCIA DE UMA DESORDEM CEREBRAL. TAL


PERDA PODE SER TOTAL OU PARCIAL E AINDA CONGÊNITA OU ADQUIRIDA
POR ALGUMA LESÃO CEREBRAL. Os principais tipos de afasia são:

 Afasia Motora (expressiva ou de Broca): constitui uma apraxia verbal. Os pacientes


conseguem utilizar os músculos fonadores para outros fins que não a fala. Trata-se de
uma afasia não fluente. O discurso emitido com grande dificuldade, caracteriza-se por
frases curtas ou simplesmente fragmentos de palavras e pela perda da estrutura
gramatical. A afasia motora está relacionada a lesões na região póstero-inferior do lobo
frontal esquerdo (Área de Broca).

 Afasia Sensorial (receptiva, ou de Wernicke): Esta afasia corresponde a uma agnosia


verbal. Há perda da capacidade de compreender a linguagem, e a audição, por
definição não está prejudicada. É uma afasia fluente, mas o paciente tem dificuldade em
compreender a própria fala, as palavras são pronunciadas de forma defeituosa. As
capacidades de repetição e de nomeação estão comprometidas. A sintaxe também
pode estar alterada.
 Agrafia: caracteriza-se pela
incapacidade isolada para escrever.
Também pode estar associada às
afasias.

 Alexia: na alexia, perde-se a


capacidade para a leitura. Pode ocorrer
isoladamente ou associada às afasias e
agrafias. 
 Aprosódia (hipoprosódia) ocorre respectivamente, perda ou
diminuição da modulação afetiva da fala, que se torna
monocórdica, monótona. Pode haver também perda ou
diminuição da capacidade de compreender a prosódia da fala
das outras pessoas. Esse distúrbio está relacionado a lesões
do hemisfério direito:.

 Hiperprosódia: caracteriza-se por uma acentuação da


inflexão verbal; uma fala enfática. Ocorre com frequência na
mania.

 Mutismo: significa ausência da fala. Pode expressar


negativismo (silêncio deliberado) ou inibição psíquica (no
esturpor esquizofrênico, depressivo, histérico ou do delirium ).
 Logorréia: a logorréia (ou verborréia, ou
verborragia) refere-se à uma expressão verbal
aumentada. O paciente fala o tempo todo e é
difícil interrompê-lo. Ela é observada
tipicamente nos estados maníacos.

 Oligolalia: a oligolalia (laconismo) refere-se a


uma expressão verbal diminuída, mas não
abolida. Consiste no oposto da logorréia. É
observada nas mesmas situações em que o
mutismo pode ocorrer.
 Hiperfonia: representa uma elevação do volume
da voz, isto é, falar excessivamente alto.

 Hipofonia: é uma redução do volume da voz, ou


seja, falar muito baixo, o que pode tornar
impossível entender o que é dito.

 Taquilalia e Bradilalia: referem-se


respectivamente, a um aumento e a uma
diminuição da velocidade da expressão verbal.
 Latência da Resposta: refere-se ao tempo que o
paciente demora para responder às perguntas do
examinador, podendo estar aumentada ou
diminuída.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA LINGUAGEM

 Ecolalia: consiste na repetição, como um eco, da


última ou últimas palavras faladas pelo
entrevistador (ou pessoa no ambiente), dirigidas
ou não ao paciente. Ocorre na esquizofrenia
catatônica, no autismo e na demência.

 Palilalia: consiste na repetição involuntária da


última ou últimas palavras que o próprio paciente
falou. Ocorre com frequência nos quadros
demenciais.
 Logoclonia: é semelhante à palilalia, só que
a repetição é apenas das últimas sílabas.
Também é tipicamente encontrada na
demência.

 Estereotipia verbal: consiste numa repetição


monótona, inadequada e sem sentido
comunicativo de palavras ou frases. Ocorre
com grande frequência na esquizofrenia
catatônica, no autismo e na demência.
 Mussitação: o paciente fala com uma voz
sussurrada, em volume muito baixo e
monótono, quase sem mover os lábios; fala
para si próprio, e de forma incompreensível.
Ocorre geralmente na esquizofrenia.

 Solilóquio: refere-se ao comportamento de


falar sozinho. É um forte indicador de
alucinações auditivas ou visuais.
 Jargonofasia: representa uma completa
desorganização da linguagem, cuja sintaxe se
torna inteiramente incoerente. Palavras
reconhecíveis, em geral articuladas corretamente,
são emitidas de forma caótica e ilógica, podendo
ainda ser misturadas à neologismos.

 Neologismos: consistem em palavras novas,


criadas pelos pacientes, ou palavras já existentes
às quais é atribuído um novo significado. São
encontrados principalmente na esquizofrenia.
 Parafasias: referem-se à deformação ou troca
de palavras, podendo ser literais ou verbais.

A parafasia literal caracteriza-se pela


substituição de uma palavra por outra de som
semelhante, como faca por vaca . A parafasia
verbal é caracterizada pela substituição de
uma palavra por outra semanticamente
relacionada, como faca por garfo .
 Coprolalia: este distúrbio é caracterizado pela
presença de palavras obscenas, vulgares ou
relativas a excrementos. Quando se constitui
num tique verbal, é típica da Síndrome de
Tourrette.

 Glossolalia: é como se o indivíduo estivesse


falando outra língua. Ele produz sons
incompreenssíveis
 Maneirismos: no maneirismo verbal, a fala torna-se pouco
natural, afetada, seja quanto à escolha das palavras
(rebuscamentos, uso de palavras “difíceis”, formalismo
exagerado, assim como uso excessivo de diminutivos,
gírias, etc.), e à pronúncia e ao sotaque. 

 Pedolalia: na pedolalia, o paciente fala com voz


infantilizada.

 Para-respostas: são respostas desconectadas em


relação às perguntas . Por exemplo: “Qual é o seu nome?”
– resposta: “acho que vai chover hoje!”. Este distúrbio
ocorre comumente na esquizofrenia e na demência. 
A LINGUAGEM NOS PRINCIPAIS TRANSTORNOS
MENTAIS

 Na Mania: o paciente em geral fala alto, está


logorreico e apresenta taquilalia, hiperprosódia,
e diminuição da latência da resposta, podendo
apresentar ainda coprolalia, em função da
perda da autocensura.

 Na Depressão: tipicamente, na depressão há


oligolalia ou mutismo, bradilalia, hipofonia e
aumento da latência de resposta, podendo
apresentar hipoprosódia ou aprosódia. 
 Na Esquizofrenia: podem ocorrer mussitação,
solilóquio, jargonofasia, neologismos, maneirismos,
para-respostas, aprosódia. Particularmente no subtipo
catatônico, podem ser observados mutismo, ecolalia, e
estereotipia verbal.

 Na Demência: pode haver afasias (com parafasias),


ecolalia, palilalia, logoclonia, jargonofasia, para-
respostas e aprosódia.

 Nos Transtornos conversivos/dissociativos: pode


haver mutismo, pedolalia (na puerilidade histérica) e
glossolalia (em estados de transe psicogênicos). 

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