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Desenvolvimento humano

Profa. Dra. Angela Helena Marin


Aula 04
Perspectivas teóricas
Parte II
Temas que serão abordados nesta aula:

01. Perspectiva cognitiva


02. Perspectiva evolucionista/sociobiológica
03. Perspectiva contextual
Perspectiva cognitiva:

Enfatiza a exploração ativa que o indivíduo faz do ambiente como um


integrante crítico, conduzindo a estágios de desenvolvimento.

® Ênfase nas mudanças qualitativas.

Teoria Cognitivo-desenvolvimento – Piaget

§ Crença básica: mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre a


primeira infância e a adolescência.
§ Entrevistas, observação meticulosa, método clínico.
§ Orientada por etapas.
§ Ênfase causal: interação de fatores inatos e experienciais.
§ Indivíduo ativo.

(BEE, BOYD, 2011; MARTOREL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


Críticas:

§ Desenvolvimento parece ser mais gradual e contínuo.


§ Operações formais parecem não ter seu ápice na adolescência.
§ Não explica emergência de capacidades como lidar com situações
ambíguas e verdades concorrentes.
§ Alguns cientistas do desenvolvimento afirmam que as mudanças na
cognição se estendem para além do período operacional-formal.

Período sensório-motor Pensamento pré-operatório Pensamento operatório-concreto Pensamento operacional-


(0-2 anos) (2-6 anos) (7-11 anos) formal (desde a adolescência)
Conhecimento do mundo Desenvolvimento da Início do pensamento lógico ou Capacidade de usar a lógica para
baseado nos sentidos e imaginação e da memória. operacional, que possibilita que a resolver problemas, planejar seu
habilidades motoras. Entendimento de passado e criança resolva as coisas internamente futuro e ver o mundo ao seu
futuro. Interpretação do mundo em sua cabeça, em vez de apenas redor.
por meio de símbolos, palavras fisicamente. Consciência do
e números. sentimento dos outros e dos eventos
externos.

(BEE, BOYD, 2011; MARTOREL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


Pensamento reflexivo: forma complexa de cognição.

§ Os pensadores reflexivos podem criar sistemas intelectuais complexos que


conciliam ideias ou considerações aparentemente conflitantes – por exemplo,
reunindo várias teorias do desenvolvimento humano em uma única teoria geral que
explica muitos tipos diferentes de comportamento.

§ A capacidade para o pensamento reflexivo parece surgir entre as idades de 20 e 25


anos - período de desenvolvimento do cérebro, que está formando novos neurônios,
sinapses e conexões dendríticas.

§ Todos os adultos desenvolvem a capacidade de se tornar pensadores reflexivos,


poucos obtêm uma ótima proficiência nessa habilidade, e um número ainda menor
sabe aplicá-la consistentemente a vários tipos de problemas.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022)


Teoria sociocultural – Vygotsky

§ Crenças básicas:
Contexto cultural da criança tem importante impacto sobre o seu desenvolvimento.
Zona de desenvolvimento proximal – potencial e não adquirido: “aquilo que nesse momento
uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela
certamente conseguirá fazer sozinha”.
§ Pesquisa transcultural e observação de criança interagindo com pessoa mais competentes.
§ Não orientada por etapas.
§ Ênfase causal: experiência.

Teoria do processamento das informações

§ Crença básica: seres humanos são processadores de símbolos.


§ Pesquisa laboratorial, monitoramento de respostas fisiológicas.
§ Algumas teorias orientadas por etapas - aumentos relacionados com idade: na velocidade,
complexidade e eficiência mental, no volume e na variedade de material armazenado na
memória.
§ Ênfase causal: interação de fatores inatos e experienciais.

(BEE, BOYD, 2011; MARTOREL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


Teorias neo-piagetianas

§ Aproximação entre a Teoria cognitivo-desenvolvimental de Piaget e a Teoria do


processamento das informações.
§ Crianças desenvolvem-se cognitivamente ao se tornarem mais eficientes no
processamento das informações.
§ Investiga a eficiência do processamento.
§ Limite para quantidade de informações a ser processada – liberação de “espaço”.
§ Ajuda a explicar diferenças individuais na capacidade cognitiva e desenvolvimento
desigual entre domínios.
§ Pouca ênfase na criatividade, motivação e interação social.
Perspectiva evolucionista/sociobiológica:

supõem que as influências mais significativas sobre o desenvolvimento são internas (natureza) e
que a mudança desenvolvimental é primariamente quantitativa.

Teoria do apego - Bowlby e Ainsworth

§ Crenças básicas:
Seres humanos possuem mecanismos para sobreviver.
Ênfase aos períodos críticos ou sensíveis.
Bases biológicas e evolucionistas para o comportamento e predisposição para
aprendizagem são importantes.

§ Busca identificar comportamentos universais e específicos, bem como comportamentos


adaptativos.
§ Técnica: naturalística e observação laboratorial.
§ Não orientada por etapas.
§ Ênfase causal: interação de fatores inatos e experienciais.
§ Indivíduo ativo ou reativo.
Perspectiva contextual

Teoria bioecológica de Bronfenbrenner

§ Crenças básicas:

Desenvolvimento ocorre por meio da interação entre pessoa em desenvolvimento e cinco sistemas
contextuais de influências circundantes, interligados, do microssistema ao cronossistema; sistemas
de que às vezes não se tem consciência.
Pessoa não é resultado do desenvolvimento, mas formadora dele.

§ Não orientada por etapas.


§ Ênfase causal: interação de fatores inatos e experienciais.
§ Indivíduo ativo.
§ Modelo PPCT.
Exossistema: vínculos entre um Microssistema: ambiente diário de
microssistema e sistemas de convivência, seja ele o próprio lar, a
instituições externas que afetam a escola, o trabalho ou até mesmo a
pessoa de forma indireta. vizinhança. Envolve também os
Macrossistema: padrões Ex. organização do trânsito afetando relacionamentos interpessoais, com
culturais abrangentes como as as oportunidades de emprego. cônjuge, filhos, pais, amigos,
crenças e ideologias colegas de classe, professores,
dominantes, além de sistemas colegas de trabalho dentre outros.
econômicos e políticos.

Mesossistema: interdependência e
entrelaçamento de vários Cronossistema:
microssistemas. Ex. vínculos como dimensão do
o lar e a escola, família e o grupo de tempo, a mudança
colegas. ou a inércia na
pessoa ou no
(BEE, BOYD, 2011; MARTOREL, PAPALIA, FELDMAN, 2020) ambiente.
§ Tendência a “miniteorias” – explicação de fenômenos específicos.

§ Reconhecimento da interação entre domínios físico, cognitivo e psicossocial.

§ Necessidade de explorar mudança histórica e diversidade cultural de maneira


sistematizada.

§ Relação entre influência genética e ambiental ainda carece de maior teorização e


evidências sobre como ocorre.
Referências bibliográficas

BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2011.

MARTORELL, G.; PAPALIA, D. E; FELDMAN, R. D. O mundo da criança: da infância à adolescência. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.

PAPALIA, D. E; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.

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