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DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR E
APRENDIZAGEM
CONTEXTUALIZANDO
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Estuda o modo como aprendemos e a forma como o indivíduo desenvolve suas
capacidades cognitivas e emocionais.
Obviamente, há outras teorias da aprendizagem que também contribuem
para a literatura quanto às fases do desenvolvimento e sua construção
maturacional de motricidade, cognição e interação social. No decorrer desta aula,
algumas delas serão comentadas e descritas, com a finalidade de mostrar a
importância do comportamento motor, a forma como evolui e contribui com o
funcionamento dos pensamentos, a criação de ideias e a coordenação motora
fina. O objetivo desta aula é traçar uma correlação entre os temas propostos e a
forma como o ser humano nasce, cresce e se desenvolve, considerando o
aprender voltado ao brincar, ao estudar, ao relacionar-se, à vivência e ao
compartilhamento do que é aprendido. Tudo isso com o suporte das teorias da
aprendizagem e da motricidade.
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desenvolvimento? Para entender esse ponto, é necessário analisar
minuciosamente cada caso e propor uma reeducação psicomotora. Com isso,
reeducar é também orientar o indivíduo a assimilar etapas que não foram
desenvolvidas progressivamente; o mesmo vale para dificuldades relacionadas à
coordenação de processos de pensamento e do comportamento motor.
Para que ocorra pleno desenvolvimento, o brincar é de extrema
importância: além de exercitar movimentos, contribui para criatividade,
planejamento, tomada de decisão, cinestesia, entre outros processos do
pensamento. As brincadeiras são as mais variadas e estão relacionadas com a
cultura em que o indivíduo está inserido. A inteligência é outra questão a ser
analisada, em especial a capacidade de lidar com as influências ambientais da
família, da sociedade e da ação do próprio indivíduo na sua aprendizagem.
Outra condição extremamente importante na aprendizagem psicomotora,
que envolve o brincar intimamente, é o escrever. Esta condição tem como
precursora a construção de símbolos e signos que contribuem para a transcrição
de pensamentos, e dá espaço à criatividade. Este processo precede a transcrição,
mas se dá concomitantemente ao simbólico, ao brincar e ao desenhar, em uma
reconstrução contínua de pensamentos. Após este processo inicial, é atribuído
um significado convencional e arbitrário ao produto, dando espaço à escrita; isso
depende de todo um processo complexo, que não envolve apenas o
comportamento psicomotor. Apesar da psicomotricidade ser precursora,
posteriormente a criança desenvolve uma percepção conceitual, que varia
conforme sua realidade.
Dessa forma, pode-se considerar que o desenho ou o brincar trazem de
forma precursora a ideia de linguagem escrita; para tal, são utilizados conceitos
semânticos. Por exemplo, o ato de brincar com um pedaço de madeira pode
indicar um boneco de brinquedo. A semelhança gestual com a escrita está em
entender que o objeto atual denota um significado para uma determina ação, a
qual posteriormente terá outro sentido; o mesmo se dá no processo semântico da
escrita. Uma palavra traz um certo significado dentro de um contexto, mas em
outro não (Maluf; Cardoso-Martins, 2013).
A ludicidade é fundamentalmente importante às condições cognitivas, que
se relacionam, por sua vez, ao comportamento motor. O brincar caracteriza-se
como um preparo a movimentos complexos, à criatividade e ao desenvolvimento
intelectual dos indivíduos.
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TEMA 2 – PSICOGÊNESE, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
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dinamogênicos. Os conflitos seriam os responsáveis pela propulsão do
desenvolvimento.
Tais conflitos podem ter origem exógena (com relação ao externo), entre o
comportamento da criança e o ambiente, ou ter origem orgânica, o que
corresponde à maturação infantil, sendo, portanto, endógenos (causas internas).
Wallon também expõe que, na construção progressiva, há fases ora
predominantemente afetivas, ora cognitivas; a isso ele dá o nome de
predominância funcional.
Wallon propõe cinco estágios essenciais, e cada um com suas
especificidades:
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chamamos de teoria do conhecimento. Por meio dos processos de
desenvolvimento e maturação biológica, se pode atingir uma formação para o
aprender. Cada etapa passa por uma fase de construção interacional; tais fatores
são importantes para a construção do conhecimento. Tanto nas fases de infância
como na adolescência, o indivíduo está sujeito a interagir de forma crítica com o
objeto, por meio de relacionamento interpessoal, mas também por influências
diretas do crescimento orgânico, pelo exercício e pela experiência com o objeto
(Lima; Bellini, 2017, p. 28-51).
A criticidade clínica, por meio do interrogatório, faz-se necessária para a
construção do conhecimento a partir da aprendizagem prática. Esta inclui a
construção cognitiva e a do comportamento motor, como base ao
desenvolvimento. Com isso, é importante desenvolver um aluno ativo, que busca
interação não apenas com seu tutor/professor, mas na relação com outro aluno,
de modo relacional e interacional, exercendo a capacidade de maturação que
possui, para executar vários comportamentos.
Outro processo importante a ser avaliado é a construção da capacidade
intelectual, pela interação do aluno, que se torna efetivamente um agente que
estabelece objetos educacionais. Os processos cognitivos contribuem para a
reciprocidade voltada aos relacionamentos humanos, bem como para
capacidades de atenção, memória, socialização, autonomia e motricidade, as
quais desempenham papel importante na formação do processo de
aprendizagem.
Desta forma, pode-se considerar que o motivo de Piaget ter pesquisado o
desenvolvimento humano (a partir do estudo e da observação de bebês, crianças
e adolescentes) é por conceber este estudo como o mais apropriado para suas
investigações a respeito da gênese do conhecimento. Ele visava, com isso,
demonstrar empiricamente e explicar o seu modelo teórico de construção de
inteligência.
O comportamento motor está ligado aos estágios propostos por Piaget em
sua teoria, desde o início, quando o autor retrata isso como uma condição reflexa,
até o momento em que é considerado como mais reflexivo e formal, com a
utilização de pensamentos mais abstratos. O fato, nesse caso, não corresponde
apenas a agir, executar, abrir ou fechar a mão, pegar ou não um talher, executar
um movimento de pressão, mas é algo mais refinado, elaborado e pensado muito
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antes da efetivação. O processo cognitivo que permeia toda essa construção
passa por fases que evoluem gradativamente.
Pode-se perceber que, na fase sensório-motora (assim intitulada por
Piaget), o movimento parte de uma inteligência prática. Isso quer dizer que a
criança não utiliza linguagem para executar movimentos, pois traz a
empregabilidade de atos a partir de percepções que possui. Com isso, vem o
funcionamento de estruturações cerebrais, que são estimuladas produzindo um
determinado mecanismo que varia de indivíduo para indivíduo. As ações e a
maturação biológica das estruturas mentais estão diretamente ligadas quando o
quesito é a aprendizagem; a cada exercício de estimulação, isso contribui para a
formação das capacidades cognitivas e para o seu aprimoramento em um viés
neuropsicomotor (Pádua, 2009, p. 22-35).
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De acordo com Okuda et al. (2011), a coordenação motora fina é uma
função que necessita de destreza para que sejam efetuadas ações com demanda
de certa complexidade, com execução mais elaborada e aprimorada. A inabilidade
na execução de movimentos que exigem coordenação é caracterizada pelos
autores como Transtorno de Coordenação (TDC). Isso inclui não apenas
movimentos finos, mas o desempenho motor de um modo geral. Outro ponto
mencionado pelos autores é que a não execução do comportamento motor pode
ocasionar diversos problemas de aprendizagem, além de causar inúmeras
comorbidades, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),
dislexia, disgrafia e outras condições que comprometem a aprendizagem devido
a uma defasagem no sistema integrador que está envolvido nos processos de
pensamento e na capacidade motora necessária ao aprender.
Ou seja, um aluno pode apresentar mau desempenho escolar devido à
dificuldade em escrever de forma correta. Por sua vez, isso pode ser decorrente
de uma dificuldade na efetivação de comportamento motor, e não
necessariamente ligado a causas diretamente psicológicas ou emocionais.
Embora haja uma ligação entre os sistemas integradores no aprender, a raiz do
problema muitas vezes não é cognitiva, mas reside na dificuldade de coordenação
motora.
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qualquer modo, tudo irá depender da estimulação e do modo como o indivíduo
exercita a região que foi impactada. É preciso também considerar que há vários
fatores a serem avaliados, os quais podem ser investigados por diversos
profissionais.
Abaixo, segue uma imagem ilustrativa de como as redes neuronais podem
ser reorganizadas e rearranjadas a partir de treino e aprendizagem.
Figura 1 – Descrição ilustrativa de uma rede neuronal (A) e sua reorganização por
neuroplasticidade (B)
FINALIZANDO
LEITURA COMPLEMENTAR
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BARDUCHI, A. L. J. et al. As concepções de desenvolvimento e aprendizagem na
teoria psicogenética de Jean Piaget. Movimento e Percepção, Espírito Santo de
Pinhal, SP, v. 4, n. 4/5, 2004.
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REFERÊNCIAS
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