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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

ANA ROBERTA SOUSA PINHEIRO


JOÃO VITOR BEZERRA FREIRE
HESHILEY KAILANY FERREIRA SOARES

RELATORIO

FORTALEZA
2023

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ESTÁGIO BÁSICO: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Relatório apresentado a disciplina Estágio


Básico: Psicologia do desenvolvimento
Humano, do curso de Psicologia da
Faculdade Metropolitana da Grande
Fortaleza – FAMETRO – como requisito
parcial para aprovação na disciplina Estágio
básico, sob a orientação do prof.ª Ticiana
Ferreira.

FORTALEZA
2023

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INTRODUÇÃO
A realização do método de observação em campo proposta pela a disciplina de
estágio básico: Desenvolvimento Humano vai nos proporcionar um melhor
entendimento sobre o desenvolvimento, não só de forma teórica, mas podendo vivenciar
na prática observando o comportamento e as ações do indivíduo.
Um dos teóricos mais importantes para o desenvolvimento humano foi o psicólogo e
filósofo suíço, Jean Piaget, que passou uma grande parte de sua carreira dedicando-se a
compreender na fase da infância os diferentes estágios de desenvolvimento e a entender
como padrões de aprendizado, pensamento e desenvolvimento cognitivo mudam. Sua
teoria e pensamentos contribuem até os dias atuais na educação, seu método
chamado Método Piaget faz parte dos estudos acadêmicos nas áreas da educação e
psicologia.
A teoria de Piaget foca no desenvolvimento infantil, segundo ele “A infância é o
tempo de maior criatividade na vida de um ser humano”. Ele questionava as teses que
afirmavam a origem do conhecimento ser inata, pois para ele só podemos conhecer algo
por meio da interação com o ambiente, em uma troca de sujeito-meio. Sendo assim a
evolução do conhecimento é um processo contínuo, passando por estágios de
organização no campo do pensamento e afeto, que são construídos por meio da relação
sujeito-meio.
Um dos tópicos mais divulgados de sua teoria é uma pesquisa investigativa feita
minunciosamente sobre como o ser humano constrói o conhecimento, descrevendo
características do modo de falar, pensar e agir das crianças e dos adolescentes. Os
estágios que foram desenvolvidos por ele são:
O sensório motor (0-2 anos)
“Está dividido em três subestágios, sendo marcado, inicialmente, por coordenações
sensoriais e motoras de fundo hereditário (reflexos, necessidades nutricionais).
Posteriormente ocorre organização das percepções e hábitos. Por último, é caracterizado
pela inteligência prática, que se refere à utilização de percepções e movimentos
organizados em “esquemas de ação”, que, gradativamente, vão se tornando intencionais,
dirigidas a um resultado. A criança começa a perceber, gradativamente, que os objetos a
sua volta continuam a existir, mesmo se não estiverem sob seu campo de visão.”
O pré-operatório (2-6 anos)
“Surgimento da função simbólica, aparecimento da linguagem oral. Característica
egocêntrica em termos de pensamento (centrado nos próprios pontos de vista),

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linguagem e modos de interação. A lógica do pensamento depende da percepção
imediata, não sendo possível operações mentais reversíveis.”
O operatório concreto (6-11 anos)
“Pensamento mais compatível com a lógica da realidade, embora ainda preso à
realidade concreta. Reversibilidade de pensamentos (uma operação matemática, por
exemplo, pode ser reversível). Compreende gradativamente noções lógico-matemáticas
de conservação da massa volume, classificação etc. O egocentrismo diminui, surgindo
uma moral de cooperação e de respeito mútuo (moral da obediência).”
O operatório formal (a partir dos 11,12 anos)
Pensamento hipotético-dedutivo. Capacidade de abstração. Egocentrismo tende a
desaparecer. Construção da autonomia, com avanços significativos nos processos da
socialização.
Em cada um desses estágios é evidenciado o surgimento de estruturas mentais
originais e diferentes, porém se relacionando umas com as outras.
Com esse olhar para a construção do conhecimento Piaget contribuiu nos processos
de ensino-aprendizagem, dando ênfase no aluno, em suas ações, nos seus modos de
raciocínio, de como interpreta e soluciona situações-problema. Ele frisou a importância
de um método ativo, em que o aluno seja ativo no seu processo de aprendizagem e o
papel do professor é apresentar atividades criativas desenvolvendo a uma reflexão e
criação constante por meio de questionamentos e de duvidas, gerando uma relação de
diálogo com o educador.

O OLHAR DA PSICOLOGIA NO BRINCAR


Segundo a psicologia do desenvolvimento evolucionista, são de um mesmo processo
de desenvolvimento a herança biológica e a cultura em que o sujeito está inserido. Ao
nascer o indivíduo trás consigo um pouco de toda história evolucionária, dessa forma
herda certos aspectos culturais passado de gerações. Segundo Charlesworth, existem
duas matrizes que contribui para a psicologia do desenvolvimento na visão
evolucionista, a primeira seria noções das características típicas da espécie como
motivações e comportamentos que estão relacionados ao contexto histórico. A segunda
está relacionada com diferenças individuais associadas ao ambiente físico e social.
Vieira e Prado apontam que as crianças no geral, possuem certos comportamentos que
são postos em uma fase de desenvolvimento específica, que depois ao longo da vida

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desaparece, como é o caso do brincar, que está relacionada com o desenvolvimento
físico, social, emocional e cognitivo das crianças.
Segundo Bichara, existem dois critérios de identificação de episódios de brincadeiras,
sendo eles a verbalização e o motor. Mesmo essa sendo uma prática universal das
crianças, pode variar as formas e os objetos usados de acordo com o contexto social,
econômico e regional da criança. De acordo com Morais, a brincadeira e os brinquedos
usados pela criança vão variar de acordo com o contexto em que ela é inserida, com
fatores determinantes sendo o ambiente cultural, físico e social, também inclui
características físicas da criança.
Morais e Otta, pensando nos aspectos que podem influenciar o brincar, criaram o termo
Zona lúdica. Esse conceito se refere ao espaço que ocorre a atividade, que constitui três
elementos, a motivação junto com as condições sociais, o espaço físico em que a criança
está e os brinquedos que possui e tem acesso, e por último o tempo que a criança vai
ocupar fazendo a atividade.
Segundo alguns autores, existem diferenças de gênero no brincar, Pellegrini e Smith
acreditavam que as meninas se engajaram mais no faz-de-conta do que os meninos,
comumente para as meninas brincar envolviam temas domésticos e dramáticos, já para
os meninos envolviam mais o físico, como lutas e temas de super-heróis. Martin e Febes
analisaram a interação social de cada grupo, as meninas preferiam interações didáticas,
e prezavam pela harmonia do grupo, geralmente usando o modelo democratico,
diferentemente dos meninos, que estabelece uma forma de hierarquias estáveis. As
autoras citam que é comum que as brincadeiras entre meninos sejam mais
supervisionadas pelos adultos do que brincadeiras entre meninas. Quando a brincadeira
é mista, envolvendo os dois gêneros, é comum que possuam certos desentendimentos,
mas nada que não seja resolvido ou até mesmo esquecido pelas crianças.
Um dos benefícios da brincadeira no desenvolvimento da criança está relacionado com
a psicomotricidade, que nada mais é que a aprendizagem da criança através do seu
corpo.
A psicomotricidade possui muitos teóricos que ao longo dos anos, conseguiram
aumentar seu conhecimento sobre a área, e ajudar com o desenvolvimento das teorias e
das práticas sobre tal tema.
Segundo Beatriz Scoz, psicanalista e psicopedagoga, a psicomotricidade vem ganhando
espaço nos meios educacionais nacionais, e chamando mais atenção dos profissionais

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que atuam em escolas, aumentando sua visibilidade e trazendo a importância dessa
prática.
Jean Piaget, Psicólogo e Biólogo, muito conhecido nas áreas em que atuou, afirmou
que o construir do saber e a inteligência, nada mais é que a forma de adaptação que o
ser humano desenvolveu na busca de sua sobrevivência.
Para Capon os principais objetivos da psicomotricidade, seria o domínio do equilíbrio,
das coordenações motoras, desenvolvimento da atenção, socialização e do
favorecimento das aprendizagens escolares. E seguindo essa linha, Pierre Vayer, diretor
de investigação no instituto Piaget, anuncia que a educação psicomotora é uma técnica
pedagógica que deve ser usada em toda criança, seja ela deficiente ou não, sendo direito
de toda criança a psicomotricidade.
Na percepção da referida autora, a psicomotricidade é uma ciência que tem por
objetivo o estudo da relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, atende
a todas as áreas que trabalham com o corpo e com a mente do ser humano.

Prosseguindo desse embasamento teórico temos como objetivo principal observar o


desenvolvimento humano na fase do ensino infantil (3 a 5 anos), visando entender e
compreender “Como as crianças se desenvolvem e adquirem conhecimentos através da
relação professor e aluno, juntamente com a relação aluno e aluno no âmbito de
brincar?”.

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METODOLOGIA
O nosso local de observação é uma escola particular e que esta localizada no centro
de Fortaleza. O perfil das crianças em que vamos observar é do infantil 4. A forma
como observaremos será por meio de visitas ao local durante a hora do intervalo e na
sala de aula, com o intuito de observar as interações entre as crianças e qual a relação
com seu rendimento em sala. Essa observação será feita com base na visualização da
vivência dos estudados no período observado, no caso, o intervalo deles. Com isso, a
observação que faremos será não participante, de forma que iremos a campo apenas
observar os eventos sem intervir direta ou indiretamente neles.

RESULTADOS

Com o objetivo de observar o comportamento de crianças e ver como o brincar e suas


interações ajudam na aprendizagem, fomos realizar tal atividade em uma escola
particular de Fortaleza, com alunos do infantil IV. No primeiro dia de observação havia
dez alunos, sendo seis meninas e quatro meninos. Dos dez alunos, dois possuíam TEA
(Com diagnóstico) sendo uma menina e um menino. Ao chegarmos fomos levados à
biblioteca, onde estava acontecendo a leitura para as crianças. A professora lê uma
história para a turma e muitos prestam atenção no que é dito, porém alguns se distraíram
depois que chegamos no local. Contudo, a professora retoma a atenção dos alunos e
segue a leitura. As meninas ficaram mais atentas à leitura do que os meninos, que por
sua vez apresentaram um pouco de dificuldade em manter a atenção. Sobre os dois
alunos com TEA, o menino apresenta maior dificuldade na atenção, como não
conseguia se concentrar na leitura, ficava andando e explorando a sala. Já a menina, não
apresentava dificuldade na atenção da leitura, era participativa e quieta. A diferença
pode se dar no gosto de cada criança, para o menino a leitura podia não ser tão
interessante então não prendia sua atenção, enquanto a menina, como se mostrou
participativa, a leitura podia prender seu interesse. A estimulação da imaginação e da
motricidade são bem desenvolvidas em atividades como estas, que simples atos como
guardar o livro, escutar histórias e poder escolher quais serão lidas, ajudam na
motricidade, criatividade, senso crítico e na autonomia da criança. Ao terminar a leitura
fomos para a sala de aula, para que as crianças fossem lanchar. Antes de começarem a
merendar, a professora pediu que fossem lavar as mãos, tal atividade estimula a
autonomia da criança além de ensinar a importância da higiene pessoal. Foi observado a

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dinâmica na hora do lanche, onde foi notado que as meninas sentavam juntas, formavam
mais grupos entre si, e eram mais independentes, sendo quase nula a ajuda da
professora. Enquanto os meninos eram necessários à ajuda da professora para atividades
como, abrir algum pacote ou alguma garrafa. Os dois alunos com TEA, na hora do
lanche, se mostraram mais quietos, sem interação com os colegas de sala. Após o lanche
eles tiveram a hora de brincar, mas em sala com os brinquedos presentes nela. A
dinâmica de brincadeira observada apontou algumas diferenças de gênero já vistas nas
pesquisas feitas pelo grupo. As meninas brincavam em grupo ou em dupla, com
brincadeiras como fingir ser médica, pacientes e algumas brincavam com jogos de
memória. Os meninos formavam pequenos grupos, mas depois optaram por brincar
sozinhos. Brincavam de maneira mais bruta, jogavam os brinquedos no chão e usavam
da boca para produzir efeitos sonoros enquanto brincavam, como uma explosão por
exemplo. As crianças com TEA não apresentaram dificuldades na hora do brincar, a
menina brincava com jogo da memória com mais duas colegas, enquanto o menino
explorava um único brinquedo, que parecia ser seu único foco, ele desmontava e
montava, enquanto as outras crianças mudaram de brinquedos e brincadeiras, ele
continuou com o mesmo. Após o momento na Sala de Aula, fomos para um parque para
crianças brincarem e se movimentarem de forma que não era possível em sala de aula.
Lá muitas coisas puderam ser observadas. As meninas novamente estavam juntas,
formando pequenos grupos que logo em seguida foram se juntando e formando um só.
Como era um lugar ao ar livre, com diversos brinquedos e equipamentos, ajudava na
psicomotricidade dos alunos. Todos participavam ativamente das brincadeiras, desde o
correr até o escorregar. Porém foi observado comportamentos específicos em algumas
crianças, como um menino que tinha o costume de se jogar no chão, um outro menino
que preferia atividades com altura, como por exemplo escalada. Também foram notados
comportamentos de exclusão e liderança de parte de alguns alunos. Sendo apresentado
certos tipos de dominância por partes de alguns colegas. As duas crianças com TEA
apresentaram comportamentos distintos, enquanto a menina brincava em grupos e até
mesmo formava alguns, o menino brincava em grupo mas depois se isolava, brincando a
maior parte do tempo sozinho. Como já citado, houve alguns comportamentos que nos
chamaram atenção, como é o caso da exclusão. Uma menina demonstrava um tipo de
distanciamento do aluno com TEA, impedindo ele de brincar em certas brincadeiras e
até mesmo de ficar perto dela. A turma por outro lado não compartilhava do mesmo
sentimento, tendo em vista que incluía ele nas brincadeiras e não demonstrava

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distanciamento do aluno. Após o parque voltamos à sala de aula para um momento onde
as crianças podiam meditar, com uma música calma no fundo. Esse momento, chamado
de meditação pela professora, servia para as crianças descansarem depois da
brincadeira. Com isso elas se acalmaram e descansaram, deitadas no chão e de olhos
fechados. O menino com TEA se distraía facilmente e era o único que não conseguia
ficar deitado por muito tempo. Ao se levantar foi atrás do brinquedo em que, como já
citado, tinha seu foco. No segundo dia de observação, o número de crianças observadas
era de nove alunos, sendo sete meninas e dois meninos, estando incluídos os dois alunos
com TEA. Ao chegarmos fomos encaminhados para uma sala de audiovisual, onde não
somente a turma observada estava como também alunos do infantil III e V. A aula era
dinâmica então todos se mantiveram atentos à aula. Quando o vídeo terminou, a
professora propôs uma atividade de pintura aos alunos, onde eles se reuniram em
grupos. Foi observado que o aluno com TEA fora isolado, enquanto os outros formavam
grupos. Foi notado que a motricidade delas era muito trabalhada nesta atividade,
principalmente a motricidade fina, onde desde o segurar o lápis para pintar até mesmo o
amarrar um cadarço foram coisas que aconteceram. Voltamos para a sala de aula e ali as
crianças lancharam da mesma forma que já fora relatada, assim como no primeiro dia.
Após o lanche, a professora avisa que haverá um evento e que agora eles ensaiaram a
coreografia que seria apresentada no dia. Falando sobre os que permaneceram em sala,
todos demonstraram empolgação pela apresentação, porém por se tratarem de crianças,
seus movimentos ainda eram mais bruscos e a coreografia também era mais simples.
Neste momento o menino com TEA apresenta maior interação com os colegas. Após o
ensaio, as crianças foram liberadas para o parque que fica em frente a Sala de Aula e ali
brincaram normalmente. Foi observado que o menino com TEA estava brincando em
dupla com uma colega de sala, e estava interagindo mais com os restantes dos colegas.
Foi observado também a comunicação entre as crianças, os diálogos eram bem
condizentes com suas idades e percepções de mundo, sendo acrescentado a isso coisas
de provável vivência familiar, como financeiro e comportamentos de ação-reação.

CONCLUSÃO

Com base na observação realizada na escola particular em Fortaleza, é possível tirar


algumas conclusões significativas sobre a importância do brincar na aprendizagem das

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crianças. A interação entre as atividades lúdicas, a dinâmica em sala de aula, o momento
do lanche, as brincadeiras no parque e a participação em eventos como o ensaio de uma
coreografia mostram como o brincar desempenha um papel crucial no desenvolvimento
integral das crianças. Foi observado que atividades como pintura e brincadeiras no
parque contribuíram para o desenvolvimento da motricidade fina e grossa das crianças.
O brincar permitiu que explorassem diferentes habilidades motoras, como segurar lápis
para pintar, correr, escalar e se movimentar de maneiras diversas. Nas dinâmicas
durante o lanche e as brincadeiras revelaram diferenças na interação entre meninas e
meninos. As meninas tendiam a formar grupos mais coesos e demonstravam
independência, enquanto os meninos, em alguns casos, precisavam de mais assistência
da professora. Na observação dos dois alunos com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) ressaltou a importância de considerar as necessidades individuais. Embora o
menino com TEA tenha apresentado desafios na atenção, a menina participou
ativamente. Ambos encontraram formas de se envolver nas atividades, demonstrando
que a inclusão é possível com estratégias adaptativas. Um ponto evidenciado foi o
incentivo no desenvolvimento emocional como também na expressividade da criança, a
observação da meditação e a participação em eventos como o ensaio da coreografia
evidenciam a importância de momentos que promovem o relaxamento e a expressão
emocional. O menino com TEA, apesar de apresentar dificuldades na meditação,
encontrou engajamento na atividade de dança. A interação entre brincar e aprender é
multifacetada, influenciando aspectos físicos, sociais, emocionais e cognitivos. A
variedade de atividades observadas demonstra como o ambiente escolar pode ser
enriquecido por estratégias pedagógicas que incorporam o brincar de forma consciente,
considerando as características individuais de cada criança. A promoção do
desenvolvimento integral, a inclusão e a compreensão das diferenças são elementos
fundamentais para criar ambientes educacionais eficazes e enriquecedores.

ANEXOS

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DIÁRIO DE CAMPO

● ALUNA: HESHILEY KAILANY FERREIRA SOARES

Eram uma professora e uma auxiliar de psicologia. A aula começou na biblioteca com
leitura de livros infantis, a professora lia os livros com gravuras enquanto a auxiliar
cuidava de duas crianças, uma em especial que estava agitada e não conseguia prestar

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atenção na leitura. Haviam crianças que participavam ativamente da leitura, outras
apenas escutavam ou ficavam dispersas.

Uma criança em especial, um menino, apresentava dificuldades em focar na leitura, ele


andava pela sala, explorava outros livros e brincava com alguns brinquedos que tinha na
sala. Depois de um certo tempo, o número de crianças que participavam da leitura
diminuiu, elas começaram a ficar entediadas e dispersas.

Depois da leitura na biblioteca, acompanhamos as crianças até a sala onde elas iam
lanchar. Todos lavaram as mãos antes de lanchar, em seguida sentaram em suas mesas e
começaram a lanchar. Foi observado que eles formavam grupos entre si para merendar,
três não participaram do grupo.

Haviam dois alunos com autismo na sala, uma menina e um menino. A menina era
mais verbal, não possuía dificuldades na fala ou na interação social, enquanto o menino
possuía dificuldades verbais e sociais. Na sala também havia um menino com
problemas com fala mas sem diagnóstico de TEA.

Após o lanche eles tiveram a hora de brincar, mas em sala com os brinquedos
presentes nela. As meninas brincavam com brincadeiras como fingir ser médica, outras
seriam as pacientes e algumas brincavam com jogos de memória. Os meninos
brincavam de maneira mais bruta, jogavam os brinquedos no chão e usavam da boca
para produzir efeitos sonoros enquanto brincavam, como uma explosão por exemplo.

As crianças com TEA não apresentaram dificuldades na hora do brincar, a menina


brincava com jogo da memória com mais duas colegas, enquanto o menino explorava
um único brinquedo, que parecia ser o único foco dele, ele desmontava e montava,
enquanto as outras crianças mudaram de brinquedos e brincadeiras, ele continuou com o
mesmo.

O menino com problemas com a fala brincava com os outros mas não se comunicava,
apenas observava. Depois eles foram brincar no parquinho, lá foi observado melhor a
dinâmica de interação entre as crianças.

Algo persistente era os casos de dominância entre duas duplas de amigos, a primeira
dupla era de duas meninas, onde uma apresentava certa dominância na outra, ditando
como deveria ser o comportamento da outra, tal dominância se apresentou na hora de

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começar uma brincadeira, onde a dominante ditava as regras que tinha criado, e quando
a outra menina dar ideias eram rejeitadas, então a brincadeira aconteceu do jeito que a
primeira ditou. Tal evento aconteceu também com uma dupla, um menino e uma
menina.

O menino com TEA tinha intervalos onde brincava sozinho e depois participava de
brincadeiras em grupo. A menina com TEA só brincou em grupo. O menino com
problemas com a fala brincava sozinho, mas ainda sim ficava perto de quem estava em
grupo.

Algo também observado foi a exclusão dos colegas com o menino com TEA, em
específico tal exclusão vinha de uma menina que impedia do menino brincar em algum
grupo que ela tivesse participando, tal menina demonstrava querer ficar no controle das
brincadeiras, ditando quem podia, ou não, participar da brincadeira.

Depois voltaram para sala de aula e tiveram o momento de meditação, onde todos
ficaram deitados no chão de olhos fechados, alguns ficavam de olhos abertos e outros
não se deitavam e andavam pela sala, como o menino com TEA, que não ficou deitado
no chão e ficou andando pela sala.

REFERÊNCIA
DO NASCIMENTO SILVEIRA, A. I. B. L. N. E. R. Psicologia da Aprendizagem.
[s.l.] UAB/UECE, 2014.

HANSEN, J. et al. O brincar e suas implicações para o desenvolvimento infantil a partir


da Psicologia Evolucionista. Journal of Human Growth and Development, v. 17, n.
2, p. 133, 2007.

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MARQUES, J. R. O desenvolvimento humano na teoria de Piaget. Disponível em:
<https://r.search.yahoo.com/_ylt=AwrNYsqjyxplyeoBgJbz6Qt.;_ylu=Y29sbwNiZjEEc
G9zAzEEdnRpZAMEc2VjA3Ny/RV=2/RE=1696283684/RO=10/RU=https%3a%2f
%2fjrmcoaching.com.br%2fblog%2fo-desenvolvimento-humano-na-teoria-de-piaget
%2f/RK=2/RS=DipsJ8U9htEM62wIqJxCp0Czji0->. Acesso em: 2 out. 2023.

MENEZES, P. Jean Piaget. Disponível em:


<https://r.search.yahoo.com/_ylt=AwrEpZUNzBplNWMCmHzz6Qt.;_ylu=Y29sbwNiZ
jEEcG9zAzMEdnRpZAMEc2VjA3Ny/RV=2/RE=1696283789/RO=10/RU=https%3a
%2f%2fwww.todamateria.com.br%2fjean-piaget%2f/RK=2/
RS=MbuPUFa1p6ujDHdhHzyftmTLZaM->. Acesso em: 2 out. 2023.

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