Formadora
Profª Dra. Rita Melissa Lepre
Livre-Docente em Psicologia da Educação (UNESP/2016); Doutora em Educação (UNESP/2005);
Mestre em Educação (UNESP/2001) e Graduada/Licenciada em Psicologia (UNESP/1997).
Atualmente é Professora Associada da Universidade Estadual Paulista, no Departamento de
Educação, da Faculdade de Ciências - Campus Bauru. Docente permanente do Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras - Unesp/Assis e do Mestrado
Profissional em Docência para a Educação Básica da Faculdade de Ciências - Unesp/Bauru. Tem experiência na
área de Educação e Psicologia, com ênfase em Psicologia da Educação e Psicologia do Desenvolvimento e da
Aprendizagem. Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Moralidade, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Psicologia (ANPEPP). Líder do GEPEDEME - Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento
Moral e Educação (CNPq). Coordenadora do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências - Unesp/Bauru (2018-
2020).
Situação-problema
Bem-vindo à disciplina Fundamentos da Educação Infantil II e ao módulo Teorias sobre o
desenvolvimento humano e as experiências de aprendizagem das crianças de 0 a 6 anos. Teremos
oportunidade de estudar e revisitar conhecimentos que indicam que o desenvolvimento humano se dá como um
processo de apropriação da experiência histórico-social pelo homem. Porém, saiba que nem sempre foi assim.
A princípio, valorizavam-se somente os fatores internos – biológicos (Teoria Inatista). Com o tempo, passou-
se a valorizar somente os fatores externos – ambiente (Teoria Ambientalista). Mais tarde, passou-se a considerar a
interação desses dois fatores (internos e externos) no desenvolvimento humano (Teoria Interacionista). As frases
abaixo fazem parte da cultura popular e expressam, ainda que no senso comum, estas teorias. Leia-as com atenção:
Com base no texto de BECKER – Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos reflitam sobre os
diferentes modelos apresentados, pensando a relação epistemológica (de conhecimento) e a relação professor-
aluno derivada de cada um deles.
Introdução e objetivos
Neste módulo, vamos discutir a importância de se conhecer as diferentes teorias que sustentam a prática
pedagógica de todos (as) nós professores (as). A forma como atuamos com as crianças pode refletir crenças e
valores orientados por algumas teorias.
Uma forma de se entender essas diferentes concepções é pensá-las como diferentes tipos de espelhos que
modificam a forma do modelo diante deles: às vezes engordam, emagrecem ou distorcem sua forma. Cada um
desses espelhos propicia um modo de olhar específico para um mesmo tema e marcam nossa prática como
educadores (as). Mais do que isso, é importante perceber que, imersos na sociedade, cada um de nós carrega
diferentes espelhos, com diversas visões e valores ligados às crianças, à infância e ao desenvolvimento. Essa
diversidade que nós mesmos carregamos impõe, muitas vezes, contradições na nossa própria prática pedagógica.
E agora, o que fazer? Como lidar com essa diversidade se ela nos coloca em situações de divergência na
nossa própria atuação junto às crianças?
Como você verá, de modo geral, os pesquisadores têm trabalhado mais com um enfoque no
desenvolvimento – biológico ou cultural, inatista ou ambientalista. Aqueles que construíram suas teorias
considerando mais o aspecto biológico, geralmente, apontam para o desenvolvimento através de fases
determinadas, que seguem os mesmos estágios subsequentes e graduais, com a emergência de novas estruturas
e funções durante o curso do desenvolvimento. Outros pesquisadores consideram como central o papel do
ambiente. No entanto, vale mencionar que, apesar do foco em um dos polos (biológico ou cultural), cada um
considera de alguma maneira o outro polo (cultural ou biológico) como participante do processo. Independentemente
das ideias, cada uma das concepções aponta para uma maior ou menor importância das interações com a criança
e das crianças entre si, e apontam qual parceiro a ser privilegiado, o tipo de atuação do professor, a organização
dos espaços etc.
Os objetivos do módulo 1 - Teorias sobre o desenvolvimento humano e as experiências de
aprendizagem das crianças de 0 a 6 anos estão elencados a seguir:
1. Discutir as diversas concepções sobre o desenvolvimento infantil que têm influenciado a prática dos(as)
educadores(as);
2. Discutir a interação entre fatores genéticos e culturais no desenvolvimento infantil e debater por que a visão
da criança, como ser subjugado às pressões do meio cultural, está sendo substituída pelo conhecimento de
que ela interage com o seu meio e constrói cultura;
3. Observar e registrar comportamentos infantis em processos interativos.
Revisitando conhecimentos
Caso tenha dúvidas ou deseje revisar o que já estudou, consulte os links abaixo, relativos à disciplina
“Psicologia da Educação”:
A Psicologia Genética de Jean Piaget e a educação
Contribuições de Henri Wallon no entendimento dos processos cognitivos e afetivos na educação
A Psicologia socioconstrutivista de Vygotsky: a construção das funções psicológicas superiores
A Zona de Desenvolvimento Proximal e suas implicações para o processo de ensino e aprendizagem
A criança não é o resultado linear do meio no qual ela vive. Wallon enfatiza a ideia de que a criança vive em
vários meios que muitas vezes são conflitantes entre si e que sua construção se dará na relação com esses vários
meios. Vários meios seriam, por exemplo, o meio da família que é o primeiro contexto social que a criança interage,
o meio escolar que é outro contexto fundamental de educação e desenvolvimento da criança, o meio dos valores
que podem ser valores da família, valores de outra comunidade, valores da escola...
Essa ideia quebra a ideia de que a criança é um resultado linear do seu meio familiar. Essa ideia está
presente em falas frequentes no contexto escolar em falas que atribuem à família a responsabilidade pelas condutas
da criança na escola.
O contexto familiar da criança interfere fortemente, no entanto a escola ao se constituir como um outro
contexto de desenvolvimento pode criar outras relações com a criança que diferencie o tipo de relação que a criança
tem na família e a criança logo aprende a agir diferente em relação ao contexto.
A escola pode possibilitar para a criança outro contexto onde possibilita que a criança ocupe lugares
diferentes dos lugares que ela ocupa na situação familiar, por exemplo: Na família essa criança é o segundo filho,
na escola essa mesma criança pode ser boa em português, matemática, pode gostar de estar com determinados
amigos... a escola oferece lugares diferenciados para a criança.
É importante pensar em como podemos construir uma educação para todos e ao mesmo tempo uma
educação para cada um.
Ninguém é só uma ilha. Para se construir o ser humano, precisa dos outros.
Utilizamos a linguagem que é a grande ferramenta social de contato para interagir, trocar, partilhar,
navegar... . Ela, possibilitando a troca com o outro, permite a cada indivíduo completar-se para conquistar o seu
potencial.
Esse é o pensamento de Lev Vygotsky, psicólogo e professor judeu russo que fundou a psicologia histórico cultural,
conhecida também como psicologia interativista sociocultural ou psicologia sociointeracionista ou teoria histórico
social.
Vygotsky foi o primeiro psicólogo moderno a enfatizar que a cultura se integra ao homem pela atividade
cerebral estimulada pela interação entre parceiros sociais, mediada pela linguagem.
A linguagem torna o animal homem, verdadeiramente humano.
Lev Vygotsky nasceu na cidade de Orsha, na Rússia e morreu de tuberculoso aos 37 anos.
Graduado em direito ele também transitou pelas áreas da medicina, psicologia, história, literatura e filosofia,
essas disciplinas serviram de base para suas ideias que mesclavam a biologia do corpo com a filosofia, literatura e
psicologia da mente.
Vygotsky se formou na universidade de Moscou em 1917, marco da revolução russa que deu lugar a nova
Rússia socialista, governada pelas ideias de Marx. O discurso Marxista dizia que tudo é histórico e que são as
mudanças históricas na sociedade e na vida material que modificam a natureza humana em sua consciência e
comportamento, foi influenciado por essas ideias que Vygotsky construiu sua teoria sobre as funções psicológicas
superiores e como a linguagem e o pensamento estão fortemente conectados. Para ele é importante avaliar a
criança pelo que ela está aprendendo e não pelo que já aprendeu, sua teoria procura avaliar os processos mentais
envolvidos na compreensão do mundo e o modelo de aprendizado descrito por suas ideias desenvolveu um salto
para a psicologia quando descreve a zona de desenvolvimento proximal, para ele uma das etapas de aprendizagem
mais importantes.
Para Vygotsky o professor é um mediador entre a criança e o mundo e o ajuda a interagir com os outros e
consigo mesma pata atingir o melhor de si mesmo, ou seja, o seu potencial.
A videoaula apresenta três concepções sobre o desenvolvimento da criança (inatista, ambientalista e interacionista)
que têm influenciado a prática dos(as) educadores(as), e problematiza essas influências nas práticas pedagógicas.
Com o autor Loris Malaguzzi aprendemos que as crianças são sujeitos competentes, sujeitos que pensam,
sujeitos que têm expectativas, desejos, motivações.
Pedagogia da infância
As crianças precisam ser incentivadas, na educação infantil, a se expressar por meio de várias linguagens.
Criança
expressivas
criativas
emocionais estéticas intelectuais
Produção de cultura
O que é o cotidiano de uma instituição de educação infantil? Precisa oferecer para as crianças muitas
oportunidades para que elas possam imaginar, subir, descer, prensar, criar, recriar, montar, remontar...
A criança aprende porque experimenta.
Concepção Inatista
A concepção inatista acredita que a criança já nasce com os elementos que ela vai carregar ao longo de sua vida,
ou seja:
Determinadas por fatores biológicos que se encontrariam prontos ao nascer.
Ser humano nasce com dons que vão florescer no decorrer da vida.
Professor: o que espera/ favorecer o desabrochar. O professor contribui para que esses dons desabrochem.
Infância: é o vir a ser, insuficiente e incompleta. É como se a criança ainda estivesse incompleta.
Um exemplo é o:
Froebel: uma pedagogia do brincar para a infância (1782-1852)
Concepção ambientalista
É como se a criança nascesse como uma página em branco e o ambiente é que cria todas as marcas na
criança. Antigamente não se dizia papel em branco e sim tábula rasa
O meio tem preponderância sobre o sujeito
Sujeito: tábula rasa
Todo o conhecimento começaria na experiência sensorial
O conhecimento está no mundo, nas coisas
Professor: o que estimula precocemente; o que corrige/favorece o desabrochar
Infância: é o vir a ser, insuficiente e incompleta que com o tempo, com o meio se torna uma pessoa.
Concepção interacionista
É como se fosse um complemento das concepções anteriores, mas predomina o fator social.
Os fatores biológico e social são indissociáveis e se influenciam mutuamente.
O sujeito modifica o mundo e é modificado por ele.
Instituição importante para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Conhecimento é um processo de construção lenta e gradual.
Professor: é aquele que conhece as teorias, conhece as crianças, planeja situações de aprendizagem.
Infância: é um rico período de aprendizagem.
Um exemplo é o:
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934)
Ele tem uma frase muito famosa onde diz que ‘nós não nascemos homens, nós nos
formamos homens’. É ao longo do tempo que nós nos constituímos como homens.
Aprofundando o tema
Visando aprofundar seus conhecimentos, você poderá acessar o material de apoio disponibilizado.
Começamos com a indicação de uma Bibliografia de Apoio que lhe será muito útil não apenas nesta disciplina,
mas em sua formação e prática profissional.
Texto de apoio - Bibliografia de apoio à disciplina
Veja, a seguir, um artigo científico sobre a articulação entre os impasses na escolarização das crianças e
as contribuições acerca das culturas infantis, familiares e escolares na atualidade.
Texto de apoio - Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a
escolarização no entretecer destas culturas | BARBOSA, M. C. S. (Links para um site externo)Links para um site
externo
Outra sugestão é o texto Infâncias nas vozes das crianças: culturas infantis, trabalho e resistência, em que
a autora Fernanda Müller apresenta uma pesquisa realizada em uma turma de Educação Infantil, na cidade de
São Leopoldo (RS) – a Turma de Pré. As categorias culturas infantis, trabalho e resistência foram trazidas e
problematizadas a partir das vozes das crianças.
Texto de apoio - Infâncias nas vozes das crianças: culturas infantis, trabalho e resistência | MÜLLER,
F. (Links para um site externo)Links para um site externo
Após estudar os materiais disponíveis, retome a situação-problema.
26/10/2019
Situação-problema
Este módulo pretende dar a você a oportunidade de aprofundar a compreensão sobre o processo de
construção de conhecimentos como algo que ocorre ao longo de toda a vida e que é constituído nas interações
sociais, sendo a brincadeira infantil um recurso privilegiado para a promoção do desenvolvimento da criança
pequena. Observe atentamente o quadro de Pieter Brueguel, Jogos Infantis, de 1560:
Introdução e objetivos
Neste módulo, você compreenderá que a construção de conhecimentos ocorre ao longo de toda a vida, mas
é constituída, sobretudo, nas interações sociais que, desde bebê, cada sujeito e seus diferentes parceiros
estabelecem nas múltiplas e variadas situações cotidianas.
Ao longo deste módulo, convidamos você a refletir sobre a importante função mediadora do(a) professor(a),
seu papel como incentivador, orientador, facilitador para o desenvolvimento da criança, e destacamos a brincadeira
infantil como um recurso privilegiado para promoção do desenvolvimento de bebês e de crianças pequenas.
Os objetivos do módulo 2 estão indicados a seguir:
1. Analisar a brincadeira como forma privilegiada da atividade infantil, destacando sua importância no
estabelecimento de laços de cooperação entre as crianças e seu papel no desenvolvimento da imaginação
e da criatividade.
2. Refletir sobre como a criança constrói sua autonomia a partir das interações com seus parceiros, adultos
ou crianças.
3. Compreender o brincar como forma de se expressar, comunicar, experimentar e interagir das crianças com
o seu próprio corpo, com os outros e com os diversos objetos presentes no mundo.
4. Conhecer diversos tipos de brinquedos, brincadeiras e jogos, denominados de tradicionais, de construção,
de exercícios, de faz-de-conta e de regras.
5. Analisar as questões envolvidas na escolha e manutenção dos brinquedos e jogos.
Revisitando conhecimentos
Para ajudar na compreensão deste módulo, você deve ter conhecimentos sobre:
Teorias do brincar;
Brincar, brincadeira e brinquedo como construções culturais;
Metodologia de pesquisa com crianças.
Caso tenha dúvidas ou deseje revisar o que já estudou, consulte o link abaixo, relativo à disciplina
“Fundamentos da Educação Infantil I”:
Módulo 4 - O brinquedo e a brincadeira: ontem e hoje
Nesta videoaula, Claudia Panizzolo entrevista duas professoras acerca da importância do brincar no contexto da
Educação Infantil. Buscamos compreender o brincar como forma de se expressar, comunicar, experimentar e
interagir das crianças com o seu próprio corpo, com os outros e com os diversos objetos presentes no mundo.
Procuramos também destacar a importante função mediadora do(a) professor(a), e de seu papel como incentivador,
orientador e facilitador para o desenvolvimento da criança em situações de brincadeira infantil.
Entrevista com as professoras Célia Regina Serrão e Roberta Stangherlim
Aprofundando o tema
Visando aprofundar seus conhecimentos, você poderá acessar o material de apoio disponibilizado. Veja, a
seguir, um artigo científico que apresenta os brinquedos e materiais pedagógicos presentes em muitas escolas de
Educação Infantil e seus usos no cotidiano, além de como é feita a organização dos espaços e dos tempos na
rotina das instituições.
Texto de apoio - Brinquedos e materiais pedagógicos nas escolas infantis | KISHIMOTO, T. M.
O texto “O brincar na Educação Infantil”, de Maévi Anabel Nono, apresenta uma síntese sobre a
importância do brincar e da brincadeira, além de boas indicações bibliográficas.
Texto de apoio - O brincar na Educação Infantil | NONO, M.A.
O artigo de Tizuko Morchida Kishimoto apresenta reflexões sobre jogos, brinquedos e brincadeiras com
destaque em diferentes localidades no Brasil. Ao revisitar a História, a autora apresenta as especificidades
culturais dos jogos.
Texto de apoio - Jogos, brinquedos e brincadeiras do Brasil | KISHIMOTO, T. M.
A publicação “Brinquedos e brincadeiras de creches”, do MEC, é um excelente material que, à luz das
Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, oferece muitas boas ideias de brinquedos e brincadeiras
para crianças pequenas.
Texto de apoio - Brinquedos e brincadeiras de creches: manual de orientação pedagógica | BRASIL.
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
04/11/2019
Situação-problema
Para começar, convido você a responder às perguntas abaixo. Para isso, revisite o que já estudou no curso
de Pedagogia da Univesp.
O que é uma proposta pedagógica? Será que é o mesmo que currículo? Ou será que está relacionada a
projeto pedagógico ou projeto político-pedagógico? Existe diferença entre currículo, projeto pedagógico e projeto
político-pedagógico?
Introdução e objetivos
Você já ouviu falar em proposta pedagógica, projeto político-pedagógico, planejamento e currículo? Neste
módulo, ofereceremos alguns subsídios para que você saiba o que é uma proposta pedagógica. Também
apresentaremos normas e referências que podem subsidiar a sua elaboração e alguns elementos que devemos
considerar na organização desta proposta.
Para que você possa se organizar adequadamente para o cumprimento das atividades que compõem este
módulo, realize todas as leituras e as atividades na sequência proposta. Assim, além de aprender mais, pouco a
pouco você ganhará maior clareza acerca das temáticas.
Os objetivos do módulo 3 - “Proposta pedagógica: definição, elaboração, implementação e avaliação” estão
indicados a seguir:
1. Compreender o conceito de “proposta pedagógica” e os princípios que devem nortear sua elaboração,
implementação e avaliação;
2. Conhecer as normas e referências norteadoras da elaboração, implementação e avaliação nas creches e
pré-escolas, compreendendo a importância de articular esses fundamentos com os processos já
constituídos nas instituições;
3. Entender os elementos constitutivos necessários à organização e sistematização de propostas pedagógicas
de instituições de Educação Infantil.
Revisitando conhecimentos
Para ajudar na compreensão deste módulo, você deve ter conhecimentos sobre:
O que é Proposta Pedagógica, Projeto Político-Pedagógico e Currículo;
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI).
Caso tenha dúvidas ou deseje revisar o que já estudou, consulte a disciplina Processos Didáticos, e
também a disciplina Fundamentos da Educação Infantil I, especificamente o Módulo 2 - Educação Infantil
Brasileira: ordenamentos legais e políticas públicas, em que estudamos os documentos legais que norteiam a
Educação Infantil no nosso país.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil que estão em vigor hoje foram promulgadas
em 2009 e são uma revisão das Diretrizes Regulamentadas em 1998.
Esse documento reiterou a importância atribuída às creches e pré-escolas no sistema de ensino brasileiro
que já estava garantida na lei de diretrizes e bases de 1996.
A construção da identidade das creches e pré-escolas a partir do século IX, em nosso país, insere-se no
contexto da história das políticas de atendimento à infância, marcado por diferenciações em relação à classe social
das crianças. Enquanto para as mais pobres essa história foi caracterizada pela vinculação aos órgãos de
assistência social para as crianças das classes mais abastadas outro modelo se desenvolveu no diálogo com
práticas escolares.
Art. 8º, parágrafo 1º - As propostas pedagógicas das instituições de educação infantil deverão prever
condições para o trabalho coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos que asseguram a educação
em sua integralidade entendendo o cuidado como algo indissociável ao processo educativo
As escolas de educação infantil devem seguir as orientações e deliberações das Diretrizes.
A construção das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil foi aprovada em Dezembro de
2009.
Art.2 - As diretrizes curriculares Nacionais para a educação infantil articulam-se com as diretrizes
curriculares nacionais da educação básica e reúne princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela câmara
de educação básica do Conselho Nacional de Educação. Para orientar as Políticas Públicas na área e a elaboração,
planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas.
Art. 4 – As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do
planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que nas interações, relações e práticas cotidianas que
vivencia constrói sua identidade pessoal e coletiva. Brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa,
experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade produzindo cultura.
O currículo é um conjunto de práticas que nós vivemos junto com as crianças e que valoriza o saber da
criança.
Art. 9 – As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da educação infantil devem ter como
eixos norteadores as interações e a brincadeira garantindo experiências que:
1 - Promova experiência de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas,
corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da
criança.
2 – Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários
gêneros e formas de expressão gestual, verbal, plástica, dramática e musical.
3 – Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e
escrita e conviveu com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos.
4 – Recriêm em contextos significativos para as crianças relações quantitativas, medidas, formas e
orientações expaço-temporais.
5 – Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas.
6 – Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas
ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar.
7 – Possibilita em vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais que alargam seus
padrões de referências e de identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade.
8 - Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o
conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e a natureza.
9 – Promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música,
artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura.
10 – Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da
sustentabilidade da vida na terra assim como o não desperdício dos recursos naturais.
11 – Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais
brasileiras.
12 – Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas e outros
recursos tecnológicos .
É importante sabermos o seguinte: baseado em que se elabora uma proposta pedagógica? Existe um
ordenamento legal para nos orientar.
Então elaborar proposta é um dever do docente e deve ser elaborada por todos os docentes da instituição.
Elaboração
O processo de elaboração da Proposta Pedagógica deve levar em conta alguns aspectos essenciais para
a efetividade e a legitimidade da Proposta na instituição educativa.
Objetivo
Destinatário
Quem elabora
Tipo de documento
Princípios: Fundamentos que devem nortear o texto da Proposta Pedagógica.
Unidade
Sistematicidade
Consciência
Necessidade
Participação/ Envolvimento
Compromisso
Contextualização
Coerência
Dinamismo/ Provisoriedade
Elementos constituintes
Estrutura do texto final da Proposta Pedagógica.
História da instituição
História da Proposta Pedagógica
Contexto sociocultural da instituição
Concepções norteadoras
Finalidades e objetivos
Organização do trabalho: Diretrizes e concepções para as práticas pedagógicas cotidianas, formuladas
considerando-se a realidade da instituição.
Currículo
Tempos
Espaços
Materiais
Crianças
Metodologia de Trabalho
Instrumentos do professor
Professores e suas condições de trabalho
Relações com as famílias
Articulação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental
Documentos oficiais
A proposta pedagógica deve estar de acordo com o que preconizam as leis e diretrizes oficiais para a
Educação. No caso da Educação Infantil, devem ser consideradas especialmente a LDB, a BNCC e as DCNEI.
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação
BNCC - Base Nacional Comum Curricular
DCNEI - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Ed. Infantil
Você deve ter reparado que Proposta Pedagógica é, muitas vezes, sinônimo de Projeto Pedagógico ou
Projeto Político-pedagógico. Optamos pelo termo Proposta Pedagógica porque é a terminologia usada na maioria
dos documentos oficiais.
Em síntese
Neste módulo, estudamos que as instituições de Educação Infantil, mesmo que não tenham uma proposta
pedagógica sistematizada, possuem uma proposta em andamento.
Na proposta pedagógica, devem ser pensadas as práticas desenvolvidas na instituição, mas sempre
levando em consideração as normas e referências norteadoras que se encontram na LDB, nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e nas Regulamentações para a Educação Infantil dos Conselhos
Municipais ou Estaduais de Educação.
Vamos agora retomar a situação-problema inicial. Se compreendermos currículo da forma como era
entendido algum tempo atrás, não podemos dizer que se trata da mesma coisa: currículo era entendido como a
definição de conteúdos, objetivos, atividades e metodologias indicados para cada ano/série. Hoje, isso mudou, e
sabemos que a definição sobre “o que”, “para que”, “como” e “quando” ensinar necessariamente deve estar
relacionada com os aspectos que dizem respeito à organização, ao funcionamento e às articulações que viabilizam
a prática pedagógica numa instituição educativa. Assim, sendo uma construção histórica, a ideia de currículo se
transforma, constituindo-se num conceito mais abrangente, que pode ser definido atualmente como proposta
pedagógica.
Quanto aos termos projeto pedagógico ou projeto político-pedagógico, muitas vezes eles têm sido
utilizados como sinônimos de proposta pedagógica. Alguns preferem usar um termo, outros preferem usar outro –
não há consenso sobre uma denominação única. A opção adotada, neste módulo, é proposta pedagógica.
Escolhemos esse termo porque a maioria dos documentos oficiais usa essa denominação.
Procuramos ao longo das leituras, vídeos e atividades explicitar o que significa uma proposta pedagógica e
qual a sua importância para as práticas cotidianas que acontecem nas creches e pré-escolas.
Aprofundando o tema
Visando aprofundar seus conhecimentos, você poderá acessar o material de apoio disponibilizado. Veja, a
seguir, dois artigos científicos sobre o currículo na Educação Infantil.
Texto de apoio - O Currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas Diretrizes Nacionais? |
OLIVEIRA, Z. R. de. (Links para um site externo)Links para um site externo
Texto de apoio - Um currículo que pode emergir do diálogo entre crianças, famílias e docentes (p. 79-
106) | BARBOSA, M. C. S. (Links para um site externo)Links para um site externo
O texto da Professora Maria Carmem Silveira Barbosa apresenta resultados de pesquisa sobre os currículos
de vários municípios brasileiros.
Texto de apoio - Os resultados da avaliação de propostas curriculares para a Educação Infantil dos
municípios brasileiros | BARBOSA, M. C. S. (Links para um site externo)Links para um site externo (Links
para um site externo)Links para um site externo
E, para finalizar, é imperdível a leitura do texto abaixo sobre a prática pedagógica com bebês.
Texto de apoio - Especificidades da ação pedagógica com os bebês | BARBOSA, M. C. S. (Links para um
site externo)Links para um site externo
Exercício de apoio
O documento Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) define três conjuntos de princípios
(éticos, políticos e estéticos) que devem nortear as propostas pedagógicas das creches e pré-escolas. Agora, leia
atentamente as ações abaixo, indique os princípios envolvidos (pode ter mais de um princípio na ação) em
cada uma delas e justifique sua resposta.
3. Quando organizamos os livros infantis e brinquedos de modo que fiquem à disposição dos bebês e das crianças
em cestos e prateleiras sempre à sua altura, qual(is) princípio(s) está(ão) envolvido(s)? Justifique a resposta.
Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, às identidades e
singularidades.
Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade.
Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações
artísticas e culturais.
4. Quando possibilitamos que os bebês e as crianças pequenas tenham experiências diariamente nas áreas
externas, como parques, solários, quadras, jardins, qual(is) princípio(s) está(ão) envolvido(s)? Justifique a resposta.
Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às
diferentes culturas, identidades e singularidades.
Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações
artísticas e culturais.
5. Quando criamos, junto com as crianças, combinados para a organização do trabalho que devem ser cumpridos
por todos e chamamos a atenção delas para a importância do seu cumprimento, qual(is) princípio(s) está(ão)
envolvido(s)? Justifique a resposta.
Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, às identidades e
singularidades.
Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
Pergunta 1 2pts
Segundo a Base Nacional Comum Curricular para a etapa da Educação Infantil, quais são os direitos de
desenvolvimento e aprendizagem que devem ser assegurados a todas as crianças?:
Pergunta 2 2pts
Quais são os três grupos de faixas etárias definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a etapa da
Educação Infantil?:
Pergunta 3 2pts
O processo de elaboração da Proposta Pedagógica deve levar em conta alguns aspectos essenciais para a
efetividade e a legitimidade da proposta na instituição educativa. Quais são esses aspectos?
Pergunta 4 2pts
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, as práticas pedagógicas que compõem a
proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores:
Situação-problema
Este módulo pretende dar a você a oportunidade de aprofundar a compreensão sobre recursos muito
importantes para o nosso trabalho: o planejamento, a observação e o registro. Leia atentamente o excerto abaixo:
Rafael, Gabriel, Enzo e Cauã, numa mesa, brincam com seus dinossauros. Os dinossauros começam a
lutar entre si, manipulados pelas crianças. Rafael chora. Intervenho, converso com as crianças e a brincadeira
continua. Fico ali próxima a eles. Em poucos minutos, a mesma situação: os dinossauros voltam a brigar. Novamente
ajudo a resolver os conflitos. Proponho brincarmos com massinha e a turma aceita. Com a ajuda de palitos,
forminhas e outros materiais somados à massinha, tento fazer um dinossauro. As crianças gostam e, em seguida,
começam a modelar, criando seus dinossauros. Ficam muito envolvidas com a criação. Eu aproveito a oportunidade
e faço várias perguntas sobre os dinossauros. Quais os nomes? O que comem? Onde moram? Do que gostam? Do
que não gostam? Com este diálogo ficou evidente que valeria investirmos mais neste assunto. Dinossauros fazem
parte do universo de interesse e de conhecimento da turma, mas era preciso ampliar este conhecimento, trocar
pontos de vista, estudar mais, pesquisar mais.
Agora reflita: quem ocupa o centro desta atividade? De que tipo de planejamento se trata?
Introdução e objetivos
Neste módulo, vamos estudar recursos muito importantes para o nosso trabalho: o planejamento, a
observação e o registro. O planejamento é um recurso fundamental para a organização do espaço, do tempo, dos
materiais, das atividades, das estratégias de trabalho e das alterações que propomos no cotidiano, na interação
com as crianças. Quando planejamos, podemos garantir a presença de várias dimensões importantes do trabalho:
o tempo para falar, ouvir, brincar, ler histórias, desenhar, estar dentro das salas, no parque, no solário, na quadra,
nos tempos de comer, descansar, escutar as crianças e promover o contato com o conhecimento legitimado e a
cultura.
Mas atenção: o planejamento se retroalimenta das observações e registros que fazemos das crianças,
de suas hipóteses, criações, resoluções de conflitos, ações e interações, enfim, de suas conquistas, desafios e
avanços.
Os objetivos do módulo 4 - Organização do trabalho pedagógico: planejamento, observação e registro
são:
1. Compreender o conceito de planejamento e alguns princípios que devem nortear sua elaboração e
implementação;
2. Considerar a importância do planejamento para organizar momentos da rotina (o lanche, a entrada, o banho)
e o cotidiano das crianças que frequentam as instituições de Educação Infantil;
3. Conhecer diferentes tipos de planejamento e maneiras de organizar previamente as ações, tendo em vista
a intencionalidade educativa e a continuidade do trabalho pedagógico;
4. Reconhecer a observação e o registro como instrumentos de trabalho do professor, essenciais para a
qualificação da prática pedagógica.
Revisitando conhecimentos
Para ajudar na compreensão deste módulo, você deve ter conhecimentos sobre concepções de infância e
de criança:
Caso tenha dúvidas ou deseje revisar o que já estudou, consulte o Módulo 1 da disciplina Fundamentos
da Educação Infantil I, intitulado História da Educação da Infância.
Além disso, você pode também assistir ao vídeo abaixo:
A criança pequena está presente no documento Política Nacional de Educação Infantil, pelo direito das
crianças de 0 à 6 anos à Educação, publicado pelo Mec em 2006:
As formas de ver as crianças vêm, aos poucos, se modificando, e atualmente emerge uma nova concepção
de criança como criadora, capaz de estabelecer múltiplas relações, sujeito de direitos, um ser sócio-histórico,
produtor de cultura e nela inserido. (...). essa visão contribuiu para que fosse definida, também, uma nova função
para as ações desenvolvidas com as crianças, envolvendo dois aspectos indissociáveis: educar e cuidar.
Tendo essa função, o trabalho pedagógico visa atender às necessidades determinadas pela especificidade
da faixa etária, superando a visão adultocêntrica em que a criança é concebida apenas como um vir a ser e, portanto,
necessita ser “preparada para”.
Essa instituição se diferencia pela observação e escuta atenta dos professores que pensam seus
planejamentos a partir dos interesses, desejos e necessidades dos bebês e das crianças pequenas.
Na educação infantil as crianças fazem descobertas o tempo todo e está sempre querendo aprender.
As professoras trabalham com projetos.
O PEA é o projeto especial de ação, acontece na jornada do professor, então ele é o espaço que o professor
tem para participar da formação que acontece na escola, é pensar o seu fazer no próprio local de trabalho.
O ambiente tem que ser acolhedor, pra que a criança queira participar e se sentir confortável, onde possam
brincar com outras crianças ou sozinhas.
Esse centro educativo apresenta como objetivo em seu Projeto político pedagógico a vivência plena da
infância por meio da pedagogia de projetos, concebendo a criança como um ser capaz e protagonista de suas
ações. A autonomia das crianças, a livre escolha e o fim dos tempos de espera estão presentes no cotidiano. A
observação e escuta atenta das crianças e o registro do cotidiano alimentam o planejamento dos espaços e dos
materiais das brincadeiras.
Aprofundando o tema
Visando aprofundar seus conhecimentos, você poderá acessar o material de apoio. Veja, a seguir, um
artigo científico que discute a importância do planejamento tendo por centralidade a interação.
Texto de apoio - A interação adulto/crianças: foco central do planejamento na educação infantil | DIAS, J.;
BHERING, E.
O material abaixo, publicado pelo MEC, apresenta vários textos interessantes sobre currículo e
planejamento para crianças de 0 a 3 anos. Destacam-se, por exemplo, a discussão sobre o que pode aprender
uma criança de até três anos, como pensar currículo para bebês e crianças bem pequenas, orientações
curriculares e propostas pedagógicas, entre outros temas. Uma ótima indicação de leitura!
Texto de apoio - Educação de crianças em creches | BRASIL – MEC - Secretaria de Educação a Distância
O próximo texto discute o registro como organização do trabalho pedagógico.
Texto de apoio - Registros pedagógicos de professoras da Educação Infantil | MACHADO, I. M. C.
No relato sobre as crianças e os dinossauros apresentado no início do módulo, as crianças ocupam o centro
da atividade, sob o olhar e a escuta atentos do(a) professor(a). Com relação ao tipo de planejamento, encontramos
indícios de que a professora busca mergulhar na aventura das crianças. O planejamento indica o foco na linguagem,
nas formas de expressão e na leitura do mundo que nos rodeia e que nos causa espanto e paixão por desvendá-lo,
formulando perguntas e convivendo com a dúvida.
Estudamos que, no entanto, nem todos planejam assim. Há ainda presentes, em muitas instituições de
Educação Infantil, planejamentos baseados em listagens de atividades, marcados por sucessivas atividades
desconexas e sem princípios educativos claros, em que as crianças são tomadas por sujeitos passivos à espera da
ocupação de seu tempo.
Outra modalidade de planejamento é o direcionado pelas datas comemorativas. A programação é
organizada considerando algumas datas consideradas importantes do ponto de vista do adulto. Também aqui são
listadas várias atividades, só que desta vez voltadas às comemorações selecionadas, como, por exemplo, Carnaval,
Dia de Tiradentes, Descobrimento do Brasil, Dia do Índio, Páscoa, Dia do Trabalho, Dia das Mães etc.
Há ainda outros tipos de planejamento, como o baseado em aspectos físico-motor, afetivo, social e cognitivo
do desenvolvimento das crianças, que via de regra são consideradas sujeitos universais e abstratos, comportando-
se todos dentro de padrões tidos como normais e aceitáveis, desconsiderando assim as singularidades e
especificidades; e o baseado em temas (tema integrador, tema gerador, centros de interesse, unidades de
experiência), que coloca no centro a temática a ser estudada, e não as crianças.
Por fim, o planejamento provavelmente mais frequente atualmente é o planejamento baseado em conteúdos
organizados por áreas de conhecimento, como linguagem oral e escrita, raciocínio lógico-matemático, natureza e
sociedade, corpo e movimento, que traz para a Educação Infantil a lógica e estrutura do Ensino Fundamental,
separando os saberes em áreas, compartimentalizando a construção de conhecimento e ignorando a existência dos
bebês.
Exercício de apoio
Leia o relato das experiências de duas professoras que trabalham na mesma instituição.
Cena 1
Bruna é professora de um grupo de 25 crianças de 4 anos. Quando chegam à escola, as crianças sentam
na quadra e ficam esperando todos os outros amigos chegarem para que possam entrar na sala juntos, de forma
organizada. Na sala, ao iniciar a rotina, fazem uma roda, em que cada criança fala por sua vez, uma após a outra.
Em seguida, a professora faz a chamada, pedindo que cada criança coloque o seu nome no quadro de feltro.
Depois, convida uma criança para preencher a “janelinha do tempo”, perguntando se chove ou faz sol lá fora,
completando o dia da semana e o dia do mês. Como é semana da páscoa, em seguida a professora entrega um
desenho mimeografado com coelhos e ovos. Enquanto as crianças pintam, a professora está à sua mesa,
preenchendo a caderneta de frequência.
Saem da sala, fazem a higiene das mãos e vão para o lanche. As crianças fazem uma fila e vão para o
refeitório. Ao chegar, cantam a música “meu lanchinho vou comer...”. O cardápio é pão com salsicha e banana. A
professora serve um lanche e uma banana para cada criança. Depois do lanche, as crianças vão escovar os dentes,
e depois vão ao parque.
Enquanto brincam, a professora fica cuidando para que não se machuquem.
Depois, voltam para a sala e Bruna conta uma história e pede para que façam um desenho da história. Após
o término, entrega massinha e depois de trinta minutos cada um pega a sua mochila e vai embora. Fim do dia!
Cena 2
Juliana trabalha na mesma escola de Bruna e também com um grupo de 25 crianças de 4 anos. Quando
chegam, as crianças penduram a mochila nos ganchos do corredor e podem entrar na sala. Juliana organiza a cada
semana diferentes materiais em cantinhos da sala para que as crianças possam explorar nesse momento. Os
cantinhos são organizados, por exemplo, com livros; outro com maquiagem, espelho, escovas, secador (salão de
cabeleireiro); outro com diferentes papéis, pincéis, canetinhas, tintas; outro com muita sucata, tesouras, colas; outro
com baralho, papéis e lápis; e um último com muitos brinquedos para construção.
Também no corredor (para aproveitar o espaço que é pequeno na sala), ela colocou uma prateleira com
alguns jogos de percursos e de regras que podem ser usados nesses momentos. As crianças se distribuem
livremente nessas atividades até que todas cheguem. Então, ela faz uma roda, em que cada uma conta sobre o que
fez em casa. Juliana incentiva para que todos participem, mas não é obrigatório falar todos os dias. Em seguida,
ainda na roda, ela lembra às crianças o que tinham combinado para terminar naquele dia: a confecção de brinquedos
com sucata, fruto de uma pesquisa que fizeram juntos sobre construção de brinquedos. Assim estão há vários dias
pesquisando, separando materiais, construindo e brincando com os brinquedos construídos.
Saem da sala, fazem a higiene das mãos e vão para o lanche. Na hora do lanche, foram juntas para o
refeitório (a regra é ninguém se separar, mas não precisa fazer fila). Juliana diz o que tem de lanche e serve uma
bandeja, para que cada criança se sirva, se assim o desejar.
Depois do lanche, as crianças vão escovar os dentes e depois vão ao parque. Juliana leva giz de lousa para
fazer amarelinha no chão, além de papéis e canetinhas. As crianças podem escolher onde e com o que desejam
brincar. Juliana brinca junto.
Depois, voltam para a sala. Uma história é contada por uma das crianças; eles fazem combinações para o
dia seguinte, cada um pega a sua mochila e vai embora. Fim do dia!
Como você provavelmente constatou, há distinções nos trabalhos das duas professoras. Valendo-se do que
estudamos neste módulo, responda:
3. O planejamento da professora Juliana busca garantir qualidade para as práticas cotidianas. Por quê? Explique.
Na cena 2, o planejamento serve para garantir a qualidade de vida e o calor do encontro entre as crianças e delas
com os adultos, mesmo numa sala apertada. Esta cena mostra a possibilidade que as crianças têm de escolherem
atividades, pesquisarem e criarem brinquedos com sucata, tendo suas ações, ideias e expressões valorizadas. Isto
faz com que as experiências sejam significativas, alegres e ricas. A professora Juliana usa o planejamento para
diversificar as propostas por meio de cantinhos, oferecendo opção de escolha para as crianças e buscando
alternativas para a falta de espaço. Há respeito pelas singularidades das crianças
Pergunta 1 2pts
Segundo Ostetto, no texto “Planejamento na Educação Infantil” (Semana 4), a que se relaciona a preocupação
crescente com o planejamento na Educação Infantil?
À questão da Educação Infantil ganhar o estatuto de direito da criança, sendo necessário um trabalho de
qualidade.
À cobrança dos pais e das Secretarias de Ensino.
A questões econômicas e políticas que asseguram às mães trabalhadoras um local de cuidados básicos para os
seus filhos.
À formação continuada de professores da Educação Infantil.
Pergunta 2 2pts
Quando falamos em Planejamento na Educação Infantil, o que é considerado mais importante?
Pergunta 3 2pts
Entre os tipos de planejamento citados no texto-base “Planejamento na Educação Infantil” (Semana 4), qual pode
ser considerado um dos mais rudimentares?
Pergunta 5 2pts
Qual é a principal característica do planejamento baseado em temas?
O tema deve refletir a teoria adotada e defendida pelo educador.
Os temas devem ter relação direta com os desejos e valores das famílias.
O tema é o desencadeador ou gerador das atividades a serem desenvolvidas com as crianças.
O tema deve ser sempre definido pelas crianças, sendo o papel do professor apenas o de facilitador.
Em síntese
17/11/2019
Situação-problema
Para começar, leia o relato abaixo e responda às duas questões.
Após tomarem uma caneca de leite com chocolate, as 25 crianças de 3 anos vão para sua sala com a
professora, que lhes oferece um saco plástico grande com brinquedos. As crianças despejam no chão e procuram
os brinquedos: três bonecas sem roupas, sendo que uma não tem perna e uma está sem um olho; dois caminhões,
faltando uma roda em cada um; um cachorro de tecido; um urso de pelúcia; alguns pratinhos; dez potes plásticos,
alguns com e outros sem tampas. Disputam os brinquedos. Choram e se queixam. Depois de 40 minutos, a
professora pega um livro que está guardado no alto de seu armário e chama as crianças para uma roda de história.
Alguns não querem parar a brincadeira, mas a professora insiste. Na sequência, ela lê a história, sem mostrar as
ilustrações. Algumas crianças não se interessam, outras pouco a pouco começam a se dispersar e começam a
conversar com os colegas ou brincar com seu próprio corpo e com sua roupa.
a. Os materiais oferecidos às crianças eram em quantidade suficiente?
b. As atividades propostas às crianças eram desafiadoras? As crianças participaram com entusiasmo?
Introdução e objetivos
Neste módulo, abordaremos um tema muito importante para o cotidiano da Educação Infantil: ambiente,
espaços e materiais como facilitadores da aprendizagem. Esta importância se deve ao fato de o ambiente promover
ou inibir o desenvolvimento infantil.
Esperamos tornar explícitas algumas ideias e conceitos fundamentais na discussão desta temática, pensando em
espaços internos e externos da instituição, na oferta de materiais e nas mediações que nós adultos fazemos.
Revisitando conhecimentos
Para ajudar na compreensão deste módulo, você deve ter conhecimentos sobre:
Concepções de infância e de criança;
Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil;
Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (vol. 1 e vol. 2).
Caso tenha dúvidas ou deseje revisar o que já estudou, consulte o Módulo 1 da disciplina Fundamentos da
Educação Infantil I, intitulado História da Educação da Infância.
Vídeo – Revisitando conhecimento: Organização do espaço e do tempo – Legislação, pesquisas e práticas
O espaço interfere diretamente na aprendizagem das crianças, inclusive ele é entendido em algumas
experiências educacionais como Educador porque ele desafia e instiga as crianças a exploração.
Na escola do vídeo todos os cantos são utilizados para estimular o aprendizado e as relações sociais da
criança.
A ação exploradora das crianças se dá na relação da criança com a vida o tempo todo.
Em 2006 o MEC criou os parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de Educação Infantil, o
documento mostra como deve ser cada espaço da escola, dividido por idade.
Numa turma de uma escola em São Caetano, a criança é estimulada pela diversidade do espaço, cantos
com diferentes propostas despertam a autonomia e a criatividade.
Tanto o espaço externo quanto o interno, devem conter ambientes com focos de interesses. O espaço
organiza não apenas os movimentos, mas também organiza as ideias, as intenções, os interesses das crianças.
As atividades da escola respeitam uma rotina relacionada com o tempo um conceito que está presente no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Organização do tempo
A rotina representa também a estrutura sobre a qual será organizado um tempo didático, ou seja, um tempo
de trabalho educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações
de aprendizagem orientadas. Apresentação de novos conteúdos às crianças requer sempre as mais diferentes
estruturas didáticas desde contar uma nova história, propor uma técnica diferente de desenho, até situações mais
elaboradas como por exemplo o desenvolvimento de um projeto, que requer um planejamento cuidadoso com
encandeamento de ações que visam a desenvolver aprendizagens especificas.
O tempo organiza os espaços, organiza as crianças internamente. Perceber que depois da roda brinca lá
fora, aí lancha, desenvolve outra brincadeira, a mãe chega... quando ela começa a se dar conta desse tempo que
se repete, ela começa a ganhar segurança naquele espaço.
“A oferta de materiais bem organizados, variados e acessíveis mas que se tornam de fato eficazes de acordo
com a modalidade com que o adulto lhe promove” (BONDIOLI,2002, p. 241-2)
“O espaço da escola, portanto, é: lugar amigo, gostoso, rico; emotivamente intenso; acolhedor para as
crianças e para os adultos; organizado com as crianças; compartilhado na arrumação dos materiais; legível;
facilmente desfrutável; tranquilo, modular com a organização de salas de referência afetiva” (LIVRAGHI, 2003, p.
109)
O espaço evolui acompanhando o crescimento das crianças, sinalizando a transição de um nível de idade
para outro, promovendo consciência do que era, do que se sabia, do que se fazia, portanto documentar é
fundamental.
A boa coordenação dos ambientes com relação à amplitude, decoração, disponibilidade de materiais indica
a boa gestão social do grupo de crianças.
O material está à disposição das crianças para um uso espontâneo, ainda que ditado por regras
O espaço ganha identidade, personaliza-se, por meio de uma pluralidade de propostas que serão mais
significativas quanto mais forem coerentes entre si e compreensível para as crianças e pais.
Espaços
Identidade Pessoal:
Quem sou eu?
Lembranças
Experiências vividas
Ligações afetivas
Desenvolvimento de Competência: espaço que deve ser planejado para satisfazer as necessidades das
crianças.
Espaços:
Sensação de segurança e confiança
Variar:
Núcleo do solo – altura do teto – iluminação – cores
1) Manipular objetos
Brincar com objetos para caixa de areia (baldes, pás, formas), blocos de formas e tamanhos diferentes,
bolas.
2) Imitar outros seres ou pessoas
Brincar com fantasias, animais de pelúcia, fantoches, quebra-cabeças simples, jogos de construção com
peças grandes.
3) Brincar de faz-de-conta
Brincar com bonecas-bebê com corpo macio e diferentes identidades étnicas e raciais, roupas fáceis de tirar
e por, mamadeiras, cobertor e lençol de boneca, cama, berço e carrinho; embalagens vazias de alimentos.
4) Dançar, pintar, desenhar e construir outras formas de expressão lúdica
Explorar tinta, papéis diversos, lápis, cadernos, adesivos, agendas, calendários, caixas de papelão, gesso,
argila, tubos, tecidos.
Resumo: Este artigo objetivou verificar de que forma os espaços e sua organização na escola podem contribuir
para o desenvolvimento e a aprendizagem de bebês, apresentando estudos, pesquisas e vivências realizados a
partir do Estágio Supervisionado na Educação Infantil I do Curso de Pedagogia do Centro Universitário UNIVATES.
A prática docente foi desenvolvida em uma turma de bebês de 0 a 1 ano, numa Escola da Rede Privada do município
de Teutônia/RS, no mês de outubro de 2013. Foram utilizados como referenciais teóricos autores como: HORN
(2004), SCHIAVO e RIBÓ (2007) e JANESCH (2013), a fim de contribuir para que os profissionais da educação
percebam que a organização dos espaços da escola de Educação Infantil, principalmente o da sala de aula, contribui
para que os bebês desenvolvam sua curiosidade, exploração, estimulação dos sentidos, protagonismo e segurança.
Constatou-se que é possível pensar de outros modos a organização dos espaços escolares para os bebês.
Palavras-chave: Espaços escolares. Desenvolvimento infantil. Bebês.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta experiências e estudos, a partir da localização do Estágio Supervisionado na
Educação Infantil I do curso de Pedagogia do Centro Universitário UNIVATES/Lajeado/RS, realizado em uma turma
de Berçário (4 meses a 1 ano), numa Escola da Rede Privada do município de Teutônia/RS. Tem como inquietação
o fato de que muitas escolas de educação infantil ainda realizam um trabalho assistencialista, não sendo
proporcionados momentos planejados e dirigidos pela maioria dos professores, na medida em que eles voltam suas
práticas ao cuidar - alimentação, higiene e descanso. Esse contexto motivou esta pesquisa na tentativa de investigar
de que forma é possível organizar o espaço escolar, visando a ampliar e a promover estímulos aos bebês, primando
pelas suas interações, aprendizagem e desenvolvimento.
Tendo em vista essa inquietação, buscamos referenciais teóricos que auxiliassem a responder a questão.
Também realizamos observações e práticas na turma do Berçário para analisar o trabalho desenvolvido pelas
professoras da turma, para experiência atividades pedagógicas de exploração e estímulos e para compreender
como o espaço pode se tornar um agente educativo aos bebês.
A partir das observações realizadas na turma Berçário I, foi possível perceber que a rotina do turno da tarde
proporciona poucos momentos de estimulação para e com os bebês, uma vez que os professores estão
constantemente envolvidos com o cuidar. A rotina observada (13h às 17h) consiste em: hora da soneca, alimentação
e troca, brincadeiras, janta, troca de fralda, hora da soneca. Foram poucos os momentos em que as professoras
estavam “livres” de seus afazeres assistencialistas, como alimentar, trocar a roupa e a fralda, organizar a sala, entre
outros, para brincar, estimular e potencializar os interesses e as necessidades dos bebês.
A sala de aula da turma observada (Berçário I) é composta por onze berços, dispostos ao redor da sala,
encostados na parede; dois cercadinhos e uma espuma redonda aonde são guardados os brinquedos; dois balanços
de plástico; um trocador, onde são feitas as trocas de roupa e fralda e onde são guardadas as mochilas dos bebês,
penduradas em ganchos na parede; um ambiente, dividido por um cercado, onde é feita a preparação dos alimentos,
a alimentação dos bebês, onde são guardados os babys (balanço de pano) e onde há uma televisão e um rádio.
Percebeu-se que a sala de aula é pouco utilizada para estimular a aprendizagem e o desenvolvimento dos
bebês, sendo esta desprovida de recursos visuais, sonoros e olfativos que possibilitem que os bebês interajam e
desenvolvam suas capacidades.
Segundo Schiavo e Ribó (2007), é nos primeiros seis anos de vida que a criança deve ser mais estimulada
para que desenvolva seus diferentes sentidos, se torne ativa, autônoma, segura, entre outros.
A oportunidade de a criança ser estimulada tem uma fase específica ou momento no seu
desenvolvimento e ela é essencial de zero a seis anos, enquanto seu cérebro ainda está cheio
de janelas abertas, prontas para os conhecimentos e informações. A falta dos estímulos ou
estímulos inadequados, nesta fase, pode trazer prejuízos e perda de experiências e
oportunidades. O trabalho integrado dos estímulos afetivos, físicos, cognitivos e sensoriais, e a
interação de todos com o meio social é o que dá os instrumentos necessários à criança para a
formação da sua personalidade e para a construção do conhecimento; quando estimulada, a
criança é mais ativa; dinâmica; realiza melhor as atividades propostas; é mais segura; tem uma
boa socialização; é autônoma e tem personalidade (SCHIAVO; RIBÓ, 2007, p.8).
Os bebês conhecem o mundo a partir dos sentidos. Por isso, tudo o que há no contexto escolar deve
proporcionar um ambiente iluminado, aconchegante, estimulante, como, por exemplo: a cor das paredes, os objetos
disponíveis, os sons, os aromas, entre outros. Portanto,
Os primeiros anos da infância são primordiais para que a criança esteja em um ambiente
estimulador, prazeroso e lúdico, com oportunidades para desenvolver seus sentidos e
habilidades. Quanto mais ela participa das experiências físicas, afetivas e sociais, maiores serão
o enriquecimento e o desenvolvimento de sua inteligência (SCHIAVO; RIBÓ, 2007, p.4).
A sala de aula deve possuir espaços desafiadores para que os bebês possam explorar e vivenciar diferentes
sensações. Ao longo da nossa prática no Estágio Supervisionado na Educação Infantil I, procuramos disponibilizar
aos bebês diferentes recursos: pano com texturas anexado a um berço, possuindo diferentes sensações de texturas,
como: liso, áspero, macio, duro, e por meio do tapete das sensações contendo espelho, velcro, argolas, sementes,
botões costurados com barbante ou elástico.
Outra situação de aprendizagem desenvolvida que proporcionou diferentes sensações e desafios foram as
caixas personalizadas. Elas, foram cortadas em algumas faces, em formatos de círculo, quadrado, triângulo e
retângulo, por onde as crianças podiam espiar, entrar e sair, e contendo diferentes materiais, como: lixa, feltro, cd,
papel celofane, E.V.A, chocalhos, potes com diferentes cheiros, espelho, cones, objetos para serem anexados com
velcro e imã, buzina, entre outros.
Durante a exploração desses materiais foi possível perceber que os bebês manipulavam todos os recursos
oferecidos de forma curiosa, colocando-os na boca, puxando, sacudindo, abrindo, fechando, entre outros,
construindo novas aprendizagens, aprimorando seus sentidos, vivenciando diferentes desafios e experiências de
sons, sabores, aromas, cores e texturas.
A forma com que organizamos o espaço interfere de forma significativa nas aprendizagens
infantis. Isto é, quanto mais este espaço for desafiador e promover atividades conjuntas, quanto
mais permitir que as crianças se descentrem da figura do adulto, mais fortemente se constituirá
como parte integrante da ação pedagógica (HORN, 2004, p.20).
Um ambiente estimulador possui diferentes recursos que permitem que a criança se descentre da figura do
educador, ou seja, que não precise da presença próxima do adulto o tempo todo. Quando isso ocorre, o espaço se
torna um grande aliado, onde as crianças se sentem seguras para explorá-lo, mesmo sem as intervenções
constantes do adulto. Nesse sentido Horn (2004) contribui destacando que:
Os pesquisadores constataram que, quanto mais aberta e indefinida a estrutura do espaço, maior
a concentração das crianças em torno do educador. Os diferentes cantos das salas de aula são
separados por estantes, prateleiras, móveis, possibilitando à criança visualizar a figura do adulto,
mas não precisar dele para realizar diferentes atividades. Nesse modo de organizar o espaço,
existe a possibilidade de as crianças se descentrarem da figura do adulto, de sentirem segurança
e confiança ao explorarem o ambiente, de terem oportunidades para contato social e momentos
de privacidade (HORN, 2004, p.33).
A partir das atividades desenvolvidas, foi possível constatar que o espaço organizado de forma educativa
auxilia o bebê a se descentralizar do educador, e, também, que o espaço rico em materiais com diferentes estímulos
diminui a agitação e o choro dos bebês. Sendo assim, é necessário estarmos atentos às possibilidades que permitam
que os bebês habitem verdadeiramente os espaços que lhe são destinados nos contextos escolares, espaços que
na maioria das vezes, não são adequados para que possam interagir de forma construtiva com o que lhes é
oferecido. Dal Prá (2011) afirma o seguinte sobre essa situação:
Se o espaço escolar não for o espaço estimulador, envolvente e que desperte o interesse das
crianças de alguma forma, elas tentarão demonstrar suas insatisfações. Essas insatisfações
podem ser expressas em seus comportamentos, na forma como se relacionam uns com os
outros e com a educadora. Já sabemos que a falta de atividades significativas, espaço e
brinquedos adequados para brincar gera ansiedade e agitação (DAL PRÁ, 2011 apud JANESCH,
2013, p.1).
Para evitar essa situação de choro e impaciência dos bebês, o espaço e a sua organização devem ser
convidativos para que a criança sinta-se motivada a interagir com o que é disposto a ela de forma segura e
autônoma.
É importante considerar que o modo de organizar os materiais e colocá-los em locais
‘convidativos e acolhedores’ no espaço da sala de aula incita as crianças à interação, motivando
o protagonismo infantil nas ações que se desenvolvem na sala de aula (HORN, 2004, p.85).
Foi possível constatar uma tranquilidade nos bebês durante as práticas de estágio, pois eles interagiam com
o ambiente de forma curiosa e permaneciam um longo tempo explorando o mesmo material, descentrando-se da
figura do professor e sentindo-se seguros quando esse se afastava, confirmando assim, que a organização dos
espaços influencia no comportamento e nas atitudes dos bebês. Horn (2004, p.36) evidencia que é preciso que o
ambiente de uma escola infantil seja “acolhedor, através das cores, dos objetos, dos aromas, da harmonia e da
calma que tudo isso transmitirá às crianças”. Por meio dos diferentes recursos oferecidos no espaço da sala de aula,
a partir das práticas do Estágio, como móbiles que vinham do teto ao chão com elástico, bambolê com tiras de TNT
pendurados, fotos anexadas aos berços, entre outros, observou-se que quanto mais recursos são oferecidos às
crianças para exploração mais elas interagem com o espaço. Segundo Horn (2004, p.19), “é fundamental a criança
ter um espaço povoado de objetos com os quais possa criar, imaginar, construir e, em especial, um espaço para
brincar”, e também que
A beleza do ambiente e o desafio dos objetos, por si só, deveriam estimular as crianças a agir. A
condição fundamental da organização desse ambiente deveria ser a harmonia, o colorido, a
disposição de móveis e de objetos que convidassem as crianças a interagirem, a brincarem e a
trabalharem (HORN, 2004, p.32).
Além de a sala de aula ser um espaço educativo, acolhedor e convidativo, é importante que os bebês
também vivenciem outros espaços, fora da sala de aula, como o solário e o pátio da escola. Durante as situações
de aprendizagem desenvolvidas, explorando outros ambientes, como: pátio, solário e pavilhão da escola, foi possível
perceber uma grande alegria e fascinação nas crianças ao vivenciarem situações pedagógicas fora da sala de aula,
onde estão habituadas a permanecer durante a maior parte do dia.
[...] Dar maior atenção às características sócio-físicas dos ambientes e às relações entre estes e
a criança, garantindo a ela oportunidades de contato com espaços variados, tanto construídos
pelo homem quanto naturais, é uma maneira de proporcionar à infância condições plenas de
desenvolvimento, gerando a consciência de si e do entorno que são provenientes da riqueza
experiencial ( ELALI, 2003 apud JANESCH, 2013, p. 4).
Uma das atividades desenvolvidas no solário da escola foi a exploração de dois túneis: túnel de tule e túnel
de papelão. Logo que esses materiais foram oferecidos aos bebês, eles, curiosos, foram explorá-los com muita
alegria, inicialmente observando os chocalhos pendurados no início e no decorrer dos túneis e, em seguida,
passando por eles sem dificuldade ou insegurança. Essa atividade foi tão interessante aos bebês que eles não
cansavam de passar e explorar os objetos pendurados nos túneis, como:
chocalhos, argolas, palitos de picolé de plástico, brinquedo de borracha, entre outros.
Outros espaços explorados foram o pavilhão e o pátio da escola. No pavilhão (espaço interno da escola,
amplo e coberto), que contém pula-pula, piscina de bolinha, escorregador, cavalinho e diversos brinquedos, os
bebês puderam brincar em um espaço mais amplo e vivenciar novas experiências, como pular (sentados, deitados
ou em pé com apoio) com auxílio de um adulto, escorregar, brincar com as bolinhas e explorar outros brinquedos,
com os quais não estavam habituados a brincar diariamente.
No pátio, os bebês puderam vivenciar a emoção de entrar em contato com bolhas de sabão e com o
gramado, vivência que os possibilitou tocar, sentir e experimentar esse universo. Durante essas situações pôde-se
perceber grande empolgação nos bebês, pois eles, constantemente, gargalhavam e soltavam gritos de alegria ao
tentarem pegar as bolhas que se aproximavam deles.
O vivenciar outros espaços para as crianças é algo muito significativo, pois elas são, muitas vezes, obrigadas
a permanecer dentro da sala de aula a maior parte do dia, sendo privadas do contato com a natureza, com outras
crianças, outros objetos e formas de brincar.
A organização dos espaços e dos materiais se constitui em um instrumento fundamental para a
prática educativa com crianças pequenas. Isso implica que, para cada trabalho realizado com as
crianças, deve-se planejar a forma mais adequada de organizar o mobiliário dentro da sala, assim
como introduzir materiais específicos para a montagem de ambientes novos, ligados aos projetos
em curso. Além disso, a aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa
e de outros espaços da instituição e fora dela. A pracinha, o supermercado, a feira, o circo, o
zoológico, a biblioteca, a padaria etc. são mais do que locais para simples passeio, podendo
enriquecer e potencializar as aprendizagens (BRASIL, 1998a, p.58).
O espaço é algo projetado, por isso ele pode ser modificado de acordo com as relações sociais vividas ali.
A sala de aula, por exemplo, pode ser transformada de tempos em tempos, proporcionando novas experiências,
explorações e aprendizagens aos que ali se encontram.
Criar um ambiente visual satisfatório não é uma tarefa que se faz uma só vez para sempre, mas
algo que precisa acontecer de forma continua. Da mesma forma que, em nossos lares, fazemos
constantemente pequenos ajustes e melhorias, mudando quadros de um aposento para outro,
mudando luminária ou uma planta, uma creche parecerá convidativa e bem-cuidada somente se
o mesmo tipo de processo acontecer. (GOLDSCHIED; JACKSON, 2006, p.35).
Para enriquecer os espaços pedagógicos da escola, com diferentes tipos de materiais, não é preciso um
grande investimento da escola para adquiri-los, pois não é necessário que haja brinquedos e instrumentos
sofisticados. A sucata é um recurso excelente que pode ser aproveitado para criar inúmeros brinquedos e que
também auxilia para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e, muitas vezes, se torna até mais atrativo
a elas do que os brinquedos comprados. Sendo assim,
O professor pode organizar o ambiente com materiais que propiciem a descoberta e exploração
do movimento. Materiais que rolem pelo chão, como cilindros e bolas de diversos tamanhos,
sugerem às crianças que se arrastem, engatinhem ou caminhem atrás deles ou ainda que rolem
sobre eles [...]. Túneis de pano sugerem às crianças que se abaixem e utilizem a força dos
músculos dos braços e das pernas para percorrer seu interior. Móbiles e outros penduricalhos
sugerem que as crianças exercitem a posição ereta, nas tentativas de erguer-se para tocá-los (
BRASIL, 1998b, p. 35).
Todas essas experiências foram proporcionadas durante a prática docente na escola, a partir de materiais
confeccionados com sucata, como: cilindros de rolo de papel higiênico, túnel de tule e de caixa de papelão com
penduricos, instrumentos musicais com latas e caixas e móbiles de diferentes materiais pendurados com elástico.
Podese observar que houve um avanço na motricidade de alguns bebês, pois eles ficavam curiosos com os materiais
oferecidos e tentavam arrastar-se, esticar e erguer-se para explorá-los.
Por meio do Estágio Supervisionado na Educação Infantil foi possível concluir que a forma com que o
ambiente da sala de aula está organizado é fundamental para enriquecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos
bebês. Nesse sentido, observou-se que a organização desse espaço influencia nas relações estabelecidas entre os
bebês, pois, quando o espaço está organizado de modo a estimular os bebês, as relações e interações entre criança-
criança se fortalecem, uma vez que não ficam tão dependentes do adulto.
Observou-se ainda a relevância dos espaços fora da sala de aula, na medida em que representam
possibilidades em que os bebês podem sair das “quatro paredes” para explorar outros ambientes, que geralmente
são destinados e explorados pelas crianças maiores. Esses momentos de saída da sala foram os mais animados,
pois se percebeu uma alegria enorme expressa pelos bebês. Também, a partir dos materiais oferecidos às crianças,
foi possível mostrar que as situações de aprendizagens proporcionadas a partir do contato com materiais
diversificados proveniente do descarte da sociedade, a sucata, fazem diferença muito significativa no
desenvolvimento das crianças.
A escola de Educação Infantil tem um papel fundamental em relação ao desenvolvimento integral das
crianças, complementando o papel da família, conforme previsto na LDB. Portanto, além de suprir as necessidades
básicas das crianças, em relação aos cuidados, é preciso que sejam realizadas atividades educativas que
proporcionem avanços, aprendizagens e novas experiências, tudo regado com muita brincadeira e ludicidade.
O espaço escolar tem muito a contribuir com esse papel, pois um ambiente adequado, acolhedor, estimulador e
educativo oferece possibilidades para que as crianças aprendam e se desenvolvam, não necessitando do professor
a cada instante, pois não é apenas o professor que ensina. Tal como aponta Fortunati (2009)
O ambiente, enfim, tem que também conseguir transmitir de imediato, a quem entra
ocasionalmente na escola de educação infantil, a imagem de uma situação organizada, calorosa
e acolhedora, em que rapidamente se detectam as marcas das experiências que as crianças e
os adultos compartilham em seu interior ( FORTUNATI, 2009, p. 66)
O ambiente pode representar a realidade vivenciada na escola, ou seja, a sala de aula das escolas de
Educação Infantil devem transparecer o trabalho desenvolvido ali, pois, segundo HORN (2004), é a partir do
ambiente escolar que percebemos a concepção pedagógica da escola.
As escolas de educação infantil têm na organização dos ambientes uma parte importante de sua
proposta pedagógica. Ela traduz as concepções de criança, de educação, de ensino e
aprendizagem, bem como uma visão de mundo e de ser humano do educador, que atua nesse
cenário. Portanto, qualquer professor tem, na realidade, uma concepção pedagógica explicitada
no modo como planeja suas aulas, na maneira como se relaciona com as crianças, na forma
como organiza seus espaços na sala de aula (HORN, 2004, p.61).
Os espaços educativos em que não são visíveis as experiências das crianças talvez não proporcionem
experiências significativas que valham a pena serem mostradas ou são pobres em situações de aprendizagem. A
escola precisa acreditar no potencial do seu espaço e transformá-lo em prol do desenvolvimento das crianças, que
permanecem nesse ambiente a maior parte do dia.
É importante dizer que a grande maioria das crianças pequenas que freqüentam esta instituição
passa nela, aproximadamente, doze horas diárias. O tempo de convívio com outras pessoas,
outros objetos, outros espaços e outros tempos torna-se muito reduzido. Este dado revela que o
tempo-espaço da creche exerce na vida da criança um papel fundamental e distinto dos demais
tempos e espaços (escola, família, rua, entre outros), exigindo que seja pensado, discutido e
refletido ( BATISTA, 2008 apud JANESCH, 2013, p. 3).
Sendo assim, a escola de Educação Infantil não é apenas um local seguro para deixar as crianças enquanto
os pais trabalham, ou seja, não é apenas um local que deve prestar serviços assistencialistas garantindo a saúde
das crianças, mas sim, deve ser um local onde a criança possa aprender e se desenvolver de forma integral, a partir
do convívio e das relações sociais estabelecidas entre as pessoas e com o ambiente.
Se acreditamos que a criança aprende em interação com outras crianças, em um meio que é
eminentemente social, como consequência, a forma como dispomos os móveis e os objetos na
sala de aula, assim como os relacionamentos que se estabelecem, serão fatores determinantes
no desenvolvimento infantil (HORN, 2004 , p. 98).
Por fim, cabe ressaltar que a escola de educação infantil, além de cuidar das crianças, deve ser um local
que lhes proporciona inúmeras vivências e aprendizagens, e que cabe aos profissionais refletirem sobre esse
aspecto no Projeto Pedagógico da escola. Para isso, um ótimo recurso a favor do professor são os espaços da
escola, que, se bem organizados, enriquecidos e estimulados, geram grandes aprendizagens e experiências aos
bebês.
Texto-base 2: A organização do espaço e suas relações com o brincar (Horn, M. da G. S. - Leia p. 40-49)
Qualquer educador pode vestir o chapéu de arquiteto quando tem a responsabilidade de criar um ambiente
favorável para a aprendizagem, com acesso a materiais e brinquedos. Na Educação Infantil, o espaço se converte
em parceiro pedagógico, é nele que se multiplicam ou se subtraem oportunidades para acolher o convívio, a
imaginação e o ser criança.
Essa citação nos remete à triste realidade das escolas brasileiras, incluídas nesse contexto a Educação
Infantil. O olhar que percebe as diferenças, que focaliza os enredos lúdicos construídos pelas crianças, muitas vezes
está distante de uma prática pedagógica que se pauta no prestar a atenção ao que se evidencia nas relações infantis
nos contextos da escola. Ilustrando essa afirmação, convido os leitores a imaginar a cena descrita por Ivany Ávila e
Maria Luiza Xavier, no livro Plano de Atenção à Infância:
Após o café da manhã, as crianças voltam para sua sala e são atendidas pela coordenadora da
creche. Procuram brinquedos dentro de um saco plástico. Os brinquedos são poucos e quebrados: um
caminhão de plástico sem rodas; um índio de borracha; um palhacinho de pano, objetos de plástico que
deviam fazer parte de jogos que já não existem. Os preferidos são os potes de margarina. Disputam os
potes. Querem os potes com a tampa. Choram, fazem queixas. A coordenadora chama as crianças para
fazerem uma roda. Nem todos participam, a princípio. Algumas não querem largar o pote de margarina.
Uma menina larga o pote num lugar escondido, antes de dar a mão para fazerem a roda. A roda movimenta
toda a turma numa mesma atividade. No final da brincadeira as crianças andam aos pulinhos com a mão
na cintura, imitando o que faz a coordenadora. Algumas ficam encabuladas e não participam dos pulinhos
mesmo quando convidadas. Esta foi a única brincadeira coletiva observada em três dias!
A realidade vivida por essas crianças aponta para algumas reflexões importantes. A primeira diz respeito à
ausência de brinquedos. Isso traz consequências imediatas como o choro delas por não terem com que interagir ou
a disputa pelo pouco que é oferecido. O fato da menina esconder o único pote que tinha tampa sugere que ele era
um objeto mais interessante, que permitia fazer algo mais, como tapar e destapar. E, também, escondê-lo era a
garantia de ter a oportunidade de voltar a brincar com o pote, evitando que outras crianças o fizessem. Outro
destaque refere-se às crianças serem “intimadas” a formar uma roda e imitar o gesto do adulto. Por se constituir
numa atividade descontextualizada, leva as crianças a se negarem a fazer essa imitação, a qual não está pautada
nos postulados de Vygotsky quando afirma que a imitação não é mera cópia de um modelo, mas uma reconstrução
individual daquilo que é observado nos outros.
Todas as crianças brincam, independentemente de suas condições econômicas, sociais, étnicas e culturais.
Essa afirmação me remete a uma cena observada num bairro bastante movimentado da cidade de Porto Alegre,
que certamente a ilustra. Em uma esquina, uma mulher comandava o estacionamento de carros. Próximo a ela
estavam três crianças de 4 a 6 anos, talvez seus filhos, brincando num terreno baldio que ainda guardava resquícios
de uma demolição. Alheias ao intenso movimento, e sem a presença próxima da mãe, elas haviam montado uma
“casinha”. A mesa era um caixote, as cadeiras, pedras grandes, as panelas e os pratos eram potes e vidros
recolhidos dos escombros, a comida era feita com folhas dos arbustos que resistiram ao “desmanche”. O
protagonismo dos pequenos impressionava pelo enredo rico de uma cena familiar e pelo envolvimento naquela
ação.
Além de desfrutar o prazer de simplesmente brincar, sabemos que, por meio desse ato, controlamos nossos
impulsos, dominamos angústias e, assimilando emoções, compreendemos o meio onde estamos. Com base nesse
entendimento podemos afirmar que a experiência lúdica exerce importante papel na construção da subjetividade.
Quando adultos, essas vivências carregam um senso de historicidade ao permitirem o reencontro com a própria
infância, o que possibilita viver o sentimento de não estarmos sós no mundo.
A importância do brincar
A brincadeira provê uma situação de transição entre a ação das crianças com objetos concretos e suas
ações com significados. Portanto, cercar as crianças de objetos, tanto no quadro familiar como no das coletividades
infantis (creches e pré-escolas), é inscrever o objeto, de um modo essencial, no processo de socialização e também
dirigir, em grande parte, a socialização para uma relação com o objeto. A contribuição de muitos autores sobre essa
temática nos auxilia na compreensão de sua importância bem como subsidia teoricamente nosso olhar acerca do
brincar infantil. O psicanalista Donald Woods Winnicott na obra O Brincar e a Realidade, afirma que o brincar é um
fator tão importante no desenvolvimento humano como o comer, o andar e o falar. Ao lado dele, na ótica da
pedagogia, Vygotsky afirma que no brinquedo cria-se uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo a criança
viver papéis que não desempenha no cotidiano. Ao se referir às situações do faz de conta, esse autor afirma que a
criança é levada a agir imaginando e se colocando em um outro patamar de experiências, permitindo a ela
estabelecer relações e, consequentemente, construir novos conhecimentos.
No contexto em que vivemos, em especial nas grandes cidades, o brincar já não faz parte da rotina de
muitas infâncias, que se aproximam cada vez mais da adultez. Se, por um lado, temos as crianças que desde cedo
trabalham duro para sobreviver, de outro temos aquelas com a agenda repleta de compromissos: aulas de balé,
inglês, judô, entre outras atividades. A esse panorama se agregam fatores como a falta de espaços e a insegurança
das ruas. Isso acarreta às creches e pré-escolas uma grande responsabilidade: elas são lugares que devem
possibilitar o brincar às crianças.
A priori é importante considerar que o brincar se constitui na principal atividade da criança e se explicita em
momentos de prazer, de imaginação. Segundo o Manual de Brincadeiras, obra destinada aos profissionais da
infância, publicado pela Coordenação de Educação Infantil do Ministério da Educação em 2012, brincar é repetir e
recriar ações prazerosas, expressar situações imaginárias e criativas, compartilhar brincadeiras com outras
pessoas, expressar sua individualidade e sua identidade, explorar a natureza, os objetos, comunicar-se e participar
da cultura lúdica para compreender seu universo. Portanto, é tarefa das instituições de Educação Infantil cumprir o
papel que lhes cabe para possibilitar às crianças a vivência lúdica em contextos qualificados e adequados.
Como a escola se apresenta nesse cenário? O que é importante propiciar para nossas crianças? Que
espaços de brincar são fundamentais para dar conta do vazio que vai se ampliando no desenvolvimento infantil?
Quais relações se deve fazer entre a organização dos espaços e a ludicidade?
Em primeiro lugar é essencial considerar que não basta disponibilizarmos brinquedos e materiais. O planejamento
para que as ações envolvidas no ato de brincar sejam qualificadas e relevantes deve ser criterioso e levar em
consideração vários fatores.
Na obra Só Brincar? O Papel do Brincar na Educação Infantil, Janet Moyles afirma que para brincar de modo
efetivo as crianças precisam de:
Companheiros de brincadeiras, espaços ou áreas, materiais e que o brincar seja valorizado pelas pessoas
que as cercam.
Oportunidades para brincar entre pares, em pequenos grupos, sozinhas, perto de outras pessoas, com
adultos.
Tempo para explorar, por meio da linguagem, aquilo que fizeram e como podem descrever a experiência.
Tempo para continuar o que iniciaram.
Experiências para ampliar e aprofundar aquilo que já sabem e aquilo que já podem fazer.
Estímulo e encorajamento para aprender mais.
Oportunidades lúdicas planejadas e espontâneas.
Quando nos referimos a esses fatores, certamente estamos pensando em situações e vivências do cotidiano
da Educação Infantil. Portanto, é de vital importância organizar espaços ludicamente desafiadores, permitindo às
crianças o tempo necessário às interações. Elas experimentarão os desafios que estão colocados por meio da
distribuição dos materiais nos espaços da instituição, pois não estamos aqui nos referindo somente à sala de
referência das crianças, mas aos pátios, aos corredores, às salas de atividades múltiplas.
O papel do educador nesse processo é fundamental, na medida em que observa e cria espaços instigantes,
acolhedores e propícios para aprender brincando e brincar para aprender. Com base nessa ideia, podemos entender
que a parceria dos espaços tem implicações diretas sobre o brincar. Portanto, quando organizarmos esses espaços,
é preciso considerar que:
As crianças aprendem por meio do brincar, constituindo-se este como a principal forma de aprendizagem
na primeira infância.
O brincar espontâneo é visto não somente como importante mas também como um componente essencial
do desenvolvimento social e intelectual da criança e de seu desenvolvimento criativo e pessoal.
As crianças precisam não apenas de tempo e espaço para brincar e praticar habilidades, elas precisam
também de educadores que as ajudem a aprender essas habilidades.
Via de regra, a escola brasileira tornou-se impessoal e indiferente às particularidades dos indivíduos.
Segundo Antônio Vinão Frago, na obra Currículo, Espaço e Subjetividade, todo educador tem de ser arquiteto. De
fato, ele sempre será responsável pelo espaço escolar, tanto se ele decidir modificá-lo, quanto se o deixar tal qual
está dado. O espaço não é neutro, sempre educa. Resulta daí o interesse pela análise conjunta de ambos os aspec-
tos – o espaço e a Educação –, a fim de se considerar suas implicações recíprocas.
Levando em consideração que o brincar é a ação mais inerente à infância, as Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil têm como eixos articuladores o brincar e o interagir. Certamente isso tem relação direta e
intrínseca com a organização dos espaços, pois ela poderá ser um convite ao brincar das crianças com outras
crianças, das crianças com objetos e materiais e das crianças com os adultos educadores.
Que características deverá ter essa organização?
Inicialmente apontamos para a necessidade de uma infraestrutura e de formas de funcionamento da
instituição que garantam ao espaço físico constituir-se como um ambiente que permita um bem-estar promovido
pela estética, pela boa conservação dos materiais, pela higiene, pela segurança e, principalmente, pela possibilidade
de as crianças brincarem e interagirem.
Nesse aspecto, é importante ressaltar que os espaços destinados às crianças de diferentes faixas etárias
não podem ser considerados como uma sala de aula na perspectiva tradicional, mas, sim, como um lugar de
referência. Isso implica pensar que nesse local a proposta não seja organizá-lo e gerenciá-lo para que “aulas”
aconteçam, mas, sim, para que experiências educativas possam ser vividas.
Os autores Gilles Brougère e Anne Lise Ulmann afirmam que aprender no cotidiano é construir com a ajuda
de encontros, atividades, observações, dificuldades e sucessos um repertório de práticas ao longo da vida, em razão
de novos encontros, atividades, migrações e viagens, inovações geradas pela sociedade e seus objetos.
Salas de referência
Os espaços são socialmente construídos, fruto das relações entre adultos e crianças, portanto pode-se
sugerir a construção deles nas salas de referência da instituição. Eles poderão ser: das artes, da construção, da
leitura e escrita, da casa, da música e do movimento, dos livros, da dramatização e dos brinquedos. Para cada uma
dessas áreas são indicados materiais específicos, assim como sua localização. Por exemplo, é recomendado que
a área da casa contemple vários ambientes para o faz de conta (quarto, sala, cozinha, canto da beleza, armário de
fantasias, garagem etc.) e esteja equipada com objetos que possam suscitar enredos de cozinhar, comer, dormir,
cuidar das bonecas, ir às compras, às festas, levar o bebê ao médico. Ao contrário dos ambientes definidos da área
da casa, a área da construção ou blocos requer espaços vazios para a edificação de estruturas que crescem, são
destruídas ou se transformam, e equipados de objetos como blocos grandes, veículos, animais, papelão, tecidos
etc. Estas áreas certamente promovem trocas e interações e, portanto, deverão estar localizadas próximas umas
da outras.
A área de livros requer um espaço aconchegante e confortável para acomodar a leitura, o reconto ou a
escuta e o manuseio de livros e revistas e a criação de histórias. Tapetes, almofadas, poltronas ou sofá, uma
diversidade de tipos de livros, assim como fantoches e recursos para escrever são sugeridos. A área de artes reúne
todos os tipos de materiais que dão suporte às atividades de desenho, pintura, modelagem e colagem, tais como
tintas, pincéis, rolos, papéis de diferentes texturas formas e tamanhos, lápis para colorir, barro, tesoura, cola,
elementos naturais como pedras, conchas, pedaços de madeira etc. Devem-se prever pontos de água para lavagem
de pincéis, piso fácil de limpar, aventais para uso da crianças, diferentes superfícies de trabalho, tais como mesas,
cavaletes e parede, locais para secagem e exposição das produções, como varal e mural.
Toda essa organização inclui pensar cuidadosamente na seleção e na disponibilização dos diferentes
brinquedos e materiais nesses espaços. Na obra Brinquedo e Cultura, Gilles Brougère afirma que a imitação lúdica
do real, longe de ser somente um destaque desse real, passa também pelo estímulo que é o brinquedo. Por exemplo,
as brincadeiras de maternagem diversificam-se conforme os acessórios propostos, assim, se colocarmos uma
banheira, o bebê poderá ser banhado.
Essa seleção, classificação e disponibilização dos brinquedos e materiais exige do professor um minucioso
trabalho de observação, de coleta e de pesquisa sobre o que e onde colocá-los. É preciso observar alguns critérios
tais como:
Atender as especificidades das diferentes faixas etárias (nem todos os brinquedos são adequados a todas
as idades).
Garantir um número suficiente de brinquedos e materiais (a quantidade de objetos e de materiais deverá
oferecer a possibilidade de uma interação individual e também a promoção de brincadeiras em grupo.
Selecionar brinquedos e materiais que respondam a ação das crianças de múltiplas formas (o material é
mais atraente e adequado quanto mais transformações sofrer frente à atuação da criança sobre ele).
Dotar os espaços de faz de conta com objetos que suscitem e ampliem os enredos imaginados pelas
crianças (quando colocamos uma maleta de médico no canto da casa, certamente “alguém” precisará de
cuidados médicos).
Se considerarmos alguns princípios para reger a organização dos espaços internos tais como criar ordem e
flexibilidade no ambiente físico, proporcionar conforto e segurança a crianças e adultos e oportunizar a interação
com as diferentes linguagens da criança – esses também são válidos para a organização dos espaços externos,
especialmente o pátio. Nele as crianças não precisam apenas correr, subir no escorregador ou no balanço. Podem
desejar estar sob uma sombra, brincar na casinha, deitar em uma rede e o entorno organizado deve oportunizar tais
ações.
É igualmente importante considerar a amplitude e a organização em diferentes áreas, como as de
repouso/movimento; segurança/aventura; imitação/criação; ficção/realidade, locais para privacidade e socialização,
bem como áreas com diferentes materiais naturais para o manuseio. Ao lado disso, é válido pensar em espaços
com uma variedade de pisos no chão, locais de sombra e de sol. Essa diversidade propiciará, tal como nos espaços
internos, a construção da autonomia moral e intelectual das crianças.
Ao pensarmos em organizar espaços que acolham e promovam o protagonismo infantil, a cultura de pares
e a “escola do fazer e do brincar”, os limites não devem ser as salas de referência. Na realidade, todas as dependên-
cias internas e externas das instituições de Educação Infantil educam e podem propiciar ricas e diversificadas
oportunidades para o brincar. Basta um olhar atento do educador para aprimorá-las e torná-las ainda mais
adequadas às vontades de movimento e ação, à curiosidade, às interações com adultos e objetos, ao convívio em
grupos e ao fruir da sempre fértil imaginação infantil.
Aprofundando o tema
Visando aprofundar seus conhecimentos, você poderá acessar o material de apoio. Nesta semana,
apresentamos três indicações bibliográficas do MEC muito importantes para você compreender mais e melhor este
tema.
Os textos abaixo não estão disponíveis on-line, mas podem ser encontrados em bibliotecas físicas ou livrarias.
Texto de apoio (impresso) - FORNEIRO, L. E. A organização dos espaços na educação infantil. In:
ZABALZA, M. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Texto de apoio (impresso) - BROUGÉRE, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1995.
Ao lermos esta citação, fica claro que o espaço é entendido em diferentes dimensões: a física, a funcional,
a temporal e a relacional, se configurando, portanto, como um elemento curricular. A partir desse entendimento, o
espaço nunca é neutro. Ele poderá ser muito estimulante ou, ao contrário, extremamente limitador de
aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais que estão postas, das linguagens que estão representadas.
O espaço deve proporcionar muitas oportunidades de interações entre as crianças e das crianças com os
adultos. O espaço não é, portanto, algo dado, natural, mas sim construído, ou melhor, uma construção social que
tem estreita relação com as atividades desempenhadas por pessoas nas instituições. Desta forma, é fundamental
que o professor favoreça a ação, a interação e a reação das crianças frente ao espaço, aos materiais, às brincadeiras
e às outras crianças.
Vamos agora retomar a situação-problema inicial. Os materiais oferecidos às crianças, além de não serem
em quantidade suficiente, parecem não respeitar o direito de as crianças brincarem, porque eram descuidados,
quebrados e com fragilidades estéticas. Pelo relato, parece que faltou a observação dos interesses das crianças,
do que gostavam mais, para efetivamente poder oferecer mais desses materiais. O relato também não destacou o
fundamental papel de mediador do professor.
Mas qual seria esse papel? O professor é quem seleciona os materiais, os oferece em quantidade suficiente
e com qualidade. Além disso, modifica o ambiente para criar o “clima” da brincadeira, e brinca junto, respeitando os
desejos e interesses das crianças. Por exemplo, poderia ter levado alguns tecidos e proposto a confecção de roupas;
ter criado condições para uma brincadeira de mecânico, em que os caminhões pudessem ser arrumados ou que se
brincasse com tal situação; ter fornecido materiais para um faz-de-conta de hospital ou de consultório médico, em
que as bonecas sem perna e sem olho pudessem ser consultadas, medicadas etc. Sem dúvida, isso teria tornado a
brincadeira muito mais interessante e desafiadora.
Pelo relato, parece que a contação de histórias também não despertou o interesse. Não convidou as
crianças a participarem, não despertou o interesse pelas ilustrações, e, dessa forma, pouco a pouco as crianças se
dispersaram, em busca de algo mais significativo.
Com este módulo procuramos, ao longo das leituras, vídeos e atividades, destacar a importância do modo
de organizar os materiais e colocá-los em locais “convidativos e acolhedores” no espaço da sala, que também pode
ter seus mobiliários rearranjados de modo a promover a interação das crianças, motivando-as a realizarem escolhas,
parcerias, explorações e aprendizagens. O excerto de Gilles Brougère nos auxilia a refletir sobre a importância de
pensarmos os espaços tendo em vista a criança e a interação como centrais em nosso planejamento:
A criança não brinca numa ilha deserta. Ela brinca com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas.
Ela brinca com o que tem à mão e com o que tem na cabeça. Os brinquedos orientam a brincadeira, trazem-lhe
matéria. Algumas pessoas são tentadas a dizer que eles a condicionam, mas então toda a brincadeira está
condicionada pelo meio ambiente. Só se pode brincar com o que se tem, e a criatividade, tal como a evocamos,
permite justamente ultrapassar esse ambiente, sempre particular e limitado. O(a) educador(a) pode, portanto,
construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. Não se tem certeza de que
a criança vá agir com esse material como desejaríamos, mas aumentamos assim as chances de que ela o faça
(BROUGÈRE, 1995, p. 105).
É muito importante que você perceba que a forma como são organizados os espaços da creche e da pré-escola
reflete o que se pensa a respeito de Educação Infantil, das crianças e dos processos de aprendizagem.
Exercício de apoio
Vamos planejar uma sala para crianças de 2 a 3 anos. É muito importante que você seja muito detalhista e
saiba justificar suas escolhas.
E nunca se esqueça: a criança ingressa na creche ou na pré-escola, cresce e vai embora, sua infância é
passageira, mas as marcas das vivências serão levadas talvez para a vida toda. Nosso dever como profissional é
garantir experiências de qualidade, de modo a respeitarmos os princípios éticos, estéticos e políticos da Educação
Infantil.
1. Elabore uma lista de 2 brinquedos (para cada item) que serão adquiridos ou confeccionados:
a. O favorecimento do conhecimento de si e do mundo;
Brinquedos que favoreçam:
Experiências com cores;
Experiências com sons;
Experiências corporais e afetivas;
Exploração e conhecimento do mundo.
Exemplos: brinquedos e materiais que favoreçam danças e músicas (cds, dvds), desenhos e grafismos (papéis,
giz, canetinhas, lápis etc.); recontar histórias (livros); expressão de poesias (livros), parlendas (livros), adivinhas
(livros), cantigas de roda (livros).
2. Escreva um texto de 10 linhas justificando a relevância desses brinquedos e materiais para esta turma de
crianças.
O espaço de uma instituição de Educação Infantil nunca é neutro. Ele poderá ser estimulante ou limitador
de aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais que estão postas, da oferta de materiais e brinquedos e
das linguagens que estão representadas.
Um espaço planejado e organizado com materiais e brinquedos adequados proporcionará interações entre
as crianças e delas com os adultos. À medida que o adulto, neste caso o parceiro mais experiente, alia-se a um
espaço que promova a descentralização de sua figura e que incentive as iniciativas infantis, abrem-se grandes
possibilidades de aprendizagens sem sua intermediação direta. O espaço não é, portanto, algo dado, natural, mas
sim, construído. Pode-se dizer que o espaço é uma construção social que tem estreita relação com as atividades
desempenhadas por pessoas nas instituições.
Para esta faixa etária, o jogo simbólico é muito importante. Em razão disso, o canto do faz-de-conta ou da
casinha é indispensável. A necessidade de se fantasiar e fazer teatro faz parte do processo de construção das
representações e simbolizações da criança nesta faixa etária, importante estrutura cognitiva. Pensar num espaço
onde se possa colocar um baú ou uma arara com roupas de homens, mulheres, fantasias, máscaras, acessórios e
espelho é uma alternativa interessante, que poderá ser “incrementada” por um camarim com espelho, pinturas,
perucas etc.
Esconder-se continua a ser a atividade favorita das crianças. Pensar em locais para ter momentos de
privacidade é fundamental em espaços prioritariamente coletivos, como é o caso dos espaços de Educação Infantil.
Montar barracas com panos e lençóis poderá ser uma alternativa para o atendimento dessa premissa.
Um ambiente alfabetizador é fundamental para as crianças de 3 a 6 anos, bem como alimentar sua fantasia.
A interação com diferentes portadores de texto pode ser conseguida por meio de um canto de biblioteca. O
aconchego e o convite a ler poderão ser oferecidos por um tapete gostoso, por almofadas coloridas, por um pano
que rebaixará o teto da sala como se fosse um toldo, pelo modo organizado de dispor livros, fantoches, cartões, um
pequeno teatrinho de janela.
Não podemos nos esquecer de um espaço destinado para desenhar, pintar, recortar, montar sucatas. Neste
ambiente, é importante ter mesas e cadeiras confortáveis, materiais classificados em caixas ou prateleiras, em que
as crianças poderão ter acesso aos materiais sem a mediação do adulto.
Atividade para avaliação – Semana 5 – Entregue em 23/11 – Nota: 10,0
Pergunta 1 2pts
Segundo a LDB 9394/96, qual é a finalidade da Educação Infantil?
O desenvolvimento da capacidade motora, que servirá de base para a alfabetização posterior, que já deve ser
pensada e gestada na Educação Infantil.
O desenvolvimento integral da criança em seus aspectos biológico e moral, de acordo com os anseios das famílias
e da sociedade contemporânea.
O desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, pedagógico, intelectual e social, complementando
a ação da família e da comunidade.
Oferecer atendimentos especializados de cuidados às crianças, no intuito de acolher suas necessidades básicas.
Pergunta 2 2pts
Na trajetória da Educação Infantil no Brasil, a partir de que momento essa etapa educativa foi inserida no sistema
de educação e passou a ter caráter também pedagógico?
Pergunta 3 2pts
“Além da sala de aula ser um espaço educativo, acolhedor e convidativo, é importante que os bebês também
vivenciem outros espaços.” (HORN; OSTERKAMP; KRINDGES, 2014, p. 107). Quais são os outros espaços a que
as autoras se referem?
Pergunta 4 2pts
No texto-base “A organização do espaço e sua relação com o brincar”, a autora afirma que Vygotsky propõe que o
brinquedo:
É um objeto de mediação entre a criança e o meio ambiente, do qual são extraídas informações sensoriais e
perceptivas.
Possibilita abstrações simples e construídas por meio da relação com os objetos.
Possibilita o fortalecimento do nível de desenvolvimento real da criança, ponto que deve ser almejado na
Educação Infantil.
Cria uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo à criança viver papeis que não desempenha no
cotidiano.
Pergunta 5 2pts
“O espaço converte-se em um parceiro pedagógico. As ações desenvolvidas pela criança serão descentralizadas
da figura do adulto e norteadas pelos desafios dos materiais, dos brinquedos e do modo como os organizamos.
Essa organização deverá privilegiar basicamente dois aspectos [...]” (HORN, 2017). Quais são esses aspectos?
O papel do professor enquanto centro do processo educativo e os objetivos pedagógicos relacionados ao brincar
e ao espaço.
A atuação da professora na separação e escolha dos objetos lúdicos e a receptividade dos cuidadores.
A qualidade dos brinquedos e materiais oferecidos e a organização dos cantos de experiências, pelos quais todas
as crianças devem passar.
O acesso autônomo das crianças aos materiais e às diferentes linguagens construídas na interação com eles.
Em síntese
Neste módulo, estudamos a importância de planejarmos e oferecermos ambientes, espaços e materiais de
qualidade para que estes atuem como facilitadores da aprendizagem e do desenvolvimento infantil.
É fundamental compreendermos que o modo como organizamos os espaços da creche e pré-escola tem a
ver com o que pensamos sobre Educação Infantil, sobre as crianças e sobre os processos de aprendizagem e
desenvolvimento.
24/11/2019
Situação-problema
Este módulo pretende dar a você a oportunidade de aprofundar a compreensão sobre a importância de
planejar dinâmicas do trabalho diário, semanal, mensal, selecionando metodologias (projetos, sequências de
atividades, atividades permanentes) coerentes e permeadas de intencionalidade pedagógica.
Para começar, leia atentamente o excerto abaixo:
Fila para entrar, todo mundo alinhado. Canto para a entrada. Dez minutos para guardar objetos e pegar os
materiais. Trinta minutos para a roda da conversa. Quinze minutos para uma história de Branca de Neve ou
Cinderela ou Gato de Botas ou Três Porquinhos...
Vinte minutos para uma pintura ou um recorte ou uma colagem em desenho mimeografado ou xerocado,
que pode ser de Frozen, da Moana, da Turma da Mônica ou da Valente. Trinta minutos para atividades no caderno.
Quarenta minutos para atividades na área externa, para as crianças brincarem no escorregador, gangorra,
trepa-trepa, tanque de areia e casinha de boneca.
Hora da higiene. Lavar as mãos, cantar o canto do “meu lanchinho”. Trinta minutos para o lanche. Quinze
minutos para escovação dos dentes.
Quinze minutos para brincar de “Corre cotia”, “Morto-vivo”. Retorno para a sala. Trinta minutos para brincar
com materiais de construção: ligue-ligue, monta-monta. Trinta minutos para massinha de modelar.
Vinte minutos para organizar a sala, guardar nas pastas os “trabalhinhos” feitos no dia, brincar com
massinha, ir embora.
Agora reflita: o modo como este dia foi organizado levou em consideração as características desse grupo
de crianças? Houve momentos de interação com crianças de outras turmas e idades? As necessidades fisiológicas
e culturais das crianças foram respeitadas? Houve momentos de interação entre as crianças?
Introdução e objetivos
Neste módulo, vamos estudar uma importante tarefa do(a) professor(a) de Educação Infantil: a organização
da rotina. A rotina é a estrutura, o eixo do cotidiano na instituição de Educação Infantil. Ela é formada pelas práticas
educativas recorrentes que são realizadas nos diferentes momentos do dia. Todas as ações intencionais do(a)
educador(a) que compõem a jornada, das mais banais às mais complexas, fazem parte da rotina, como a entrada
das crianças na creche e na pré-escola, a despedida, o banho, a alimentação, o lanche etc.
Estudaremos, também, as metodologias para intervir nos espaços e organizar o tempo, como projetos,
atividades diversificadas (conhecidas como cantinhos), sequências de atividades (ou atividades sequenciadas),
ateliês e oficinas.
Revisitando conhecimentos
Para ajudar na compreensão deste módulo, você deve ter conhecimentos sobre:
Concepções de infância e de criança;
Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil;
Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (vol. 1 e vol. 2).
Caso tenha dúvidas ou deseje revisar o que já estudou, consulte o Módulo 1 e 2 da disciplina Fundamentos
da Educação Infantil I, intitulado História da Educação da infância e Educação Infantil brasileira: ordenamentos
legais e políticas públicas.
O projeto político pedagógico da escola deve ser o que norteia as propostas que ela tem das experiências
oferecidas às crianças. Como isso é possível? A escola tem uma ideia inicial, um problema para ser trabalhado.
No caso dessa escola, tem a questão das rotinas das crianças, como integrar os dois professores que
trabalham com as crianças...
A ideia de propiciar interação entre as crianças de diferentes idades em diferentes espaços, primeiramente
se dá pela documentação que a prefeitura tem e a documentação federal onde fala que a Educação Infantil se dá
pelas interações. As crianças tem diversos momentos de aprendizagem nessas interações.
Esses cantinhos e materiais das aulas são antes planejados com antecedência pelos professores.
Nos cantos os professores optaram por ter os materiais convencionais que as crianças já tem o hábito de
usar em casa, alguns que as crianças pedem, brinquedos não estruturados para que a crianças possa criar...
A contação de história já é uma atividade permanente.
Todos os horários e momentos da escola existem para e pela criança.
Nessa EMEI as crianças são prioridade, isso se dá por meio da inclusão nas vivências oferecidas, pela
escolha efetiva nas atividades e pela observação, registro, interpretação e documentação tomadas como fonte para
reflexão, o que qualifica ainda mais a prática cotidiana.
Na situação-problema, o modo como a rotina de um dia na creche/pré-escola foi organizado parece não
levar em consideração as características do grupo de crianças. As atividades foram realizadas em uma sequência,
que pouco parece atender aos interesses das crianças. Ao que parece, houve sim alguns momentos de interação
entre as crianças no parque, no “corre-cotia”, e provavelmente enquanto brincavam com os materiais de construção,
mas, pelo relato, não é possível saber se houve mediação do professor.
Se a lógica que prevaleceu foi a de cada turma utilizar o espaço em seu horário, não houve interação com
outras turmas, inclusive com crianças de outras idades, o que por certo é um grande prejuízo para as crianças. Os
grupos heterogêneos oferecem possibilidades de troca de experiências que em um grupo homogêneo dificilmente
se encontra, e essa troca favorece a construção de conhecimentos.
Ter hora marcada para ir ao banheiro e lanchar não parece atender às necessidades fisiológicas das
crianças. É preciso pensar outras formas de organizar o tempo na instituição, em que efetivamente as crianças
tenham voz, vez, escolhas, e sejam respeitadas como sujeitos, com características peculiares e próprias.
Seria bem importante que o planejamento do professor tivesse contemplado a participação das crianças nas
decisões sobre a organização das rotinas as quais elas vivenciam. Para apoiar a participação das crianças e dar-
lhes mais poder sobre seu próprio tempo, o espaço precisa ser planejado e organizado, menos centralizado no
professor e muito mais nas opções de escolhas das próprias crianças, além disso, as atividades não podem ser
sucessões de “coisas a preencher o dia das crianças”. Neste sentido, trabalhar com projetos, ateliês, oficinas,
atividades diversificadas teriam trazido muito mais qualidade para as práticas cotidianas.
Aprofundando o tema
Visando aprofundar seus conhecimentos, você poderá acessar o material de apoio disponibilizado. Veja a
seguir algumas boas sugestões de leitura:
Texto de apoio - O trabalho pedagógico na creche: entre limites e possibilidades (p. 31-49) | SILVA, C. A.;
CUNHA, C. da.
Texto de apoio - Espaço que dê espaço (p. 51-62) | THIAGO, L. P. S.
Texto de apoio - Organização do espaço e do tempo na Educação Infantil: a legislação e os documentos
publicados pelo Ministério da Educação (p. 84-95) | NONO, M. A.
Texto de apoio - Organização do espaço e do tempo na Educação Infantil: pesquisas e práticas | NONO,
M. A.
Veja também o vídeo:
O jeito como o espaço é estruturado e a forma como os materiais são organizados na escola são tão
importantes para a Educação Infantil e para a valorização da adversidade racial quanto os conteúdos de
aprendizagem, sendo assim os brinquedos, os objetos e a disposição dos materiais devem ser componentes ativos
do processo educacional.
Os cantos de atividades diversificadas são para as crianças uma oportunidade de escolher e de aprofundar
preferências, e de estabelecer novas interações. Para o professor os cantos trazem a oportunidade de observar as
crianças em situações espontâneas, de conhecer suas preferências e de poder organizar os materiais de modo que
as crianças possam buscar novas oportunidades de convivência e aprendizagem.
Num trabalho que trate a igualdade racial o professor pode organizar cantos com livros que tratem essa
questão, o professor também pode organizar um canto de jogos simbólicos onde as crianças possam brincar com
bonecas negras.
A melhoria da ação educativa não depende só das brincadeiras, mas também de como os professores
interagem com as crianças com as quais trabalham. A organização do tempo didático em atividades permanentes,
sequencias e projetos didáticos ajudam estruturar e otimizar o dia a dia.
Educar para a igualdade social supõe equipar e enriquecer os ambientes para que se transforme em fatores
estimulantes e facilitadores de aprendizagem e vivências relativas a valores como igualdade, respeito e cooperação.
É interessante que as escolas utilizem também, materiais versáteis e menos estruturados que podem ser
transformados pelo professor na organização dos ambientes ou pelas crianças nas interações e brincadeiras.
Para que o professor tenha condições de trazer elementos de diferentes culturas para a sala de aula é
necessário que ajam livros que comtemplem a adversidade.
É comum em creches e pré-escolas existirem painéis internos e externos, é importante prestar atenção se
esses espaços abordam a diversidade, já que com crianças pequenas é bem utilizado o recurso da imagem na
aprendizagem.
Exercício de apoio
Planejamento da rotina
Das 7h às 7h30 – entrada e organização da sala (escolher brinquedos, arrumar os cantos).
Das 7h30 às 8h30 – as crianças chegam (brincam e conversam – estar atenta ao que falam, do que brincam).
Às 8h30 – lanche (quais comentários as crianças fazem nessa hora?).
Das 9h às 10h20 – roda de conversas e atividade combinada coletivamente (em geral, dentro de algum projeto
vivido).
Das 10h20 às 11h20 – se for necessário, enquanto uma professora acompanha algumas crianças para o banho (de
três em três), a outra conta história, brinca de roda, ouve músicacom os que já tomaram ou ainda tomarão banho.
Às 11h20 – almoço (anotações e registros no planejamento).
Às 12h20 – repouso (mudança de turno de professoras – anotações e registros no planejamento).
Às 13h – algumas crianças acordam (se estiver sol, vão para a área externa brincar, se não, ficam na sala – organizar
o espaço de leitura e fantoches para esse momento).
Das 13h30 às 15h – conversa em roda sobre o que fizeram de manhã e atividade combinada coletivamente (podem
brincar lá fora, dramatizar, fazer modelagem, ouvir histórias).
Às 15h – lanche.
Às 15h30 – banhos (a mesma dinâmica do momento do banho pela manhã acontece agora).
Às 17h – saída.
Dia 12/03 – Hoje, trouxe para a roda papelões bem grandes, como tinha combinado com as crianças ontem.
A minha ideia era pintarmos o papelão de azul para fazermos juntos um céu. Quando o abri no meio daroda, Joana
(uma das meninas do grupo) o pegou, jogou para o alto e disse: “Parece o teto de uma caverna. Vamos fazer uma
caverna, lá tem morcegos...”. Fiquei paralisada. E agora? Abandono a ideia das tintas e da pintura?Respondi:
“Podemos cortar um pedaço para fazermos o céu e outro para a caverna...”. Pareceu que todos adoraram a ideia.
Meu planejamento agora é o seguinte: dividir o grupão em dois ou mais subgrupos,trazer alguns livros que mostrem
cavernas e os animais que ali vivem (morcegos, aranhas etc.), pesquisar sobre a vida desses bichos. Depois, alguns
vão fazer a caverna e outros o céu (amanhã trarei outro papelãogrande). Eu tinha pensado em fazer isso num tom
de azul que já escolhi, mas também vou compartilhar essa escolha com o grupo; só agora pensei nisso.
(Trecho retirado do Livro de estudo: Módulo IV / Karina Rizek Lopes, Roseana Pereira Mendes, Vitória
Líbia Barreto de Faria, organizadoras. – Brasília: MEC. Secretaria de EducaçãoBásica. Secretaria de
Educação a Distância, 2006, p. 26-28.)
Após sua leitura atenta e valendo-se do que estudamos neste módulo, responda:
a. Qual a concepção de criança presente no planejamento e no registro?
A professora elaborou um planejamento flexível, apresentando a concepção de criança como um sujeito social,
comideias e movimentos que contribuem na organização da vida coletiva, participante de relacionamentos de troca
com adultos e outras crianças. As criações, perguntas, hipóteses da criançasão valorizadas, abrindo espaço para a
diferenciação, ao invés de somente repetição de que o adulto espera dela.
c. Cite dois aspectos positivos do planejamento da professora no que se refere à organização do tempo e do
espaço.
d. Agora, planeje você o próximo dia com esta turma. Lembre-se dos princípios muito importantes descritos abaixo:
As crianças e as interações devem estar no centro do seu planejamento;
Promova diversos momentos e ritmos, que favoreçam múltiplas interações das crianças, o sentimento de
bem-estar e o desenvolvimento da autonomia da criança;
Planeje a disponibilização do espaço e dos materiais de modo a contribuir com a formação de crianças
curiosas, questionadoras e que se interessem pela exploração, investigação e experimentação.
Pergunta 1 2pts
No texto “O mapa do tesouro: ultrapassando obstáculos e seguindo pistas no cotidiano da Educação Infantil”
(SOUTO-MAIOR, S. D.), a autora afirma que a leitura diária de histórias deve ter espaço garantido nos grupos. Por
quê?
Pergunta 2 2pts
No texto “O currículo em ação na Instituição de Educação Infantil” (FARIA; SALLES), qual é o grande desafio das
instituições de Educação Infantil no momento de organizar seu currículo e articulá-lo com os demais elementos da
proposta pedagógica, citado pelas autoras?
Ter a consciência de que tipo de ser humano se pretende formar e as contribuições que a Educação Infantil pode
oferecer na construção de uma sociedade mais democrática.
Possibilitar que a criança desenvolva suas habilidades inatas, focando as competências individuais por meio de
um trabalho direcionado e individualizado.
Ter a noção de que a Educação Infantil é o local de preparação da criança para o Ensino Fundamental e que seu
sucesso na alfabetização dependerá do trabalho desenvolvido nessa etapa.
Proporcionar um local de cuidados básicos no qual as necessidades das crianças sejam atendidas, sobretudo no
que se refere a alimentação, banho e sono.
Pergunta 3 2pts
Na resolução da situação-problema da semana 06 (texto-base), qual a principal crítica em relação à organização da
rotina na creche/pré-escola?
A rotina não considerou o objetivo básico da Educação Infantil que é o de desenvolver as habilidades de leitura
e escrita nas crianças.
A rotina não foi discutida com os pais, que devem participar do planejamento diário dos professores.
A rotina organizada parece não levar em consideração as características do grupo de crianças. As atividades
foram realizadas em uma sequência que pouco parece atender aos interesses das crianças.
A rotina organizada não considerou as diferenças individuais das crianças e seus diferentes momentos de
desenvolvimento, não se atendo aos marcadores definitivos do desenvolvimento infantil.
Pergunta 4 2pts
Tendo como base os estudos realizados durante a Semana 6, escolha a alternativa que melhor define o conceito
de rotina na Educação Infantil.
A rotina é aquilo que é definido pela metodologia e pela opção teórica adotada pela instituição de Educação
infantil que garante o desenvolvimento de atividades cotidianas pautadas em temas geradores.
A rotina é a atividade de cuidar, oferecendo à criança o atendimento às suas necessidades básicas, como
alimentação, sono e necessidades fisiológicas.
A rotina é a listagem de atividades definida pelo professor no início da semana e é composta, sobretudo, pelas
atividades de cuidado, tais como o banho e a alimentação.
A rotina é a estrutura, o eixo do cotidiano na instituição de Educação Infantil. Ela é formada pelas práticas
educativas recorrentes, que são realizadas nos diferentes momentos do dia.
Pergunta 5 2pts
Na videoaula da Semana 6 é apresentado um trabalho voltado à organização do trabalho pedagógico na EMEI Prof.
Yolanda Bassi, que se destaca pela autonomia das crianças em relação à:
Autonomia em relação às possibilidades de alimentação, escolhendo o quê e o momento que deseja se alimentar.
Possibilidade de escolher as áreas do conhecimento que desejam estudar, por meio de projetos dirigidos pelos
educadores.
Autonomia em relação ao brincar, em que a criança escolhe onde, como, quando e com quem brincar.
A possibilidade de dormir ou não durante a hora do soninho.
Em síntese
Neste módulo, aprendemos sobre a Rotina da Educação Infantil. Estudamos que é muito importante sempre
levar em consideração as crianças em relação à atuação do grupo, além das características de nosso grupo de
crianças, da própria instituição em que estão inseridas em relação ao espaço e aos materiais acessíveis, pois
revelam peculiaridades que implicam diferentes organizações do tempo.
Aprendemos também que, independentemente da faixa etária e da localidade, alguns momentos da rotina
estão sempre presentes na rotina dos bebês, crianças muito pequenas e crianças pequenas, como, por exemplo,
higiene e almoço. Ao mesmo tempo, existem momentos que se diferenciam de acordo com a cultura e as
características da região, por exemplo, em uma região de muito calor, os momentos de atividades na área externa
devem ser mais presentes que em regiões mais frias.
Cabe ao professor planejar a organização do espaço, do tempo, dos materiais, das atividades, das
metodologias organizativas do trabalho que trazemos e das que surgem em nossa relação com as crianças. Quando
planejamos, podemos garantir o tempo para falar, ouvir, brincar, ler histórias, cantar, parlendar, declamar poesias,
desenhar, estar dentro das salas, festar nas áreas externas, comer, descansar, escutar as crianças.
O planejamento pode ser uma rica contribuição aos fazeres diários com as crianças, pois permite a
antecipação das atividades e sua relação com as outras atividades, e também ajuda na reflexão sobre o trabalho.
Ao planejarmos, somos levados a pensar: por que estamos propondo esta atividade? Como articular as atividades
do nosso grupo de crianças com o planejamento da instituição? Como ampliar os interesses das crianças? Como
construir estratégias para superar os obstáculos que se colocam em nosso caminho (espaço pequeno, pouco
material)?
Enfim, planejar é refletir sobre o que fazemos, para proporcionar qualidade ao tempo que passamos juntos,
crianças e adultos, nas creches e pré-escolas.