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Situação problema:
- o que nos faz investir tempo e recursos na própria aparência?
- Isso sempre foi assim?
- O que estamos perseguindo?
- Qual corpo queremos ser?
- Por que muitas vezes não estamos satisfeitos com o corpo que somos e desejamos
mudar?
- regulação pela cultura (regulação normativa) : o discurso que me fala como devo ser,
atuando na formação da minha identidade. Práticas culturais que estabelecem práticas
corporais.
- regulação da cultura (sistemas classificatórios): o que determinados grupos dizem o
que é cultura, o que deve ser consumido, hierarquização, estereotipação.
- constituição de novos sujeitos: discursos operam os corpos de determinada maneira. A
cultura produz novas pessoas quando estas tentam se adequar aos padrões impostos /
sugeridos pela Cultura e suas relações de poder.
Saber-poder serve para conduzir condutas. O acesso ao saber influencia nas relações de
poder entre os semelhantes.
O texto conta experiência de autora com as aulas de educação física na década de 60. A
autora sentia-se deslocada nas aulas de educação física por conta da construção cultural
que tinha cerca do próprio corpo e dos estereótipos de gênero assumidos à época, que
designavam ao corpo masculino o gosto natural pelas práticas esportivas e da vitalidade
física, o menino que assim não se comportava tinha algum problema. Ao corpo feminino
era esperado ter delicadeza, o instinto de autoproteção, cuidado.
A autora sentia -se mais viva durante a leitura de romances que fazia em sua intimidade e
durante uma experiência de uma aula de leitura com a professora de francês pode ter
sensações físicas que a fizeram repensar o comportamento determinado a cada gênero na
época, os corpos que eram socialmente aceitos e as identidades que a sociedade e, por
consequência a escola, objetivavam formar.
O artigo faz uma análise das concepções de corpo contidas nos discursos midiáticos
endereçados ao público feminino por meio da identificação das relações sociais envolvidas
em sua construção.
As prescrições da cultura sobre o corpo feminino garantem um controle exterior para que
aquele que estiver fora dos padrões seja constantemente lembrado disso.
O discurso não apenas nomeia coisas, ele cria coisas, e é esse caráter produtivo do
discurso que possibilita sua estreita relação com o poder.
O saber é condutor do poder.
O indivíduo não é dotado de uma identidade prévia, original. Ele constrói sua identidade a
partir dos aparatos discursivos e institucionais que o definem como tal.
Aquilo que "nós somos" e aquilo que "nós não somos" são construções discursivas que
definem quem o sujeito é ou não é.
"A silhueta exigida corresponde aos discursos do corpo ágil, produtivo e sempre jovem."
(SANT'ANNA 2001)
A questão fundamental é naturalizar uma identidade jovem e bela com apoio de recursos
tecnológicos. Na pós-modernidade, a sociedade de consumo traz em seu bojo padrões que
apontam para uma beleza inatingível. A aparência física assume condição de atestado de
uma conquista o derrota moral.
Na escola ensina-se a olhar para o outro e para si mesmo, para classificar, preferir,
conferindo status aos marcadores corporais (estereótipos), é a educação física é o principal
dispositivo empregado para isso. Herdeira de tradição científica e política, procura educar
o corpo como máquina, privilegiando ordem, hierarquia e produtividade, controlando
também o comportamento e o corpo dos docentes.
Situação problema: sobre o controle do comportamento das crianças - Érica exige mais
rigidez no cumprimento dos horários, enquanto Cindy reivindica a abolição das filas. A
divergência contamina as demais professoras. Algumas defendem um maior rigor e controle
da instituição, enquanto outras argumentam que tais cobranças são coisas do passado.
O que você pensa sobre isso? Qual o papel da escola? Quais efeitos as medidas
exigidas podem causar nas crianças?
O currículo escolar - aqui entendido como experiência, como aquilo que nos acontece - é
um dispositivo de produção de identidades corporais (docentes e discentes), que se dá por
meio de pedagogias que se voltam para a regulação dos corpos.
Michael Foucault, no Livro Vigiar e Punir fala sobre o conceito de poder disciplinar e suas
diversas ferramentas punitivas e a transição da punição repressiva para a punição produtiva
/ positiva. O poder disciplinar é uma relação entre a docilidade e a produtividade / utilidade
corporal. controlar e fabricar a socialização dos indivíduos com suas ideologias políticas,
aumentando a produtividade e a sua dominação. O ‘governamento’ sobre os corpos ou o
“Biopoder” que é o poder que se estabelece sobre o corpo buscando padronizar, atribuir
veridicção e gerir o comportamento da população, normatizando e normalizando
identidades e comportamentos.
A educação física opera como dispositivo de Governamento estatal sobre os corpos,
adequando estes ao mercado - saúde, juventude, higiene, alimentação, persistência,
habilidade e beleza.
Currículo da educação para a saúde: ideia de que a educação física precisa educar
pessoas que possam gerenciar a própria saúde. Estilo de vida ativo, atividades para um
corpo são.
Currículo Cultural: trabalha a educação física sob a perspectiva cultural, trazendo a vida
da criança para aula de educação física. As brincadeiras regionais, infantis, danças,
brinquedos, jogos, lutas, esportes e música são vivenciadas e tematizadas na educação
física. Todas as práticas corporais são dignas de serem tematizados na escola com o
objetivo de formar cidadãos conscientes, solidários, sensíveis às diferenças e seus direitos
e tem como objetivo cultura corporal
Texto: Governo dos corpos e escola contemporânea Pedagogia do Fitness (Maria Rita
de Assis César e André Duarte)
A decisão entre ser magro e ser gordo é uma decisão subjetiva, individual, mas o Estado se
importa com ela e busca incentivar a assim chamada decisão correta, na medida em que
prevê a deterioração da Saúde da população e consequentemente a ampliação dos gastos
com a saúde pública. O novo mau aluno é o aluno obeso. A obesidade é o novo lugar da
indolência e da falta de caráter no interior da escola e todo um dispositivo biopolítico
induzirá a produção de novos governamento para os corpos de crianças e de jovens em
nome da Saúde física e moral da população escolar.
Texto: A Constituição de Corpos guerreiros em um currículo escolar
(Cristina D’Ávila Reis e Marlucy Alves Paraíso)
Nas escolas, meninos são convocados é ocupar a posição de guerreiros, tendo gestos
agressivos ao se cumprimentarem, atos de demonstração de força, ameaça de agressão e
brincadeiras de lutas. O ideal normativo de um corpo masculino Forte, Corajoso e agressivo
também está presente em sites acessados pelas crianças nas aulas de informática.
Ordenação mental dos corpos: modo de pensar, de avaliar a si mesmo e aos outros,
posicionando mentalmente os corpos em ordem de habilidades de maneira a produzir o
desejo por atingir uma posição à frente Constituída.
Discurso ético constituída a posição de sujeito aluno respeitado / solidário onde sugere
trabalhar a solidariedade empatia e o respeito
Discurso sobre direitos humanos aluno disciplinado que respeita as regras escolares
O menino aluno estudioso o que não quer entrar em disputa por se tornar mais guerreiro
pode ser posicionado como o fraco que gosta de estudar e que é inteligente.
Adoção das ciências humanas como campo teórico, promoveu a inserção da educação
física na área de Linguagens a partir do entendimento da gestualidade como forma de
comunicação. Os movimentos devidamente contextualizados passaram a ser vistos como
recursos que os grupos sociais empregam para veicular intenções e pensamentos.
A cultura corporal tornou-se objeto de estudo da Educação Física o que engloba todos os
discursos, conhecimentos e representações sobre as manifestações da motricidade
humana sistematizada com características lúdicas, historicamente produzidas e
reproduzidas pelos grupos sociais como brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas.
Conceber a escola como espaço democrático significa abrir caminho para que a diversidade
de práticas, suas representações e significados possam ser estudados não devendo haver
hierarquias entre práticas de esportes, danças, jogos e brincadeiras pois todos são
importantes.
A educação corporal não ocorre apenas nas aulas de Educação Física, ela se dá em muitas
outras instâncias como a televisão, livros, reportagens, propagandas, etc., onde se encontra
representações de beleza, Corpo, saúde e sexualidade,. mulher e homem, dança, etc.
Deve haver a valorização de todas as culturas no currículo e não só em alguns períodos e
datas específicas por exemplo como o dia do índio (jogos indígenas), etc
“A educação tem uma dimensão política [...] ela é um ato político ainda que não destinemos
a devida atenção ao fato de que a política também tem uma dimensão pedagógica.” ( Vaz,
2003, p. 162)
Situação problema: Você deve ter percebido que as professoras anunciam concepções de
ensino da Educação Física absolutamente distintas. Analise as vertentes anunciadas e
procure identificar a pessoa que cada uma deseja formar. Aproveite para fazer o mesmo
com suas próprias experiências nas aulas de educação física frequentou a Educação
Básica. Em qual concepção se encaixam? Que sujeito pretendiam formar?
O currículo não é uma definição apenas técnica, mas também pedagógica e política.
Cada proposta trabalha com referenciais diferentes e tem a intenção de formar um tipo de
cidadão. A prática pedagógica tem que condizer com o que o projeto político pedagógico da
escola propõe.
Você pode praticar esporte por saúde, por lazer, por profissão, para tentar melhorar de vida.
Os significados são socialmente produzidos e os sujeitos se apropriam destes significados.
Ao tratar das práticas culturais como textos da cultura, os significados que damos a
estas práticas dizem sobre o tipo de identidades que queremos formar.
O objeto da Educação Física cultural é a cultura corporal e a identidade Projetada para essa
concepção é formar pessoas solidárias.
Cada currículo dialoga com um determinado referencial teórico, emprega atividades de
ensino específicas e adota instrumentos de avaliação distintos. Evidentemente, essas
diferenças refletem no sujeito que cada proposta deseja formar.
Texto base: Os currículos da educação física e a Constituição da identidade de seus
sujeitos (Nunes e Rubio)
Para Apple (1982) “As políticas da Educação não se separam das políticas da sociedade”, a
escolarização está diretamente relacionada com o poder. O processo de escolarização se
orienta e acontece por meio do currículo que não pode ser considerado uma área
meramente técnica, neutra e desvinculada da construção social.
Houve essencialização das atividades esportivas como masculinas - menino saudável “tem
que ser macho gostar de futebol”; menino que praticava o voleibol poderia ser visto como
afeminado, fazendo com que idade feminina fosse fadada a submissão e a fragilização.
Com a separação entre atividades para meninas e meninos, o currículo reforça estereótipos
de gênero e raça.
Nos anos 80 vemos uma crise de identidade atingir a educação física escolar, que ocorre
quando as estruturas que fornecem referências sólidas aos indivíduos, sustentando-os no
mundo social de forma estável, sofrem mudanças, criando uma sensação de deslocamento
dos sujeitos “tanto no seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos”.
Como a nova vigente concepção de escola indica que ela deverá oportunizar um ambiente
formador de conhecimento e favorecer o convívio e a ética social, as práticas anteriores da
Educação Física perderam sua legitimidade.
A Homogeneização cultural, integra práticas culturais como capoeira, hip hop, danças
folclóricas, orientais ao currículo falando de seus benefícios para saúde apagando seu
processo de significação, privilegiando apenas o racionalismo científico das mesmas.
O currículo de educação física influenciado pelas teorias críticas do currículo, que visam
denunciar os modelos reprodutores do sistema que mantém a estrutura social de forma
injusta e que reforça as relações de dominação de um grupo sobre o outro, defendendo
uma proposta de conteúdos do ponto de vista da classe trabalhadora.
A escola é influenciada pela sociedade e a sociedade pode ser influenciada pela escola
(relação dialética). Nessa perspectiva, a tarefa dos educadores críticos não é a
transformação social via escolarização, mas oferecer a democratização dos saberes
universais e fazer compreender o papel que as escolas representam dentro de uma
sociedade marcada por relações de poder.
A concepção de uma pedagogia crítica pressupõe que o ser humano é o sujeito construtor
de sua própria existência, devendo, portanto, atear frente às possibilidades históricas de
transformação das suas condições de vida desde que possa refletir criticamente sobre a
realidade, combatendo as relações de exploração e opressão que compõem a sua
geografia social. O currículo é um percurso em que a ideologia dominante transmite Seu
poder a classes desfavorecidas.
O poder Sempre existirá. O que deve ser discutido são as formas de democratizá-lo. A
emancipação Nunca será possível, portanto é necessário ouvir todas as vozes e abraçar
todas as culturas (multiculturalismo). No currículo pós crítico todas as práticas culturais são
válidas.
Não realizar certas habilidades motoras, não praticar certas atividades físicas como dançar,
jogar, correr, etc, de determinados modos, não ter certos corpos, é considerado a
diferença.
Hall (1997) compreende a linguagem como “um sistema que possibilita a comunicação das
nossas formas de perceber as coisas do mundo, o que implica a representação da realidade
e por isso, produz sentido de modo limitado. Desse modo, a linguagem é prática política e
cultural de produção e negociação de significados. A linguagem é o que permite a
construção de sentidos compartilhados e, portanto, construir um mundo social em que
possamos viver em conjunto, uma cultura” (HALL, 1997, citado por NUNES, 2016, p. 52).
Todos os sistemas da Cultura como o mito, a religião, a literatura, as práticas corporais, etc,
apresentam seus próprios sistemas de representação e, apesar de serem construídos sobre
o modelo da linguagem verbal, não se remetem a ele, mas constroem seu próprio modelo.
O termo cultura corporal é pouco compreendido na prática da Educação Física, por isso
mistura-se aos aspectos desenvolvimentista e saudáveis das propostas curriculares,
fazendo crer que tudo é a mesma coisa ou que se pode abordar um pouco de cada ponto.
Escola, educação física e a leitura e escritura dos significados das práticas corporais
e de seus representantes
Sobre aspecto legal, a educação física é componente curricular obrigatório e tem que estar
integrada à proposta pedagógica da escola, contribuindo para que os alunos sejam leitores
no mundo e produtores de Cultura, dando insumos para que estes compreendam as coisas
do mundo e seus significados se conectem às representações de como o significado das
práticas corporais foram produzidos, partilhados,silenciados, hibridizados.
Estes são os códigos que permitem os sujeitos de cada grupo se identificar e se integrar
construindo cultura e construindo o sentimento de pertença.
Em uma partida de futebol é possível decodificar vários códigos como: o cansaço dos
atletas (biológico), a sinalização do auxiliar (social), o lançamento do meio-campista
(cinético). O horário dos jogos em horários insalubres decorre de imposições das
federações e das relações comerciais que estabelecem com seus patrocinadores
(culturais). No mesmo evento, certo jogadores podem não se esforçar como de costume,
mesmo estando aptos para tal (biológico).Trata-se de um meio de resistir aos processos de
dominação (cultural).
O sujeito é, na perspectiva de Foucault, fruto da linguagem.
Se o gesto é compreendido como uma forma de linguagem, portanto, ele é um signo, que
apresenta dois lados indissociáveis e complementares: o significado que é e o conceito
dado ao signo, e o significante - a imagem que fazemos dele ou da sua materialidade
propriamente dita.
Subservientes.
Democráticas.
Críticas.
Competentes.
Solidárias.
JUSTIFICATIVA: Hall (1997) compreende a linguagem como “um sistema que possibilita a
comunicação das nossas formas de perceber as coisas do mundo, o que implica a
representação da realidade e por isso, produz sentido de modo limitado. Desse modo, a
linguagem é prática política e cultural de produção e negociação de significados. A
linguagem é o que permite a construção de sentidos compartilhados e, portanto, construir
um mundo social em que possamos viver em conjunto, uma cultura” (HALL, 1997, citado
por NUNES, 2016, p. 52).
5) No entender de Nunes (2016, p. 53), “todos os sistemas da cultura como o mito, a
religião, a literatura, as práticas corporais etc. apresentam seus próprios sistemas de
representação e, apesar de serem construídos sobre o modelo da linguagem verbal, não se
remetem a ele, mas constroem seu próprio modelo”. Aceita essa premissa, é correto afirmar
que:
JUSTIFICATIVA : Segundo Nunes (2016, p. 53), a estrutura da linguagem verbal pode ser
tomada como referência para explicar todas as formas de comunicação humana, que
possuem suas especificidades.
Multiculturalismo crítico
Teve sua origem nos Estados Unidos através de políticas que buscavam reverter a
segregação racial quando as pessoas negras começaram a chegar nas Universidades
frequentadas pelos brancos. Para o multiculturalismo crítico não basta garantir a inclusão,
tem que se mudar as estruturas. Foi onde começou o movimento para se mudar os
currículos escolares.
Concepções do multiculturalismo: conservador, assimilacionista e crítico
Pós-estruturalismo
Origem: estudos sobre como a cultura segrega a sociedade / grupos sociais de um território
/ país. Tem a cultura como território de disputas, pois a cultura é o espaço em que os
grupos / pessoas lutam pelo direito de apresentar os seus reais significados para o mundo.
Centralidade da cultura as coisas só têm significado porque nós (homens) atribuímos
valores / significados para essas coisas.
Exemplo: Como usamos o ônibus em determinado local? Quem é o sujeito daquela cultura
pode ler o que está acontecendo; quem nunca viu viveu aquele processo cultural talvez
signifique as práticas culturais a partir de suas referências.
A linguagem deixa de ser uma forma de representar a realidade e passa a ser uma
produtora da realidade, produzir pessoas e coisas do mundo de uma certa maneira. Se
uma cultura é vista como marginal, automaticamente, quem a pratica vira marginal. Desta
forma práticas culturais foram estigmatizadas, como a capoeira no início do século XX.
Pós-modernismo
Valoriza outras formas de conhecimento para além do conhecimento científico. Não aceita
explicações estapafúrdias para as desigualdades, por exemplo.
Questiona a forma de conhecimento da modernidade no hemisfério norte que gerou o
epistemicídio de diversas culturas do Hemisfério Sul. Principal autor Boaventura de Souza
Santos.
Uma pedagogia influenciada pelas teorias pós críticas (pós-modernismo, pós colonialismo,
estudos culturais, pós-estruturalismo e multiculturalismo) aborda temas e desenvolve
identidade entre escola e sociedade pós-moderna e fundamenta a visão da pedagogia
como cultura e da Cultura como pedagogia.
"A pedagogia cultural valoriza a diversidade e questiona a própria construção das diferenças
e, Por conseguinte, dos estereótipos e preconceitos contra aqueles percebidos como
diferentes no seio das sociedades desiguais e excludentes.” (Canen e Oliveira, 2002, p. 61)
"Na escola democrática desses tempos, uma educação multiculturalmente orientada implica
a assunção de uma postura clara em favor da luta contra a opressão, o preconceito, a
discriminação aos quais foram submetidos alguns grupos historicamente desprovidos de
poder, sem que se perca de vista a perene composição de novos grupos culturais. (Nunes e
Neira)
A educação física cultural não pretende trocar o centralismo da cultura corporal dominante
por um centralismo da cultura dos Estudantes e nem demonizar as práticas elitizadas, mas
abrir espaço para os saberes que historicamente foram vilipendiados. A ed. física cultural
articula suas ações com as relações interpessoais experimentadas na escola e fora dela
com intuito de promover situações de ensino que assegurem a democracia e colaborem
para a construção de uma sociedade menos desigual.
A centralidade da cultura nos estudos culturais não opera com binarismos como ‘centro
versus Periferia’, escapa da lógica que o ‘centro é o lugar mais importante’, barra qualquer
fronteiras, corrói hierarquia, descentraliza tudo.
A centralidade da cultura na sociedade (virada cultural), trouxe a Revolução cultural que nos
mostra como a expansão da indústria cultural, por intermédio das tecnologias de
informação, e a revolução constante das formas de comunicação influem no domínio social
da cultura. Não há privacidade, nem cotidiano, nem singularidades que não sejam
marcados pela revolução cultural.
Dispositivos de regulação
“A cultura regula nossas condutas, ações sociais e práticas, e, assim, a maneira como
Agimos no âmbito das instituições e na sociedade mais Ampla.” (Hall, 1997. p. 39)
O Estado é pluricentrado e multidimensional e mesmo apresentando tendências
dominantes, seu caráter não é o único do ponto de vista da classe, pois condensa uma
série de práticas distintas em uma ação sistematizada de regulação e normatização social.
O Mercado é regulado por técnicas e dispositivos de controle indivisíveis por meio das quais
os interesses e a vontade de cada sujeito se confrontam e se harmonizam
espontaneamente com a vontade e os interesses dos outros. (Foucault, 2008)
- Normativa: tudo o que é feito tem um sentido dado pelas regras e Convenções
culturais.
- Sistemas Classificatórios: Nos quais as ações são classificadas e as condutas e
práticas comprar comparadas com base em uma série de categorias que definem
padrões aceitáveis ou não.
- Constituição de novas identidades ou de novas subjetividades: são definidas
por meio de alterações do sistema organizacional da Sociedade. Conclui-se que
qualquer proposta de educação implica em todos em modos de regulação das
atividades que envolvem o ensino e as identidades dos sujeitos, discentes e
docentes.
Os estudos culturais não concebem a realidade como algo natural; trata-se de uma
construção da ação de humanos, fruto dos significados construídos nas relações sociais,
nas relações de poder. Quem pode classificar e organizar o que há de melhor? As
sociedades e culturas atuais são dirigidas por Poderosas ordens discursivas que regem o
que deve ser dito e o que deve ser omitido. As linguagens, as narrativas, os textos não
apenas descrevem ou falam sobre coisas, ao fazer isso eles instituem as coisas, inventando
sua identidade. Ao afirmar que a diferença é o outro afirma que existe uma Norma a seguir,
alguém a ser corrigido ou negligenciado.
As identidades projetadas como as ideais para compor o quadro social, ao mesmo tempo
que enunciam as diferenças para aqueles que precisam ser corrigidos, transformados ou,
caso existam ou não consigam adaptar-se, marginalizados. É por meio de suas formas de
inscrição que o outro é representado como diferença, não pela diferenciação de todas as
coisas mas pela diferenciação daquilo que é considerado o padrão, a norma, a identidade.
Uma prática pedagógica de educação física ancorada nos Estudos Culturais potencializa
todos os participantes a vivenciar uma Pedagogia da diferença.
Texto: Contribuições foucaultianas para o debate curricular de educação física
Os estudos de Foucault podem ser usados como “pequenas caixas de ferramentas” para se
pensar a educação ou ato educativo.
O currículo de Educação Física não possui um atributo essencial originário; Só existe como
resultado de um processo de produção histórico, cultural e social (Silva, 2007).
“Sob a influência das teorias pós-críticas, organizam-se situações didáticas para questionar
os marcadores sociais presentes nas brincadeiras, danças, lutas,,esportes e ginásticas, a
fim de empreender uma ação política a favor das diferenças, por meio da valorização das
linguagens corporais dos grupos minoritários.” (Neira, 2018)
Bhabha (2013) assinala que o discurso do colonizador tem como propósito apresentar o
colonizado como uma pessoa ou grupo de situação degenerada e degradante, o que, em
certa medida, consolida estereótipos que, na visão dos colonizadores, justificam a conquista
e o domínio, estabelecendo e perpetuando um sistema de administração, instrução,
exploração e expropriação.
Desconstruir não é destruir mas sim analisar como atuaram as relações de poder para
construir e divulgar uma certa representação sobre as práticas corporais e seus sujeitos.
“Os pesquisadores dos Estudos Culturais situam suas formas de trabalho no cruzamento
entre as representações simbólicas, a vida cotidiana e as relações materiais de poder”
(NUNES; NEIRA, 2016, p. 107)
Essas análises procuram contribuir para o/a:
4) Oliveira e Neira (2019, p. 8) recorrem a Michel Foucault para compreender como atua o
poder: “não se trata de uma relação de repressão ou de violência, nem de consentimento –
embora possa fazer uso desses instrumentos –, mas de uma ação de controle mais sutil,
que impele, separa, facilita, dificulta, permite, impede, estende, limita, a fim de estruturar o
campo das ações alheias e induzir comportamentos”. Com esse sentido, uma relação de
poder consiste em:
Impor vontades.
Sugerir comportamentos.
Convencer e conquistar.
Angariar adesões.
-> Conduzir condutas.
JUSTIFICATIVA: Segundo Nunes e Neira (2019, 01), “Bhabha (2013) assinala que o
discurso do colonizador tem como propósito apresentar o colonizado como uma pessoa ou
grupo de situação degenerada e degradante, o que, em certa medida, consolida
estereótipos que, na visão dos colonizadores, justificam a conquista e o domínio,
estabelecendo e perpetuando um sistema de administração, instrução, exploração e
expropriação.”
Na perspectiva cultural as práticas corporais não são ensinadas mas tematizadas. Danças,
lutas, esportes foram transformados em tema exigindo problematização na sua ocorrência
social e desconstrução dos discursos a seu respeito.
Para fazer uma tematização de prática corporal o professor faz as pesquisas, elabora
vivências, ajuda as crianças a fazerem uma leitura dos vídeos e das gestualidades,
organiza uma atividade para os alunos aprenderem como os vídeos são produzidos. Todos
os procedimentos são sempre feitos coletivamente, ajudando as Crianças a entenderem as
práticas culturais.
Ao experimentar o desafio (vivência), os alunos perceberam que para um vídeo perfeito da
execução do desafio da garrafa são necessárias muitas tentativas e fazer também uma
edição de vídeo, Os alunos aprenderam que devem questionar o que veem na internet, pois
pelos vídeos viralizados o desafio parecia fácil e na vivência viram que não era.
A problematização na educação física cultural
Problematizar na Perspectiva cultural é lançar dúvida sobre as ideias que temos das coisas.
Problematizar na Perspectiva freireana é fazer uma análise crítica daquela realidade onde
aquele conhecimento pode ser aplicado.
Texto: A tematização no ensino de educação física (Ivan Luiz dos Santos e Marcos
Neira)
A tematização emaranha as experiências dos professores e dos alunos com outro saberes -
acadêmicos, do senso comum, populares ou pertencentes ao grupos minoritários, obtendo,
desta forma, a produção de novo sentidos para a prática corporal que e objetivo do estudo.
(Neira, 2011)
O posso estruturalismo define o sujeito como fruto da linguagem e, como tal, despossuídos
de uma propriedade essencial originária. O sujeito só existe como resultado de um processo
de produção histórica, cultural e social, ou seja, constrói sua identidade com base nos
aparatos discursivos, regulado socialmente por relações de poder.
-> Reterritorialização dos sistemas geradores de paulo freire, produzindo os temas culturais
(Corazza).
Temas culturais são uma forma de planejar o ensino de seu tempo, uma forma que está
sempre a em tensão, que nunca está apaziguada e jamais ficará acima de qualquer
suspeita. Injeta o conhecimento do subjugados no cenário escolar, os saberes da gente
(FOUCAULT). O trabalho pedagógico, a partir dos temas culturais incorpora radicalmente o
saberes da gente, transformando-os em conteúdo.
Deleuze e Guatarri
Uma vez selecionada prática cultural a ser estudada, a tematização requer planejamento de
atividades de leitura e significação dos discursos que se emitem a seu respeito.
A educação física cultural não recorre a qualquer organização sistemática nem faz
gradações para a distribuição dos conhecimentos, muito menos distingue hierarquicamente
os saberes acadêmicos e populares. Ela tess o tempo todo uma rede de significados com
base na ação e na interação dos seus participantes.
-> Desconstrução significa levar o sujeito a novos contextos, novas leituras, novos olhares
sobre o outro e sobre ele mesmo, o que significa propor a possibilidade da coexistência com
o paradoxo; a permanência na fronteira, nos entre lugares, que podem gerar estruturas
fecundas para se repensar as diferenças e inverter as hierarquias. (Derrida)
Texto: A problematização ensino da educação física (Ivan Luís Santos e Marcos Garcia
Neira)
Problematizar implica em uma atitude filosófica, que vê como problema aquilo que em geral
é aceito com naturalidade, com tranquilidade. Abre-se espaço para que as representações
atribuídas as práticas corporais sejam desconstruídas e os mecanismos de dominação,
regulação e resistência nelas incutidos sejam analisados, bem como os sentidos que
recebem ou receberam em variados contextos.
“As aulas, portanto, não podem resistir restringir-se a execução Mecânica dos movimentos.
A práxis da Educação Física exige a vivência das manifestações corporais, o debate e o
estudo dos diferentes aspectos que as cercam e a proposição de novas vivências, sempre
tematizadas e modificadas de acordo com as reflexões do grupo.” Françoso, Neira, 2014, P
534)
Segundo Derrida, “a desconstrução não ‘destrói’ o texto, o alvo de sua reflexão, mas
questiona o significado conferido, sendo uma atividade infindável que Visa desmascarar
passo-a-passo a construção dessas malhas de significados.” (RAGAJOPALAN, 1992, p.27)
Para lembrar:
As aulas baseadas no currículo cultural da Educação Física deixam de ser entendidas como
um espaço exclusivo para crianças e jovens se movimentarem, para serem tematizadas
brincadeiras, danças, esportes, de forma a problematizar suas ocorrências na sociedade
mais Ampla, assim como os discursos proferidos sobre elas e seus seus praticantes.
O currículo cultura confere possibilidades para estabelecer um diálogo entre a escola e a
expressão da cultura corporal socialmente disponível, bem como para a valorização da
produção dos diferentes grupos, por meio da descolonização e desconstrução das
representações hegemônicas.
No currículo cultural, a experiência dos educandos é fonte de inspiração para buscar temas
significativos para as aulas o diálogo de todos é a ferramenta para o ato pedagógico, que é
um ato dialógico e não apenas comunica o mundo, mas cria dialogicamente um
conhecimento do mundo.
Mapear conhecimentos
As concepções que os alunos têm de práticas corporais não devem ser apagadas, mas
problematizadas e refletidas para que os próprios alunos cheguem às conclusões de como
foram construídas aquelas percepções e possam ressignificá-las. O diálogo é um caminho
para ressignificar o conhecimento sustentado na intencionalidade, cuja ação e reflexão
aparecem em interação radical, de maneira a fomentar as problematizações sobre o
universo existencial dos educandos.
Pós-modernismo e pós-colonialismo.
-> Pós-colonialismo e pós-estruturalismo.
Pós-estruturalismo e pós-modernismo.
Pós-modernismo e multiculturalismo crítico.
Multiculturalismo crítico e pós-colonialismo.
JUSTIFICATIVA: Essa alternativa é falsa, conforme Shor e Freire (1986, p. 67, citados por
SANTOS; NEIRA, 2016, p. 171): “O diálogo não tem como meta ou exigência que todas as
pessoas da classe devam dizer alguma coisa, ainda que não tenham nada a dizer”
4) A proposta educativa de Paulo Freire enfatiza o sujeito da práxis. Isso implica dizer que:
Ao tematizar uma prática corporal pertencente ao universo vivencial dos Estudantes, não
significa que se permanecerá naquela cultura, mas que será possível se ratificar os saberes
dela proveniente, favorecendo a sua análise, aprofundamento e ampliação mediante o
entrecruzamento com os outros repertórios culturais. O tema cultural tem que coadunar com
o projeto político pedagógico da escola.
Ao propor uma tematização sobre a capoeira, o docente tem contato com os saberes dos
alunos acerca do tema. Ao sugerir situações didáticas que visam descolonizar o currículo
escolar, o docente amplia o leque de oportunidades de acesso a vários significados e
proporcionam uma participação mais equitativa, aspecto central de uma escola
comprometida com o exame crítico da cultura corporal.
* Mas os alunos podem ter internalizado representações hegemônicas e rejeitem a prática
da descolonização do currículo.
A educação física cultural assume uma posição em favor dos mais fracos, enfrenta o
dissenso e rejeita o daltonismo cultural, pois a existência de diferentes culturas no espaço
escolar é uma riqueza que não pode ser desprezada nem apagada pela homogeneização
ou uniformização.
O currículo cultural reivindica atividades que permitam lidar com a heterogeneidade, sem
almejar a padronização dos efeitos formativos.
Um currículo baseado nos estudos culturais e teorias pós-críticas deseja viabilizar situações
de leitura e análise do modo como as práticas corporais são produzidas e reproduzidas na
sociedade, ou seja, das representações sobre elas e seus participantes postas em
circulação pelos discursos, desconstruir marcadores sociais da diferença que lhes foram
atribuídos e, por meio do Diálogo, fomentar a sua reconstrução crítica na escola e fora dela.
Quais forças atravessam um docente quando este pensa as atividades de ensino? Por que
fazem deste modo?
Abarcando estes elementos, a ação didática característica pode ser entendida a partir do
conceito de escrita-currículo.
LINHAS MOLARES, são linhas duras, rígidas culturalmente. São as leis educacionais, as
normas e os regimentos escolares, algo fixo, como o projeto político pedagógico.
PDF do power point com resumos da semana 6 apresentado pela tutora Maria
https://drive.google.com/open?id=1SN6c_U9CtshCYKHmX5diIsrC67EStIHP
Gabarito das Atividades da Semana 6
JUSTIFICATIVA: Conforme Bonetto e Neira (2019, p. 7), “as linhas de segmentaridade são
duras ou molares, flexíveis ou moleculares e linhas de fuga”.
Abertas ou amplas.
Fortes ou potentes.
-> Duras ou molares.
Flexíveis ou moleculares.
Frágeis ou canalizadas.
JUSTIFICATIVA: “No quesito linhas de força, vimos que a “escrita-currículo” não pode ser
apenas constituída de linhas de fuga, pois, por possuir linhas duras, perde-se em
intensidade e objetividade. Mapeamos que neste entrecruzar de linhas, a escrita curricular
é, sim, repleta de linhas molares, tais como as leis educacionais, as regras e normas do
regimento escolar, o Projeto Político Pedagógico, a concepção cultural e seus
procedimentos didáticos. Mas, também se abre a agenciamentos moleculares: a cultura dos
alunos, seus desejos, atitudes, falas, as disposições espaciais, temporais e os princípios
curriculares.” (BONETTO; NEIRA, 2019, p. 19-20)
Abertas ou amplas.
Fortes ou potentes.
Duras ou molares.
-> Flexíveis ou moleculares.
Frágeis ou canalizadas.
JUSTIFICATIVA: No quesito linhas de força, vimos que a “escrita-currículo” não pode ser
apenas constituída de linhas de fuga, pois, por possuir linhas duras, perde-se em
intensidade e objetividade. Mapeamos que neste entrecruzar de linhas, a escrita curricular
é, sim, repleta de linhas molares, tais como as leis educacionais, as regras e normas do
regimento escolar, o Projeto Político Pedagógico, a concepção cultural e seus
procedimentos didáticos. Mas, também se abre a agenciamentos moleculares: a cultura dos
alunos, seus desejos, atitudes, falas, as disposições espaciais, temporais e os princípios
curriculares. (BONETTO; NEIRA, 2019, p. 19-20)
III. A escrita-currículo se torna diferente, distinta, especial, rara e única. Mas, essa unicidade
só existe se ela for tomada como um rizoma, ou seja, aberta para conexões (não tem início
nem fim, mas meio).
As situações didáticas na educação física cultural são: mapeamento, leitura das práticas
corporais, ressignificação, aprofundamento, ampliação, registro e avaliação.Todas essas
ações acontecem a qualquer momento e não necessariamente na sequência descrita e se
repetem durante o processo.
Vivências são as propostas de práticas corporais definidas através dos mapeamentos feitos
nas aulas. Brincar uma brincadeira, demonstrar um esporte, dançar uma dança, etc. As
vivências podem ser iniciadas com vídeo, práticas exploratórias, vivências corporais das
brincadeiras, danças, esportes, etc
Leitura das práticas corporais é feita ao observar o que ocorre durante as aulas, assistir um
vídeo, fazer uma visita, atribuir sentidos e significados das práticas corporais e de como
elas acontecem.
Aprofundamento qualifica as Produções das práticas corporais é pode ser obtido por meio
de pesquisas, trocas de saberes, conhecer melhor a cultura e a prática corporal.
Ampliação é feita ao proporcionar fontes de informação que ofereçam outros significados
que até então as crianças não tinham acessado. Levar uma pessoa da comunidade escolar,
família que vivencia aquela prática corporal em seu dia a dia, para partilhar sua visão e
vivência. Ampliar as fontes de informações e significados ou seja qualificar convidando o
aluno a ter um outro olhar para aquela prática.
Avaliação é feita sobre o processo educativo e não sobre habilidades do aluno e suas
competências físicas. A avaliação é constante e durante todo o processo e a respeito do
trabalho realizado.
Registro é feito das mais variadas formas pelo professor e pelos alunos, reunindo
anotações, registrando os acontecimentos. É o que ajuda o professor a reorientar a rota,
decidir se vai continuar fazendo da mesma maneira ou se vai repensar suas ações e
procedimentos.
É necessário planejar para avaliar. O registro e a avaliação caminham juntos e um não
existe sem o outro. A avaliação é a respeito do trabalho realizado e não aferição da
quantidade do que os alunos aprenderam durante o processo.
Mapear é identificar quais práticas corporais estão disponíveis aos alunos e alunas, o que
se encontra no universo cultural destes. Tem o sentido de reconhecer saberes que os
Estudantes têm sobre determinadas práticas corporais. O mapeamento pode ser feito
através de conversas com a turma, observação do entorno da escola, pesquisas.Nesta
etapa deve-se sempre considerar os discursos dos Estudantes.
Fazer a leitura das práticas corporais é analisar, reconhecer e aceitar que o patrimônio
cultural corporal se encontra imerso em um emaranhado de relações e significados e sua
promoção como ação didática precede a crítica cultural. O docente deve organizar
atividades de leitura contextualizadas para explicitar olhares divergentes e por da
observação, análise, do contato com a prática corporal através de vídeos, textos e
reflexões, os alunos analisam e problematizam as práticas corporais.
Na Perspectiva da pedagogia cultural da Educação Física não existe avaliação sem registro
e o docente deve organizar as atividades avaliativas finais (coreografias, vídeos,
apresentações, etc) para que se possa identificar os efeitos do processo vivido e a
participação e envolvimento dos Estudantes de forma não alienada.
Tal qual como o capoeirista, que elabora seus passos de acordo com as respostas e
leituras que faz do seu parceiro no jogo, na educação física culturalmente orientada, o
professor faz do planejamento um espaço vivo, ativo e imanente. As respostas vão surgindo
como reações, compreensões, leituras daqueles posicionamentos, e não são previamente
planejados.
Qualquer prática corporal pode ser tematizada e não há uma sequência apropriada para os
encaminhamentos pedagógicos. Realizado o mapeamento, o professor desenvolve
situações didáticas em que os estudantes possam vivenciar, ler e ressignificar a
manifestação, além de aprofundar e ampliar os conhecimentos a respeito. A docência
culturalmente orientada dá vazão ao pensamento e a ação, concebe cada situação didática
como um encontro, um acontecimento em que se cultivam a liberdade e a expressão.
A rota docente no currículo cultural, abarca todas as identidades e culturas, não buscando
tolerar, mas a valorizar verdadeiramente suas práticas e sujeitos. No currículo Cultural de
educação física as aulas passam a ter como objetivo contribuir para a leitura dos signos
presentes nas práticas corporais, bem como na produção de novas manifestações
corporais, ampliando o repertório cultural dos sujeitos do processo ao acessarem alguns
códigos de comunicação de outras culturas.
Nas práticas tradicionais de ensino, os registros têm caráter fiscalizatório para a avaliação,
codificando notas para a produção de sentido, atribuindo valor na participação.
Um artefato constituído em uma cultura passou por todo o processo de significação dentro
do grupo que o formulou e outros grupos podem não entender esses significados ou
tratá-los de forma pejorativa sem ao menos conhecê-los.
A análise do material produzido ajuda a evitar o daltonismo cultural, trazendo outro outros
Olhares Sobre as práticas culturais.
O caderno de registros oferece orientação sobre o caminho a seguir na rota percorrida pelo
professor e seus alunos oferecem insumos para refletir a avaliação. Planejar é estabelecer
caminhos que norteiem mais apropriadamente a execução da ação Educativa. Não se pode
pensar em uma prática docente enrijecida.
A trajetória que você percorreu possibilitou conhecer os vários aspectos que caracterizam
um ensino de Educação Física sintonizado com a sociedade contemporânea, multicultural,
globalizada, democrática e profundamente desigual. Nesse contexto, a escola tem
reconfigurado a sua função social e buscado formar as pessoas para compreender a
sociedade, identificar e combater suas injustiças e, principalmente, afirmar as diferenças.
Após estudar a constituição das identidades corporais, as pedagogias do corpo e as
concepções de ensino da Educação Física, o curso assumiu um posicionamento
teórico-metodológico culturalmente orientado. A partir daí, você estudou os campos de
inspiração da proposta, as noções de tematização, problematização e desconstrução que
ela adota, seus princípios ético-políticos e as situações didáticas que a caracterizam.
Nessa proposta, não existe um conhecimento (conteúdo) que deva ser obrigatoriamente
ensinado, tampouco um conhecimento (conteúdo) melhor que outro. Justamente por isso
muitas pessoas apresentam ressalvas ao currículo cultural. Entretanto, não é tarde para
lembrar que se trata de uma proposta inspirada nas teorias pós-críticas, que colocam em
xeque as certezas, os conhecimentos científicos, o positivismo e toda a herança moderna
que marcou a história da educação escolar.
Cultura corporal surge com viés crítico com base e influência e estudos das teorias
críticas, empodera professores para repensar as práticas nas aulas de Educação Física.
Não há suavidade. Cultura corporal é toda a produção discursiva, verbal e não-verbal,
acerca de práticas culturais; gestos, regras, locais.
As ações didáticas têm objetivos democratizantes, pois busca respeitar e reconhecer
todos os corpos e identidades, culturas e práticas corporais.
Uma pedagogia que ajuda a entender a produção das diferenças e apreciar os princípios da
Equidade não constrói consensos, pois prefere a noção de solidariedade, conceito bem
mais inclusivo e transformador.