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U N I D A D E 2
UNIDADE 2 – INTRODUÇÃO
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento transdisciplinar, que interage com inúmeras áreas
e conhecimentos científicos.
Ela se ocupa da aprendizagem do ser humano, em seus diferentes aspectos e variáveis, como por
exemplo: a família, o meio que o sujeito está inserido, aspectos físicos e biológicos.
Desta forma a psicopedagogia analisa e interfere no processo de aprendizagem, a fim de entender
como ele funciona, quais são os seus obstáculos e o que fazer para superá-los.
OBJETIVOS | UNIDADE 2
Fonte: wikipedia
A pedagogia curativa que era exercida na França era um método que favorecia a readaptação
pedagógica do aluno, auxiliando na aquisição de conhecimento científico e também no
desenvolvimento pessoal. Isso é o que está no cerne daquilo que hoje chamamos de Psicopedagogia.
Na América do Sul, a Psicopedagogia teve destaque na Argentina, tendo suas ideias pautadas na
literatura francesa.
PSICOPEDAGOGIA BRASILEIRA
No Brasil, a psicopedagogia tem forte influencia das ideias argentinas.
A Psicopedagogia no Brasil pode ser dividida em três momentos históricos. No primeiro, meados da
década de 60, a criança era considerada inapta diante do sistema convencional de educação.
No segundo momento, por volta das décadas de 70 e 80, a Psicopedagogia ampliou o seu objeto de
estudo, ocupando-se com a compreensão mais generalizada da aprendizagem humana.
A psicopedagogia passou então para além de prevenir possíveis desajustes na aprendizagem, otimizar
os processos e produzir conhecimento. O indivíduo passou a ser inserido num contexto e o olhar da
psicopedagogia passou a considerar suas múltiplas dimensões: aspecto orgânico, aspecto subjetivo e
aspecto sociocultural.
Em 1984 foi realizado em São Paulo o primeiro encontro de Psicopedagogia, com a presença de
Clarissa Golbert e Sonia Kiguel. A partir deste evento, criou-se um grupo de estudos de
psicopedagogia, que mais tarde se tornaria a Associação de Psicopedagogos de São Paulo e,
posteriormente, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). A criação da associação foi um
marco para a institucionalização da profissão de psicopedagogo no Brasil.
O terceiro momento, ainda muito ligado ao segundo, tem como foco o processo de construção do
sujeito. Sujeito esse que pensa, sente, se relaciona e tem uma história; ou seja, um sujeito
pluridimensional. Assim, entendemos que a psicopedagogia brasileira ainda é um campo em
construção, em busca de uma identidade formal, mas que nem por isso é menos estruturada que
qualquer outro campo de saber.
CONCEPÇÕES TEÓRICAS
Figura 2 - John B. Watson
Fonte: wikipedia
Na história mais recente da Psicopedagogia,
observa-se que existem três teorias que são
discutidas. Que são: a Psicanálise, o
associacionismo, e o construtivismo.
No associacionismo, o ensino é mais
tecnicista, não priorizando as funções
cognitivas. Os conteúdos são aplicados
sequencialmente para que o aluno siga um
raciocínio até chegar na resposta correta.
Como alternativa, surgiu o construtivismo.
Fonte: Freepik
Figura 4 - Jean William Fritz Piaget
Fonte: wikipedia
Figura 5 - Melanie Klein em 1952
Fonte: wikipedia
Autores como Sara Paín, Jorge Visca e Alicia Fernandez, foram pioneiros na criação de um modelo de
diagnóstico e intervenção psicopedagógica.
Para que o diagnóstico seja bem elaborado, precisamos atentar a três estruturas:
• A estrutura biológica se refere à maturação ou os danos do Sistema Nervoso Central – SNC.
• A estrutura psíquica, compreende os aspectos subjetivos do indivíduo.
• A estrutura mental é onde estão os processos mentais que serão utilizados para a construção do
conhecimento.
Também é importante mencionar os estudos da Psicologia Social de Pichon-Rivière, da Psicologia
Institucional de Bleger e da Análise Institucional de Lapassede, que impulsionaram os estudos da
Psicopedagogia Institucional.
Fonte: Freepik.
PSICOPEDAGOGIA NA PRÁTICA
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem
humana, entendendo que tal aprendizagem
ocorre de forma processual e contextualizada.
Isso quer dizer que a Psicopedagogia entende
que a aprendizagem envolve o sujeito como
um todo: seus aspectos físicos/biológicos,
afetivo/emocionais e também sócio/culturais,
sendo que estes aspectos se influenciam e
são influenciados a todo momento pelo meio
em que o sujeito está inserido.
Fonte: Freepik.
A aprendizagem está sempre relacionada com o sujeito que aprende, o quê é aprendido, quem
ensina e o meio em que ocorre esse aprendizado. Isso significa que o psicopedagogo deve
estar comprometido com qualquer tipo de aprendizado e de ensino, não somente o que é
exercido na escola.
Diante desse objeto de estudo, a psicopedagogia tem duas formas, principais, de atuação, seja
no âmbito clínico ou institucional: a preventiva e a terapêutica.
• Participar das dinâmicas das relações da
comunidade educativa, com o objetivo de
favorecer processos de integração e troca.
• Promover reflexão e orientação metodológica, a
Na atuação preventiva atua junto com a fim de encontrar soluções mais acessíveis.
equipe técnica envolvida no processo: os • Realizar processos de orientação educacional,
professores, familiares e comunidade de ocupacional, em grupo ou individualmente.
vários modos. • Proporcionar momentos de reflexão sobre o papel
Destacamos aqui algumas formas de da escola para a comunidade.
atuação de forma preventiva: • Proporcionar reflexão sobre habilidades, princípios
e estratégias que são importantes para a
aprendizagem.
• Auxiliar a equipe escolar na determinação, escolha
e elaboração dos objetivos educacionais, das
estratégias de ensino e dos instrumentos de
avaliação.
Na prática terapêutica, entendemos que o • Discutir, preparar e ajudar o professor no
psicopedagogo irá atuar principalmente com encaminhamento de alunos para atendimento
o sujeito ou instituição que demanda uma psicopedagógico em grupo ou individualmente.
atenção específica. O enfoque terapêutico • Participar do diagnóstico de distúrbios de
tem como premissa a identificação, analise e aprendizagem.
elaboração de uma metodologia diagnóstica
• Atendimento clínico de demandas de
e tratamento das dificuldades no processo de
transtornos e distúrbios de aprendizagem.
aprendizagem. Destacamos também algumas
atividades na prática terapêutica, que são: • Auxiliar o professor a compreender o problema
ou o bloqueio do aluno, levando alternativas
para a solução dos mesmos.
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
• Entrevista.
• Anamnese.
• Sessões Lúdicas.
• Provas e testes.
• Síntese diagnóstica.
• Devolução e encaminhamento.
Fonte: Freepik.
FORMAS DE ATUAÇÃO NO MERCADO DE
TRABALHO
Fonte: Freepik.
A psicopedagogia clínica é o modo terapêutico de atuação. Estes atendimentos são realizados normalmente
em centros de saúde ou clínicas especializadas, de forma individual, podendo também ocorrer em grupo.
Neste tipo de atendimento clínico é mais comum a prática da avaliação e diagnóstico de transtornos de
aprendizagem.
A psicopedagogia institucional tem caráter preventivo e pode se inserir em vários contextos: família,
escola, hospital, empresas, organizações assistenciais, ONG’s e no setor público.
Fonte: Freepik.
A primeira coisa que o psicopedagogo pode e deve fazer numa instituição escolar é o diagnóstico
institucional, observando as características organizacionais, a história da escola e a cultura institucional.
O psicopedagogo deve conhecer os documentos que regem a escola e que dão o perfil de identificação
para a unidade escolar, principalmente o PPP e o Regimento Escolar.
Fonte: Freepik.
O psicopedagogo na instituição vai trazer questionamentos. Questionar basicamente tudo e todos os
aspectos da instituição, começando pela gestão da escola. Se existe democracia, como fluem as relações de
trabalho, por exemplo, são aspectos que o psicopedagogo institucional deve observar.
A cultura da instituição é uma rede de comportamentos e o psicopedagogo é chamado, normalmente,
quando algo nesta rede não está funcionando.
Assim, o processo de diagnóstico institucional serve para viabilizar caminhos e propor mudanças
organizacionais. Mudanças estas que podem ser entendidas de forma positiva ou negativa.
Em qualquer instituição e na escola não é diferente, existem algumas manifestações de comportamento que
são identificadas e retratam o ambiente institucional. As manifestações verbais e conceituais são: os heróis
e os mitos, ou seja, algo ou alguém que pode ser bom ou ruim e que é de certa forma inatingível. As
narrativas marcam o ambiente escolar, ditando os comportamentos e as regras implícitas. Na observação da
instituição, o psicopedagogo deve identificar essas crenças e narrativas e no decorrer do processo deve
saber lidar com elas.
No diagnóstico institucional, o psicopedagogo faz uma leitura: das narrativas, do currículo aparente e
oculto, da dinâmica das relações entre os atores da escola, das possibilidades e abertura para
mudanças, da necessidade de ajuda, dos trabalhos já realizados, das dificuldades detectadas, dos
vínculos estabelecidos, dos comportamentos e atitudes e tudo mais relacionado com a instituição
escolar.
É a partir do diagnóstico que o psicopedagogo pode propor e executar um plano de intervenção. Na
intervenção psicopedagógica, o objetivo é a construção de uma nova identidade para a instituição,
trabalhando sempre em corresponsabilidade com a equipe da instituição, com enfoque
interdisciplinar e sempre disposto às trocas e diálogos.
O diagnóstico institucional tem caráter preventivo no sentido de reconstruir processos, redefinir
papéis, valorizar novos conhecimentos, novas forma de aprender e de pensar, e também novas
pessoas, processos, produtos, objetivos.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Na escola, o psicopedagogo tem como objetivo de intervenção resgatar ou fortalecer a identidade da
instituição e sua história, ao mesmo tempo que procura pareá-la com a realidade e o momento histórico
atual, adequando às demandas sociais e ao contexto ideal de aprendizagem.
O trabalho do psicopedagogo institucional é a prevenção dos problemas de aprendizagem. Para isso é
seu dever: analisar a formação dos professores, o currículo que está sendo utilizado na escola, se está
sendo adequado às necessidades dos alunos, se os professores estão preparados para atender os alunos,
inclusive alunos que tenham alguma necessidade especial. O psicopedagogo vai intervir nesses aspectos,
a fim de orientar a equipe pedagógica para que o processo de aprendizagem ocorra de forma mais
produtiva.
O psicopedagogo vai então, após analisar todos estes aspectos, propor mudanças no currículo, no
projeto político pedagógico, na metodologia de ensino, nas formas de aprender e de ensinar. Ele
também pode contribuir na melhoria da comunicação interna da escola e na comunicação da escola com
a família, favorecendo uma relação de confiança. O psicopedagogo pode auxiliar os atores que dão vida à
escola a retornarem às origens, aos princípios fundamentais que regem a escola.
A intervenção é pautada nos recursos que promovem a
operacionalização da instituição, fazendo com que o
movimento de aprender nunca cesse, sempre
acompanhando o momento histórico e prevenindo a
cristalização de crenças que dificultam o desenvolvimento.
O psicopedagogo deve trabalhar as questões que servem
de obstáculo para o ensinar e o aprender, interagindo,
integrando, se vinculando, articulando conhecimentos e
cuidando das relações.
Fonte: Freepik.
Compreendemos que o psicopedagogo na escola, ou em
qualquer instituição tem papel fundamental na criação e
no aperfeiçoamento do clima e das relações dentro da
instituição. Na escola, entre os professores, alunos,
funcionários, famílias e comunidade. O pedagogo
desmistifica a manifestação de crenças e de narrativas que
limitam e inviabilizam o desenvolvimento e o progresso da
aprendizagem, examinando aspectos destrutivos que são
arraigados nas relações interpessoais, diagnosticando e
intervindo nos sintomas e discursos que se repetem e não
colaboram para o crescimento do grupo.
Fonte: Freepik.
OBRIGADA!