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PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

RAQUEL ELISABETH DUMASZAK

U N I D A D E 2
UNIDADE 2 – INTRODUÇÃO
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento transdisciplinar, que interage com inúmeras áreas
e conhecimentos científicos.
Ela se ocupa da aprendizagem do ser humano, em seus diferentes aspectos e variáveis, como por
exemplo: a família, o meio que o sujeito está inserido, aspectos físicos e biológicos.
Desta forma a psicopedagogia analisa e interfere no processo de aprendizagem, a fim de entender
como ele funciona, quais são os seus obstáculos e o que fazer para superá-los.
OBJETIVOS | UNIDADE 2

1. Entender a origem da psicopedagogia, identificando seus principais marcos históricos.


2. Definir os conceitos segundo as concepções teóricas da psicopedagogia.
3. Aplicar as técnicas de avaliação e diagnóstico psicopedagógicos.
4. Discernir sobre a atuação do psicopedagogo no mercado.
ORIGEM DA PSICOPEDAGOGIA
Figura 1 - Johann Heinrich Pestalozzi

A Psicopedagogia surgiu da necessidade de se entender melhor


os problemas de aprendizagem.
Em meados do séc XIX, surgiram os primeiros estudos sobre a
criança que não aprende. Janine Mery apontava as diferenças
sensoriais e a debilidade mental. Jean Itard estudou a
percepção e o retardo mental. A partir dai foram surgindo
outros pesquisadores e estudiosos como Pestalozzi, Pereire e
Seguin. Estes educadores foram pioneiros no tratamento das
dificuldades de aprendizagem. Contudo, eles se preocupavam
com as deficiências sensoriais e debilidades mentais.

Fonte: wikipedia
A pedagogia curativa que era exercida na França era um método que favorecia a readaptação
pedagógica do aluno, auxiliando na aquisição de conhecimento científico e também no
desenvolvimento pessoal. Isso é o que está no cerne daquilo que hoje chamamos de Psicopedagogia.
Na América do Sul, a Psicopedagogia teve destaque na Argentina, tendo suas ideias pautadas na
literatura francesa.
PSICOPEDAGOGIA BRASILEIRA
No Brasil, a psicopedagogia tem forte influencia das ideias argentinas.
A Psicopedagogia no Brasil pode ser dividida em três momentos históricos. No primeiro, meados da
década de 60, a criança era considerada inapta diante do sistema convencional de educação.
No segundo momento, por volta das décadas de 70 e 80, a Psicopedagogia ampliou o seu objeto de
estudo, ocupando-se com a compreensão mais generalizada da aprendizagem humana.
A psicopedagogia passou então para além de prevenir possíveis desajustes na aprendizagem, otimizar
os processos e produzir conhecimento. O indivíduo passou a ser inserido num contexto e o olhar da
psicopedagogia passou a considerar suas múltiplas dimensões: aspecto orgânico, aspecto subjetivo e
aspecto sociocultural.
Em 1984 foi realizado em São Paulo o primeiro encontro de Psicopedagogia, com a presença de
Clarissa Golbert e Sonia Kiguel. A partir deste evento, criou-se um grupo de estudos de
psicopedagogia, que mais tarde se tornaria a Associação de Psicopedagogos de São Paulo e,
posteriormente, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). A criação da associação foi um
marco para a institucionalização da profissão de psicopedagogo no Brasil.
O terceiro momento, ainda muito ligado ao segundo, tem como foco o processo de construção do
sujeito. Sujeito esse que pensa, sente, se relaciona e tem uma história; ou seja, um sujeito
pluridimensional. Assim, entendemos que a psicopedagogia brasileira ainda é um campo em
construção, em busca de uma identidade formal, mas que nem por isso é menos estruturada que
qualquer outro campo de saber.
CONCEPÇÕES TEÓRICAS
Figura 2 - John B. Watson

Nos anos 60 e 70 as teorias mais utilizadas na Psicopedagogia eram o


Behaviorismo e o Humanismo.
No Behaviorismo temos o ensino tradicional, em que o estímulo da
criticidade e da reflexão eram basicamente nulos. O professor era
reconhecido como um instrutor, numa relação vertical com o aluno.
Watson, que era um dos importantes teóricos dessa corrente, afirmava
que monitorando e controlando os estímulos corretos de uma criança ao
longo do seu crescimento poderíamos transforma-la no que
quiséssemos. Ou seja, a aprendizagem era entendida como um processo
externo, que se concretizava na equação Estímulo-Resposta e
controlando as variáveis do meio externo, teríamos controle sobre a
aprendizagem. Fonte: wikipedia
Figura 3 - Carl Rogers

O humanismo teve como seu principal representante Carl Rogers.


Nesta teoria era valorizada a criatividade do aluno e sua liberdade,
com o objetivo de favorecer a aprendizagem. O professor é
considerado aqui um facilitador desse processo, devendo aguardar
que seus alunos assumam o controle sobre as suas ações em
direção à aprendizagem. Rogers afirmava que o indivíduo é
responsável pela capacidade de mudança e que o importante não é
aprender certos conteúdos, mas sim sua autorrealização e o
aprender a aprender.

Fonte: wikipedia
Na história mais recente da Psicopedagogia,
observa-se que existem três teorias que são
discutidas. Que são: a Psicanálise, o
associacionismo, e o construtivismo.
No associacionismo, o ensino é mais
tecnicista, não priorizando as funções
cognitivas. Os conteúdos são aplicados
sequencialmente para que o aluno siga um
raciocínio até chegar na resposta correta.
Como alternativa, surgiu o construtivismo.

Fonte: Freepik
Figura 4 - Jean William Fritz Piaget

Piaget, teórico que representa o construtivismo, acredita


que a criança precisa assimilar o conhecimento para depois
acomodá-lo. Cada conhecimento que é acomodado, leva o
sujeito a alcançar a adaptação e a organização de todo novo
conhecimento. Aqui a aprendizagem acontece em cada
procedimento, não privilegiando nem o início nem o fim do
processo, mas cada passo.

Fonte: wikipedia
Figura 5 - Melanie Klein em 1952

A Psicanalise contribui para o arcabouço teórico da


Psicopedagogia. Baseando-se nos aspectos emocionais do
sujeito, afirma que a aprendizagem ocorre se houver
afetividade. Melanie Klein, importante teórica sobre o assunto,
sugere que sempre haverá um objeto a ser conhecido e
alguém que impulsiona para o conhecimento. Ainda, o vínculo
afetivo é como uma ponte, estabelecendo conexões para que
tanto o emocional quanto o intelectual se desenvolvam.

Fonte: wikipedia
Autores como Sara Paín, Jorge Visca e Alicia Fernandez, foram pioneiros na criação de um modelo de
diagnóstico e intervenção psicopedagógica.
Para que o diagnóstico seja bem elaborado, precisamos atentar a três estruturas:
• A estrutura biológica se refere à maturação ou os danos do Sistema Nervoso Central – SNC.
• A estrutura psíquica, compreende os aspectos subjetivos do indivíduo.
• A estrutura mental é onde estão os processos mentais que serão utilizados para a construção do
conhecimento.
Também é importante mencionar os estudos da Psicologia Social de Pichon-Rivière, da Psicologia
Institucional de Bleger e da Análise Institucional de Lapassede, que impulsionaram os estudos da
Psicopedagogia Institucional.

Fonte: Freepik.
PSICOPEDAGOGIA NA PRÁTICA
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem
humana, entendendo que tal aprendizagem
ocorre de forma processual e contextualizada.
Isso quer dizer que a Psicopedagogia entende
que a aprendizagem envolve o sujeito como
um todo: seus aspectos físicos/biológicos,
afetivo/emocionais e também sócio/culturais,
sendo que estes aspectos se influenciam e
são influenciados a todo momento pelo meio
em que o sujeito está inserido.

Fonte: Freepik.
A aprendizagem está sempre relacionada com o sujeito que aprende, o quê é aprendido, quem
ensina e o meio em que ocorre esse aprendizado. Isso significa que o psicopedagogo deve
estar comprometido com qualquer tipo de aprendizado e de ensino, não somente o que é
exercido na escola.
Diante desse objeto de estudo, a psicopedagogia tem duas formas, principais, de atuação, seja
no âmbito clínico ou institucional: a preventiva e a terapêutica.
• Participar das dinâmicas das relações da
comunidade educativa, com o objetivo de
favorecer processos de integração e troca.
• Promover reflexão e orientação metodológica, a
Na atuação preventiva atua junto com a fim de encontrar soluções mais acessíveis.
equipe técnica envolvida no processo: os • Realizar processos de orientação educacional,
professores, familiares e comunidade de ocupacional, em grupo ou individualmente.
vários modos. • Proporcionar momentos de reflexão sobre o papel
Destacamos aqui algumas formas de da escola para a comunidade.
atuação de forma preventiva: • Proporcionar reflexão sobre habilidades, princípios
e estratégias que são importantes para a
aprendizagem.
• Auxiliar a equipe escolar na determinação, escolha
e elaboração dos objetivos educacionais, das
estratégias de ensino e dos instrumentos de
avaliação.
Na prática terapêutica, entendemos que o • Discutir, preparar e ajudar o professor no
psicopedagogo irá atuar principalmente com encaminhamento de alunos para atendimento
o sujeito ou instituição que demanda uma psicopedagógico em grupo ou individualmente.
atenção específica. O enfoque terapêutico • Participar do diagnóstico de distúrbios de
tem como premissa a identificação, analise e aprendizagem.
elaboração de uma metodologia diagnóstica
• Atendimento clínico de demandas de
e tratamento das dificuldades no processo de
transtornos e distúrbios de aprendizagem.
aprendizagem. Destacamos também algumas
atividades na prática terapêutica, que são: • Auxiliar o professor a compreender o problema
ou o bloqueio do aluno, levando alternativas
para a solução dos mesmos.
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

Há vários fatores que interferem na aprendizagem.


Por isso a importância de identificar quais são esses
fatores, para então poder minimizar a sua
interferência nesse processo. Assim como existem
várias dificuldades diferentes, há também várias
formas de identificá-las, avaliá-las, diagnosticá-las e
de tratá-las. Cada psicopedagogo possui um estilo
para fazer tal avaliação, de acordo com a sua
formação, seus referenciais teóricos e sua forma de
compreender o indivíduo.
Fonte: Freepik.
A AVALIAÇÃO

A avaliação psicopedagógica é a forma de iniciar uma investigação dos componentes do processo de


aprendizagem.
É um processo dinâmico, que tem como objetivo entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio
apresentado na queixa. Ela inclui a entrevista inicial com os pais, com a criança e também com a escola,
a análise do material escolar e a utilização de recursos como: testes, atividades e instrumentos de
avaliação de desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas.
ALGUMAS ETAPAS DA AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA

a) Identificação dos fatores responsáveis pelas dificuldades da criança:


Nesta etapa o psicopedagogo deve distinguir se trata-se de um transtorno de aprendizagem ou de
uma dificuldade advinda de outros fatores (emocionais, cognitivos ou sociais). São coletados dados
referentes à dificuldade da criança e investiga-se a existência de quadros neurológicos, psicológicos,
psiquiátricos, condições familiares e ambiente escolar. Para que essa investigação tenha maior
credibilidade, é necessária uma equipe multidisciplinar, com Psicólogos, Neuropediatras,
Fonoaudiólogos e outros que sejam adequados ao caso, além de ter uma boa parceria e cooperação
com a escola.
ALGUMAS ETAPAS DA AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA

b) Levantamento do repertório infantil relativo às habilidades acadêmicas e cognitivas :


Nesta etapa é importante que o profissional tenha conhecimento sobre as habilidades que a criança
já possui, ou que já teve a oportunidade de adquirir. Para isso, indica-se que seja feito um
levantamento do conteúdo acadêmico, da proposta pedagógica da escola que a criança está inserida,
investigação da atenção, hábitos de estudo, solução de problemas, psicomotricidade,
desenvolvimento da linguagem, avaliação de requisitos que facilitem a aprendizagem, padrões de
raciocínio, déficits e preferências da criança.
ALGUMAS ETAPAS DA AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
c) Identificação de características emocionais da criança:
Esta etapa envolve a investigação de estímulos e reforçadores aos quais a criança responde ou não.
Além de entender qual a interação com as exigências e expectativas escolares e familiares que
recaem sobre ela.
Para que essas etapas sejam concluídas, podem ser realizadas diversas atividades. Tudo vai depender
da forma como o psicopedagogo vai conduzir o processo de avaliação e também da sua criatividade.
Muitas vezes, a queixa trazida pelos pais ou pela escola, já indica o caminho inicial para a
investigação, além de indicar também a forma como eles compreendem a dificuldade da criança e
qual é o lugar que ela ocupa. Isso também é uma informação importante para a avaliação da queixa
inicial.
O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
O diagnóstico psicopedagógico é uma
investigação que abre os caminhos para uma
intervenção mais precisa, dando início ao
processo de superação das dificuldades. O
objetivo do diagnóstico é entender qual o
obstáculo no processo de aprendizagem e quais
são os caminhos para superá-lo. É uma forma de
se analisar a situação do aluno, seja no contexto
escolar, da sala de aula, familiar ou social.
O diagnóstico, para ser mais preciso, envolve ao
menos três áreas profissionais: neurologia,
psicopedagogia e psicologia. Estes campos de
conhecimento possibilitam a identificação das
causas do problema, além de descartar possíveis Fonte: Freepik.
fatores que não são importantes ou hipóteses
infundadas.
É importante dizer que o diagnóstico é tão relevante quanto o tratamento, devendo ser
conduzido com muito cuidado, observando a criança e suas mudanças de comportamento. É
necessário também que o profissional atente para o significado do sintoma no âmbito familiar
e escolar, não analisando apenas como um recorte.
O diagnóstico não pode ser considerado um momento estático. Ele deve ser visto como um
momento transitório, uma fase a ser concluída entre a avaliação e a intervenção. Para isso deve
seguir alguns princípios, como: análise do contexto e identificação do sintoma, análise de
fatores coexistentes ao sintoma, bloqueio de ordem do conhecimento, da ordem da interação,
da ordem do funcionamento e da estrutura, análise da origem do sintoma e suas causas
históricas, diferenciação dos parâmetros aceitáveis de desenvolvimento, levantamento de
hipóteses de confirmação futura, indicações e encaminhamentos.
A hipótese diagnóstica não deve se fundamentar apenas nas dificuldades e problemas, mas
indicar também e, principalmente, as potencialidades do indivíduo. Não somente as
características e habilidades que o sujeito já possui que são importantes, mas também o que
ainda esta por se desenvolver, aquilo que o sujeito pode se tornar deve ser valorizado.
Ao pensar nos instrumentos para o
diagnóstico, o psicopedagogo pode utilizar
como recursos: a entrevista com a família, e
com a escola, investigar o motivo da queixa,
conhecer a história da criança fazendo a
anamnese, entrevistar o aluno, contatar a
escola e outros profissionais e realizar
encaminhamentos quando necessário.
Elencamos algumas etapas do diagnóstico
psicopedagógico. Lembrando que aqui, essas
etapas estão descritas de modo generalizado.
Cada psicopedagogo atua de forma única e
singular de acordo com as suas vivencias, suas
experiências e sua concepção teórica. Fonte: Freepik.
ETAPAS E DESCRIÇÃO

• Entrevista.
• Anamnese.
• Sessões Lúdicas.
• Provas e testes.
• Síntese diagnóstica.
• Devolução e encaminhamento.

Fonte: Freepik.
FORMAS DE ATUAÇÃO NO MERCADO DE
TRABALHO

Fonte: Freepik.
A psicopedagogia clínica é o modo terapêutico de atuação. Estes atendimentos são realizados normalmente
em centros de saúde ou clínicas especializadas, de forma individual, podendo também ocorrer em grupo.
Neste tipo de atendimento clínico é mais comum a prática da avaliação e diagnóstico de transtornos de
aprendizagem.
A psicopedagogia institucional tem caráter preventivo e pode se inserir em vários contextos: família,
escola, hospital, empresas, organizações assistenciais, ONG’s e no setor público.

O objetivo da atuação nesses contextos pode ser:


analisar as relações interpessoais, os conhecimentos
que circulam e como circulam e pensar alternativas
para conflitos. Assim, por exemplo, no trabalho
hospitalar, podem ser oferecidas oficinas ou trabalhos
lúdicos para os internos. Com as famílias pode ser
oportuno um trabalho sobre a importância das
funções materna e paterna, resgatando-se o papel
educacional da família, hoje tão esquecido. Na escola,
o psicopedagogo pode analisar a identidade da
instituição, os papeis e as funções na dinâmica
relacional, os conceitos de aprendizagem, ensino, Fonte: Freepik.
inclusão e o diálogo com as famílias etc.
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL NA ESCOLA

A psicopedagogia institucional é um campo que tem


crescido e se desenvolvido com foco de ação preventiva
aos problemas de aprendizagem. Tem como objetivo
fortalecer a identidade do grupo e transformar a
realidade escola. Para que isso ocorra, devem haver
mudanças naquilo que já está estabelecido como cultura
institucional.

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A primeira coisa que o psicopedagogo pode e deve fazer numa instituição escolar é o diagnóstico
institucional, observando as características organizacionais, a história da escola e a cultura institucional.
O psicopedagogo deve conhecer os documentos que regem a escola e que dão o perfil de identificação
para a unidade escolar, principalmente o PPP e o Regimento Escolar.

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O psicopedagogo na instituição vai trazer questionamentos. Questionar basicamente tudo e todos os
aspectos da instituição, começando pela gestão da escola. Se existe democracia, como fluem as relações de
trabalho, por exemplo, são aspectos que o psicopedagogo institucional deve observar.
A cultura da instituição é uma rede de comportamentos e o psicopedagogo é chamado, normalmente,
quando algo nesta rede não está funcionando.
Assim, o processo de diagnóstico institucional serve para viabilizar caminhos e propor mudanças
organizacionais. Mudanças estas que podem ser entendidas de forma positiva ou negativa.
Em qualquer instituição e na escola não é diferente, existem algumas manifestações de comportamento que
são identificadas e retratam o ambiente institucional. As manifestações verbais e conceituais são: os heróis
e os mitos, ou seja, algo ou alguém que pode ser bom ou ruim e que é de certa forma inatingível. As
narrativas marcam o ambiente escolar, ditando os comportamentos e as regras implícitas. Na observação da
instituição, o psicopedagogo deve identificar essas crenças e narrativas e no decorrer do processo deve
saber lidar com elas.
No diagnóstico institucional, o psicopedagogo faz uma leitura: das narrativas, do currículo aparente e
oculto, da dinâmica das relações entre os atores da escola, das possibilidades e abertura para
mudanças, da necessidade de ajuda, dos trabalhos já realizados, das dificuldades detectadas, dos
vínculos estabelecidos, dos comportamentos e atitudes e tudo mais relacionado com a instituição
escolar.
É a partir do diagnóstico que o psicopedagogo pode propor e executar um plano de intervenção. Na
intervenção psicopedagógica, o objetivo é a construção de uma nova identidade para a instituição,
trabalhando sempre em corresponsabilidade com a equipe da instituição, com enfoque
interdisciplinar e sempre disposto às trocas e diálogos.
O diagnóstico institucional tem caráter preventivo no sentido de reconstruir processos, redefinir
papéis, valorizar novos conhecimentos, novas forma de aprender e de pensar, e também novas
pessoas, processos, produtos, objetivos.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Na escola, o psicopedagogo tem como objetivo de intervenção resgatar ou fortalecer a identidade da
instituição e sua história, ao mesmo tempo que procura pareá-la com a realidade e o momento histórico
atual, adequando às demandas sociais e ao contexto ideal de aprendizagem.
O trabalho do psicopedagogo institucional é a prevenção dos problemas de aprendizagem. Para isso é
seu dever: analisar a formação dos professores, o currículo que está sendo utilizado na escola, se está
sendo adequado às necessidades dos alunos, se os professores estão preparados para atender os alunos,
inclusive alunos que tenham alguma necessidade especial. O psicopedagogo vai intervir nesses aspectos,
a fim de orientar a equipe pedagógica para que o processo de aprendizagem ocorra de forma mais
produtiva.
O psicopedagogo vai então, após analisar todos estes aspectos, propor mudanças no currículo, no
projeto político pedagógico, na metodologia de ensino, nas formas de aprender e de ensinar. Ele
também pode contribuir na melhoria da comunicação interna da escola e na comunicação da escola com
a família, favorecendo uma relação de confiança. O psicopedagogo pode auxiliar os atores que dão vida à
escola a retornarem às origens, aos princípios fundamentais que regem a escola.
A intervenção é pautada nos recursos que promovem a
operacionalização da instituição, fazendo com que o
movimento de aprender nunca cesse, sempre
acompanhando o momento histórico e prevenindo a
cristalização de crenças que dificultam o desenvolvimento.
O psicopedagogo deve trabalhar as questões que servem
de obstáculo para o ensinar e o aprender, interagindo,
integrando, se vinculando, articulando conhecimentos e
cuidando das relações.

Fonte: Freepik.
Compreendemos que o psicopedagogo na escola, ou em
qualquer instituição tem papel fundamental na criação e
no aperfeiçoamento do clima e das relações dentro da
instituição. Na escola, entre os professores, alunos,
funcionários, famílias e comunidade. O pedagogo
desmistifica a manifestação de crenças e de narrativas que
limitam e inviabilizam o desenvolvimento e o progresso da
aprendizagem, examinando aspectos destrutivos que são
arraigados nas relações interpessoais, diagnosticando e
intervindo nos sintomas e discursos que se repetem e não
colaboram para o crescimento do grupo.
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OBRIGADA!

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