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ISCED-HUAMBO
APONTAMENTOS DE PSICOLOGIA
PEDAGÓGICA
O Corpo docente:
Apolinário Namaliongo
Augusto Vicente
HUAMBO, 2023/2024
CAPÍTULO I – A PSICOLOGIA PEDAGÓGICA/EDUCAÇÃO COMO CIÊNCIA
Pretende-se, pois dar ao ensino um carácter mais científico, tentar dar ao professor e a
outros educadores, princípios e técnicas que lhe permitam compreender e intervir
eficazmente no processo de ensino-aprendizagem.
O professor não é o senhor absoluto dono da verdade e dono dos alunos, que
manipula a seu bel-prazer. Os alunos são pessoas humanas, tanto quanto ele, e seu
desenvolvimento e sua liberdade de manifestação precisam ser respeitados pelo
professor. Na medida em que isso acontecer, o professor chegará à conclusão de que
não é apenas uma maquininha de ensinar ou um gravador ou qualquer outro aparelho.
Como os alunos, ele também é uma pessoa e relaciona-se com eles de forma global, e
não apenas como instrutor ou transmissor de ordens e conhecimentos.
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estar a seu serviço, atendendo aos pais e a outros moradores da comunidade, como
centro de encontros, reuniões, cursos e promoções artísticas, culturais, desportivas,
etc.
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segundo este psicólogo a missão fundamental da Psicologia da Educação será a de
compreender os factos Pedagógicos.
Assim temos por um lado os autores que entendem a Psicologia da educação como um
mero campo de aplicação do conhecimento psicológico à educação ou seja, extrair do
conjunto de conhecimentos que proporciona a Psicologia cientifica aqueles que podem
ser relevantes e pertinentes para a educação e para o ensino.
Autores como Robert Glaser (1976) concebem a Psicologia Pedagógica como uma
disciplina ponte entre a Psicologia e a Educação, com um objecto de estudo, alguns
métodos, marco teórico e conceptual próprio. Segundo ele o peculiar deste tipo de
conhecimento é que não se limitam a descrever e explicar seu objecto de estudo, mas
que, além disso, elaboram procedimentos para modificá-lo.
Outro autor que compartilha deste ponto de vista é o Psicólogo D. Ausubel, segundo
ele, a discrepância entre a Psicologia e a Psicologia da educação radica em que a
primeira se ocupa do estudo das leis gerais do psiquismo humano, enquanto a
segunda limita seu campo de estudo às leis do psiquismo humano que regem a
aprendizagem escolar.
Também Léon e Gilly insistem que a Psicologia da Educação não se limita a aplicar o
conhecimento psicológico à educação e ao ensino, mas também contribui para o
enriquecimento da Psicologia e das ciências pedagógicas.
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Psicologia da Educação:
Psicologia Pedagógica
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CAPÍTULO II – Aprendizagem
A aprendizagem tem sido estudada por grande número de investigadores, e todos eles
são unânimes em considerá-la o comportamento mais importante dos animais
superiores. Obviamente que não podemos, rigorosamente, rever ou resumir um campo
tão complexo e controverso como o da aprendizagem. Abordaremos apenas alguns
conceitos que consideramos mais significativos e adequados aos fins que nos
propomos atingir.
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Aprendizagem é a progressiva mudança do comportamento que está ligada, de um
lado, a sucessivas apresentações de uma situação e, de outro, a repetidos esforços
dos indivíduos para enfrentá-la de maneira eficiente. (McConnell).
Características da aprendizagem
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A aprendizagem é, em geral, a mobilização de esquemas mentais do indivíduo na sua
situação de ensino. O ensino representa o treinamento, a instrução. A educação é
vista, segundo várias teorias medicionais, como processo de mediação para provocar
ou induzir mudanças.
Situação estimuladora: soma dos factores que estimulam os ôrgãos dos sentidos da
pessoa que aprende. Se houver apenas um factor, este recebe o nome de estímulo.
Exemplos de estímulos: um nome falado em voz alta; uma ordem, como sente-se; uma
mudança ambiental, como falta de luz eléctrica, etc;
Factores de aprendizagem
Factores individuais
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A motivação: o empenho numa tarefa, sinal exterior de motivação, facilita o processo
de aprendizagem. Quer a motivação intrinseca-aprender pelo gosto de aprender-ou
extrínsica-aprender com vista a um objectivo externo - a verdade é que o impulso
motivacional é determinante. Assim uma forte motivação dinamiza o ritmo de
aprendizagem e aumenta a concepção no que estamos a aprender. Se a motivação for
demasiado forte ou muito fraca a aprendizagem é dificultada ou mesmo inibida.
Factores sociais
Bloom (cit im Mesquita e Duarte, 1998) afirma que, um meio enriquecido durante as
primeiras fases da vida constitui a chave para o pleno desenvolvimento da inteligência
e enumera três variáveis do meio que considera serem importantes para o
desenvolvimento das aptidões intelectuais nas crianças:
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Factores que prejudicam a aprendizagem
Factores escolares
Factores familiares
Há o caso do filho único que, em casa, recebe todas as atenções dos pais e tem
satisfeitas todas as suas vontades. Certamente, na escola, quando ele for apenas mais
um entre outros trinta ou quarenta alunos, poderá desenvolver bloqueios à
aprendizagem, poderá desvalorizar a escola, querer abandoná-la, etc. Exige-se aqui
todo um trabalho de adaptação à vivência em grupo.
O filho caçula pode viver as mesmas dificuldades do filho único, quando também é alvo
de todas as atenções familiares.
Outra situação que merece atenção especial é aquela em que, numa família de muitos
filhos, o aluno é o único de seu sexo: todos os outros são do sexo oposto.
Alguns tipos de educação familiares muito comuns em nossa sociedade são bastante
inadequados e trazem consequências negativas para a aprendizagem.
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de aprender de forma eficiente. Uma certa criança pode imaginar que seu
comportamento agressivo levará o professor a satisfazer seus desejos, como
acontece em casa. Caso não consiga, seu interesse pela actividade escolar
diminui. Nesses casos é muito importante a colaboração entre a família e a
escola e o diálogo do professor com a criança.
A educação que valoriza a ambição: o ter, mais do que o ser. Nesse caso, os
pais esperam que seus filhos alcancem resultados fora do comum. A criança
pode desenvolver um falso sentimento de superioridade, que não se baseia na
realidade, e ao mesmo tempo sentir-se frustrada, pois não consegue satisfazer
as expectativas dos pais. Muitas vezes, são pais frustrados que promovem tal
educação, na esperança de realizar através dos filhos o que não conseguiram
por si mesmos.
A falta de amor pelos filhos: Crianças não amadas ou rejeitadas pelos pais
manifestam muita necessidade de reconhecimento, de atenção e carinho. Muitas
vezes, essas crianças podem sentir-se satisfeitas quando são punidas ou
maltratadas, pois estão sendo alvo de alguma espécie de atenção, o que é
sempre melhor que a indiferença. O professor deve ser amigável, valorizar as
realizações dessas crianças, especialmente nas áreas em que prevalecem suas
capacidades e seus interesses.
Factores individuais
Um último grupo de factores que afecta a aprendizagem engloba as características
individuais da criança.
Maturidade, Ritmo pessoal interesses e aptidões: De início, convém que o professor
esteja atento ao nível de maturidade, ao ritmo pessoal e às preferências dos alunos.
Cabe ao professor adequar as actividades da sala de aula a essas características
individuais. É errado supor que todos os alunos de uma turma tenham igual nível de
maturidade, igual ritmo de aprendizagem e iguais interesses e aptidões. Dessa forma,
não convém esperar de todo o mesmo desempenho e a realização das mesmas
actividades, da mesma maneira.
Factores de origem nervosa podem fazer com que as crianças apresentem
comportamentos prejudiciais à aprendizagem:
a criança pode ter dificuldades de aprender porque não consegue ficar quieta em sua
carteira: é hiperativa, não é capaz de concentrar sua atenção por muito tempo, sobre
uma certa tarefa. Inicialmente o professor pode solicitar a essa criança maior número
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de atividades que exijam movimento e aumentar pouco a pouco os períodos de
concentração numa única tarefa.
A criança pode ter desenvolvido certos cacoetes ou hábitos de comportamento, que a
distraem das atividades escolares: coçar a cabeça, chupar o dedo, roer as unhas, etc.
Nesse caso, não é a repressão ou a ridicularização que vão ajudar, mas a
compreensão e a atenção.
Às vezes, a criança não aprende porque não dorme ou não come direito. As causas
desses comportamentos e dos anteriores podem estar na insegurança com que os pais
educam seus filhos ou em problemas graves que a família enfrenta: o comportamento
dos pais em relação aos filhos pode variar do extremo amor à extrema negligência; a
família pode ter dificuldades de obter alimentação, moradia, ou recursos para que a
criança possa ir à escola bem vestida, como seus colegas. Essas situações podem
levar ao desenvolvimento de certos comportamentos, que podem ser uma fuga da
realidade problemática: insônia, falta de apetite.
Características orgânicas: a criança muito gorda, muito alta ou muito baixa, em
relação à média das crianças de sua idade, pode apresentar distúrbios na
aprendizagem. Mais do que nos casos anteriores, talvez, neste caso é fundamental a
compreensão e a ajuda do professor e dos colegas, para que a criança supere os
efeitos psicológicos que podem resultar dessas características, quais sejam, os
complexos de inferioridade ou de superioridade, o isolamento social, a inibição, etc.
Problemas orgânicos podem resultar de a subnutrição alimentar, condição comum à
maior parte das crianças brasileiras, que traz como conseqüência o atraso ou a
interrupção no desenvolvimento físico e mental.
Crianças com deficiências físicas: que muitas vezes são discriminadas em casa, na
escola, no trabalho e na sociedade. Quando conseguem superar os preconceitos e
chegar à escola, o que dificilmente acontece, essas crianças enfrentam uma série de
barreiras para estudar e aprender: não existem móveis adequados, materiais
apropriados, professores eficientes e compreensivos.
No trabalho e na sociedade acontece a mesma coisa: as barreiras que devem enfrentar
para conseguir emprego, para deslocar-se de um ponto a outro da cidade, são muito
grandes. A sociedade é dominada por pessoas consideradas fisicamente normais.
Essas pessoas planeam tudo como se todos fossem iguais a elas: escadas, carros,
meios de transporte, etc.
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Na escola é importante que essas crianças sejam valorizadas, que tenham seus
direitos de opinião e participação respeitados, para que se sintam capazes e se
desenvolvam normalmente. A escola precisa contar com técnicos e materiais
apropriados, para evitar a marginalização das crianças com deficiências físicas.
Teorias da aprendizagem
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3- Gestalt (gestaltismo): processos da percepção. Representantes: Max
Wertheimer, kurt Koffka, Wolfgang Köhler, etc.
10-Teoria Fenomenológica
-Reforços positivos naturais ou primários - São as explicações lógicas (o quê, por que,
para quê, como etc.) dos condicionamentos. Exemplo: filho aprende a matemática e
será um economista; Quando a luz do semáforo for verde, não passes para não ser
atropelado; ou ler para compreender um romance, e ser reforçado naturalmente. O
reforço natural possui em si propriedades reforçadoras.
Nesses exemplos, obter os conceitos “B” e “A”, fazer correctamente uma conta de
somar na lousa a e ficar sentado são os comportamentos esperados; a bicicleta, o
“Muito bem” e a porção de açúcar são reforços positivos. Mas o indivíduo também pode
manifestar os comportamentos esperados ou evitar comportamentos considerados
indesejáveis para esquivar-se dos chamados reforços negativos: repressões, ameaças
e outras formas de punição. Portanto, estas teorias dão ênfase aos castigos (reforços
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negativos), às recompensas ( reforços positivos) e à repetição da conduta para formar
habilidades e destrezas, geralmente motoras ( comportamento observável).
Para que ocorra o condicionamento, não é necessário dar o reforço todas as vezes que
o aluno manifesta o comportamento desejado. O reforço intermitente, às vezes sim e
às vezes não, produz um condicionamento mais duradouro.
Limitações do condutismo
É uma teoria antimentalista, pela formula S-R; animais e pessoas aprendem da mesma
maneira. Por isso extrapolam os resultados das investigações feitas em animais
directamente para o ser humano; eles supõem que o homem nasce como uma tábua
rasa, aprende no meio e em função do meio em que estiver inserido. Os condutistas
negam a participação da mente e dos processos mentais no processo de
aprendizagem; como conseqüência deste postulado básico da teoria não tem em
consideração as diferenças individuais, o que quer dizer que todos aprendem da
mesma maneira. Nossas respostas ou condutas são mecânicas. A motivação é um
factor externo, por isso o professor deve usar contingências de reforçamento para
reforçar ( persuadir) o aprendiz e inibir neste comportamentos indesejáveis.
Conclusão:
2.2 - A Psicanálise
A expressão Psicanálise designa uma ciência, uma área de conhecimento, uma escola
psicológica que busca penetrar na dimensão profunda do psiquismo humano para
conhecê-lo.
Para Freud o aparelho psíquico compõe-se de três partes, que estão continuamente
interagindo, de forma dinâmica.
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Análise de suas dimensões educativas
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- Alguém que teve um problema com um advogado e passa, então, a rejeitar todos
esses profissionais.
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- É comum nas pessoas que sofrem de um vício, que recusam ajuda ou a cessar o
hábito negativo como fumar ou apostar em jogos, por negarem as suas consequências
negativas.
Limitações da psicanálise.
Conclusões
Podemos dizer que a Psicanálise abre um novo olhar sobre o aluno, um ser que tem
subjectividade e desejo, um ser cujas manifestações, muitas vezes de difícil aceitação,
têm seus significados, da mesma forma que seus sintomas de não – aprender. Além
disso, a Psicanálise possibilita compreender certas dificuldades do aluno, na medida
em que dá a conhecer o processo de desenvolvimento da sua personalidade.
Ao educador ela possibilita reavaliar suas atitudes, suas práticas e serve para lembrá-lo
de que possui os mesmos aparatos psicológicos do aprendiz. O processo de
aprendizagem envolve, assim, um encontro do desejo de ensinar do professor com o
desejo de aprender do aluno. Nessa perspectiva, a transferência que ocorre na relação
aluno-professor é fundamental.
Wertheimer (1912), concluiu que a percepção não consiste numa simples soma de
sensações, e que a situação global é decisiva para determinar o que percebemos.
Essa ênfase não nos elementos isolados, mas na totalidade, na organização, na
estrutura, opunha-se não só à antiga psicologia da introspecção (de Wilhelm Wundt),
mas também à psicologia que analisava o comportamento em termos de estímulo e
resposta (S-R).
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regulares) e outras tais como a Constância, a objetividade, a integridade e a
compreensão.
-A Gestalt defende que para que haja aprendizagem é necessário que o aluno
estabeleça relações interiorizadas de significação entre o estímulo e a resposta, quer
no todo, quer nas partes, a que chamaram de insight. O que faz com que o aluno tenha
um caráter activo no processo da sua aprendizagem.
-Da ênfase à percepção dos objetos e fenômenos como um todo, o que permite chegar
a uma imagem integral dos mesmos. Isso exige do professor a apresentação dos
conteúdos em forma, estrutura, organização.
-A compreensão permite ter a integridade do reflexo das coisas que vemos nas
condições diferentes. Exemplo, uma pessoa por detrás de uma grade, aparentemente
fragmentada.
Conclusão
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Assim como um aprendiz deve considerar a situação como um todo, também aquele
que ensina deve apresentar a situação como um todo, sem esconder a verdadeira
solução ou caminho directo, nem instigar os erros ou o caminho às cegas.
Esta teoria declara-se como sendo uma terceira força para conciliar os antimentalistas,
sobre tudo os condutistas, com os cognotivistas. Dá ênfase à pessoa humana, a
personalidade, como sendo alguém que merece liberdade em virtude de suas
potencialidades, motivos e necessidades. Maslow, um dos formuladores da teoria
humanista, aceitava a idéia de que o comportamento humano pode ser motivado pela
satissfação de necessidades biológicas, assim sendo as necessidades de ordem
superior, como as necessidades de realização, necessidades de conhecimento e
necessidades estéticas, também são primárias ou básicas, mas, apenas se manifestam
depois que as necessidades de ordem inferior forem satisfeitas.
Pirâmide de Maslow.
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- A teoria humanista da ênfase a motivação intrínseca do aluno para que aprenda;
razão pela qual o professor deve ter em consideração as necessidades e interesses do
aluno na organização e direção do processo de ensino aprendizagem.
- Se um aluno não está conseguindo aprender, é provável que sua dificuldade seja
proveniente do não-satisfação de alguma ou de várias necessidades que antecedem,
na hierarquia, a necessidade de conhecimento. O aluno pode ter dificuldade em
aprender por estar isolado da família ou no grupo de colegas, por sentir-se desprezado
ou inferiorizado, ou por sentir-se frustrado em relação a muitos dos seus planos e
objectivos… Dessa forma, há um longo caminho a percorrer antes que o professor
possa entender porque um, vários ou todos os alunos têm dificuldades em entender o
que ele está tentando ensinar… Por isso é necessário que haja compreensão entre o
aluno e o professor.
- O professor deve respeitar o aluno e saber que este tem responsabilidade, e deve
exercer sua liberdade para tomar decisões. Segundo Rogers, a atitude do professor é
mais importante que as técnicas que ele usa para orientar o aluno.
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A necessidade de amor e participação (sociais) expressa o desejo de todas as
pessoas de se relacionarem afectivamente com os outros, de pertencerem a um grupo.
É ela que explica a tristeza e a saudade que sentimos diante da ausência de amigos e
parentes de quem gostamos. A vida social é uma necessidade que explica a maior
parte de nossos comportamentos.
Se um aluno não está conseguindo aprender, é provável que sua dificuldade seja
proveniente da não-satisfação de alguma ou de várias das necessidades que
antecedem, na hierarquia, a necessidade de conhecimento. O aluno pode ter
dificuldade em aprender por estar com fome ou cansado, por estar inseguro quanto ao
futuro, por estar isolado na família ou no grupo de colegas, por sentir-se desprezado ou
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inferiorizado, ou por sentir-se frustrado em relação a muitos de seus planos e
objectivos. Dessa forma, há um longo caminho a percorrer antes que o professor possa
entender por que um, vários, ou todos os alunos têm dificuldades em entender o que
ele está tentando ensinar.A dificuldade em aprender pode ter origem na não-satisfação
de necessidades que antecedem a necessidade de conhecimento.
Conclusão
O aluno pode ter dificuldades em aprender por estar com fome ou cansado, por estar
inseguro quanto ao futuro, por estar isolado na família ou no grupo de colegas, por
sentir-se desprezado ou inferiorizado, ou por sentir-se frustrado em relação a muitos de
seus planos e objectivos. Dessa forma, há um longo caminho a percorrer antes que o
professor possa entender por que um, vários, ou todos os alunos têm dificuldades em
entender o que ele está tentando ensinar. É preciso motivar ou ter em conta a
motivação do aluno para a actividade docente-educativa.
Segundo Samuel Pfromm Netto (Apud Bower e Hilgard, 1987, pag.66), a psicologia
cognitiva trata de saber como os organismos conhecem o seu mundo ou obtêm
conhecimento a respeito deste, e como usam esse conhecimento para guiar as suas
decisões e realizar as acções eficazes.
A teoria cognitiva, elaborada inicialmente por John Dewey e depois por Jerome Bruner
concebe a aprendizagem como solução de problemas. É por meio da solução dos
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problemas do dia-a-dia que os indivíduos se ajustam a seu ambiente. Da mesma forma
deve proceder a escola, no sentido de desenvolver os processos de pensamento do
aluno e melhorar sua capacidade para resolver problemas do cotidiano.
Como a escola pode fazer isso? É Dewey quem responde: “A criança não consegue
adquirir capacidade de julgamento, excepto quando é continuamente treinada a formar
e a verificar julgamentos. Ela precisa ter oportunidade de escolher por si própria e,
então, tentar pôr em execução suas próprias decisões, para submetê-las ao teste final,
o da acção”.
O professor Dewey defendia o ponto de vista de que a aprendizagem deveria
aproximar-se o mais possível da vida prática dos alunos. Isto é, se a escola quer
preparar seus alunos para a vida democrática, para a participação social, deve praticar
a democracia dentro dela, dando preferência à aprendizagem por descoberta.
Em seus estudos, Dewey apontou seis passos característicos do pensamento
científico:
Tornar-se ciente de um problema. Para que um problema comece a ser
resolvido, é preciso que seja transformado numa questão individual, numa
necessidade sentida pelo indivíduo. O que é problema para uma pessoa pode
não ser para outra. Daí a importância da motivação. Na escola, um problema só
será real para o aluno quando sua não-resolução constituir fator de perturbação
para ele;
Esclarecimento do problema. Este passo consiste na coleta de dados e
informações sobre tudo o que já se conhece a respeito do problema.
É uma etapa importante, que permite selecionar a melhor forma de atacar o problema,
e que pode ser desenvolvida com auxílio de fichas, resumos, etc., obtidos de leituras e
conversas sobre o assunto;
Aparecimento das hipóteses. Uma hipótese é a suposição da provável solução
de um problema. As hipóteses costumam surgir após um longo período de
reflexão sobre o problema e suas implicações, a partir dos dados coletados na
etapa anterior;
Seleção da hipótese mais provável. Depois de formulada, a hipótese deve ser
confrontada com o que já se conhece como verdadeiro sobre o problema.
Rejeitada uma hipótese, o indivíduo deve partir para outra. Assim, por exemplo,
se o carro não dá partida, posso levantar as seguintes hipóteses: a bateria está
descarregada, falta gasolina, há problemas no platinado, etc. Essas hipóteses
podem ser descartadas, na medida em que o motorista lembrar-se de que a
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bateria foi verificada, de que colocou gasolina, de que o platinado está
relativamente novo, etc;
Verificação da hipótese. A verdadeira prova da hipótese considerada a mais
provável só se fará na prática, na ação. Isto é: se a hipótese final do motorista
atribuía o problema do carro ao platinado, o passo seguinte será verificar o
estado da peça. Se o carro não der partida após a troca do platinado gasto, o
indivíduo vai formular nova hipótese e poderá chegar a redefinir seu problema,
pois a solução de problemas ocorre em movimento contínuo, que percorre
seguidamente uma série de etapas;
Generalização. Em situações posteriores semelhantes, uma solução já
encontrada poderá contribuir para a formulação de hipótese mais realista. A
capacidade de generalizar consiste em saber transferir soluções de uma
situação para outra.
Da teoria cognitiva emergem algumas considerações importantes sobre formas de
estimular o aluno à solução de problemas. Vejamos:
Convém que o ensino da sala de aula seja o mais aproximado possível da
realidade em que vive o aluno, a fim de que ele aprenda na prática e aprenda a
refletir sobre sua própria acção.
Convém que o professor estimule a criança a não ficar na dependência dos
livros, do professor, das respostas dos outros. Convém educá-la para que ela
mesma encontre suas respostas.
A fim de que o aluno desenvolva seu raciocínio, convém que seja motivado para
isso, que tenha oportunidade de raciocinar.
Outra contribuição que o professor pode dar para desenvolver o espírito
científico consiste na utilização de uma linguagem acessível ao estudante,
próxima de sua linguagem habitual.
O trabalho em grupo favorece o desenvolvimento da capacidade para solucionar
problemas, pois permite a apresentação de hipóteses mais variadas e em maior
número.
A direção autoritária da classe, em que o professor manda e os alunos só
obedecem, prejudica o desenvolvimento do raciocínio: se os alunos não
participam da formulação do problema, é natural que tendam a atribuir ao
professor a responsabilidade pela solução.
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2.4- Teoria do processamento de informação
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- A memória funciona de modo mais intenso e melhor naqueles casos em que é
envolvida e orientada por certo interesse; se o professor quiser que algo seja bem
assimilado deve preocupar-se em como torná-lo interessante. Por isso é importante o
papel desempenhado pela atitude racional da memorização em função do interesse. É
necessário que o conteúdo preparado pelo professor seja dotado de um colorido
emocional, pois as palavras que estão vinculadas a algumas vivências são decoradas
bem mais facilmente do que aquelas emocionalmente indiferentes. Daí tornar-se regra
pedagógica a exigência de certa emocionalidade através da qual se deve pôr em
prática todo material pedagógico. Não devemos nos esquecer de atingir o sentimento
do aluno, quando queremos enraizar alguma coisa na sua mente.
A aprendizagem deve ser organizada de tal forma que cada dia traga novas e mais
novas combinações, casos imprevisíveis de comportamento, para os quais o aluno não
encontre no acervo da sua experiência hábitos e respostas prontas e sempre se depare
com a exigência de novas combinações e idéias.
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1º- A complexificação ou tarefa a ser resolvida.
2º- Os métodos e meios através dos quais essa tarefa pode ser resolvida.
Conclusões
As novas estruturas são formadas por reorganizações das estruturas anteriores, por
isso, não poderia existir estrutura sem funcionamento (géneses), nem funcionamento
sem estrutura.
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- A educação deve contribuir na formação de indivíduos outónomos. Principalmente
pela educação moral activa, isto é, pelo favorecimento de experiências morais não
apenas de coacções ﴾autoritárias﴿, mas também e, sobretudo de cooperação. A moral
não deve ser uma matéria especial de ensino, mas um aspecto particular da totalidade
do sistema em que as concepções de bem e de mal serão abstraídas das relações
sociais efectivamente vividas.
Conclusão.
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2.8 - O enfoque historico cultural
Conceito de aprendizagem
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Vogotsky entende por cultura tudo o que o ser humano vem criado ao longo da história:
elementos matérias como instrumentos de trabalho, máquinas, vestuários, mobília,
habitações, livros etc. e elementos não materiais, hábitos e costumes, línguas,
ciências, arte etc. O ser humano depende daquilo que aprende, do que conhece e
utiliza da cultura para ser aquilo que é.
1ª- A herança biológica – que é o ponto de partida necessário e não suficiente para o
desenvolvimento das características humanas.
2ª- A experiência individual – que deixa suas marcas na cultura e na história humana
3ª- A experiência humana – herança social pelo qual as gerações passadas transmitem
suas experiências, conhecimento, habilidades aptidões e capacidades, ou seja,
elementos matérias e intelectuais da cultura
Dimensões educativas
Uma vez que a teoria concebe todo o processo de desenvolvimento das qualidades
humanas como um processo de educação; os educadores devem saber que o papel da
educação é garantir a criação de aptidões que são inicialmente externas aos indivíduos
e que estão dadas como possibilidade nos objectos da cultura.
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Os educadores – pais, professores, ou gerações adultas, têm papel essencial nesse
processo, o educador é o mediador da relação da criança com o mundo (cultura) que
ela irá conhecer.
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duas categorias (actividade e comunicação) se influenciam e interpenetram
mutuamente. O motivo da actividade e o conteúdo da comunicação coincidem.
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Parte da ideia de que existe uma unidade, e não identidade, entre o ensino, como
transmissão dirigida do conhecimento, e o desenvolvimento, como automovimento que
gera o novo. Postula que os processos de aprendizagem se convertem nos processos
de desenvolvimento, quando o ensino atende ao nível de desenvolvimento alcançado
previamente e às exigências do sujeito que aprende. Assim, o ensino pode estimular de
diversas formas as potencialidades dos aprendizes, considerando as suas
características pessoais, vivências, necessidades, motivos, etc. Quando se cumpre
este pressuposto, o ensino guia e conduz o desenvolvimento.
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outras pessoas. Por exemplo, quando ela já sabe somar, está próximo de fazer uma
multiplicação simples, precisa apenas de um “empurrão”.
Vai ser na distância desses dois níveis que estará um dos principais conceitos de
Vygotsky: as zonas de desenvolvimento proximal, que é definido por ele como:
Esse conceito abre uma nova perspectiva à prática pedagógica colocando a busca do
conhecimento e não de respostas correctas. Ao educador, restitui seu papel
fundamental na aprendizagem, afinal, para os alunos construírem novos
conhecimentos precisa-se de alguém que os ajude, eles não o farão sozinhos. Assim,
cabe ao professor ver seus alunos sob outra perspectiva, bem como o trabalho
conjunto entre colegas, que favorece também a acção do outro na ZDP (zona de
desenvolvimento proximal). Vygotsky acreditava que a noção de ZDP já se fazia
presente no bom senso do professor, quando este elaborava suas aulas.O professor
seria o suporte, ou “andaime”, para que a aprendizagem do educando a um
conhecimento novo seja satisfatória. Para isso, o professor tem que interferir na ZDP
do aluno, utilizando alguma metodologia, e para Vygotky, essa se dava através da
linguagem. Baseado nisso, dois autores Newman, Griffin & Cole, desenvolveram essa
ideia. Para eles era através do diálogo do professor com o aluno que a ZDP se
desenvolve na sala de aula. Com um esquema I-R-F (iniciação – resposta – feedback),
que o professor “dando pistas” para o aluno iniciava o processo, assim o aluno teria
uma resposta e o professor dava o feedback a essa resposta (GOMES, 2002). Nessa
perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança.
Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, mais se
desenvolve mentalmente. Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é
característica das crianças. Se elas próprias fazem da brincadeira um exercício de ser
o que ainda não são, o professor que se contenta com o que elas já sabem é
dispensável”.
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*A interação pode adotar diferentes modalidades que podem acelerar ou retardar
as potencialidades cognitivas ou mentais do aluno.
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desenho, atenção voluntária, a memória voluntária e a formação dos conceitos. As
funções psíquicas superiores são mediatizadas pelos signos, palavra, número, acções
e gestos.
2.9 – O Construtivismo
Entre vários estudiosos desta corrente destacamos: Jean Piaget, Vigotsky e Corral.
Concepção de aprendizagem:
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-Aprendizagem- consiste na construção de novos conhecimentos, a partir dos
conhecimentos prévios, do desenvolvimento e da maturação.
-Formar mentes críticas que possam analisar e não receber passivamente tudo o
que lhe ofereçam, isto é, o aluno deve alcançar o pensamento racional.
O papel do professor:
O papel do aluno:
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Papel dos erros na aprendizagem:
Os erros são utilizados de forma construtiva. Os enganos que o aluno tem em sua
interpretação da realidade não são considerados como faltas, mas sim como passos
necessários no processo constritivo que contribuirão para desenvolver o conhecimento
na medida em que se tem consciência de que os enganos escolares formam parte da
interpretação do mundo.
Limitaçoes do construtivismo
Conclusões
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CAPÍTULO III – A aprendizagem como processo de inter-subjectividade e intra-
subjectividade.
Exemplo, um aluno com insucesso escolar sofre múltiplas frustrações, baixa auto-
estima, insatisfação, baixas aspirações. Isso pode resultar na rejeição escolar,
abandono escolar, alcoolismo, droga, por fim e como cúmulo a delinqüência.
Factores escolares- Dentro da escola existem entre outros quatro factores que podem
causar o insucesso escolar: O professor, suas atitudes e metodologia de ensino; a
relação entre os alunos e o ambiente escolar, etc.
-Esfera cognitiva - o aluno revela fraqueza nos procedimentos que emprega para
estudar. Sem uma motivação adequada, mesmo com um quociente de inteligência
aceitável pode cair no insucesso escolar.
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a) - A inteligência.
Conceito:
5 - É independente;
A rapidez não é critério básico para a avaliação da inteligência, mas indica como a
pessoa funciona durante a solução de problemas. A inteligência é uma capacidade.
Cada tipo de trabalho exige suas capacidades. O processo docente-educativo bem
organizado e conduzido é um valioso meio para desenvolver a inteligência (aspecto da
intersubjetividade). Tem em conta a ZDP e ZDA do aluno.
Todas as pessoas podem ser inteligentes. Haverá apenas diferença nos níveis de (QI).
Todos podem aprender de acordo com as suas potencialidades e possibilidades, logo
podem desenvolver a sua inteligência. Mesmo os retardados mentais podem estudar,
em escolas especiais.
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b) - A criatividade
1 – Identifica os problemas;
2 - Formula os problemas;
4 - Original.
Tipos:
Forma de expressão
Arte e cultura. O mundo da arte e da cultura é preeminente mente um mundo
da criatividade, porque o artista não está diretamente ligado às convenções,
dogmas e instituições da sociedade. O artista tem uma expressão criativa que é
resultado direto de sua liberdade.
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produto. São geralmente três os pré-requisitos de uma patente: a) novidade; b)
inventividade e c) aplicação prática.
Humor (comédia)
A escola em seus diversos níveis, pode apresentar obstáculos a criatividade, tais como
a disciplina e a ordem exageradas,a valorização de profissões convencionais de
conhecimentos já acumulados,etc. O estudante criativo e mais independente e menos
ajustado a classe e a escola do que os demais.
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BIBLIOGRAFIA:
Muzio & Patrícia A. (1990). Mi família es asi. Editora de Ciências Sociais. Playa,
ciudad de La Habana,Cuba.
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Montagner, H. (2004). Acabar com o insucesso na escola: A criança, suas
competências e seus ritmos. Horizontes Pedagógica
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