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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Thorndike
Fonte:http://www.psicoloucos.com/Jo
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0thorndike.jpg
quais trouxeram implicações educacionais nos aspectos de motivação, conduta
emocional, método educacional de ensino, resolução de problemas; a
publicação dos trabalhos psico-educacionais realizados por Claparéde com
crianças, bem como a realização de seminários para destinar os professores a
iniciar trabalhos a partir dos métodos da psicologia experimental; a criação do
Instituto de Jean-Jacques Rousseau, cujo objetivo era aplicar a psicologia à
educação e que serviu para elaborar a teoria genética de Jean Piaget; a
psicologia da criança; os testes coletivos de inteligência e de rendimentos
utilizados na escola, originando o primeiro método de Psicologia Escolar
(Psicometria); e a Psicanálise que explicava as dificuldades de aprendizagem a
partir da dimensão afetiva (influência ambiental no desenvolvimento da
personalidade).
Todo esse contexto contribuiu para o surgimento da Psicologia
Científica e da Psicologia da Educação, visto que impulsionou, como dito, o
campo da teoria e da prática educacional, proporcionando base científica para
abordar os problemas educacionais e fazendo emergir a necessidade de um
profissional intermediário entre a Psicologia e a arte de ensinar. Thorndike e
Judd foram os primeiros psicólogos educacionais. Enquanto Thorndike
apontava a pesquisa psicológica experimental como o único fundamento das
propostas educacionais, Judd chamou a atenção para a importância de se
desenvolver trabalhos educativos relacionados com a prática educativa,
ressaltando o seu caráter social.
Assim, a educação deixa de ser uma aplicação da Filosofia como
instrução educacional e passa a ser explicada pelos princípios da Psicologia do
Desenvolvimento Infantil produzidos na Europa e EUA pelos teóricos como
Binet, Claparéde, Dewey, Wallon, Piaget. Como conseqüência, a Pedagogia se
torna científica graças às contribuições da Psicologia e surge a Psicologia da
Educação, enquanto Rainha da ciência pedagógica, capaz de explicar e
solucionar todos os problemas da educação.
Nessa perspectiva, a Psicologia da Educação é encarada como um
ramo da Psicologia, sem objeto de estudo e métodos próprios, constituindo
como um mero campo de aplicação dos conhecimentos da Psicologia Geral na
Educação, conhecimentos estes que tinham como base as teorias da
aprendizagem, a Psicologia da criança e o estudo das diferenças individuais.
No Brasil, como vimos, os temas psicológicos eram tratados
informalmente dentro de várias disciplinas das faculdades e seminários.
Somente a partir de 1928, a Psicologia passa a fazer parte do currículo das
escolas normais, tratando, inicialmente, de temas como: atividade sensorial e
motora, vontade, inteligência, sensibilidade moral, hábito e métodos didáticos
de aprendizagem e, posteriormente, de temas como: educação de diferentes
faculdades do homem, processos de aprendizagem, utilização de recompensas
e castigos como instrução educacional.
Na década de 30, a Psicologia
da Educação ocupava lugar de destaque
na Europa e nos EUA com a
implantação das reformas de ensino,
objetivando os ideais da Escola Nova
(Dewey, Piaget, Claparéde,
Montessori...). No Brasil, ocorreu a
oficialização da Psicologia nos currículos
das escolas normais e secundárias,
objetivando dar base científica ao ensino
Fonte:http://www.lasup.com.br/wp-
content/uploads/2008/12/divulgacao.jpg primário através da formação de
professores das séries elementares para
conhecer a personalidade das crianças e orientar a sua aprendizagem.
Também se tem o surgimento de laboratórios e o uso de testes visando
classificar a criança de normal ou anormal, explicando as diferenças individuais
de aptidão e camuflando as desigualdades sociais.
É em função de todo esse contexto que podemos afirmar que, no Brasil,
a Psicologia surge graças à Educação. Uma Psicologia de caráter individualista
e funcionalista, influenciada pelas idéias de Claparéde, Dewey, Rousseau,
Piaget e Montessori.
A partir da década de 50, na Europa e nos EUA, começa a se constatar
as dificuldades de integrar os múltiplos e contraditórios resultados das
pesquisas psicológicas desenvolvidas isoladamente e surge a consciência de
que o fenômeno educativo é complexo. A Psicologia se mostra, então,
insuficiente para explicar o processo educacional em toda a sua complexidade.
Na verdade, toma-se consciência de que a educação não se esgota na análise
psicológica e de que existem outros fatores que influenciam diretamente os
processos educacionais e seus resultados, como por exemplos os fatores
sociais, econômicos e administrativos. Tem-se, assim, o surgimento de outras
disciplinas educacionais, tais como a Sociologia da Educação, a Economia da
Educação, o Planejamento Educacional, entre outras, levando a Psicologia a
perder a sua hegemonia enquanto sustentáculo da educação, pois esta deixa
de ser vista sob um enfoque puramente psicológico para ser visto como um
fenômeno interdisciplinar. Outro fator de perda dessa hegemonia foram as
críticas feitas à educação que culminaram numa crise da Psicologia da
Educação.
Essa situação, contudo, se alterou na década de 60 com as mudanças
políticas e econômicas surgidas pela Guerra fria, que vislumbrava o
desenvolvimento científico e tecnológico como arma de guerra e a educação
como meio indispensável para vencê-la. Como exemplos dessas mudanças
temos o aumento de verbas públicas e privadas para a educação, a reforma do
sistema educacional em todos os níveis de ensino – do pré-escolar ao
universitário - e as amplas campanhas de alfabetização, de educação
permanente e de educação de adultos, que pregavam mais oportunidades e
educação para todos e defendiam um planejamento do setor educativo em
nível nacional e internacional (UNESCO). Nesse contexto, a Psicologia se vê
obrigada a precisar o seu objeto de estudo, elencando um enfoque instrucional,
centrada nos processos de aprendizagem dos conteúdos escolares e nos
fatores que incidem nesses processos. A partir daí começam a surgir cursos de
Orientação Educacional e cursos de formação de psicólogos, inspirados na
Psicologia experimental, na Psicofísica e na Psicometria.
Todas estas mudanças geraram o chamado “otimismo pedagógico”,
fundado na idéia de que as reformas educacionais seriam eficazes para o
desenvolvimento científico e para a mudança social. Esse otimismo pedagógico
serviu de terreno fértil para o avanço da Psicologia, pois em função da situação
privilegiada que ocupou historicamente, foi a área mais beneficiada pela
contribuição de recursos econômicos e humanos. Assim, as pesquisas e
publicações no campo da Psicologia, bem como a criação de institutos de
estudos psicológicos e a intervenção diretamente de psicólogos nas instituições
de ensino sofre um crescimento considerável, trazendo muitas implicações
pedagógicas, inclusive no que se refere às pesquisas na educação. Essa
grande explosão da pesquisa educacional no campo psicológico serve para
neutralizar as críticas em relação à contribuição da Psicologia para a
Educação, pois embora não abrangesse a totalidade, continuava a imperar a
idéia de que a Psicologia da Educação proporcionava a análise chave para os
métodos de ensino adequados. Com isso, ela se consolidou novamente como
o sustentáculo da Educação.
No Brasil, esse otimismo pedagógico veio também associado ao
Psicologismo Educacional, tendência a qual concebia a Psicologia como capaz
de resolver todos os problemas educacionais e fundamentava os discursos, as
reformas e as práticas educativas da época. Esta tendência, materializada pela
adesão às idéias pragmáticas de Dewey e às idéias behavioristas da
Tecnologia Educacional, influenciou a reforma tecnicista implementada pelas
leis 5.540\68 e 5692\71, a qual tinha como importante fundamento a Psicologia
Tecnicista baseada na psicometria, no comportamentalismo e na dinâmica de
grupo.
Todo esse otimismo pedagógico, contudo, é alterado em função da crise
econômica mundial da década de 70, ocasionada pelo confronto direto dos dois
blocos da Guerra Fria, que se reflete na diminuição de verbas para as
pesquisas e para as reformas educativas e nas críticas feitas às reformas
educativas instaladas e no processo educacional de modo geral. Esta passa a
ser vista como ineficiente, dando lugar a um “pessimismo pedagógico” e
fazendo surgir inclusive a tese da desescolarização.
No campo da Psicologia, essa situação se reflete na consciência de que
as expectativas relacionadas a esta área não puderam ser concretizadas e na
consideração da educação como um fenômeno político, econômico, ideológico
que não deve ser compreendido sob o enfoque psicológico.
No Brasil, a educação e a Psicologia da Educação também são
criticadas, porém o pessimismo pedagógico é amenizado em função da
disseminação, na década de 80, das idéias construtivistas de Piaget e Emília
Ferreiro e da proposta da educação transformadora, fundamentada em Paulo
Freire, Saviani e Vygotsky.
Todo este contexto resulta em três posicionamentos divergentes acerca
da relação entre a Psicologia e a Educação: o primeiro, considerado otimista,
que insistia na contribuição da Psicologia, justificando a ineficiência das
reformas educativas e da própria Psicologia em função dela ser uma ciência
jovem; o segundo, considerado pessimista, reiterava a concepção da educação
como um fenômeno ideológico, voltado para a manutenção do status quo; e o
terceiro advogava que o problema foi considerar a relação da Psicologia com a
Educação de caráter unidirecional, não levando em conta outros elementos
inerentes ao processo educativo.
Esses posicionamentos acerca da Psicologia e da Educação,
manifestados na década de 80, fizeram emergir, o terceiro momento da relação
entre esses dois campos: o período de redefinição, no qual a psicologia
passa a ser vista como um dos fundamentos da educação que a respalda e a
subsidia, juntamente com a sociologia, a história, a filosofia, a antropologia, etc.
A Psicologia da Educação, por sua vez, deixa de ser concebida como um mero
ramo da Psicologia aplicada para ser encarada como uma disciplina ponte de
natureza aplicada.
Coll (1996) explica que, embora as duas concepções de Psicologia da
Educação (mera aplicação e disciplina ponte) partam da necessidade de
utilização e aplicação dos conhecimentos psicológicos, de seus princípios e de
métodos na análise no estudo dos fenômenos educativos, elas se divergem no
que concerne à natureza do conhecimento psicológico, à maneira de construir,
utilizar e aplicar esse conhecimento (relação estabelecida entre os dois
campos) e em relação ao significado da aplicação.
A Psicologia da Educação enquanto ramo da Psicologia aplicada à
Educação tem as seguintes premissas:
O conhecimento psicológico é o único a abordar as questões
educativas;
O comportamento humano é regido por leis gerais estabelecidas
pela Psicologia, as quais podem ser utilizadas para explicar
qualquer atividade humana;
O que caracteriza a Psicologia da educação é o campo de
aplicação em que se pretende utilizar esse conhecimento, no
caso a educação;
O seu objetivo é selecionar, do conjunto de conhecimentos da
Psicologia Científica, aqueles conhecimentos (e métodos) mais
úteis para aplicar no entendimento, na interpretação e na
intervenção do comportamento das pessoas em situações
educativas, não tendo, portanto, objetos nem métodos de estudo
próprios.
A Psicologia da Educação enquanto disciplina ponte de natureza
aplicada tem como premissas o fato de que:
As relações entre o conhecimento psicológico e a teoria e prática
educativas são bidirecionais (P↔E). O conhecimento psicológico
pode facilitar a compreensão dos fenômenos educativos e o
estudo desses fenômenos pode contribuir para aprofundar os
conhecimentos psicológicos;
Os fenômenos educativos deixam de ser um campo de aplicação
para transformar-se num âmbito da atividade humana, suscetível
de ser estudado com os instrumentos conceituais e
metodológicos da Psicologia;
Os fenômenos educativos não se reduzem à esfera psicológica;
A Psicologia da Educação se compromete, com outras disciplinas
educativas, na criação de uma teoria educativa científica e de
uma prática que se adapte a ela;
Tem objeto e métodos de estudo próprios;
Produz conhecimentos oriundos da sua análise e intervenção nas
situações educativas.
Coll (1996) explica, ainda, que a Psicologia da Educação enquanto uma
disciplina ponte é uma área de conhecimentos sistematizados que engloba três
dimensões: a dimensão teórica ou explicativa, referente à elaboração de
modelos interpretativos dos processos educacionais; a dimensão tecnológica
ou projetiva, que possibilita o esboço de situações educativas capazes de
incluir situações de mudança de comportamento dos sujeitos e grupos; e a
dimensão técnica ou prática, orientada para a intervenção e a resolução de
problemas concretos da educação.
Em síntese, considerar a Psicologia da Educação como disciplina ponte
de natureza aplicada significa, segundo Coll, concebê-la numa relação dialética
e interventiva, possuidora de campo teórico, objeto de estudo e métodos
próprios e com um papel fundamental e imprescindível na formação e prática
do educador O objeto de estudo, os campos teóricos e a importância da
Psicologia da Educação são os temas que vamos discorrer a seguir.
E reitera:
Não se pode reduzir a educação à mera aplicação dos processos
psicológicos, estes são apenas mediações – sem dúvida importantes
e imprescindíveis – ao lado de outras mediações. A educação não se
desenvolve apoiada apenas em processos psíquicos. Ela é, ainda,
simultânea e integralmente, uma atividade de trabalho e uma prática
política. (SEVERINO, 1996, p. 133).
REFERÊNCIAS