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O que é Psicologia do Desenvolvimento?

por Professor Felipe de Souza 


A Psicologia do Desenvolvimento estuda as mudanças que passamos ao longo de toda a vida,
desde o nascimento até a morte. A ideia central é de que todos nós temos fases do
desenvolvimento que são comuns, fases que compartilhamos com toda a humanidade.

A partir desta ideia inicial, entretanto, surgem diversas teorias para explicar quais são estas fases,
como são – o que acontece nelas e quando há a mudança para a fase seguinte.
As principais teorias são as de Freud, Erik Erikson, Vigotsky e Jean Piaget.
Podemos estudar na psicologia do desenvolvimento as mudanças que ocorrem no corpo, na
inteligência, na memória, na cognição, na moral, nos sentimentos, na personalidade, no
comportamento, no inconsciente.
E justamente por abranger o ser humano como um todo, a questão do desenvolvimento não
interessa apenas à psicologia, mas também às outras ciências humanas: sociologia, antropologia,
pedagogia e filosofia.
Na psicologia do desenvolvimento, as principais questões são:
– O que é inato e o que é adquirido? Há influência do meio ambiente nas mudanças?
– Nascemos com um padrão de desenvolvimento ou o é o meio que permite a mudança para a
fase seguinte?
– Qual é a influência do meio em que vivemos? Da cultura, do país, da família?
– O desenvolvimento é um contínuo ou apresenta rupturas?
Passamos de uma fase e deixamos a fase anterior para trás ou levamos a fase anterior conosco
para as fases seguintes?
– A infância influencia totalmente o adulto?
– O que você viveu quando criança vai te marcar para a vida toda? Ou o adulto pode mudar
totalmente o que vivenciou na infância?
– Podemos falar de 4 fases? Infância, adolescência, adulto e terceira idade? Ou existem mais
fases?
São questões muito importantes!
Imagine que você tem um filho ou uma filha. Ao longo dos anos a criança passará por
determinadas fases. Cada mês traz uma novidade, uma mudança, um crescimento. Aí começam
as perguntas:
– Esse e aquele comportamento são normais (ou seja, todas as outras crianças passam por
isso)?
– O que eu posso fazer, para ele ou ela, crescerem bem e saudáveis?
– Qual é a melhor maneira de educar?
O que a criança sentir e viver na infância vai marcar para a vida toda?
Vocês concordam comigo que tais perguntas são muito importantes? Pois é, e dentro da área da
Psicologia do Desenvolvimento estudamos todas elas, as principais abordagens e teorias que
foram elaboradas através de décadas e décadas de pesquisa em escolas, laboratorios,
consultórios.

Relação entre Psicologia e Educação

A Psicologia da Educação foi construída com a finalidade de fornecer subsídios teóricos para a
prática de ensinar e aprender, de forma a torná-las mais eficazes. De forma geral, podemos
entender a aprendizagem como um processo mental de adquirir, reter e utilizar conhecimentos,
aptidões, hábitos, virtudes, atitudes, valores e idéias, sendo assim entende-se qual é a relação
entre psicologia e educação.

As estratégias de ensino, a relação professor-aluno, a divisão curricular, as etapas de ensino, são


objeto de estudo da Pedagogia, mas decorrem dos estudos da Psicologia do desenvolvimento e
da aprendizagem humana (LUCION, 2009).

Para Cosmo (2006), compreender a influência da Psicologia na Educação passa


necessariamente pelo conhecimento histórico da relação que envolveu essas duas áreas do
conhecimento. A busca por esse conhecimento demanda, portanto, a elaboração de um breve
resgate histórico identificando como essa relação foi sendo constituída.

Conforme Cosmo (2006) é preciso situar na trajetória dessa relação, as características que
marcaram a relação da Psicologia com a Educação, as ideias psicológicas presentes na
Educação Nacional, e ainda as contribuições da Psicologia para a área da Educação. Assim, os
estudos de pesquisadores da área da história da Psicologia, e, especialmente os dedicados à
relação Psicologia e Educação revelam significativas contribuições da participação da Psicologia
nos contextos educativos. Sendo assim, considerando os pesquisadores do campo da história da
psicologia, faremos este resgate com vistas a compreender melhor a presença da Psicologia na
Educação, especialmente por meio das chamadas teorias do desenvolvimento e da
aprendizagem.
Para Cosmo (2006), na construção histórica elaborada por Coll (1996, 1999), até
aproximadamente o final do século XIX, a relação entre a Psicologia e a Educação esteve
totalmente mediada pela filosofia, sendo correta, portanto, a afirmação de que nesse período, o
pensamento educativo sofreu significativas influências de explicações psicológicas de natureza
filosófica. Cosmo (2006) considera que as primeiras décadas do século XX, praticamente todas
as teorias da Psicologia foram consideradas úteis para a Educação. O foco da Psicologia da
Educação centrou-se na aplicabilidade do conhecimento psicológico no campo educativo,
especialmente, no ambiente escolar.

Para Gatti (1997), o domínio da Psicologia sobre a Educação remonta ao início do século XX e
deixou evidências de que a Psicologia, desde seu surgimento, foi configurando-se como principal
sustentáculo teórico para as práticas educativas.

Durante os anos de 1920, o Brasil viveu o movimento escola novista e a Psicologia desponta
como principal domínio científico fornecedor dos recursos teóricos metodológicos para educação
escolarizada. (CUNHA, 1995).

Para Urt (1989, apud COSMO, 2006), os ideais da Escola Nova se contrapunham ao discurso da
Pedagogia tradicional, enfatizado pela dimensão lógica dos conteúdos, em nome do processo
ensino-aprendizagem, portanto, valorizando os aspectos psicológicos.

Ainda nessa década, destaca-se a participação de Helena Antipoff, discípula de Claparède, na


direção, em Belo Horizonte, Minas Gerais, de uma organização para formação de professores
para o ensino de crianças com deficiência mental.

O mesmo trabalho foi desenvolvido anos depois no Rio de Janeiro, especificamente pela
Sociedade Pestalozzi. Nesses espaços, Helena Antipoff difundiu as ideias da Psicologia funcional
e se dedicou a diversas pesquisas na área da Psicologia infantil.

Durante as décadas de 1920 e 1930, assistiu-se no Brasil a um período da educação conhecido


como otimismo pedagógico. Nesse momento, a Educação fora entendida como único caminho
possível para a solução de todos os problemas do indivíduo e da sociedade. (ANTUNES, 2004,
apud COSMO, 2006).

Essa crença levou à propagação de que as transformações sociais necessariamente estavam


vinculadas à formação dos indivíduos e, nesse sentido, constatou-se nos contextos educativos
um período de grande destaque para os métodos de ensino. De acordo com Cosmo (2006), até a
década de 1950, as pesquisas em Educação foram basicamente de cunho psicopedagógico,
voltadas para o ensino, para os instrumentos de avaliação de aprendizagem e para o
desenvolvimento psicológico do indivíduo. Esta pesquisadora destaca ainda, a importância dos
estudos de Patto (1990), os quais afirmam que a década de 1960 foi marcada como um período
em que a Psicologia assumiu papel hegemônico no contexto educacional, ganhando evidência no
discurso pedagógico, nas produções acadêmicas e nos documentos oficiais.

No final dos anos 1980 e no decorrer dos anos 1990, tiveram início os debates instigados pela
análise crítica da escola e de sua função social em uma sociedade estratificada e caracterizada
pelas desigualdades. Para Placco (2003), elaborar reflexões neste sentido iria requerer o não
desprezo de elementos considerados decisivos, como o contexto social, cultural, político e
econômico em que essa educação ocorre.

Nesse sentido, estudos da Psicologia da Educação, referentes à aprendizagem, desenvolvimento,


relação professor/aluno, dirigidos à Educação são propostos por estudiosos como Vygotsky,
Wallon, Piaget, dentre outros, que oferecem fundamentos para melhor compreensão dos
processos educativos.

Conhecimentos nessa direção vêm sendo acumulados pela produção contemporânea e, em


consequência, provocando o meio acadêmico a aprofundar o interesse através de novas e mais
pesquisas sobre esses fenômenos.

Segundo Nogueira et al (2002, apud Cosmo, 2006), nos últimos 40 anos, a aproximação da
Psicologia com a Educação aparece na comunidade científica nacional e internacional, bem como
no interesse de pesquisadores pela chamada Psicologia Genética.

Essa nova perspectiva teórica da Psicologia para a Educação acha-se presente desde o início
dos anos 1960 pelo desenvolvimento das teses do biólogo Jean Piaget (1896-1980), e, mais
tarde, especificamente em torno dos anos 1980, pelos trabalhos de Lev Semenovich Vygotsky
(1896-1934), e, mais recentemente, pela Psicologia proposta pelo psicólogo e educador, Henri
Wallon (1879-1962). (COSMO, 2006). Desta forma, os trabalhos desses autores ganharam
amplitude no campo da pesquisa educacional, o que representou relevante contribuição da área
da Psicologia à Educação nos últimos anos.

Para Cosmo (2006), esses estudos possibilitaram melhor compreensão do papel dos educadores
e, em consequência, melhor atuação deles no contexto da escola, tendo em vista que focalizaram
pesquisas cujas reflexões dirigiram-se ao conhecimento acerca do desenvolvimento da criança e
da aprendizagem.

Todavia, ainda que se reconheça o valor das contribuições da Psicologia à Educação ao longo da
história da produção do conhecimento do ser humano e do mundo, vale ressaltar a complexidade
que envolve as relações entre as abordagens teóricas, como também a aplicabilidade e imediata
transposição dessas teorias nas práticas educativas. Cosmo (2006), sobre esse aspecto,
considera importante uma reflexão acerca do volume e rapidez com que teorias são difundidas no
sistema de ensino, atendendo quase sempre ao clamor dos educadores por orientações que
possibilitem uma prática educativa de qualidade.

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