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Introdução
Essas fases foram percebidas e pensadas por autores diversos, como Freud (1856-
1939), um dos nomes mais importantes da Psicologia, que definiu as cinco fases do
desenvolvimento psicossocial:
Fase 1 - Oral
Fase 2 - Anal
Fase 3 - Fálica
Fase 4 - Latência
Fase 5 - Genital
As três primeiras fases (oral, anal e fálica) são fases infantis fundamentais. Freud
explicita a importância dos primeiros cinco anos de vida como cruciais para a formação
da personalidade adulta. Repare que o alemão não define as maneiras de educar, mas
mostra como, nesse caso, a Psicanálise se debruça na tentativa de compreender a
educação infantil.
Comportamentalismo ou behaviorismo
Conceito de behaviorismo
História do behaviorismo
O cenário da Psicologia no início do século XX era marcado por uma forte reação ao
mentalismo — doutrina segundo a qual a mente é a realidade fundamental, mas sem
explicar os comportamentos — e pela busca do rigor científico e do purismo
metodológico nas pesquisas.
Assim, surgiu uma imediata oposição entre o comportamentalismo e a Psicanálise, de
conotação mentalista, com os estudos de Freud sobre o inconsciente do homem e
preocupado com os aspectos internos do ser humano. Também havia nesse cenário
uma forte influência do positivismo e das ideias de teóricos como Augusto Comte (1798-
1857).
Positivismo
Esse era o cenário ideal para o surgimento, em 1913, do texto manifesto escrito por
John B. Watson, autor que estudaremos mais adiante. Watson defendia a ideia de que a
Psicologia não deveria pesquisar os processos internos da mente, mas sim o
comportamento humano que, por ser observável, visível, deveria ser o objeto de uma
ciência positivista. Mais tarde, em 1914, Watson publicou uma obra intitulada Behavior,
em que abordou mais uma vez o conceito de Psicologia do Comportamento.
Watson argumentava que havia pouca precisão nos conceitos utilizados pela Psicologia,
além da necessidade de métodos de pesquisa mais rigorosos. A Psicologia deveria ser
uma ciência aplicada, com resultados práticos na sociedade.
Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio mundo especificado para fazê-los
crescer e, garanto, qualquer um que eu pegue ao acaso posso treiná-lo para se transformar em qualquer
tipo de especialista que eu poderia escolher — médico, advogado, artista, comerciante chefe e, sim, até
mesmo mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos, suas inclinações, tendências,
habilidades, vocações e raça dos seus antepassados. (WATSON, 1925 apud OSTERMANN; CAVALCANTI,
2011, p. 12)
Já percebeu, quando você era aluno, ou circulando por uma escola, que em muitas salas
normalmente havia o barulho, os diálogos, mas em algumas salas o silêncio dominava?
Os alunos temiam a força do professor e como ele seria capaz de ameaçá-los. A cópia
do quadro se dava em produção industrial, ininterrupta, e caso algum aluno se
levantasse contra o “domínio” de turma do professor, era quase um assombro! De certa
forma, esse professor reproduz a citação anterior: os condicionamentos, a repetição
para que o professor impusesse o seu planejamento e obtivesse o resultado esperado.
Ao final deste módulo, você será capaz de distinguir os princípios teóricos dos
precursores da Psicologia Comportamentalista: Watson, Thorndike e Pavlov.
Você sabe quem foi Watson? Ao apresentarmos a biografia mais extensa do teórico, não
quer dizer que você precise decorar os fatos e as datas relacionados à vida dele, mas
conhecer esses aspectos ajuda a compreender o contexto em que ele viveu e que pode
ter influenciado a sua obra.
Com uma passagem pelo exército e a campanha devido à eclosão da Primeira Guerra
Mundial, em 1914, Watson participou de uma campanha militar na França.
Posteriormente, em 1915, foi nomeado presidente da Associação Americana de
Psicologia (APA — American Psychological Association), fundada em 1892. Em 1918,
retornou às suas investigações, estudando a primeira infância. Em 1920, foi convidado a
deixar a Universidade após vir a público o seu relacionamento com sua assistente
Rosalie Rayner.
John Watson, então, ingressou em uma agência de publicidade, tornando-se,
posteriormente, presidente da J. Walter Thompson, uma das maiores empresas de
publicidade dos Estados Unidos. Paralelamente, dedicou-se à divulgação de suas
teorias, publicou: Behaviorism (1925) e Atendimento psicológico de lactentes e crianças
(1928).
Em 1957, já aposentado, recebeu o prêmio da APA pelas contribuições para a
Psicologia. Pouco antes de sua morte, queimou grande parte de seus documentos e
escritos inéditos. John Watson faleceu em Nova York, nos Estados Unidos, no dia 25 de
setembro de 1958.
Já dissemos que o manifesto lançado por Watson, em 1913, é tido como o marco zero
do surgimento do comportamentalismo, também chamado de behaviorismo. Nele,
Watson defendeu o abandono dos estudos voltados para os processos psíquicos
internos e a adoção da observação direta do comportamento como o único método
possível para uma psicologia científica.
Sua obra também é caracterizada pela preocupação com a metodologia das pesquisas,
trazendo a valorização da Psicologia Experimental, cujos estudos eram realizados em
laboratório, com condições de realização e resultados rigorosamente controlados,
sofrendo forte influência dos trabalhos de Pavlov.
Thorndike e Pavlov
As leis de Thorndike
Com base em seus experimentos, Thorndike enunciou três conhecidas leis da
aprendizagem:
Lei do efeito
A aprendizagem, conexão entre um estímulo e uma resposta, será fortalecida se for
acompanhada de uma satisfação (recompensa) e enfraquecida se for acompanhada de
um estímulo desagradável (punição).
Pavlov concluiu que o cão “aprendeu”, ou seja, foi condicionado a salivar ao som da
campainha, o que não era seu comportamento natural. Isso era o que ele chamou de
condicionamento clássico ou respondente.
Existe uma grande polêmica sobre a generalização desses resultados obtidos com
animais aos seres humanos, mas é inegável que os princípios do condicionamento
clássico são utilizados, ainda, no adestramento de animais.
Outro exemplo é o das escolas que exigiam que todos os alunos ficassem de pé quando
o professor entrasse em sala. A ideia de que era o momento de prestar atenção ou do
início da aula era o objetivo condicionado.
Esses exemplos são simplórios e têm a função de ampliar a observação, sendo mais
complexos se analisarmos individualmente cada uma dessas funções.
- Behaviorismo radical
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as principais características das
teorias de Skinner e do behaviorismo radical.
Skinner e o surgimento do behaviorismo radical Premissa
Skinner, influenciado pela teoria dos reflexos condicionados de Pavlov e pelo estudo do
comportamento de John B. Watson, buscava explicar a conduta dos indivíduos como um
conjunto de respostas fisiológicas condicionadas e se dedicou ao estudo das
possibilidades que ofereciam o controle científico da conduta mediante técnicas de
reforço (estímulo do comportamento desejado). Para ele, a aprendizagem se gestava na
capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis.
Matos (1995) afirma que o termo radical buscou dar conta de dois sentidos. A princípio,
por negar de maneira radical a existência de algo que escapasse ao mundo físico, que
não tivesse uma existência identificável no espaço e no tempo (a mente, a consciência e
a cognição); depois, por abarcar, radicalmente, todos os fenômenos comportamentais.
Após estudar profundamente o condicionamento clássico ou respondente, investigado
por Pavlov, três questões o preocuparam:
1
O animal se mantinha totalmente passivo, apenas sofrendo a ação dos estímulos apresentados.
De acordo com Nunes e Silveira (2008), um ser humano pode apresentar ações similares
quando, por
exemplo, aperta um botão de um aparelho para obter água. Em todas as vezes que sentir
sede, havendo no ambiente tal aparelho, sua ação será apertar o botão do bebedouro e
saciar a sede. Cada vez que isso acontece, o indivíduo é reforçado pela saciação da
sede que sentia.
Skinner afirmava que não era necessário condicionar todos os comportamentos, pois
uma aprendizagem condicionada seria generalizada para todas as situações
semelhantes.
Continuando o experimento, depois de realizado o condicionamento da resposta
desejada, Skinner efetivou sua extinção. Cada vez que o rato se aproximava da alavanca,
recebia um choque. Depois de algum tempo, o animal não mais apresentava o
comportamento de pressionar a alavanca, que havia sido condicionado. Esse
comportamento desapareceu, foi extinto.
Conceito de reforço
É a contingência apresentada após o comportamento, com o objetivo de aumentar,
diminuir ou extinguir um comportamento. São três os tipos de reforço:
Reforço positivo
Recompensa pelo comportamento que se deseja condicionar. Por exemplo, um cão que
recebe um biscoito (reforço mediante recompensa ou prêmio) sempre que atende à
ordem de sentar
(comportamento).
Reforço negativo
Retirada de uma consequência desagradável quando ocorre o comportamento que se
deseja condicionar.
Por exemplo, o uso de protetor solar (o comportamento) para evitar as queimaduras
solares e a possibilidade do câncer de pele (reforço mediante a remoção do estímulo
aversivo).
Punição
Consiste em provocar uma condição desagradável, na tentativa de eliminar um
comportamento não desejado. Por exemplo, uma criança que faz uma travessura
(comportamento) e perde o direito de brincar no playground (punição).
Escolhemos três para que você reflita sobre elas, mas, por uma questão de
imparcialidade, apresentaremos a resposta do comportamentalismo a cada uma.
Teoria 1
Teoria 2
“Os resultados experimentais são bastante precisos para sugerir que, em geral, o organismo desenvolve
certo número de respostas para cada resposta reforçada. Nós veremos, entretanto, que os resultados
dos esquemas de reforçamento não são sempre redutíveis a uma equação simples de input com output.”
(SKINNER, 1981, p. 11).
Teoria 3
Já dissemos que uma das várias áreas de interesse de Skinner era a linguagem. Ele
publicou, em 1957, um livro muito importante chamado Comportamento verbal (Verbal
behavior), em que considera a linguagem como adquirida, passando de contingências
comportamentais simples para complexas mediante associações, imitação e
reforçamento.
Noam Chomsky, linguista, filósofo, sociólogo e ativista político norte-americano,
considerado o pai da Linguística moderna, e de orientação cognitivista, criticou
duramente a concepção de linguagem apresentada por Skinner.
Autor da teoria gerativa, Chomsky tem como pressuposto que os seres humanos
nascem geneticamente dotados de uma faculdade da linguagem (uma espécie de
módulo mental específico para a língua), ela não é aprendida (CHOMSKY, 2002).
Behaviorismo metodológico
Watson.
Comportamento reflexo ou respondente.
Comportamento produzido por estímulos do ambiente. Condicionamento clássico.
Behaviorismo radical
Skinner.
Comportamento operante.
Comportamento ativo do sujeito sobre o ambiente, reforçado por suas consequências.
Condicionamento operante.
Primeira premissa
A aprendizagem se refere às repostas ou aos comportamentos observáveis e mensuráveis.
Segunda premissa
Alguns mecanismos de aprendizagem utilizados por animais são semelhantes e utilizados por
seres humanos.
Terceira premissa
A base para a compreensão da aprendizagem é o processo elementar de relacionamento entre
estímulos e respostas.
Pensamentos de Skinner
Duas famosas aplicações das teorias de Skinner à Educação, e que nos autorizam a
falar da existência de uma Psicologia da Educação Comportamentalista, são a instrução
programada e as máquinas de ensinar, que tiveram sucesso na década de 1960 e no
início dos anos 1970. Veja a seguir detalhes de cada uma delas.
Instrução programada
A cada porção de conteúdo apresentada, exige-se uma resposta imediata, uma atividade
por parte do educando. A porcentagem de erro por parte do aluno deve ser mínima ou
igual a zero e, para isso, podem ser apresentadas pistas da resposta correta, induzindo
ao acerto.
Após cada esforço do aluno para dar uma resposta correta, segue-se uma recompensa
imediata. Permite ao aluno evoluir no material e desenvolver-se em seu próprio ritmo. Há
avaliação constante do progresso do aluno e do programa quanto à sua efetividade.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Mamífero é todo animal que mama quando filhote. Todo animal que mama quando
filhote é um mamífero. Quando um animal mama ao nascer, podemos afirmar que ele é
um mamífero.
Máquinas de ensinar
Podemos dizer que Skinner foi um precursor da inserção das tecnologias na Educação. Uma das maneiras de emprego da
instrução programada era por meio de máquinas programadas com um sistema eletrônico, indicando os passos que os
estudantes deveriam seguir para realizar os estudos e apresentando vários exercícios que deveriam ser respondidos
individualmente.
Cada resposta era corrigida na mesma hora e a percepção do acerto era considerada por Skinner como um reforço
positivo. Cada aluno resolvia os exercícios em seu tempo. O professor atuava como um monitor, tirando dúvidas sobre a
utilização das máquinas e explicando apenas o necessário para cada atividade.
Passos adicionais devem ser introduzidos caso, e onde, os alunos encontrem dificuldades, até que
finalmente o material atinja o ponto em que as respostas do aluno estejam quase sempre certas
(SKINNER, 1975b).
Você sabia que Skinner aplicou os seus princípios teóricos à educação de jovens
infratores?
Na década de 1970, Skinner desenvolveu um trabalho no Kennedy Youth Center, um
centro de recuperação de jovens em conflito com a lei.
As prisões e escolas para delinquentes juvenis são outros lugares nos quais a
modificação de comportamento substituiu as medidas punitivas. Essas instituições não
são planejadas para punir apenas o mau comportamento no passado, mas também
durante o encarceramento, no sentido
Muitos desses meninos foram abandonados pelos sistemas educacionais aos quais
foram expostos. E agora eles descobriram que são capazes de aprender a ler, escrever e
fazer aritmética simples.
Considerações finais
Sobre o percurso histórico da Educação, considerava que a escola pública teria sido
inventada com o objetivo primário de oferecer os serviços de um “tutor particular” a um
número maior de estudantes e ao mesmo tempo. Tendo o número de estudantes
aumentado, cada um necessariamente passou a receber menos atenção. Para Skinner,
ao atingir a marca de 25 ou 30 alunos, a atenção pessoal tutor-aluno tornou- se
esporádica.
Os livros teriam sido inventados para fazer uma parte desse trabalho, mas eles não fazem duas coisas
importantes: não podem, assim como o tutor, avaliar imediatamente o que cada estudante disse, nem
dizer-lhes exatamente o que devem fazer em seguida; as máquinas de ensino e os textos programados
foram inventados para restabelecer essas características importantes da instrução tutorial (SKINNER,
1991).