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SABEMOS QUE A PSICOPEDAGOGIA COLABORA PARA UMA MELHOR

COMPREENSÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM.


Dessa forma, vamos descobrir que, ao pensarmos na prática clínica, a Psicopedagogia tem-se
transformado em um campo de estudos para investigadores interessados no processo de
construção do conhecimento e suas dificuldades. Já como prática preventiva, busca construir
uma relação saudável com o conhecimento, de modo a facilitar a sua construção.
O profissional da Psicopedagogia é um mediador entre o sujeito e suas dificuldades de
aprendizagem. Portanto, precisa conhecer os problemas e interpretá-los, para então poder
intervir da maneira mais adequada no processo. Nesse sentido, o Psicopedagogo auxilia o sujeito
a retomar o percurso da aprendizagem, estabelecendo um vínculo favorável com ele e seus
familiares, objetivando resgatar o prazer de aprender.
MÓDULO 1
 Identificar o campo de atuação e as funções do psicopedagogo clínico
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Neste módulo, estudaremos o campo de atuação, as funções do psicopedagogo clínico, o
enfoque preventivo e terapêutico do psicopedagogo. Além disso, identificaremos a importância da
avaliação e do diagnóstico. Os conhecimentos aqui adquiridos proporcionarão condições para
você diferenciar o trabalho de um psicopedagogo clínico do trabalho de um psicopedagogo
institucional.
CAMPO DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO CLÍNICO
O campo de atuação do psicopedagogo é vasto, desafiador e refere-se não só ao espaço físico
onde se dá esse trabalho, mas especialmente ao lugar de atividade e o modo de abordar o seu
objeto de estudo.
 ATENÇÃO
É importante que você saiba que a forma de abordar o objeto de estudo pode assumir
características específicas, a depender da modalidade clínica, preventiva ou teórica, uma
ligando-se às outras.
Ao tratarmos mais especificamente do trabalho clínico do psicopedagogo, percebemos que este
relaciona-se à prática em consultório individual, grupal e familiar. A forma de atuação clínica
não deixa de resultar de um trabalho teórico. No trabalho clínico, o profissional procede sempre
embasado em um referencial teórico.
Esse saber exige do psicopedagogo que recorra às teorias que lhe permitam reconhecer de que
modo se dá a aprendizagem, bem como as leis que regem esse processo: as influências afetivas
e as representações inconscientes que o acompanham, o que pode comprometê-lo e o que pode
favorecê-lo. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é aprender;
como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm no
surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar (BOSSA, 2011).
Na Psicopedagogia Clínica, as atividades estão relacionadas ao consultório, com o objetivo de
realizar diagnóstico e tratamento de dificuldades de aprendizagem (COLL, 2000).
 Psicologia Clínica em consultório.
No exercício clínico, o psicopedagogo deve reconhecer a sua própria subjetividade, pois tratase
de um sujeito estudando outros sujeitos. Essa inter-relação de sujeitos, em que um procura
conhecer no outro aquilo que o impede de aprender, implica uma temática muito complexa.
Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se transforma em suas
diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela
qual produz conhecimento e aprende (BOSSA, 2011).
FUNÇÕES DO PSICOPEDAGOGO CLÍNICO
O papel do psicopedagogo clínico envolve o escutar e o traduzir. Esse profissional é uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente e as relações entre ele e sua família. Nessa
perspectiva, são fundamentais a imparcialidade e a ausência de preconceitos na escuta,
interpretação, reflexão e intervenção, criando e recriando espaços (FERNÁNDEZ, 1991).
Outro aspecto a considerar é a forma como o psicopedagogo deve conversar com as pessoas
que o procuram, no caso, os familiares, a criança ou o adolescente. A linguagem precisa ser o
mais clara possível. Convém fugir de uma linguagem técnica, assim as possibilidades de
interação com eficácia serão maiores.
O psicopedagogo clínico necessita desenvolver habilidades para o trabalho terapêutico
como:
OUVIR

SURPREENDER

PERGUNTAR

RECOMEÇAR
Ressaltamos dois pontos relevantes para a formação profissional do psicopedagogo. Primeiro,
ele deve buscar não apenas aperfeiçoar seus conhecimentos teóricos, mas também, em um
segundo momento, aprimorar a "arte de conversar", a fim de acrescentar cada vez mais seus
recursos de escuta e compreensão na relação com o cliente; entendê-lo e ajudá-lo a enfrentar o
"não dito", ou seja, a mensagem que está implícita na conversa — aspecto fundamental nos
contextos terapêuticos (MENDES, 2007).
Todo trabalho psi é clínico, seja ele realizado em uma instituição seja entre quatro paredes em
um consultório. Na clínica, também precisamos ter atitude de respeito pelas vivências do outro,
de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de escutar para além das aparências que
nos são reveladas.
PSI
Psi representa a penúltima letra do alfabeto grego (Ψ), que originou a primeira parte da palavra
psicologia. Psico, em grego, significa mente ou alma.
O OLHAR DO PSICOPEDAGOGO, ALÉM DE SER
CLARO E OBJETIVO, DEVE SER ESCLARECEDOR,
SEM JULGAMENTOS OU DEPRECIAÇÕES. DIANTE DE
UM OLHAR ASSIM, A ACEITAÇÃO FLUI
NATURALMENTE. ESSA ACEITAÇÃO É A CONDIÇÃO
PRIMEIRA, A MAIS NECESSÁRIA PARA QUE SE INICIE
O CAMINHO DE CURA — ALIANDO A TEORIA À PRÁTICA (GONÇALVES, 2003).
NA MODALIDADE CLÍNICA, O PSICOPEDAGOGO
TAMBÉM NÃO TRABALHA SOZINHO, DEPENDE DE
PARCERIAS COM PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS COMO: PSICOLOGIA,
NEUROLOGIA, MEDICINA E OUTRAS QUE SE FIZEREM NECESSÁRIAS PARA O CASO
(FERNÁNDEZ, 1991).
A Psicopedagogia Clínica dedica-se ao atendimento de indivíduos que apresentam dificuldades
de aprender por diferentes motivos. Essa situação os tornam inadaptados social e
pedagogicamente, a capacidade para brincar e jogar pode ficar comprometida. Resgatá-la até
onde é possível no contexto psicopedagógico é promover possibilidades de readaptação
(RUBINSTEIN, 1991).
ENFOQUE PREVENTIVO E ENFOQUE TERAPÊUTICO
O estudo da Psicopedagogia deve ser entendido com base em dois enfoques: o preventivo e o
terapêutico.
ENFOQUE PREVENTIVO
Aponta que o objeto de estudo da Psicopedagogia é o indivíduo em desenvolvimento. Seu objeto
é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações desses
processos.
ENFOQUE TERAPÊUTICO
Revela que o objeto de estudo da Psicopedagogia é a identificação, a análise, a elaboração de
uma metodologia de diagnóstico e o tratamento das dificuldades de aprendizagem (GOLBERT,
1985).
 O enfoque preventivo e terapêutico da Psicopedagogia.
Independentemente do enfoque dado ao atendimento, a Psicopedagogia tem um compromisso
com a pessoa que sofre pela dificuldade de aprendizagem, um compromisso com a possibilidade
de evitar e prevenir este sofrimento. Embora a Psicopedagogia tenha se originado com o objetivo
de tratar dos problemas de aprendizagem, com a evolução dos estudos na área, ela também
passou a procurar meios para diminuir os fracassos escolares — aqui considerados como um
todo e não o fracasso do sujeito da aprendizagem.
Contudo, vamos deixar bem claro, por mais que consideremos o fracasso como responsabilidade
de todos nós, quem sofre de verdade é o sujeito da aprendizagem. Não que os familiares e os
professores não sofram diante dessa situação, mas são os alunos que vivenciam as
consequências negativas do processo.
Precisamos considerar que, tanto no enfoque terapêutico quanto no enfoque preventivo, o
compromisso ético e a preocupação do psicopedagogo precisam estar a serviço da prevenção. O
psicopedagogo deve ter elementos e recursos para identificar quais metodologias são mais
adequadas para ensinar um determinado conteúdo e quais as intervenções cabíveis para aquele
sujeito individualmente (BOSSA, 2011).
Nesse sentido, o psicopedagogo precisa ter um domínio cada vez maior das variáveis envolvidas
no processo de aprendizagem.
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
A avaliação psicopedagógica clínica é vista como um momento importante de mudança e deve
seguir alguns princípios, tais como: análise do sintoma; explicações das causas associadas
temporalmente com o sintoma; dificuldades de aprendizagem, de interação, do funcionamento;
explicações da origem do sintoma e das causas históricas; análise dos aspectos considerados
patológicos ou anormais, levantamento de hipóteses, indicações e encaminhamentos (BOSSA,
2011).
 Primeiro passo para a avaliação psicopedagógica clínica: entrevista com pais ou responsáveis.
Agora, vamos pensar um pouco sobre a atuação inicial de um psicopedagogo clínico ao ser
procurado por uma família cujo filho apresenta dificuldades na escola. A organização de uma
avaliação psicopedagógica clínica vai exigir uma sequência de atitudes, as quais serão
apontadas a seguir:
1. Primeiramente, realiza-se uma entrevista com pais e/ou responsáveis para identificar os
motivos da queixa, o material a ser utilizado, a duração das sessões ou encontros, os horários e
as hipóteses para uma melhor observação e análise do(s) sintoma(s).
2. Para investigar o processo da queixa, faz-se um levantamento das hipóteses verificando
sua veracidade ou a sua rejeição. Em virtude disso, opta-se pelos instrumentos de investigação.
Se forem rejeitadas algumas hipóteses, realiza-se o levantamento de um segundo sistema de
hipóteses; procedendo uma pesquisa histórica (o problema e seus fatores) e elaborando um novo
sistema de hipóteses.
3. Para finalizar, faz-se uma devolutiva com o informe do diagnóstico, abordando os
problemas detectados e sugerindo possíveis alternativas de solução.
Utilizando criteriosamente esse procedimento em três etapas, o psicopedagogo terá condições de
executar um trabalho eficiente, com uma prática interventiva que possibilitará resultados
promitentes e úteis (OLIVEIRA, 2009).
 ATENÇÃO
É preciso considerar que, ao receber em sua clínica uma criança que é vista pela escola como
“um problema e um fracasso escolar”, o psicopedagogo deve entender que a criança está em
sofrimento e com autoestima baixa. Esse profissional deve estar atento a todos os aspectos que
envolvem a criança na escola, para fazer uma investigação minuciosa e atendê-la em suas
necessidades (BOSSA, 2011).
Na visão de Weiss (1997), a avaliação psicopedagógica envolve dois grandes eixos de
análise: uma sondagem horizontal e uma sondagem vertical.
EIXO VERTICAL
É importante pesquisar a história de vida do sujeito (anamnese), análise de laudos anteriores,
bem como de relatórios clínicos e escolares, além disso, pesquisa documental e de imagens,
fotos.
O eixo vertical procura aspectos no histórico do sujeito, nas “diferentes histórias” que estão
ligadas à grande história do paciente.
EIXO HORIZONTAL
Busca-se realizar um levantamento atual do desempenho do sujeito (avaliar funções como
atenção, percepção, memória, linguagem, raciocínio, pensamento, inteligência, psicomotor), do
seu estilo de viver o processo escolar e do seu universo simbólico. O eixo horizontal considera a
visão do paciente no tempo presente e procura compreender o desvio que acontece no aqui e
agora.
É necessário acrescentar que é muito comum encontrar profissionais que utilizam jogos,
brincadeiras, brinquedos tanto em situação de avaliação quanto em intervenção
psicopedagógica, seja na clínica seja nas escolas (RUBINSTEIN, 1991).
OUTRAS PERSPECTIVAS DE UMA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
O trabalho clínico de Jorge Visca (1990) fundamenta-se na Epistemologia Convergente, a qual
propõe um método clínico que envolve três áreas de estudo da Psicologia, a saber:
PSICOGENÉTICA
PSICANÁLISE
PSICOLOGIA SOCIAL
Segundo Visca, o processo diagnóstico é estruturado para que se possa observar a dinâmica de
interação entre o cognitivo e o afetivo, os quais resultam no funcionamento do sujeito. A teoria de
Visca aponta que o processo diagnóstico consiste em passos, os quais irão revelar uma visão do
sujeito no que diz respeito ao seu aprendizado. É por meio dele que se realiza o diagnóstico, o
prognóstico e as indicações da matriz de pensamento diagnóstico.
No quadro a seguir, apresentamos os passos para o processo diagnóstico de Visca.

PROCEDIMENTOS INTERNOS DO
AÇÕES DO PSICOPEDAGOGO
PSICOPEDAGOGO

1. Entrevista Operativa Centrada


• Primeiro sistema de hipóteses
na Aprendizagem (EOCA) com a
• Linhas de investigação
criança ou adolescente

• Escolha dos instrumentos


2. Testes • Segundo sistema de hipótese
• Linhas de investigação

3. Anamnese com os pais e/ou • Verificação e decantação do segundo sistema


responsáveis de hipóteses

• Formulação do terceiro sistema de hipóteses

• Elaboração de uma imagem do sujeito, que


articula aprendizagem com aspectos
4. Elaboração do informe
energéticos e estruturais, a-históricos e
históricos que o condicionam

5. Devolução para o sujeito e os • Devolução para o sujeito e os pais ou


pais ou responsáveis responsáveis

Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal


 Quadro: Passos do processo diagnóstico de Jorge Visca - Epistemologia Convergente. Extraído
de: VISCA, 1990. p. 71
A partir do quadro, podemos constatar que a proposta da Epistemologia Convergente é diferente
da convencional. Ela tira a criança do papel secundário e a coloca como protagonista. Na
proposta tradicional, a anamnese (entrevista com os pais ou responsáveis) é a primeira etapa a
ser realizada. Já no trabalho de Visca, a primeira etapa é realizada com a criança ou adolescente
pela Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA), um instrumento de avaliação
que procura investigar o modelo de aprendizagem do sujeito e os sintomas e que permite
levantar hipóteses sobre as causas do problema de aprendizagem, a partir da realização de
diagnóstico com base científica, para delimitar o campo de ação com base no entrevistado.
O material deve ser colocado sobre uma mesa, de forma organizada, conforme a faixa etária do
entrevistado. A EOCA é composta de alguns materiais de livre uso para a criança. Podem ser
organizados em uma caixa e ficam à disposição folhas (quadriculadas, com e sem pauta), caixa
de lápis de cor, lápis de escrever sem ponta, apontador, borracha, tesoura, régua, marcadores,
cola, massa de modelar, livros e/ou revistas.

 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) com a criança.


Outro aspecto que é um diferencial na Epistemologia Convergente diz respeito à devolutiva do
diagnóstico, a qual, na proposta tradicional, é direcionada aos pais e/ou responsáveis. Na teoria
de Visca, é voltada aos pais e à criança.
Ao explorarmos as ideias de Bossa (2011) acerca da avaliação psicopedagógica,
constataremos que o psicopedagogo irá realizar entrevistas e anamnese, além de algumas
provas psicomotoras: provas de linguagem, de nível mental, pedagógicas, de percepção,
projetivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional. No entanto, na visão
de Bossa, não devemos esquecer de:

Realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o aprendente.

Atender ao sujeito, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com o objetivo de
superar as dificuldades encontradas na avaliação.

Orientar os pais quanto às suas atitudes em relação aos filhos, bem como os professores em
relação aos seus alunos.

Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do sujeito, com profundidade.
No que se refere ao papel do psicopedagogo clínico, devemos ressaltar que esse profissional
precisa ter conhecimentos multidisciplinares, pois, no processo de avaliação diagnóstica, é
necessário estabelecer e interpretar informações em vários aspectos, entre eles: auditivo e visual,
motor, intelectual, cognitivo, acadêmico e emocional (BOSSA, 2002).
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO CLÍNICO
A especialista Patricia Rossi Carraro fala sobre o campo de atuação do psicopedagogo clínico e
suas funções relativas ao enfoque preventivo e terapêutico do psicopedagogo.

MÓDULO 2
 Comparar a Psicopedagogia Escolar, Hospitalar e Organizacional
A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
Agora exploraremos o papel do psicopedagogo na escola, nos hospitais e nas empresas. Você
constatará que o psicopedagogo pode exercer várias atividades importantes nestas
instituições.
Antigamente, as atividades desse profissional restringiam-se somente à área clínica, porém seu
campo de atuação se ampliou. Hoje o psicopedagogo pode desenvolver atividades no contexto
escolar, organizacional e hospitalar. Essas instituições só têm a ganhar ao valorizarem,
respeitarem e abrirem espaço para este profissional.
PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
As escolas estão cada vez mais preocupadas com os alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem. Relatam que não possuem política de intervenção capaz de contribuir para a
superação dos problemas de aprendizagem.
Dessa forma, o psicopedagogo escolar, considerado um profissional qualificado, tem condições
de trabalhar na área de Educação dando assistência a professores, a outros profissionais da
instituição escolar (supervisores, coordenadores, diretores) e aos alunos e seus familiares, para a
melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para a prevenção dos
problemas de aprendizagem.

 A boa formação profissional do psicopedagogo permite reunir qualidades, habilidades e


competências para a atuação na instituição escolar.
Através de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo pode trabalhar com a equipe escolar e
ajudar a construir um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma preventiva.
Se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com as dificuldades de aprendizagem, o
número de alunos com problemas seria bem menor.
O PSICOPEDAGOGO ATINGE SEUS OBJETIVOS
QUANDO TEM A COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES
DE APRENDIZAGEM DE DETERMINADO ALUNO E
ABRE ESPAÇO PARA QUE A ESCOLA VIABILIZE
RECURSOS PARA ATENDER TAIS NECESSIDADES DE
APRENDIZAGEM. DESSA FORMA, O
PSICOPEDAGOGO ESCOLAR PASSA A SE TORNAR
UMA FERRAMENTA PODEROSA NO AUXÍLIO DA APRENDIZAGEM (OLIVEIRA, 2006).
O psicopedagogo em uma instituição escolar pode exercer várias funções. Sua atuação pode
ser/estar relacionada à orientação de pais, ao auxílio de professores, coordenadores e outros
profissionais nas questões pedagógicas. Esse profissional também pode subsidiar as atividades
da direção para garantir um bom relacionamento entre todos os integrantes da instituição e,
principalmente, ajudar o aluno que esteja com problemas e/ou dificuldades
pedagógicas (BOSSA, 2002).
Compete ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem,
participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo
orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do
grupo e realizando processos de orientação.
 COMENTÁRIO
Esse profissional também pode participar de equipes responsáveis pela elaboração de planos e
projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, auxiliando professores, diretores e
coordenadores a repensar o papel da escola, do próprio ensino e as necessidades individuais de
aprendizagem dos estudantes (BOSSA, 2011).
O trabalho é de equipe, uma parceria com todos os que fazem parte da escola (gestores, equipe
técnica, professores, pessoal de apoio, alunos, família). O psicopedagogo entra na escola para
ver o "todo da instituição”. A atuação psicopedagógica na escola implica um trabalho de caráter
preventivo e de assessoramento no contexto educacional (PONTES, 2010).
 ATENÇÃO
Temos que ter consciência de que o psicopedagogo, em uma instituição escolar, não vai
solucionar todos os problemas (dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo
docente, entre outros). Não há respostas prontas, o trabalho deve ser conjunto.
O trabalho do psicopedagogo é identificar as possíveis defasagens no processo de aprender. Não
podemos negar a complexidade envolvida nessa tarefa, por isso todas as variáveis devem ser
consideradas, desde uma disfunção orgânica até uma falha no processo de compreensão,
qualquer aspecto que possa estar comprometendo a aprendizagem. Assim, as necessidades
individuais de aprendizagem não podem ser definidas por apenas um fator; podem estar na
própria criança, no meio familiar ou no ambiente escolar (RUBINSTEIN, 1992).
A partir dessas considerações, podemos constatar a importância do psicopedagogo nas
instituições escolares. É preciso que esse profissional esteja inserido nas escolas com vistas a
uma melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem, auxiliando, orientando, ajudando todos
os membros envolvidos no contexto escolar.
PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
Compreendemos que o acompanhamento psicopedagógico é um dos instrumentos da
humanização hospitalar, além de possibilitar a continuidade do direito de escolaridade de
crianças internadas. Os professores e os profissionais da Educação precisam considerar o
contexto da hospitalização infantil, com toda a influência no cotidiano, no contexto familiar e os
sentimentos de angústia e medo vividos pelas crianças hospitalizadas. Esses aspectos podem
estar presentes em prováveis dificuldades de aprendizagem, pois, para ocorrer um bom
desempenho, é necessário haver um equilíbrio entre os aspectos biológico, cognitivo e
psicossocial (NOFFS; RACHMAN, 2007).

 As intervenções de psicopedagogos ganharam força nas instituições hospitalares que buscam


humanizar seus serviços.
É PRECISO APONTAR QUE CUIDAR DOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E
DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA E/OU ADOLESCENTE, COM ENFERMIDADE
NO CONTEXTO HOSPITALAR, SIGNIFICA TRATÁ-LO
CONSIDERANDO A INFLUÊNCIA QUE A DESCOBERTA
DA DOENÇA PROPORCIONA EM SUA VIDA, AS MUDANÇAS QUE TAL SITUAÇÃO
PROMOVE AO SEU DESENVOLVIMENTO (NASCIMENTO, 2004).
Os problemas de saúde, o contexto hospitalar e as relações familiares procuram por uma postura
mais atenta às necessidades e potencialidades da criança. Nesse sentido, a Psicopedagogia
Hospitalar revela-se a abordagem mais apropriada para este tipo de intervenção.
Ainda é comum considerar que a Psicopedagogia Hospitalar trabalha somente com as
dificuldades de aprendizagem. Mas saiba que ela pode estar presente em todos os momentos em
que ocorra aprendizagem, desde o planejamento de uma atividade, passando pela formação e
discussão de casos com os educadores.
O PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR PODE CONTRIBUIR
EM TODO O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E
AJUDAR A APRIMORAR O ATENDIMENTO
PEDAGÓGICO TÃO FUNDAMENTAL PARA AS
CRIANÇAS E OS ADOLESCENTES HOSPITALIZADOS.
NOTE QUE ELE PODERÁ SIM AUXILIAR NA
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE CLASSE HOSPITALAR, MAS NUNCA
PODERÁ ASSUMIR AS SUAS FUNÇÕES (NOFFS; RACHMAN, 2007).
Ao explorarmos as funções da Psicopedagogia Hospitalar, podemos apontar que estas podem
ser desenvolvidas tanto em serviços psicológicos, psiquiátricos e neurológicos quanto em
serviços hospitalares gerais. Destacamos que são inúmeras as funções atribuídas ao
psicopedagogo hospitalar; cada espaço hospitalar traz características bem peculiares. Além
disso, precisamos levar em conta a clientela e a região socioeconômica onde o hospital está
localizado.
 ATENÇÃO
O psicopedagogo hospitalar deve trabalhar em conjunto com outros profissionais da saúde,
como, por exemplo, neurologistas, psicólogos, psiquiatras, pediatras (NASCIMENTO, 2004).
A atuação do psicopedagogo no hospital pode centralizar-se na promoção de avaliação e
atendimento psicopedagógico a crianças e adolescentes e ao assessoramento dos profissionais
das áreas de saúde e educação. Além disso, pode realizar diagnóstico e tratamento
psicopedagógico a jovens que possuem algum problema escolar, defasagem idade/série,
abandono da escola, dificuldades específicas ou queixa familiar em relação à escola.
O psicopedagogo pode também auxiliar o paciente a se acomodar à nova situação, possibilitando
que expresse seus sentimentos (raiva, medo, ansiedade, entre outros), oferecendo
esclarecimentos e apoio. Com as crianças, o brincar e a utilização do brinquedo vem a ser a
melhor estratégia, a forma mais comum de interação psicopedagógica no hospital.
Outra função do psicopedagogo é entrar em contato com a escola da criança ou adolescente,
com vistas a fortalecer o vínculo escola-hospital, ou seja, auxiliar o paciente no seu processo de
aprendizagem escolar (inclusive depois da alta) realizando o trabalho de inclusão escolar de
crianças pós-hospitalizadas.
PSICOPEDAGOGIA ORGANIZACIONAL
Poucas são as pessoas que conhecem a atuação do psicopedagogo organizacional. Podemos
adiantar a você que é campo muito atrativo! Vamos trazer as ideias e as contribuições de
Rodrigues (2012), que aponta que esse profissional faz parte do setor de recursos humanos (RH)
de uma empresa.
O PSICOPEDAGOGO ORGANIZACIONAL SE OCUPA
DA CRIAÇÃO DE CONDIÇÕES DE APRENDIZAGEM
DOS PROFISSIONAIS INTEGRANTES DA
ORGANIZAÇÃO, LEVANDO EM CONTA OS
DIFERENTES SETORES DE ATUAÇÃO, SUA MISSÃO E METAS.
O psicopedagogo em uma empresa possui múltiplas formas de atuação. Uma delas é a área de
Treinamento e Desenvolvimento que se refere à formação continuada dos profissionais, que
promove o desenvolvimento de capacidades cognitivas e habilidades criativas, visando à
adaptação às condições de trabalho exigidas pela empresa.
 O psicopedagogo desenvolve suas atividades no departamento de RH da organização.
Você sabe que a dinâmica das organizações exige soluções estratégicas, as quais levam em
conta as várias maneiras de transmissão de conhecimentos, bem como a aprendizagem dos
colaboradores no contexto do trabalho. Nesse sentido, a presença de um ou mais especialistas
em aprendizagem humana é necessária nas empresas, pois é preciso pensar o processo de
aprendizagem coletiva da organização e o desenvolvimento da capacidade dos profissionais em
uma abordagem sistêmica.
O psicopedagogo pode atuar nas seguintes demandas:
CRIAÇÃO DE DIFERENTES CONDIÇÕES DE APRENDIZAGEM NO TRABALHO.
DESENVOLVIMENTO DE FUNÇÕES, DESEMPENHO E APTIDÕES CRIATIVAS DOS
TRABALHADORES.
AUMENTO DE SOLUÇÕES E DINÂMICAS PARA A
CONSCIÊNCIA DA ATUAÇÃO DOS COLABORADORES.
AJUSTES DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES ENTRE PESSOAS E
SETORES.
 ATENÇÃO
O psicopedagogo organizacional orienta ações na empresa, contribui com o planejamento, a
gestão, o controle e a avaliação de aprendizagens. Além disso, dedica-se à qualidade dos
processos de recrutamento, seleção e organização de pessoal, dando aportes significativos e
perfis específicos aos treinamentos que ocorrem dentro e fora da organização.
Não podemos esquecer que a atuação do psicopedagogo deve promover a construção e o
compartilhamento do conhecimento, estimular novas formas de relacionamentos, criando sinergia
entre o comportamento de gestores e colaboradores.
O TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NAS DIVERSAS INSTITUIÇÕES: ESCOLAR,
HOSPITALAR E ORGANIZACIONAL
A especialista Patricia Rossi Carraro fala sobre a Importância do papel do psicopedagogo na
escola, nos hospitais e nas empresas.

MÓDULO 3
 Reconhecer o desenvolvimento de estudos das questões de Educação e da Saúde no que
concerne ao processo de aprendizagem
PSICOPEDAGOGIA E A CIÊNCIA
Para dialogarmos sobre este assunto, nada melhor do que trazer as ideias da experiente e
renomada psicopedagoga Nádia Bossa. A Psicopedagogia hoje se constitui como uma área de
estudos, ou seja, busca firmar-se como Ciência. Contudo, vamos relembrar aqui que a
Psicopedagogia é objeto de pesquisa e se originou de uma prática que hoje está essencialmente
voltada para a questão da aprendizagem humana.
Estudiosos da Educação alertam sobre a necessidade de termos pesquisas na área da
Psicopedagogia. Mesmo com a dificuldade teórica exigida pela natureza do objeto de estudo, que
solicita conhecimentos de diversas disciplinas e a difícil arte de unir tais conhecimentos em uma
perspectiva interdisciplinar, é possível pensarmos neste contexto com vistas à melhoria da
formação e da prática psicopedagógica.
A reflexão acerca da prática psicopedagógica tem relação com os fatores sociais que determinam
a necessidade de construir conhecimento no campo da intervenção psicopedagógica. No Brasil,
esse campo se caracteriza como um espaço multi e interdisciplinar. Sabemos que, há mais de
três décadas, profissionais de várias áreas de formação, envolvidos no âmbito da Educação e
Saúde, têm-se ocupado da questão das dificuldades de aprendizagem, motivados por uma
questão que se faz presente no cotidiano escolar e que ainda não foi resolvido: o fracasso do
sistema educacional brasileiro (BOSSA, 2008).
Há uma diversidade de disciplinas que compõem os estudos da Psicopedagogia. Alguns autores
descrevem práticas psicopedagógicas que focam no processo de ensinoaprendizagem; outros,
na intervenção dos transtornos do processo de aprendizagem, com formas de intervenção
direcionadas tanto ao sujeito individual como ao coletivo.
SEGUNDO BOSSA (2008), AS AÇÕES DA
INTERVENÇÃO SÃO MÚLTIPLAS E DIVERSAS. POR
EXEMPLO, É POSSÍVEL TERMOS INTERVENÇÃO NO
SISTEMA EDUCATIVO, EM CLÍNICAS, HOSPITAIS,
CENTROS DE SAÚDE, ORGANIZAÇÕES
EMPRESARIAIS, CENTROS COMUNITÁRIOS.
Contudo, com relação às estratégias de intervenção, nas práticas psicopedagógicas existem
várias técnicas: entrevistas, trabalho interdisciplinar, grupos terapêuticos, técnicas de recolocação
de informação diagnóstica, estratégias terapêuticas, assessoramento e coordenação de projetos
educativos institucionais e projetos pedagógicos inovadores, entre outras (BOSSA, 2008).
Depreendemos que as disciplinas que dão suporte à prática psicopedagógica são:
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
TEORIA DA APRENDIZAGEM
TEORIA DA EDUCAÇÃO
TEORIA PSICANALÍTICA
PSICOLOGIA PSICODINÂMICA
PSICOLOGIA SOCIAL E ORGANIZACIONAL
SOCIOLOGIA
NEUROCIÊNCIAS
DIDÁTICA
EPISTEMOLOGIA
Mesmo sabendo que a prática psicopedagógica cresce significativamente, aumentando o espaço
de ação e as formas de intervenção, há muito a ser feito no que diz respeito ao campo da
investigação científica, para que se possa de fato fazer frente à demanda que a originou.
Apenas pesquisas realizadas no contexto acadêmico poderão oferecer uma produção de
conhecimento que tenha condições de mudar tal realidade (BOSSA, 2008).
 Há muito a ser feito no campo da investigação científica ligada à Psicopedagogia.
Vários esforços se unem atualmente no campo de conhecimento científico para proporcionar à
Psicopedagogia mais espaço na academia, para que possamos ter os subsídios e o apoio à
pesquisa em nosso país. Ao longo do tempo, temos trabalhado com determinação, vencendo
obstáculos e acreditando na ideia de que esses conhecimentos representam enorme evolução no
desenvolvimento do ser humano.
ESTUDOS CIENTÍFICOS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE RELACIONADOS AO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
A Psicopedagogia preocupa-se, estuda e intervém nos processos de aprendizagem humana. Seu
campo de atuação, como vimos até aqui, relaciona-se às escolas, às clínicas, às empresas e aos
hopsitais. A busca por uma Psicopedagogia científica é constante e desafiadora, por isso vamos
apresentar alguns relatos de pesquisas científicas realizadas na área da Educação e Saúde que
apontam sua importância no espaço psicopedagógico.
Os estudos que ora apresentamos têm como propósito mostrar os benefícios que trazem para a
evolução da Psicopedagogia como Ciência e, ao mesmo tempo, como contribuem para amenizar
os problemas gerados pelo não aprender.
Campagnolo e Marquezan (2019) realizaram uma pesquisa cujo objetivo foi analisar as
publicações recentes sobre o psicopedagogo escolar, a fim de compreender de que forma o
psicopedagogo tem se inserido na escola, como se dá a sua atuação no contexto escolar, como
ele desenvolve seu trabalho e quais as relações que estabelece com os demais atores escolares.
A metodologia apoiou-se na pesquisa bibliográfica do tipo Estado do Conhecimento; e o
levantamento dos dados se deu por meio de publicações em artigos da Revista da Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPP) — versão on-line. Como resultado, foram selecionados sete
artigos relativos à escola e definidas três categorias de análise: o psicopedagogo, o aluno e o
professor.
ESTADO DO CONHECIMENTO
Referência ao estágio atual de conhecimento científico sobre um objeto de análise ou de estudo.
A pesquisa concluiu que o psicopedagogo é um profissional necessário e muito importante em
diferentes instâncias na escola, que precisa ter conhecimentos específicos de diferentes áreas
profissionais (como os transtornos mentais e psicológicos de comportamento e as questões
sociais que interferem na aprendizagem) e, principalmente, entender o funcionamento do
ambiente e das especificidades do ambiente escolar.
Já o estudo de Bittencourt et al. (2019), a partir de revisão integrativa, teve como objetivo
compreender a atuação do psicopedagogo em relação à inovação no ambiente escolar,
considerando as novas demandas, os desafios e as necessidades de transformação. Foram
selecionados e analisados 22 artigos. Os resultados revelaram a necessidade do
desenvolvimento de pesquisas que demonstrem a importância e a diversidade de atuação do
psicopedagogo para atender às novas demandas de inovação no contexto de aprendizagem
escolar, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento científico da área, dos
profissionais e, principalmente, para o potencial de aprendizagem dos indivíduos.
Smerdel e Murgo (2018) realizaram um relato sobre a atuação do psicopedagogo no contexto
hospitalar como membro da equipe multidisciplinar do hospital. Com base na reflexão teórica e
prática, analisaram o atendimento psicopedagógico realizado na pediatria de um hospital. Os
encontros foram divididos em dez sessões semanais de intervenções baseadas em atividades
individuais e em leito hospitalar e dez sessões semanais de intervenções grupais realizadas na
brinquedoteca com atividades lúdicas. Foi possível verificar a importância da intervenção
psicopedagógica para o aprender e para a qualidade de vida de crianças e adolescentes em
idade escolar no processo de hospitalização.
Batista, Goncalves e Andrade (2015), com base em uma avaliação psicopedagógica, buscaram
descrever a queixa de alterações no desenvolvimento de uma criança. O caso estudado foi o de
um menino de 9 anos de idade, atendido em clínica-escola de instituição da grande São Paulo. O
relatório médico reportou alterações no desenvolvimento, especificamente atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor, desatenção e dificuldade de aprendizado, com diagnóstico de
transtorno específico misto do desenvolvimento e outro transtorno comportamental e emocional
especificado com início habitualmente na infância ou adolescência.
Foram feitas oito sessões em que foram aplicados os seguintes instrumentos:
DESENHO DA FAMÍLIA
DESENHO DA FAMÍLIA CINÉTICA
DESENHO DO PAR EDUCATIVO
HORA DO JOGO DIAGNÓSTICA
SONDAGEM DA ESCRITA
PROVAS PIAGETIANAS
Os resultados revelaram, de acordo com a avaliação psicopedagógica, um atraso na
aprendizagem da escrita, no desenvolvimento cognitivo e, também, dificuldades de coordenação
motora, interação e comunicação.
O estudo concluiu que a avaliação psicopedagógica foi fundamental, pois permitiu uma análise
abrangente do sujeito e de sua aprendizagem, incluindo sugestões de encaminhamentos
baseadas nos resultados alcançados.
 A avaliação psicopedagógica com a criança
Lima e Natel (2010) fizeram um levantamento das contribuições da Psicopedagogia para o
Atendimento Pedagógico Hospitalar. Realizaram estudos sobre o processo de hospitalização
infantil e a forma de aprendizagem neste contexto, as atribuições e legislações sobre classe
hospitalar, assim como a Psicopedagogia Institucional como abordagem para atender tal
demanda. Realizou-se uma entrevista com a psicopedagoga que atuava em uma classe
hospitalar, com o propósito de entender a realidade desse tipo de atendimento.
O estudo aponta que a Psicopedagogia, a partir de uma visão institucional e sistêmica, contribui
significativamente com o atendimento pedagógico hospitalar não somente em casos de possíveis
dificuldades de aprendizagem, mas, principalmente, no planejamento das atividades e na
formação dos educadores.
 ATENÇÃO
Com esses cinco estudos relatados, queremos afirmar que as pesquisas científicas na área da
Psicopedagogia contribuem para a construção de conhecimento e podem ser consideradas
grandes aliadas no processo da aprendizagem humana. Não tivemos a pretensão de esgotar o
assunto, mas queríamos que você soubesse que conhecer pesquisas científicas é fundamental
para sua formação.
Na visão de Bossa (2008, p. 47), ainda que os obstáculos sejam muitos, a Psicopedagogia se
constrói incessantemente e propõe auxiliar o ser humano a superar-se nas adversidades por
meio da aprendizagem. Assim, entende que o fato de a Psicopedagogia argumentar sobre seu
direito de existir já é prova de sua existência. Sabe-se que existindo e, consciente de sua
responsabilidade, reivindica tenazmente espaço para sua autoria.

A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NA ÁREA DA PSICOPEDAGOGIA


A especialista Patricia Rossi Carraro fala sobre a importância de pesquisas científicas
realizadas na área da educação e saúde que apontam a relevância de estudos no espaço
psicopedagógico.

MÓDULO 4
 Definir o trabalho multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar na
Psicopedagogia
A DIFERENÇA ENTRE A MULTIDISCIPLINARIDADE E A INTERDISCIPLINARIDADE
Para que você compreenda o trabalho multidisciplinar e interdisciplinar na Psicopedagogia,
inicialmente é preciso entender a diferença entre esses dois conceitos fundamentais. Fique
atento!
MULTIDISCIPLINARIDADE
Na opinião de Costa (2007), a multidisciplinaridade requer a proximidade de diversas disciplinas
que, porém, não estão relacionadas entre si. Não pressupõe, necessariamente, trabalho em
equipe e coordenação. Na multidisciplinaridade, não se acordam conceitos e métodos.

INTERDISCIPLINARIDADE
Considera o grau de integração entre as disciplinas e a intensidade de trocas entre os
especialistas. Desse processo interativo, todas as disciplinas saem enriquecidas. Não basta
somente tomar de empréstimo elementos de outras disciplinas, mas também comparar, julgar e
incorporar elementos na produção de uma disciplina modificada.
A autora Fazenda (2001) amplia nossa reflexão sobre o conceito de interdisciplinar, ao apontar
que interdisciplinaridade não é somente um conhecimento, mas ação. Ela também nos
direciona ao duvidar sobre “o que seriam atividades de conhecimento”. A interdisciplinaridade se
desenvolveria a partir do desenvolvimento das próprias disciplinas.
SE A INTERDISCIPLINARIDADE APONTA A RELAÇÃO
ENTRE DUAS OU MAIS DISCIPLINAS, ATRAVÉS DO
TRABALHO INTERDISCIPLINAR É POSSÍVEL
ESTABELECER TROCAS DE CONHECIMENTO AO
PROMOVER UMA COMUNICAÇÃO E UMA
ABORDAGEM NÃO FRAGMENTADA E UM
ATENDIMENTO PARA A PESSOA EM SUA INTEGRALIDADE.
A atuação dos profissionais de forma interdisciplinar promove trocas de saberes e contribuições
no meio científico com possibilidades de mudanças em instituições e na sociedade, gerando
maior qualidade de vida às pessoas atendidas e aos familiares (TRINDADE, 2020). A
interdisciplinaridade pode também ser entendida como um campo de aspectos políticos e sociais,
como uma visão do sujeito psicossocial.
 ATENÇÃO
É importante apontar que um conceito não se sobrepõe ao outro. O trabalho multiprofissional
pode ser realizado, como é visível em alguns momentos do estudo do objeto, de forma separada.
O trabalho interdisciplinar, ou em equipe, implica um trabalho em conjunto, no qual cada
profissional coloca o que conhece, domina, o que sente e, também, expõe as suas expectativas
em função de um objetivo partilhado (COSTA, 2007).
 A atuação dos profissionais de forma interdisciplinar promove trocas de saberes.
O TRABALHO INTERDISCIPLINAR E MULTIDISCIPLINAR NA PSICOPEDAGOGIA
Vamos explorar agora a visão de Griz (2006) acerca do trabalho interdisciplinar e multidisciplinar
na Psicopedagogia.

Vimos que a Psicopedagogia visa intervir nos processos de aprendizagem e sabemos que, por
diversas razões, encontramos crianças que não conseguem aprender, não conseguem
acompanhar os conteúdos em sala de aula e nem ter um desempenho semelhante ao de seus
colegas. Afinal, cada ser tem sua individualidade, sua subjetividade, é único em sua forma de
aprender e se relacionar com o mundo.
Imagem: Shutterstock.com

Podemos compreender por que, originalmente, os profissionais procuravam, em suas áreas de


conhecimento e de forma isolada, encontrar uma solução que explicasse e resolvesse os
problemas no processo de aprendizagem. Cada um, com sua ação própria e se baseando em
diversas teorias, teve então necessidade de se apoiar em disciplinas e práticas diferentes, pois
uma só não oferecia explicação ou resolução para os problemas que surgiam.
Imagem: Shutterstock.com
Vimos que a Psicopedagogia visa intervir nos processos de aprendizagem e sabemos que, por
diversas razões, encontramos crianças que não conseguem aprender, não conseguem
acompanhar os conteúdos em sala de aula e nem ter um desempenho semelhante ao de seus
colegas. Afinal, cada ser tem sua individualidade, sua subjetividade, é único em sua forma de
aprender e se relacionar com o mundo.

Podemos compreender por que, originalmente, os profissionais procuravam, em suas áreas de


conhecimento e de forma isolada, encontrar uma solução que explicasse e resolvesse os
problemas no processo de aprendizagem. Cada um, com sua ação própria e se baseando em
diversas teorias, teve então necessidade de se apoiar em disciplinas e práticas diferentes, pois
uma só não oferecia explicação ou resolução para os problemas que surgiam.

A Psicopedagogia não foi diferente de outras áreas do conhecimento ao buscar um corpo teórico
consistente para responder aos diversos problemas de aprendizagem. Ao realizar esse
movimento, tornou-se inicialmente multidisciplinar. Mas a ação psicopedagógica também não
pôde explicar a questão do não aprender em sua totalidade. Essa prática era ainda exercida por
profissionais que procuravam intervir nos problemas de aprendizagem, cada um com sua
formação acadêmica trabalhando isoladamente, com seus pontos de vista e procedimentos.
A PARTIR DE TROCAS TEÓRICAS E DE UMA AÇÃO
CONJUNTA ENTRE OS PROFISSIONAIS DA
PEDAGOGIA, PSICOLOGIA, FONOAUDIOLOGIA,
PSICANÁLISE, NEUROLOGIA E PSICOLOGIA SOCIAL,
UMA NOVA PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA FOI
CONSTRUÍDA, EM UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR, NA
QUAL O INDIVÍDUO QUE NÃO APRENDIA ERA VISTO DE FORMA INTEGRAL.
Vale lembrar que, para analisar e solucionar os problemas de aprendizagem, os profissionais de
diversas áreas começaram a observar cada aspecto do aprendiz, levando em consideração as
diversas áreas de conhecimento. A partir de então, um modelo de intervenção psicopedagógica
foi se desenvolvendo de maneira mais ampla, observando também a relação entre a
aprendizagem e a queixa escolar. Essa posição interdisciplinar deu suporte para uma postura
científica da Psicopedagogia.
É importante destacar que a Psicopedagogia, como área de conhecimento que caminha em
busca da verdade, também se constitui em uma área que não se completou. Ela não se esgota
nessa busca. Da mesma forma que procura construir no sujeito a capacidade de ser sempre
aprendente, ela se posiciona como construtora do conhecimento, também na condição de
aprendente, e como reprodutora de conhecimento, na condição de quem aprende.
A Psicopedagogia é, pois, uma área do conhecimento que permite ao ser humano ser
protagonista de seu pensamento, oferece novas oportunidades, dando a esse sujeito uma
aprendizagem significativa.
TRANSDISCIPLINARIDADE E PSICOPEDAGOGIA: UM NOVO OLHAR E NOVAS
POSSIBILIDADES DE AGIR
A transdisciplinaridade nos revela o que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, por meio das
diferentes disciplinas e além das disciplinas. Seu objetivo é a compreensão do mundo atual — e
um dos pontos chaves para isso é o conhecimento. Baseia-se em novos aspectos de
realidade, trabalha nas lacunas, “entre”, “através” e “além” das disciplinas.
A TRANSDISCIPLINARIDADE SE INTERESSA, ACIMA
DE TUDO, NO QUE ATRAVESSA AS ESPECIALIDADES,
NO TRABALHO QUE OCORRE ENTRE AS
DISCIPLINAS, NO IR ALÉM DAS FRONTEIRAS, A
MOVIMENTAÇÃO DA DEFINIÇÃO DE UM CAMPO DE
SABER PARA OUTRO E A UNIÃO DO CONHECIMENTO.
ELA VAI MAIS ALÉM: NÃO SE RESTRINGE ÀS
INTERAÇÕES E ÀS RECIPROCIDADES ENTRE AS DISCIPLINAS, UMA VEZ QUE PROPÕE A
AUSÊNCIA DE FRONTEIRAS ENTRE ELAS (COSTA, 2007).
Ora, a Psicopedagogia também caminha nessa direção. Não se limita a uma visão multidisciplinar
e interdisciplinar. Ela caminha pelo conhecimento das diversas disciplinas, transcendendo-as
para ocupar um espaço que é seu, firmar-se no estudo, na análise e na solução do problema do
sujeito que apresenta dificuldades no seu processo de aprender.
A Psicopedagogia surge na condição de dependente de uma série de outras Ciências — ciências
essas que se relacionam, devendo tornar-se transdisciplinares e construir novos conceitos, novas
maneiras de olhar o ser humano para poder encontrar direções para a solução dos problemas de
aprendizagem.
É com essa visão transdisciplinar que a Psicopedagogia ouve o sujeito e analisa a queixa de
dificuldade na aprendizagem, tendo uma compreensão dinâmica e levando em consideração as
contradições e tensões da mente humana. Com o olhar transdisciplinar, a Psicopedagogia vai
além e procura também entender os conflitos e as tensões presentes na comunicação da escola,
ao mesmo tempo que olha o sujeito da aprendizagem.
A Psicopedagogia ouve os diferentes discursos que estão constituídos no sujeito e pelo sujeito. É
dessa maneira que ele trabalha, com as incertezas e os conflitos que acontecem na sua prática
clínica, como na sua atuação na instituição. A Psicopedagogia irá sempre analisar seus
fundamentos e construir novos instrumentos, ampliando espaços para novas buscas do
conhecimento no processo de aprendizagem humana.

 A Psicopedagogia e as contradições e as tensões da mente humana.


A Psicopedagogia entende que encontrar soluções para os problemas da aprendizagem não é
mais seu único propósito. Na atualidade, ela se preocupa também com a busca de soluções para
que o homem construa uma sociedade mais justa, onde cada cidadão se constitua em um
aprendente que pertence a um mundo que muda constante e rapidamente (GRIZ, 2006).
O PRÓPRIO CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICOPEDAGOGO
APONTA, NO CAPÍTULO 1 – DOS PRINCÍPIOS, EM SEU
ARTIGO 2º, QUE A PSICOPEDAGOGIA É DE NATUREZA INTER E TRANSDISCIPLINAR,
UTILIZA MÉTODOS,
INSTRUMENTOS E RECURSOS PRÓPRIOS PARA A COMPREENSÃO DO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM, CABÍVEIS NA INTERVENÇÃO.
Na opinião de Gasparian (2006), a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são dois
conceitos que vêm assumindo importância crescente, como parte de um amplo movimento de
interesse e, com isso, de crítica ao paradigma científico moderno que até então nos oferecia
suporte. Tanto a interdisciplinaridade quanto a transdisciplinaridade nos direcionam para outras
possibilidades de atuação como resposta aos limites do modelo atual, caracterizado pela
simplificação, redução e fragmentação da realidade, que já não mais responde às perguntas dos
pesquisadores e pensadores em Educação.
A TRANSDISCIPLINARIDADE É UMA TEORIA DO
CONHECIMENTO, É UMA COMPREENSÃO DE PROCESSOS, É UM DIÁLOGO ENTRE AS
DIFERENTES ÁREAS DO SABER E UMA AVENTURA DO ESPÍRITO.
(...) É UMA NOVA ATITUDE, É A ASSIMILAÇÃO DE UMA
CULTURA, É UMA ARTE, NO SENTIDO DA
CAPACIDADE DE ARTICULAR A
MULTIRREFERENCIALIDADE E A
MULTIDIMENSIONALIDADE DO SER HUMANO E DO
MUNDO. ELA IMPLICA UMA POSTURA SENSÍVEL,
INTELECTUAL E TRANSCENDENTAL PERANTE A SI
MESMO E PERANTE O MUNDO. IMPLICA, TAMBÉM,
APRENDERMOS A DECODIFICAR AS INFORMAÇÕES PROVENIENTES DOS DIFERENTES
NÍVEIS QUE COMPÕEM O SER HUMANO E COMO ELES REPERCUTEM UNS NOS OUTROS.
(GASPARIAN, 2006, p. 267)
Os elementos norteadores para o exercício da transdisciplinaridade relacionam-se à teoria dos
quatro pilares elaborada por Jacques Delors (Relatório para a Unesco, 1996) para a
Educação do Século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e
aprender a ser, que são agregados a dois pilares complementares, aprender a participar e
aprender a antecipar.
Cabe, portanto, aos professores e psicopedagogos, pesquisadores do saber humano, descobrir
as inter-relações possíveis entre as disciplinas próximas e as mais distantes, com vistas a instituir
práticas interdisciplinares e transdisciplinares que expandam o processo de conhecimento nas
diversas áreas do saber. Para que isso ocorra, será necessária a incorporação desses
pensamentos, o que implicará ao pesquisador repensar sua própria formação.
Ao assumirmos, professores e psicopedagogos, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade
como categoria de ação, devemos transformar nossos comportamentos em nossas práticas
sociais, na vida, nas relações inter, intra e transpessoais. Isso não é fácil, mas temos que dar o
primeiro passo para um longo caminho de autoconhecimento (GASPARIAN, 2006).
O TRABALHO MULTIDISCIPLINAR, INTERDISCIPLINAR E TRANSDISCIPLINAR E A
PSICOPEDAGOGIA
A especialista Patricia Rossi Carraro fala sobre como a Psicopedagogia tornou-se inicialmente
multidisciplinar para depois passar a ter uma visão interdisciplinar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste material, discutimos o campo de atuação e as funções do psicopedagogo clínico,
escolar, hospitalar e organizacional. Vimos o quanto esse profissional é imprescindível nesses
espaços, os quais têm suas particularidades.
Não existe um campo de atuação melhor do que o outro; o psicopedagogo visa sempre auxiliar
as pessoas que, de certa forma, encontram-se em sofrimento e buscam uma nova relação com o
aprender, incluindo o aprender a viver melhor.
A Psicopedagogia tem procurado caminhos sólidos que apontem estudos consistentes que
contribuam para a formação e a atuação do psicopedagogo. Ela ganhou espaço no meio
científico e isso fortalece os profissionais que ainda esperam o reconhecimento em sua carreira.
Entendemos que o trabalho multidisciplinar foi importante no surgimento da Psicopedagogia.
Contudo, embora ainda esteja presente e seja necessário em alguns momentos do estudo do
objeto de pesquisa, a multidisciplinaridade foi superada pela interdisciplinaridade e pela
transdisciplinaridade, hoje fundamentais para a prática psicopedagógica.

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