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Jhonatas Pereira Gomes

Terapeuta Naturalista CTN:00.001-94/MA João Lisboa - MA

CBO: 3221.25 / 3221.05 / 2263.20 / 2515.50


PORTARIA: Nº 702 DE 21 DE MARÇO DE 2018 /PNPIC.
PORTARIA: Nº 397 DE 09 DE OUTUBRO DE 2002 / CBO.
PORTARIA: Nº 971 DE 03 DE MAIO DE 2006 /SUS .
Técnicas Terapêuticas
Psicanálise Integrativa;
Psicanálise Clinica;
Terapia Holística;
Psicoterapia Holística;
Iridologia;
Massoterapia;

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

APOSTILA
INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL E CLÍNICA

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O QUE É PSICOPEDAGOGIA?

Todos nós aprendemos de forma diferente, uns aprendem mais rápido, outros mais
devagar, uns são mais visuais, outros auditivos, por exemplo. Há também diferentes formas
de ensinar. Os atos de aprender e ensinar estão tão interligados que não é possível mais
separá-los dentro do processo educacional. Como se aprende/ensina? Porque alguns
aprendem outros não? Qual a origem da dificuldade em aprender determinado
conteúdo/habilidade? São algumas das perguntas feitas pela Psicopedagogia.

Seu objeto de estudo são os atos de aprender e ensinar, levando em conta o ser que
aprende, ensina, modifica e é modificado, em sua singularidade. A Psicopedagogia
surge da necessidade de compreender o processo educacional de uma maneira
interdisciplinar, buscando para este desafio fundamentos na Pedagogia, na Psicologia e em
diferentes áreas de atuação. Podem ser muitas as razões que determinam o sucesso ou o
fracasso escolar de uma criança, como: fatores fisiológicos, psicológicos, sociais ou
pedagógicos.

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A Psicopedagogia Clínica busca investigar as possíveis dificuldades no processo
educacional - observando os aspectos físicos, sociais, emocionais e cognitivos - e intervir de
modo a remover ou minimizar as barreiras que impedem ou dificultam a aprendizagem. O
Psicopedagogo realiza entrevistas, avaliações, atividades lúdicas e diferentes instrumentos
para identificar estas barreiras. Ele intervém orientando os pais, os professores e ajuda o
próprio indivíduo (ou grupo) a conhecer seus mecanismos de aprendizagem, entendendo-o
como sujeito ativo e protagonista deste processo.

Vivenciar Psicopedagogia é um estado de ser e estar sempre em formação, projetação


e em processo de criação. Para entender o que é Psicopedagogia, acredito ser importante ir
além da simples junção dos conhecimentos oriundos da Psicologia e da Pedagogia, que ocorre
com bastante frequência no senso comum, isto porque, em sua própria denominação
Psicopedagogia aparece “suas partes constitutivas – psicologia + pedagogia – e que
oferece uma definição reducionista a seu respeito”, como nos ensina Julia Eugenia
Gonçalves.

Na realidade, a Psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a


integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas com
a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados

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processos inerentes ao aprender humano. Enquanto área de conhecimento multidisciplinar,
interessa a Psicopedagogia compreender como ocorre os processos de aprendizagem e
entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento. Para tal, faz uso da integração e
síntese de vários campos do conhecimento, tais com a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a
Psicologia Transpessoal, a Pedagogia, a Neurologia, entre outros.

POR QUE A PSICOPEDAGOGIA NÃO TEM


SEU PAPEL CLARO NA FORMAÇÃO
DO/A PSICOPEDAGOGO/A?

Vivenciar Psicopedagogia é um estado de ser e estar sempre em formação, projetação


e em processo de criação. Criação de sentidos para nossa própria

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trajetória enquanto aprendentes e ensinantes, enquanto seres viventes na complexa gama de
relações que estabelecemos com o nosso tempo e espaço humano. Todas as nossas ações e
produções, por serem humanas, estão sempre em processo de permanente abertura, colocadas
num prisma próprio para novas interpretações e busca de significados e sentidos, situadas
num movimento incessante de desconstrução e de reconstrução. Dizendo isso de uma outra
forma, posso afirmar que, no nosso tempo de reconfiguração de paradigmas, os conceitos
estão constantemente sendo revistos e ganhando novos significados; com a Psicopedagogia
não podia ser diferente, visto que o pensar reflexivo sobre esta área do conhecimento se
constitui uma das importantes tarefas a ser desempenhada por quem lhe tem como campo
de ação, profissionalidade, dedicação e estudo. Mas será que realmente a Psicopedagogia
não tem seu papel claro na formação do/a Psicopedagogo/a? Ou isto é um mito que precisa ser
reconsiderado?

Sabendo que, na verdade, a Psicopedagogia é um campo de atuação que, ao atuar de


forma preventiva e terapêutica, posiciona-se para o compreender os processos do
desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias áreas e estratégias
pedagógicas objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos processos de
transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis dificuldades e transtornos), o papel
essencial do psicopedagogo é o de ser mediador em todo esse movimento. Se for além da
simples junção dos conhecimentos da Psicologia e da Pedagogia, o psicopedagogo pode atuar
em diferentes campos de ação, situando-se tanto na Saúde como na Educação, já que seu fazer
visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana, que, afinal, ocorrem em
todos os espaços e tempos sociais.

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O modelo argentino da psicopedagogia no trabalho multidisciplinar em hospitais e
escolas é institucionalizado. No Brasil apesar de se falar muito no trabalho multidisciplinar,
pouco se vê desta atuação. Você acredita que somente com a regulamentação da profissão
isto se tornará uma realidade?

Talvez o trabalho multidisciplinar institucionalizado ainda não seja prática comum


nem mesmo em outros países, com raras exceções, evidentemente. O paradigma cartesiano-
positivista ainda é o grande entrave a ser superado para que se possa pensar em um outro
modo de fazer ciência e cuidar das pessoas. É necessário um processo longo, a ser vivenciado
ainda por um bom tempo como desafio a ser superado. O modelo argentino de
Psicopedagogia, com o trabalho multidisciplinar em hospitais e escolas também teve sua
trajetória de luta, como em muitos momentos nos apontaram Jorge Visca e Alícia Fernandéz.
Realmente em nosso país, esta atuação ainda é restrita de fato. E um ponto essencial para tal é
a regulamentação da profissão: esta questão é primordial para o avançar da profissionalidade
do psicopedagogo. A meu ver, é um processo muito rico a ser vivido por todos nós
psicopedagogos.

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Ao falarmos de transdisciplinaridade na Psicopedagogia, pressupomos que a prática e
o olhar psicopedagógico objetivem: aceitar um novo paradigma; ter preparação teórica
adequada; possuir conhecimento prático suficiente; estar capacitado pedagogicamente e
psicopedagogicamente; ser aberto e criativo; conhecer as novas tecnologias; atualizar-se
permanentemente; entender e aceitar a diversidade discente. Em sua experiência acadêmica,
isto é ensinado nos cursos de psicopedagogia?

Se não é ensinado, pelo menos vivenciado enquanto perspectiva, caminho a ser


trilhado não resta a menor dúvida. Compreendo que o psicopedagogo é um pesquisador
permanente, um sujeito que, a cada movimento, ação e conduta enquanto profissional, busca
alternativas para os dilemas, tensões, limites que lhe surgem, vislumbrando sempre novas
possibilidades. E tudo é processo, movimento. Precisamos acreditar, cada vez mais, no
ensinamento de nossa mestra Ivani Fazenda, que nos diz da importância da espera, da
humildade, do conduzir-se com harmonia e perseverança em tudo o que se refere a mudanças
de paradigmas. O cuidado maior, a meu ver, deve ser efetivamente, com a proliferação dos
cursos de Psicopedagogia pelo Brasil sem as devidas orientações.

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A ABPp esforça-se, de modo contundente, em mostrar o quanto é necessário ter
preparação teórica adequada e possuir conhecimento prático suficiente, além de sugerir
caminhos para a organização curricular de cursos de especialização em Psicopedagogia. Na
minha vivência, enquanto docente da área em diferentes cursos de formação em
Psicopedagogia no país, observo o esforço imenso em fazer o melhor, pois afinal estar
capacitado pedagogicamente e psicopedagogicamente, ser aberto e criativo, conhecer as novas
tecnologias, atualizar-se permanentemente; entender e aceitar a diversidade discente são
desafios imensos, para uma vida inteira. O essencial, acredito, é o desejar fazer o melhor
possível e neste desejar, realizar.

PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL UMA


VISÃO SISTÊMICA

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O papel do psicopedagogo numa instituição consiste em diagnosticar através de um
processo investigativo, as causas que podem estar impedindo o curso regular da aprendizagem
institucional, a circulação do conhecimento, o papel das lideranças e dos liderados, bem como
os motivos que podem levar ao insucesso oganizacional.

O profissional contratado, assiste aos clientes na melhoria de seu desempenho tanto


nos aspectos de eficiência como na introdução da tecnologia, ou seja, no aprimoramento das
relações interpessoais.

O Psicopedagogo faz sua intervenção a partir da história da organização e de suas


características atuais. Nesta perspectiva, a contribuição da Psicopedagogia é empenhar-se em
levar a instituição à vivência que permita aos personagens (funcionários) desse cotidiano dar-
se conta da importância do seu trabalho para a manutenção da saúde e sobrevivência
organizacional, atuando diretamente nas relações de aprendizagem.

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O trabalho do Psicopedagogo Institucional poderá ser dividido em 4 etapas:

1. Identificação do Problema (Diagnóstico Psicopedagógico);


2. Caracterização da Organização;
3. Intervenção;
4. Integração.

O Psicopedagogo também pode atuar como Assessor Psicopedagógico em instituições


escolares, direcionando a potencialização da competência dos professores. Geralmente a
assessoria é utilizada como um recurso, a fim de que estas possam dar uma resposta adequada
às necessidades dos alunos diante das dificuldades para aprender, bem como facilitar a relação
ensino / aprendizagem.

Para trabalhar em instituições, o psicopedagogo deve adquirir competências na área


administrativa e de planejamento estratégico, conhecer teorias sobre liderança,
comportamento grupal e análise de potencial e desempenho.

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A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: A
BUSCA PELA SIGNIFICAÇÃO DO APRENDER

“Somos aqueles que podem ajudá-las a lidar melhor com suas vidas, a enfrentar as
frustrações e a compensar suas fraquezas. Também somos os que podem ajudá-las a
perceber seus dons e a valorizar seu jeito único de ser.” (Sandra Rief,1993)

Em uma época que muito se discute sobre dificuldades, inclusão e até mesmo o
conhecido fracasso escolar de crianças e jovens e ao mesmo tempo multiplicam- se diversas
descobertas da neurociência, não poderíamos deixar de ressaltar a importância da
intervenção psicopedagógica como forma de significação do aprender.

Este especialista está preparado para trabalhar com todo processo da aprendizagem
humana, ou seja, ensinar / aprender. Através de técnicas diferenciadas trabalha com os
padrões normais ou não do aprender considerando sempre a influência e participação do
meio (escola, família e sociedade) no seu desenvolvimento. Para Fabrício (2008), todo
trabalho psicopedagógico está

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centrado e focalizado no autoconhecimento e na autoria do pensamento, buscando sempre
estratégias de suporte com a finalidade que a criança aprenda.

Muitas das crianças que fracassam e são encaminhadas aos consultórios


psicopedagógicos trazem consigo a queixas por parte dos educadores e da escola suspeitas
de “deficiências” em uma ou várias funções cognitivas. O que estas instituições esquecem é
que este sintoma produzido por tal criança pode ser considerado um sinal de mal estar mais
profundo que relaciona-se com um conflito inconsciente tornando-se desconhecido ao
próprio sujeito, em outras palavras, dizemos que a criança não sabe os reais fatos de sua não
aprendizagem.

A intervenção psicopedagógica é um meio eficaz como forma de prevenção do


fracasso escolar, seu trabalho norteado por recursos cognitivos e emocionais permite não
apenas o sucesso na aprendizagem, mas possibilita o resgate de sua autoestima e autonomia
individual tornando assim mais fácil sua socialização com os demais colegas.

De acordo com Maluf (2009), para estabelecer um bom diagnóstico é necessário


termos conhecimento do desenvolvimento individual da criança bem como centrar-se em
serviços especializados que vão além dos farmacológicos. Para que todo este processo
ocorra, sabemos que há uma grande necessidade de participação da família e da instituição
escolar com vistas a juntos constituirmos

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meios afetivos e de estimulação cognitiva de forma que estas intervenções tornem- se
eficazes e alcancem seus reais objetivos que é o resgate e o gosto por aprender.

O ERRO NA VISÃO
PSICOPEDAGÓGICA: UMA FONTE DE
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

“Devemos compreender que o cérebro é o órgão humano de processamento da


informação, portanto, o que a boca fala (ou o que a mão escreve) não é necessariamente o
que o ouvido escutou (ou o que o olho viu), mas sim o que o cérebro processou para que a
boca dissesse (ou a mão escrevesse).” (GOODMAN, 1969)

O erro sempre foi considerado um dos principais mal estares presentes nas escolas
desde os primórdios da educação. Mesmo com o passar dos anos com avanços tecnológicos
e diversas mudanças, muitos educadores ainda o tratam da

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mesma forma as quais muitas vezes é o grande causador do fracasso escolar nas instituições.

Mas como mudarmos estas antigas concepções e incorporarmos uma nova visão a
partir dos erros dos alunos? Este é um fato que de certa forma não depende somente das
escolas, mas também dos educandos e da própria família. De acordo com Luckesi
(1998)1[6], existe um preconceito por parte do próprio aluno que de certa forma tem um
juízo culposo e punitivo de si mesmo quando não consegue acompanhar aos demais.

Na visão psicopedagógica muitos profissionais tendem a considerar o erro como um


sinal de alerta para o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o assim um ato
construtivo tanto para educandos quanto para educadores. Através da intervenção
psicopedagógica, partimos das diversas hipóteses as quais fizeram o aluno chegarem a tal
resposta e só assim poderemos traçar estratégias de ajuda com vistas chegar a formulação
correta.

Cabe ressaltarmos que em muitos casos o erro também poderá ocorrer devida uma
distração ou até mesmo falta de atenção/concentração por parte do aluno não podendo
assim ser considerado como um não aprendizado efetivo do

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conteúdo. Sobre este prisma consideramos de suma importância o trabalho psicopedagógico
que através de técnicas diferenciadas este profissional estará apto a identificar os reais
motivos da não aprendizagem o que de certa forma evitará o fracasso e a evasão escolar que
pode originar-se por atos falhos ou avaliações não condizentes ao real problema.

Por fim deve ficar claro que o objeto de estudo do psicopedagogo é a aprendizagem
como um processo individual em que a trajetória da construção do conhecimento (aqui
incluímos os erros cometidos pelos alunos) deve ser valorizada e entendida como parte do
resultado final sempre visando desenvolver e trabalhar com este ser de forma a potencializá-
lo como uma pessoa autora e construtora da sua história.

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BIBLIOGRAFIA

BOSSA, Nadia Aparecida. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da


prática. Porto Alegre: Artmed, 2000

FABRÍCIO, Nívea Maria de Carvalho. Palestra “O psicopedagogo e seu papel frente


as dificuldades de aprendizagem”. I Congresso sobre as dificuldades de
aprendizagem, Gramado/RS, 2008

FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 2000

GÓMEZ, Ana Maria Salgado Gomes (org.) Dificuldades de Aprendizagem: manual


de orientações para pais e professores. Cultural: código de área 24, 2009

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LUCKESI, Cipriano C. Pratica escolar: do erro como fonte de castigo ao erro
como fonte de virtude. São Paulo: FTD, 1998.

MALUF,Maria Irene. A intervenção psicopedagógica como recurso no


tratamento dos distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Revista Direcional
Educador, nº , Julho/2009

WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas
de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

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