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NA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
SUMÁRIO
1 PSICOPEDAGOGIA ............................................................................................... 2
PSICOPEDAGÓGICA ............................................................................................... 10
1
1 PSICOPEDAGOGIA
2
históricas e pela formulação de espaços e dispositivos adequados ao resgate e à
promoção da aprendizagem. Realiza ações voltadas para o resgate da
aprendizagem, através da formulação de espaço e vínculo de confiança e da
proposição de recursos adequados e específicos. Busca possibilitar que o sujeito
construa sua autoria na aprendizagem.
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Especialização em Psicopedagogia, ela será uma Psicóloga e Especialista em
Psicopedagogia.
O especialista em Psicopedagogia é um profissional habilitado a lidar com os
processos de aprendizagem e suas dificuldades junto às crianças, aos adolescentes,
aos adultos ou às instituições, instigando aprendizagens significativas, de acordo
com suas possibilidades e interesses. Em sua prática, o especialista em
Psicopedagogia pode auxiliar na busca do prazer de aprender, na construção de um
novo significado para as formas de aprender, da compreensão, por parte dos
sujeitos, da maneira como aprendem e de como utilizar suas estratégias em relação
a novos conhecimentos Entre os diferentes aspectos que precisam ser considerados
ao longo de um atendimento psicopedagógico, seja institucional ou clínico,
destacam-se alguns que necessitam de atenção, tais como o momento do
diagnóstico, a anamnese, a elaboração de hipóteses e a análise do processo de
construção da lecto escrita.
O processo diagnóstico caracteriza-se como os primeiros encontros nos quais
se interage de forma mais direta com o sujeito encaminhado e com sua família,
procurando conhecer mais detalhes de sua história. Porém, não é um momento
fechado, que tenha como objetivo atribuir um rótulo ao sujeito. Há diagnósticos como
transtorno de hiperatividade e déficit de atenção, autismo, entre outros, que não
podem ser dados por um especialista em Psicopedagogia, que pode sugerir para a
família procurar um profissional como um psiquiatra ou um neurologista para avaliar
e realizar tal diagnóstico.
O especialista em Psicopedagogia deve sempre realizar os
encaminhamentos que julgar necessários, mencionando que há outras questões que
também atrapalham a aprendizagem do sujeito e que só podem ser avaliadas por
outro profissional habilitado. Por isso, fala-se tanto das parcerias nos atendimentos
psicopedagógicos e de um trabalho interdisciplinar.
Na medida em que o trabalho interdisciplinar é fundamental na ação
psicopedagógica, é importante conhecer as ferramentas que existem e são usadas
pelos outros profissionais envolvidos, para saber entendê-las adequadamente,
quando se recebe um diagnóstico. Porém, isso não significa que se possa utilizá-las,
já que algumas ferramentas são de uso exclusivo do psicólogo, do fonoaudiólogo ou
do médico. O diagnóstico psicopedagógico necessita concentrar-se nos processos
de aprendizagem. Esse momento não pode estar focado apenas no sujeito, mas em
4
todas as relações que ele mantém seja na família, na escola ou no grupo de amigos,
dentre outros.
O diagnóstico é um momento no qual se pode iniciar o levantamento de
hipóteses sobre como e o que o sujeito aprende, bem como o que o impede de
aprender. Nessa ocasião, já se inicia também o tratamento. Quando se analisa a
situação do sujeito, precisa-se propor desafios de superação, para que novas
hipóteses possam ser levantadas e questões já possam ser superadas.
Logo, não há uma separação rígida entre o período do diagnóstico e o do
tratamento. Ao iniciar o diagnóstico, já se está começando o tratamento. Ao longo do
processo diagnóstico, é importante ser realizada uma entrevista de anamnese, que
se constitui numa técnica de investigação e análise, a partir da retomada da história
de vida do sujeito através de uma conversa com a família. Ela é utilizada para
auxiliar a compreender o funcionamento familiar, no sentido de se observar como o
sujeito é visto por esse grupo, qual o seu papel, como o veem e compreendem sua
situação ao longo da vida e como descrevem a dificuldade de aprendizagem. A
anamnese auxilia o especialista em psicopedagogia a compreender o processo de
aprendizagem do sujeito em diferentes momentos de sua vida. Por isso, suas
perguntas devem se centrar mais no “como” do que no “quando”, como, por
exemplo: Como foi que ele começou a andar? Como foi que ele aprendeu a falar? O
quando traz uma questão mais relacionada com a temporalidade, o que tem
importância, mas não tanto quando o processo de cada aprendizagem.
A elaboração de hipóteses sobre como o sujeito aprende e o que o impede é
de suma importância para o atendimento, pois é a partir dela que a ação do
especialista em psicopedagogia é planejada e organizada. Ao longo de todo o
tratamento, as hipóteses são elaboradas, superadas e redefinidas. A partir da
superação de uma questão, outra poderá ser elaborada pelo especialista em
Psicopedagogia. É significativo sempre partir do que o sujeito sabe fazer, o que
conhece aquilo no que tem sucesso. Além de reforçar suas possibilidades, com essa
perspectiva também se consegue, muitas vezes, observar e analisar as estratégias
utilizadas e lhe ajudar a usá-las nas situações de dificuldades.
Outro aspecto relevante tem relação com as inúmeras vezes em que os
especialistas centram a investigação psicopedagógica na leitura e na escrita quando
o encaminhamento ocorre devido a uma dificuldade nessa área. Porém, precisa-se
sempre se lembrar de também analisar questões relativas ao pensamento lógico
5
matemático. Várias vezes recebe-se dos educadores a avaliação de que o sujeito
domina as questões relacionadas ao conhecimento matemático, mas o que ele
consegue fazer são cálculos mecanizados, sem compreensão. A construção do
pensamento lógico-matemático é estruturante da construção da leitura e da escrita,
ou seja, são a base para a aprendizagem da leitura e da escrita. A testagem do nível
de leitura e escrita precisa ser realizada juntamente com a observação, pois é
importante observar as estratégias que o sujeito utiliza para ler e escrever sua
própria produção.
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2 PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Fonte: cantinhodoprofessor
7
passa a assumir-se como Psicopedagogia. Dentro da psicopedagogia, está a
psicopedagogia clínica e a psicopedagogia institucional. Cada um desses espaços
tem seu método específico de trabalho. Porém, em ambos, deve-se considerar o
contexto sociocultural do paciente.
O papel do psicopedagogo da clínica é criar um espaço de aprendizagem,
oferecendo ao sujeito oportunidades de conhecer o que está a sua volta, o que lhe
impede de aprender, para que juntos, possam modificar uma história de não
aprendizagem. Sobre a psicopedagogia institucional:
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Assim, é de fundamental importância que o profissional de psicopedagogia
consiga identificar como o sujeito se constitui que transformação sofreu ao longo das
diferentes etapas de vida, quais as estruturas e conceitos por ele construídos e a
forma pela qual se relaciona com o conhecimento.
Para que haja conhecimento, o processo de aprender é construído pelo
sujeito que aprende em inter-relação social, por meio da intervenção em quatro
níveis: organismo, corpo, inteligência e desejo, não se podendo falar de
aprendizagem excluindo algum deles. O organismo é a base para aprendizagem. O
corpo participa do processo de aprendizagem e tem como função coordenar ações
que resultam em acumular experiências. A inteligência é a estrutura lógica que se
apropria do objeto conhecendo-o, generalizando-o e incluindo-o em uma
classificação.
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3 ASPECTOS BÁSICOS: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO NA CLÍNICA
PSICOPEDAGÓGICA
Fonte: doity.com.br
O diagnóstico é uma das peças chaves para uma intervenção eficiente. Não
basta ao psicopedagogo conhecer técnicas e provas, pois cada caso é singular e
exige do profissional, além da competência teórica, um olhar sensível e particular.
Cada paciente que chega à clínica traz junto sua história, suas individualidades e
suas relações de coletividade, para o psicopedagogo é sempre um novo e complexo
começo, que evoca seguidamente um novo olhar.
O sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos
utilizados, mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a
multiplicidade de aspectos revelados em cada situação.
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O diagnóstico psicopedagógico tem como objetivo básico identificar os
desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o
impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social,
possibilitando assim ao psicopedagogo fazer as intervenções e os
encaminhamentos necessários. Podemos defini-lo como um processo de
investigação referente ao que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta
esperada. O diagnóstico para o psicopedagogo tem a mesma função que a rede
para o equilibrista. O diagnóstico funciona como base para a intervenção.
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O diagnóstico psicopedagógico é composto de vários momentos que
temporal e espacialmente tomam dimensões diferentes conforme a
necessidade de cada caso. Assim, há momentos de anamnese só com os
pais, de compreensão das relações familiares em sessão com toda a família
presente, de avaliação da produção pedagógica e de vínculos com objetos
de aprendizagem escolar, busca da construção e funcionamento das
estruturas cognitivas (diagnóstico operatório), desempenho em testes de
inteligência e visomotores, análise de aspectos emocionais por meio de
testes expressivos, sessões de brincar e criar. Tudo isso pode ser
estruturado numa sequência diagnóstica estabelecida a partir dos primeiros
contatos com o caso (WEISS, 2004, apud ARAGÃO, 2010, p. 14).
12
solicitando ou assumindo as consequências da consulta, apresentam resistências à
ação do terapeuta. O momento da história vital no diagnóstico é realizado como uma
segunda entrevista com a mãe, sendo que essa é realizada após o psicopedagogo
conhecer um pouco seu paciente. Apesar de que nesta entrevista necessitamos uma
série de dados bem estabelecidos, deverá ser tão livre como for possível, dando-se
à mãe como instrução o tema geral, deixando que as especificações surjam da
espontaneidade do diálogo.
No caso de um paciente que consulta por problemas de aprendizagem, serão
as seguintes as áreas de indagação predominantes: antecedentes natais na fase
pré-natal que abrange as condições de gestação e expectativas do casal e da
família, onde as doenças durante a gestação, dados genéticos e hereditários, serão
solicitadas somente se o caso justificar; fase perinatal que envolve as circunstâncias
do parto, sofrimento fetal, cianose ou lesão, entre outros danos que costumam
serem causas de destruição de células nervosas que não se produzem e também de
posteriores transtornos e fase neonatal que inclui a adaptação do recém-nascido,
choro, alimentação, capacidade de adaptação da família do bebê através do respeito
ao ritmo individual do bebê entendendo suas demandas.
Ainda nessa lista de indagações predominantes temos, aspectos significativos
que devem ser investigados, como doenças e traumatismos ligados, diretamente, à
atividade nervosa superior; tempo de reclusão a que a criança foi obrigada;
processos abertamente psicossomáticos; disponibilidade física, fatigabilidade e
limitações corporais, além de analisar o desenvolvimento motor; desenvolvimento da
linguagem e desenvolvimento de hábitos da criança. Importante saber se as
aprendizagens foram feitas pela criança no momento esperado, precoces ou
retardadas pela família; também é necessário saber se a criança passou por
situações dolorosas, mudanças, situações de perda, participação da criança nesses
casos e condições em que se deram e conhecer as experiências escolares,
transformações ocorridas na criança, expectativas para a família, entre outros. Com
a obtenção desses dados o terapeuta começará a encaixar as peças e começará a
delinear suas hipóteses.
A Hora do Jogo é onde o psicopedagogo observará a estimulação do
desenvolvimento motor, social, cognitivo e afetivo do paciente. Assim como são
analisados os esquemas práticos de conhecimentos por meio da atividade
assimilativo-acomodativa no bebê, a ludicidade fornece informações sobre os
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esquemas que organizam e integram o conhecimento num nível representativo. Por
isto considera-se de grande interesse para o diagnóstico do problema de
aprendizagem na infância, a observação do jogo do paciente, e se faz isto através
de uma sessão que se denomina “hora do jogo”.
Para realizar essa atividade, o psicopedagogo conta com uma caixa que
contém diversos materiais, sucatas e elementos não figurativos de vários tipos.
Nessa etapa do diagnóstico o psicopedagogo consegue analisar de que forma a
criança se relaciona com os objetos e em que condições ela é capaz de brincar.
Outro momento importante do diagnóstico são as provas projetivas, que têm como
objetivo conseguir identificar fatores emocionais que influenciam no desenvolvimento
da aprendizagem do paciente.
Existem três tipos de diagnósticos mais comuns dentro das provas projetivas:
desenho da figura humana, relatos e desiderativo. O desenho da figura humana
permite avaliar os recursos simbólicos do sujeito para referir a diferenças como
criança/adulto feminino/masculino; fada/bruxa, etc., o que revela o nível de sua
adequação semiótica, cuja relação com a aprendizagem se teve oportunidade de
enfatizar na ocasião em que se analisou a hora do jogo.
Nas provas de relatos, elas têm como instrução criar uma história ou
antecipar seu final. São oferecidos ao sujeito estímulos gráficos ou verbais que
sugerem certas relações ou transformações viáveis. O sujeito percorre um dos
caminhos insinuados trazendo elementos mais ou menos originais. As lâminas e
contos não são neutros, pelo contrário, apontam temas classicamente conflitivos,
provocando defesas mais ou menos apropriadas. Em relação ao diagnóstico
desiderativo, as dificuldades, as falhas e os rodeios que os sujeitos com problemas
de aprendizagem apresentam na prova denominada de desiderativo indicam sua
dificuldade para recuperar intelectualmente objetos perdidos e reprimidos. O
diagnóstico não segue uma linearidade, cabe ao psicopedagogo durante o processo
observar o andamento das sessões e, assim, vai construindo o percurso.
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Após as sessões diagnósticas, o psicopedagogo tem condições de avaliar o
processo de ensino e aprendizagem do paciente. De acordo com a hipótese
diagnóstica, uma vez que foi recolhida toda a informação e reunidos os diferentes
aspectos que interessam a cada área investigada, tem-se a necessidade de avaliar
o peso de cada fator na ocorrência do transtorno de aprendizagem.
Em relação à devolução diagnóstica, a mesma autora comenta que talvez o
momento mais importante desta aprendizagem seja a entrevista dedicada à
devolução do diagnóstico, pois se realiza primeiramente com o paciente e depois
com os pais, nesse caso quando se trata de uma criança. Após a conclusão do
diagnóstico, o psicopedagogo necessita determinar qual tratamento é mais
adequado para o problema em que o paciente apresenta. Dizemos que, em geral, o
tratamento psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se de um transtorno
na aprendizagem.
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4 A CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.
Fonte: trabalhosescolares.net
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Pode-se dizer que o que é percebido pelo próprio sujeito ou pelos outros é
chamado de sintoma. Com o sintoma o sujeito sempre diz alguma coisa aos
outros, se comunica, e sobre o sintoma sempre se pode dizer algo. (WEISS,
2004, apud ARAGÃO, 2010, p. 21).
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deve ser calado, mas escutado. Dessa forma, quando surgir o “não sei” como
principal resposta, o psicopedagogo deve perguntar-se o que não está permitido
saber.
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ciência que busca referências teóricas na psicologia, psicanálise, antropologia,
pedagogia, fonoaudiologia, entre outros, e que esses referenciais vão se
constituindo e se modificando. Então, além de a psicopedagogia ser interdisciplinar,
está em constante desenvolvimento. Em cada um de nós, se pode observar uma
particular “modalidade de aprendizagem”, quer dizer, uma maneira pessoal para
aproximar-se do conhecimento e seu saber. Tal modalidade de aprendizagem
constrói-se desde o nascimento, e por meio dela nos deparamos com a angústia
essencial ao conhecer-desconhecer. Cada pessoa tem sua modalidade singular de
aprendizagem, como um idioma, por exemplo, pode ser diferente um do outro, mas
não quer dizer que necessariamente todas as pessoas que falam esse idioma
pensam ou dizem as mesmas coisas. Por isso, as modalidades de aprendizagem
estão essencialmente ligadas à estrutura da personalidade.
A psicopedagogia parte da história pessoal do sujeito, procurando identificar
sua modalidade de aprendizagem e compreender a mensagem de outros sujeitos
envolvidos nesse processo, seja a família ou a escola. A modalidade de
aprendizagem em um paciente com problemas para aprender, costuma ser
sintomática, e por isso este sujeito tem dificuldade em aprender, mas por outro lado,
também, algo lhe permite e permitiu aprender. Muitas vezes, na aprendizagem, o
sujeito acredita que dispõe somente daquilo que sempre usa e não procura buscar
ou encontrar o que também tem, mas que há muito tempo não utiliza.
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acomodativos. Observa-se a constituição de diferentes modalidades nos processos
representativos cujos extremos podem descrever-se como: hipoassimilação-
hiperacomodação, hipoacomodação-hiperassimilação.
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5 A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E SUA RELAÇÃO COM PROFESSORES,
ESCOLA E FAMÍLIA
Fonte: votuporangatudo.com.br
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O psicopedagogo deve buscar o que significa o aprender para o sujeito e sua
família, tentando descobrir o porquê do sujeito não aprender. Conhecer como se dá
à circulação de conhecimento na família, qual a modalidade de aprendizagem do
sujeito, não esquecendo qual o papel da escola na construção do problema de
aprendizagem apresentado, tentando também engajar a família no projeto de
atendimento. É a escola, indiscutivelmente, a principal responsável pelo grande
número de crianças encaminhadas ao consultório por problemas de aprendizagem.
[...] não basta que o psicopedagogo tenha somente uma ação preventiva,
trabalhando com educadores, quando surgirem processos patológicos
individuais; nessas situações cresce a importância da identificação da
patologia e da indicação terapêutica. Da mesma forma, não é suficiente que
o psicopedagogo intervenha terapeuticamente, atendendo ao sujeito
individualmente, sem que sua ação estenda-se à instituição escolar. Dentro
dessa perspectiva, as dimensões clínicas e institucionais não se
contrapõem. (WONFEBUTTEL 2001 apud ESCOTT, 2004, p.34).
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Nem todas as famílias se comprometem com a escola em que seu filho está
inserido, muitos pais se ausentam da participação escolar. Alguns desconhecem a
importância de sua participação junto à escola e aos professores.
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6 A PRÁTICA DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA NO BRASIL.
Fonte: eltribuno.com
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Um dos instrumentos para se efetuar tal percurso é formular um questionário
de anamnese que procure levantar o maior número de informações, a fim de
conseguir pistas das dificuldades encontradas no aprendente. O uso recursivo do
questionário procura focar a investigação por duas vias. A primeira seria a via
horizontal que procura responder como o problema se apresenta hoje, ou seja, trata-
se de procurar levantar um maior número de dados o mais abrangente quanto
possível em que se possa verificar a dinâmica do suposto problema de
aprendizagem.
O percurso vertical é neste momento que se procura fazer um mergulho nas
diversas histórias do sujeito. O psicopedagogo ao inquirir os pais ou o próprio
aprendente faz um levantamento biográfico meticuloso, abrangendo desde sua vida
de pré-concepção até seu momento atual. Acredita-se que essas informações
possam desvelar possíveis entraves que estejam interferindo no processo de
aprendizagem.
Após a escuta da queixa inicial e da fase de anamnese, passa-se à fase de
avaliação propriamente dita. Onde há uma série de avaliações que podem ser feitas
com o sujeito, tais avaliações visam levantar alguma hipótese do problema de
aprendizagem.
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lateralidade. Há ainda algumas considerações, o psicopedagogo deve estar atento
ás intenções comunicativas do sujeito, a expressão oral, a quantidade e a qualidade
da fala, a produção articulatória etc.
Para compor a avaliação o profissional deve considerar dois tipos de
avaliação: pedagógica e do nível operatório. No primeiro tipo de avaliação, procura-
se verificar o desenvolvimento da leitura, o desenvolvimento da escrita, a
aprendizagem matemática etc. Nessa oportunidade, o psicopedagogo pode também
utilizar recursos lúdicos. Por exemplo, para a avaliação da leitura, os dados de
anamnese se tornam importantes na medida em que a seleção dos textos a serem
utilizados pode (e é bom que assim seja) fazer parte do rol de interesses do
aprendente. No que diz respeito à avaliação matemática, esta pode se dar por meio
de jogos em que se solicite ao sujeito que dê conta do somatório de pontos de uma
partida disputada entre psicopedagogo e aprendente.
Quanto ao nível operatório segue-se o modelo clássico piagetiano no qual se
procura investigar a complexidade estrutural do aprendente. Dependendo da idade
do aprendente, o psicopedagogo poderá realizar provas de conservação de
pequenos conjuntos discretos de elementos, de quantidade de líquido, de
quantidade de matéria, de comprimento, de peso e de volume. Ainda podem ser
realizadas, para avaliação do nível operatório, provas de mudança de critério
(dicotomia), quantificação da inclusão de classes, intersecção de classes, seriação,
combinação e permutação.
A intervenção psicopedagógica está diretamente relacionada com o resultado
da avaliação. Assim, uma vez detectado o problema de aprendizagem, o
psicopedagogo dispõe de técnicas de intervenção com o objetivo de ajudar o
aprendente em sua limitação. O sujeito poderá apresentar problemas com cálculos
matemáticos, o que poderá ser classificado como acalculia ou discalculia, da mesma
forma as dificuldades léxicas são classificadas como alexia ou dislexia. A essas
dificuldades acrescentam-se: agrafia, disgrafia, disortografia, discaligrafia, dissintaxe
ou ainda sintomas combinados. Muitas técnicas têm como objetivo modificar a ação
corporal do sujeito afastando aquilo que esteja dificultando seu aprendizado, ou
mesmo, quando esta ação não é percebida pelo aprendente, procuram desfazer
movimentos desnecessários que interfiram no momento da aprendizagem. Assim,
por exemplo, o sujeito que possua uma qualidade gráfica comprometida pode fazer
o treino da escrita com lápis triangular em um papel sensível à pressão da mão. O
26
psicopedagogo intervém nos momentos em que perceba força desnecessária no ato
da escrita. Também este pode intervir na postura geral global do sujeito, sugerindo-o
posicionar-se de maneira adequada à tarefa solicitada, neste caso, a escrita.
27
7 A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Fonte: psicoenvolver.com.br
28
fundamentos desta teoria, contudo, no que diz respeito à Psicologia Genética a
pesquisadora apoia-se na compreensão de Piaget de que o passado intelectual do
indivíduo é para si próprio bem mais desconhecido que o passado sentimental,
porque as fontes do primeiro devem ser procuradas nas coordenações das ações,
que escapam, totalmente, à visão direta.
Assim o inconsciente piagetiano é cognitivo, enquanto que o inconsciente
freudiano é simbólico. Os autores supracitados trabalham com bastante eloquência
tanto a teoria da Psicologia Genética de Piaget como a Psicanálise, procurando
fazer em suas obras uma apara das arestas dessas teorias, com o objetivo de fazê-
las dialogar em torno de um objetivo comum: o sujeito com problemas de
aprendizagem.
A questão não é nada fácil. Sabe-se que o objeto da Psicanálise é diverso
daquele da Psicologia Genética, assim como as condições em que a teoria
psicanalítica surge são muito diversas das condições de Escola de Genebra. E por
que então a insistência nessa dupla jornada? Qual o objetivo desses autores em
querer compreender o aprendente em seus aspectos cognitivos e desejantes? Uma
das referências mais comuns que estes autores fazem pelo duplo interesse da
conjugação Psicanálise e Psicologia Genética é a própria noção elaborada por
Piaget (1989, p.227) quando este afirma que um dia as duas teorias se
complementarão e darão espaço a uma só teoria que dê conta das questões
cognitivas e simbólicas.
29
de avaliação o aprendente poderá projetar seu estado psíquico sendo passível de
avaliação por parte do psicopedagogo.
30
8 FORMAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA NO
BRASIL.
31
exponencial aumentado ainda mais este conglomerado de pretensas contribuições
nas dificuldades de aprendizagem.
Faz-se necessária à psicopedagogia clínica brasileira, portanto, antes de
qualquer coisa:
32
mas, dentro das práticas psicopedagógicas brasileiras, corre-se um sério risco.
Parece que a psicopedagogia clínica do Brasil está ainda à sombra do substrato
orgânico. Se não mais for falado de Disfunção Cerebral Mínima (DCM), diagnóstico
muito comum no século passado, contemporaneamente focamos no distúrbio do
déficit de atenção com ou sem hiperatividade. O ressurgimento desse tipo de
discurso, que objetiva explicar o fracasso escolar, pode provocar um movimento
nosográfico e uma pretensa fundação de uma psico-pedo-patologia das
aprendizagens.
33
9 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
34
A compreensão dos fatores que contribuem para o desempenho escolar
abrange as “características da escola (físicas, pedagógicas, qualificação do
professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença dos pais e
interação dos pais com escola e deveres) e do próprio indivíduo” (Araújo,
2002, apud PACHECO 2015, p. 48).
35
visuoespaciais e coordenação motora; diferente da dificuldade escolar que está
relacionada especificamente a um problema de ordem e origem pedagógica.
36
9.1 Os principais distúrbios de aprendizagem
37
com os responsáveis e em seguida ofertar os caminhos para a equipe
multidisciplinar dar continuidade ao trabalho até diagnosticar.
Durante o processo de diagnóstico, muitos resultados são de distúrbios. A
maioria, no entanto, é considerada inicialmente, mas durante a avaliação
psicopedagógica, percebem-se apenas dificuldades escolares.
Muitas vezes algumas suspeitas observadas ao longo do diagnóstico tendem
a se revelar no momento da devolução. São evidentes nestas falas as fantasias que
chegam ao momento da devolução, e que estiveram presentes durante todo o
processo diagnóstico.
38
9.2 Problemas de aprendizagem
39
Abaixo estão relacionados as formas que podem ocorrer no processo de
aprendizagem, de acordo com vários aspectos.
40
A família, por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da criança,
já que os pais são os primeiros ensinantes e os mesmos determinam algumas
modalidades de aprendizagem dos filhos, esta consideração também remete à
relação professor-aluno. A aprendizagem não é um processo individual, ou seja, não
depende só do esforço de quem aprende, mas sim de um processo coletivo, e seu
principal conjunto, é a família e a escola. Pois quando aprendemos, aprendemos
com alguém, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de
ensinar. A aprendizagem ocorre no vínculo com outra pessoa, a que ensina,
“aprender, pois, é aprender com alguém”. É no campo das relações que se
estabelecem entre professor e o aluno que se criam as condições para o
aprendizado, seja quais forem os objetos de conhecimentos trabalhados.
Os problemas de aprendizagem não se restringem em causas físicas ou
psicológicas. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional
enfocando fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos. Ou seja,
para aprender é necessário que exista uma relação de condições entre fatores
externos e internos. Há necessidade de estabelecer uma mediação entre o educador
e o educando.
41
As dificuldades de aprendizagem estão relacionadas a fatores orgânicos,
emocionais ou metodológicos, isolados ou não. Abolindo-se a situação adversa no
meio externo, a criança volta a se sentir potente e tem grandes chances, com ajuda
terapêutica, de continuar seu desenvolvimento sem maiores problemas. A criança
que faz uma dificuldade de aprendizagem reativa está sendo bastante inteligente,
pois consegue uma maneira de chamar a atenção para si e receber ajuda para
mudar seu contexto.
A relação com a família interfere diretamente no comportamento desta
criança, fazendo com que esta se sinta insegura em relação à capacidade de
aprender. Muitas vezes, se faz necessário que o tratamento se estenda aos pais,
numa tentativa de resgatar o prazer na relação familiar, interferindo diretamente no
desenvolvimento escolar da criança.
Quando existe um problema de origem orgânica, é necessário que exista a
intervenção de um especialista que poderá avaliar a necessidade ou não do uso de
medicamentos, dando sequência ao que esteja sendo trabalhado no consultório
psicopedagógico.
42
a) não perceber a importância daquilo que está aprendendo porque o
professor não consegue transmitir como e porque aquele conhecimento
será utilizado no cotidiano da criança;
b) ter um professor que não sabe ensinar porque não gosta da profissão
que exerce; c) ter um professor que, por não ter compreendido sua própria
infância e adolescência, não percebe as necessidades dos alunos. (SCOZ,
1996, apud PACHECO 2015, p. 59).
Por todos esses motivos, não basta apenas conversar com a criança. O
psicopedagogo deve auxiliar o professor a encontrar uma forma de ajudá-la para
que a vida escolar da mesma seja prazerosa. Afinal, é na escola que ela passará a
maior parte do tempo. As Dificuldades de Aprendizagem estão classificadas dentro
dos transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na
adolescência, considerando os transtornos da leitura, da matemática, da expressão
escrita e da aprendizagem sem outra especificação. Estes são tipos de transtornos
do desenvolvimento humano que incidem sobre o desenvolvimento da
aprendizagem e que necessitam da Intervenção Psicopedagógica,
43
e os diagnósticos das dificuldades de aprendizagem são variáveis e têm relação
direta com a intervenção.
As dificuldades de aprendizagem só podem ser entendidas em relação à
intervenção, uma vez que a Intervenção Psicopedagógica faz a avaliação dos alunos
com dificuldade de aprendizagem, tendo caráter intencional e planejado, exigindo
certo nível de estruturação e formalização e seguindo os princípios de modelos
teóricos e, portanto, de aplicação tecnológica, como também é guiada por princípios
e valores filosóficos significativos.
O acompanhamento das dificuldades de aprendizagem realizado por um
profissional capacitado, junto às famílias, certamente é de grande valia para a
superação das dificuldades no processo ensino e aprendizagem. O professor
Jardim, no último capítulo de seu livro sobre dificuldades de aprendizagem no ensino
fundamental, dá importantes sugestões:
44
os pais esperam que se atenda a criança através de conteúdos pedagógicos
específicos, e será necessário informar os limites e objetivos no atendimento.
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A avaliação das necessidades especiais do aluno, sejam físicas,
intelectuais, sociais, emocionais ou educativas;
A determinação do que deve ser o foco educacional do desenvolvimento
dos objetivos anuais e em curto prazo do programa de desenvolvimento
individual;
Decidir como há de se proporcionar a educação mediante a utilização da
análise de tarefas e o uso de técnicas educacionais especializadas;
Medir os progressos do aluno após a aplicação de programas de educação.
(KISHIMOTO, 1994, apud PACHECO 2015, p. 63).
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intervenção contatos sistemáticos com a escola permitirão ao terapeuta
psicopedagogo e à instituição subsidiarem-se mutuamente de dados que contribuam
a ambos no seu trabalho.
Visualizar novos caminhos para a educação com a contribuição da
Intervenção Psicopedagógica é pensar possibilidades múltiplas, pensar a educação
com ares de filosofia e permitir mudanças em si e na vida daqueles que se quer ver
como sujeitos em toda a sua plenitude. O trabalho deve ser conjunto: profissional -
família - escola. Esta parceria tem que estar em sintonia, pois uma completa a outra.
Não basta somente o profissional tentar levantar à autoestima da criança; é preciso
que a família e a escola tenham igual contribuição neste processo. A criança que é
submetida a sentimentos derrotistas, de fracasso ou de inferioridade, não consegue
aproveitar as possibilidades do aprendizado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
48
Andre, M. E. D. A. Estudo de caso: seu potencial na educação. Cadernos de
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