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RESUMO
O artigo busca analisar o poder sobre o corpo feminino, por meio da erotização e
objetificação. A discussão está fundamentada na concepção de poder e saber de
Michael Foucault. Neste sentido, aborda a questão da sociedade patriarcal como
perpetuação e manutenção do controle sobre o feminino e enfatiza a erotização e
objetificação do corpo da mulher como instrumentos utilizados para controlar
seuscorpos.
ABSTRACT
The article seeks to analyze power over the female body through eroticization and
objectification. The discussion is grounded in Michael Foucault's conception of power
and wisdom. In this sense, it addresses the question of patriarchal society as a
perpetuation and maintenance of control over the feminine and emphasizes the
eroticization and objectification of the woman's body as instruments used to control
their bodies.
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Psicóloga e Mestra em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Docente do
Departamento de Política e Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). E-
mail:romildasergia.oliveira@gmail.com.
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O corpo feminino: erotização e objetificação
INTRODUÇÃO
CONTROLE DO CORPO
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O saber do corpo, proposto por Foucault (1999), não perpassa pelo seu
funcionamento biológico, mas por um controle denominado de tecnologia política do
corpo, que é difusa e muitas vezes uma instrumentação multiforme. O poder,
portanto, são mecanismos e práticas, que atuam a partir de discursos, que possuem
propósitos específicos de controle dos corpos. Segundo o autor, o Estado utiliza-se
desta tecnologia política do corpo valorizando-a ou impondo algumas formas de agir.
É uma maneira denominada como microfísica de poder que se perpetua nos corpos
como uma estratégia ligada a manobras e táticas, pois o poder de exerce, muito
mais do que se possui.
No livro “A história da Sexualidade”, volume 1, a vontade do saber publicado
em 1976, é possível perceber uma análise de Foucault (1988) a partir de uma
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abordagem histórica, sobre o saber de controle dos corpos, “saber sob que formas,
através de que canais, fluindo através de que discursos o poder consegue chegar às
mais tênues e mais individuais das condutas” (FOUCAULT, 1988, p. 16).Contudo, é
nos livros “A História da Sexualidade – O uso dos prazeres”, volume 2 e “A História
da Sexualidade – O cuidado de si”, volume 3, ambos publicados em 1984, que o
corpo aparece através de amplas investigações e se estabelece a relação saber-
poder. Ao analisar os “Uso dos prazeres” o autor estabelece que a moral dos gregos
não estavam relacionadas com o ato sexual em si, mas na forma de obter prazer
dentro de uma cultura. A questão estabelecida por Foucault (1984) consiste em
compreender como a atividade sexual passa a ser constituída no campo moral.
Toda uma reflexão moral sobre a atividade sexual e seus prazeres, parece
marcar nos primeiros séculos de nossa era, um certo esforço dos temas de
austeridade. Médicos se inquietam-se com os efeitos da prática sexual,
recomendam de bom grado a abstenção, e declaram preferir a virgindade
ao uso dos prazeres. Filósofos condenam qualquer relação que poderia
ocorrer fora do casamento, e prescrevem entre os esposos uma fidelidade
rigorosa e sem exceção. (FOUCAULT, 1985, p. 231)
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SOCIEDADE PATRIARCAL
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O termo feminicídio foi utilizado pela primeira vez, através da Marcela Lagarde, feminista e deputada federal mexicana, que o
caracteriza como um conjunto de delitos, que ocorrem em um contexto de impunidade e conivência do Estado, que
contemplam crimes e desaparecimentos de mulheres. (PASSINATO, 2011)
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a não sentar no colo de homens, ou seja, são submetidas a uma série de regras,
para preservar-lhes a inocência. Contudo, estas mesmas meninas estão diante de
uma cultura que lhes apresentam um modelo estético de mulher, que para ser bela é
preciso ter um corpo magro, curvilíneo, que tenham seios definidos, bumbum
avantajado, barriga lisa (atualmente considerada barriga negativa), pernas longas e
definidas. Os padrões de corpos apresentados são constantemente mostrados pela
mídia através das novelas, campanhas publicitárias, mídia impressa e são
consideradas como modelo de saúde. Padrões considerados inalcançáveis pela
maioria das mulheres, o que as coloca em constante insatisfação com o próprio
corpo. São corpos que estão constantemente expostos, oferecidos com e/ou como
produtos pela publicidade. Imagens de corpos que reforçam as exigências estéticas,
consideradas como ideal a ser alcançado pelas mulheres.
Fonte: http://www.allbeers.com.br/2010/08/cerveja-mulheres-essa-combinacao.html
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Fonte: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2015/02/guest-post-reclamar-de-propaganda-nao-
e.html
Fonte: www.google.com.br/search?q=revistas+femininas&rlz=1C1NHXL_pt-
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Fonte: www.google.com.br/search?rlz=1C1NHXL_pt-BRBR779BR779&tbm=isch&sa=1&ei=1d2jWrn-
Lob8wQS_9ofYBg&q=revistas+masculinas&oq=revistas+masculinas&gs
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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