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CAP I – A VERDADE E O PODER

1) O discurso (enunciação) o poder (saber).

- O saber e o poder como foco de estudo (psiquiatria, penalidade, prisões, medicina,


aparatos jurídicos, disciplina). Complementação de estudos anteriores que foram
interpretados de forma equivocada;

- Críticas ao partido comunista da URSS (Stalin) e aos marxistas ortodoxos;

- Visa entender a construção da VERDADE;

- O poder não era analisado em suas variadas táticas (mecanismos de funcionamento,


engrenagens). O poder era somente atribuído > NÃO interessa a Foucault o seu
conteúdo!

- Visa uma TRAMA HISTÓRICA (genealogia);

- “Ver historicamente como se produzem efeitos de verdade no interior de discursos


que não são em si nem verdadeiros nem falsos”. P.7

- Uma entrevista em que fala sobre suas obras “História da Loucura” e “As palavras e
as coisas”. De certa forma, complementa as interpretações erradas de suas obras e
coisas que ficaram “confusas” ou “incompletas”.

Década de 1970 na França: A década de 1970 foi um período de agitação social,


política e cultural na França. O país estava se recuperando dos impactos da Segunda
Guerra Mundial e da Guerra da Argélia, e enfrentava questões como a crise
econômica, desigualdade social e o descontentamento com o governo.

Críticas às instituições tradicionais: O momento em que Foucault escreveu


"Microfísica do Poder" foi caracterizado por um crescente ceticismo em relação às
instituições tradicionais de poder, como o sistema penal e o sistema prisional.
Movimentos sociais, intelectuais e ativistas estavam questionando a eficácia e a justiça
dessas instituições.

Influências intelectuais: Foucault estava influenciado por diversas correntes


intelectuais, incluindo o estruturalismo e o pós-estruturalismo. Suas ideias sobre o
poder, a disciplina e o controle surgiram a partir de suas análises das relações de
poder em várias áreas, como a psiquiatria, a medicina e as instituições sociais.

Mudanças nas formas de controle: O livro explora como as sociedades modernas


passaram a exercer o controle social de maneira mais sutil e eficaz, por meio de
mecanismos de vigilância, disciplina e normalização. Foucault argumenta que as
instituições de controle, como as prisões, não apenas punem os indivíduos, mas
também os moldam de acordo com as normas sociais.

Desenvolvimento das teorias de Foucault: "Microfísica do Poder" é um dos


principais trabalhos em que Foucault desenvolve sua teoria sobre o poder. Ele introduz
o conceito de "microfísica do poder", que se concentra nas relações de poder
cotidianas e nas formas sutis de controle que operam nas instituições e nas interações
sociais.

- Começa discorrendo sobre o seu principal foco: o Saber e o Poder. Estuda isso
através da Psiquiatria e da Medicina (objetos?).

- É dito que na época em que se debruçou sobre esses estudos (décadas de 50~65),
a recepção não foi positiva de imediato. Era vista como algo que não se deveria ser
estudado. Um “sinal vermelho”.

- Faz uma crítica velada ao Partido Comunista. Crítico ferrenho de Stalin.

- “(...) vocês bem sabem com que facilidade a direção do Partido, que não ignorava
nada, podia lançar palavras de ordem, impedir que se falasse disto ou daquilo,
desqualificar os que falavam.” P.5

- Crítica aos marxistas ortodoxos do século XIX. Esses campos (Saber e Poder dentro
da Psiquiatria e Medicina) não eram considerados saberes “nobres” ou relevantes de
serem estudados pela esquerda intelectual francesa, a escola dominante.

- Critica> Até então é dito que o PODER não era analisado em suas táticas, em
seu mecanismo de funcionamento, nas suas engrenagens do poder. O PODER
era somente atribuído (luta de classes para os marxistas contra o capitalismo,
totalitarismo soviético para os ocidentais capitalistas).

- Que entender esses conceitos HISTORICAMENTE, não somente atribuí-los a


SUJEITOS e OBJETOS. Visa uma trama HISTÓRICA (joga fora o sujeito totalizante,
acabado, dado como natural) >>> GENEALOGIA.

- Por isso realizou o estudo da História da Loucura?

- Só passa a ter relevância (significação política) na década de 60 (1968).

- Penalidade, Prisões, Disciplinas (objetos) <> Política da psiquiatria, Enquadramento


disciplinar.
- Não está interessado no seu conteúdo (do discurso, se é verdadeiro ou não),
nem na forma teórica (paradigmas, metodologia). Não está interessado no
PODER em si (conteúdo), em qual é o PODER, mas sim em quais OS SEUS
EFEITOS na sociedade enquanto esses DISCURSOS circulam através de
ENUNCIADOS CIENTÍFICOS. Também como ele (efeitos de poder através da
enunciação-discurso), em certos momentos, se modifica em escala global.

- Está interessado no NOVO REGIME NO DISCURSO E NO SABER. Problema de


REGIME, de POLÍTICA DO ENUNCIADO CIENTÍFICO.

- O “REGIME DISCURSIVO” dos efeitos de poder próprios do “jogo enunciativo”.

- “O que está em questão é o que REGE os enunciados e a forma como estes se


REGEM entre si para constituir um conjunto de proposições aceitáveis cientificamente
e, consequentemente, susceptíveis de serem verificadas ou infirmadas por
procedimentos científicos”. P. 5

- Usa como objeto/exemplo a ENUNCIAÇÃO da Medicina até final do século XVIII, que
sofre uma mudança (lenta).

- “Uma modificação nas regras de formação dos enunciados que são aceitos
cientificamente como verdadeiros”. P.6

- Crítico ao estruturalismo. A generalização universalizante, totalizante dos


acontecimentos e da História.

- “Não se trata de colocar tudo num certo plano, que seria o do acontecimento, mas de
considerar que existe todo um escalonamento de tipos de acontecimentos diferentes
que não tem o mesmo alcance, a mesma amplitude cronológica, nem a mesma
capacidade de produzir efeitos”. P. 6

- “A historicidade que nos domina e nos determina é belicosa e não linguística.


Relação de poder, não relação de sentido. A história não tem ‘sentido’, o que não quer
dizer que seja absurda ou incoerente. Ao contrário, é inteligível e deve poder ser
analisada em seus menores detalhes, mas segundo a inteligibilidade das lutas, das
estratégias, das táticas.” P.6

- Ideia de confronto, de resistência. Paralelos com Bordieu.

- Coloca o Discurso como Poder (enunciação).

- Foucault não vê o PODER somente como REPRESSÃO, PROIBIÇÃO. Seria,


para ele, simplório demais se fosse só isso e atrelado somente ao campo
jurídico (remete a isso). Para Foucault o PODER tem função de PRODUÇÃO.
Quer entender a FORÇA além de um ato de PROIBIÇÃO?

- “O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele
não pesa só como uma força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas,
induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede
produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa
que tem por função reprimir”. P.8

2) A verdade e o papel do intelectual

- Ao final, Foucault discorre sobre o papel do intelectual.

- Primeiro distingue o intelectual universal, moldado com base no “homem correto,


justo”. Baseado nas concepções iluministas e jurídicas de homem universal. Portador
da razão, dos valores moralmente corretos, deveres universais. O intelectual universal
tinha relação com o escritor, com o homem culto escritor, pensador, o homem da lei,
contra os ideais do abuso, da arrogância. HOMEM UNIVERSAL que Foucault diz
predominar desde o final do XVIII até início do XX.

- “Do momento em que a politização se realiza a partir da atividade específica de cada


um, o limiar da escritura como marca sacralizante do intelectual desaparece (...).
Assim, os magistrados e os psiquiatras, os médicos e os assistentes sociais, os
trabalhadores de laboratório e os sociólogos podem, em seu próprio lugar e por meio
de intercâmbios e de articulações, participar de uma politização global dos
intelectuais.” P.9

- Intelectual específico das ramificações das ciências da natureza (biologia, física,


química). De campos específicos da sociedade. Deseja um alcance global, mas para
isso são necessário intelectuais específicos e não mais universais?

- No contexto em que Foucault escreve, ele vê a necessidade da reformulação desse


intelectual, agora específico. O seu papel específico (área do saber) para um papel
político?

- A verdade não existe fora do poder. Exemplo desse poder sendo real, concreto,
coercitivo dentro da nossa realidade, exemplo do dizer “mulher no volante perigo
constante” ...

- “A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele
produz efeitos regulamentos de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade,
sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz
funcionar como verdadeiros; os mecanismos e instâncias que permitem distinguir os
enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as
técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o
estatuto que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro”. P.10

- (...): a ‘verdade’ é centrada na forma do discurso científico e nas instituições que o


produzem; está submetida a uma constante incitação econômica e política
(necessidade da verdade tanto para a produção econômica, quanto para o poder
político); é objeto, de várias formas, de uma imensa difusão e de um imenso consumo
(circula nos aparelhos de educação ou de informação, cuja extensão no corpo social é
relativamente grande, não obstante algumas limitações rigorosas); é produzida e
transmitida sob o controle, não exclusivo, mas dominante, de alguns grandes
aparelhos políticos e econômicos (universidade, exército, escritura, meios de
comunicação); enfim, é objeto de debate político e de confronto social (as lutas
ideológicas).” P.11

- Especificidade de sua posição de classe (burguês a serviço do capitalismo,


intelectual orgânico do proletariado); Especificidade de suas condições de vida e de
trabalho, ligadas a sua condição intelectual (domínio de pesquisa, lugar no laboratório,
na universidade, hospital, assembleia, condições políticas que ele se submete);
Especificidade da política de verdade nas sociedades contemporâneas.

- “O problema político essencial para o intelectual não é criticar os conteúdos


ideológicos que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática seja
acompanhada por uma ideologia justa; mas saber se é possível constituir uma nova
política de verdade. O problema não é mudar ‘a consciência’ das pessoas, ou o que
ela tem na cabeça, mas o regime político, econômico, institucional de produção da
verdade” P. 11

- Para Foucault então, o papel do intelectual específico seria o de sempre se


opor a essas REGIMES DE VERDADE (que são efeitos de poder, amplos,
intelectuais, cultura de massa, ideologia, propaganda, instituições autorizadas a
enunciar a verdade) que atuam sob esferas políticas, econômicas e sociais.

- Há um embate, uma disputa pela verdade (em torno da verdade, pelo seu
estatuto). Não pelo seu conteúdo em si, mas pela sua ENUNCIAÇÃO,
consequentemente LEGITIMAÇÃO dentro da sociedade e seus EFEITOS (papel
político-econômico-social) de PODER.
- “Ele funciona ou luta ao nível geral deste regime de verdade, que é tão essencial
para as estruturas e para o funcionamento da nossa sociedade”. P.11

- Verdade como “conjunto de regras segundo as quais se distingue o verdadeiro


do falso e se atribui a verdade efeitos específico de poder”. REGIME DE
VERDADE, ligado a SISTEMAS DE PODER. Efeitos são induzidos e se
reproduzem.

- A verdade das coisas está ligada a verdade dos discursos!

CAP II - NIETZSCHE, A GENEALOGIA E A HISTÓRIA

- Emergência. Ponto de surgimento. Como o lugar de entrada dos embates, a hora


entrada das cenas de força. Disputadas marcadas no corpo.

- Para a Foucault, a GENEALOGIA é lenta, processual. Visa entender a marcar a


SINGULARIDADE dos acontecimentos. “Escava-los”, o que não é dito possuir história
(amor, sentimentos, consciência, instinto).

- “marcar a singularidade dos acontecimentos, longe de toda finalidade monótona;


espreitá−los lá onde menos se os esperava e naquilo que é tido como não possuindo
história − os sentimentos, o amor, a consciência, os instintos; apreender seu retorno
não para traçar a curva lenta de uma evolução, mas para reencontrar as diferentes
cenas onde eles desempenharam papéis distintos”.p.12

- Foucault busca as relações de poder (todas as práticas sociais) que dão origens a
vários tipos de discurso;

- A verdade surge no discurso, não mais do sujeito enunciador > A verdade é um efeito
do discurso (relação de poder);

- Visa enxergar os ACONTECIMENTOS (distintos, únicos, complexos e não somente


materiais) > Por ex, cada época tem o seu próprio entendimento/ideia de corpo,
ensino, sentimentos e etc.

- Genealogia e o genealogista visam encontrar a SINGULARIDADE, as diferenças


dentro dos acontecimentos.

- Contra a ideia “universal” dos acontecimentos e da História.


II

- Foucault acredita que o início, a origem, a essência das coisas não seria uma
identidade preservada, íntegra e sim um disparate, uma discórdia entre as coisas.

- Tira sarro e é irônico quanto a possível busca de uma origem das coisas de forma
integral, perfeita, em boas condições, íntegra, visão mitológica, ao lado dos deuses. Ao
cair, começa a se desvirtuar. Isso pressupõe que o começo é puro, bom, e que
caminharemos para algo ruim?

- Quando Foucault diz não está em busca da ORIGEM das coisas, valores, moral,
verdade, conhecimento, ele quer dizer que é necessário e importa mais acessar a
todos os episódios da história (os seus vários acontecimentos em distintos contextos
espaciais e temporais. Não está preocupado com A ORIGEM (universalizante e
totalizante) e sim NOS COMEÇOS (plural) e NOS ACONTECIMENTOS. Enxergar os
embates e não ter o pudor de não acessá-los.

“Fazer a genealogia dos valores, da moral, do ascetismo, do conhecimento não será,


portanto, partir em busca de sua "origem", negligenciando como inacessíveis todos os
episódios da história; será, ao contrário, se demorar nas meticulosidades e nos acasos
dos começos; prestar uma atenção escrupulosa à sua derrisória maldade; esperar
vê−los surgir, máscaras enfim retiradas, com o rosto do outro; não ter pudor de ir
procurá−las lá onde elas estão, escavando os basfond; deixar−lhes o tempo de
elevar−se do labirinto onde nenhuma verdade as manteve jamais sob sua guarda. O
genealogista necessita da história para conjurar a quimera da origem (...)”. P.14

- Busca os desviantes. Os acontecimentos. Os erros. Os desvios nos VÁRIOS


COMEÇOS.

Parte da análise de Nietzsche sobre o sentido da História. Um excesso de História?


Crítica a busca dos filósofos da História por uma suposta “origem” das coisas, das
palavras, dos acontecimentos?

Para Foucault “tudo” seria inventando. Não teríamos uma “origem” natural. Ele critica
esse ideia/paradigma de que todas as ideias teriam uma “gênese”, uma “origem”, uma
“essência”.

Utiliza outra palavra para “origem” > “invenção”.

Os inúmeros discursos que passam por nós, nos definem! (acontecimentos, frutos de
relações de poder)
III

- Então começa a discorrer sobre uma HERANÇA DE PROVENIÊNCIA. Herança não


no sentido econômico. Mas como algo que carregamos no nosso próprio corpo. Os
desvios, os acontecimentos, os erros, estão marcados no nosso corpo? Lugar onde os
acontecimentos são INSCRITOS.

- “O corpo – e tudo o que diz respeito ao coro, a alimentação, o clima, o solo – é o


lugar de Herkunft: sobre o corpo se encontra o estigma dos acontecimentos passados
do mesmo modo que dele nascem os desejos, os desfalecimentos e os erros nele
também se atam e de repente se exprimem, mas nele também eles se desatam,
entram na luta, se apagam uns aos outros e continuam seu insuperável conflito”. P.15

- “A genealogia não pretende recuar no tempo para restabelecer uma grande


continuidade para além da dispersão do esquecimento; sua tarefa não é a de mostrar
que o passado ainda está lá, bem vivo no presente, animando−o ainda em segredo,
depois de ter imposto a todos os obstáculos do percurso uma forma delineada desde o
início. Nada que se assemelhasse à evolução de uma espécie, ao destino de um povo.
(...). É demarcar os acidentes, os ínfimos desvios − ou ao contrário as inversões
completas − os erros, as falhas na apreciação, os maus cálculos que deram
nascimento ao que existe e tem valor para nós; é descobrir que na raiz daquilo que
nós conhecemos e daquilo que nós somos − não existem a verdade e o ser, mas a
exterioridade do acidente”.P.15

- Toda singularidade (acontecimentos) tem um PROVENIÊNCIA > seria então um


conjunto de semelhanças;

- Se, segundo Foucault, a proveniência diz respeito ao corpo, então, os


acontecimentos se inscrevem no nosso corpo.

- Foucault, através da genealogia, questiona o porque da humanidade/homem ter


atribuído como verdade absoluta o seu próprio pensamento? Vai dizer que durante as
épocas bárbaras quando um indivíduo se encontrava doente, fraco, efermo, cansado,
consequentemente não poderia guerrear, se não poderia guerrear abriria espaço para
que palavras e reflexões fossem formuladas. “Nesse estado de espírito, ele se tornará
um pensador e anunciador ou então sua imaginação desenvolverá suas superstições”.
P.15
- Então, as coisas estão inscritas no nosso corpo (as proveniências). E é a partir delas
que podemos entender a singularidade dos acontecimentos.

- O corpo apontaria então para a nossa origem? Entender como as inscrições passam
por ele (corpo) e quais são elas (as marcas).

- Os acontecimentos que causam os “erros”, que se inscrevem no nosso corpo. Que


nos fazem únicos, singulares, não existindo uma linha de identidade fixa. Nos
transformamos. Se apagarmos os “erros” (acontecimentos singulares), seríamos todos
iguais, logo, o homem universal existiria...?

IV EMERGÊNCIA

- “A regra é o prazer calculado da obstinação, é o sangue prometido. Ela permite


reativar sem cessar o jogo da dominação; ela põe em cena uma violência
meticulosamente repetida. (...) A humanidade não progride lentamente, de combate
em combate, até uma reciprocidade universal, em que as regras substituiriam para
sempre a guerra; ela instala cada uma de suas violências em um sistema de regras, e
prossegue assim de dominação em dominação.” P.17

- “O grande jogo da história será de quem se apoderar das regras, de quem tomar o
lugar daqueles que as utilizam, de quem se disfarçar para pervertê-las, utilizá-las ao
inverso e volta-las contra aqueles que as tinham imposto; de quem, se introduzido no
aparelho complexo, o fizer funcionar de tal modo”. P.17

- Podemos entender então que, a genealogia mostra que o corpo é marcado pela
HISTÓRIA. A HISTÓRIA marca os corpos!

- Visa entender os diversos acontecimentos que passam pelos diversos corpos. Não
existe uma linha reta de acontecimentos, ocorrem desvios durante essa linha, e esses
acontecimentos (erros, desvios) marcam o nosso corpo (são inscritos) e nos definem.

- EMERGÊNCIA: como ponto de surgimento, emergir. Como as


coisas/acontecimentos/singularidade emergem no nosso corpo?!

- Para Foucault, EMERGÊNCIA é FORÇA/PODER > Jogo/luta.

- Tudo o que emerge no nosso corpo é uma relação de poder.

- Quais são as normas/regras que tornam os discursos (PODER) e que levam ao


corpo?
- * Regras/normas: não tem essência, podem mudar, são necessariamente leis,
objetivas, fixas, factuais, matérias. Ex prof/aluno/sala

- A genealogia então estuda também como a emergência dessas regras/normas se


inscrevem nos corpos, que dizem respeito aos acontecimentos/singularidades.

- “A emergência é portanto a entrada em cena das forças; é sua interrupção, o salto


pelo qual elas passam dos bastidores para o teatro, cada uma com seu vigor e sua
própria juventude. (...). Enquanto a proveniência designa a qualidade de um instinto,
seu grau ou seu desfalecimento, e a marca que ele deixa em um corpo, a emergência
designa um lugar de afrontamento. (...) Ninguém é portanto responsável por uma
emergência; ninguém pode se auto-glorificar por ela; ela sempre se produz no
interstício.” P.17

- Então podemos afirmar que, TUDO é um conjunto de forças mudando as


regras/normas a todo momento!

- O objeto é o corpo. Não o corpo subjetivo, mas sim os ACONTECIMENTOS que


passam pelo corpo.

- O corpo manifesta o acontecimento, não tem estabilidade, não tem controle.

V História Efetiva x História Tradicional

- Foucault é contra a História Tradicional. Universal, total (início-meio-fim), que busca o


sentido da história do homem. História como superação. Como finalidade. Verdade
eterna, absoluta.

- Visa encontrar as crises, rupturas. A História Efetiva então seria o descontínuo.


Variável. Acontecimentos (relações de poder) únicos, singulares. Rupturas (erros e
marcas nos nossos corpos). Os desvios. Multiplicidade de eventos.

Genealogia > Proveniência (acontecimentos nos corpos)

> Emergência (espaço, jogo de poder, relações, força) >


Regras/normas (história efetiva)

- Então, a genealogia é uma análise histórica que busca as rupturas e as diferenças.


Critica a totalidade, a história universal. Pensa que as “coisas” são frutos da sociedade
(inventada) e não parte da natureza. Nada que permaneça, tudo foi inventado (coisas,
sentimento, acontecimentos). Genealogia busca entender isso. Como isso aconteceu.
Já que tudo que se passa (acontece) na história passa pelo corpo! Por isso os objetos
de estudo de Foucault (os desviantes, os loucos, os presidiários, o homossexual e etc.

- “A história "efetiva" faz ressurgir o acontecimento no que ele pode ter de único e
agudo. E preciso entender por acontecimento não uma decisão, um tratado, um reino,
ou uma batalha, mas uma relação de forças que se inverte, um poder confiscado, um
vocabulário retomado e voltado contra seus utilizadores, uma dominação que se
enfraquece, se distende, se envenena e uma outra que faz sua entrada, mascarada.
As forças que se encontram em jogo na história não obedecem nem a uma
destinação, nem a uma mecânica, mas ao acaso da luta. Elas não se manifestam
como formas sucessivas de uma intenção primordial; como também não têm o
aspecto de um resultado. Elas aparecem sempre na álea singular do acontecimento”.
P.18

VI sentido histórico da história, Os historiadores

- Uma nova forma de se fazer História. Necessário também pensar o historiador;

- Se apaga como indivíduo. Está incluso nesse jogo.

- Não existe mais o sujeito. “Foucault matou o homem”.

- O que existem são discursos (jogos de poder). O discurso independe do sujeito. O


sujeito nasce a partir do discurso.

- Não está interessando em saber somo as coisas continuam as mesmas, quer saber
e entender como as diferenças, como as coisas mudam.

- Destrói a “verdade-saber”. “Um carnaval organizado”. Máscaras e simulacros.

- “nenhum passado é maior do que seu presente e tudo o que na história pode se
apresentar com ar de grandeza, meu saber meticuloso lhes mostrará a pequenez, a
crueldade, e a infelicidade”. P.20

- Historiador atrás do passado inominável. É “insensível a todos os nojos”.


VII Os usos da História

1) História como paródia: “destruidor da realidade que opõe ao tema da história-


reminiscência, reconhecimento”.

2) História destruidora da identidade: “se opõe a história-continuidade ou tradição”.

3) História destruidora da verdade-saber: “se opõe a história conhecimento”.

- “De qualquer modo se trata de fazer da história um uso que a liberte para sempre do
modelo, ao mesmo tempo, metafísico e antropológico da memória. Trata-se de fazer
da história uma contra-memória e de desdobrar consequentemente toda uma outra
forma do tempo.” P.21

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