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- Uma entrevista em que fala sobre suas obras “História da Loucura” e “As palavras e
as coisas”. De certa forma, complementa as interpretações erradas de suas obras e
coisas que ficaram “confusas” ou “incompletas”.
- Começa discorrendo sobre o seu principal foco: o Saber e o Poder. Estuda isso
através da Psiquiatria e da Medicina (objetos?).
- É dito que na época em que se debruçou sobre esses estudos (décadas de 50~65),
a recepção não foi positiva de imediato. Era vista como algo que não se deveria ser
estudado. Um “sinal vermelho”.
- “(...) vocês bem sabem com que facilidade a direção do Partido, que não ignorava
nada, podia lançar palavras de ordem, impedir que se falasse disto ou daquilo,
desqualificar os que falavam.” P.5
- Crítica aos marxistas ortodoxos do século XIX. Esses campos (Saber e Poder dentro
da Psiquiatria e Medicina) não eram considerados saberes “nobres” ou relevantes de
serem estudados pela esquerda intelectual francesa, a escola dominante.
- Critica> Até então é dito que o PODER não era analisado em suas táticas, em
seu mecanismo de funcionamento, nas suas engrenagens do poder. O PODER
era somente atribuído (luta de classes para os marxistas contra o capitalismo,
totalitarismo soviético para os ocidentais capitalistas).
- Usa como objeto/exemplo a ENUNCIAÇÃO da Medicina até final do século XVIII, que
sofre uma mudança (lenta).
- “Uma modificação nas regras de formação dos enunciados que são aceitos
cientificamente como verdadeiros”. P.6
- “Não se trata de colocar tudo num certo plano, que seria o do acontecimento, mas de
considerar que existe todo um escalonamento de tipos de acontecimentos diferentes
que não tem o mesmo alcance, a mesma amplitude cronológica, nem a mesma
capacidade de produzir efeitos”. P. 6
- “O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele
não pesa só como uma força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas,
induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede
produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa
que tem por função reprimir”. P.8
- A verdade não existe fora do poder. Exemplo desse poder sendo real, concreto,
coercitivo dentro da nossa realidade, exemplo do dizer “mulher no volante perigo
constante” ...
- “A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele
produz efeitos regulamentos de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade,
sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz
funcionar como verdadeiros; os mecanismos e instâncias que permitem distinguir os
enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as
técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o
estatuto que têm o encargo de dizer o que funciona como verdadeiro”. P.10
- Há um embate, uma disputa pela verdade (em torno da verdade, pelo seu
estatuto). Não pelo seu conteúdo em si, mas pela sua ENUNCIAÇÃO,
consequentemente LEGITIMAÇÃO dentro da sociedade e seus EFEITOS (papel
político-econômico-social) de PODER.
- “Ele funciona ou luta ao nível geral deste regime de verdade, que é tão essencial
para as estruturas e para o funcionamento da nossa sociedade”. P.11
- Foucault busca as relações de poder (todas as práticas sociais) que dão origens a
vários tipos de discurso;
- A verdade surge no discurso, não mais do sujeito enunciador > A verdade é um efeito
do discurso (relação de poder);
- Foucault acredita que o início, a origem, a essência das coisas não seria uma
identidade preservada, íntegra e sim um disparate, uma discórdia entre as coisas.
- Tira sarro e é irônico quanto a possível busca de uma origem das coisas de forma
integral, perfeita, em boas condições, íntegra, visão mitológica, ao lado dos deuses. Ao
cair, começa a se desvirtuar. Isso pressupõe que o começo é puro, bom, e que
caminharemos para algo ruim?
- Quando Foucault diz não está em busca da ORIGEM das coisas, valores, moral,
verdade, conhecimento, ele quer dizer que é necessário e importa mais acessar a
todos os episódios da história (os seus vários acontecimentos em distintos contextos
espaciais e temporais. Não está preocupado com A ORIGEM (universalizante e
totalizante) e sim NOS COMEÇOS (plural) e NOS ACONTECIMENTOS. Enxergar os
embates e não ter o pudor de não acessá-los.
Para Foucault “tudo” seria inventando. Não teríamos uma “origem” natural. Ele critica
esse ideia/paradigma de que todas as ideias teriam uma “gênese”, uma “origem”, uma
“essência”.
Os inúmeros discursos que passam por nós, nos definem! (acontecimentos, frutos de
relações de poder)
III
- O corpo apontaria então para a nossa origem? Entender como as inscrições passam
por ele (corpo) e quais são elas (as marcas).
IV EMERGÊNCIA
- “O grande jogo da história será de quem se apoderar das regras, de quem tomar o
lugar daqueles que as utilizam, de quem se disfarçar para pervertê-las, utilizá-las ao
inverso e volta-las contra aqueles que as tinham imposto; de quem, se introduzido no
aparelho complexo, o fizer funcionar de tal modo”. P.17
- Podemos entender então que, a genealogia mostra que o corpo é marcado pela
HISTÓRIA. A HISTÓRIA marca os corpos!
- Visa entender os diversos acontecimentos que passam pelos diversos corpos. Não
existe uma linha reta de acontecimentos, ocorrem desvios durante essa linha, e esses
acontecimentos (erros, desvios) marcam o nosso corpo (são inscritos) e nos definem.
- “A história "efetiva" faz ressurgir o acontecimento no que ele pode ter de único e
agudo. E preciso entender por acontecimento não uma decisão, um tratado, um reino,
ou uma batalha, mas uma relação de forças que se inverte, um poder confiscado, um
vocabulário retomado e voltado contra seus utilizadores, uma dominação que se
enfraquece, se distende, se envenena e uma outra que faz sua entrada, mascarada.
As forças que se encontram em jogo na história não obedecem nem a uma
destinação, nem a uma mecânica, mas ao acaso da luta. Elas não se manifestam
como formas sucessivas de uma intenção primordial; como também não têm o
aspecto de um resultado. Elas aparecem sempre na álea singular do acontecimento”.
P.18
- Não está interessando em saber somo as coisas continuam as mesmas, quer saber
e entender como as diferenças, como as coisas mudam.
- “nenhum passado é maior do que seu presente e tudo o que na história pode se
apresentar com ar de grandeza, meu saber meticuloso lhes mostrará a pequenez, a
crueldade, e a infelicidade”. P.20
- “De qualquer modo se trata de fazer da história um uso que a liberte para sempre do
modelo, ao mesmo tempo, metafísico e antropológico da memória. Trata-se de fazer
da história uma contra-memória e de desdobrar consequentemente toda uma outra
forma do tempo.” P.21