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SOCIOLOGIA

1 O QUE É SOCIOLOGIA?

Sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, as instituições sociais


e a sociedade. É, pois, uma ciência social que dispõe de um conjunto acumulado
de conhecimentos e que se propõe a fornecer respostas acerca do ser humano.
Diferentemente da Psicologia – que é outra ciência humana –, a Sociologia não
estuda a ação das pessoas isoladamente.
O objeto da Sociologia – aquilo que ela estuda – são as relações que as
pessoas estabelecem entre si na sociedade: cooperação, competição, conflito,
interdependência etc. Os sociólogos não se interessam, portanto, pelo estudo das
pessoas isoladamente, mas enquanto membros dos diferentes grupos,
organizações ou comunidades que compõem a sociedade.

Caráter Científico da Sociologia


A Sociologia é reconhecida como a ciência que estuda os fatos sociais. No
entanto, nem todos os estudos referentes aos fatos sociais são científicos. A
filosofia, a religião, a tradição e até mesmo a intuição pessoal são amplamente
utilizadas para explicar o mundo social. Essas fontes de conhecimento competem
fortemente com a ciência, a ponto de persistir em muitos meios a concepção de
que o ser humano e suas criações, como a sociedade, não são acessíveis ao
estudo científico. Convém, pois, que ao se apresentar a Sociologia como ciência
proceda-se à identificação das características do conhecimento científico:
▪ Método: o conhecimento sociológico tem sido obtido mediante a utilização
de diversos métodos, tais como o experimental, o observacional, o
comparativo e o estatístico;
▪ Objetividade: Émile Durkheim, um dos pioneiros da Sociologia, definiu
como a primeira regra a ser observada pelo sociólogo “tratar os fatos sociais
como coisas”. Isto significa que a investigação sociológica não deve ser
influenciada pelos caprichos pessoais ou pela subjetividade do
pesquisador;
▪ Verificabilidade: Os conhecimentos científicos são aceitos não em virtude
da crença que se deposita nos cientistas, mas pelo acúmulo de provas
empíricas. A Sociologia tem a observação empírica como base de prova, o
que significa que seus resultados constituem o produto da realização de
levantamentos e da análise de dados significativos, que podem ser
compartilhados por outras pessoas também capazes de analisá-los;
▪ Generalidade: a sociologia faz generalizações sobre papéis, conflitos,
padrões familiares, comportamento religioso etc. Embora todas as pessoas
sejam rigorosamente únicas, é possível de modo racional generalizar sobre
elas. É o que a Sociologia se propõe a fazer.
▪ Caráter explicativo: a sociologia, em virtude da complexidade de seu
objeto, que é o comportamento humano, depara com algumas dificuldades
para alcançar o caráter explicativo. Mas isto não tem impedido a elaboração
de estudos sociológicos de alto poder explicativo;
▪ Abertura: Embora o conhecimento científico seja reconhecido como
verdadeiro e, consequentemente, inquestionável, esta não constitui a
maneira como a comunidade científica vê a ciência. Se um conhecimento
não puder ser refutado, não pertence ao domínio da ciência;

A História da Sociologia
A Filosofia Social na Antiguidade
Sócrates, ao questionas os filósofos sofistas, lançou as bases para uma
especulação racional sobre a sociedade. Embora não tenha deixado nada escrito,
sabemos, graças a seus discípulos Platão e Xenofonte, que Sócrates procurava
um fundamento para as interrogações humanas: O que é o bem? O que é a
virtude? O que é a justiça? Também sabemos que Sócrates se opunha à
democracia que era praticada em Atenas à sua época e que considerava o filósofo
o mais perfeito governante para um Estado.
Platão insatisfeito com as formas políticas e sociais de seu tempo, escreveu
A República. Nesta obra, traçou o perfil da sociedade ideal, buscou assentar a
divisão de classes e discutiu as relações entre cidade e Estado. Para Platão, a
sociedade só seria perfeita com a supressão da desigualdade entre os cidadãos,
cabendo, portanto, ao Estado confiscar toda a riqueza privada e constituir um
fundo comum que seria utilizado para a proteção coletiva.
Aristóteles, em suas obras, procurou definir os elementos simples que
compõem a sociedade e as transições qualitativas que distinguem os diversos
grupos e instituições – da família à vizinhança, à comunidade ou cidade e ao
Estado. Definiu o cidadão como aquele que se caracteriza pelo fato de participar
da justiça e do poder. Descreveu três tipos de Estado – a realeza, a aristocracia e
a república – e seus desvios – a tirania, a oligarquia e a democracia.

A Teologia na Idade Média


Durante a Idade Média, a Filosofia Social subordinou-se à Teologia. A
principal preocupação dos filósofos desse período foi a de proporcionar
argumentos racionais para justificar as verdades reveladas da Igreja Cristã e do
Islamismo. Isso não impediu, no entanto, que Santo Agostinho e Santo Tomás
de Aquino discutissem problemas de organização da sociedade, o sentido da
ordem social e da lei, os diversos tipos de Estado e as virtudes dos governantes
A Filosofia Social No Renascimento
Na Europa, em meados do século XV, ocorreram mudanças significativas
na maneira e pensar o mundo que lançariam as bases do que viria a ser o mundo
contemporâneo. Nesse período, conhecido como Renascimento, floresceu uma
nova postura do ser humano diante da natureza e da sociedade. Com o declínio
da influência da Igreja Católica e o consequente aparecimento de crenças que
estimulavam os fiéis à leitura interpretativa das escrituras, retomou-se o
pensamento especulativo. Assim, o conhecimento deixou de se fundamentar na
revelação, adotada como postura de fé, para voltar a ser, como na Antiguidade
greco-romana, decorrente da atividade racional.
Em decorrência dessa nova visão de mundo, começaram a surgir obras
tratando das relações de poder e da convivência entre os seres humanos:
▪ Nicolau Maquiavel escreveu O príncipe, onde se propõe a explicar como
um monarca absoluto é capaz de fazer conquistas, reinar e manter o seu
poder;
▪ Thomas Hobbes escreveu O Leviatã, onde defende o poder absoluto do
soberano.
Nenhuma dessas obras pode ser definida como rigorosamente sociológica,
pelo menos no sentido moderno desse conceito. No entanto, são representativas
das preocupações de seus autores com a vida social e os problemas da época.
Convém ressaltar que, nelas, as relações sociais começam a ser tratadas não
como consequência do acaso ou das qualidades individuais dos sujeitos, mas
como produto de contingências econômicas ou políticas. Abrindo, portanto, o
caminho para as explicações científicas acerca da sociedade.

A Filosofia Social do Iluminismo


Segundo o iluminismo, as relações econômicas e sociais são regidas por leis
físicas e naturais que funcionariam de maneira racional, desde que não fossem
prejudicadas pela intervenção do Estado absolutista. Reconhecia-se, portanto, a
capacidade humana de pensar e de escolher, desde que leis rígidas não
perturbassem sua ação. No plano político, objetivava-se a escolha dos
governantes no contexto de um Estado representativo da vontade popular. No
plano econômico, por sua vez, frutificava a ideia de que o funcionamento das
sociedades deveria se basear em acordos entre os seus componentes.
John Locke, em sua obra Dois tratados sobre o governo civil, defendeu o
liberalismo, expressando a ideia de que a origem do poder não está nos privilégios
da tradição ou do direito divino, mas no contrato expresso pela manifestação das
vontades individuais.
Jean-Jacques Rousseau escreveu O contrato social, onde afirmava que a
base da sociedade estava no interesse comum pela vida social e no consentimento
dos seres humanos em renunciar a suas vontades particulares em função da
comunidade.
O Advento do Positivismo de Augusto Comte
A preocupação com o caos em que as sociedades europeias estavam
mergulhando após a Revolução Francesa determinou a valorização de uma
postura em que o conhecimento científico passasse a ser utilizado para a
restauração da ordem social.
Nesse contexto, Comte propôs, então, uma completa reforma da sociedade,
em cujo ponto de partida estava a plena reforma intelectual do ser humano.
Segundo Comte, modificando-se a forma de pensar dos homens, por meio do
método científico, chegar-se-ia à reforma das instituições.
Para promover essas reformas, Comte desenvolveu o Positivismo. Essa
doutrina se inspirava no método de investigação das ciências naturais, que
procurava identificar na sociedade os mesmos princípios que explicavam a vida
natural. O Positivismo procurava conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma
de leis naturais. Mais que isso, procurava resolver os conflitos sociais por meio
da coesão, da harmonia social entre os indivíduos e do bem-estar social.
Nesse contexto é que Comte apresentou a Sociologia como a ciência que,
mediante a análise da estrutura e dos processos sociais, proporcionaria a reforma
das instituições. A Sociologia, para Comte, não deveria se limitar à análise, mas
também a propor formas de comportamento, segundo a famosa fórmula “saber
para prever, a fim de prover”. Deveria também procurar a reconciliação entre os
aspectos estáticos e dinâmicos do mundo, ou, em termos de sociedade, entre a
ordem e o progresso.

Os Primeiros Pensadores
Karl Marx
O pensador alemão Karl Marx (1818-1883) contribuiu significativamente
para o desenvolvimento da Sociologia, apesar de não ter utilizado este termo em
nenhuma parte de sua obra. Seu objetivo maior foi o de estudar a sociedade de
seu tempo – a sociedade capitalista – e propor uma ampla transformação
econômica e social. No entanto, para entender o capitalismo e a natureza da
organização econômica, Marx desenvolveu uma teoria abrangente com o
propósito de explicar todas as formas produtivas criadas pelo ser humano: o
materialismo histórico.
De acordo com o materialismo histórico, a estrutura de uma sociedade
reflete a forma como os seres humanos organizam a produção social de bens.
Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender
como se organiza e funciona uma sociedade. Assim, as relações de produção
devem ser entendidas como as mais importantes relações sociais. A organização
familiar, a religião, as leis, as ideias políticas e os valores sociais, por sua vez,
devem ser encarados como fenômenos cuja explicação depende do estudo do
desenvolvimento e do colapso dos diferentes modos de produção.
Émile Durkheim
Émile Durkheim é reconhecido como o autor que mais se esforçou para
emancipar a Sociologia das demais ciências sociais e para constituí-la como
disciplina rigorosamente científica. Bastante influenciado pelo Positivismo,
Durkheim publicou, em 1895, As regras do método sociológico, onde, a partir do
estudo dos fatos sociais como “coisas”, definiu o objeto da Sociologia e as bases
de sua metodologia.
Durkheim se distinguiu dos demais positivistas porque suas ideias
transcenderam o nível de reflexão filosófica e passaram a constituir um conjunto
sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre toda a sociedade. Foi
ele quem realmente abandonou a especulação dos positivistas e apresentou a
Sociologia como uma ciência rigorosa, centrada na verificação de fatos que
poderiam ser observados, mensurados e relacionados mediante dados coletados
diretamente pelos cientistas. Sua obra O suicídio, de 1897, é considerada uma
das pioneiras da investigação social empírica. Nela, Durkheim, com base na
análise de dados obtidos em registros documentais, demonstra como a ocorrência
do suicídio varia inversamente ao grau de integração do grupo social do qual o
indivíduo faz parte.

Max Weber
Max Weber é o consolidador da Sociologia na Alemanha. Suas ideias, que
abarcam assuntos variados nos domínios da Economia, Sociologia, Direito,
Ciência Política, dentre outros, continuam a influenciar muitos sociólogos
contemporâneos. Dentre suas principais obras, estão: A ética protestante e o
espírito do capitalismo e Economia e sociedade.
Diferentemente do modelo proposto pelo Positivismo, Weber não analisa as
regras e normas sociais como “coisas” exteriores aos indivíduos. Pelo contrário,
segundo seu método, as normas e regras sociais devem ser entendidas como o
resultado do conjunto de ações individuais. Weber enfatiza o papel ativo do
pesquisador em face da sociedade.

Matrizes do Pensamento Sociológico


Os Fatos Sociais de Durkheim
Para Durkheim, o objeto da Sociologia é o fato social, que ele define como
“toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo
uma coação exterior, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao
mesmo tempo, uma existência própria, independente de suas manifestações
individuais”. Esta definição identifica as características de um fato social:
▪ Exterioridade: as maneiras de agir, pensar e sentir são exteriores às
pessoas, pois constituem herança própria da sociedade, que são
transmitidas de geração para geração e atuam sobre elas
independentemente de sua adesão consciente;
▪ Coercitividade: os fatos exercem força sobre as pessoas, levando-as a
conformar-se com as regras da sociedade em que vivem. O grau de coerção
dos fatos sociais se evidencia pelas sanções a que as pessoas estão sujeitas
ao tentarem rebelar-se contra elas. Essas sanções podem ser legais, quando
prescritas como leis e regulamentos que estabelecem as respectivas
penalidades. Mas também podem ser espontâneas, quando decorrem da
não adaptação à estrutura do grupo ou da sociedade;
▪ Generalidade: os fatos sociais repetem-se em todos os indivíduos de uma
sociedade ou grupo ou, pelo menos, na maioria deles. Em decorrência dessa
generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um
estado comum à sociedade ou grupo.

A Perspectiva Sociológica de Marx


Para Marx todos os conflitos na história têm sua origem na contradição
entre as formas produtivas e as relações de produção. Dessa forma, a família, a
religião, as formas de governo, as leis, as ideias políticas e os valores sociais
constituem apenas aspectos da sociedade, cuja explicação depende do
desenvolvimento e do colapso dos modos de produção. Marx acentua o conflito e
a luta de classes, colocando as relações de poder e de força como centrais para a
explicação do funcionamento da sociedade.
Para Marx, a sociedade é constituída de relações de conflito e é de sua
dinâmica que surge a mudança social. Fenômenos como exploração, conflito, luta
e revolução não podem ser considerados anormais ou patológicos; constituem
momentos históricos naturais no processo de evolução social.
Marx defende ainda que a ciência só pode ser verdadeira e não ideológica
se refletir uma situação de classe e consequentemente uma visão crítica da
realidade, procurando suas contradições, desvendando as relações de exploração
e de expropriação do homem pelo homem com vistas ao seu entendimento num
processo histórico.

A Ação Social de Weber


Para Weber, o objeto da Sociologia é a ação social, que é constituída por
qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação dos outros. A ação
social é uma ação em que o sentido conscientizado pelo sujeito refere-se a
condutas dos outros, sendo por estas orientada em seus desdobramentos. Assim,
o papel da Sociologia seria o de captar e compreender as ações sociais dotadas
de sentido.
Para Weber, há diferentes tipos de ação social, que podem ser classificadas,
de acordo com o modo com que os indivíduos orientam suas ações, em:
▪ Ação tradicional: determinada por um hábito ou costume arraigado;
▪ Ação afetiva: determinada por afetos ou estados sentimentais;
▪ Ação racional com relação a valores: determinada pela crença consciente
num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor
na realidade;
▪ Ação racional com relação a fins: determinada pelas expectativas em
relação ao comportamento tanto das pessoas como dos objetos.

Diferentemente de Durkheim, Weber encara os fatos sociais não como


coisas, mas como acontecimentos que o cientista percebe e procura desvendar.
Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos,
mas como um conjunto de ações individuais. O que implica admitir que as ideias
coletivas, como o Estado, as religiões e o mercado econômico, só existem porque
muitos indivíduos orientam reciprocamente suas ações num determinado
sentido e estabelecem relações sociais que são mantidas continuamente pelas
ações individuais.
O contraste da abordagem de Weber com a de Marx fica bem evidente em
sua interpretação de classe social. Enquanto Marx vê as classes sociais como
formações determinadas por fatores econômicos, sobretudo pela posse dos meios
de produção, Weber admite que a noção de classe social se refere não apenas aos
aspectos objetivos relativos à produção, mas também as percepções subjetivas
de poder, riqueza, propriedade e prestigio social.

2 CULTURA E SOCIALIZAÇÃO

A Cultura pode ser entendida como um conjunto complexo que engloba


conhecimentos, crenças, arte, direito, moral, costumes e todas as outras aptidões
e hábitos que o homem adquire enquanto membro de uma sociedade, consistindo
na soma total de ideias, reações emocionais condicionadas a padrões de
comportamento habitual que seus membros adquiriram.
O conceito de cultura é tão fundamental para a Sociologia que muitas vezes
é confundido com o de sociedade. No entanto, convém distingui-los. A sociedade
é constituída pela interação entre as pessoas que residem numa mesma área. A
cultura é constituída pelas entidades abstratas que influenciam as pessoas.

Componentes da Cultura
▪ Símbolo: qualquer coisa utilizada para representar outra. Bandeiras,
cruzes, insígnias, hinos, palavras, números e beijos são, portanto,
símbolos. A existência da cultura depende desses símbolos. São eles que
habilitam as pessoas a criar, comunicar e transmitir às gerações
subsequentes os outros componentes da cultura. Sem eles os outros
componentes da cultura não existiriam;
▪ Linguagem: constitui um elemento essencial de uma cultura porque
distinguem os humanos das demais espécies. Os membros de uma
sociedade geralmente compartilham uma linguagem comum, o que facilita
as trocas diárias;
▪ Crenças e Valores: são afirmações que as pessoas fazem acerca do que
admitem ser verdadeiro. São ainda concepções a respeito do que é
importante ou do que vale a pena. Suas origens podem ser encontradas no
senso comum, nas tradições, nas autoridades, na ciência etc.;
▪ Normas: Normas. São regras de conduta ou expectativas sociais para o
comportamento. Elas especificam como as pessoas devem ou não agir nas
várias situações sociais. Elas podem ser normas informais ou normas
formais, sendo ambas passíveis de sanções quando não cumpridas;
▪ Cultura Material: é constituída pelo conjunto de objetos – tecidos,
utensílios, ferramental, adornos, meios de transporte, moradias, armas etc.
– que formam o ambiente concreto de determinada sociedade.

Diversidade Cultural
A evolução da cultura não é uniforme, pois ela tem de se adaptar a
múltiplas circunstâncias, tais como as características geográficas do território, o
tipo de população e o nível de tecnologia. Essa adaptação a diferentes condições
provoca diferenças em relação a todos os elementos da cultura, incluindo
normas, sanções, valores e a própria linguagem. Logo, a despeito da presença
dos universais da cultura, verifica-se notável diversidade entre as culturas.
É muito raro encontrar uma sociedade com padrões culturais
compartilhados por todos os seus membros. Isso pode ocorrer apenas em
sociedades isoladas com características pré-industriais. A maioria das
sociedades modernas é constituída por grupos que compartilham muitos dos
padrões da sociedade mais ampla, mas que apresentam suas próprias normas,
valores e estilos de vida. Esses segmentos da sociedade são conhecidos como
subculturas.
As subculturas podem refletir diferenças raciais ou étnicas, como as
encontradas, por exemplo, nos grupos de chineses, coreanos e judeus. Outras
subculturas se desenvolvem em torno de uma ocupação profissional, como a dos
militares, pescadores e atletas. Grupos religiosos, como os mórmons e as
testemunhas de Jeová, também formam subculturas. Existem, ainda,
subculturas que se formam em função de fatores geográficos, como a dos
gaúchos e dos nordestinos. Podem também ser identificadas subculturas
baseadas na faixa etária, como a dos jovens; na preferência sexual, como a dos
homossexuais; nas preferências musicais, como a dos roqueiros etc.
Dentre as subculturas é possível identificar algumas cujos integrantes
aderem a crenças e valores que conflitam com as normas e valores da sociedade
dominante, e que são denominadas contraculturas.
Por serem não conformistas e por prescreverem mudanças radicais, em
algumas sociedades os integrantes desses grupos têm sido objeto de repressão
por parte das autoridades, mas seus comportamentos de modo geral não são
considerados criminosos, nem mesmo ilegais. Seus membros, no entanto,
tendem a se afastar da sociedade, se não fisicamente, pelo menos do ponto de
vista ideológico ou comportamental, visto que rejeitam os valores dominantes e
lutam para mudá-los.

Atitudes Frente À Diversidade Cultural


Desde que nascemos ouvimos dizer que o nosso modo de vida é bom, moral,
civilizado ou natural. Como consequência, passamos a admitir que os modos de
vida diferentes dos nossos são maus, imorais, bárbaros ou antinaturais. O
resultado dessas influências é o etnocentrismo: atitude para admitir que nossa
cultura é superior às outras e consequentemente nossas crenças, valores e
comportamentos são os mais corretos. Dessa forma as outras pessoas e as outras
culturas são avaliadas em termos de nossa própria cultura.
Apesar de constituir uma tendência universal, o etnocentrismo pode ser
superado pelo relativismo cultural, que consiste na suposição de que os
elementos culturais devem ser julgados dentro de seus contextos e não pelos
padrões de outra cultura. De acordo com a perspectiva do relativismo cultural,
qualquer aspecto da cultura deve ser considerado dentro do seu contexto cultural
mais amplo. Assim, esses aspectos poderão ser reconhecidos como bons se forem
aceitáveis para os membros da sociedade e os ajudar no alcance dos objetivos
desejados. Por outro lado, poderão ser reconhecidos como maus se forem
inaceitáveis ou falhos para o alcance daqueles objetivos.

Mudança Cultural
▪ Inovação – o é o processo de introdução de uma nova ideia ou objeto numa
cultura. Existem duas formas de inovação
- Invenção: é o processo de criação de novos elementos culturais que
produziram grande impacto na vida em sociedade;
- Descoberta: trata do reconhecimento ou do melhor conhecimento de
alguma coisa existente.
▪ Difusão – consiste na expansão de traços culturais de uma sociedade para
outra. A difusão pode ocorrer em virtude de uma ampla variedade de
fatores, tais como: colonização, conquistas militares, trabalho missionário,
turismo, influência dos meios de comunicação de massa e Internet.
Socialização
Socialização é o processo pelo qual as pessoas aprendem as atitudes,
valores e condutas apropriadas para seu ajustamento a determinada cultura. A
sociedade de muitas formas socializa os cidadãos. Assim, uma pessoa socializada
é aquela que, com sucesso, tornou-se membro de seu grupo ou da sociedade em
que vive. Todos nós nascemos com potencial para a ação humana. Porém, a
socialização é que, a rigor, cria as qualidades que nos tornam plenamente
humanos, já que a linguagem, as habilidades de relacionamento e a própria
consciência do que somos são adquiridas à medida que nos socializamos. Graças
a ela é que incorporamos os elementos socioculturais essenciais para nossa
adaptação ao ambiente social em que devemos viver.

Agentes da Socialização
▪ Família: a família é o primeiro intermediário na transmissão cultural da
sociedade aos indivíduos, então o que se chama de socialização primária
ocorre na família. Por meio de interações que ocorrem dentro da família, os
indivíduos aprendem sobre padrões de comportamento, atitudes, crenças e
valores que se aplicam à comunidade;
▪ Escola: a escola possibilita ao individuo entrar em contato com muitas
outras pessoas e com contextos diferentes do seu próprio. É no contexto
escolar que a criança passa a reconhecer a importância atribuída pela
sociedade a questões como raça e gênero. Além disso, a forma com que são
desenvolvidas as atividades escolares, assim como a cobrança acerca do
desempenho das crianças, reforça o aprendizado dos valores sociais;
▪ Grupos de pares: Ao longo do tempo, as crianças entram em contato com
grupos cujos membros têm idade, posição social e interesses em comum.
Por meio deles é que as crianças aprendem a estabelecer relacionamentos
por conta própria. Esses grupos também oferecem a chance de discutir
assuntos que os adultos não compartilham, como roupas e música, ou não
toleram, como drogas e sexo;
▪ Meios de comunicação de massa: nas sociedades modernas, os meios de
comunicação tornaram-se importantes agentes de socialização tanto de
jovens como de adultos. Parte da função socializadora desses meios é
explicitamente procurada, como notícias e filmes de caráter didático. Mas
na maioria das vezes esses meios exercem sua função sem serem
diretamente procurados, por meio, por exemplo, de programas voltados à
distração e à diversão;
▪ Ambiente de trabalho: O aprendizado de uma ocupação é um aspecto
fundamental da socialização, pois nas sociedades modernas o ingresso no
mercado de trabalho é que confirma o status de adulto.
3 INTERAÇÃO, ESTRUTURA, GRUPOS E ORGANIZAÇÕES
SOCIAIS

Pode-se definir Interação Social como o processo pelo qual as pessoas


agem e reagem em relação aos outros. Trata-se, pois, de ação social recíproca.
Na interação social, as pessoas são ao mesmo tempo sujeito e objeto. Cada uma
atua como sujeito tendo em vista as outras e é considerada como objeto pelas
outras. Interação social é o que ocorre entre as pessoas. Não é o que A faz para
B ou o que B faz para A, é o que fazem entre si.
Sendo um dos processos sociais mais básicos, pois é uma das principais
causas a ação humana a interação é a base da estrutura social. Ao longo de
nossas vidas, desenvolvemos múltiplas interações. A partir delas é que definimos
nossa posição (e a dos outros) nos grupos e na sociedade. Também é por conta
delas que passamos a ter mais clareza.

Estrutura Social
A Estrutura Social se refere à colocação e à posição de indivíduos e grupos
dentro desse sistema de obrigações e relações. Dessa forma, o agrupamento de
indivíduos, de acordo com posições, que resulta dos padrões essenciais de
relações de obrigação, constitui a estrutura social de uma sociedade.
Pode-se, portanto, de uma maneira bastante simplificada, definir estrutura
social como o conjunto inter-relacionado de posições dentro da organização
social. Essas posições formam uma rede, pois são todas posições em relação a
outras posições, não podendo, portanto, ser identificadas como unidades
isoladas. A estrutura social coordena as atividades individuais, garante a
continuidade da organização e possibilita as manifestações individuais
espontâneas, mas dentro de determinados limites.

Elementos da Estrutura Social


A estrutura social é constituída por quatro elementos básicos:
▪ Status – é a posição que o indivíduo ocupa na estrutura social. Pode ser
mais alta ou mais baixa, de acordo com o julgamento da sociedade ou do
grupo a que o indivíduo pertence. O status social implica poder, prestígio e
privilégios conforme o valor que é conferido à posição;
▪ Papéis – se referem ao comportamento esperado de uma pessoa em função
do status que ocupa. De fato, da pessoa que ocupa determinado status,
espera-se que desempenhe determinado papel.
▪ Relações Interpessoais (Redes) – As relações interpessoais dão origem a
redes. Por meio das pessoas que conhecemos fazemos conexões com outros
círculos sociais diferentes. Essas conexões são conhecidas como uma rede
social – isto é, uma série de relacionamentos sociais que ligam a pessoa a
outras diretamente e, por meio delas, a muitas outras indiretamente. As
redes sociais tanto podem oprimir as pessoas, restringindo assim suas
possibilidades de interação, como podem fortalecê-las, colocando à sua
disposição vastos recursos;
▪ Instituições Sociais – são conjuntos relativamente estáveis de normas,
valores, status e papéis que proveem uma estrutura para o comportamento
numa área particular da vida social. Todas as sociedades mantêm certas
instituições para proporcionar o alcance de suas metas mais amplas. São
elas que constituem as bases da sociedade e suprem os pré-requisitos da
vida social. As principais instituições nas sociedades modernas são a
família, a educação, a religião, a política e a economia, que desempenham
as funções sociais mais básicas.

Grupos Sociais
Os Grupos Sociais correspondem às relações estabelecidas entre duas ou
mais pessoas que: (1) se definem como seus membros, (2) interagem
frequentemente de acordo com determinados padrões, (3) esperam certos
comportamentos dos outros membros, que não esperam de outras pessoas, e (4)
são definidas tanto pelos membros do grupo como por não membros como
pertencentes a um grupo com base em características comuns. Esta definição,
no entanto, exclui outros conjuntos de pessoas:
▪ Categorias Sociais são conjuntos de pessoas que compartilham
características comuns. As pessoas que formam uma categoria social não
precisam estar próximas fisicamente nem manifestar algum tipo de
interação. Essas categorias, no entanto, assumem relevância nos estudos
sociológicos, pois muitas categorias podem dar origem a grupos sociais.
▪ Agregados Sociais constituem uma reunião de pessoas aglomeradas que,
apesar da proximidade física, tem um mínimo de comunicação e de relações
sociais. Pessoas que se reúnem para assistir a um filme ou a uma peça de
teatro, embora tenham um objetivo comum e observem determinadas
normas, não mantêm praticamente nenhuma interação. Pessoas que
residem num condomínio, ou que trabalham numa organização, embora
próximas fisicamente, mantêm-se relativamente estranhas.
Tipos de Grupos Sociais
Os grupos podem ser classificados de várias maneiras, segundo suas
características. Charles Cooley (1902) fala em primários e secundários:
▪ Os Grupos Primários são assim denominados porque são fundamentais
para a existência das pessoas e da sociedade. São pequenos, duradouros,
íntimos e não especializados. As pessoas se apegam fortemente a eles, pois
atendem a muitas de suas necessidades. Seus membros interessam-se uns
pelos outros enquanto pessoas, realizam atividades em comum, conversam
afetuosamente e satisfazem à necessidade de companhia humana íntima.
É desses grupos que as pessoas recebem as primeiras socializações,
tornando-se, consequentemente, os responsáveis pela transmissão das
qualidades que tornam os indivíduos verdadeiramente seres humanos, tais
como a linguagem e a consciência.
▪ Os Grupos Secundários caracterizam-se por contatos impessoais,
passageiros, segmentários e especializados. Seus membros não se
interessam uns pelos outros enquanto pessoas, mas sim como indivíduos
capazes de satisfazer necessidades específicas. As qualidades pessoais não
são reconhecidas como importantes nesses grupos; interessam apenas
aquelas requeridas para o desempenho do papel.

Existem grupos dos quais não participamos, mas que nos são importantes
como modelos. Por exemplo, as preferências da alta sociedade em relação à moda
são importantes para quem pretende ascender socialmente. O modo de vida dos
artistas de novela interessa às pessoas que almejam a carreira de ator. Todos
esses grupos a que nos referimos quando expressamos julgamentos são
designados Grupos de Referência. Eles funcionam como pontos de apoio para
aspirações e para a tomada de consciência e formação de opiniões.

Tamanho dos Grupos


O menor grupo possível é uma Díade, constituída por duas pessoas. A díade
pode facilmente se transformar no mais coesivo de todos os grupos porque seus
membros estão inclinados a ser mais pessoais e a interagir mais intensamente
com os outros. Mas a díade é também o tipo de grupo que pode mais facilmente
se extinguir, pois para tanto basta que uma pessoa decida dele se retirar.
Este problema não existe na Tríade, que é o grupo composto por três
pessoas. Mesmo que um membro se afaste, o grupo permanece. A tríade também
possibilita que dois membros conspirem contra o terceiro ou que um membro
procure apaziguar uma divergência que existe entre os outros dois.
À medida que os grupos crescem em número de participantes, tornam mais
estáveis e capazes de resistir à perda de alguns de seus membros. É formada
assim uma Coalizão. Mas verifica-se nesses casos a tendência à redução da
interação pessoal que só é possível nos grupos menores.
Conformidade e Liderança
Uma importante característica do grupo social é o poder que ele exerce para
gerar conformidade em seus membros. Estudos confirmaram a tendência dos
membros de um grupo coeso a manter o consenso, a ponto de rejeitar a verdade.
Este processo é chamado de pensamento grupal (groupthink). Nesta situação,
cada membro do grupo tende a conformar sua ação com o que acredita ser o
pensamento do grupo.
Por isso é que se espera que os líderes de grupos efetivamente empenhados
em encontrar a melhor solução para um problema criem condições para a análise
objetiva das questões propostas, evitando o consenso prematuro.
A liderança que se verifica nos grupos pode ser de dois tipos:
▪ A Liderança instrumental é a que enfatiza a execução de tarefas e os
líderes instrumentais se preocupam prioritariamente com o alcance de
objetivos;
▪ A Liderança Expressiva é a que se volta para o bem-estar de seus membros
e os líderes expressivos esforçam-se no sentido de elevar o moral dos
participantes e minimizar as tensões e conflitos verificados no seu interior.

Organizações Sociais
Organização Formal
À medida que o número de membros dos grupos vai se tornando maior,
estes passam a ter mais dificuldade para solucionar seus problemas
informalmente. A interação face a face vai se tornando cada vez menos frequente
e menos previsível, fazendo com que esses grupos se tornem mais impessoais e
formais. Para que os padrões desses grupos permaneçam, requer-se sua
explicitação para que os membros entendam com clareza o que se pretende deles.
Como consequência, os padrões tendem a ser explicitados preferencialmente por
escrito. Assim, esses grupos tendem a se tornar organizações formais.
Entende-se por organizações formais grupos relativamente duradouros e
que foram deliberadamente organizados em torno de um conjunto de regras com
o propósito explícito de alcançar determinados objetivos. Essas organizações
caracterizam a sociedade moderna, onde tudo é registrado e depende de regras
escritas. De modo geral, as organizações originaram-se de grupos secundários,
que se constituem com a finalidade de alcançar objetivos específicos.
As organizações formais podem ser classificadas segundo critérios diversos:

1. Pela atividade desenvolvida pela organização


a. Organizações econômicas ou produtivas: Dedicam-se à produção de
bens e prestação de serviços;
b. Organizações de manutenção: Dedicam-se à socialização e
capacitação das pessoas para desempenhar seus papéis em outras
organizações;
c. Organizações adaptativas: Dedicam-se à produção, desenvolvimento
e difusão do conhecimento necessário para fornecer respostas às
questões propostas no âmbito da sociedade;
d. Organizações político-administrativas: Estas organizações têm a ver
com a coordenação e controle de pessoas e recursos e com a
adjudicação entre grupos em competição.

2. Pelos principais beneficiários da organização


a. Associações de benefícios mútuos: O principal beneficiário é o quadro
social;
b. Organizações de interesses comerciais: Proprietários, acionistas, e
investidores são os principais beneficiários destas organizações;
c. Organizações de serviços: O principal beneficiário é o grupo de
clientes, ou pessoas que tecnicamente estão fora da organização, mas
que mantêm contato regular com ela;
d. Organizações de Estado: Estas organizações são criadas por iniciativa
do Estado para oferecer algum tipo de serviço para a sociedade como
um todo.

3. Segundo a natureza do poder que nela é exercido


a. Organizações utilitárias: Fábricas, bancos, estabelecimentos
comerciais e outras modalidades de empresas são organizações
utilitárias. Nestas organizações, o poder baseia-se no controle dos
incentivos econômicos;
b. Organizações normativas: Estas organizações também são
denominadas voluntárias. O poder baseia-se no consenso acerca dos
objetivos e dos métodos da organização. Tem a ver, portanto, com o
envolvimento motivacional e moral de seus membros;
c. Organizações coercitivas: Prisões, campos de concentração e hospitais
psiquiátricos são exemplos de organizações coercitivas. Nelas, o poder
é imposto pela força ou pela ameaça de sua utilização.

Organizações burocráticas
Um dos mais importantes componentes das organizações formais é a
burocracia. Para Max Weber (2000), a burocracia constitui um requisito
necessário para conferir racionalidade às organizações. Assim, a burocracia pode
ser entendida como um modelo organizacional racionalmente elaborado, com
vistas a garantir a máxima eficiência possível no alcance dos objetivos
pretendidos.
Assim, Weber identifica seis elementos que caracterizam a organização
burocrática ideal:
▪ Especialização do trabalho: Nas burocracias, verifica-se uma tendência
para a divisão do trabalho muito mais acentuada que nas outras formas de
organização. Nas burocracias, os trabalhadores especializam-se numa
única tarefa, que tende a se tornar cada vez mais específica;
▪ Hierarquia da autoridade: Nas burocracias, existe uma hierarquia fixa de
posições, cada uma delas sob a supervisão de um superior. Esta hierarquia
tem a forma de uma pirâmide. A autoridade decorre da natureza do cargo
e não das características de seus ocupantes;
▪ Regras e regulamentos: As organizações burocráticas se fundamentam em
normas e regulamentos escritos, que definem as atribuições de cada cargo,
a forma de fixação de salários, os critérios para promoção, bem como os
procedimentos a serem adotados para lidar com seus públicos;
▪ Competência técnica: Os ocupantes dos cargos de comando e de
assessoria das organizações burocráticas, em virtude do rigor em sua
seleção, detêm competência para o desempenho de suas atribuições.
▪ Impessoalidade: A definição das atribuições nas burocracias é feita de
forma impessoal, ou seja, decorre da descrição dos cargos e funções e
procura não levar em consideração as pessoas envolvidas. Esta
característica é importante para garantir que os clientes da organização,
assim como os seus empregados, sejam tratados de maneira uniforme.
▪ Comunicação escrita: As burocracias requerem muitos registros escritos
para poderem funcionar. As ordens precisam ser dadas aos subordinados
de maneira clara e precisa. Os padrões de desempenho de seu pessoal, por
sua vez, precisam ser claramente fixados. Daí a necessidade constante de
memorandos, comunicados, relatórios e outros materiais escritos.

Mudança Organizacional
As organizações, assim como os indivíduos e os grupos, mudam ao longo
do tempo. As mudanças mais evidentes são as que se referem às pessoas que as
constituem. Presidentes, governadores e prefeitos mudam em virtude de eleições,
executivos de empresas são substituídos, jogadores de futebol são afastados. As
mais importantes mudanças, no entanto, referem-se à estrutura e ao
funcionamento das próprias organizações.
Muitas destas mudanças devem-se à ação dos governos. A edição de
normas para seu funcionamento, a criação de restrições à sua atuação, a
cobrança de impostos e taxas, assim como exigências quanto à contratação de
pessoal e aquisição de equipamentos, são fatores que influenciam a vida das
organizações. Nestes casos, as mudanças ocorrem com a finalidade de ajustar as
organizações ao novo contexto, já que seus objetivos continuam os mesmos.
4 CONTROLE, ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL

A Ordem Social
As pessoas vivem em organizações sociais, ocupam posições em sua
estrutura, internalizam crenças e valores e, consequentemente, compartilham
crenças acerca da maneira como as pessoas devem agir. É dessa recorrência e
padronização dos comportamentos que deriva a ordem social.
O conceito de ordem social é utilizado com frequência, mas nem sempre
numa definição sociológica. O dicionário Aurélio define ordem social como a
sociedade estruturada econômica e politicamente, como objeto da tutela policial
e penal. A ordem social, no entanto, não se refere necessariamente a
autoritarismo e repressão. Do ponto de vista sociológico, indica simplesmente
que as ações sociais são padronizadas e, por consequência, previsíveis.
A ordem social é necessária para a continuidade da organização social, mas
não significa que seja necessariamente boa. Por exemplo, a organização da
sociedade sul-africana durante muitos anos fundamentou-se no apartheid, ou
seja, na ordem social garantida pela discriminação racial. Mas isto não significa
que se deveria concordar com aquele regime.

controle social
A ordem social é mantida pelo controle social, ou seja, por todos os meios
e processos mediante os quais uma sociedade garante a conformidade de seus
membros às suas normas. Essa conformidade é obtida de várias formas, mas
principalmente mediante três processos de controle:
▪ A Socialização constitui a principal forma de controle social. Ela molda os
costumes, hábitos e desejos. À medida que são socializadas, as pessoas
dispõem-se mais facilmente a desempenhar seus papéis da maneira
esperada. Passam também a ter o desejo de fazer o que é necessário que
façam e, por consequência, submetem-se mais espontaneamente às
normas sociais. Graças à socialização, os membros tendem a apresentar os
mesmos costumes e a desenvolver o mesmo conjunto de hábitos;
▪ O controle social também é obtido pela Pressão Grupal continuamente
exercida sobre os seus membros do grupo para se ajustarem às suas
expectativas. Os indivíduos que ocupam posições num grupo, por sua vez,
sentem necessidade de aceitação dentro desse grupo;
▪ Em sociedades maiores e mais complexas existe a possibilidade de se
formarem subculturas que colidem com a cultura da maioria. Por essa
razão, as sociedades tendem a usar a força – sob a forma de leis e punições
formais – para compelir seus membros à conformidade exigida. Nem
sempre o uso da força leva ao êxito, mas é um fenômeno que tende a ocorrer
nas sociedades complexas.
Desvio Social
Pode-se definir desvio como uma ação que viola uma norma social. Assim,
qualquer comportamento considerado ilegal, imoral ou excêntrico pode ser
considerado desvio. É importante considerar, no entanto, que o comportamento
desviante não é necessariamente bom nem mau. Utiliza-se o conceito de desvio
para qualquer comportamento ilegal, imoral ou excêntrico. Comportamentos
desviantes são, portanto, todos aqueles que não são convencionais.
Não se pode, no entanto, considerar desvio como simples questão de ponto
de vista. O desvio constitui uma reconhecida violação de normas culturais. É o
comportamento que viola padrões de conduta ou expectativas de um grupo ou
sociedade. O significado de desvio e o que as pessoas decidem fazer em relação a
ele são questões que têm a ver com a forma como a sociedade está organizada.
Relacionam-se com as normas culturais, com as percepções de grupos e com o
poder de grupos tanto na construção quanto na supressão das normas relativas
à conformidade e desvio.

Crime
Crime é a violação da lei criminal que enseja a aplicação de penalidades
formais por autoridades governamentais. Representa, portanto, um desvio das
normas sociais formais administradas pelo Estado. As leis classificam os crimes
em diversas categorias, de acordo com a gravidade da ofensa, a idade do
criminoso, a extensão da pena e a instância de julgamento.
Os sociólogos, no entanto, classificam os crimes de acordo com as razões
que determinaram sua ocorrência e com a maneira como a sociedade os avalia.
Assim, são consideradas a seguir cinco modalidades de crime relevantes do ponto
de vista sociológico:
▪ Crime Profissional – um criminoso profissional é uma pessoa que pratica
crimes como sua ocupação diária, desenvolvendo técnicas aperfeiçoadas e
gozando de um determinado status entre outros criminosos;
▪ Crime Organizado – crime organizado é o trabalho realizado por
organizações que têm por finalidade obter poder e lucro transgredindo as
leis das sociedades;
▪ Crime de Colarinho Branco – este crime é cometido por pessoas que
ocupam altas posições no âmbito de suas ocupações profissionais;
▪ Crime Corporativo – trata-se de ação ilegal cometida por uma corporação
ou por pessoas agindo em seu nome;
▪ Crime Sem Vítima – é aquele em que não se identifica uma pessoa que
tenha sofrido danos em virtude de sua ocorrência. É a troca consciente,
entre adultos, de mercadorias e serviços desejados, porém, ilegais.
Estratificação Social
Num sentido genérico, o termo estratificação serve para designar qualquer
disposição em camadas superpostas. Assim, em Sociologia, o termo é utilizado
para designar a ordenação e classificação de indivíduos e grupos em camadas
hierárquicas, ou seja, é um sistema pelo qual a sociedade ordena categorias de
pessoas numa hierarquia, onde quanto mais elevada é a posição de uma pessoa
na hierarquia social, mais poder, prestígio e privilégios essa pessoa tem.
Para Marx, as desigualdades sociais são determinadas pelas relações de
produção, pela posição que as pessoas ocupam no processo produtivo, e pelos
arranjos que determinam como o produto do trabalho é distribuído.
Ainda de acordo com Marx, essa divisão econômica do trabalho influencia
nas outras esferas da vida, já que os capitalistas não dominam apenas o sistema
de produção material, mas a própria produção de ideias. Tanto é que a crença de
que a desigualdade decorre das capacidades e talentos das pessoas, que é aceita
por muitos trabalhadores, constitui, na realidade, a crença da burguesia
mediante a qual se justificaria a exploração da classe trabalhadora.
Max Weber concorda com Karl Marx quando este afirma que as forças
econômicas são os mais importantes fatores na determinação das desigualdades
sociais. Mas sugere que se considerem três fatores: riqueza, poder e prestígio,
que correspondem às recompensas de natureza econômica, política e social,
respectivamente. Essas recompensas frequentemente aparecem juntas, pois as
pessoas ricas de modo geral dispõem de maior poder e prestígio.

Sistemas de estratificação social


▪ Sistema Igualitário: As sociedades menos estratificadas são aquelas em
que a desigualdade social é mínima. Incluem-se nesta categoria as
sociedades de caçadores e de coletores. Estas sociedades estão em extinção,
e subsistem apenas em algumas regiões onde não são possíveis outras
formas de sobrevivência;
▪ Sistema Escravagista: O sistema escravista opõe-se diametralmente ao
igualitário. Nele, algumas pessoas são mantidas na condição de
propriedade de outras. Foi dominante durante a Antiguidade no Egito, em
Roma, na Grécia e em muitos outros países. A maioria desses escravos era
constituída por pessoas pobres, pertencentes a grupos étnicos
considerados inferiores pelos dominantes, prisioneiros de guerra ou mesmo
por pessoas compradas em países estrangeiros;
▪ Sistema Feudal: O sistema feudal foi o prevalente na Europa durante a
Idade Média. A base para a estratificação das sociedades em que foi
implantado é a existência de dois grupos: o dos servos, que trabalham a
terra, e o dos senhores, que se apropriam da produção e do trabalho dos
servos;
▪ Sistema de Casta: O sistema de castas fundamenta-se numa rígida
estratificação, na qual a posição das pessoas é atribuída pelo seu
nascimento. Ao nascerem, as crianças identificam-se como pertencentes à
casta de seus pais. Nesse sistema, as pessoas só podem se casar com
pessoas da mesma casta e a mobilidade de uma casta para outra quase
nunca ocorre;
▪ Sistema de Classes: O sistema de classes é o que caracteriza as sociedades
industriais. Trata-se de um sistema de estratificação relativamente aberto,
já que não é definido em termos legais, mas baseado na riqueza e renda. O
nível educacional e as habilidades profissionais são muito mais
importantes nas sociedades industriais do que a tradição familiar.
Casamentos entre pessoas de classes diferentes não são incomuns e torna-
se possível encontrar pessoas em posições de classe diferentes das de seus
pais. Assim, qualquer pessoa pode se mover de uma classe para outra, em
virtude da obtenção ou perda de riqueza. Esse sistema é a forma dominante
de estratificação na maioria das sociedades atuais. Mas a desigualdade
varia em grau de uma sociedade para outra.

Mobilidade Social
A Mobilidade Social é uma das características mais importantes das
sociedades contemporâneas e pode ser entendida como o movimento de
indivíduos e grupos de uma posição social para outra. Esse movimento implica
alteração nas condições em que o indivíduo se relaciona com os outros e com a
sociedade como um todo, já que envolve, na maioria dos casos, alterações em
relação à renda, ao poder ou ao prestígio.

Tipos de Mobilidade Social


▪ Mobilidade Aberta e Mobilidade Fechada
- Um sistema de mobilidade aberta implica que a posição de cada
indivíduo é influenciada pelo seu status alcançado. Esse sistema
encoraja a competição entre os membros da sociedade;
- Um sistema de mobilidade fechada permite um mínimo ou
nenhuma possibilidade de mobilidade social individual. Os sistemas
de estratificação da escravidão e de castas são exemplos de sistemas
fechados.
▪ Mobilidade Geográfica ocorre quando a mobilidade se refere ao
deslocamento de pessoas de uma localidade para outra é denominada
mobilidade geográfica, que se distingue da mobilidade social, embora o que
as pessoas geralmente almejem com os deslocamentos geográficos seja
melhorar sua condição de vida. Assim, pode-se dizer que a mobilidade
geográfica pode induzir à mobilidade social;
▪ Mobilidade Vertical e Mobilidade Horizontal
- Mobilidade Horizontal ocorre quando a mudança não implica
qualquer alteração social;
- Mobilidade Vertical é a que implica movimento de subida ou de
descida de uma posição social para outra. Pode ser Analisada de duas
formas:
 Na Mobilidade Intrageracional, comparam-se as mudanças de
posição de uma pessoa ou de um grupo de pessoas com
características comuns durante um período. Comparam-se as
posições desde o ingresso no mercado de trabalho até a posição
contemporânea;
 Na Modalidade Intergeracional, compara-se a posição social da
geração atual com as gerações anteriores. A forma mais comum
consiste na comparação da posição de um filho com a de seu
pai.

5 MOVIMENTOS
TECNOLOGIAS
SOCIAIS, MUDANÇA SOCIAL E

Movimento Socais
Embora fatores como meio ambiente físico, população, tecnologia e
desigualdade social sirvam como fontes de mudança, é o esforço coletivo das
pessoas, organizado em movimentos sociais, que leva definitivamente a
transformações. Os sociólogos utilizam a expressão Movimento Social para se
referir as atividades coletivas organizadas para efetuar ou enfrentar as mudanças
básicas em um grupo ou uma sociedade existente.
Em muitos países, os movimentos sociais tiveram um impacto crucial sobre
o curso da história e a evolução da estrutura social. Os sociólogos se baseiam em
duas explicações do motivo pelo qual as pessoas se mobilizam:
▪ Abordagem da privação relativa – ocorre quando os membros de uma
sociedade que se sentem frustrados e descontentes com as condições
sociais e econômicas não estão necessariamente em uma situação ruim. Se
tornam um movimento social quando:
- As pessoas se sentem portadoras de direitos;
- Avaliam que as ações por meios convencionais estão esgotadas (sendo
correta ou não);
- Necessária ação coletiva.
▪ Mobilização de recursos – consiste nas maneiras como um movimento
social utiliza esses recursos. O êxito dos movimentos sociais depende de
quais recursos estão disponíveis (dinheiro, influência política, espaço nos
meios de comunicação, capacidade de conscientização e recrutamento etc.)
e de quão eficazmente são utilizados.
▪ Novos Movimentos Sociais – os movimentos sociais surgidos no final da
década de 1960, quando as pessoas estão motivadas por questões de valor
e identidade social. As atividades coletivas têm foco nos valores, nas
múltiplas identidades sociais e nas melhorias de qualidade de vida.

Mudanças Sociais
Teoria Evolucionista
Na busca de uma analogia com esse modelo biológico de Darwin, os teóricos
sociais deram origem à teoria evolucionista, na qual a sociedade é vista
caminhando em uma direção definida. Os primeiros teóricos evolucionistas
concordavam que a sociedade estava progredindo inevitavelmente para um
estado mais elevado. Como era de se esperar, concluíram, à moda etnocêntrica,
que seus próprios comportamentos e culturas eram mais avançados do que das
civilizações anteriores. Existe duas abordagens a essa teoria:
▪ Teoria Evolucionista Unilinear: esta abordagem afirma que todas as
sociedades passam pelas mesmas fases sucessivas de evolução e
inevitavelmente atingem o mesmo fim.
▪ Teoria Evolucionista Multilinear: defende que as mudanças podem
ocorrer de várias maneiras e não levam inevitavelmente à mesma direção.
Os adeptos da teoria multilinear reconhecem que a cultura humana evoluiu
ao longo de várias linhas.

Teoria Funcionalista
Os sociólogos funcionalistas enfatizam o que mantém um sistema, não o
que o modifica. Isto pode sugerir que o funcionalismo pode oferecer muito pouco
para a compreensão do processo de mudança. Mas o sociólogo Talcott Parsons
demonstra como os funcionalistas são capazes de fornecer importante
contribuição para esta área do conhecimento sociológico.
Para Parsons), toda sociedade tende naturalmente a um estado de
equilíbrio. Mesmo greves prolongadas ou distúrbios na ordem pública seriam
vistos mais como rompimentos temporários no status quo do que alterações
significativas na estrutura social.
Assim, de acordo com este modelo de equilíbrio, se ocorrem mudanças
numa parte da sociedade, deverá haver ajustamentos em outra parte. Se isto não
ocorrer, o equilíbrio social ficará ameaçado ou tensões poderão se manifestar.
Parsons define quatro processos de mudança social:
▪ Diferenciação – consiste na divisão de uma unidade sistêmica em duas ou
mais unidades distintas entre si quanto às características e significado
funcional exercido no âmbito do sistema social. Por exemplo, no campo da
saúde verifica-se uma progressiva diversificação de atividades
profissionais. Dentre as novas profissões estão as de fonoaudiólogo,
fisioterapeuta e nutricionista;
▪ Aperfeiçoamento Adaptativo – corresponde à capacidade de adaptação
das novas unidades, que teriam funções mais complexas, o que implicaria
o aumento da eficiência do sistema. A divisão de trabalho no setor da saúde,
por exemplo, implica sua especialização e aperfeiçoamento, com a criação
de clínicas especializadas em áreas como fonoaudiologia e fisioterapia;
▪ Inclusão – Incumbe da integração à sociedade das novas unidades,
salvaguardando sua operação harmoniosa num novo contexto. A integração
de novos profissionais no campo da saúde, por exemplo, indica a inclusão
de integrantes de grupos sociais que tradicionalmente eram excluídos em
virtude de fatores como gênero, etnia e classe social;
▪ Generalização de Valores – que procura especificar a função de cada
unidade mediante a formulação de padrões normativos a um nível
suficientemente geral com vistas à sua legitimação. O reconhecimento da
importância dos novos profissionais de saúde e a confiança no seu
desempenho é um exemplo desta generalização de valores.

Teoria do Conflito
Diferentemente da perspectiva funcionalista, que vê a mudança como uma
forma de manter o equilíbrio da sociedade, a perspectiva do conflito advoga que
as instituições e práticas sociais se mantêm em virtude da habilidade dos grupos
poderosos para manter o status quo. A mudança, por sua vez, é reconhecida como
imprescindível para corrigir as injustiças e a desigualdade.
Marx aceitava o argumento evolucionário de que as sociedades se
desenvolvem segundo determinada trajetória. Mas, diferentemente de Comte e
Spencer, ele não via cada estágio sucessivo como uma melhoria em relação aos
anteriores. Segundo Marx, o conflito um aspecto desejável na mudança social. A
História, segundo Marx, avança através de uma série de estágios em que cada
um corresponde a um tipo de dominação. As sociedades mais antigas exploravam
os escravos, o sistema feudal explorava os servos e as sociedades capitalistas
modernas exploram a classe trabalhadora. Por isso, a mudança deve ser
encorajada como um meio para a eliminação da desigualdade social.
6 DESIGUALDADE RACIAL, QUESTÕES DE GÊNERO E
SEXUALIDADE
Significado Social de Raça e Etnia
Os termos raça e etnia são utilizados frequentemente como sinônimos. Mas
têm significados diferentes. Convém, no entanto, estabelecer essas diferenças
para que se possa discutir o assunto sob a ótica sociológica.
Pode-se definir Raça como uma categoria socialmente construída,
composta de pessoas que compartilham traços biológicos considerados
importantes pelos membros de uma sociedade. Dentre os traços que podem ser
considerados, estão: cor da pele, formato dos olhos, características faciais,
formato do corpo etc.
Já o conceito de Etnia é utilizado para designar grupos formados com base
no patrimônio cultural herdado. A etnia é baseada em traços culturais que
refletem a origem nacional, a religião ou a língua dos antepassados. Esses traços
culturais são constituídos pela maneira de vestir, gesticulação, formas
de expressão oral, hábitos alimentares, valores éticos, crenças religiosas,
literatura etc.

O Conceito de Minorias
O conceito de minoria se refere a um grupo cujos membros têm bem menos
controle ou poder sobre suas próprias vidas que os membros do grupo majoritário
ou dominante têm sobre as suas. Os grupos que constituem essas minorias, em
virtude de suas características físicas ou culturais, distinguem-se dos outros
grupos da sociedade e por isso recebem tratamento diferenciado, o que implica
menos riqueza, prestígio e poder.
O que caracteriza uma minoria são as propriedades:
• Tratamento desigual em comparação com o grupo dominante;
• Características físicas de seus membros que os distinguem dos membros
dos grupos dominantes;
• Status adquirido em virtude do nascimento;
• Forte sentimento de solidariedade grupal;
• Casamentos realizados predominantemente com membros do mesmo
grupo.

Preconceito
Preconceito é um julgamento preconcebido em relação aos membros de
determinado grupo. É uma atitude que predispõe uma pessoa a pensar, perceber,
sentir e agir de maneira favorável ou desfavorável em relação a integrantes de
determinado grupo. Como qualquer atitude, o preconceito inclui crenças que
descrevem diferentes categorias de pessoas, bem como valores que permitem
mensurar seu mérito. O preconceito pode ser demonstrado de várias formas:
▪ Estereótipos – O preconceito assume frequentemente a forma de
estereótipo, que é constituído por descrições exageradas aplicadas a cada
pessoa que integra determinada categoria. Os estereótipos são utilizados
para justificar a discriminação contra membros de vários grupos;
▪ Racismo – Uma forma muito mais poderosa e destrutiva de preconceito é
o racismo, que pode ser definido como a crença na superioridade natural
de uma categoria racial em relação a outra. O racismo se apresenta,
portanto, como uma ideologia que justifica a subordinação e a exploração
de um grupo por outro;
▪ Discriminação – Intimamente relacionada ao preconceito está a
discriminação, que consiste na negação de oportunidades e direitos iguais
a determinada categoria de pessoas. Mas, enquanto o preconceito consiste
na manifestação de uma atitude, a discriminação corresponde a uma ação.
As atitudes em relação a grupos raciais e étnicos podem diferir da ação. É
possível, por exemplo, que alguns membros dos grupos dominantes sejam
preconceituosos, mas não discriminem as minorias, enquanto outros
podem não ser preconceituosos, mas eventualmente discriminar minorias
quando lhes for conveniente ou proveitoso.

Padrões de Interação Racial e Étnica


Quando diferentes grupos vivem numa mesma área, o estabelecimento de
contatos intensos e contínuos entre eles é inevitável. Isso não significa, contudo,
que esses contatos sejam sempre caracterizados pela igualdade. O que
geralmente ocorre é o exercício de algum tipo de dominação por parte de um
grupo em relação aos demais. Assim, podem ser identificados diferentes padrões
de interação racial e étnica.
▪ Exclusão: Ocorre quando um grupo étnico simplesmente elimina o outro
ou quando um grupo se afasta do contato com o outro. A forma mais
extrema e brutal de exclusão é o genocídio (exemplos: o Holocausto e o
genocídio indígena na colonização das Américas). Outra forma de exclusão
consiste no isolamento voluntário. É mais comum sua ocorrência com
grupos religiosos;
▪ Segregação: Ocorre quando existe separação espacial e social entre o grupo
dominante e as minorias. Isso significa que os grupos minoritários, por
serem considerados inferiores, são compelidos a viver em separado e em
condições de vida inferiores. O que determina a existência de enclaves
étnicos. Algumas vezes a segregação é oficial, como na Rússia czarista, os
judeus eram obrigados a viver em guetos; o regime do apartheid, na África
do Sul;
▪ Estratificação Étnica: Este processo ocorre quando uma sociedade
estratifica sua população conferindo importante peso à raça e à herança
étnica. Nestas sociedades, um grupo representa a maioria ou a elite
dominante e os outros, as minorias ou grupos subordinados. A
estratificação étnica fundamenta-se no etnocentrismo, que conduz à
depreciação dos demais grupos e consequentemente às diferenças nos
estilos de vida, nas chances de vida e nas oportunidades que lhes são
conferidas;
▪ Amalgamação: A amalgamação ocorre quando grupos racialmente
distintos desaparecem em decorrência da mestiçagem. O Brasil constitui
um exemplo de sociedade largamente amalgamada, na qual pessoas de
diferentes raças se misturam tanto por meio de uniões livres como de
casamentos, o que não significa, porém, que no Brasil não exista
preconceito nem discriminação racial;
▪ Pluralismo Étnico: Ocorre quando diferentes grupos étnicos vivem juntos
numa sociedade mantendo sua identidade cultural. Parte-se do
pressuposto de que não é conveniente afastar-se de sua origem étnica, que
todos os grupos podem trazer contribuições que enriquecem a sociedade
mais ampla e que os grupos têm o direito de existir mantendo suas
diferenças e usufruindo iguais direitos. O pluralismo cultural encoraja cada
grupo a se conscientizar de suas características distintivas, a orgulhar-se
de sua herança cultural e a manter sua própria identidade

Perspectivas Teóricas acerca das Relações entre Grupos


Raciais e Étnicos
▪ Perspectiva funcionalista: Os funcionalistas reconhecem que a
intolerância não deve ser estimulada, no entanto identificam-se funções
sociais positivas da discriminação racial para os grupos dominantes. No
entanto, tal visão apresenta quatro disfunções relacionadas ao racismo:
- A discriminação restringe a busca de talentos e lideranças para
atender ao grupo dominante;
- A discriminação agrava problemas sociais como pobreza e
delinquência, implicando o aumento do ônus financeiro para aliviar
os problemas do grupo dominante;
- A sociedade precisa investir muito tempo e dinheiro para defender as
barreiras que impedem a plena participação de todos os membros;
- O preconceito e a discriminação racial minam a boa vontade e as
relações diplomáticas amistosas entre as nações. Eles também afetam
negativamente os esforços em prol do desenvolvimento global do
comércio.
▪ Perspectiva do Conflito: Marx via a exploração da classe trabalhadora
como inerente ao sistema capitalista. Assim, de um ponto de vista marxista,
o racismo enquanto crença contribui para manter minorias raciais em
trabalhos mal remunerados, que requerem poucas habilidades e oferecem
pouca segurança. Dessa forma, a classe capitalista garante um grande
contingente de mão de obra barata;
▪ Perspectiva Interacionista Simbólica: O preconceito é resultado direto de
generalizações e simplificações excessivas em relação a grupos de pessoas
com base em informações incompletas ou equivocadas. Sua ocorrência
dá-se geralmente entre grupos rivais. Assim, em coerência com a
perspectiva interacionista, Allport formulou a hipótese do contato, segundo
a qual o contato inter-racial entre pessoas em circunstâncias cooperativas
pode levá-las a se tornarem menos preconceituosas e a abandonar
estereótipos prévios. De acordo com essa hipótese, o contato intergrupal
dissipa os preconceitos porque possibilita às pessoas verificar suas
similaridades e perceber que as crenças negativas são falsas ou
superdimensionadas. Mas, para que isso possa ocorrer, são necessárias as
condições: (1) igualdade de status, (2) objetivos comuns, (3) cooperação
intergrupal e (4) apoio das autoridades, das leis ou dos costumes.

Questões de Gênero e Sexualidade


Para as ciências sociais e humanas, o conceito de gênero se refere à
construção social do sexo anatômico. Foi incorporado para distinguir a dimensão
biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e
fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser homem e de ser mulher
é realizada pela cultura.
Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade
social e não decorrência da anatomia de seus corpos. Por exemplo, o fato de as
mulheres, em razão da reprodução, serem tidas como mais próximas da
natureza, tem sido apropriado por diferentes culturas como símbolo de sua
fragilidade ou de sujeição à ordem natural, que as destinaria sempre à
maternidade.
De acordo com Scott, existem quatro elementos que constituem o gênero:
▪ Os símbolos culturais imbricados de representações que são inseridos aos
agentes sociais;
▪ Os conceitos normativos que explicitam as interpretações dos significados
dos símbolos;
▪ As organizações e as instituições sociais;
▪ A identidade subjetiva.
A Construção Social do Sexo
▪ A Linguagem é um importante componente cultural da diferenciação de
gênero. Na sociedade ocidental e em muitas outras, ela reforça o
rebaixamento do status das mulheres. Basta considerar, por exemplo, que
em português e em muitas outras línguas modernas a palavra homem e o
pronome masculino ele podem ser utilizadas para designar tanto homens
quanto mulheres. A palavra mulher, por sua vez, além de designar a pessoa
do sexo feminino, pode ser entendida como sinônimo de esposa;
▪ As Crenças também são importantes no estabelecimento das diferenças de
gênero. As crenças estão frequentemente relacionadas aos valores
culturais, pois muitas são as culturas que valorizam mais as mulheres do
que os homens, além de apresentarem critérios diferentes para avaliar os
dois gêneros. Em muitas sociedades, existe inequívoca preferência das
famílias por filhos do sexo masculino;
▪ As Normas elaboradas pelas sociedades contribuem decisivamente para
determinar diferenças de gêneros. Muitas dessas normas têm assumido a
forma de leis, que têm sido responsáveis pela limitação dos direitos das
mulheres em muitas sociedades.

Socialização de Gênero
As sociedades definem papéis sociais que passam de geração para geração.
Esses papéis incorporam-se à personalidade das pessoas pelo processo de
socialização. Graças a ela as pessoas aprendem a se tornar homens e mulheres.
Os mais importantes agentes da socialização são:
▪ A Família – Os recém-nascidos nada sabem acerca de seu gênero e nem
como se comportar como homens ou mulheres. No entanto, influenciadas
pelos pais, as crianças rapidamente desenvolvem sua identidade sexual e
aprendem a desempenhar seus papéis de gênero;
▪ Os Grupos de Pares – A socialização de meninos e meninas é fortemente
influenciada pelos seus pares, ou seja, pelos companheiros ou
companheiras da mesma idade, e podem ser detectadas muitas diferenças
em seu relacionamento. Assim, a construção da experiência de gênero das
crianças e adolescentes deve-se em boa parte aos contatos com seus pares
nos mais diversos ambientes;
▪ A Escola – As crianças entram na escola com uma clara noção de seu sexo,
mas conhecem relativamente pouco acerca do comportamento esperado
dos adultos em relação ao gênero. A escola torna-se, portanto, um local
privilegiado para o aprendizado acerca das diferenças de gênero.
▪ Meios de Comunicação de Massa – As mensagens veiculadas pelos meios
de comunicação de massa, por serem atrativas e de ampla veiculação,
contribuem para manter a desigualdade de gênero.
7 ECONOMIA, GLOBALIZAÇÃO E CRISE ECOLÓGICA

Sistemas Econômicos
Nas sociedades contemporâneas, distinguem-se dois tipos básicos de
sistemas econômicos: capitalismo e socialismo. A rigor, são dois tipos ideais, pois
nenhuma nação adota rigorosamente um ou outro modelo. Capitalismo e
socialismo são os extremos de um contínuo ao longo do qual se situam as
economias contemporâneas. A economia de cada nação constitui uma mistura
de capitalismo e socialismo, embora um ou outro tipo mostre-se prevalente.
Capitalismo Socialismo
O capitalismo é um sistema Como tipo ideal, um sistema
econômico no qual os meios de econômico socialista tenta eliminar
produção são privados e o principal essa exploração econômica. No
incentivo para a atividade econômica socialismo, os meios de produção e
é o acúmulo de lucro. Na prática, os distribuição de uma sociedade são de
sistemas capitalistas variam no grau propriedade coletiva e não privada. O
em que o governo regulamenta a objetivo básico do sistema econômico
propriedade privada e a atividade é atender as necessidades e não
econômica. Atualmente a propriedade maximizar os lucros. O socialismo
privada e a maximização do lucro rejeita a filosofia do laissez-faire de
continuam sendo as características que a livre concorrência beneficia o
mais significativas dos sistemas público em geral. Os adeptos dessa
econômicos capitalistas. Porém, ao teoria entendem que o governo
contrário da era do laissez-faire, o central, atuando como representante
capitalismo atualmente apresenta do povo, deveria tomar as decisões
uma regulamentação extrema das básicas. Consequentemente, a
relações econômicas por parte do propriedade do governo de todas as
governo. Sem restrições, as empresas principais indústrias – incluindo a
podem enganar consumidores, produção de aço, a fabricação de
colocar em risco a segurança dos seus automóveis e a agricultura – é uma
trabalhadores e até de fraudar os característica básica do tipo ideal de
investidores da empresa – tudo na socialismo.
busca de lucros mais elevados.

Economia Informal
Na economia informal, transferências de dinheiro, bens ou serviços
ocorrem, mas não são relatadas ao governo. Aqueles que participam desse tipo
de economia evitam impostos e normas governamentais. Nos países em
desenvolvimento, a economia informal representa uma parte significativa e
frequentemente não medida da atividade economia total.
No entanto, como esse setor depende em grande parte da força de trabalho
das mulheres, o trabalho na economia informal é subvalorizado ou mesmo não
reconhecido no mundo todo. No Brasil, o mercado informal de trabalho é
consequência do aumento das taxas de desemprego e inclui empregados sem
carteira assinada e trabalhadores autônomos.
Apesar da sua aparente eficiência, esse tipo de economia informal é
problemático para o bem-estar político e econômico geral de um país. Como as
empresas informais costumam atuar em localidades remotas para evitar serem
detectadas, elas não podem expandir-se com facilidade quando se tornam
lucrativas. E dada a restrita proteção da sua propriedade e de seus direitos
contratuais, os membros da economia informal tem menos probabilidade do que
os outros de poupar e investir a sua renda.

Economia Global e Suas Consequências


Como consequência direta da Revolução Tecnológica, verifica-se a partir do
final do século XX um amplo conjunto de transformações na ordem política e
econômica mundial, que é conhecido por globalização. Em virtude do
aprimoramento da tecnologia da informação, da ampliação dos meios de
comunicação e do barateamento dos custos com transporte, verifica-se o
crescimento da interdependência dos países do planeta.
Em virtude dessas transformações, percebe-se a constituição de uma
verdadeira economia global, já que a expansão das atividades econômicas é cada
vez menos influenciada pelas fronteiras nacionais. Nesse contexto, os estados
nacionais vêm abandonando gradativamente as barreiras tarifárias para proteger
sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrindo-se cada vez
mais ao comércio e ao capital internacional.
A globalização da economia não tem apenas consequências econômicas. O
próprio papel dos estados nacionais é seriamente afetado, pois estes têm que
renunciar a muitos de seus controles para privilegiar a nova ordem mundial.
Assim, muitos governantes tendem a deixar de lado o ideário de seus partidos e
mesmo os valores soberanos das nações para não entrar em conflito com os
poderes globais. E, como as grandes empresas desfrutam de liberdade para
realizar suas ações econômicas, o Estado tem seu poder de atuação bastante
enfraquecido.
Também podem ser identificadas consequências da globalização
relacionadas ao meio ambiente. Em decorrência da desregulamentação dos
mercados e do interesse dos governos de atrair o investimento estrangeiro,
intensifica-se a exploração das riquezas naturais, tanto das renováveis quanto
das não renováveis. A ampliação do comércio internacional, requerendo cada vez
mais o transporte de mercadorias a longas distâncias, por sua vez, contribui para
o aumento do consumo energético e dos resíduos.
Outra consequência da globalização é a homogeneização da cultura. Em
decorrência da influência dos meios de comunicação, especialmente da televisão
e da Internet, as pessoas são diretamente afetadas pelos valores, crenças e
interesses dos setores que detêm o poder. Dessa forma, a diversidade cultural de
povos e nações vai sendo fortemente afetada.

8 REVISÃO

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