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Fundamentos

Epistemológicos da
Psicopedagogia

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Bem vindo(a)!

Olá, caro (a) estudante!

Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia, no qual você estudará aspectos históricos e tendências
contemporâneas da Psicopedagogia; os objetivos e âmbito de atuação da
Psicopedagogia; a formação e o trabalho do psicopedagogo; o contato com as
diferentes áreas do conhecimento; objeto de estudo da psicopedagogia e o trabalho
do psicopedagogo.

Este livro é composto por uma introdução seguida de quatro unidades


criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação a presente discussão e
conclusão.

Na Unidade I, você irá trabalhar com o tema FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA,


no qual será abordado os aspectos históricos da Psicopedagogia; a evolução da
Psicopedagogia, bem como o papel da Psicopedagogia no contexto atual.

Na Unidade II, com o tema ASPECTOS DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO


PSICOPEDAGOGO cujos conteúdos de destaque serão os aspectos da formação e
atuação do psicopedagogo; a formação do psicopedagogo; a ética do trabalho
psicopedagógico e por m o psicopedagogo e os novos desaos.

Na Unidade III, o tema OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA, versará sobre a


diculdade de aprendizagem e suas nomenclaturas trabalhadas ao longo dos anos
anos, bem como conhecer algumas diculdades, sendo elas: dislexia, disgraa,
disortograa e discalculia, o transtorno de décit de atenção/hiperatividade (TDAH) e
transtorno do espectro do autismo (TEA).

Na Unidade IV, nosso último tópico, você estudante estudará sobre TRABALHO
PSICOPEDAGÓGICO, com enfoque qual é o trabalho do psicopedagogo, bem como
a Psicopedagogia como estratégia de prevenção; ainda os aspectos do trabalho
psicopedagógico na avaliação, diagnóstico e intervenção e por m a
interdisciplinaridade e a Psicopedagogia.

Lembre-se caro (a) estudante, que o texto apresentado não irá esgotar todas as
possibilidades de pensar e reetir acerca das temáticas abordadas ao longo da
disciplina, mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão
das análise realizadas acerca das temáticas propostas.

Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura! Bom estudo e
espero que o material que preparei para você estudante contribua de forma
signicativa para sua formação.

Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães


Unidade 1
Fundamentos da
Psicopedagogia

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães

Introdução
Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade I da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade “Fundamentos da Psicopedagogia”, você estudante poderá fazer uma


análise dos aspectos históricos da Psicopedagogia, seu surgimento entre a fronteira
das áreas da Educação e Saúde, bem como a preocupação com o processo de
aprendizagem do sujeito, além de conhecer alguns dos teóricos que inuenciaram na
evolução da Psicopedagogia no Brasil como Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund
Freud e Enrique Pichon-Rivière. E ainda esta aula vamos poder identicar o papel da
Psicopedagogia no contexto atual, em relação a sua formação e o objeto de estudo.
A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso
superior.

Boa leitura e bons estudos!


Aspectos Históricos da
Psicopedagogia

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A Psicopedagogia tem o seu início, na Europa, ainda no século XIX, quando surgiram
as preocupações com os “problemas de aprendizagem”. Não obstante, a Argentina
tem um valor e relevância na difusão do pensamento psicopedagógico,
principalmente na epistemologia convergente, nos quais seus principais
representantes são: Jorge Visca, Alicia Fernandez e Sara Paín.

Também na Argentina, a Psicopedagogia tem o seu eixo teórico em três áreas da


Psicologia, sendo elas: a Psicologia Genética (Jean Piaget), a Psicanálise (Freud) e a
Psicologia Social (Pichon-Rivière).

Mediante a isto, diversas outras teorias contribuíram e enriqueceram a teoria


psicopedagógica, partindo disso, as autoras Ana Teberosky e Emília Ferreiro
conceitual de maneira clara e objetiva a psicogênese da língua, teoria de Vygotsky.

Bossa (2011) nos acrescenta que a origem do pensamento argentino acerca da


Psicopedagogia está centrada na literatura francesa e se baseia em autores como
Jacques-Marie Émile Lacan, Maud Ferreira Mannoni, Françoise Dolto, Julian de
Ajuriaguerra, Enrique Pichon-Rivière, entre outros.

Já no Brasil, os representantes importantes que contribuíram para o


desenvolvimento da Psicopedagogia, são Maria Lúcia Weiss, Aglael Borges, Nadia
Aparecida Bossa, Beatriz Judith Lima Scoz, Heloísa Maria Fortuna Padilha, entre
outros.

A psicopedagogia surgiu na fronteira entre as áreas da Educação e Saúde, sendo


assim, Bossa (2011, p. 19) arma que, como produção do conhecimento, a
psicopedagogia “[...] nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem [...], onde a preocupação encontra-se na maneira como o
aluno lida com as facilidades e as diculdades no aprendizado e como desenvolve o
seu conhecimento” .

Barbosa (2007, p.91, grifo do autor) explica que a psicopedagogia

[...] nasceu como uma área que possuía a missão de superar a


"compartimentalização" do aprendiz, da sua forma de lidar com as
facilidades e diculdades para aprender e do conhecimento a ser
aprendido. No seu trajeto, no entanto, não conseguiu evitar a
contaminação pelo que já estava posto, pelas ciências que já possuíam
seu estatuto estabelecido como tal, como a medicina, por exemplo.
Como um irmão menor, chegando em uma família, a Psicopedagogia
passou a fazer suas inserções usando instrumentos construídos por
outras áreas do conhecimento, mas regidos pelo paradigma da
disjunção, aquele que deveria ser superado na história humana, no
momento de seu surgimento.

Desde seu surgimento, a psicopedagogia buscou um campo de atuação próprio,


bem como tentou construir seus instrumentos com foco no objeto de estudo.
Claro (2018) expõe que a Europa é o berço da psicopedagogia, pois lá surgiram os
primeiros centros de orientação educacional infantil, cujas equipes de atendimento
eram compostas de médicos, psicólogos, educadores e assistentes sociais.

Pöttker e Leonardo (2014, p. 87, grifo do autor) acrescentam que:

[...] os primeiros passos da Psicopedagogia foram dados nos séculos XIX e


XX na França, denominando-se “Pedagogia Curativa”, por inuência de
Janine Mery e George Mauco. Surgiu com o intuito de curar os problemas
da educação advindos das transformações decorrentes da Revolução
Industrial e da Revolução Francesa.

Nos Estados Unidos, a preocupação com crianças que apresentam diculdades de


aprendizagem se manifestou por volta da década de 1930, com o surgimento dos
primeiros centros de reeducação para atendimento a delinquentes juvenis. (CLARO,
2018).
Ainda os autores Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) relatam que:

No ano de 1956, foi fundada, em Buenos Aires, a primeira faculdade de


Psicopedagogia. Por volta de 1970, foram criados, em Buenos Aires, os
Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam,
fazendo diagnóstico e tratamento. Isso acarretou uma mudança na
abordagem da psicopedagogia argentina, que de reeducação passou
para ter um carácter clínico.

Bossa (2011) menciona que, na Argentina, a atuação psicopedagógica é efetivada nas


áreas da Educação e da Saúde.

Na área da Educação, o psicopedagogo coopera para a diminuição do fracasso


escolar, em relação tanto ao sujeito quanto à instituição. Assim, presta assessoria aos
pais, aos professores e aos gestores educacionais e auxilia na elaboração dos planos
de recreação, propondo atividades que desenvolvam a criatividade, o juízo crítico e a
cooperação entre os alunos. Nas instituições educativas, o psicopedagogo atua ainda
com orientação vocacional.

Na área da Saúde, segundo Claro (2018, p. 62) “[...] o psicopedagogo atende em


consultórios particulares e instituições de saúde, hospitais públicos e particulares”.

Sua função é reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem


sistemática e/ou assistemática. Procura-se reconhecer as alterações da
aprendizagem sistemática, utilizando-se diagnóstico na identicação dos
múltiplos geradores desse problema e, fundamentalmente, busca
se descobrir como o sujeito aprende. (BOSSA, 2011, p. 42).
No Brasil, assim como na Europa e na Argentina, segundo Silva (2012) o problema de
aprendizagem foi entendido, por muito tempo, como sendo originado por fatores
orgânicos.

Silva (2012, p.22) descreve que “[...] ainda nos dias atuais, a primeira atitude dos
educadores e dos familiares de crianças com problemas de aprendizagem é recorrer
ao médico. Logo, essa gura continua tendo uma grande importância nas decisões
das famílias”.

No Brasil, a psicopedagogia foi fortemente tomada tanto pelas experiências


argentinas como pelas francesas. Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) retratam que “[...]
no contexto educacional que originou o surgimento da Psicopedagogia foi
semelhante ao desses países, ou seja, as situações de fracasso escolar”.

Claro (2018, p. 64) apresenta que:

[...] o aspecto que motivou o surgimento da psicopedagogia no país, tal


qual em outros lugares, foi o fracasso escolar. Nas décadas de 1970 e 1980,
o índice de crianças que apresentavam diculdades de aprendizagem era
muito alto e não havia prossionais capacitados nas escolas para atender
a essa demanda, porque o pedagogo não dava conta de resolver essa
carência.

Bossa (2011) acrescenta descrevendo que neste período começa a se congurar uma
nova teoria sobre o entendimento do fracasso escolar. O enfoque passou, então, a ser
a visão sociopolítica, na qual o problema de aprendizagem passa a ser entendido
enquanto problema de ensino.

Sendo assim, do ponto de vista de Scoz (1991), a psicopedagogia preocupa-se com o


processo de aprendizagem com as suas diculdades, e em uma ação prossional deve
sintetizar, de forma integrada, conhecimentos de diferentes áreas do conhecimento.
Para tanto, a autora enfatiza a importância de o prossional da educação ter acesso às
informações de diferentes ciências (pedagogia, psicologia, sociologia,
psicolinguística), de forma a aprofundar os conhecimentos, vinculando
os à realidade educacional, de forma a ter uma visão global do aluno. E o maior
desao das escolas, na concepção da psicopedagogia, é buscar caminhos que
possibilitem ao educador rever a própria prática e descobrir alternativas possíveis
para melhorar sua ação.
Evolução da
Psicopedagogia

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Entre os teóricos que inuenciam na evolução da Psicopedagogia no Brasil, além de
Jorge Visca, podemos citar Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Pichon
Rivière.

Neste momento caro(a) estudante será apresentado, no quadro 1, o quadro


comparativo das correntes teóricas da Psicopedagogia.
Quadro 1: Quadro Comparativo das Correntes Teóricas da Psicopedagogia.
DADOS TEORIA DESCRIÇÃO
PESSOAIS
Jorge Pedro Epistemolog O processo de aprendizagem
Luis Visca ia consiste na produção e
Convergente estabilização de
Buenos condutas, tanto no âmbito familiar,
Aires – escolar e social, sem perder de vista a
Argentina rede de vínculos que o sujeito pode
estabelecer nos três grandes
(14 de maio domínios: familiar, escolar e consigo
de 1935 – 23 mesmo (VISCA, 1997).
de julho de
2000)

Jean Epistemolog O sujeito constrói o conhecimento


William ia Genética por meio da interação de uma carga
Fritz Piaget genética com o meio em que está
inserida. O sujeito aprende com base
Neuchâtel – em sua estrutura cognitiva. As relações
Suíça entre a lógica e a aprendizagem
permitem a compreensão e o uso de
(9 de agosto estratégias diante de objetos e novas
de 1896 – 17 formas de conhecimento, mas isso
de tudo depende do nível da atividade
setembro lógica de quem aprende (PIAGET,
de 1980) 1977).

Sigmund Teoria Dos conceitos na relação de aprender


Schlomo psicanalítica e educar merecem destaque na teoria
Freud freudiana psicanalítica freudiana: a transferência
e a sublimação. Sendo que a
Freiberg – transferência emerge como uma
Áustria exigência intensa de amor, de atenção
e de reconhecimento. Já a sublimação
(6 de maio “[...] é o processo através do qual a
de 1856 – 23 energia dirigida originalmente para
de propósitos sexuais ou agressivos é
setembro direcionada para outras nalidades, em
de 1939) geral para o trabalho, os esportes, lazer,
enm situações consideradas
socialmente úteis” (FADIMAN;
FRAFER, citado por QUADROS, 2017,
P. 80).

Enrique Pichon Rivière segundo Claro (2018, p. conjunto limitado de


Teoria do Vínculo 41), “[...] o grupo é pessoas articuladas que,
Na teoria pichoniana, caracterizado como um durante um período de
Genebra – Suíça resultado de interações que se
(25 de junho de 1907 – 16 de julho de estabelecem entre indivíduos, grupos
1977) e classes. Essa interação dialética é
tempo e espaço, se propõem à denominada por Pichon-Rivière de
elaboração de uma tarefa”. Nesse vínculo.
processo, o sujeito é concebido como
Lev Teoria Na teoria vygotskyana, a linguagem é
Semyonovic Sociocultural um instrumento social entre o eu e o
h Vygotsky outro. É o ponto de partida para o
aprendizado e o desenvolvimento. A
Orsha – respeito da educação, Vygotsky (2007,
Bielorrússia p. 70) elucida que “[...] não existe nada
(17 de de passivo, de inativo. Até as coisas
novembro mortas, quando se incorporam ao
de 1896 – 11 círculo da educação, quando se lhes
de atribui papel educativo, adquirem
junho de caráter ativo e se tornam participantes
1934) ativos desse processo”. Deste modo, a
aprendizagem dos alunos é construída
mediante a relação do indivíduo com
seu ambiente sociocultural e com o
suporte de outros indivíduos mais
experientes.

Fonte: Elaborado pela autora 2019.

Antes de iniciarmos a conversa sobre os teóricos mencionados acima, vamos


conhecer um pouco o Jorge Luis Visca, nascido na cidade de Buenos Aires, na
Argentina, em 14 de maio de 1935 e faleceu em 23 de julho de 2000.

Visca foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil, Argentina e Portugal e, ainda foi o


criador da Epistemologia Convergente uma teoria elaborada exclusivamente para o
desenvolvimento do trabalho psicopedagógico clínico e reúne importantes correntes
teóricas e práticas de três frentes de estudo da psicologia, sendo elas:
Psicogenética (Piaget);

Psicanalítica (Freud);

Psicologia Social (Pichon-Rivière).

A linha de pensamento da teoria piagetiana expõe que o desenvolvimento cognitivo


pode ocorrer em quatro estágios evolutivos e sequenciais do crescimento humano,
que iniciam no nascimento e vão até a idade adulta. Esses estágios se desenvolvem
gradualmente e variam de um sujeito para outro.

Vamos conhecer um pouco sobre os estágios da teoria piagetiana? Piaget dividiu o


desenvolvimento cognitivo nos quatro estágios principais resumidos no quadro 2.
Quadro 2: Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget
ESTÁGIOS

Sensório Pré-operatório Operatório Operatório formal


motor concreto

(do (um ano e (dos sete aos (aos 11 ou 12 anos,


nascimento a meio aos sete 11 anos) aproximadamente)
um ano e anos)
meio ou dois
anos)

A criança A criança já A criança A criança


reage ao apresenta desenvolve a abandona o
mundo de algum capacidade raciocínio mais
acordo com o domínio das de concreto dos
estágio formas de concentraçã estágios
sensório representaçã o, anteriores e
motor. Suas o e começa a passa a passa a reetir e a
ações e desenvolver a realizar criar teorias
movimentos função trabalhos próprias sobre
são realizadas simbólica, ou individuais e tudo.
em razão de seja, passa a a colaborar
suas substituir um em
sensações. objeto ou um trabalhos em
Pelas evento pela grupo, uma
sensações, a representaç vez que são
criança ão dele. capazes de
constrói a aceitar ideias
compreensão de outras
do mundo à pessoas.
sua volta.

Fonte: Adaptado de Silva; Mocelin (2019, p. 38 -122).


REFLITA
"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de
fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já
zeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A
segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições
de criticar, vericar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)

Já a linha de pensamento freudiana estuda a respeito à sexualidade infantil. Para


Freud, as primeiras investigações realizadas pela criança são sexuais e servem para
situá-la no mundo, colocá-la em seu lugar - o lugar sexual. Para ele, um momento
importante na vida do sujeito é o da descoberta anatômica da diferença sexual.
Para Freud, segundo Claro (2018, p. 38, grifo do autor)

[...] a mente tem uma estrutura tripartite, que ele denomina id, ego e
superego. O id - regido pelo princípio do prazer - tem o papel de
descarregar as funções biológicas. Nesta perspectiva, busca a satisfação
imediata, não tolera a frustração e evita a dor. O ego - regido pelo
princípio da realidade - é o responsável pela estimulação que pode vir
tanto da própria mente quanto do mundo exterior. Ele exerce o papel de
controlador do comportamento do sujeito, bem como protege-o dos
perigos. Já o superego - conduzido por normas sociais e regras - exerce
um papel de vigilante das ações ou pensamentos contrários aos
princípios morais.

As fases da sexualidade humana são ligadas ao desenvolvimento do id; diferenciam


se pelos órgãos que sentem prazer e pelos objetos ou seres que dão prazer e
manifestam-se dos primeiros meses de vida aos 5 ou 6 anos. São elas: oral, anal, fálica,
de latência e genital.

E a linha de pensamento da teoria pichoniana (teoria do vínculo) em um caráter


social na medida em que compreende que sempre há guras internalizadas presentes
na relação, quando duas pessoas se relacionam, ou seja, uma estrutura triangular. O
vínculo é bi-corporal e tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma presença sensorial
corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda
relação humana, que é o terceiro. Neste sentido, vínculo é uma estrutura psíquica
complexa. (PICHON-RIVIÈRE, 1988).
Por m, a linha de pensamento da teoria vygotskyana, a linguagem é um instrumento
social entre o eu e o outro. É o ponto de partida para o aprendizado e o
desenvolvimento. A respeito da educação, Vygotsky (2007, p.70) elucida que “[...] não
existe nada de passivo, de inativo. Até as coisas mortas, quando se incorporam ao
círculo da educação, quando se lhes atribui papel educativo, adquirem caráter ativo e
se tornam participantes ativos desse processo”. Assim, a aprendizagem dos alunos
segue sendo construída mediante a relação do indivíduo com seu ambiente
sociocultural e com o suporte de outros indivíduos mais experientes.
O Papel da Psicopedagogia
no Contexto Atual

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro(a) graduando(a), para iniciar a nossa discussão deste tópico, precisamos reetir
sobre a denição da palavra “psicopedagogia”. O Dicionário Michaelis (2019) registra
que, etimologicamente, este é um vocábulo composto do grego
psykhē+o+pedagogia “aplicação de conhecimentos da psicologia às práticas
educativas”.

O conceito remete a duas grandes áreas do conhecimento, sendo elas: psicologia e


pedagogia as quais têm como foco de estudo o sujeito. Conforme o Projeto de Lei da
Câmara nº 31, de 2010, no qual dispões sobre a regulamentação do exercício da
atividade de Psicopedagogia, deixa claro que poderão exercer a atividade os
portadores de diploma em curso de graduação em Psicopedagogia e/ou Psicologia,
Pedagogia ou Licenciatura, bem como o curso de especialização em Psicopedagogia,
com duração mínimo de 600 (seiscentas) horas. Ainda no referido projeto em seu Art.
4º explicita quais são as atividades e atribuições do psicopedagogo.
CONECTE-SE
Caro(a) estudante, leia atentamente o Projeto de Lei nº 31, de 2010 na
íntegra.

ACESSAR

A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) foi criada em 12 de novembro de


1980 e, com ela, a psicopedagogia começou a se estruturar como uma prossão à
parte, agregando, além da psicologia e da pedagogia, outras áreas do conhecimento.
Para isso, era necessário que os interessados realizassem uma pós
graduação lato sensu. Aos poucos, as ofertas dos cursos de especialização se
proliferaram em todo o território nacional, e atualmente o curso como graduação
vem ganhando forças.

De acordo com Lemos (2007, p.73),


[...] a psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de aprendizagem
humana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto, ainda que o
enfoque da psicopedagogia seja os problemas de aprendizagem, é
necessário que se ocupe do processo de aprendizagem como um todo, a
m de descobrir as barreiras que impedem ou atrapalham o aprendiz de
se autorizar a saber.

Segundo a ABPp (2011, s/p.), a psicopedagogia atua no campo da “[...] Educação e


Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família,
a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando, procedimentos próprios,
fundamentados em diferentes referenciais teóricos”.

É importante enfatizar que se trata de uma área do conhecimento que possibilita ao


prossional atuar tanto na clínica quando na instituição. Dessa forma, propõe integrar,
de forma coerente, conhecimentos e princípios de diferentes áreas das ciências
humanas.

Complementamos nossa reexão sobre o conceito de psicopedagogia com a


explanação de Barbosa (2007, p.91), que assim a dene:

[...] a área do conhecimento que se propõe estudar o ser cognoscente e


seu processo de aprender, compreendendo-o como um ser constituído
de três grandes dimensões: a Racional, a Relacional e a Desiderativa e do
funcionamento decorrente das relações dessas três dimensões, que
acontecem num corpo físico e biológico, bem como num contexto
cultural próprio.

Assim, no processo de construção do conhecimento é preciso compreender que o


sujeito é dotado de razão, que expressa seus desejos, suas ânsias e suas vontades,
mas é na troca com o outro e com o meio cultural que se “faz” humano.

Segundo a autora Claro (2018, p.20) “A psicopedagogia estuda as formas como o


sujeito aprende e de que maneiras essa aprendizagem ocorre, bem como os fatores
que provocam alterações no ato de aprender, a m de preveni-las e tratá-las”.

Nesse sentido, a psicopedagogia para Weiss (2012, p.6) “[...] busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da
própria aprendizagem de alunos e educadores”.

Logo, o foco de estudo da psicopedagogia segundo Claro (2018, p.21) é “a


aprendizagem”, no qual “[...] é um processo contínuo de construção de
conhecimentos e está presente na vida do sujeito desde a mais tenra idade”.

Para tanto, devemos falar sobre a aprendizagem, na concepção de Diaz (2011, p.83), a
aprendizagem é:
[...] um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações,
conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, para construir de modo
progressivo e interminável suas representações do interno (o que
pertence a ele) e do externo (o que está “fora” dele) numa constante
inter-relação biopsicossocial com seu meio e fundamentalmente, através
da ajuda proporcionada pelos outros.

Para o referido autor supracitado, no processo de aprendizagem, sempre há uma


autoconstrução de informações, de habilidades, de atitudes, a qual modicou o que
foi anteriormente aprendido. Dessa forma, “[...] o ato de aprender é constituído pela
integração de dados oferecidos pelo meio e de dados construídos pelo sujeito
aprendiz. Aprender signica transformar. Toda aprendizagem provoca mudança no
comportamento do sujeito”. (CLARO, 2018, p. 21).

SAIBA MAIS
Caro(a) estudante como exemplo sobre a interação do interno e do
externo, segundo o autor Díaz (2011), podemos citar a criança que
aprende a ler por ter alcançado determinado nível de desenvolvimento
nervoso ou maturidade (funcionamento interno de tipo biológico),
condição que a faz sensível ao ensino da leitura. Mediado pelo adulto
(condição externa), ela se apropria da leitura (aprendizagem) e, a seguir,
por meio da continuidade, esta aprendizagem inui nas suas causas (no
interno e no externo); deste modo, o aprendizado se converte em base
para a realizar outros aprendizados (conhecimento através da leitura), o
que lhe permite ampliar sua esfera psicológica (funcionamento
psicológico interno), assim como desenvolver funcionalmente seu
cérebro (funcionamento interno biológico); isto porque nossas
capacidades nervosas se desenvolvem na própria atividade em que
participam, o que permite transformar o meio e suas inuências
(estimulações externas) em proveito individual (dele) e social (dos
outros).

Fonte: DÍAZ, Félix. O processo de aprendizagem e seus transtornos.


Salvador: EDUFBA,2011.

ACESSAR
Com relação à ação psicopedagógica, teoricamente, ela deve ser pautada pela
prevenção do fracasso escolar e das diculdades que envolvem tanto educandos
como educadores.

No entanto, as autoras Barone; Martins e Castanho (2011), alertam que a


psicopedagogia historicamente vem se consolidando como área interdisciplinar
voltada prioritariamente para a compreensão e a intervenção nos processos de
aprendizagem de indivíduos e grupos, nos vários contextos sociais, culturais e
institucionais em que a aprendizagem ocorre.

Assim, é importante que o fazer psicopedagógico leve em consideração a


autora do pensamento por parte do sujeito, observe a maneira como ele
constrói seu conhecimento, de que maneira ele analisa, organiza e
identica as fontes de informação e, ainda, de que forma ele constitui sua
identidade como sujeito de aprendizagem. (CLARO, 2018, p.22).

Nesse sentido, caro(a) estudante o objetivo de estudo da psicopedagogia deve ser


compreendido sob dois enfoques: o preventivo e o terapêutico. O enfoque preventivo
consiste em saber como se dá o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do
sujeito. Já o terapêutico se concentra em identicar, analisar e construir
procedimentos metodológicos que possibilitem diagnosticar e tratar as diculdades
de aprendizagem.

Para tanto, status interdisciplinar da psicopedagogia exige do prossional um


aprofundamento em áreas de estudo que antes pareciam distantes das explicações
que se buscavam para as diculdades encontradas no processo de aprendizagem,
bem como demanda uma transformação que vai além da conguração do papel
prossional do psicopedagogo, atingindo níveis de sua estrutura afetiva cognitiva e
social. (OLIVEIRA, 2014).

O Psicopedagogia para poder melhor exercer o seu ofício, passou a estudar as


características da aprendizagem humana, tentando, segundo Bossa (2011) entender
as seguintes questões: como se aprende; como está aprendizagem varia
evolutivamente; como a aprendizagem está condicionada; que fatores condicionam
a aprendizagem; como se produzem as alterações na aprendizagem e por m como
reconhecer as alterações vericadas na aprendizagem.
A autora Oliveira (2014, p. 12) descreve que:
O alicerce da prática psicopedagógica não é formado apenas pelo
conhecimento teórico sobre psicologia da aprendizagem, psicologia
genética, teorias da personalidade, pedagogia, fundamentos da biologia,
linguística, psicologia social, losoa, ciências neurocognitivas, mas
principalmente pela capacidade de articular esses conhecimentos e
manter o compromisso ético e social na prática e na investigação
cientíca do processo de aprendizagem.

Portanto, o psicopedagogo no contexto atual exerce função essencial neste processo,


pois cabe ao mesmo diferenciar as situações sejam elas facilitadoras ou as que
dicultam para que as pessoas possam estar resgatando seu processo de
aprendizagem, incluindo sua história de vida, parte esta de grande importância para
o psicopedagogo, por ser algo fundamental quando este lida diretamente com a
pessoa.

Conclusão - Unidade 1

Finalizamos nossa Unidade I, no primeiro momento analisamos alguns aspectos


históricos da Psicopedagogia, e que partir de 1980, a Psicopedagogia começou a se
estruturar como prossão no Brasil, como área de estudo que se preocupa em
investigar a maneira como o sujeito constrói seu conhecimento. Conhecemos a
história de alguns teóricos que inuenciaram na Psicopedagogia no Brasil como Jorge
Visca (epistemologia convergente), Jean Piaget (epistemologia genética), Lev Vygotsky
(socioconstrutivismo), Sigmund Freud (psicanálise) e Enrique Pichon-Rivière
(pedagogia social). E por m identicamos o papel da Psicopedagogia no contexto atual,
em relação a sua formação e o objeto de estudo, uma vez que cabe ao psicopedagogo
diferenciar as situações que dicultam o processo de aprendizagem do sujeito.

Convido você estudante interessado a consultar as Referências, de modo a aprofundar


seu conhecimento sobre a temática abordada em nossa Unidade I.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história da psicopedagogia,


sugiro a leitura do seguinte texto:

COSTA, A. A.; PINTO, T.M.G.; ANDRADE, M.S. de. Análise histórica do


surgimento da psicopedagogia no Brasil. Id on Line Revista
Multidisciplinar e de Psicologia, n. 20, ano 7, p.10-21, jul. 2013.
ACESS A R

Livro
Filme

Web

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Unidade 2
Aspectos da Formação e
Atuação do Psicopedagogo

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães

Introdução
Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade II da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade intitulada “Aspectos da formação e atuação do psicopedagogo”,


vamos conversar sobre a formação do Psicopedagogo, bem como analisar a ética do
trabalho psicopedagógico. E ainda nesta aula, você estudante irá conhecer alguns
pontos do Psicopedagogo e os novos desaos.

Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de
nossa segunda unidade.
Boa leitura!
A Formação do
Psicopedagogo

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
“Formação” é um vocábulo abrangente. Nesse contexto caro(a) estudante, a palavra
vai além de crescimento físico. Para tanto, vamos recorrer ao Dicionário Houaiss
(2018, s/p): vocábulo de origem latina formatione que corresponde ao “ato, efeito ou
modo de formar, constituir (algo); criação, construção, constituição”, ao “conjunto de
conhecimentos e habilidades especícos a um determinado campo de atividade
prática ou intelectual” e, ainda, ao “conjunto de cursos concluídos e graus obtidos por
uma pessoa”.

No Brasil, por muitos anos, a formação do psicopedagogo foi propiciada somente por
meio de cursos de pós-graduação em nível de especialização (lato sensu), os quais
foram regulamentados pela Resolução nº. 12, de 6 de outubro de 1983, do então
Conselho Federal de Educação.
Conforme dados extraídos do Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de
Educação Superior - Cadastro e-MEC, em 2019 até o presente momento da
elaboração do material, estavam cadastrados mais de 2.800 cursos de especialização
em Psicopedagogia, ofertados nas modalidades presencial e/ou a distância por
diversas instituições públicas e privadas de norte a sul do Brasil. (BRASIL, 2019a).

No que diz respeito ao curso de graduação, temos um total de 21 cursos, sendo 4 em


licenciatura e os demais em bacharelado, temos um total de 8 instituições ofertado a
graduação em Psicopedagogia a distância. (BRASIL, 2019a).

Sobre a formação do Psicopedagogo no Brasil segue, as determinações da atual Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº. 9394, de 20 de dezembro de
1996 (BRASIL, 1996), sobre a formação de prossionais da educação.

Ainda no Brasil, a regulamentação da prossão psicopedagogo foi aprovada pelo


Senado Federal em 05 de fevereiro de 2014, após muitas lutas, por meio do Projeto de
Lei da Câmara (PLC) nº. 31/2010. No texto, destaca-se que poderão exercer a atividade
de psicopedagogia:

graduados em psicopedagogia;
portadores de diploma em psicologia, pedagogia ou licenciatura que cursaram
especialização em psicopedagogia, com duração mínima de 600 horas e 80% da
carga horária dedicada a essa área; e
portadores de diplomas de curso superior que exercem ou já exerceram
atividades prossionais de psicopedagogia, em instituição pública ou privada.

Noffs (2016, p.116) expõe que após a Lei nº. 9394/96, com a prerrogativa de que
poderia se formar prossionais da Educação a nível de pós-graduação, “somada à
informação de que 80% dos alunos que cursava, a Psicopedagogia eram da
Educação”, então “a ABPp frente às demandas da sociedade foi impulsionada a
desencadear formalmente o projeto de lei n.3124/97 sobre a regulamentação do
exercício da atividade psicopedagógica”, pelo então Deputado Federal Barbosa Neto
apoiado na premissa que esta atividade viria reduzir “o fracasso escolar mediante a
revisão do Projeto Educacional Brasileiro com a inserção de um prossional
denominado de psicopedagogo”.

Caro (a) estudante um questionamento recorrente quando se discute a formação do


psicopedagogo diz respeito à categorização da Psicopedagogia como prossão ou
como ocupação.

Conforme a Classicação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do Trabalho são


os códigos cadastrados de todas as prossões e ocupações brasileiras. A atividade de
Psicopedagogo é uma das atividades classicada sob o número 2394- 25:
“Programadores, Avaliadores e Orientadores de Ensino, da qual fazem parte além do
psicopedagogo os coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais,
supervisores de ensino, pedagogos e professores de recursos audiovisuais”. (BRASIL,
2019b).
SAIBA MAIS
Caro (a) graduando (a) você sabia que o número 2394-25 é o que deve
conter no seu carimbo de psicopedagogo, pois ele é o do Ministério do
Trabalho?. Enquanto a lei 3512/10 é sancionada e os psicopedagogos
tiverem seu conselho de representação federal, a psicopedagogia não é
prossão, mas sim ocupação, ou seja, a CBO apenas tem por nalidade a
identicação das ocupações no mercado de trabalho, para ns
classicatórios juntos aos registros administrativos e domiciliares,
somente depois da criação dos conselhos federais é que teremos um
CRPp com número de registro da prossão.

De acordo com a ABPp a formação do prossional da Psicopedagogia deve orientar-se


pelos seguintes princípios norteadores:

a. conscientização da diversidade, respeitando as diferenças de natureza cultural e


ambiental, de gêneros, de faixas geracionais, de classes sociais, de religiões, de
necessidades especiais, de orientação sexual, entre outras;
b. priorização de ações que envolvam os direitos humanos visando uma sociedade
inclusiva e equânime, com ênfase nas potencialidades do sujeito da aprendizagem; c.
valorização do pensamento reexivo, crítico e transformador;
d. conscientização do trabalho coletivo pautado pela ética e sigilo prossional;
e. respeito aos saberes especícos das áreas ans e dos prossionais.
Ainda segundo ABPp “o Psicopedagogo é o prossional habilitado para atuar com os
processos de aprendizagem junto aos indivíduos, aos grupos, às instituições e às
comunidades”.

Sendo assim, como já estamos estudando ao longo da disciplina, constatamos que a


formação do prossional é multidisciplinar e, assim, se assenta sobre diversas ciências:

Sob o ponto de vista losóco, seu embasamento deve lhe permitir encontrar as
ideias de homem, de sociedade e educação implícitas em cada teoria
psicopedagógica;
Sua formação sociológica deve facilitar a compreensão do tempo e do espaço
sociocultural e econômico que inuenciam o fenômeno educacional dos
indivíduos pertencentes às classes socioeconômicas mais baixas; O
conhecimento de técnicas e métodos, relativos ao desenvolvimento das
operações lógicas do pensamento e à aquisição das habilidades básicas
psicomotoras e linguísticas é indispensável a este prossional da área
psicopedagógica. Daí a importância de conhecimentos psicolinguísticos,
neurológicos e outros. Deve-se, contudo, frisar que a integração destes
conhecimentos não lhe é dada a priori, mas gração destes conhecimentos não
lhe é dada a priori, mas sim construída através de sua sensibilidade e
experiência. (PORTAL EDUCACIONAL, 2019).

Assim, independentemente de a formação do psicopedagogo ocorrer na pós


graduação ou na graduação, o prossional precisa articular a teoria com a prática,
bem como sua formação propicie ao futuro prossional subsídios que lhe possibilitem
entender como se desenvolve o processo de aprendizagem em sua
totalidade.
SAIBA MAIS
No dia 14 de Fevereiro de 2014 a psicopedagogia sofreu um “grande
golpe”, segundo o Sindicato dos Psicopedagogos no Brasil. O projeto de
lei 3512/10 que propõe a regulamentação da psicopedagogia como
prossão foi aprovada no Senado Federal mas antes de ser enviado para a
presidência da república sofreu vários golpes de mudanças com
emendas que sugerem a retirada de quatro artigos importantes para os
psicopedagogos brasileiro, sendo eles “o direito de realizar diagnóstico
psicopedagógico e a retirada da criação do conselho federal de
psicopedagogia (órgão scalizador da prossão)”. ATENÇÃO! sindicato dos
psicopedagogos do Brasil é independente, livre onde a única regra para
participação é SER PSICOPEDAGOGO(A).

ACESSAR
Ética do Trabalho
Psicopedagógico

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A palavra ética, etimologicamente, é derivada do grego ethike e pode ser entendida
como o “conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um
indivíduo ou de um grupo social ou de uma sociedade” (MICHAELIS, 2019).

A Ética é a parte da losoa que busca reetir sobre o comportamento humano, tendo
como objeto de estudo “o bem e o mal”; “o certo e o errado”.

Segundo Cortella (2010, p. 106), “A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa


conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza
manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de
decidir, julgar, avaliar”. Considera-se, então, que ética é um conjunto de princípios
que conduzem e orientam o homem à ação moralmente correta.

Como disciplina teórica, Claro (2018) descreve que


[...] a ética tem por intuito investigar o comportamento do sujeito e suas
relações consigo e com o outro com base nos seguintes princípios:
justiça, moral, dever, liberdade, responsabilidade, virtude e valor, ou seja,
entende-se que, por meio da ética, o ser humano procura maneiras mais
apropriadas de agir, de viver e de conviver.

As prossões também são regidas por normas e regras especícas. Há, por exemplo, a
ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética prossional
“abrange todos os setores prossionais da sociedade” e tem como objetivo “interrogar
mais amplamente o papel social da prossão, sua responsabilidade, sua função, e sua
atitude frente a riscos e ao meio” (MICHAELIS, 2019).

Sá (2013) destaca que ter ética prossional e cumprir com todas as atividades e
obrigações estabelecidas à prossão são princípios indispensáveis para manter uma
sociedade organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra com seu papel
na sociedade.
SAIBA MAIS
Leia o artigo “Ética prossional e empresarial” (REIS et al, 2017) para
compreender e conhecer as diferenças existentes entre ética
empresarial e ética prossional. O artigo destaca as virtudes necessárias
ao prossional para o exercício ético e consciente da prossão.

ACESSAR

Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é código de ética prossional,
vamos conhecer um pouco mais sobre o código de ética do prossional de
psicopedagogia.

No que diz respeito ao psicopedagogo, sua ética é baseada em um conjunto de


regras de conduta moral e deontológica que norteiam os prossionais da área
psicopedagógica e estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado
pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 1996, sendo reformulado e
aprovado em assembleia geral em 5 de novembro de 2011.

Segundo ABPp o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar


parâmetros que norteiam a prossão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do
prossional, estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a
evolução que vem ocorrendo em meio à sociedade, o código de ética também
passou por mudanças.

Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é código de ética prossional,
vamos conhecer um pouco mais sobre o código de ética do prossional de
psicopedagogia.

No que diz respeito ao psicopedagogo, sua ética é baseada em um conjunto de


regras de conduta moral e deontológica que norteiam os prossionais da área
psicopedagógica e estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado
pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 1996, sendo reformulado e
aprovado em assembleia geral em 5 de novembro de 2011.

Segundo ABPp o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar


parâmetros que norteiam a prossão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do
prossional, estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a
evolução que vem ocorrendo em meio à sociedade, o código de ética também
passou por mudanças.
Código de Ética do Psicopedagogo regulamenta as seguintes situações:

Princípios da psicopedagogia;
Formação do psicopedagogo;
Exercício das atividades psicopedagógicas;
Responsabilidades;
Instrumentos;
Publicações cientícas;
Publicidade prossional;
Honrários; e
Disposições gerais.

No artigo 16º, indica que cabe ao psicopedagogo cumprir o código, pois conforme
consta no mesmo artigo, em seu parágrafo único:

Parágrafo único - Constitui infração ética:


a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua;
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas
psicopedagógicas;
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática
psicopedagógica;
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si;
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços
psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado;
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por
terceiros, ou solicitar que outros prossionais assinem seus
procedimentos.

Logo, no exercício da prossão, o psicopedagogo, investido de adequada formação,


não pode cobrar honorários de serviços não realizados nem assinar procedimentos
psicopedagógicos que não tenha pessoalmente executado.

O psicopedagogo não pode perder de vista que o objetivo de seu trabalho é a


aprendizagem em todas as suas nuances.
O Código de Ética do Psicopedagogo, no Capítulo I, composto de quatro artigos, dispõe
sobre os princípios que regem a prossão. Averiguemos, cada um deles:
Artigo 1º
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se
ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a
escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos
próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos.

Parágrafo 1º
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento,
relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre
os processos de aprendizagem e as suas diculdades.

Parágrafo 2º
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes
âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o
institucional e o clínico.

Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos,
instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de
aprendizagem, cabíveis na intervenção.

Desta forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área da
educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os fatores que
interferem nesse processo.

O artigo 3ª do Código de Ética do Psicopedagogo estabelece os objetivos do trabalho do


psicopedagogo:

a. promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e


social;
b. compreender e propor ações frente às diculdades de aprendizagem;
c. realizar pesquisas cientícas no campo da Psicopedagogia;
d. mediar conitos relacionados aos processos de aprendizagem.

Como é possível perceber caro(a) estudante, a aprendizagem é o objeto de estudo da


psicopedagogia, no qual é um fator a ser considerado nas atividades psicopedagógicas,
no que se refere à proposição de ações e à mediação de conitos correlacionados. Um
objetivo que também merece atenção concerne ao fato de o psicopedagogo também
atuar como pesquisador.

O artigo 4º do Código de Ética do Psicopedagogo ressalta o envolvimento do


psicopedagogo, juntamente com outros prossionais, em projetos nas áreas da
educação e saúde: “O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, reetir e
elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde
no que concerne às questões psicopedagógicas”.

O Capítulo II do Código de Ética do Psicopedagogo diz respeito à formação


prossional, que deve ocorrer “em curso de graduação e/ou em curso de pós
graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia, ministrados em
estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos
competentes, de acordo com a legislação em vigor”.
Assim, somente podem exercer a prossão de psicopedagogo os prossionais com
graduação na área ou portadores de certicados de pós-graduação expedidos por
instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação.

O Capítulo IV do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 11º, estabelece as


responsabilidades a serem assumidas pelo prossional da psicopedagogia:

Artigo 11º
São deveres do psicopedagogo:
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos cientícos e técnicos
que tratem da aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações prossionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros prossionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer denição clara do
seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de
documento pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título
de exemplos e estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação prossional para a harmonia
da classe e a manutenção do conceito público.

São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, no qual envolvem


formação continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de só
prestar atendimento quando se sentir apto, de zelar pelo nome da prossão, entre
outros.

O Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10º, cuida do


exercício das atividade do psicopedagogo:
Artigo 6º
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os prossionais
graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato
sensu” - e os prossionais com direitos adquiridos anteriormente à
exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É
indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão
psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal.

Parágrafo 1º
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus
serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e
os princípios deste Código de Ética.

Parágrafo 2º
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus
responsáveis legais e o prossional, a m de que:
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando
condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e
tempo despendido;
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados.

Esse artigo, mais uma vez, rearma que, para exercer a prossão de psicopedagogo, é
necessário ser graduado na área ou ter curso de pós-graduação (lato sensu) em
cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação. E recomenda-se ainda que o
psicopedagogo faça terapia. Determina também que a divulgação dos trabalhos
deve ser elaborada conforme as normas difundidas pela ABPp, assim como os
honorários devem ser combinados previamente a m de que ninguém se sinta lesado.

Um dos pontos denidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo prossional, ou seja, o
prossional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos sujeitos.
Entretanto, ressalta em seu artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a respeitar o
sigilo prossional, “protegendo a condencialidade dos dados obtidos em decorrência
do exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam comprometer a
intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento”.

Dessa forma, destaca-se a importância de conhecer o código de ética, e suas


regulamentações, pois elas apresentam com propósito os parâmetros que os
prossionais devem seguir. Vale lembrar que existem vários códigos de ética em meio
a tantas prossões e todos possuem o mesmo propósito, o de conduzirem uma boa
conduta do prossional e do cidadão.
REFLITA
Ser ético é se manter dentro das normas e regras que fundamentam sua
prossão dentro e fora do ambiente de trabalho, por isso que atento nas
mudanças que ocorrem nas normativas do código de ética de sua
prossão, para que não ocorra infrações.
Psicopedagogo e os Novos
Desaos

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Neste último tópico caro (a) estudante vamos estudar alguns pontos sobre o
“psicopedagogo e os novos desaos” que precisamos conhecer para nalizar esta
Unidade com sucesso.

Primeiramente vamos conhecer sobre o perl prossional do psicopedagogo. Dando


início com a seguinte pergunta: Você já pensou como é caracterizado esse
prossional?

Historicamente demarcado pelos estudos médicos e pedagógicos (BASTOS, 2015), os


problemas de aprendizagem, atualmente, são observados pela ótica da
psicopedagogia e constitui-se de estruturas interdisciplinares contribuídas de outros
campos do conhecimento.

Quando se trata do perl prossional que corresponde ao conjunto de habilidades e


características que o prossional deve possuir para desempenhar sua prossão, o
psicopedagogo é o prossional que se preocupa com os processos de aprendizagem
nos múltiplos espaços educativos.

O psicopedagogo faz parte do grupo de prossionais que estão habilitados para o


trabalho no processo de ensino e aprendizagem, no espaço escolar ou não, cujo foco
corresponde a investigar os problemas de aprendizagem e assegurar a qualidade de
educação e da aprendizagem humana.

Sendo assim, a seguinte pergunta é: Você sabe a função do psicopedagogo? O


prossional psicopedagogo é indicado para assessorar e esclarecer a escola a respeito
de diversos aspectos do processo de ensino e aprendizagem e tem atuação
preventiva e terapêutica/clínica. Vários autores consideram não existir distinção
espacial para a ocorrência de ambas, pois há momentos em que se utilizam, no
mesmo espaço, tanto uma ação preventiva quanto uma ação terapêutica. (BOSSA,
2011; BASTOS, 2015).

Para tanto, o trabalho do psicopedagogo se caracteriza como prática clínica e prática


institucional. Enquanto prática clínica, pode ser entendida como uma atuação
pautada na investigação de problemas de aprendizagem e entraves no processo de
ensino- aprendizagem de modo terapêutico. Já como prática institucional, cria
mecanismos para facilitar a construção da aprendizagem evitando entraves no ato
de aprender junto a instituições diversas, como escolas, empresas, ONGs, serviços
públicos, entre outros. (BOSSA, 2011).

No processo de trabalho do psicopedagogo, ele deverá desenvolver atividades


relacionadas ao estudo da aprendizagem humana, reetindo como os indivíduos
aprendem, quais fatores podem condicionar a sua aprendizagem, reconhecendo
esse processo e buscando meios para prevenção e tratamento. Ou seja, seu foco está
nas diculdades de aprendizagem, e para o alcance dos objetivos, é necessário se
envolver com a concepção de aprendizagem de modo amplo.
Sendo assim, sua função e contribuição está estritamente ligada a auxiliar o sujeito
no desenvolvimento de uma aprendizagem uída e signicativa, despertando o desejo
de aprender e realçando as potencialidades do sujeito, utilizando as mais diversas
técnicas, estratégias e metodologias educativas em uma relação integrativa entre a
comunidade, família e instituição escolar ou acadêmica.

ATENÇÃO! O psicopedagogo é o prossional que se ocupa de compreender as


pessoas em situação de aprendizagem e intervém para favorecê-la, a m de que ela
ocorra da melhor maneira possível. Ele prevê problemas e aperfeiçoa as capacidades
de cada pessoa em particular, propiciando o seu acesso ao conhecimento.

Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de diculdades de


aprendizagem, não se remete apenas a deciência do aluno, mas sim em relação a
problemas escolares, tais como: método de ensino; relação professor e aluno; dentre
outros.

Frente ao cenário do século XXI, a autora Masini (2006, p. 257) informa que é
indispensável a Psicopedagogia caracterizar-se como a área que:
• Estuda as relações envolvidas em situações do aprender, para nelas
resgatar o que emerge da vida de crianças, jovens e adultos - de suas
impressões, sentimentos, dúvidas valores, elaborações;
• Cuida para não perder o que sucede, ao buscar os signicados de
situações do aprender para os que dela participam e assim contribuir
para que cada um amplie e aprofunde seus próprios signicados;
• Esforça se para não enfeitar nem mascarar os encontros e desencontros
do sujeito consigo mesmo, com o outro e com o próprio contexto social,
dissimulando fealdades e tornando inexpressivas as situações.

Um dos desaos do psicopedagogo segundo as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak; Silva


(2016) estão na análise e no entendimento das necessidades individuais de cada
aprendiz e suas possíveis diculdades de desenvolvimento intelectual.

Outro desao que as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak; Silva (2016) é da prossão que
ainda não é obrigatória nas escolas, já é um desao. E quando o psicopedagogo
consegue trabalhar em uma escola, deste momento começam os desaos e processos
escolares.

O trabalho psicopedagógico segundo Scoz (2011, p. 150),


[...] pode contribuir muito, auxiliando os educadores a aprofundarem seus
conhecimentos sobre as teorias de ensino/aprendizagem e as recentes
contribuições de diversas áreas do conhecimento, redenindo-as e
sintetizando-as numa ação educativa. Este trabalho levaria o educador a
olhar-se como “aprendente” e como “ensinante”, conectando-o com as
próprias inseguranças, com as angústias de conhecer e desconhecer,
fazendo-o redimensionar seus modelos de aprendizagem e o seu vínculo
com os alunos. (grifo do autor)

Assim, para que ocorra aprendizagem no contexto educacional é necessário que se


tenha ensino de qualidade, onde os recursos, abordagens e técnicas são primordiais
e indispensáveis para a garantia de um ensino de excelência, a autora Scoz (2011, p.
152) acrescenta informando que, a “[...] psicopedagogia pode transformar-se numa
área capaz de oferecer contribuições afetivas para entender os problemas
educacionais”, auxiliando as instituições de ensino nos trabalhos realizados.

SAIBA MAIS
Caro (a) estudante, embora o psicopedagogo possua atividades e
funções especícas, esse prossional não atua de modo isolado. A
complexidade do ser exige uma visão multiprossional para investigação,
pesquisa e tratamento das diculdades de aprendizagem
(psicopedagogo, neurologista, psicólogo, pedagogo, psicomotricista
etc.). (BOSSA, 2011; BASTOS, 2015).
Agora caro (a) estudante que já conhecemos sobre o perl prossional do
psicopedagogo e as suas principais funções, seguiremos estudando sobre as
habilidades e competências. Sabemos que o mercado de trabalho necessita de um
conjunto de conhecimentos e aptidões de cada área prossional para
desenvolvimento produtivo. Nesse sentido, a terceira pergunta é: Quais são as
habilidades e competências requeridas do psicopedagogo? Avaliemos o quadro a
seguir.
Quadro - Habilidades e Competências do Psicopedagogo
a) planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos variados
contextos, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios
da Psicopedagogia;

b) utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por nalidade


a pesquisa e a produção de conhecimento na área;

c) participar na formulação e na implantação de políticas públicas e


privadas em educação e saúde relacionadas à aprendizagem e à inclusão
social;

d) articular a ação psicopedagógica com prossionais de áreas ans, para


atuar em diferentes ambientes de aprendizagem;

e) realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas;

f) exercer orientação, coordenação, docência e supervisão em cursos


de Psicopedagogia;

g) atuar na coordenação e gestão de serviços de Psicopedagogia


em estabelecimentos públicos e privados.

Fonte: Adaptado ABPp, 2019.

Nesse contexto, Santos (2012, p. 2) apresenta sobre o psicopedagogo não basta ter o
conhecimento e o domínio teórico, “[...] já que seu exercício é metateórico e supõe,
por parte do prossional, uma percepção renadamente seletiva e crítica. Mais ainda, a
capacidade de juntar e processar saberes, na medida de cada caso, para dar conta de
cada um. [...]”. A partir das considerações do autor, entendemos que o trabalho do
psicopedagogo necessita, além das habilidades e competências, um sentimento
transformador e o desejo de uma intervenção social.

Estudiosos consideram que o trabalho psicopedagógico está pautado na identicação


da natureza da causa que interfere na forma de atuação do psicopedagogo.
Segundo a reexão de Bossa (2011), a partir das autoras Fernandéz e Paín, quando o
problema provém de causas externas, o trabalho é preventivo, enquanto na
intervenção em problemas cujas causas estão ligadas à estrutura individual e familiar
do sujeito, o trabalho é terapêutico.

Sendo assim, a Psicopedagogia caracteriza-se pela intencionalidade do trabalho do


psicopedagogo em espaços estruturais de um mesmo mecanismo de ordem, função
ou objetivo social, pautado nas concepções de valores, regras, losoa, ideologia e
cultura, tais como: empresas, hospitais, ONGs, escolas e indústrias.
Nesse sentido, seu trabalho com a aprendizagem e seus problemas também estão
relacionados à concepção de grupo, à formação da personalidade e/ou da família, às
estruturas de ensino, às expectativas de vida, às experiências vividas e demais
aspectos que completam, constituem e formam a estrutura social e psíquica do Ser.

Na concepção de Fogali (1988, citada por BOSSA, 2011, p. 87) a psicopedagogia pode
contribuir trabalhando vários aspectos, na natureza da instituição, sendo eles:

• Psicopedagogia familiar, ampliando a percepção sobre os processos de


aprendizagem de seus lhos, resgatando a família no papel educacional,
complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de aprender,
respeitando as diferenças dos lhos.
• Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento,
resgatando a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a
criatividade e os diferentes caminhos para buscar saídas, desenvolvendo
o imaginário, a função humanística e dos sentimentos na empresa, ao
construir projetos e dialogar sobre eles.
• Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem, o lúdico e as
ocinas psicopedagógicas com os internos.
• Psicopedagogia escolar, priorizando diferentes projetos.
• Diagnóstico da escola.
• Busca da identidade da escola.
• Denições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e
identidades, diante do aprender.
• Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e
diretores sobre práticas e reexões diante de novas formas de aprender.
• Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas
avaliativos.
• Ocinas para vivência de novas formas de aprender.
• Análise de conteúdo e reconstrução conceitual.
• Releitura, ressignicando sistemas de recuperação e reintegração do
aluno no processo.
• O papel da escola no diálogo com a família.
Exemplo
Mariana é pedagoga, professora, acaba de concluir a sua graduação em
Psicopedagogia e foi convidada para um trabalho voluntário como
psicopedagoga em uma instituição que acolhe idosos. Implicada e
dedicada, logo após a semana de ambientação e conhecimento do
espaço e seus sujeitos, traçou, inicialmente, um plano de trabalho, a
saber: criar projetos para conhecer o processo de aprendizagem dos
idosos e sua perspectiva existencial, realizar dinâmicas de convivência,
propiciar atividades que desenvolvam o raciocínio, a associação e
comunicação, atuar com ludicidade e jogos aplicados à adultos,
promover a criatividade e a apreciação da expressão artística e
potencializar o diálogo e a troca de saberes experienciais. Vale destacar
que Mariana atuará em uma equipe multiprossional, construindo e
contribuindo com saberes psicopedagógicos junto à gerontologia.

Caro (a) estudante aprendemos que o psicopedagogo é o prossional habilitado para


proporcionar ações relacionadas ao desenvolvimento da aprendizagem humana, e
que sua atuação pode ser de modo institucional ou clínico.

Sendo assim, a Psicopedagogia no espaço clínico trata de compreender o motivo da


não aprendizagem do sujeito sobre determinado aspecto, assim como investigar
ações para que ele possa reconhecer-se como sujeito ativo da aprendizagem e ser
capaz de desenvolvê-la. (BASTOS, 2015).

Na concepção de Bastos (2015, p. 31) na clínica psicopedagógica “cada paciente é


singular, possui um estilo próprio de aprender ou de não aprender”, estabelecendo
“transferência com o psicopedagogo que necessita se tornar uma referência
imprescindível para despertar seu desejo de aprender”. Assim, quando o
atendimento clínico é demandado, faz-se necessário que o psicopedagogo tenha um
olhar e uma escuta sensível para esse contexto de diagnóstico, auxílio,
acompanhamento e ações, que envolverá os pais, os responsáveis, o próprio sujeito e
a instituição de ensino.

Conclusão - Unidade 2

Finalizamos nossa Unidade II conversando sobre a formação do Psicopedagogo,


independentemente de ser em pós-graduação ou em graduação sua formação
propiciará ao futuro prossional subsídios que lhe possibilitem entender como se
desenvolve o processo de aprendizagem e suas diculdades. Ainda, foi possível analisar
sobre a importância do código de ética, não somente na prossão do psicopedagogo,
mas em todas as áreas de atuação. E por m, caro (a) estudante conhecemos alguns
pontos do Psicopedagogo em relação ao novos desaos.

Espera-se que este tópico tenha contribuído para sua formação pessoal e prossional.
FICA A DICA

Livro
Docência: uma construção ético-prossional

Sugiro a leitura do livro intitulado “Docência: uma


construção ético-prossional” dos autores Ilma
Passos Alencastro Veiga; José Carlos Souza Araújo e
Célia Kapuziniak, ano de 2015. O livro irá abordar o que
é ética docente? A construção de um projeto ético
prossional tende a ser instrumento de melhoria da
prática prossional ou pode ser um veículo de
controle burocrático? O que signica constituir um
código de ética docente que oriente a prática
prossional vinculada à educação? O movimento de
construção ético-prossional da docência é um
processo complexo de mudança social no qual estão
envolvidos diversos atores, entidades e organizações
que defendem visões muitas vezes antagônicas. Tal
discussão, carregada de equívocos que precisam ser
esclarecidos, surge em um momento de desprestígio
social da prossão. O desao atual dos professores
reside na construção de um projeto ético-prossional
da docência – com ou sem conselho ou ordem
prossional. Para isso, fazem-se necessários, por um
lado, o compromisso com princípios que lhe são
inerentes e, por outro, o exercício da autonomia tanto
no plano dos direitos como no dos deveres. - Papirus
Editora.
Livro

Web
Unidade 3
Objeto de Estudo da
Psicopedagogia

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães

Introdução
Caro (a) estudante.

Seja bem-vindo (a) à Unidade III da disciplina Fundamentos Epistemológicos da


Psicopedagogia.

Nesta Unidade “Objeto de estudo da Psicopedagogia”, você estudante terá a


possibilidade de estudar sobre a denição do conceito de diculdade de
aprendizagem, bem como também algumas nomenclaturas que estudiosos
nomeiam, como: distúrbio, transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda fracasso
escolar. Ainda nesta aula irá conhecer o que é, dislexia, disgraa, disortograa e
discalculia, bem como o transtorno de décit de atenção/hiperatividade (TDAH) e
transtorno do espectro do autismo (TEA).
A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso
superior.

Boa leitura e bons estudos!


Diculdade de
Aprendizagem X Distúrbio
de Aprendizagem X
Transtorno de
Aprendizagem X Problema
de Aprendizagem

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro (a) estudante o que são diculdades de aprendizagem? Neste ponto, é necessário
denir o conceito de diculdade de aprendizagem, também denominado por alguns
estudiosos como: distúrbio, transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda fracasso
escolar.

Mas será que todos esses termos são adequados? O que signica cada um deles? Há
diferenças entre essas expressões ou são sinônimas?

Segundo o documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da


Educação Inclusiva, Portaria nº. 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em
janeiro/2008, a terminologia adotada deve ser Transtornos Funcionais Especícos.
(BRASIL, 2008). Dentre os transtornos funcionais especícos estão: dislexia,
disortograa, disgraa, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre outros.
O transtorno especíco da aprendizagem, segundo o Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais - DSM-V (2014) é diagnosticado diante de décits especícos na
capacidade individual para perceber ou processar informações com eciência e
precisão. Esse transtorno do neurodesenvolvimento manifesta-se, inicialmente,
durante os anos de escolaridade formal, caracterizando-se por diculdades
persistentes e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou
matemática.

Para Smith e Strick (2012, p. 15) o termo diculdades de aprendizagem “[...] refere-se
não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar
qualquer área do desempenho acadêmico”. Ainda as autoras expõem que as crianças
com diculdades de aprendizagem não conseguem se adaptar à rigidez na sala de
aula. “Para progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar à sua
própria maneira. Se forem colocados com um professor inexível em relação a tarefas
e testes, ou que use materiais e métodos inapropriados às suas necessidades, eles
serão reprovados”. (SMITH; STRICK, 2012, p.36)

Olivier (2011) relata que as diculdades, os problemas e os distúrbios, podem ocorrer


basicamente de três formas, conra o quadro abaixo:
CAUDAS CAUSAS CAUSAS DO SISTEMA
PSICOLÓGICAS ORGÂNICAS

Traumas, Desnutrição, Inadequação dos métodos


problemas anemia ou aplicados em
familiares, distúrbios como aprendizagem, despreparo
problemas dislexia, disgraa, dos professores, entre
nanceiros, entre entre outros. outros.
outros.

Fonte: Adaptado de Oliver (2011, p. 37-38).


O termo “distúrbio” pode ser substituído pelo vocábulo “transtorno”, por ser de
ordem biológica. Na Classicação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID -
10), Distúrbio de Aprendizagem é tido como comprometimento ou atraso no
desenvolvimento de funções ligadas à maturação biológica da parte central do
sistema nervoso, e que se inicia ainda na infância. (OMS, 1993).

Distúrbio de Aprendizado (DA), segundo os autores Neves e Batigália (2011) tem sido
considerado problema especíco da leitura, escrita e de raciocínio matemático,
identicado em geral nos primeiros anos escolares. “Persiste durante toda a vida, uma
vez que é incurável, embora possa ser atenuado, a depender do tipo de transtorno”.
(NEVES; BATIGÁLIA, 2011, p. 78). Associa-se a atraso no desenvolvimento da fala e da
linguagem, a confusões têmporo-espaciais, de esquema corporal e de lateralidade ou
a alterações do funcionamento cerebral normal.

Diculdade de Aprendizagem (DE), segundo os autores Neves e Batigália (2011, p.78)


“consiste em conjunto de fatores de ordem pedagógica, sócio-cultural, psicológica e
econômica que proporcionam impedimento em aprender. Possui, assim, origem
extrínseca, ou seja, depende do meio ambiente para se desenvolver
nosologicamente”.

Problema de Aprendizagem, segundo a autora Paín (1989, p. 28), considera-se como


um sintoma, no sentido de que não-aprender não congura um quadro permanente,
“mais ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca
como sinal descompensação”.

As autoras José e Coelho (2009) corroboram com Paín (1989) sobre o problema de
aprendizagem acrescentando que ca difícil para o professor de sala diferenciar um
problema de aprendizagem de um distúrbio, cando para um especialista na área de
diferenciar uma da outra.

Segundo Cohen (2004, p. 264), o fracasso escolar, como sintoma da


contemporaneidade pode caracterizar-se como

[...] algo que não funciona, que impede a aprendizagem, que se mantém
e se repete como sintoma, pode ser fruto de um mau encontro, um
encontro traumático com as demandas irrespondíveis da educação,
encarnadas por seus representantes, chamados de os “Outros”: família,
escola e Estado.

Caro (a) estudante, como vimos existem algumas nomenclaturas para nomear as
diculdades de aprendizagem, mas o mais importante não são os nomes dados ao
problema, e sim a necessidade de se investigar clinicamente as causas: é necessário
realizar um diagnóstico multidisciplinar com prossionais como psicopedagogos,
psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, entre outros.
Devemos lidar com a situação de forma responsável e assertiva, pois as diculdades
de aprendizagem podem, muitas vezes, não estar relacionadas com fatores
patológicos, neurológicos, psicológicos, neurolinguísticos ou psicopedagógicos, mas
sim com outras questões: familiares, culturais e econômicas.
Dislexia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro(a) estudante vamos iniciar este tópico analisando a origem da palavra
DISLEXIA. A origem do grego dis - diculdade e lexia - linguagem, entende-se que a
dislexia seja uma diculdade na aquisição de linguagem.

Levando-se em conta que léxico signica, entre outras denições, conjunto total das
palavras usadas em uma língua/idioma (MICHAELIS, 2019), o termo disléxico deve
denir o indivíduo desprovido de capacidade na aquisição desse conjunto de palavras.
Esta seria a essência da denição de dislexia, mas, evidentemente, o distúrbio é bem
mais complexo e necessita de muitas outras denições para que seja considerado
realmente denido, segundo Olivier (2011).

No entanto, segundo o pesquisador Olivier (2013) descreve em um de seus livros que


alguns prossionais como Susan Brady, Hugh Catts, Emerson Dickman, Guinevere
Eden, Jack Fletcher, Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley Tomey e Thomas Viall, em
2003, entraram em um consenso, colocando a denição da Dislexia, sendo:
Dislexia é uma diculdade de aprendizagem de origem neurológica. É
caracterizada pela diculdade com a uência correta na leitura e por
diculdade na habilidade de decodicação e soletração. Essas diculdades
resultam tipicamente do décit no componente fonológico da
linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades
cognitivas consideradas na faixa etária.

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia - ABD (2016) publicou em sua paǵina


ocial possíveis sinais da Dislexia do desenvolvimento, no qual é considerada como
um transtorno especíco de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada
por diculdade no reconhecimento preciso e/ou uente da palavra, na habilidade de
decodicação e em soletração. Vide quadro abaixo:
ALGUNS SINAIS ALGUNS SINAIS NA IDADE ESCOLAR
NA PRÉ-ESCOLA

Dispersão; Diculdade na aquisição e automação da


Fraco leitura e da escrita;
desenvolvimento Pobre conhecimento de rima (sons iguais no
da atenção; nal das palavras) e aliteração (sons iguais no
Atraso do início das palavras);
desenvolvimento Desatenção e dispersão;
da fala e da Diculdade em copiar de livros e da lousa;
linguagem Diculdade na coordenação motora na (letras,
Diculdade de desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa
aprender rimas e (ginástica, dança etc.);
canções; Desorganização geral, constantes atrasos na
Fraco entrega de trabalho escolares e perda de
desenvolvimento seus pertences;
da coordenação Confusão para nomear entre esquerda e
motora; direita;
Diculdade com Diculdade em manusear mapas, dicionários,
quebra-cabeças; listas telefônicas etc.;
Falta de interesse Vocabulário pobre, com sentenças curtas e
por livros imaturas ou longas e vagas;
impressos.

Fonte: Adaptado de ABD (2016).


No entanto, segundo Olivier (2013) nas crianças pequenas antes do início da fase
escolar, é um tanto difícil diagnosticar a dislexia, pois há outros distúrbios que
apresentam sintomas parecidos.

Portanto, caro (a) estudante, a idade que mais facilita o diagnóstico da dislexia é a
idade escolar, bem como outros distúrbios de aprendizagem. É durante a
alfabetização que se pode detectar com mais certeza a dislexia cuja principal
característica está na ausência ou grande diculdade em aprender a ler e/ou escrever.
Porém, Olivier (2013) nos chama a atenção para um fato importante, é preciso estar
atento, pois não se trata apenas de diculdade em aprender as letras, mas a diculdade
em identicá-las. “Dependendo da gravidade do caso, o cérebro de um disléxico não
consegue identicar nenhuma letra, parecem apenas sinais sem nexo algum”.
(OLIVIER, 2013, p. 49).

Ana Lou Olivier vem pesquisando a mais de 30 anos e apresenta dentro da


Psicopedagogia três tipos de dislexia, baseados nas pesquisas teóricas e práticas,
bem como em Multiterapia.
1. Dislexia Congênita ou Inata: É a dislexia que nasce com o indivíduo, pode ter as
mais variadas causas e tem características próprias, como, por exemplo, “uma
comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-se
invertidos ou em igualdade ou até por uma alteração de alguns cromossomos”.
(OLIVIER, 2011). Em consequência disso é o indivíduo disléxico tem pouca ou
nenhuma habilidade para a aquisição de leitura e de escrita e, geralmente, não
consegue ler e escrever por muito tempo e, quando termina de ler e escrever, já não
se lembra de mais nada.

2. Dislexia Adquirida: É a dislexia que vem por meio de um acidente qualquer,


como, por exemplos, anoxia perinatal, anoxia por afogamento, acidente vascular
cerebral entre outros acidentes.

3. Dislexia Ocasional: É a dislexia causada por fatores externos e que aparece


ocasionalmente, por um “esgotamento do Sistema Nervoso/estresse, excesso de
atividades e, em alguns casos, considerados raros, por TPM e/ou hipertensão”.

Dentro destes tipos de dislexia que Olivier (2013, p. 52) apresenta, “existem variações
que parecem tornar cada caso em um caso e cada disléxico em único. Portanto, não
dá mais para admitir generalizações”.

Segundo a autora Olivier (2011, p. 61-62) podemos resumir os sintomas de acordo com
sua intensidade para melhor denir e detectar cada tipo de dislexia, sendo eles:

Singular/Primária: apresenta desde a primeira infância um certo atraso no


desenvolvimento da fala e da linguagem e/ou no desenvolvimento visual.
Diculdades em aprender canções, versinhos, pequenas histórias ou imediato
esquecimento após ouvi-las, e ainda problemas com coordenação motora.
Durante a alfabetização, pode apresentar problemas e diculdades em leitura e
soletração, não reconhecendo letras e números. Pode caracterizar qualquer tipo
de dislexia ou outros distúrbios já relatados ou a serem relatados
posteriormente.
Comum/Correlata: apresenta problemas nos processos de linguagem
(articulação, memória verbal a curto e longo prazo). Problemas com lateralidade
(confusão entre lado direito e esquerdo) e também pode caracterizar qualquer
tipo de dislexia ou outros distúrbios.
Especíca/Secundária: caracteriza-se pelo baixo desempenho em compreensão
na leitura, diculdade ou ausência de alfabetização, não identicação de letras,
diferenças no movimento dos olhos durante a leitura ou tentativa de leitura.
Geralmente caracteriza a Dislexia Congênita ou Inata.
Relativa/Articial: problemas com a atenção e problemas visório-espaciais, e é
mais comum na dislexia ocasional ou em outros vários distúrbios.

Antes de qualquer atitude, deve-se analisar como o indivíduo reage do processo de


alfabetização. Se apresenta diculdades de pronúncia, de articulação, diculdades para
aprender nome das letras ou cores, falta de memória para lembrar-se de coisas
simples, como seu endereço, data de aniversário, não se concentra em aulas
teóricas, preferindo aulas de criatividade, como colagem, desenho, entre outras. E,
ainda, se o aluno aparece não identicar letras em geral, confunde-se em ditados, faz
inversões.

ATENÇÃO! Neste ponto, não se trata de trocar o “p” por “b” e outros absurdos
amplamente divulgados como características de dislexia. Deve-se vericar se o
indivíduo não consegue identicar qualquer que seja a letra, se confunde letras em
geral, se para ele todas as letras parecem a mesma coisa, ou seja, um sinal sem
sentido algum.
Disgraa e Disortograa
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Neste tópico caro(a) estudante vamos sequência em identicar alguns dos “dis”, neste
momento sendo eles: disgraa e disortograa.

Já vimos o signicado de “Dis”, agora vamos para Graa, que vem do grego
graphos/graphein é denida pelo dicionário Michaelis (2019) como “técnica do uso da
linguagem como comunicação escrita”, porém, analisando a fundo, pode-se vericar
que é mais ampla, para Olivier (2011, p.57) “podendo ser denida como habilidade na
utilização de sinais (símbolos, marcas, desenhos) para exprimir as ideias humanas”.

Disgraa é a diculdade ou a ausência na aquisição da escrita. O indivíduo fala de


forma normal, em muitos casos consegue ler, mas não consegue transmitir
informações visuais ao sistema motor. (OLIVIER, 2011).

Para Pérez (2005), a disgraa é um transtorno da escrita que afeta a forma ou


signicado e é do tipo funcional.
Nunes; Silveira (2015, p. 101) relatam que disgraa, é diculdade signicativa no
desenvolvimento de habilidades relacionadas à escrita, “[...] que não se explicam por
uma deciência mental ou por uma má qualidade da escola”.

Leal; Nogueira (2012, p.76) expõe que as principais causas do transtorno funcional
especíco da aprendizagem a disgraa, são: “[...] a sequencialização, que implica na
falha perceptual, acarretando diculdades no processamento sequencial da
informação recebida e na sua forma de organização, e o processamento”.

Ainda, Leal; Nogueira (2012) acrescentam a seguinte informação:

[...] nos casos de disgraa, podem-se perceber, também distúrbios de


motricidade ampla e especialmente na, bem como distúrbios de
coordenação visiomota, a deciência da organização temporoespacial, os
problemas de lateralidade e direcionalidade.

As características da disgraa, segundo a autora Olivier (2011) são:


• O indivíduo não possui diculdades visuais nem motoras, mas não
consegue transmitir as informações visuais ao sistema motor.
• Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,
números e palavras.
• Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio.
• Pode apresentar traços pouco precisos e incontrolados.
• Grasmos não diferenciados nem na forma nem no tamanho.
• Escrita desorganizada em partes ou no todo.
• Realização incorreta de movimentos de base especialmente em ligação
com problemas de orientação espacial etc.
• Pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar ideias por meio
de símbolos visuais, pois não consegue escrever ou, se escreve, não
reproduz letras e palavras coerentes.
• Resumindo: o indivíduo lê, mas, em muitos casos, não escreve ou
escreve de forma desordenada, irregular ou ilegível.

As soluções da disgraa acima de tudo é avaliação multidisciplinar e


acompanhamento psicopedagógico (OLIVIER, 2011).

Para tanto, o indivíduo com disgraa apresenta distúrbio diferenciado e generalizado


que engloba diculdade ou mesmo ausência a comunicação gráca em geral (isso
incluindo escrita de letras, sinais, símbolos e até mesmo desenhos), ou seja, para ser
classicado como pessoa com disgraa, é preciso apresentar diculdades em todas as
expressões escritas e não somente na letra como se tem denido tão erradamente por
décadas. Até porque o indivíduo que apresenta diculdades apenas na escrita já tem
um outro nível para ser classicado que é a Disortograa.

Disortograa deriva dos conceitos “dis” que já trabalhamos no início do tópico 3.2 +
“orto” (correto) + “graa” (escrita). Esta patologia pode ainda ser conhecida segundo o
DSM-V (2014) como perturbação da expressão escrita, ou seja, é uma perturbação
especíca de aprendizagem, de origem neurobiológica que afeta as capacidades da
expressão escrita, em particular a precisão ortográca, a organização, estruturação e
composição de textos escritos, a construção frásica é pobre e por norma curta e
observa-se ainda a presença de muitos erros ortográcos.

Em outras palavras a disortograa é a diculdade na expressão da linguagem escrita,


revelada por fraseologia incorretamente construída e/ou por palavras escritas de
forma errada, associada geralmente a atrasos na compreensão e/ou na expressão da
linguagem escrita. (OLIVIER, 2011).

José e Coelho (2009), evidenciam os principais tipos de erro que a criança com
disortograa costuma apresentar, sendo eles:

Confusão de letras - trocas auditivas:

Consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/j;


Vogais nasais por orais: an/a; en/e; in/i; on/o; un/u.
Confusão de sílabas com tonicidade semelhante: cantarão/cantaram.

Confusão de letras - trocas visuais:

Simétricas: b/d; p/q;


Semelhantes: e/a; b/h; f/t.

Confusão de palavras com congurações semelhantes: pato/pelo.

Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: casa/caza, azar/asar,
exame/ezame (som o z).

Além dessas trocas podem surgir diculdades em recordar a sequência dos sons das
palavras, que são elaboradas mentalmente. Surgem então: omissões, como:
caxa/caixa; adições, como: árvovore/árvore; inversões, como: picoca/pipoca;
fragmentações, como: en contraram/encontraram; a parecer/aparecer; junções, como:
Umdia o menino/Um dia o menino; contaminação, na palavra, de uma letra por outra
próxima, como: brincadeira/brindadeira.

A memória visual da criança que apresenta disortograa deve ser estimulada


constantemente. Isso pode ser feito por meio de quadros onde constem as letras do
alfabeto, as famílias silábicas e os números, para que ela possa utilizá-los enquanto
faz seu trabalho escrito.
Discalculia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro(a) estudante, neste tópico trabalharemos com o tema “Discalculia”, no qual
vamos apresentar os conceitos, classicações e tipos.

A palavra Discalculia vem dos conceitos “dis” que já trabalhamos anteriormente que
é “diculdade” e a palavra “calculia” que do latim “calculare: contar”.

O termo foi referido por Garcia (1998) como discalculia ou discalculia de


desenvolvimento, caracterizando-a como uma desordem estrutural da maturação
das capacidades matemáticas, sem manifestar, no entanto, uma desordem nas
demais funções mentais generalizadas.

Na perspectiva de Vieira (2004, p. 111) a discalculia signica, “etimologicamente,


alteração da capacidade de cálculo e, em um sentido mais amplo, as alterações
observáveis no manejo dos números: cálculo mental, leitura dos números e escrita
dos números”.
Corroborando com essas ideias, Fonseca (1995) aponta algumas diculdades de
aprendizagem que estão comumente associadas à discalculia e que necessitam ser
identicadas pelos professores da educação básica, primeiros anos. São diculdades
que a criança enfrenta ao relacionar termo a termo; associar símbolos aditivos e
visuais aos números; contar; aprender sistemas cardinais e ordinais; visualizar grupos
de objetos; compreender o princípio da conservação; realizar operações aritméticas;
perceber a signicação dos sinais de adição e subtração, de multiplicação e divisão e
de igualdade; ordenar números espacialmente; lembrar operações básicas (tabuada);
transportar números; seguir sequências; perceber princípios de medidas; relacionar o
valor de moedas, entre outros.

Dentre os estudos sobre a discalculia, verica-se que este transtorno normalmente


está associado a um problema neurológico, segundo Campos (2014, citado por
BORGES, 2015, p.12) “[...] ainda há um longo caminho a percorrer, pois são recentes os
estudos sobre a Discalculia”. Mas, segundo vários neurologistas, “já se conhece que a
região cerebral utilizada para as habilidades matemáticas é o lobo parietal, em
ambos os hemisférios, juntamente com outras áreas do cérebro, como o lobo
occipital, memória de trabalho visual, espacial e outros”.

Relvas (2011, p.54) considera a discalculia, como sendo, “a ausência de habilidades


matemáticas, como contagem, e, sim, a forma como que a criança associa essas
habilidades como o mundo que a cerca”. Sendo assim, “a aquisição dos conceitos
matemáticos, bem como as outras atividades que exigem raciocínio, é afetada nesse
transtorno, cuja baixa capacidade para manejar números e conceitos matemáticos
não é originada por lesões ou outra causa orgânica”.

Em outras palavras a discalculia provoca diculdades em aprender tudo o que está


diretamente relacionado a números, como “operações matemáticas elementares,
suas aplicações e ordenações tornam-se um problema exaustivo para o discalcúlio”,
ou seja, ele tem diculdade em entender os conceitos e até mesmo classicar números
de forma a colocá-los numa sequência lógica. (MAJDALANI, 2018, p.16).
Uma classicação apresentada nos estudos de Kosc (1974 citado por GARCIA, 1998, p.
213) (o pioneiro sobre o estudo da discalculia), engloba seis tipos de discalculia, no
qual vários outros autores vem aplicando em seus estudos, armando que essas
discalculias podem estar manifestadas sob diferentes combinações e unidas a outros
transtornos de aprendizagem, como é o caso, por exemplo, de crianças com dislexia
ou décit de atenção e hiperatividade. Esses subtipos dividem-se em:

1. Discalculia verbal: diculdades em nomear quantidades matemáticas, os


números, os termos e os símbolos;
2. Discalculia practognóstica: diculdades para enumerar, comparar, manipular
objetos reais ou em imagens;
3. Discalculia léxica: diculdades na leitura de símbolos matemáticos; 4.
Discalculia gráca: diculdades na escrita de símbolos matemáticos; 5. Discalculia
ideognóstica: diculdades em fazer operações mentais e na compreensão de
conceitos matemáticos; e
6. Discalculia operacional: diculdade na execução de operações e cálculos
numéricos.
Para Farrel (2008), pesquisadores se empenham em identicar e delinear diferentes tipos
de Discalculia para acrescentar e ampliar as denições básica, sendo elas:

a. Discalculia Espacial: diculdade em avaliação e organização visoespacial; b.


Anaritmetria: perturbação na utilização de procedimentos aritméticos, como
confusões entre operações escritas como: adição, subtração, divisão e multiplicação.
c. Discalculia Léxica: diculdade em compreender a linguagem matemática (e seus
sinônimos) com a simbologia, como exemplo: subtrair, retirar, deduzir, menos e “-”. d.
Discalculia Gráca: diculdade em escrever os símbolos e dígitos que são
indispensáveis para a realização do cálculo.
e. Discalculia Practográca: deciência na capacidade de manipular objetos concretos
ou ilustrados, ou seja, pode apresentar diculdade em comparar dois objetos em
relação ao tamanho e peso.

De acordo com Campos (2014, p.6) a Discalculia pode ser dividida em três classes,
sendo elas:

1ª Natural: a criança ainda não foi exposta a todo o processo de contagem, logo não
adquire conhecimentos sucientes para compreender o raciocínio matemático;

2ª Verdadeira: não apresenta evolução favorável no raciocínio lógico-matemático,


mesmo diante de diversas intervenções pedagógicas;

3ª Secundária: sua diculdade na aprendizagem matemática está associada a outras


comorbidades, como por exemplo: a dislexia.
Campos (2014) informa que é fundamental esclarecer que os discalcúlicos
apresentam a inteligência normal, e que devemos considerar que não existem
discalcúlicos iguais, sendo que cada um tem suas diculdades especícas.

REFLITA
“É hoje incontestável a armação de que o órgão privilegiado da
aprendizagem é o cérebro. Dadas as relações inevitáveis entre o cérebro
e o comportamento e entre o cérebro e a aprendizagem, da mesma
forma essa relação se verica quando se abordam as diculdades de
aprendizagem (DA)”. (FONSECA, 1995, p. 148).
TDAH e TEA

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro (a) estudante para este último tópico de nossa unidade, vamos abordar os
seguintes assuntos: Transtorno de Décit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e o
Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O DSM- V (2014) dene o Transtorno de Décit de Atenção/Hiperatividade como um


problema de saúde mental, considerando-o como um distúrbio bidimensional, que
envolve a atenção e a hiperatividade/impulsividade.

O TDAH tem um grande impacto na vida familiar, escolar e social da crianças,


segundo a autora Beczik (2010, p. 25) a característica essencial do TDAH “é um padrão
persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e severo do que
aquele tipicamente observado em crianças de mesma idade que estão no nível
equivalente de desenvolvimento”.

As crianças com TDAH demonstram níveis de atenção inapropriados para a idade, são
impulsivas e geralmente superativas, apresentam diculdades para seguir regras e
normas. Podem apresentar também problemas de conduta, agressividade, pobre
baixo rendimento escolar ou problemas e aprendizagem e diculdades sociais,
especialmente relacionados com os amigos e conitos na família. Essas crianças
apresentam também baixa tolerância à frustração, dicilmente aceitam um “não”. E,
em geral, têm uma percepção negativa de si mesmos, em razão das repetidas
frustrações vividas. A autoestima dessas crianças, geralmente é baixa. (BECZIK, 2010).

Os sintomas aparecem frequentemente cedo na vida da criança, mas tornam-se mai


graves a partir do ingresso desta na escola, porque, durante o processo de
aprendizagem escolar a criança necessita focar mais a sua atenção e permanecer
sentada, durante as aulas. (BECZIK, 2010).

Ainda sobre o transtorno, deve-se analisar também que, apesar de a maioria dos
indivíduos apresentar um conjunto de sintomas e características de desatenção,
hiperatividade, impulsividade, existem algumas predominâncias e variações que os
classicam em subtipos, segundo Olivier (2011, p 80-81) são:

Combinado: quando os sintomas igualam-se em desatenção, hiperatividade e


impulsividade.
Desatento: quando os sintomas pendem para a desatenção, variando desde
simples desatenção até grande alienação.
Hiperativo-Impulsivo: quando os sintomas aliam-se à hiperatividade
impulsividade.

ATENÇÃO! O TDAH também pode estar associado ao Transtorno obsessivo


compulsivo (TOC) ou à síndrome de Tourette (ST). Por isso, deve-se cuidar muito do
seu diagnóstico, para não prejudicar o paciente.

Segundo Schmdit (2014) o autismo foi considerado desde o início uma psicose, mais
especicamente uma forma de manifestação bastante precoce da esquizofrenia, cuja
etiologia era eminentemente de origem psicológica e relacional.

No entanto, no decorrer dos alunos, a hipótese da etiologia do autismo passa a ser


questionada, dando lugar à compreensão do transtorno como uma síndrome
comportamental de um quadro orgânico. (SCHMDIT, 2014).

Na mais recente classicação, no DSM-V (2014), o autismo pertence à categoria


denominada transtornos de neurodesenvolvimento, recebendo o nome de
transtornos do espectro do autismo (TEA). Assim, o TEA é denido como um distúrbio
do desenvolvimento neurológico que deve estar presente desde a infância,
apresentando décit nas dimensões sociocomunicativa e comportamental.
No entanto, compreender o autismo com base na perspectiva dimensional
(transtorno do espectro do autismo - TEA) em vez da categoria (transtorno global do
desenvolvimento - TGD) também favorece o uso de nomenclaturas e diagnósticos
variados por prossionais de diversas orientações teóricas, pode causar confusão
conceitual . (SCHMDIT, 2014).

Segundo Olivier (2011, p.117) as características mais divulgadas do TEA são:

1 - Olhos expressivos. Parece não enxergar ou não conseguir fazer nenhum contato
com o meio exterior por meio dos olhos.

2 - Age como surdo, parece não ouvir nada e pode gritar inesperadamente.

3 - Não aprende a falar, chega aos cinco ou seis anos sem conseguir nunca
expressar-se verbalmente ou, então, pode começar a desenvolver a linguagem falada,
mas há uma interrupção desse processo sem nenhum motivo aparente, e a
linguagem adquirida parece apagada irreversivelmente.

4 - Age de forma alienada ou desatenta, parece não ver nem sentir nada e age sem
demonstrar interesse pelo que acontece à sua volta, com ele mesmo ou com os
outros.

5 - Pode tornar-se agressivo, inclusive atacando e/ou ferindo a si mesmo ou a outras


pessoas, sem nenhum motivo aparente.

6 - Não responde a nenhum estímulo e é inacessível diante de tentativas de


comunicação das outras pessoas, mesmo sendo seus pais ou parentes muito
próximos.

7 - Costuma passar longos períodos parado ou xado o olhar em um determinado


ponto ou, no máximo, xando-se em poucos pontos e não como, normalmente, as
crianças fazem, querendo tocar e
conhecer tudo à sua volta.

8 - Como já disse, prece desenvolver alguns rituais que repete constantemente,


principalmente o mais característico que é o gesto de balançar as mãos e os braços
ou balançar-se.

9 - Ao invés de reconhecer e brincar com seus brinquedos, geralmente os lambe,


cheira, morde ou os atira longe sem sequer ver o que são.

10 - Parece insensível à dor e pode até ferir-se de forma intencional e até constante.

O tratamento é, na realidade, um treinamento para o desenvolvimento de uma vida


tão independente quanto possível. Basicamente a técnica mais usada é a
comportamental, além dela, a Musicoterapia pode funcionar perfeitamente, segundo
Olivier (2011).
SAIBA MAIS
Caro (a) estudante, sugiro que assista ao programa apresentado pelo Dr.
Dráuzio Varela no Fantástico sobre o TEA, foi uma série de reportagens
sobre o autismo, em 2013.

ACESSAR

Conclusão - Unidade 3

Finalizamos nossa Unidade III, no primeiro momento abordamos sobre a


denição do conceito de diculdade de aprendizagem, bem como também
algumas nomenclaturas que estudiosos nomeiam, como: distúrbio, transtorno,
problema de aprendizagem, ou ainda fracasso escolar. Conhecemos e
identicamos o que é: dislexia, disgraa, disortograa e discalculia, bem como o
transtorno de décit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro
do autismo (TEA).

Acredito que esta unidade serviu de apoio para complementar sua formação,
com questões de cunho teórico essenciais para a prática psicopedagógica.
FICA A DICA

Livro

Uma Criança Chamada Amor - A comovente história de uma


menina especial contada pela sua dedicada professora

Sinopse: Mary MacCracken, professora especializada em distúrbios


de aprendizagem, colocava sérias reservas em receber na sua sala
uma nova aluna, Hannah, de 8 anos. Os três rapazes de que se
ocupava estavam a fazer progressos assinaláveis e a vinda de
Hannah, considerada imensamente problemática, poderia deitar
por terra todos esses avanços.

Nas duas primeiras semanas, Hannah refugiou-se num armário,


recusando-se a sair. Os seus berros constantes compunham um
quadro com os piores sintomas que Mary alguma vez vira.

Como poderia a professora ajudar uma criança habituada a ser


tratada como um animal, enclausurada na própria casa e
espancada pelo pai e o irmão? O que poderia dizer e o que haveria
de fazer para ajudar aquela menina perdida?

Reconhecendo a enorme força interior que habitava no fundo de


Hannah, Mary dedicou todo o seu amor, paciência e engenho a
uma longa e incrível viagem de recuperação que encetou com a
sua aluna.

Esta é a comovente história real de Hannah, uma criança


maltratada, perdida num mundo de sofrimento e solidão, e da
professora extraordinária que a conseguiu resgatar para a vida.

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