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INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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1 BASES HISTÓRICAS DA PSICOPEDAGOGIA
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“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia,
perfilou-se como um conhecimento independente e complementar,
possuidora de um objeto de estudo – o processo de aprendizagem – e de
recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Bossa, 2007, p.23).
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O princípio da ação social: tem a ver com a forma como um indivíduo interage
com os outros e constrói relacionamentos. Ter relacionamentos positivos
(JERÔNIMO SOBRINHO, 2015).
Nesses termos, a terapia psicopedagógico equilibra um aluno com
dificuldades de aprendizagem e um profissional que entende a linguagem dramática
do aluno e controla os aspectos que influenciam o aprendizado. Como resultado, o
relacionamento está se tornando mais equilibrado.
Como o equilíbrio é essencial em qualquer relação, o psicopedagogo deve
estabelecer uma relação afetiva e de confiança com o educando, a fim de restituir-lhe
o desejo de aprender, ou restabelecer a relação do educando com o objeto de
conhecimento, concedendo-lhe autoridade para pensar.
As origens da Psicopedagogia
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A preocupação decorre de como o aluno lida com as vantagens e
desvantagens da aprendizagem, bem como de como o conhecimento é retido. Em
princípio, a psicopedagogia estava ligada à medicina e à psicologia. Além dos
professores, as conferências psicopedagógicos incluíam médicos, psicólogos e
psicanalistas.
Segundo Barbosa (2007, p. 91), a psicopedagogia
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A preocupação com crianças com dificuldades de aprendizagem surgiu nos
Estados Unidos a partir da década de 1930, com a criação dos primeiros centros
reeducacionais para atender delinquentes juvenis. Em 1931, a educação especial é
incluída nas escolas e, em 1941, formam-se as primeiras associações de pais de
crianças com dificuldades de aprendizagem, nomeadamente na área da linguagem
escrita. Nesse período, houve um aumento significativo no número de escolas
especiais para o atendimento de crianças classificadas como lentas (CLARO, 2018).
É fundamental notar que a ênfase recaiu sobre os aspectos médicos, o que
implica que as dificuldades de aprendizagem foram examinadas apenas do ponto de
vista biológico.
Quando se trata da América Latina, vale destacar que a Argentina foi pioneira
no continente, influenciando a forma como a psicopedagogia é praticada no Brasil. A
psicopedagogia argentina foi fortemente influenciada pela literatura francesa (CLARO,
2018).
Na prática, as atividades psicopedagógicos na Argentina começaram antes
do surgimento do curso de Psicopedagogia. Profissionais com outra formação
sentiram a necessidade de ocupar um espaço que nenhum psicólogo ou pedagogo
nasceram e, assim, iniciaram a reeducação com o objetivo de sanar os fracassos
escolares.
Nas palavras de Bossa (2011, p. 40), nesse período, “trabalhava-se as
funções egoicas, tais como memória, percepção, atenção, motricidade e pensamento,
medindo-se os déficits e elaborando planos de tratamento que objetivavam vencer
estas faltas”.
Uma formação que incluiu influências da epistemologia genética (Jean
Piaget), psicanálise (Freud e pós-Freudiana) e psicologia social (Pichon Rivière) e
focada em problemas de aprendizagem. Os teóricos argentinos como Dr. Quirós,
Jacob Feldmann, Sara Pain, Alcia Fernandez, Ana Maria Muiz, e Jorge Visca foram
responsáveis pela criação de metodologias sobre problemas de aprendizagem e
disseminar o conhecimento da psicopedagogia no Brasil, enriquecendo o
desenvolvimento dessa área de conhecimento.
A Psicopedagogia no Brasil
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A Psicopedagogia foi fundada na Europa ao longo do século XIX com o
objetivo de tratar os casos de insucesso escolar por meio da avaliação psicológica e
terapêutica das crianças envolvidas.
Mais tarde, à medida que os fundamentos da psicopedagogia evoluíram e se
expandiram, começaram a ser estudados os problemas externos e internos que
dificultavam o aprendizado. As primeiras salas de aula especiais foram criadas nos
Estados Unidos por volta da virada do século, e os centros de orientação infantil e
educacional surgiram na França (BOSSA, 2011).
Verifica-se de que não houve nenhuma formação especializada em
psicopedagogia nesse período. Situações relacionadas ao processo de aprendizagem
e suas dificuldades foram tratadas e estudadas, principalmente por médicos,
psicólogos e outros especialistas. A psicopedagogia, como campo de estudo e
conhecimento, foi estabelecida na Argentina, e todas as atividades de avaliação e
intervenção foram estabelecidas, assim como os testes e medidas que poderiam ser
usados nas sessões psicopedagógicos. É importante reconhecer as contribuições de
Jorge Visca, Alicia Fernandez e Sara Pan para o desenvolvimento e construção dos
fundamentos teóricos necessários para a compreensão das dificuldades e transições
de aprendizagem e seus respectivos tratamentos (AZEVEDO, MORAES, FONSECA,
2022).
Na década de 1960, a psicologia clínica surgiu no Brasil e na Argentina. Nesse
período foram inauguradas as primeiras turmas da Faculdade de Psicopedagogia de
Buenos Aires. Uma colaboração entre medicina e educação resultou na criação das
Clínicas de Leitura no Rio Grande do Sul. Desde essa década, alguns autores
brasileiros preocupam-se com as dificuldades de aprendizagem causadas por
deficiências e introduzem no país o conceito de Psicopedagogia. No entanto, não foi
até a década de 1970 que a ideia de que os problemas de aprendizagem eram
causados por diferenças neurológicas ganhou força, de acordo com o DSM (Manual
de Diagnóstico e Estatística sobre Dificuldades de Aprendizagem).
Nesse contexto, o Brasil incluiu a proposta de construção de psicopedagogos
para tratar os problemas de repetência e evasão escolar.
Bossa (2000) afirma que, segundo Sergio Leite, os psiquiatras foram
impedidos de exercer a profissão na Argentina e, por conta disso, passaram a atuar
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na educação, desenvolvendo um método de enfrentamento das chamadas
dificuldades de aprendizagem, tornando-se pioneiros nessa área na América do Sul.
Vale ressaltar que, apesar da existência de alguns programas de pós-
graduação, a maior parte da formação em Psicopedagogia no Brasil ocorre em
programas de pós-graduação. Também foram realizados encontros nacionais nos
estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, que contribuíram para o fortalecimento da
Psicopedagogia em nosso país, culminando com a formação da Associação Brasileira
de Psicopedagogia (ABPP) em 1980 em São Paulo, que vem sendo lutando pela
regulamentação da profissão de psicopedagogo no Congresso Nacional desde a
aprovação do Projeto de Lei 31/2010. Segundo Bossa (2011, p. 88), a Associação,
além de se preocupar com a regulamentação profissional, também é “responsável
pela organização de eventos nacionais, bem como pelas publicações cujos temas
retratam as preocupações e as tendências na área”.
ABPq
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identidade da categoria, na elaboração, divulgação e revisão de conhecimentos e
tendências da área, bem como na organização de eventos.
Uma de suas primeiras iniciativas nacionais foi a promoção do “I Congresso
Brasileiro de Psicopedagogia” em conjunto com o “III Encontro de Psicopedagogos”,
cujo objetivo era enfatizar a importância da integração do conhecimento para a
compreensão do processo de aprendizagem como um todo- algo que já havia tentado
como Associação Paulista. Após esse encontro, a ABPp promoveu diversos outros
eventos.
Além de promover encontros, conferências e seminários, a ABPp está agora
envolvida na formação de psicólogos do país. Com esse objetivo em mente, o
Conselho Nacional da ABPp aprovou um trabalho em 2000 intitulado “Diretrizes
Básicas da Formação de Psicopedagogos no Brasil e Eixos Temáticos para Cursos
de Formação em Psicopedagogia” que continha recomendações para a formação
nacional de psicopedagogos (RAMOS, 2009).
Segundo Bossa (2011, p.113), “a Associação Brasileira de Psicopedagogia
continua na luta pela regulamentação profissional, graças à aprovação do Projeto de
Lei nº 3.124/97 do Deputado Barbosa Neto”.
Entre outras coisas, o Conselho recomendou que os cursos de
Psicopedagogia fossem oferecidos prioritariamente em nível de pós-graduação e
contemplassem as áreas institucional e clínica, com carga horária mínima de 600
horas (75% de aulas teóricas e 25 % de estágios supervisionados). Segundo o jornal,
os coordenadores de curso devem ser formados em Psicopedagogia, e grande parte
do corpo docente (70%) deve ser composta por psicopedagogos com experiência
prática e de pesquisa na área.
Como podemos ver, o número de profissionais psicopedagógicos está
aumentando. Este campo de trabalho surgiu com o objetivo de resolver problemas
educacionais de longa data relacionados às dificuldades de aprendizagem. Como
resultado disso, o reconhecimento legal da profissão tornou-se cada vez mais
importante (ARAUJO, 2014).
2 APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO
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o objetivo de ensinar aos outros primeiros a experiência e depois as ideias sobre essa
experiência. Como resultado, é razoável acreditar que esse interesse começou com o
primeiro homem.
Mais tarde, os pedaços de pedra esculpida permitem a transmissão de
informações de um local para outro, assim como a cerâmica reproduz o cotidiano. Na
sequência do papel nas suas formas iniciais, materiais mais quebradiços, mas
consistentes, como o papiro, juntaram-se a este processo de partilha de
representações da realidade e pontos de vista (DÍAZ, 2011).
Na Antiguidade, encontramos os primeiros sinais de sistematização
educacional nas aldeias egípcias, chinesas e indianas, com o objetivo de preservar
costumes, regras e tradições, utilizando o ambiente familiar e transmitindo
conhecimentos de geração em geração.
No Império Romano, e particularmente na Grécia, último grande centro do
saber antigo (Platão, Aristóteles...), a educação formalizou-se há muito tempo, sem
substituir totalmente a educação parental; assim, o Estado assumiu a
responsabilidade de educar a população, decidindo quem deveria e quem não
deveria, com base em objetivos políticos e militares (escravos e servos) (DÍAZ, 2011).
Durante a Época Moderna (século XVII ao século XIX), a educação baseou-
se em grandes descobertas científicas, sobretudo nos campos da medicina e da
biologia, bem como em significativas invenções tecnológicas, principalmente de
notáveis pensadores que revolucionaram os campos da filosofia, psicologia e
educação (Voltaire, Rousseau, Kant, Pinel, Pestalozzi, Itard, ...).
Como se sabe, ao longo da segunda metade do século XIX, os vários ramos
da filosofia começaram a se separar e desenvolver suas próprias capacidades.
Psicologia (Wundt, 1879) é uma delas, e contribui significativamente para o
desenvolvimento de muitas teorias sobre a aprendizagem, que, por meio de uma série
de encontros e desencontros, permite evoluir o conhecimento sobre essa capacidade
humana (Stern, Catell, James, Stanley...) (DÍAZ, 2011).
Ainda no século XX, fruto deste rápido progresso científico e tecnológico,
várias “teorias de aprendizagem” começam a ser organizadas, dando ênfase a certos
aspectos relacionados com os seus mecanismos produtivos, o papel da educação e
a atividade do aprendem-te, dentro o enquadramento dos vários “paradigmas
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educativos” desenvolvidos no decurso da relação entre a psicologia e a educação
(paradigmas comportamentais, psicogenéticos, sócio históricos e culturais).
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extremamente complexo, uma essência da qual é uma aquisição de novos
conhecimentos, habilidades ou recursos. Para que um processo seja considerado
verdadeiramente como aprendizado, ele deve se expressar em algum momento no
futuro, ao invés de ser uma simples tarefa ou retenção temporária (JERÔNIMO
SOBRINHO, 2016).
O aprendizado não é restrito às crianças. A aprendizagem é uma via de mão
dupla com dois atores: um que aprende e outro que ensina (professor ou instituição
de ensino, pai, filho, amigo ou qualquer pessoa que invista no assunto). A
aprendizagem também pode ser vista como produto ou resultado de uma interação
social e, desta forma, é um processo inerentemente social, tanto pelo seu conteúdo
quanto pelas formas como aprendizagem; um tolerante com os outros; nessa
interação se desenvolve a prática e inteligência reflexiva, constroem-se e se
internalizam novos conhecimentos ou recursos.
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3. Repressora - utiliza-se de meios para garantir a manutenção do sistema que
rege a sociedade conservando e reproduzindo as restrições existentes;
4. Transformadora - quando os constrangimentos do sistema são reconhecidos
e reconhecidos, e os sujeitos adotam uma postura de resistência a esses
constrangimentos, a aprendizagem torna-se uma possibilidade libertadora.
Nesse sentido, o autor observa que o conhecimento é um esforço colaborativo
entre quem ensina e quem aprende; é construção e produção humana. Os processos
de aprendizagem são bastante diversos, necessitando de um olhar mais amplo e
atento a todos os fatores que os compõem. Muito complicadas porque envolvem
questões cognitivas, psicológicas, materiais e humanas indissociáveis. Segundo Paín
(1985), a educação não é uma estrutura, mas sim um lugar de articulação de ideias.
Não é isolado porque abarca “momentos históricos, organismos, etapas da
inteligência genética” e um sujeito vinculado a outras estruturas teóricas “que servem
de material de pesquisa para “o materialismo histórico, a teoria piagetiana da
inteligência e à teoria psicanalítica de Freud” (PAÍN, 1985, p. 15). Como resultado, o
autor apresenta quatro dimensões que envolvem os processos de aprendizagem,
conforme mostra a Figura 1.
Figura 1 – Aprendizagem e as quatro dimensões propostas por Paín.
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A dimensão social - é constituída pela aprendizagem/avanço individual em
contextos adaptados a cada sujeito, englobando todos os comportamentos de
transmissão cultural.
A dimensão da aprendizagem em função do eu - ou seja, a constituição do
sujeito (PAÌN, 1985).
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Conhecimento das formas lógico-matemáticas - construídas de forma
incremental, de acordo com as fases de equilíbrio crescente e via organização
progressiva das ações realizadas com os objetos, mas sem eles enquanto tais.
Conhecimento da forma adquirida - as experiências que o sujeito tem com o
objeto lhe fornecem informações sobre suas características e propriedades.
Conhecimento das formas lógico-matemáticas e das formas adquiridas
integram e complementam o funcionamento do conhecimento das formas hereditárias,
“já que, se por um lado, toda ação é ação sobre um objeto, por outro lado, esta ação
se melhorou com certa organização, impresso no marco das estruturas lógicas que
permitem uma leitura correta da experiência”.
Com base nos princípios biológicos e na epistemologia genética de Piaget, é
possível reconhecer a existência de um processo de aprendizagem mais amplo
causado pelo desdobramento funcional de uma atividade estruturante que, ao final,
cria estruturas operacionais esquematizadas (PIOVESAN et al., 2018).
Há também um aprendizado mais restrito que permite a compreensão das
propriedades e leis de cada objeto especificamente, por meio da assimilação de tais
estruturas que permitem uma organização abrangente do mundo real.
A dimensão cognitiva do processo de aprendizagem refere-se
especificamente aos aspectos psicológicos da aprendizagem. Paín distingue 3 tipos
de aprendizagem:
O primeiro tipo de aprendizagem refere-se ao processo pelo qual um indivíduo
adquire um novo comportamento, adaptado a novas situações encontradas, e
apoiado na experiência adquirida através de uma tentativa falhada e erro face
a uma situação desconhecida. A tentativa e erro não são ocasionais, mas
dirigida ao sujeito e conduza uma aprendizagem, independentemente de ter
alcançado ou não.
No segundo tipo há uma aprendizagem da regulação que conduz as mudanças
dos objetos e suas relações recíprocas. A experiência tem a capacidade de
confirmar ou ajustar hipóteses e previsões internas que o sujeito construiu a
partir da manipulação de objetos.
O terceiro tipo, aprendizagem estrutural, diz respeito ao surgimento de
estruturas lógicas de pensamento que permitem ao sujeito organizar realidades
compreensíveis e cada vez mais equilibradas. Tais estruturas são construídas
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ao longo do processo de aprendizagem. Com isso, a experiência tem a
capacidade de verificar constantemente esquemas já construídos que são
ineficientes para uma determinada transformação.
Paín (1985) usa o exemplo da experiência de retenção de líquidos para
mostrar como se processa a compensação intuitiva nas crianças, observando que as
respostas que a satisfaziam aos cinco anos de idade já não a satisfaziam aos seis
anos em decorrência das experiências que possui, que lhe permitem modificar
esquemas previamente construídos e construir novos.
A experiência cria, assim, um novo esquema que encoraja a aplicação de
estruturas já construídas à realidade e, ao mesmo tempo, permite que os sujeitos
compreendam sua própria realidade e potencial transformador de maneira
coordenada (PIOVESAN et al., 2018).
Em nível social, podemos pensar na educação como uma das duas metades
da equação ensino-aprendizagem, a última das quais constitui o processo
educacional. Este processo engloba todos os comportamentos de transmissão
cultural, incluindo os objetivos das instituições que promovem a educação de forma
específica (escola) ou indireta. Por meio dela, o sujeito histórico exercita, assume e
incorpora uma determinada cultura, na forma como fala, obedece, usa ferramentas,
artesãos e dorme de acordo com as modalidades de seu próprio grupo de
pertencimento.
Educar é ensinar no sentido de demonstrar, estabelecer normas e marcar
como algo pode ser feito. A criança aprende a se expressar, a se vestir, a escrever, a
não se atrasar e a não chorar. O método de fazer o que a educação exige tem por
objetivo a formação do tipo de pessoa que determinado grupo social exige: respeito,
asseio, pontualidade, etc. Ela ação desenvolvida e refinada, o sujeito incorpora uma
representação do mundo, que por sua vez incorpora e é submetido (PIOVESAN et al.,
2018)
Assim, toda transmissão cultural requer uma amostra, uma seleção de modos
de ação, cujo determinante é a situação educacional em relação à produção,
juntamente com outros fatores como nacionalidade, geração, profissionalização etc.,
da família do aluno e grupo social. Nesse sentido, a educação garante a continuidade
do processo histórico e a preservação da sociedade como um todo por meio de suas
transformações evolutivas e estruturais. Mas também tem um papel importante na
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implementação dessas mudanças, pois é óbvio que assim como os sistemas
estabelecidos usam a educação para se manterem, os revolucionários precisam da
educação para conscientizar e motivar seus seguidores (PAÍN, 1985).
A transmissão da cultura é sempre ideológica, no sentido de que é seletiva e
serve para preservar modos únicos de operação e, portanto, serve para manter
estruturas de poder definidas. Métodos de análise baseados no materialismo histórico
e apoiados em outros recursos, particularmente os inspirados na linguística estrutural,
permitem identificar representações implícitas nos conteúdos veiculados; análise das
formas e métodos de transmissão torna-se mais difícil, e enfrentaremos sua crítica do
ponto de vista ideológico e epistemológico no contexto da programação (PIOVESAN
et al., 2018)
O processo de aprendizagem em função do meu. Os processos de
aprendizagem também têm impacto na composição da disciplina. A educação nos
permite manter seu pulso sob controle, permitindo-nos canalizar nossa energia para
empreendimentos culturais. A criança aprende a regular a pressão dos impulsos
usando formas substitutas de satisfação que permitem à criança intercalar
necessidade e desejo.
Aprender a organizar a informação sensorial transformando-a em elementos
utilizáveis que podem ser pensados, registrados e sonhados. Esses elementos se
combinam para construir uma barreira que protege a emoção da realidade e a
realidade da emoção (PAÍN, 1985).
A função mediadora do ego permite a aceitação da realidade diante do
princípio do prazer, pois sua capacidade de pensar lhe permite distinguir entre o que
vai e o que não vai acontecer em determinada situação, evitando a necessidade de
repreensão. A capacidade de compreender e lembrar a inteligência humana também
é essencial para que o indivíduo consiga satisfazer desejos impulsivos.
A aprendizagem integra educação e pensamento em um único processo, pois
ambos são viáveis na aplicação do princípio da realidade. Desenvolver a capacidade
de se entregar e se frustrar é fundamental, pois saber também implica não saber. É
preciso atentar para a “inversão do aprendizado”, ou seja, para o que se esconde no
ensino e se revela no aprendizado.
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Considerando os vários níveis de interpretação da realidade, entender a
aprendizagem como um objeto único e científico é extremamente difícil, pois a
aprendizagem não ocorre no nível teórico, mas no nível fenomenológico (PAÍN, 1985).
O sujeito aprende que pertence a um determinado grupo social, com um
equipamento mental determinado pela genética e uma continuidade biológica
funcional, e tudo isso para cumprir o destino do outro.
Aprender é uma possibilidade que todo ser humano tem ao longo de sua
existência, incorporando experiências e conhecimentos de forma exitosa que, por sua
vez, afeta e produz mudanças em seu meio.
A aprendizagem inclui não apenas aspectos intelectuais, mas também
aspectos emocionais e relacionais, tanto conscientes quanto inconscientes. Cada
pessoa tem sua própria maneira de aprender com base em suas próprias regras,
história e relacionamento com os outros.
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É consequência de processos em que se valoriza a colaboração e a partilha.
Cada indivíduo aprende com base em sua história pessoal e familiar, bem como no
período histórico em questão. Quando se trata de cultura, que influencia e é
influenciada pelo ser humano, ela não pode ser ignorada.
Se alisar a aprendizagem, corre-se o risco de “fragmentar” o processo, como
demonstra o fracasso dos modelos educativos nas culturas originárias
O ser humano é por natureza multidimensional; é um sistema complexo de
relações e funcionamentos. Quando ele está́ em uma situação de aprendizagem,
reproduz as características desta complexidade, portanto, não podemos observá-lo.
Os seres humanos são multidimensionais por natureza; eles são um sistema
complexo de relacionamentos e funções. Quando estiver em situação de aprendizado,
deve imitar as características desse composto. Como resultado, não podemos
observá-lo, nem tentar trabalhar com ele considerando apenas seus aspectos
comportamentais. Também é necessário avaliar as relações estabelecidas.
Portanto, ao analisar a etiologia dos problemas de aprendizagem, devemos
levar em consideração fatores fisiológicos, emocionais, sociais e históricos. Paín
(1989) identifica quatro fatores que influenciam os problemas de aprendizagem dos
alunos: orgânicos, específicos, psicogênicos e ambiental.
Fatores orgânicos
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central em níveis anatômicos, neuroquímicos e fisiológicos prejudicam aspectos
cognitivos, comportamentais e motores da memória e cognição. Crianças desnutridas
interagem menos com seu ambiente, o que afeta suas relações com outras pessoas
e objetos da vida cotidiana.
Paín (1989) afirma que a desnutrição crônica causa uma distrofia
generalizada que prejudica gravemente a capacidade de aprender. Eles também têm
um sistema imunológico enfraquecido, tornando-os mais propensos a desenvolver
infecções.
A dieta da mulher também deve ser levada em consideração, pois a
desnutrição em mulheres grávidas pode afetar diferentes aspectos do
desenvolvimento infantil. Também é importante conhecer as condições de proteção e
conforto do sono do seu filho, pois são fatores fundamentais para um melhor
aproveitamento da experiência.
Fatores específicos
Existem problemas decorrentes da adequação dos movimentos perceptivos.
Eles estão associados à dificuldade de não conseguir provar uma origem orgânica.
Tais problemas afetam particularmente os níveis de aprendizado de idiomas,
pronúncia, leitura e escrita.
É impossível criar uma imagem clara de fonemas, sílabas, palavras,
imperfeições gráficas, etc. Estes também são encontrados na análise e síntese
simbólica e nas habilidades sintáticas.
Certas dificuldades de aprendizagem são frequentemente associadas à
incerteza na idade lateral do sujeito. O termo "dislexia" como entidade específica
merece atenção especial nos problemas de aprendizagem. De fato, neste caso, a
dislexia é um problema dentro da agnosia que não impede que crianças ou adultos
afetados a tenham, por isso pode ser considerada um único tipo de dislexia que ocorre
com pouca frequência (PAÍN, 1989).
Em tais casos, é extremamente doloroso e deve se desenvolver por meio de
canais compensatórios para manter a saúde. Em todos os outros casos, a dislexia é
usada como um nome chique simplesmente para traduzir dificuldade de aprenda a ler
e escrever. Tais dificuldades sempre podem ser diagnosticadas, é multifatorial e sua
peculiaridade reside na dificuldade de adaptação. Nesses casos, se o diagnóstico
estiver correto, o tratamento psicoeducativo é de rápido sucesso.
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Fatores psicogênicos
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constitui plenamente e, portanto, funciona segundo sua estrutura particular, sob o
domínio do processo primário.
Quando falamos desse tipo de transtorno, não estamos necessariamente nos
referindo a problemas de aprendizagem, mas os transtornos psicoestruturais fazem
com que as crianças percam o potencial de ordem simbólica, afetando seus sistemas
de pensamento e aprendizagem. Como os pacientes psicóticos não se envolvem na
repressão, todo o processo secundário fica comprometido.
O sujeito fica prisioneiro das múltiplas associações apresentadas, e o
significante perde sua própria função de ser móvel e intercambiável.
Fatores ambientais
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Outro exemplo é a exposição de crianças à violência doméstica. Essa
situação se manifesta nas crianças por meio de sintomas psicológicos
comportamentais, emocionais e físicos. O impacto varia de acordo com a idade,
reticência familiar, características residenciais, experiência anterior com abuso,
proximidade com os fatos, sua gravidade, tipo ou forma de abuso e familiaridade com
a vítima ou perpetrador.
Uso de substâncias, transtornos emocionais ou psiquiátricos graves, falta de
cuidados pré-natais e falta de habilidades parentais no manejo pediátrico também são
exemplos de fatores ambientais. As crianças formam um vínculo ou vínculo com seus
pais ao longo do tempo. Esse vínculo é bidirecional e não instantâneo, e começa no
útero quando a mãe sente os primeiros movimentos do feto. Construir um apego
seguro requer a presença constante de um adulto que atenda com amor às
necessidades emocionais e físicas de uma criança.
Existem fatores pré-natais e pós-natais que colocam em risco os apegos. Por
exemplo, gravidez indesejada, perda de filhos anteriores e bebês nascidos com
malformações. A separação dos filhos dos pais por meio de hospitalização, divórcio e
prisão dos pais é outro fator ambiental.
O fator ambiental é muito importante no diagnóstico de problemas de
aprendizagem, pois permite entender nosso alinhamento com a ideologia e os valores
do grupo. Não basta simplesmente colocar o paciente em uma classe social. Também
é necessário determinar o nível de conscientização e participação. A dificuldade de
aprendizagem que surge em cada caso terá um significado diferente, pois diferem o
padrão contra o qual se dirige e a expectativa que desqualifica (PAÍN, 1989).
A abordagem psicopedagógica, com sua multiplicidade de olhares, permite
que educadores e familiares modifiquem suas atitudes diante das dificuldades de
aprendizagem de qualquer pessoa; analisá-los a partir da dialética cada vez maior
entre os equipamentos biológico-hereditários materializados em um corpo e um
organismo, e os ambientes nos quais o educador vive e existe como ser de desejos,
pensamentos e ações. Utilizo a contribuição de Scoz (1994) porque ela sintetiza a
mensagem que se buscava compartilhar:
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e conhecimentos na memória do ser que aprende, e esse complexo organizado é
conhecido como estrutura cognitiva. Costuma ser distinguida da aprendizagem
emocional e psicomotora, embora algumas experiências emocionais sempre
envolvam aprendizagem cognitiva e estas geralmente estejam envolvidas na
aquisição de habilidades motoras (MOREIRA, 2023).
A aprendizagem cognitiva se concentra na cognição, o ato de conhecer. A
aprendizagem afetiva está mais preocupada com experiências como prazer e dor,
satisfação e insatisfação, alegria e medo. A aprendizagem psicomotora está
relacionada com as respostas musculares obtidas através do treino e da prática.
As teorias que o ser humano constrói para sistematizar seus conhecimentos,
explicar e prever eventos são constituídas de conceitos e princípios. Conceitos são
signos que indicam regularidades em objetos ou eventos, e são usados para pensar
e responder de forma previsível e consistente ao fluxo de eventos. Princípios são
relacionamentos significativos entre conceitos. As teorias também expressam
relações entre conceitos, mas são mais amplas, incluindo muitos conceitos e
princípios. Subordinados às teorias estão os sistemas de valores, que podem ser
referidos como filosofias ou visões de mundo.
No caso das teorias de aprendizagem, há três subfilosofias a serem
consideradas: behaviorista (behaviorismo), humanista (humanismo) e cognitiva
(construtivismo), embora nem sempre seja possível encapsular uma teoria de
aprendizagem bem definida em uma única corrente filosófica.
Comportamentalismo
O foco da cosmovisão behaviorista está no comportamento observável e
mensurável do sujeito, a resposta a estímulos externos. Também está no que
acontece depois que você envia a resposta, o resultado. Uma ideia-chave do
behaviorismo moderno é que as ações são governadas por consequências.
Se o resultado for positivo para o sujeito, a frequência do comportamento
tende a aumentar e, inversamente, se o resultado for desagradável, a frequência da
reação tende a diminuir. Isso significa que, manipulando principalmente os eventos
que seguem a exibição comportamental, podemos, em princípio, controlá-la sem
recorrer a suposições sobre a atividade mental entre estímulos e respostas
específicas (MOREIRA, 2023).
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O behaviorismo, aliás, surgiu na virada do século, principalmente nos Estados
Unidos, como uma reação ao mentalismo que dominava a psicologia europeia. Essa
ideia tem sido a base de toda a abordagem educacional tecnológica que dominou a
atividade educacional em todas as disciplinas, especialmente nas décadas de 1960 e
1970. Grande parte da ação educativa é a apresentação de estímulos e, o mais
importante, reforço positivo (bons resultados para os alunos) na quantidade certa e no
momento certo para aumentar ou diminuir a frequência de determinados
comportamentos do aluno).
Cognitivismo
A filosofia cognitiva, por sua vez, destaca exatamente o que é ignorado pelas
visões behavioristas: a cognição, o ato de saber como o ser humano percebe o
mundo.
É interessante notar que o surgimento do cognitivismo praticamente coincidiu
com o nascimento do behaviorismo. Para os cognitivistas, o foco deve estar nas
chamadas variáveis intervenientes entre estímulos e respostas, cognição, processos
mentais superiores (percepção, resolução de problemas, tomada de decisão,
processamento de informações, compreensão) (MOREIRA, 2023).
A filosofia cognitivista está, portanto, preocupada principalmente com os
processos mentais. Trata da atribuição de significado e da compreensão,
transformação, armazenamento e uso de informações relevantes para a percepção.
Na medida em que essa perspectiva reconhece que o conhecimento vem por
construção, chega-se ao construtivismo apregoado na década de 1990.
O construtivismo é a posição filosófica do cognitivista interpretativo. Os
cognitivistas estão preocupados com a cognição, como os indivíduos sabem como
construir estruturas cognitivas. Isso ocorre porque assume que eventos e objetos
cósmicos são interpretados por um sujeito que percebe. Os seres humanos têm a
capacidade criativa de interpretar e expressar o mundo, bem como reagir a ele
(MOREIRA, 2023).
Humanismo
A filosofia humanista vê a aprendizagem como uma pessoa em primeiro lugar.
A importância da autorrealização e do crescimento pessoal não pode ser exagerada.
A aprendizagem é vista como um todo, incluindo sentimentos, pensamentos e ações,
ao invés de apenas inteligência. Nesse contexto, a aprendizagem é mais do que
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apenas um aumento de conhecimento: ela é penetrante, visceral e influencia as
escolhas e atitudes de um indivíduo. Pensamentos, sentimentos e ações estão todos
interligados para o bem ou para o mal. Não faz sentido falar sobre comportamento ou
cognição sem considerar o domínio afluente, os sentimentos do aprendiz.
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não muda (no exemplo dado, o vetor e o esquema de medição não mudaram)
(MOREIRA, 2023).
Obviamente, muitas vezes, os padrões de ação de uma criança (ou adulto)
são incapazes de imitar uma determinada situação. Nesse caso, o organismo (mente)
morre ou muda. No caso da modificação, ocorre o que Piaget chama de acomodação.
É por meio das acomodações (que, por sua vez, levam ao desenvolvimento de novos
padrões de assimilação) que ocorre o desenvolvimento cognitivo. Se não houver
problemas ou dificuldades, a atividade da mente é apenas assimiladora, mas diante
deles ela se reestrutura (acomodação) e se desenvolve.
Não há acomodação sem assimilação, porque a acomodação é a
reorganização da adaptação. O equilíbrio entre assimilação e acomodação é a
adaptação à situação. Esse processo de equilibração prossegue até o período das
operações formais e continua, na idade adulta, em algumas áreas de experiência do
indivíduo (MOREIRA, 2023).
É possível falar em ação sensório-motora, ação verbal e ação mental. Dito de
forma simples, pensar é a interiorização da ação (embora geralmente concomitante
de atividade motora residual, como, por exemplo, gestos e movimento dos olhos).
Fonte: https://bit.ly/3TN3eY5
Ações
31
Piaget considera as ações humanas (mais do que os sentimentos) como o
fundamento do comportamento humano. Tudo no comportamento faz parte da ação.
Mesmo a percepção é uma atividade para ele, e a imagem mental é uma imitação
interna do objeto. “Comportamento (motor, verbal e mental) é simplesmente a
organização dos movimentos de um organismo em modelos gráficos que evoluem
para modelos matemáticos de grupo ou rede (passando por grupamentos em seu
processo genético” (OLIVEIRA, p. 33, 1980).
32
estrutura (percepção), tende a funcionar em estado de equilíbrio, aumentando
constantemente o grau de organização interna e adaptação ao meio. No entanto,
quando esse equilíbrio é perturbado por experiências que não podem ser assimiladas,
o organismo (mente) se reestrutura (acomoda) para construir novos padrões de
assimilação e atingir o equilíbrio. Para Piaget, esse reequilíbrio, que ele chama de
equilíbrio primário, é o fator mais importante na evolução, no desenvolvimento
intelectual e na aprendizagem (aumento do conhecimento) da criança.
É por meio desse maravilhoso processo de equilíbrio que o comportamento
humano é “completamente construído em interação com o ambiente físico e
sociocultural”; assim, o comportamento humano (motor, verbal e mental) não possui
padrão genético prévio segundo Piaget. O bebê nasce com apenas alguns padrões
sensório-motores - como sugar, olhar, estender a mão e pegar - usados para as
primeiras interações do bebê com o ambiente, mas a partir daí o equilíbração é o
principal impulsionador do desenvolvimento intelectual. A equilíbração está presente
em todas as fases e fases do desenvolvimento cognitivo e é, de fato, o responsável
por isso.
As implicações dessas propostas para a educação (e para a educação em
geral) são óbvias e significativas: ensinar (ou, em um sentido mais amplo, educar)
implica provocar um desequilíbrio no corpo (mente) da criança para que ela busque o
reequilíbrio (equilíbrio majoritário) e aprenda. O mecanismo de aprendizagem da
criança é sua capacidade de se reestruturar mentalmente em busca de um novo
equilíbrio (novos padrões de assimilação para se adaptar a uma nova situação). Como
resultado, a educação deve ativar esse mecanismo.
Nas escolas, essa necessidade de compatibilizar o ensino com o nível de
desenvolvimento mental da criança é frequentemente negligenciada: por exemplo,
procuramos ensinar conteúdos hipotéticos sobre conservação e reversibilidade para
crianças que ainda não possuem esses conceitos devido ao seu estágio de
desenvolvimento. Outro erro muito comum, principalmente nos últimos anos do ensino
médio e até mesmo nos primeiros anos da faculdade, é dar aulas em nível puramente
formal (assumindo assim que esse grau já foi alcançado) em muitos campos, numa
fase de raciocínio de operações específicas.
Em termos de ensino, Piaget também argumentou que a suposta disposição
diferencial de "bons alunos" em matemática ou física, por exemplo, no mesmo nível
33
de inteligência, reside principalmente em sua capacidade de adaptação ao tipo de
instrução que lhes é oferecida. Os “pobres alunos” dessas disciplinas, apesar de
serem bem-sucedidos em outras disciplinas, na verdade são perfeitamente capazes
de dominar disciplinas que parecem não entender, desde que essas disciplinas
cheguem a seus fins por outros meios: as “lições” oferecidas podem fugir
compreensão, não importa. Piaget também acreditava que é perfeitamente possível
que o fracasso escolar em um ou outro assunto resulte, por exemplo, de uma estrutura
qualitativa de problemas (sem introduzir o raciocínio lógico no formalismo matemático)
para uma estrutura quantitativa ou significativa de equações preparadas).
34
Fonte: https://bit.ly/3ZoqInx
As variáveis de output são as respostas que o aprendiz dá. Existem dois tipos
amplos de reações ou ações de Skinner: operante e respondente. Segundo
Millhollan e Forisha (1978, pp. 71-72), os comportamentos responsivos (“reflexivos”
ou “involuntários”) incluem humanos (e outros biológicos) contendo todas as reações.
Por exemplo, quando um raio de luz atinge o olho, a pupila se contrai e, quando se
respira ar frio, os pelos da pele vibram. Em geral, todas as respostas que podem ser
identificadas como “reflexos” são exemplos de comportamento de resposta. O
comportamento operante abrange um espectro muito mais amplo de respostas. Na
realidade, a maior parte do comportamento humano é operante.
Um indivíduo age (manipula) o ambiente. O comportamento operante inclui
todas as nossas ações que afetam ou afetam o mundo exterior. O comportamento nos
respondentes é automaticamente evocado por estímulos específicos, mas isso não
ocorre nos operantes. Estes podem ou não ser exibidos por um indivíduo na presença
de um estímulo particular. Não se sabe a priori quais estímulos eliciam uma resposta
particular.
Cada um desses comportamentos envolve condicionamento. Assim, o
comportamento respondente está relacionado ao condicionamento respondente.
Skinner acreditava que o condicionamento respondente desempenha um papel menor
na maior parte do comportamento humano. Segundo ele, a maior parte do
comportamento humano é adquirida por meio do condicionamento operante.
Segundo Bock (2008), o mecanismo do condicionamento operante, Skinner
acredita que é importante:
35
Reforço ou recompensa positiva: todo evento aumenta a probabilidade futura
da resposta que a produziu;
Reforço negativo: cada um aumenta a probabilidade futura de eliminar ou
mitigar sua resposta;
Ausência ou ausência de reforço: resposta inexistente, os reforços são menos
propensos a se repetir (ignorando má conduta do aluno, comportamento
esperado deve ser extinto).
Castigo: respostas de ser punido podem produzir consequências adversas
(punição adiada alunos podem não ter efeito)
Bock (2008) também afirmou que o condicionamento operante envolve uma
ampla gama de atividades e comportamentos humanos, o presente mais requintado
do berço ao adulto.
Nesse sentido, segundo Bock (2008), o comportamento operante inclui todos
os movimentos de um organismo em algum momento pode-se dizer que tem um
efeito, pelo mundo ao seu redor. Ação atua sobre o mundo, por assim dizer, direta ou
indiretamente.
36
Portanto, a programação de contingências, mais do que a seleção de estímulos
propriamente dita, é a função principal do professor. Programar contingências significa
dar o reforço no momento apropriado, significa reforçar respostas que provavelmente
levarão o aprendiz a exibir o comportamento terminal desejado. Estão aí implícitas as
ideias de aproximações sucessivas e modelagem (MOREIRA, 2009).
Para Moreira (2009), na teoria behaviorista desenvolvida por Skinner, os
ensinamentos são adquiridos quando o que é ensinado pode ser colocado em prática.
A condição de controle sob o comportamento observável; assim, o quando o
comportamento indesejado é punido e o comportamento desejado é alcançado,
reforce e encoraje com estimulação até que se torne automático. A principal objeção
ao sistema de Skinner é que ele focar apenas nos efeitos causados por uma
determinada tarefa aprenda e ignore os processos cognitivos internos que ocorrem no
aprendiz (COELHO; DUTRA, 2018).
Instrumentos e signos
38
matemáticos. As línguas - faladas e escritas - e a matemática são sistemas
simbólicos.
O uso de ferramentas na mediação do homem e do ambiente – que
essencialmente distingue o homem dos outros animais e domina a natureza em vez
de simplesmente usá-los como animais – foi influenciado por Marx e Engels, que
influenciaram Vygotsky, estendeu essa ideia ao uso de símbolos. A sociedade cria
sistemas simbólicos, bem como ferramentas. Ambos ocorrem ao longo da história
dessas sociedades, modificando e influenciando o desenvolvimento social e cultural.
Para Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da internalização de
ferramentas e sistemas de signos produzidos culturalmente (Vygotsky, 1988). A
combinação de uso instrumental e de signos é característica apenas dos humanos e
permite o desenvolvimento de funções ou processos mentais superiores.
Interação social
Em contraste com outros teóricos cognitivos, como Piaget e Ausubel, que se
concentram no indivíduo como unidade de análise, Vygotsky se concentra na
interação social. Sua unidade de análise não é o indivíduo nem o contexto, mas a
interação entre eles (MOREIRA, 2009).
No ponto de vista de Vygotsky, portanto, a interação social é um meio
fundamental de transferência dinâmica (do interpessoal para o intrapessoal) do
conhecimento construído social, histórica e culturalmente.
O que é, entretanto, interação social? Segundo Garton (1992, p. 11):
39
Significados
A aquisição de significado está diretamente relacionada à interação social. Um
sinal significa outra coisa. Por exemplo, as palavras são símbolos linguísticos. Gestos
também são exemplos de signos. O significado das palavras e dos gestos é
socialmente construído. Considere a palavra “mesa”: é socialmente aceito que esse
signo linguístico significa algo regular em um conjunto infinito de objetos de um tipo
particular.
Considere o gesto de apontar: para ele, aceitação social significa, antes de
tudo, apontar para um objeto, desejar esse objeto. No entanto, o significado depende
do contexto. Em outro idioma, a palavra "mesa" pode não significar nada ou ter um
significado diferente. Por exemplo, a palavra "pesquisa" em português geralmente se
refere à atividade científica, enquanto em espanhol se refere a investigações policiais.
Gestos que têm conotações obscenas em uma cultura podem não fazer sentido em
outra (MOREIRA, 2009).
A internalização (reconstrução interna) dos símbolos é fundamental para o
desenvolvimento humano. Os signos medeiam as relações humanas com os outros e
consigo mesmo. Tem literalmente uma origem cultural e ao mesmo tempo uma função
instrumental adaptativa. Por esta razão Vygotsky afirma que “a análise dos signos é o
único método adequado para estudar a consciência humana” (RIVIÈRE, 1987, p. 93).
Aprendizagem e ensino
Quanto à importância do ensino, “a partir do momento em que o
desenvolvimento das funções mentais superiores exige a internalização de
ferramentas e símbolos em contextos interativos, a aprendizagem torna-se condição
para o desenvolvimento dessas funções localizadas justamente na área de
desenvolvimento latente do sujeito” (Riviere, 1987, p.96). Outras perspectivas teóricas
têm interpretado o desenvolvimento cognitivo como necessário para a aprendizagem,
ou quase como sinônimo. Para Vygotsky, a aprendizagem é necessária para o
desenvolvimento.
Por analogia, as interações sociais indutoras de aprendizado devem ocorrer
dentro de uma zona de desenvolvimento potencial, mas ao mesmo tempo
desempenham um papel importante na determinação dos limites dessa zona. Por
definição, o limite inferior é determinado pelo nível de desenvolvimento real do aluno.
Os supervisores são determinados por brincadeiras, educação formal ou informal e
processos educacionais que podem ocorrer no local de trabalho. Seja qual for o
contexto, a interação social é importante” (DRISCOLL, 1995, p. 233).
Para Vygotsky, o único bom ensino precede e orienta o desenvolvimento
cognitivo. Da mesma forma, o único bom aprendizado é o avançado. Do ponto de vista
41
do desenvolvimento cognitivo dos aprendizes, aprender com base em níveis de
desenvolvimento já alcançados não é uma boa ideia.
É claro que as ideias de Vygotsky sobre a formação de conceitos são
interessantes do ponto de vista pedagógico, mas certamente o papel fundamental do
professor como mediador na aquisição de significados contextualmente aceitos reside
no desenvolvimento próximo do aprendiz, significado entre professores e alunos no
âmbito da , as origens sociais das funções mentais superiores e a linguagem como o
sistema de sinais mais importante para o desenvolvimento cognitivo são muito mais
importantes a serem considerados na sala de aula (MOREIRA, 2009).
6 PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
42
Os campos institucionais e clínico de atuação da psicopedagogia ele
trabalhará primeiro em instituições educacionais, aconselhando pais e professores
sobre como ensinar e aprender. Também poderão desempenhar funções de apoio e
orientação no caso de crianças com dificuldades de aprendizagem, a fim de assegurar
a sua adequada integração na instituição. Isso inclui desde orientação e
assessoramento a docente e famílias, coordenação de especialistas para planejar
estratégias comuns para lidar com o caso em questão, até adaptações de currículo
no caso de dificuldades mais severas, permitindo, assim, a integração de alunos
portadores de necessidades educacionais especiais (JERÔNIMO SOBRINHO, 2015).
Outra tarefa da psicopedagogia institucional é participar do desenvolvimento
e implementação de programas e projetos que visam atualizar e capacitar
profissionais nas áreas de educação e saúde mental, bem como supervisionar
equipes multidisciplinares que atuam nessas instituições de educação.
Na segunda área, clínica, o psicopedagogo tem como foco principal o
diagnóstico da aprendizagem infantil. O trabalho é feito individualmente com o
paciente e em coordenação com a escola, a família e outros profissionais
(fonoaudiólogos, psicomotricistas, neurologistas, psiquiatras, neuropsicólogos,
assistentes sociais e psicólogos), que são os mais frequentemente ligados à saúde
mental o trabalho em psicopedagogia (JERÔNIMO SOBRINHO, 2015).
Por envolver um sujeito com dificuldades de aprendizagem e um profissional
especializado, um psicopedagogo, a psicologia clínica assume o papel de intervenção
terapêutica. Por outro lado, a psicopedagogia institucional desempenha um papel
preventivo ao perceber possíveis interrupções no processo de aprendizagem e
promover orientações metodológicas de acordo com as características individuais e
grupos.
A psicopedagogia clínica
Tradicionalmente, existe um vínculo entre a clínica e a doença. Na verdade, o
nome derivado da medicina porque a raiz da palavra “clinica” é “kline”, que em grego
significa “cama”. Portanto, não é difícil conectar essa frase com doença. Mas, se
partimos da premissa de que o objeto de estudo da psicopedagogia é o ser humano,
devemos nos deter agora para avaliar o objetivo da clínica: um ser humano singular,
dividido em metades culares e integrais. Uma pessoa com quem o mapa genético foi
criado. Assim, a clínica não foca em uma doença ou dificuldade de aprendizagem,
43
mas sim em uma pessoa específica, única, que sente e pensa e encontra obstáculos
em seu caminho no processo de aprendizado (JERÔNIMO SOBRINHO, 2015).
Assim, a palavra clínica remete a duas questões fundamentais: em primeiro
lugar, implica uma escuta particular do que sente/vivencia o sujeito; em segundo lugar,
a possibilidade de teorizar acerca de modelos teóricos que dão conta do
funcionamento do sujeito como tal.
Com essa perspectiva, o objetivo da psicopedagogia clínica é abordar o
sintoma, abordar suas causas e estimular o desenvolvimento de um novo processo
cognitivo, mais saudável e benéfico, voltado para o sujeito que apresenta o sintoma.
A clínica indagará por que o sujeito não aprende, se pode, se quer e se isso tem a ver
com sua motivação interna. Ele também irá perguntar se há alguma família e
oportunidades sociais. Uma visão clínica substitui uma visão homogênea, como
mostra a administração de testes prescritos, sem uma análise qualitativa que forneça
insights mais subjetivo na minha percepção (JERÔNIMO SOBRINHO, 2015).
44
Adequar a situação de ensino-aprendizagem as características e necessidades
de cada sujeito, a fim de assegurar seu desenvolvimento contínuo e ajudá-lo a
superar as dificuldades.
Levando em consideração esses objetivos, as funções principais do
diagnóstico psicopedagógico são:
Função preventiva e preditiva: trata de conhecer as possibilidades e limitações
do indivíduo para prever o desenvolvimento e o aprendizado futuros;
Função de identificação do problema e da sua gravidade: pretende averiguar
as causas, os fatores pessoais ou ambientais, que prejudicam o desenvolvi-
mento do sujeito a fim de modificá-los ou corrigi-los;
Função de orientação: sua finalidade é propor pautas para a intervenção, de
acordo com as necessidades identificadas;
Função corretiva: reorganizar a situação atual mediante a aplicação da
intervenção e de recomendações oportunas.
O diagnóstico é uma investigação em si, uma pesquisa (Weiss, 2012). Ele se
torna necessário quando o sujeito não se comporta como esperado diante do
comportamento esperado, quando o sujeito não aprende, ou aprende de forma difícil.
Segundo Weiss (2004, p.27):
Todo diagnóstico é, em si, uma investigação, é uma pesquisa do que não vai
bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o
esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e na maioria das
vezes, da escola. No caso, trata-se do não-aprender, do aprender com
dificuldade ou lentamente, do não-revelar o que aprendeu, do fugir de
situações de possível aprendizagem.
45
O processo do diagnóstico psicopedagógico clínico abarca várias etapas:
motivo da consulta, história vital, hora do jogo, provas projetivas, entre outras.
Motivo da consulta
Entrevistam-se os pais para extrair dados importantes sobre as estruturas
predominantes entre filhos e pais, a partir da análise da forma como estes últimos se
apresentam e se posicionam frente ao problema da criança.
Pain (1985) destacou a necessidade de anotar o percurso do paciente até o
psicopedagogo, inclusive se foi por recomendação da escola, professor, pais ou
profissional médico. Além disso, a autora afirma que o encontro inicial com a família é
para colher informações sobre alguns aspectos fundamentais das dificuldades de
aprendizagem: o significado dos sintomas para a família e as expectativas que a
família tem em relação à intervenção psicológica. É fundamental deixar os pais
falarem livremente sem que o psicólogo faça perguntas, conforme orientação
pedagógica etc. É nesse momento que a família é ouvida, e ela é solicitada a listar os
motivos pelos quais procurou ajuda psicopedagogia e, também, os fatores que
acredita serem os causadores da não aprendizagem do paciente. A entrevista do
motivo da consulta possibilita conhecer as expectativas que os pais têm em relação à
intervenção psicopedagógica.
História vital
Após conhecer um pouco seu paciente, o psicopedagogo realiza uma
segunda entrevista com os pais: o momento da história vital no diagnóstico. Dá-se a
palavra aos pais, principalmente à mãe, que falam livremente, sendo instruídos
somente quanto ao tema geral.
Nessa etapa, o psicopedagogo utiliza a anamnese (do grego “anamnesis” =
trazer à mente) significa “reunião”, “reminiscência”, “recordação”. A anamnese tem
como objetivo geral trazer para o presente as lembranças do passado, recuperando
informações registradas em épocas anteriores.
O processo de anamnese ajuda o psicólogo a reconstruir a história de vida do
paciente para que ele possa entender o que levou ao surgimento das dificuldades de
aprendizagem. Essa entrevista é fundamental para o procedimento diagnóstico, pois
possibilita o resgate de eventos anteriores significativos na história do sujeito que
podem impactar em suas limitações simbólicas. Para identificar alguns dos fatores
46
que contribuem para a restrição ou fragilidade da criança, é necessário reconstruir a
história de vida da criança com os pais, permitindo encontrar alguns dos fatores que
operam na fratura ou na restrição de suas produções (JERÔNIMO SOBRINHO, 2015).
Hora do jogo
Na clínica psicopedagógica, o jogo parece ser um dado adquirido. Ele é
essencial para observar o desenvolvimento motor, social, cognitivo e afetivo do
paciente. Alguns questionamentos são feitos: de qual jogo se está falando ou a qual
se refere? Qual é o jogo e a jogada passível de se realizar? As indagações são
diversas.
Quando trabalhamos na clínica psicopedagogia com crianças, quer individual-
mente ou em grupos, é o jogo que se “desenrola” diante de nós ou com os outros. Os
fatores que influenciam são vários: o contexto clínico é um deles.
Segundo Paín (1985), o lúdico oferece informações de esquemas que
integram e organizam o conhecimento em uma esfera representativa. Por isso, o jogo
(a observação do jogo e do paciente) assume o papel de grande importância no
diagnóstico das dificuldades de aprendizagem na infância.
Provas projetivas
Outro momento importante do diagnóstico são as provas projetivas. Estes são
instrumentos considerados sensíveis para revelar aspectos inconscientes do
indivíduo, provocando uma grande variedade de respostas subjetivas. Geralmente, o
material estimula o ambíguo, a imaginação do sujeito. Nele, não há resposta certa ou
errada e a sua interpretação dependerá de uma análise global.
Segundo Paín (1985, p. 61):
48
Ao pensar na participação da escola na avaliação psicopedagógica clínica,
temos que ter em mente uma análise reflexiva sobre o processo de avaliação no
contexto da educação escolar.
Na avaliação clínica, a participação de fonoaudiólogos, professores e gestores
educacionais deve contribuir com a prática no sentido de mediatizar as aprendizagens
dos alunos.
Quando temos vários profissionais envolvidos auxiliando com seus pareceres
em um processo avaliativo, a conclusão do diagnóstico tem mais validade. Afinal,
sempre que contamos com uma equipe multidisciplinar, temos a participação de várias
áreas do conhecimento (HADDAD, 2020).
O processo avaliativo deve começar pelos fatores internos, ou seja, por
questões relacionadas a funcionalidade cerebral e lesões. Quando isso é verificado,
precisamos de outros profissionais para auxiliarem no diagnóstico, entre eles
neuropediatras, neurologistas, psicólogos e fonoaudiólogos.
A escola, ao elaborar um parecer sobre o aluno, contribui com seu processo
de aprendizagem, com o desenvolvimento e o comportamento do aluno. Dessa forma,
é possível compreender como ocorre a aprendizagem formal do aluno que está sob a
responsabilidade do psicopedagogo (HADDAD, 2020).
Assim, podemos chegar a compreender como está a aprendizagem e o
desenvolvimento. Segundo Vygotsky (2001), a aprendizagem em si não é
desenvolvimento, mas a organização correta da aprendizagem de uma criança leva
ao desenvolvimento psicológico, ativando todo um conjunto de processos de
desenvolvimento que não seriam possíveis sem a aprendizagem. A aprendizagem é,
portanto, um momento intrinsecamente necessário e universal no desenvolvimento
desses traços humanos não naturais nas crianças, mas é historicamente formado
(HADDAD, 2020).
Quando temos instituições escolares envolvidas no processo, conseguimos
entender melhor como realmente funciona a aprendizagem do aluno.
7 PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
49
organizacionais, processos de distribuição do trabalho, relacionamentos e questões
metodológicas do ensino, visando contribuir para o encolhimento escolar.
Atualmente, observamos que as instituições de ensino que desejam oferecer
educação de qualidade estão trabalhando na criação de salas de aula e medidas
educacionais, bem como desenvolvendo oportunidades de treinamento para
professores. Para Pamplona (2022), o psicopedagogo institucional e o profissional
que:
50
Garantir a coerência entre o processo de aprendizagem do aluno e as
recomendações metodológicas da instituição.
Intervir para resolver problemas de aprendizagem e ensino.
Fazer diagnósticos e intervir psicoeducacionalmente usando teorias, métodos,
ferramentas e técnicas psicopedagogicamente específicas.
Desenvolvimento de pesquisas e pesquisas científicas relacionadas ao
processo de aprendizagem de diferentes faixas etárias dos corpos discente.
Avaliar todo o trabalho nas instalações escolares numa perspectiva
psicopedagógica.
Orientar, coordenar e acompanhar as questões de ensino e aprendizagem
decorrentes da estrutura curricular da instituição.
Observar e intervir subjetivamente nas relações professor-aluno.
Aconselhar os alunos em questões profissionais.
Assessoria e apoio na aplicação de projetos políticos educacionais e na
implementação de novos projetos e/ou propostas de métodos educacionais.
Incentivar o convívio entre professores, alunos, equipes pedagógicas,
administrativas e de apoio.
Capacitar as equipes educativas para a reflexão sobre o processo sistemático
de educação.
Mediação no processo de construção cognitiva do aluno.
Explorar dificuldades no processo de aprendizagem do aluno e intervir para
superá-las.
Mediar a construção do conhecimento dos alunos para a formação de uma
consciência analiticamente crítica.
O papel do psicopedagogo na instituição é ainda muito pequeno e
desacreditado, porém de grande importância, pois cabem a ele a formação e a
orientação dos pedagogos que atuam diretamente com o aluno.
Ocorre muitas vezes que o psicopedagogo é contratado apenas para realizar
o diagnóstico na escola, sem que, contudo, tenha vínculos com os professores, com
a equipe gestora e com todos os que atuam dentro da instituição, além de não
conhecer a clientela atendida pela escola. Este profissional é encarado pela equipe
mais como um intruso querendo responsabilizar alguém pelo diagnóstico da instituição
(CARVALHO, 2016).
51
Teóricos nos orientam que o psicopedagogo deve fazer parte do quadro de
funcionários da instituição, seja ela uma escola ou um hospital, pois o conhecimento
e o contato com os pares tornam o trabalho investigativo mais efetivo.
Bossa (2007) em um de seus livros vai pontuar os vários contextos que a
psicopedagogia institucional pode entrar em ação, entre eles estão: a psicopedagogia
escolar que se encarrega de ampliar a percepção dos pais quanto ao processo de
aprendizagem de seu filho; a psicopedagogia empresarial que amplia as formas de
treinamentos, na qual trabalha a criatividade e sentimentos; a psicopedagogia
hospitalar que possibilita o desenvolvimento de atividades com os internos; a
instrumentalização de professores e agentes educacionais da escola sobre novas
formas de aprender; entre outros aspectos envolvendo família, o sujeito com
dificuldades e instituições que trazem consigo dúvidas e dificuldades sobre os
processos de aprendizagem.
São nesses espaços institucionais, seja ele a escola, empresas, hospitais ou
outros, que diferentes sujeitos – família, professores, comunidade, colegas de
trabalho, médicos, etc. - entram em ação para ajudar no diagnóstico e nos possíveis
caminhos a serem seguidos, assim como na psicopedagogia clínica (MILANI, 2018).
Essas pessoas são importantes visto que apresentam muita influência nos
processos de aprendizagem (direta ou indiretamente) podendo afetar todo e qualquer
processo educacional exercido pelas instituições. Nesse sentido, serão apresentadas
a seguir três possibilidades de atuação institucional psicopedagógica: psicopedagogia
escolar, psicopedagogia empresarial e psicopedagogia hospitalar.
Psicopedagogia escolar
52
diminuírem os índices de fracasso escolar, os psicopedagogos possuem uma
formação na qual os ajuda ter um olhar diferenciado perante a instituição e os
problemas que perpassam o ambiente escolar. O psicopedagogo na escola atua como
facilitador e auxiliador nos processos e nas relações que nela se desenvolvem.
Psicopedagogia empresarial
O trabalho psicopedagógico institucional empresarial se parece com o
desenvolvido nas escolas.
53
(ações) e temáticas (discurso) apresentadas pelos sujeitos. (GRASSI, 2009,
p. 152).
54
do indivíduo, favorecendo não só a aprendizagem, mas também o resgate da saúde
da criança hospitalizada (SILVA, 2012).
8 PSICOMOTRICIDADE
58
A base fundamental de todo comportamento, inclusive o linguístico, é a
experiência. A maneira pela qual o indivíduo participa do meio ambiente depende das
vivências experimentais e da interpretação afetiva que se dá a essas experiências. É
agindo no mundo que o observamos. Daí a grande importância da motricidade em
todo o processo de desenvolvimento do indivíduo. Embora não possamos descrever
plenamente uma experiência, é útil considerá-la em termos de níveis ou hierarquias.
Deste modo podemos comparar a experiência do homem à de outras formas de vida.
Distúrbios de Aprendizagem
Explicar a natureza do problema à criança, com a maior clareza possível, será
o primeiro passo para o tratamento de qualquer transtorno de aprendizagem. Quando
a aprendizagem não ocorre conforme o esperado para a criança, pais e professores,
aparecem as “dificuldades de aprendizagem”
Um distúrbio de aprendizagem não pressupõe uma lesão cerebral, sendo a
inteligência da criança normal. Ocorre um atraso, um transtorno em um ou mais
processos da linguagem falada, leitura, ortografia, caligrafia e aritmética, que pode
resultar de uma possível disfunção do Sistema Nervoso Central que se pode
manifestar em privações na percepção, atenção, conceitualização memória,
linguagem e funções motoras.
É um processo desarmonioso no desenvolvimento integrativo das funções.
59
pedagógica, capacitação do professor, padrões de exigência da escola e/ou dos pais,
falta de assiduidade do aluno, conflitos familiares.
Disgrafia
Transtorno funcional na execução da escrita, que afeta a forma, a
inteligibilidade, o ritmo ou o significado da mesma, sem alterações intelectuais,
sensoriais, neurológicas, motoras ou afetivas que justifiquem. É uma dispraxia do
movimento, dificuldade de elaboração e realização do movimento sem
comprometimento muscular. Caracteriza-se por alterações na pressão da letra, signos
gráficos indiferenciados, falta de harmonia e movimentos dissociados. É disgráfica
toda criança cuja qualidade da escrita é deficiente, não sendo ela portadora de
qualquer déficit neurológico importante ou intelectual que explique está deficiência.
61
Trata-se, portanto, de crianças intelectualmente normais, que vêm à consulta por
causa de sua escrita ilegível ou muito lenta, dificuldades estas que prejudicam, em
geral, a marcha normal de sua escolaridade.
Disortografia
Alteração na planificação da linguagem escrita, que causa transtornos na
aprendizagem da ortografia, gramática e redação. É a incapacidade de escrever
corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas, confusão de letras,
problemas de ligação lógica de ideias (subordinação e coordenação) etc., podendo
acarretar a diminuição da qualidade do traçado das letras. As trocas ortográficas são
normais durante a 1ª e 2ª séries do ensino fundamental, porque a relação entre a
palavra impressa e os sons ainda não está totalmente dominada. A partir daí os
professores devem avaliar as dificuldades ortográficas apresentadas por seus alunos,
principalmente por aqueles que trocam letras ou sílabas de palavras já conhecidas e
trabalhadas em sala de aula. Os principais tipos de erro que a criança com
disortografia costuma apresentar são:
Confusão de letras (trocas auditivas): consoantes surdas por sonoras e vogais
nasais por orais.
Confusão de sílabas com tonicidade semelhante.
Confusão de letras (trocas visuais): simétricas e semelhantes.
Discalculia
A discalculia vem do Grego e significa dis + cálculo, ou seja, dificuldade ao
calcular. É um distúrbio do pensamento quantitativo. As crianças são capazes de
compreender a linguagem, ler e escrever, mas não conseguem entender os princípios
e processos matemáticos. Para algumas pessoas, as dificuldades em matemática são
agravadas pela dificuldade inata de processar números, executar cálculos aritméticos
e resolver problemas.
É a dificuldade em aprender aritmética, podendo ter várias causas, como:
pedagógicas; capacidade intelectual limitada; disfunção do Sistema Nervoso Central;
dificuldade de identificação dos símbolos visuais; dificuldade de cálculo, de concepção
de ideias, de aspectos verbais e não verbais; problemas emocionais; falta de aptidão
e ausência de fundamentos matemáticos. Considerada uma linguagem universal, é
uma linguagem simbólica, que envolve relações de quantidade e relações de espaço.
62
Envolve igualmente noção de número, de contagem, de identificação e de seriação.
A matemática envolve, portanto, estruturas e relações que devem emergir de
experiências concretas (PEREIRA, 2017).
Psicomotricidade e os aspectos do desenvolvimento psicomotor
Para entender o termo psicomotricidade, nos debruçamos sobre o legado
teórico de diversos autores, entre eles Gibelli (2009), que o define como um
movimento baseado nas experiências que um sujeito acumula ao longo de seu
processo de desenvolvimento, no qual a ação ocorre como indivíduo respostas e
depende da linguagem e da socialização. Psicomotricidade, ou “psicologia do
movimento”, é o estudo do corpo humano e suas relações internas e externas.
As habilidades psicomotoras estão relacionadas ao processo evolutivo do
corpo. O movimento corporal é a principal característica que distingue as habilidades
psicomotoras de outras disciplinas. Por meio do movimento, o indivíduo busca
expressar suas emoções, realizar gestos e construir sua personalidade.
Segundo Vilar (2010), as capacidades psicomotoras devem ser analisadas
juntamente com o comportamento e a aprendizagem individual para fins de atos
educativos que utilizem movimentos, expressões do ser. É atribuir a cada movimento
um objetivo cognitivo e prático que justifique o movimento como expressão da
personalidade e como forma de relação entre as pessoas e as coisas do mundo.
A psicomotricidade, em suas atividades preventivas e terapêuticas, visa
alcançar a organização neuropsicomotora do conceito corporal como referencial
espaço-temporal fundamental para qualquer processo comportamental ou de
aprendizagem. Ou seja, as relações que formam o esquema de representação. Dessa
forma, ele quer transformar o corpo em uma ferramenta de ação no mundo, uma
ferramenta de expressão e uma ferramenta para expressar as relações com os outros
(CIBELLI, 2014).
A psicomotricidade é a capacidade de realizar movimentos e se engajar em
atividades mentais que traduzem imagens em ações de estímulo para manipulação
muscular apropriada (MACHADO; TAVARES, 2010).
Ela está ligada a personalidade e a afetividade, por que para o indivíduo
demonstrar o que sente precisa de seu corpo, e uma pessoa com problemas motores
passa a ter dificuldades para se expressar através dos movimentos.
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Etapas do desenvolvimento psicomotor
De acordo com Gonçalves (2004), as fases do desenvolvimento psicomotor
levam em conta não somente os aspectos da maturação neurológica, mas também o
resultado de um processo relacional. A motricidade pode ser organizada nas
seguintes fases:
1ª fase: a primeira fase é caracterizada pela estruturação motora, do tônus de
fundo, e do não aparecimento das reações primitivas.
2ª fase: nesta fase através das relações sociais há o aperfeiçoamento do
espaço temporal.
3ª fase: Através da ação do sujeito as aquisições motoras serão
automatizadas.
Função motora
A função motora refere-se a fatores que envolvem a habilidade de usar e
controlar os músculos estriados, responsáveis pela movimentação voluntária e é mais
usada na área de coordenação motora.
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digitar, recortar. A criança que tiver alguma dificuldade em realizar tais
movimentos, principalmente com as mãos, não conseguirá controlar grupos
pequenos de músculos em suas mãos. Essa dificuldade interfere no
desempenho escolar das crianças, pois prejudica a mesma de realizar
atividades de escrita. A criança terá letras malformadas, tornando sua letra
ilegível.
Coordenação motora ampla: está tem a capacidade de usar grandes
músculos, da melhor maneira possível, através de engatinhar, andar, pular,
correr.
Coordenação visomotora: capacidade de coordenar a musculatura com o
olhar. É o deslocamento dos olhos ao longo da linha. Essa habilidade ajuda a
criança a ler e escrever.
Coordenação audiomotora: transforma em movimentos um comando pelo
aparelho auditivo. Pode ser realizada através de brincadeiras rítmicas, como
por exemplo, brinquedos cantados.
Coordenação Facial: capacidade de expressão facial. É feita através de
exercícios faciais, como por exemplo, a mastigação (GOLÇALVES, 2004).
Equilíbrio
De acordo com o crescimento da criança, o equilíbrio torna-se cada vez mais
fundamental, podendo ser estático em movimentos não locomotores, e dinâmico em
movimentos locomotores.
Lateralidade
Esta é uma fase importante no desenvolvimento pessoal. Para dar ideias próprias aos
sujeitos, formar um esquema corporal, perceber o corpo. Segundo Oliveira (2004), a
lateralidade no ser humano é uma especialização progressiva de dois hemisférios
cerebrais. A lateralidade em humanos é preferível a um lado do corpo: mãos, olhos,
pés. Isso significa que um lado do corpo humano domina o outro. É um erro pensar
nas diferenças esquerda-direita como conhecimento “esquerda-direita”. Como afirma
Oliveira (2004), o conhecimento de "esquerda e direita" vem do conceito de
dominância lateral. É uma generalização da percepção do eixo corporal a tudo o que
cerca a criança, e esse conhecimento é mais facilmente adquirido quanto mais
pronunciada e homogênea for a lateralidade da criança. Com efeito, se a criança
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percebe que trabalha naturalmente com “aquela mão”, que “aquela mão” é a mão
direita ou esquerda.
A estrutura espacial
A criança necessita de um espaço para se mover. A criança adquire
estruturação espacial quando: reconhece a realidade no qual ela representa; aprende
a orientar e ocupar o espaço. Fonseca (1997), afirma que a estruturação espacial está
integrada nas regiões posteriores do córtex, que subentendem as funções de analise,
processamento e o armazenamento das informações que foram adquiridas.
Esquema corporal
O esquema corporal é estruturado a partir do momento em que o sujeito
descobre e utiliza seu corpo no meio em que vive. A criança irá desenvolver: a
percepção do corpo, o equilíbrio, a lateralidade, a independência dos membros, o
controle muscular e o controle da respiração.
Quando o indivíduo descobre, utiliza e controla seu corpo, o esquema corporal
é estruturado e passa a ter consciência da sua relação com o mundo que o cerca
(ALVES, 2008).
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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CLARO, G. R. Fundamentos de psicopedagogia [livro eletrônico]. Curitiba:
InterSaberes, 2018.
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eletrônico] – São Paulo: Cengage Learning, 2016.
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PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Tradução:
Ana Maria Netto Machado. 3º edição. Porto Alegre: Artes Medicas, 1989.
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SERRA, D. C. G. Teorias e Práticas da Psicopedagogia Institucional. Curitiba:
IESDE Brasil S.A., 2009.
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