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O PSICOPEDAGOGO CLÍNICO E SEUS DESAFIOS COM A

AUSÊNCIA DO SUPORTE ESCOLAR

Fernanda Albano Rangel¹

RESUMO

O presente trabalho, possui o objetivo de apresentar a importância da atuação do


psicopedagogo clínico no espaço escolar e se importando com as dificuldades dos
pacientes em terem suporte escolar em relação a ausência de mediadores e preparações
de materiais didáticos como por exemplos apostilas adaptadas do conteúdo de livros. O
psicopedagogo, através da investigação, irá identificar as causas dos problemas de
aprendizagem, podendo atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a
sociedade. O diagnóstico psicopedagógico permite-nos um trabalho amplo que abrange
desde a intervenção específica e individual, no que se refere aos alunos com
transtornos, até a reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem. As questões que
nortearam esse trabalho foram as seguintes: Que dificuldades os psicopedagogos
clínicos possuem na comunicação com a escola? Qual é a visão da família em
relação a ausência de apoio escolar? Como os psicopedagogos atuam frente às
situações de dificuldade de aprendizagem?A escola e sua equipe devem cumprir
sua tarefa de educar e avaliar se as dificuldades de aprendizagem estão presentes
somente no ambiente escolar ou fazem parte de outros contextos sociais.
Conclui-se que a visão psicopedagógica clínica possibilita uma mudança
significativa na aprendizagem do aluno quando trabalham com a escola juntos.

Palavras Chaves: psicopedagogo clínico, TEA , mediador


1.Introdução

O intuito deste trabalho é através de pesquisas bibliográficas apresentar a


importância da atuação do psicopedagogo clínico no espaço escolar. A
psicopedagogia clínica pode passar despercebido pela comunidade escolar,
principalmente quando é exigidos devidas mudanças e assistências (mediadores) para
o paciente.
Estudar a aprendizagem e a forma de ensinar-lá , levando em consideração a
realidade que se encontra, quer externa do indivíduo, apresentando os aspectos iguais
no campo cognitivo, social e afetivo é uma ação da psicopedagogia. Onde se estuda
as características da aprendizagem humana, como se aprende, como essa
aprendizagem se apresenta e varia em sua evolução, como se produzem as alterações
da aprendizagem, como identificá-la, reconhecê-las e preveni-las.
Desta maneira a psicopedagogia clínica faz o papel de intervenção terapêutica,
pois existe um profissional especializado no caso, o psicopedagogo é um sujeito com
dificuldades no processo de aprendizagem. E a psicopedagogia institucional, faz o
papel preventivo e esta tem como seu centro de interesse a instituição.
Ao analisarmos essa problemática em torno da atuação desse profissional na qual
a importância da atuação do psicopedagogo na área clínica ter o total apoio da escola
para o melhor processo de ensino e aprendizagem das crianças e adolescentes em
idade escolar com dificuldades no aprendizado.
A atuação do psicopedagogo é bastante importante, pois ele subsidia as
dificuldades de aprendizagem do ser humano, coletando o máximo de informações
relacionadas ao processo e ao indivíduo avaliado através de investigações e estudos.
Não há muito reconhecimento destes profissionais na comunidade escolar e a
importância da atuação destes, na vida de uma criança e jovens que sofrem com
algum “deficit” de aprendizagem.
Em razão disso, o tema é justificado pela necessidade de ampliar o conhecimento
sobre o importante papel que este profissional desempenha nas escolas e o porquê o
trabalho do psicopedagogo é tão importante.
Quando abordamos sobre a psicopedagogia, é notório que ainda que é campo
inexplorável de estudos, mas que vem se tornando uma importante fonte de pesquisa
para a área da educação. O trabalho do Psicopedagogo é de fundamental importância,
pois o mesmo contribui na busca de soluções para a questão da dificuldade de
aprendizagem. A autora Wolffenbuttel em 2005, escreveu sobre como a
psicopedagogia engloba e a aprendizagem de todos os indivíduos envolvidos.
Inicialmente é preciso conceder destaque ao fato de que todo indivíduo tem o
direito ao acesso de uma educação de qualidade, que está garantido
expressivamente desde a Constituição Federal de 1988. A partir disto, se faz
necessário pensar em possibilidades de garantia desta “educação de qualidade” para
todos os alunos. No que diz respeito à educação e alfabetização de alunos com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), é preciso anteriormente estar ciente das
especificidades destes alunos para possibilitar que esse direito seja garantido da
melhor maneira possível. A Cartilha Direito das Pessoas com Autismo (2013, p. 13)
afirma que,
A educação é um direito social garantido pela Constituição Federal.
Conforme a Constituição e o Estatuto da Criança e Adolescente é
obrigação do Estado garantir atendimento educacional especializado às
pessoas com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino, já que
toda a criança e adolescente têm direito à educação para garantir seu pleno
desenvolvimento como pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho. A Lei 12.764/2012, que institui a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista, também reafirma o acesso à educação da pessoa com autismo,
assegurando, em casos de comprovada necessidade, o direito a
acompanhante especializado. A Lei ainda tratou da impossibilidade de
recusa da matrícula pelo gestor ou autoridade escolar, que poderá ser
punido com multa ou, em caso de reincidência, com a perda do cargo.

Esta pesquisa sobre a Psicopedagogia Clínica certamente poderá contribuir para a


área da educação, uma vez verificamos a ausência de comunicação psicopedagogo-
escola em determinadas instituições principalmente privadas .
As questões que nortearam a pesquisa foram as seguintes: Que dificuldades os
psicopedagogos clínicos possuem na comunicação com a escola? Qual é a visão da
família em relação a ausência de apoio escolar? e Como os psicopedagogos atuam
frente às situações de dificuldade de aprendizagem?
O presente estudo foi desenvolvido a princípio pela pesquisa bibliográfica, para
haver um embasamento teórico. Como o principal instrumento de pesquisa foi
utilizado artigos e relatos de especialistas em Psicopedagogia pertencentes à rede
particular.
2. 1 Psicopedagogia e o contexto histórico

Rubinstein em 1996 relata que a psicopedagogia surge a partir da insatisfação dos


profissionais que enfrentam as dificuldades de aprendizagens tendo como objetivo
propor métodos de intervenção para reintegrar a criança ao processo ensino
aprendizagem.
O autor Bossa em 2011, relatou um dos primeiros centros Psicopedagógicos foram
fundados na Europa (1946) por Boutonier e George Mauco, com direção médica e
pedagógica unindo conhecimento na área da Psicologia, Psicanálise e Pedagogia,
onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na
escola ou no lar, e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de
serem inteligentes.
Porto em 2011, diz que a Psicopedagogia foi reconhecida por sua intervenção
clínica em relação às dificuldades de aprendizagem, mas aos poucos veio
conquistando seu lugar nas instituições escolares como atividade preventiva e
institucional inserindo-se no contexto educacional frente às dificuldades de
aprendizagem.
No Brasil, somente no início da década de 1980 começa a teoria sociopolítica de
que o fracasso escolar e o “problema de aprendizagem” seriam “problemas de
aprendizagem”. Segundo Bossa (2000, p.57) os conhecimentos da psicopedagogia
dão sentido ao profundo compromisso com o aspecto preventivo. Para ela, a
psicopedagogia “surge com o compromisso de contribuir para a compreensão do
processo de aprendizagem e identificação de fatores facilitadores e comprometedores
desse processo, com vistas a uma intervenção”.
Fernández em 1991 relata que a cultura da psicopedagogia no Brasil está
engatinhando quando comparada à Argentina. Sugere, tal fato que as diferenças
passam fundamentalmente pela realidade cultural de cada país. A Argentina tem uma
história cultural diferente do Brasil. Os profissionais argentinos, por sua própria
história na psicopedagogia, são mais amadurecidos.
De acordo com Bossa (2011). “A psicopedagogia no Brasil tem hoje uma história
de 30 anos e já conta com um corpo teórico próprio, porém muito ainda há o que se
pesquisar.”
Bossa em 2011, diz que a psicopedagogia trabalha com a aprendizagem humana
que advém do problema de aprendizado, levando em consideração todos os
ambientes que os alunos participam já que não há uma única causa para esse fracasso
escolar. Para ela, devem-se identificar quais aspectos a serem trabalhados para suprir
as dificuldades e melhorar a aprendizagem do aluno.
Como reforça Porto (2006) a psicopedagogia é um campo de estudo novo e com o
objetivo específico e direcionado ao indivíduo com dificuldades de aprendizagem.
Por se tratar de uma área de estudo focada no sujeito é preciso destacar que inúmeros
fatores contribuíram para a existência de problemas de aprendizagem, dificuldades
que apenas recentemente tornaram-se objetos de estudo.
Weis em 2012 relata que tais fatores são os aspectos orgânicos, cognitivos,
emocionais, sociais e pedagógicos. Iniciaram em 1980, as atividades da Associação
Brasileira de Psicopedagogia para buscar melhoria na qualidade dos ensinos nas
escolas privadas e públicas. Nos dias de hoje a Psicopedagogia tem se preocupado
cada vez mais com a ação preventiva, na dificuldade de aprendizagem. Conforme
Escott em 2001, p.27:
A Psicopedagogia Clínica busca identificar as causas das dificuldades de
aprendizagem que é necessário entender o sujeito como ser social, resgatar fraturas e
o prazer de aprender e desta forma contribuir na solução dos problemas de
aprendizagem e colaborando para a construção de um sujeito pleno, crítico e feliz. 10
O objetivo do estudo da psicopedagogia apresenta diferentes concepções segundo
alguns autores brasileiros. Para Scoz,1992, and Bossa em 2000 a psicopedagogia
estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades.
Em uma ação educacional deve englobar vários campos do conhecimento,
integrando-os e sistematizando-os. Do ponto de vista de Weiss (1991, apud BOSSA,
2011), a Psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim
como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e
educadores. A ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) foi o primeiro grupo
formado pelo Instituto Sedes Sapientiae, incentivado pelo seu corpo docente, que
congregou os profissionais preocupados com os problemas de educação.
De inicio chamou APp (Associação Paulista de Psicologia) e depois se
transformou na ABPp, que muito tem contribuído para a definição do perfil
profissional do psicopedagogo, iniciando suas atividades em 1980, promovendo
encontros para reflexão e trocas de experiências vividas no exercício da profissão.
Com o crescente avanço do campo de atuação, os psicopedagogos sentiram a
necessidade de aprimorar sua formação sob o aspecto multidisciplinar e em
consequência disso houve a abertura de inúmeros cursos em nível de pós-graduação
(BOSSA, 2011). Afirma Bossa (2011, p.113):

A Associação Brasileira de Psicopedagogia prossegue na luta pela


regulamentação da profissão por meio da aprovação do projeto de Lei nº
3.124/97 do Deputado Barbosa Neto, que regulamenta a profissão do
psicopedagogo e cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de
Psicopedagogia.

Boss em 2011, porém, independente da abordagem de cada psicopedagogo em


particular, há certos princípios éticos que devem estar presentes na atuação do
psicopedagogo. Com objetivo de assegurar esses princípios, a ABPp, em assembleia
realizada no III Congresso de Psicopedagogia aprovou o Código de Ética da ABPp.

2. 1. 1 Analise de alunos em Sala de Aula

Após a primeira seção diagnóstica, onde são coletadas informações necessárias


sobre a vida do paciente. Na anamnese pode se perceber ou não a construção de sua
própria continuidade nas diferentes gerações, se há interações entre as gerações do
passado, presente e do futuro. É através dos dados coletados que podem ser
levantadas hipóteses para que se possa entender o problema em questão que Weiss,
2012 relata.
A Partir disto, também vimos como é a relação da família com a escola e se a
criança possui algum suporte e mediador para iniciarmos a primeira comunicação
com a direção da escola.
A observação em sala de aula para o diagnóstico de problemas de aprendizagem
segue algumas regras básicas na qual: a criança não poderá perceber que está sendo
observada, senão perderá a espontaneidade; ter bem claro para si os aspectos que
deverão ser observados na criança; durante o período de observação ficar muito
atento ao desempenho da criança seus progressos e dificuldades; procurar manter um
clima agradável na sala, durante a sua permanência no recinto; paralelamente a
observação da criança estudar as teorias do desenvolvimento visando elaborar um
bom relatório.
Deverão ser observados no sujeito: aspectos afetivos; aspectos cognitivos; aspecto
psicomotor e aspecto social.A observação é considerada por vários autores durante o
processo de diagnóstico psicopedagógico fator essencial, porque a escola e a sala de
aula são ambientes que participam do contexto de aprendizagem, de dificuldade ou
eventuais déficits que venham fazer parte da vida do paciente.

2.2 A clínica psicopedagógica e as dificuldades que enfrentam no processo de


aprendizagem
Existem muitos fatores que interferem no processo de aprendizagem, porém a
criança não é a única responsável pelos problemas que enfrenta ou que se encontra.
Mas também, não é a busca de culpados por esses problemas que permitirá encontrar
soluções.
Para os autores Bossa 2002 e Escott, 2004 é necessário que o psicopedagogo
possa ter clareza de que a dificuldade de aprendizagem não se dá isoladamente, mas
precisa ser compreendida como um sintoma social, cultural, epistemológico e
individual, que se manifesta na dimensão da singularidade do sujeito. Na realidade,
para compreender os problemas que surgem na aprendizagem, necessita-se um
processo de interação, fora desse não existirá compreensão.
A dificuldade de aprendizagem pode apresentar-se como um sintoma, mascarando
a repressão de algum acontecimento no qual o aprender tem seu significado, outra
possibilidade se dá pela inibição cognitiva, que diz respeito a uma retração intelectual
do ego. E ainda, tem-se como terceira possibilidade o comportamento reativo em
relação às propostas escolares.
Sabemos que com o fracasso, uma vez gerado o fracasso e conforme o tempo de
sua permanência, o psicopedagogo deverá também intervir, ajudando através de
indicações adequadas (assessoramento à escola, mudança de escola, orientação a uma
ajuda extra-escolar mais pautada, a um espaço de aprendizagem extra-escolar
expressivo, etc), para que o fracasso do ensinante, encontrando um terreno fértil na
criança e sua família, não se constitua em sintoma neurótico. Para resolver o fracasso
escolar, quando provém de causas ligadas à estrutura individual e familiar da criança
(problema de aprendizagem– sintoma ou inibição), vai ser requerida uma intervenção
psicopedagógica especializada

[...] Para procurar a remissão desta problemática, deveremos apelar a um


tratamento psicopedagógico clínico que busque libertar a inteligência e mobilizar
a circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar Segundo
Fernández (1990 apud BOSSA 2000, p.88).

O psicopedagogo atua diretamente junto ao educando que apresenta problemas de


aprendizagem, na tentativa de identificar os fatores que interferem no seu processo de
aprendizagem e de ajudá-lo a superar as dificuldades apresentadas tais como:
problemas em reter o conteúdo trabalhado em sala de aula, dificuldades na escrita e
leitura, troca de fonemas ou consoantes, problemas de interação social que acabaram
por prejudicar a aprendizagem satisfatória do aluno.
Cabe a esse profissional refletir sobre as dificuldades e sobre os aspectos relativos
às dificuldades de aprendizagem, bem como a importância da Psicopedagogia em
estabelecer diretrizes e técnicas para a resolução das mesmas e a responsabilidade do
profissional da área em intervir para o bom desenvolvimento do aluno não apenas do
processo ensino aprendizagem, mas, favorecendo um equilíbrio como todo.
Bossa em 2002 e o autor Escott em 2004 relata que é preciso o psicopedagogo
ter clareza de que a dificuldade de aprendizagem não se dá isoladamente, mas precisa
ser compreendida como um sintoma social, cultural, epistemológico e individual, que
se manifesta na dimensão da singularidade do sujeito.
Desta forma, é importante ressaltar que a aprendizagem tem como significado
e entendimento o processo de competências, habilidades, conhecimentos ou
valores que são adquiridos ou alterados de acordo com suas experiências e
formações.
A aprendizagem aplica diferentes conhecimentos e teorias, da neuropsicológica,
psicologia e pedagogia, tendo transformando de forma significativa a estrutura
mental do aprendente, alterando então, sua conduta. Deste modo, Paín (1992, p.23)
define que:
[...] a aprendizagem é um processo dinâmico que determina uma mudança,
com a particularidade de que o processo supõe um processamento da
realidade e de que a mudança no sujeito é um aumento qualitativo em sua
possibilidade de atuar sobre ela. Sob o ponto de vista dinâmico a aprendizagem
é o efeito do comportamento, o que se conserva como disposição mais
econômica e equilibrada para responder a uma situação definida.

Paín em 1992 fala sobre sua teoria, declara que a aprendizagem é mais rápida,
pois se o sujeito tiver mais necessidade, a exigência da compensação será mais
relevante para superá-la. Ainda, os estudos da autora apresentam os fatores
internos que interferem no processo de ensino e aprendizagem. São eles (a) o corpo,
que é o momento em que a criança aprende com o próprio corpo observando sua
autoimagem e sua auto-estima; (b) a condição cognitiva, relacionada à aprendizagem;
(c) as fases do desenvolvimento, de acordo com a idade da criança;e,por fim, (d) a
compreensão do que está sendo estudado.

2. 3 O papel do mediador escolar em junção a psicopedagogia clínica

O mediador escolar, monitor ou profissional de apoio escolar, surgiu a partir


das discussões e ações para a promoção da inclusão, que visa, por sua vez, garantir a
ampliação de alunos com deficiência na rede pública ou privada de ensino regular.
No entanto, as escolas não estavam, ou ainda não estão preparadas para receber todos
alunos, e necessitam de uma adequação em seus recursos, como também em sua
estrutura (Carvalho, 2005; Oliveira, 2009).
Neste momento, passa a surgir a necessidade um profissional para o atendimento
mais individualizado deste público, principalmente em sala de aula e, tendo como
objetivo, ser apoiador deste aluno. Surge a necessidade de se pensar e propor
problematizações sobre o apoio do mediador escolar.
De acordo com o decreto 8.368/14, que veio regulamentar a Lei 12.764/12. Fala
sobre o respeito a contratação deste profissional, que deve ser promovida pela escola
e não pelos pais. Fato é que, muito recorrente os pais arcarem com o custeio da
mediação, principalmente em instituições privadas.
Levando isto em conta , é possível refletir sobre o papel do mediador
dentro das instituições, tendo em vista a importância deste profissional como agente
fundamental para também proporcionar a inclusão aos alunos neurodivergentes.
Além de ter a possibilidade de proporcionar pontes para melhor relação deste
aluno entre colegas de classe, professores e outros profissionais da escola, auxiliar
no comportamento, na comunicação e até mesmo nas atividades pedagógicas,
podendo participar junto do professor na elaboração destas atividades, como na
construção de Adaptações Curriculares, Planos Educacionais Individualizados (PEI)
pois muitos desses envolvem as ações desenvolvidas pelo mediador.
No entanto, precisamos refletir que a “culpa” não está no mediador, mas sim
todo o processo de construção da inclusão, desde a direção escolar que omitem o real
apoio que esses alunos devem receber, e por muitas vezes colocam essa
responsabilidade nos pais fazendo com que eles procurem outra escola e não
ofertando a matrícula, e dificultando o acesso do psicopedagogo clínico para saber o
posicionamento do professor, mediador e as devidas mudanças que foram proposta
para melhorar a aprendizagem do aluno. esses casos acontecem muito em instituições
privadas.
O diagnóstico psicopedagógico não se refere apenas à prescrição de orientações
para alunos em particular, mas aborda outros assuntos de caráter mais geral derivados
de discussões sobre alunos com dificuldades, do desenvolvimento das orientações e,
também, da análise conjunta de dúvidas ou questionamentos sobre assuntos didáticos.
Destacamos muitas queixas de dificuldades na aprendizagem, cuja causa está
relacionada a procedimentos pedagógicos e avaliativos, pelo despreparo de
professores, metodologias e programas de ensino inadequados. Por isso, hoje, o
trabalho do psicopedagogo clínico acontece em parceria com as escolas, pois o
processo corretor só terá êxito se houver um trabalho conjunto e articulado com a
família e a instituição escolar.
A psicopedagogia trabalha com a aprendizagem humana que advém do problema
de aprendizado, levando em consideração todos os ambientes que os alunos
participam já que não há uma única causa para esse fracasso escolar. Quando o
psicopedagogo relata sobre a dificuldade do aluno, a escola deverá compreender que
seu comportamento não se trata de desinteresse ou preguiça e oferecer um
atendimento individualizado às suas atividades educacionais que possam contribuir
com a elevação da autoestima, e consequentemente da melhoria do desempenho nas
atividades escolares.
A escola e sua equipe devem cumprir sua tarefa de educar e avaliar se as
dificuldades de aprendizagem estão presentes somente no ambiente escolar ou fazem
parte de outros contextos sociais.
Em um primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para a busca e o
desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de
dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e , dessa
forma, promover o desaparecimento do sintoma, ou seja, é apenas um aspecto no
processo terapêutico , e o principal objetivo é a investigação da etiologia da
dificuldade da aprendizagem, bem como a compreensão do processamento da
aprendizagem, bem como a compreensão do processamento da aprendizagem,
considerando todas as variáveis que intervêm nesse processo (RUBINSTEIN,
1992 , p. 103).

3. Conclusão

Em todos os aspectos, percebe-se a importância do psicopedagogo, partindo da


premissa de que a intervenção advém da necessidade de uma construção de um
diagnóstico preciso. O desenvolvimento do acompanhamento psicopedagógico do
aprendente, foi realizado em várias sessões onde foram aplicados testes da
psicopedagogia clínica como: Questionários, observações, intervenções e jogos.
Conclui-se que a visão psicopedagógica clínica possibilita uma mudança
significativa na aprendizagem do aluno quando trabalham com a escola juntos. A
relação desses profissionais e a escola devem ser algo que se constrói e tem por base
o respeito,buscando sempre o melhor para os alunos.
Percebe-se que mesmo não tendo total compreensão sobre o trabalho do
psicopedagogo clínico, a escola e o professor encaminham a criança querendo
transferir a dificuldade encontrada para outro profissional, assim o problema de
aprendizagem apresentado por essa criança não é visto como responsabilidade,
também, dessa escola e desse professor, mas sim como sendo da própria criança ou
da família.
Por isso que os pais devem saber seus direitos e exigir que medidas sejam feitas e
propostas elaboradas. Dando total acesso para o psicopedagogo acompanhar o
desenvolvimento desse paciente no âmbito escolar.

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