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Suicídio covardia ou coragem?

Nesse contexto vemos a covardia se encaixa na definição não que a pessoa que se mata é
covarde e sim que aquela pessoa tem uma fraqueza ou dor interna e nesse momento a pessoa
toma a decisão de acabar com a própria vida.

Significado de Covardia
substantivo feminino

Comportamento que expressa falta de coragem; gesto caracterizado pelo medo ou temor; que
não é ousado: pusilâmine.

Sinônimos de Covardia
Covardia é sinônimo de: medo, pusilanimidade, fraqueza

Nossa cultura valoriza a vida em todos os sentidos, haja vista os


incontáveis métodos de rejuvenescimento. Daí a morte, mesmo sendo um
processo natural, não é bem-vinda porque rompe com o sonho humano de
imortalidade. O suicídio, então, é tido como intolerável, nos conduzindo quase
sempre a buscarmos uma justificativa para compreender tal ato e amenizar
nossa perplexidade.
O comportamento intencional de tirar a própria vida é resultado da
soma de diversos fatores de origem emocional, psíquica, social e cultural. O
indivíduo busca na morte o alívio, uma forma de fugir daquilo que o deprime,
que o exclui de maneira insuportável. Decepções amorosas, problemas
familiares ou financeiros, depressão, transtornos de personalidade, abuso de
substâncias químicas, são alguns dos fatores. Claro que nem sempre tais
fatores atuam como causa direta, mas podem potencializar o risco da
depressão e levar ao suicídio.
Mas, o suicídio seria apenas uma forma de autopunição? Também. O
suicida tem desejos de vingança como, por exemplo, uma forma de punir
pessoas próximas para que se sintam culpadas ou tristes. Pode ainda ter
desejo de reparação, de salvação, de escape, de sacrifício, de reencontrar-se
com alguém que já tenha morrido, de estar mais próximo de Deus, etc.
Tais desejos são declarados em cartas de despedida ou em fragmentos
de conversas relatadas, mais tarde, lembradas por amigos ou familiares, sobre
alguns comportamentos ou falas que sinalizavam a intenção de suicídio, mas
que naquele momento não deram importância.
Por isso que é perigoso avaliar um comportamento de alguém que diz
que quer se matar banalizando com frases do tipo “ele (a) só quer chamar
atenção”. É preciso ajudar, sem necessariamente ser um especialista,
demonstrando interesse genuíno em acolher o outro.
Coragem ou covardia de quem tira a própria vida? As opiniões se
dividem. De qualquer forma, o ato contra a vida pode ocorrer num gesto
impulsivo e a pessoa vai embora pra sempre. E é o pra sempre que nos
incomoda.
https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/psicoblog/post/
suicidio-coragem-ou-covardia.html
Argumentos
Quando lidamos com assuntos relacionados sobre saúde mental, ouvimos
inúmeros comentários maldosos, principalmente sobre depressão e suicídio,
por exemplo: “fulano se matou, foi um ato de coragem ou covardia?”, “tentou
suicídio sem sucesso”, sem falar dos julgamentos, “alguns lutando pela vida e
outros interrompendo sua existência“, são falas preconceituosas e incorretas.

Fulano se matou, foi um ato de coragem ou covardia?


Desespero extremo seria o termo mais apropriado. Na verdade, o que leva a
pessoa a interromper a própria vida é uma dor psíquica insuportável. Quem
tenta suicídio está passando por um intenso sofrimento psicológico e se
concretizado, o suicídio não deve ser enaltecido, não deve ser tomado como
um ato de coragem ou julgado como um ato de covardia.

Julgamentos entre profissionais de saúde


Tantas pessoas lutando para viver em hospitais e outros tentando tirar a vida e
ocupando o espaço de quem realmente necessita de atendimento de
emergência, muitos profissionais se revoltam com esses casos.

A sensibilização de toda a equipe de profissionais que lidam diretamente com


pessoas que tentaram tirar suas vidas ou que chegaram a tirá-la é
fundamental. Não é incomum que muitos desses profissionais, em algumas
situações, cheguem a destratar essas pessoas. Atender um paciente
potencialmente suicida é uma tarefa desafiadora e estressante, muitas vezes,
esses profissionais se incomodam de estar atendendo uma ocorrência de
tentativa de suicídio ou de suicídio consumado, pensamentos e, muitas vezes,
até verbalizações como “podia estar salvando uma vida, mas estou aqui
perdendo meu tempo com quem quis tirá-la” não são raros.

Esse tipo de tratamento definitivamente não é adequado para essas situações,


por colocarem ou o próprio sujeito que tentou se matar, ou familiares de quem
se matou em situações constrangedoras. Uma pessoa que pensa em tirar a
própria vida necessita de ajuda, é necessário, mais acolhimento e menos
julgamentos morais.

Tentou suicídio sem sucesso


“O jovem que cometeu suicídio havia tentado várias vezes matar-se sem
sucesso”. Não se deve deixar a palavra suicídio parecer sinônimo de êxito, de
solução, o suicídio é sempre uma tragédia. Consultando o Dicionário Online de
Português a palavra sucesso diz respeito a algo com consequência positiva de
alguma coisa que expressa o êxito de quem a fez; acontecimento favorável;
resultado feliz; algo ou alguém que obteve êxito. Toda morte por suicídio é
sempre um desfecho trágico, não existe sucesso.

Sabemos o que acontece com quem faz isso


Talvez o maior de todos os absurdos, seja essa frase: “sabemos o que
acontece com quem faz isso”, não sabemos de nada! Imagina um familiar
ouvindo uma frase dessas, além de lidar com a incompreensão, com a dor,
ainda tem que enfrentar preconceitos e julgamentos.

Lamentar a perda e julgar o que irá acontecer com o suicida após sua morte só
irá aumentar o sofrimento de quem perdeu seu ente querido. O suicídio de
alguém próximo tende a ser vivido como traumático, causa grande sofrimento e
exige dos familiares e amigos muita energia psíquica para elaborar o luto. Após
a perda de um familiar por suicídio, os familiares necessitam de suporte
especializado. Quem somos nós para julgar os motivos que levaram alguém a
desistir de viver?

Saúde mental, preconceito e prevenção ao suicídio: vamos conversar?


Pensar em saúde mental não é apenas considerar a ausência de transtorno, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um
estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias
habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a
sua comunidade.

O desespero é tanto que o suicídio aparece como a única saída para as


pessoas que se deparam com problemas e sofrimentos que para elas naquele
momento não vêem saída. Não é incomum que aqueles que atentam contra a
própria vida não estejam buscando propriamente a morte, muitas vezes, o que
desejam de fato é interromper a dor e o sofrimento profundo, ou outras
situações insustentáveis.

Muitas pessoas com ideação suicida deixam de buscar ajuda por causa do
preconceito e estigma, medo de serem julgadas, por esse motivo não realizam
o tratamento. O fim do preconceito com doenças mentais, como ansiedade e
depressão, é fundamental para a prevenção ao suicídio.

Por muito tempo, a maioria das pessoas evitava falar sobre suicídio, existia o
receio de estimular o ato em pessoas mais fragilizadas e com comportamento
suicida (pensamentos, planos e tentativa de suicídio).

Em 2014 com criação da Campanha Setembro Amarelo, isso mudou e o tema


passou a ser discutido inclusive pela mídia, que tem a possibilidade de mostrar,
os avanços no tratamento dos transtornos mentais, informações de onde
conseguir ajuda, bem como exemplos de superação, pessoas que superaram o
desespero e com o apoio emocional, conseguiram vencer as crises e seguir
com suas vidas.
Referências:

[1] O Suicídio e os Desafios para a Psicologia / Conselho Federal de Psicologia. –


Brasília: CFP, 2013. 152p.
[2]
https://www.setembroamarelo.com/_files/ugd/e0f082_a44f70d6665647ea9ecf0631cc82b14
2.pdf

*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da


Medicina) – Especialista em Saúde Mental e Dependência Química – Colaboradora do
site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

Causas.
Problemas de Saúde Mental: Transtornos como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e
esquizofrenia podem aumentar o risco de suicídio. No entanto, essas condições não devem ser
vistas como "fraqueza", mas sim como desafios de saúde que requerem tratamento adequado.

Isolamento Social: A falta de conexões sociais e um senso de isolamento podem agravar os


sentimentos de desesperança e solidão, contribuindo para o risco de suicídio. Isso não é
necessariamente uma questão de "fraqueza", mas sim de falta de apoio e conexões.

Traumas e Eventos de Vida Estressantes: Experiências traumáticas, como abuso, perda de


entes queridos, divórcio, desemprego e problemas financeiros, podem sobrecarregar
emocionalmente uma pessoa e aumentar o risco de suicídio.

Acesso a Meios Letais: A disponibilidade de meios para cometer suicídio, como armas de fogo
ou acesso a medicamentos letais, pode influenciar a decisão de uma pessoa em crise.

Histórico Familiar: Ter parentes próximos que cometeram suicídio pode aumentar a
predisposição de alguém para comportamentos suicidas.

Uso de Substâncias: O abuso de álcool e drogas pode afetar o julgamento e diminuir os


impulsos de autopreservação, contribuindo para comportamentos suicidas.

Falta de Recursos para Tratamento: Algumas pessoas podem enfrentar dificuldades para
acessar serviços de saúde mental de qualidade, o que pode impactar negativamente sua
capacidade de lidar com seus desafios emocionais.
Estigma e Discriminação: O estigma em torno da saúde mental pode fazer com que as pessoas
evitem buscar ajuda, o que pode agravar seus problemas emocionais.

Fatores Biológicos: Pesquisas sugerem que desequilíbrios químicos no cérebro podem


influenciar os sentimentos de depressão e desesperança, mas isso não implica fraqueza.

O Luto
O luto relacionado à morte de uma pessoa que se suicidou é um processo profundamente
complexo e único. Aqueles que enfrentam essa situação podem experienciar uma variedade
de emoções e desafios que podem ser diferentes do luto pela perda de uma pessoa por outras
causas. Aqui estão algumas maneiras pelas quais o luto relacionado ao suicídio pode se
manifestar:

Choque e Incredulidade: Muitas vezes, a notícia do suicídio de alguém é chocante e difícil de


acreditar. Pode levar um tempo para processar a realidade da situação.

Culpa e Autocrítica: Membros da família e amigos podem se questionar se poderiam ter feito
algo para evitar o suicídio. Eles podem se sentir culpados por não perceberem os sinais ou por
não terem sido capazes de intervir.

Raiva e Frustração: Sentimentos de raiva em relação à pessoa que se suicidou, à situação ou


até mesmo aos profissionais de saúde mental podem surgir. Essa raiva pode ser direcionada
tanto internamente quanto externamente.

Tristeza e Desesperança: A tristeza profunda é uma reação comum ao luto por suicídio. A
sensação de perda pode ser acompanhada por um sentimento de desesperança,
especialmente se a pessoa que faleceu estava enfrentando problemas de saúde mental.

Estigma e Isolamento: O estigma em torno do suicídio pode levar a sentimentos de


isolamento, já que amigos e familiares podem não saber como reagir ou apoiar
adequadamente.
Questionamentos sem Resposta: Muitas vezes, os sobreviventes ficam com perguntas não
respondidas sobre por que a pessoa escolheu o suicídio. A falta de respostas claras pode
dificultar o processo de aceitação.

Sentimentos Ambivalentes: O luto por suicídio pode ser complicado por sentimentos
contraditórios, como amor e raiva, em relação à pessoa que morreu.

Lidar com o Estigma Social: A sociedade muitas vezes trata o suicídio de forma diferente de
outras mortes, o que pode criar desafios adicionais para os enlutados.

Necessidade de Apoio Especializado: Devido à complexidade desse tipo de luto, muitas vezes
é recomendável buscar apoio terapêutico ou participar de grupos de apoio específicos para
pessoas enlutadas por suicídio.

Compreensão dos Fatores Contribuintes: Algumas pessoas que perderam alguém por suicídio
podem se empenhar em entender os fatores que contribuíram para essa decisão, buscando
educação sobre saúde mental e prevenção.

Lidar com o luto relacionado ao suicídio é um processo desafiador e único para cada indivíduo.
É importante que aqueles que estão passando por isso busquem apoio emocional e
compreensão de amigos, familiares, terapeutas ou grupos de apoio especializados.
Contra Ataque
O suicídio não é um ato de coragem a prevenção do suicídio que é um ato de coragem.

Quanto acontece um suicido isso leva a lagrimas não a aplausos.

Como um ato de coragem é assimilado como algo negativo ou até mesmo triste.

Algo corajoso nós temos orgulho dessa atitude não tristeza.

EX: Se eu me matar hoje acredito eu que pelo menos a maioria das pessoas vão ficar tristes e
não felizes com minha morte e até mesmo não vai ter uma estatua minha dizendo parabéns
ele é um herói ele tirou a própria vida

Coragem é a única coisa que a pessoa que se matou teve naquele momento pois ela não teve
coragem ou bravura para conseguir enfrentar aquela tristeza ou algo que a afetava. Não
estou sendo uma pessoa sem compaixão nenhuma para falar isso mas estou falando algo
que faz sentido.

Suicídio não tem nada haver com coragem isso é um fato.

Suicídio é um ato covarde contra a vida. Imagine o tanto de pessoas como crianças que estão
lutando pela vida em hospitais e você simplesmente tendo um problema acaba se matando
vocês ainda acham que é um ato de coragem?

Uma pessoa corajosa arrisca sua vida pelos outros por isso que os heróis são corajosos
Ataque.
 Quais são os principais argumentos que você vê em favor da ideia de que o suicídio é
um ato de coragem?
 Como você define coragem nesse contexto? E por que você acredita que o suicídio se
encaixa nessa definição?
 Você acha que todas as pessoas que cometem suicídio estão agindo por um senso de
coragem? Ou há exceções que podem ter motivações diferentes?
 Como lidamos com o sofrimento psicológico intenso e a dor emocional que muitas
vezes levam as pessoas a considerar o suicídio? Existem outras maneiras de enfrentar
esses desafios além do suicídio?
 Será que algumas das situações que podem levar ao suicídio, como transtornos
mentais graves, não podem diminuir a capacidade de alguém tomar decisões racionais
sobre coragem ou covardia?
 Você acredita que é possível que o estigma em torno da saúde mental e do suicídio
influencie a maneira como vemos a coragem nesse contexto?
 Muitas pessoas argumentam que o suicídio é frequentemente resultado de uma
sensação avassaladora de desesperança e falta de alternativas. Como você acha que a
perspectiva da coragem se encaixa nesse contexto?
 Será que é mais produtivo focar na rotulagem do suicídio como coragem ou covardia,
ou é mais importante entender as complexas questões emocionais e psicológicas que
levam alguém a considerar o suicídio?
 Como podemos abordar o problema do suicídio de maneira mais eficaz? Quais
medidas você acha que seriam úteis na prevenção do suicídio e na promoção da saúde
mental?

Apelação
Hinduísmo

Para esta religião, a vida é considerada como sagrada, sendo a alma tida como imortal. Uma
característica que se faz presente é a crença na reencarnação da alma após a morte física.
Acerca dessa consciência na imortalidade da alma é retratado no trecho do Bhagavad-Gîtâ
(poema épico que contém princípios do hinduísmo), no canto 2 que diz: “O Eu nunca nasceu
nem jamais morrerá. E uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem nascimento, sem
morte, imutável, eterno – sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição
do corpo”.

A prática do suicídio estaria a interromper esse ‘caminho’ no ciclo kármico, portanto sendo
considerada uma morte na ignorância, e isso reflete na próxima reencarnação. Assim, de
acordo com o Bhagavad-Gîtâ quando se morre em uma situação tida como modo de
ignorância, podendo considerar entre elas o suicídio, a alma nasce em corpo irracional como
de um animal para experimentar certas privações que paulatinamente vá contornando essa
ação ignorante do ser.

Budismo

Um dos conceitos fundamentais no budismo, incluído nos preceitos éticos básicos da religião,
o pañcasīla, está o que menciona a importância da vida, no primeiro preceito é ressaltado o
compromisso de estabelecer como regra de treinamento a abstenção de matar. Nesse sentido,
é muito enfático entre os princípios budistas aquele que remete à questão da prática da não
violência e, consequentemente, da promoção pela vida.

Quando atentamos a esses fatores dentro do budismo é possível perceber que essa questão
de não matar também é válida para a morte voluntária, ou seja, em sua base doutrinal o
budismo é contrário ao suicídio, tendo a crença que o suicida possa renascer em condições
mais difíceis.

Islamismo

Quanto à teologia islâmica, a morte é tratada no Alcorão como vontade divina. Neste sentido,
somente Aláh tem o poder de tirar a vida de alguém e, portanto, a noção de suicídio é
considerada como algo negativo pelo islamismo.

Cristianismo

Para o cristianismo, todos os exemplos e ensinamento estão contidos na Bíblia, que alinham o
bem viver do ser humano com o sofrimento pelo que Cristo foi acometido.

Algumas ações de seguidores demonstram exemplos de submissão à vontade divina, como em


um dos mandamentos dados por Deus que enfatiza ordem: “Não matarás”. Isso significa, que
não devemos pôr fim a nenhuma vida: seja dos outros ou a nossa própria já que Deus é o
criador da vida ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém e, por isso somente ele, tem a
autoridade para decidir quando uma vida deve se encerrar.

Referências

BOWKER, John. Os sentidos da morte. São Paulo: Editora Paulus, 1995.

DIAS, Maria Luiza. Suicídio: testemunhos de adeus. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.

HARLAM, Lindisay. Sati, the blessing and the curse: the burning of wives in India. John
Stratton Howley. New York: Oxford University Press, 1991.

HARVEY, Peter (2007). Uma introdução ao budismo: ensinamentos, história e práticas.


Cambridge: Cambridge University Press.

PRABHUPADA, A.C. Além do nascimento e da morte. São Paulo: The Bhaktivedanta Book
Trust, 1986.

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