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SIMULADO TEMÁTICO
Culpabilidade
CADERNO DE QUESTÕES

1. (Questão adaptada – MC). Imputabilidade penal é a possibilidade de se atribuir a alguém a


responsabilidade pelo cometimento de algum ilícito penal. Acerca desse tema, de suas consequências
jurídicopenais, e considerando a legislação penal, bem como a doutrina majoritária, é correto afirmar
que a embriaguez culposa decorrente do uso do álcool autoriza a redução de um a dois terços da pena
do agente.

2. (Questão adaptada – MC). Extinta a punibilidade do agente inimputável ou semi-imputável, não se


impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.

3. (Questão adaptada – MC). A emoção e paixão, quando violentas, podem excluir a imputabilidade penal
ou servir como atenuante inominada.

4. (Questão adaptada – MC). A embriaguez voluntária que não exclui a imputabilidade penal é somente
aquela decorrente do uso de álcool.

5. (Questão adaptada – MC). Para determinada teoria, criticada por não conseguir explicar a culpa
inconsciente, a culpabilidade deve abordar os elementos subjetivos dolo e culpa, sendo a imputabilidade
pressuposto para sua análise. Nessa perspectiva, a culpabilidade retira o seu fundamento do aspecto
psicológico do agente. Nesse sentido, é a relação subjetiva entre o fato e o seu autor que toma relevância,
pois a culpabilidade reside nela. O texto precedente refere-se à teoria psicológico-normativa ou
normativa complexa.

6. (Questão adaptada – MC). Durante uma confraternização familiar, Lucas, de 56 anos de idade, após
comer uma sobremesa, começou, inesperadamente, a ficar impaciente e a ameaçar de morte sua irmã,
Lívia. Com medo, esta acionou a polícia, que prendeu Lucas e o conduziu à delegacia de polícia, onde
a vítima o representou pelo crime de ameaça, com incidência da Lei n.º 11.340/2006. Devidamente
processado, constatou-se que o réu, no momento dos fatos, pela primeira vez na vida, tivera
hiperglicemia, que lhe causara confusão mental e lhe diminuíra a capacidade de entendimento. Devido
a esse episódio, Lucas descobriu ser diabético. Todas essas circunstâncias restaram devidamente
provadas no bojo dos autos.

Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Penal, na sentença penal de Lucas, o juiz deve
condenar o réu, aplicando-lhe pena diminuída, em razão dos efeitos análogos à embriaguez acidental.

7. (Questão adaptada – MC). Alfredo, no dia 01 de abril de 2020, quando andava pelas ruas da região
central do pequeno município em que vivia, cruzou o caminho de Luana, que também era moradora
daquele lugar. Luana, por simples picardia – até porque o fato de Alfredo ser pessoa com deficiência,
paciente de saúde mental, era de todos conhecido, inclusive dela - passou a agredi-lo com tapas violentos
e empurrões, momento em que Alfredo, revidando, bateu em Luana, até fazer com que ela cessasse seus
atos. À vista da confusão que se formou, a polícia foi chamada ao local e conduziu Alfredo à delegacia
local.

Diante da situação hipotética narrada e, assumindo que a condição de saúde mental de Alfredo era capaz
de afastar totalmente sua capacidade de discernimento, é correto afirmar que deve ser reconhecida a falta
das condições para a imposição de qualquer resposta penal a Alfredo, inexistindo injusto penal em seu
comportamento.

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8. (Questão adaptada – MC). A ação típica praticada em situação de coação moral irresistível não é
justificada, mas é exculpada por inexigibilidade de comportamento diverso, punindo-se apenas o autor
mediato.

9. (Questão adaptada – MC). “A” pratica excesso na legítima defesa real exercida contra “B”, por
utilização imoderada de meio necessário, em razão de defeito emocional no psiquismo de “A”, derivado
de medo: a hipótese concreta pode fundamentar situação de exculpação, que exclui a culpabilidade de
“A”.

10. (Questão adaptada – MC). Não é admissível juridicamente o exercício da legítima defesa por parte de
inimputável por doença mental contra agressões injustas, atuais ou iminentes, de terceiros, mas a
legítima defesa exercida por outrem, contra agressão injusta, atual ou iminente, de inimputável por
doença mental, sujeita-se a limitações ético-sociais, que definem a permissibilidade de defesa.

11. (Questão adaptada – MC). O erro sobre os limites jurídicos de uma causa de justificação existente
constitui erro de proibição indireto e o erro sobre a existência de uma causa de justificação inexistente
constitui erro de proibição direto, embora ambas as modalidades de erro estejam sujeitas ao mesmo
tratamento jurídico no Código Penal brasileiro.

12. (Questão adaptada – MC). O sitiante A acredita seriamente ser lícita sua ação de guardar grande
quantidade de lenha em seu imóvel rural, sem licença outorgada pela autoridade competente, o que é
tipificado como crime ambiental no art. 46, parágrafo único, da Lei 9.605/98: trata-se de hipótese de
erro de proibição direto, que recai sobre a existência da lei penal e, se inevitável, isenta de pena.

13. (Questão adaptada – MC). Com finalidade de correção, A priva a liberdade das crianças B e C, seus
filhos, mediante cárcere privado ininterrupto por um mês, no interior de cubículo da residência comum,
supondo ser jurídica a ação, no exercício do poder familiar: trata-se de erro de proibição indireto que, se
inevitável, exclui a culpabilidade, e se evitável, reduz a culpabilidade.

14. (Questão adaptada – MC). A ideia de coculpabilidade pode ser exemplificada na legislação brasileira
pela diminuição de pena se, no concurso de pessoas, a participação do agente for de menor importância.

15. (Questão adaptada – MC). Com relação à teoria geral do direito penal, é correto afirmar que a
imputabilidade é a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de uma infração
penal.

16. (Questão adaptada – MC). No estupro de vulnerável, o consentimento não opera como causa permissiva
e sua aferição, seja na forma direta ou por equiparação, é obtida pela conjunção dos critérios biológicos
e psicológicos da culpabilidade.

17. (Questão inédita – MC). O princípio da culpabilidade, determina que a conduta deve ser praticada com
dolo ou culpa, concebendo, assim, um direito penal do fato, no qual o legislador somente poderá tipificar
como crime a conduta humana voluntária.

18. (Questão inédita – MC). No que tange aos critérios de aferição da inimputabilidade, é correto afirmar
que, para os casos de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o Código Penal
adotou o critério psicológico.

19. (Questão inédita – MC). A nossa legislação, conquanto não permita a exclusão da imputabilidade pela
emoção, reconhece que elas podem abrandar a reprovabilidade do comportamento do agente, ensejando,
a depender do caso, uma minorante ou até mesmo uma atenuante.

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20. (Questão inédita – MC). Quanto à imputabilidade e ao sistema de sanção do semi-impútavel, o Código
Penal adotou vicariante (ou duplo binário).

21. (Questão inédita – MC). De acordo com o Código Civil, a menoridade cessa aos dezoito anos completos,
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Entretanto, a incapacidade
cessará, para os menores, pela concessão dos pais, mediante instrumento público, independentemente
de homologação judicial, se o menor tiver dezesseis anos completos. Isto posto, é correto afirmar que a
emancipação civil não surte efeitos na esfera penal.

22. (Questão inédita – MC). Marluce, a pedido do pastor da sua igreja e por temor reverencial a ele, praticou
uma conduta delituosa. Nesse caso, o pastor deverá responder pelo crime praticado por Marluce, que,
por sua vez, não deverá responder por qualquer crime, tendo em vista que o temor reverencial constitui
modalidade de coação, constituindo-se, assim, inexigibilidade de conduta diversa.

23. (Questão inédita – MC). No que se refere aos conceitos de culpabilidade, à luz da jurisprudência do STJ,
é correto afirmar que a ameaça a vítima na presença de seu filho menor de idade justifica a valoração
negativa da culpabilidade do agente.

24. (Questão inédita – MC). De acordo com o Código Penal, o desconhecimento da lei é indesculpável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inescusável, isenta de pena; se escusável, poderá diminuí-la de um sexto
a um terço.

25. (Questão inédita – MC). Acerca da culpabilidade, nos termos do Código Penal, se o fato é cometido sob
coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só
é punível o autor da coação ou da ordem.

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SIMULADO TEMÁTICO
Culpabilidade

CADERNO DE QUESTÕES com Gabarito Comentado

1. (Questão adaptada – MC). Imputabilidade penal é a possibilidade de se atribuir a alguém a


responsabilidade pelo cometimento de algum ilícito penal. Acerca desse tema, de suas consequências
jurídicopenais, e considerando a legislação penal, bem como a doutrina majoritária, é correto afirmar
que a embriaguez culposa decorrente do uso do álcool autoriza a redução de um a dois terços da pena
do agente.

Gabarito ERRADO. Nos termos do art. 28, inciso II, do CP, a embriaguez CULPOSA não exclui a
imputabilidade penal. Vejamos:

CP, Art. 28. NÃO EXCLUEM a imputabilidade penal:

I - a emoção ou a paixão;
II - a EMBRIAGUEZ, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

§ 1º É ISENTO DE PENA o agente que, por EMBRIAGUEZ completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

§ 2º A PENA pode ser REDUZIDA de um a dois terços, se o agente, por EMBRIAGUEZ, proveniente
de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

EMBRIAGUEZ
Agente INTEIRAMENTE
Completa/Absoluta
incapaz:
ISENTO de pena
ACIDENTAL Caso Fortuito/Força Maior
Agente NÃO inteiramente
Involuntária incapaz:
REDUÇÃO de 1/3 a 2/3
Não diminui nem aumenta a
Dolosa ou Culposa
pena (actio libera in causa)
NÃO ACIDENTAL
AGRAVA a pena (CP, art. 61,
Preordenada
II, ‘l’)
Previsão na Lei 11.343/06 Inteiramente incapaz:
ISENTO de pena
PATOLÓGICA Em razão da dependência; OU
Não inteiramente incapaz:
Sob efeito de droga, proveniente REDUÇÃO de 1/3 a 2/3
de caso fortuito ou força maior

2. (Questão adaptada – MC). Extinta a punibilidade do agente inimputável ou semi-imputável, não se


impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.

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Gabarito CERTO. A questão exige conhecimento acerca da literalidade do parágrafo único do art. 96
do CP, vejamos:

CP, Art. 96. As medidas de segurança são:

I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento


adequado;

II - sujeição a tratamento ambulatorial.

Parágrafo único. Extinta a punibilidade, NÃO se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha
sido imposta.

3. (Questão adaptada – MC). A emoção e paixão, quando violentas, podem excluir a imputabilidade penal
ou servir como atenuante inominada.

Gabarito ERRADO. De acordo com o art. 28, inciso I, do CP, a emoção ou a paixão não excluem a
imputabilidade penal. Além disso, não servirá como atenuante inominada, há previsão específica no art.
65, III, ‘c’, do CP. Vejamos:

CP, Art. 28. NÃO excluem a imputabilidade penal:

I - a EMOÇÃO ou a PAIXÃO; [...]

ATENÇÃO!! Não confunda:

Tanto no tipo penal que prevê o crime de homicídio quanto no que prevê o crime de lesão corporal há
previsão de causa de diminuição de pena quando o crime for praticado sob o DOMÍNIO de violenta
emoção. Vejamos:

[Homicídio] CP, Art. 121. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

[Lesão Corporal] CP, Art. 129, § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Além disso, o art. 6, III, ‘c’, do CP, prevê uma circunstância atenuante caso o agente tenha cometido o
crime sob INFLUÊNCIA de violenta emoção. Vejamos:

CP, Art. 65. São circunstâncias que SEMPRE atenuam a pena: [...]

III - ter o agente: [...]

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; [...]

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4. (Questão adaptada – MC). A embriaguez voluntária que não exclui a imputabilidade penal é somente
aquela decorrente do uso de álcool.

Gabarito ERRADO. Embriaguez consiste em um estágio de intoxicação aguda produzida pelo álcool
ou por SUBSTÂNCIA QUE PRODUZA EFEITOS ANÁLOGOS, que subtraia ao agente o
discernimento necessário para entender o ilícito e determinar-se de acordo com esse entendimento. Essas
substâncias de efeitos análogos PODEM SER OUTRAS DROGAS ilícitas ou lícitas. Vejamos o que
diz o Código Penal:

CP, Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: [...]

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo ÁLCOOL ou SUBSTÂNCIA DE EFEITOS


ANÁLOGOS. [...]

Além disso, a Lei de Drogas prevê o seguinte:

Lei 11.343/06, Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito,
proveniente de caso fortuito ou força maior, de DROGA, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer
que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.

5. (Questão adaptada – MC). Para determinada teoria, criticada por não conseguir explicar a culpa
inconsciente, a culpabilidade deve abordar os elementos subjetivos dolo e culpa, sendo a imputabilidade
pressuposto para sua análise. Nessa perspectiva, a culpabilidade retira o seu fundamento do aspecto
psicológico do agente. Nesse sentido, é a relação subjetiva entre o fato e o seu autor que toma relevância,
pois a culpabilidade reside nela. O texto precedente refere-se à teoria psicológico-normativa ou
normativa complexa.

Gabarito ERRADO. O texto precedente refere-se à TEORIA CAUSAL NATURALISTA ou


PSICOLÓGICA.

A teoria cuja culpabilidade retira o seu fundamento do aspecto PSICOLÓGICO do agente é a TEORIA
CAUSALISTA ou PSICOLÓGICA.

Já a teoria NEOCLÁSSICA, adiciona o elemento normativo à culpabilidade, qual seja, a


EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA, por isso é chamada de TEORIA PSICOLÓGICO-
NORMATIVA.

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6. (Questão adaptada – MC). Durante uma confraternização familiar, Lucas, de 56 anos de idade, após
comer uma sobremesa, começou, inesperadamente, a ficar impaciente e a ameaçar de morte sua irmã,
Lívia. Com medo, esta acionou a polícia, que prendeu Lucas e o conduziu à delegacia de polícia, onde
a vítima o representou pelo crime de ameaça, com incidência da Lei n.º 11.340/2006. Devidamente
processado, constatou-se que o réu, no momento dos fatos, pela primeira vez na vida, tivera
hiperglicemia, que lhe causara confusão mental e lhe diminuíra a capacidade de entendimento. Devido
a esse episódio, Lucas descobriu ser diabético. Todas essas circunstâncias restaram devidamente
provadas no bojo dos autos.

Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Penal, na sentença penal de Lucas, o juiz deve
condenar o réu, aplicando-lhe pena diminuída, em razão dos efeitos análogos à embriaguez acidental.

Gabarito CERTO. De acordo com a narrativa acima, Lucas sofreu um quadro de hiperglicemia, causada
acidentalmente pela ingestão da sobremesa, fato este que lhe causou confusão mental e lhe
DIMINUÍRA a capacidade de entendimento.

O fato narrado assemelha-se à hipótese prevista no art. 28, § 2º, que aduz que “a pena pode ser reduzida
de um a dois terços, se o agente, por EMBRIAGUEZ, proveniente de caso fortuito ou força maior,
NÃO POSSUÍA, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”.

Sendo assim, conforme disposto na assertiva, o juiz deve condenar Lucas, aplicando-lhe a redução de
pena prevista no art. 28, § 2º, do CP, tendo em vista que, no momento da ação, ele não possuía a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato.

7. (Questão adaptada – MC). Alfredo, no dia 01 de abril de 2020, quando andava pelas ruas da região
central do pequeno município em que vivia, cruzou o caminho de Luana, que também era moradora
daquele lugar. Luana, por simples picardia – até porque o fato de Alfredo ser pessoa com deficiência,
paciente de saúde mental, era de todos conhecido, inclusive dela - passou a agredi-lo com tapas violentos
e empurrões, momento em que Alfredo, revidando, bateu em Luana, até fazer com que ela cessasse seus
atos. À vista da confusão que se formou, a polícia foi chamada ao local e conduziu Alfredo à delegacia
local.

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Diante da situação hipotética narrada e, assumindo que a condição de saúde mental de Alfredo era capaz
de afastar totalmente sua capacidade de discernimento, é correto afirmar que deve ser reconhecida a falta
das condições para a imposição de qualquer resposta penal a Alfredo, inexistindo injusto penal em seu
comportamento.

Gabarito CERTO. O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria tripartite, na qual crime, de acordo
com o conceito analítico, é fato TÍPICO, ANTIJURÍDICO e CULPÁVEL.

A doutrina denomina INJUSTO PENAL a conduta TÍPICA e ANTIJURÍDICA. Tendo em vista que
Alfredo usou moderadamente dos meios necessários para repelir injusta agressão, atual, a direito seu,
não há que se falar em injusto penal, uma vez que ele agiu em legítima defesa, nos termos do art. 25 do
CP.

A imputabilidade, presente na culpabilidade, terceiro substrato do crime, somente seria analisada após a
constatação da tipicidade e da antijuridicidade. Sendo assim, apesar da inimputabilidade descrita na
assertiva, o que afasta a responsabilidade penal de Alfredo é a excludente de ilicitude da legítima defesa.

8. (Questão adaptada – MC). A ação típica praticada em situação de coação moral irresistível não é
justificada, mas é exculpada por inexigibilidade de comportamento diverso, punindo-se apenas o autor
mediato.

Gabarito CERTO. As causas de JUSTIFICAÇÃO dizem respeito às EXCLUDENTES DE


ILICITUDE, enquanto que as causas de EXCULPAÇÃO referem-se às EXCLUDENTES DE
CULPABILIDADE.

De acordo com o art. 22 do CP, “se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”.

O aludido dispositivo refere-se, como bem apontou a assertiva, a uma causa de exculpação, qual seja a
INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. Dessa forma, apenas o autor mediato deverá ser
punido.
Assim, o fato é típico e ilícito, mas o agente não pode ser responsabilizado pela sua prática diante da
situação de anormalidade que viciou a sua vontade.

De outra forma, se fosse caso de coação moral RESISTÍVEL, não haveria que se falar em exclusão da
culpabilidade. Nesse caso, há verdadeiro concurso de pessoas entre coator e coagido, devendo haver a
responsabilização de ambos: o coator teria sua pena agravada (CP, art. 62, II) e o coagido teria sua pena
atenuada (CP, art. 65, III, ‘c’).

ATENÇÃO! Não confunda:

Coação MORAL irresistível (vis compulsiva) → Inexigibilidade de conduta diversa (excludente de


culpabilidade);

Coação FÍSICA irresistível (vis corporalis) → Conduta atípica.

9. (Questão adaptada – MC). “A” pratica excesso na legítima defesa real exercida contra “B”, por
utilização imoderada de meio necessário, em razão de defeito emocional no psiquismo de “A”, derivado
de medo: a hipótese concreta pode fundamentar situação de exculpação, que exclui a culpabilidade de
“A”.

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Gabarito CERTO. Não obstante o Código Penal ter previsto apenas a coação moral irresistível e a
obediência hierárquica como causas de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa,
resta pacificado na doutrina ser possível a aplicação de causas SUPRALEGAIS de inexigibilidade de
conduta diversa.

Sendo assim, são causas de inexigilidade de conduta diversa:

a) Coação Moral Irresistível;[!]


b) Obediência hierárquica;[!]
c) Causas supralegais.

Podemos citar como exemplos de causas supralegais:

a) Excesso por medo exculpante (caso trazido pela assertiva);


b) Legítima defesa antecipada (a agressão futura e certa);
c) Conflito de deveres (ex.: por dificuldade financeira, sonega impostos);
d) Estado de necessidade exculpante.

[!]
CP, Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. [Causas
LEGAIS de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa]

10. (Questão adaptada – MC). Não é admissível juridicamente o exercício da legítima defesa por parte de
inimputável por doença mental contra agressões injustas, atuais ou iminentes, de terceiros, mas a
legítima defesa exercida por outrem, contra agressão injusta, atual ou iminente, de inimputável por
doença mental, sujeita-se a limitações ético-sociais, que definem a permissibilidade de defesa.

Gabarito ERRADO. Não há vedação legal ao exercício da legítima defesa por parte de inimputável por
doença mental contra agressões injustas, atuais ou iminentes, a direito seu ou até mesmo de terceiros.

Também é possível a legítima defesa contra inimputável que pratique um injusto penal (fato típico e
antijurídico). Prevalece na doutrina que não se trata de estado de necessidade, mas de legítima defesa.

11. (Questão adaptada – MC). O erro sobre os limites jurídicos de uma causa de justificação existente
constitui erro de proibição indireto e o erro sobre a existência de uma causa de justificação inexistente
constitui erro de proibição direto, embora ambas as modalidades de erro estejam sujeitas ao mesmo
tratamento jurídico no Código Penal brasileiro.

Gabarito ERRADO. De acordo com a Teoria Limitada da Culpabilidade, adotada pelo Código Penal, o
erro de proibição é causa de exclusão da potencial consciência da ilicitude, elemento presente no terceiro
substrato do crime, a culpabilidade.

Tanto o erro sobre os LIMITES jurídicos de uma causa de justificação existente, quanto o erro sobre a
existência de uma causa de justificação inexistente, constituem ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO.

Vejamos as diferenças entre as modalidades de erro de proibição:

a) Erro de Proibição DIRETO: aquele em que o agente não conhece a ilicitude do fato que está
praticando. Recai sobre o conteúdo PROIBITIVO da norma;

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b) Erro de Proibição INDIRETO: aquele que recai sobre a existência ou os limites de uma causa de
justificação (excludente de ilicitude). Recai sobre uma norma PERMISSIVA;

c) Erro de Proibição MANDAMENTAL: aquele que recai sobre uma norma MANDAMENTAL, ou
seja, sobre o mandamento contido nos crimes omissivos (próprios ou impróprios).

12. (Questão adaptada – MC). O sitiante A acredita seriamente ser lícita sua ação de guardar grande
quantidade de lenha em seu imóvel rural, sem licença outorgada pela autoridade competente, o que é
tipificado como crime ambiental no art. 46, parágrafo único, da Lei 9.605/98: trata-se de hipótese de
erro de proibição direto, que recai sobre a existência da lei penal e, se inevitável, isenta de pena.

Gabarito CERTO. Como visto na questão anterior o erro de proibição DIRETO é aquele em que o
agente não conhece a ilicitude do fato que está praticando. Recai sobre o conteúdo PROIBITIVO da
norma.

Saliente-se que o art. 21 do CP informa que Art. “o desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
a ilicitude do fato, se INEVITÁVEL, isenta de pena; se EVITÁVEL, poderá diminuí-la de um sexto a
um terço”.

13. (Questão adaptada – MC). Com finalidade de correção, A priva a liberdade das crianças B e C, seus
filhos, mediante cárcere privado ininterrupto por um mês, no interior de cubículo da residência comum,
supondo ser jurídica a ação, no exercício do poder familiar: trata-se de erro de proibição indireto que, se
inevitável, exclui a culpabilidade, e se evitável, reduz a culpabilidade.

Gabarito CERTO. De fato, A incorreu em erro de proibição INDIRETO, aquele que recai sobre a
existência ou os limites de uma causa de justificação (excludente de ilicitude).

Sendo assim, de acordo com o art. 21 do CP, “o desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se INEVITÁVEL, isenta de pena; se EVITÁVEL, poderá diminuí-la de um sexto a
um terço”.

14. (Questão adaptada – MC). A ideia de coculpabilidade pode ser exemplificada na legislação brasileira
pela diminuição de pena se, no concurso de pessoas, a participação do agente for de menor importância.

Gabarito ERRADO. A teoria da COCUPABILIDADE, defendida pelo jurista argentino Eugenio Raúl
Zaffaroni, aduz que o agente atua com autodeterminação, mas sua esfera de autodeterminação é
condicionada pela vida social, uma vez que a sociedade não consegue contemplar a todos com as mesmas
vantagens e desvantagens. Dessa forma, o autor afirma que há REPARTIÇÃO DA
REPROVABILIDADE entre o agente e a sociedade, de forma que essa repartição permitiria a
atenuação da pena. Assim, caso aceita essa teoria, haveria reflexo na SEGUNDA FASE da dosimetria
da pena, através do artigo 66 do Código Penal1, que trata das chamadas circunstâncias atenuantes
genéricas inominadas.

1CP, Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

15. (Questão adaptada – MC). Com relação à teoria geral do direito penal, é correto afirmar que a
imputabilidade é a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de uma infração
penal.

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Gabarito CERTO. A culpabilidade é o juízo de reprovação que recai sobre o autor de um fato típico e
ilícito, que atuou, valendo-se de sua capacidade de autodeterminação, de forma contrária à ordem
jurídica, quando poderia ter adotado outra postura. Portanto, é a possibilidade de se atribuir a alguém a
responsabilidade pela prática de uma infração penal.

16. (Questão adaptada – MC). No estupro de vulnerável, o consentimento não opera como causa permissiva
e sua aferição, seja na forma direta ou por equiparação, é obtida pela conjunção dos critérios biológicos
e psicológicos da culpabilidade.

Gabarito ERRADO. CP, Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor
de 14 (catorze) anos: [FORMA DIRETA]

§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência. [FORMA EQUIPARADA]

No estupro de vulnerável o consentimento não opera como causa permissiva.

A análise da concretização do estupro, na sua FORMA DIRETA, é feita, EXCLUSIVAMENTE, por


critérios BIOLÓGICOS (só é necessário que a vítima seja menor de 14 anos).

Por outro lado, na sua forma EQUIPARADA, a aferição do crime é obtida pela conjunção dos critérios
BIOLÓGICO e PSICOLÓGICO da culpabilidade.

17. (Questão inédita – MC). O princípio da culpabilidade, determina que a conduta deve ser praticada com
dolo ou culpa, concebendo, assim, um direito penal do fato, no qual o legislador somente poderá tipificar
como crime a conduta humana voluntária.

Gabarito CERTO. A assertiva traz o exato conceito do PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE, que


difere da culpabilidade como elemento integrante do conceito analítico de crime.

A culpabilidade possui três sentidos fundamentais, quais sejam:


a) O PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE ou da RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA,
determina que a conduta deve ser praticada com dolo ou culpa, concebendo, assim, um direito penal do
fato, no qual o legislador somente poderá tipificar como crime a conduta humana voluntária. Do
contrário, estaríamos diante de um direito penal do autor, que incrimina pessoas, estilo de vida, desejos
ou pensamentos.

b) A CULPABILIDADE como elemento integrante do conceito analítico de crime corresponde a um


juízo de reprovação que recai sobre o autor ou partícipe de um fato típico e ilícito que podia ter se
comportado conforme a ordem jurídica, mas, valendo-se de sua capacidade de autodeterminação, opta
por atuar em desconformidade com ela. Enquanto o fato típico e a ilicitude pressupõem juízo de valor
acerca do fato, a culpabilidade é juízo de valor que recai sobre o autor do fato. Saliente-se que, no Brasil,
adotamos a culpabilidade do fato (não a culpabilidade do autor), na qual pune-se o agente pelo que ele
fez e não pelo que ele é. Por fim, a doutrina subdivide a culpabilidade em imputabilidade, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa;

c) O artigo 59 do Código Penal aponta a culpabilidade como PRINCÍPIO MEDIDOR DA PENA a ser
valorado por ocasião da dosimetria da pena, constituindo-se em limite e medida da pena.

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18. (Questão inédita – MC). No que tange aos critérios de aferição da inimputabilidade, é correto afirmar
que, para os casos de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o Código Penal
adotou o critério psicológico.

Gabarito ERRADO. Para os casos de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
o Código Penal adotou o critério BIOPSICOLÓGICO.

Existem três critérios de aferição da inimputabilidade, quais sejam:

a) BIOLÓGICO: este critério leva em conta apenas o desenvolvimento mental do agente (doença
mental ou idade), independentemente se tinha, ao tempo da conduta, capacidade de entendimento e
autodeterminação. Nesse caso, haverá ume presunção absoluta (jure et de jure) de que o agente não
possui capacidade de compreensão;

b) PSICOLÓGICO: para esse sistema, não importa se o agente possui ou não qualquer modalidade de
anomalia psíquica. Aqui, o decisivo para que se possa aferir a inimputabilidade é saber se o agente possui
ou não capacidade de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se conforme tal entendimento. Foi
a teoria adotada para a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior;

c) BIOPSICOLÓGICO: este critério unifica os dois primeiros, ou seja, exige-se que o agente seja
portador de anomalia psíquica e, além disso, tal anomalia contribua para que ele não tenha capacidade
de entender o caráter ilícito de sua conduta ou de se determinar de acordo com esse entendimento. Foi o
critério adotado pelo CP para o caso de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, nos termos do art. 26 do CP.1

1 CP, Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

19. (Questão inédita – MC). A nossa legislação, conquanto não permita a exclusão da imputabilidade pela
emoção, reconhece que elas podem abrandar a reprovabilidade do comportamento do agente, ensejando,
a depender do caso, uma minorante ou até mesmo uma atenuante.

Gabarito CERTO. De fato, conforme art. 28, inciso I, do CP, a emoção ou a paixão não excluem a
imputabilidade penal.

CP, Art. 28. NÃO excluem a imputabilidade penal:

I - a EMOÇÃO ou a PAIXÃO; [...]

Também é correto afirmar que a emoção poderá ensejar uma MINORANTE (causa de diminuição de
pena). Tanto no tipo penal que prevê o crime de homicídio quanto no que prevê o crime de lesão corporal
há previsão nesse sentido. Vejamos:

[Homicídio] CP, Art. 121. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

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[Lesão Corporal] CP, Art. 129, § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Além disso, o art. 6, III, ‘c’, do CP, prevê uma circunstância ATENUANTE caso o agente tenha
cometido o crime sob INFLUÊNCIA de violenta emoção. Vejamos:

CP, Art. 65. São circunstâncias que SEMPRE atenuam a pena: [...]

III - ter o agente: [...]

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; [...]

20. (Questão inédita – MC). Quanto à imputabilidade e ao sistema de sanção do semi-impútavel, o Código
Penal adotou vicariante (ou duplo binário).

Gabarito ERRADO. É verdade que o Código Penal adotou o sistema VICARIANTE, mas esse sistema
não é sinônimo do duplo binário.

Existem dois sistemas de responsabilização do semi-impútavel:

a) VICARIANTE (unitário): nesse sistema, o semi-impútavel cumpre a pena ou a medida de


segurança, mas não as duas cumulativamente; [adotado pelo Brasil atualmente]

b) DUPLO BINÁRIO (dualista, dupla via ou de dois trilhos): nesse sistema, o semi-imputável
deveria cumprir, cumulativamente, a pena e a medida de segurança. Ou seja, o semi-imputável deveria
cumprir a pena e, após, se necessitasse de tratamento, seria submetido à medida de segurança. [adotado
pelo Brasil antes da reforma da parte geral do CP, em 1984]

21. (Questão inédita – MC). De acordo com o Código Civil, a menoridade cessa aos dezoito anos completos,
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Entretanto, a incapacidade
cessará, para os menores, pela concessão dos pais, mediante instrumento público, independentemente
de homologação judicial, se o menor tiver dezesseis anos completos. Isto posto, é correto afirmar que a
emancipação civil não surte efeitos na esfera penal.

Gabarito CERTO. No que tange à menoridade, o Código Penal adotou o critério BIOLÓGICO. Nesse
caso, haverá uma presunção absoluta (jure et de jure), não se admitindo prova em sentido contrário.
Logo, pouco importa se o menor possuía aptidão para entender o caráter ilícito. Sendo assim, a
emancipação civil não surte efeitos na esfera penal, mantendo a sua condição de inimputável penalmente.

22. (Questão inédita – MC). Marluce, a pedido do pastor da sua igreja e por temor reverencial a ele, praticou
uma conduta delituosa. Nesse caso, o pastor deverá responder pelo crime praticado por Marluce, que,
por sua vez, não deverá responder por qualquer crime, tendo em vista que o temor reverencial constitui
modalidade de coação, constituindo-se, assim, inexigibilidade de conduta diversa.

Gabarito ERRADO. Marluce responderá pelo crime praticado, pois o mero temor reverencial não
constitui modalidade de coação. Sendo assim, diante da prática de um fato típico e ilícito, Marluce deverá
ser responsabilizada, pois não haverá exclusão da sua culpabilidade.

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23. (Questão inédita – MC). No que se refere aos conceitos de culpabilidade, à luz da jurisprudência do STJ,
é correto afirmar que a ameaça a vítima na presença de seu filho menor de idade justifica a valoração
negativa da culpabilidade do agente.

Gabarito CERTO. A assertiva versa sobre a culpabilidade como juízo de reprovabilidade da conduta,
não como substrato do conceito analítico de crime.

A CULPABILIDADE, para fins do art. 59 do Código Penal1, deve ser compreendida como juízo de
reprovabilidade da conduta, apontando maior ou menor censura do comportamento do réu. Não se trata
de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou
não de delito, mas, sim, do grau de reprovação penal da conduta do agente, mediante demonstração de
elementos concretos do delito.

No caso concreto, o magistrado apresentou argumento válido no sentido de que as ameaças foram
lançadas quando a vítima se encontrava com seu filho menor de idade, o que revela maior desvalor e
censura na conduta do acusado, tratando-se de fundamento idôneo para análise negativa da
culpabilidade.

[STJ. 5ª Turma. AREsp 1964508-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 29/03/2022 (Info 731)]

1 CP, Art. 59. O juiz, atendendo à CULPABILIDADE, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;


II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

24. (Questão inédita – MC). De acordo com o Código Penal, o desconhecimento da lei é indesculpável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inescusável, isenta de pena; se escusável, poderá diminuí-la de um sexto
a um terço.

Gabarito ERRADO. A questão exige conhecimento da literalidade da lei, vejamos:

CP, Art. 21. O desconhecimento da lei é INESCUSÁVEL [indesculpável]. O erro sobre a ilicitude do
fato, se INEVITÁVEL [escusável ou desculpável], isenta de pena; se EVITÁVEL [inescusável ou
indesculpável], poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

25. (Questão inédita – MC). Acerca da culpabilidade, nos termos do Código Penal, se o fato é cometido sob
coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só
é punível o autor da coação ou da ordem.

Gabarito ERRADO. Esta questão também requer conhecimento da literalidade da lei e uma leitura
apressada pode levar ao erro. Algumas bancas se utilizam desse artifício, por isso é importante fazer
uma leitura atenta da questão, analisando palavra por palavra. Vejamos o que diz o Código Penal:

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CP, Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, NÃO
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

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