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DISCIPLINA: DIREITO PENAL MILITAR

PROFESSOR: GABRIEL SANTOS @professorgabrielsantos


ASSUNTO: AULA 4 – IMPUTABILIDADE E CONCURSO DE AGENTES

DA IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR

INIMPUTÁVEIS
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento,
em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA
Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui
consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de
autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem
prejuízo do disposto no art. 113.

EMBRIAGUEZ
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

MENORES
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos,
revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-
se de acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço
até a metade.

Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente recepcionado pela Constituição
Federal de 1988. A regra geral é de que o menor de dezoito anos seja inimputável, mas o CPM
abria a possibilidade de o menor entre dezesseis e dezoito anos poderia ser considerado imputável
em razão de perícia médica.

Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico, e a regra era de que haveria diminuição
de pena se houvesse suficiente desenvolvimento psíquico.
EQUIPARAÇÃO A MAIORES
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa
idade: a) os militares;
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados
temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina
militares, que já tenham completado dezessete anos.

Este dispositivo também não foi recepcionado pela Constituição. Não há regra
constitucional que estabeleça a maioridade para os convocados e nem para os alunos das escolas
militares.

Apenas uma observação acerca dos estabelecimentos de ensino. As forças armadas mantêm diversas
escolas, entre elas os famosos colégios militares. Há, entretanto, escolas que tem a função específica
de preparar jovens para a carreira militar, a exemplo da Escola Preparatória de Cadetes do Exército
(ESPCex), Ecola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCar), e o Colégio Naval.

Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de
dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares
determinadas em legislação especial.

APROFUNDAMENTO

Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença
mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA:

Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade de


entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas
a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.

EMBRIAGUEZ:

Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

A embriaguez voluntária (não acidental) não isenta o agente de responsabilidade sobre a conduta,
pois ele fez a opção de embriagar-se. Na realidade, em alguns casos a embriaguez voluntária é até
elementar do tipo, como no caso da “lei seca” por exemplo.
É possível também que haja a embriaguez patológica, decorrente do alcoolismo, que é tratada
pela Doutrina como doença, e por isso pode conduzir o agente à inimputabilidade, nos termos do art.
48 do CPM e do art. 159 do CPPM.

Já a embriaguez habitual é tratada pelo Direito Penal comum como uma contravenção penal, e
não um crime. O CPM, por outro lado, tipifica a conduta de o militar apresentar-se para o serviço
embriagado (art. 202).

A embriaguez preordenada é a situação em que o agente decide embriagar-se para “tomar


coragem” de cometer o crime. Nesta situação a embriaguez se torna um agravante.

A espécie do art. 49 é a embriaguez acidental, ou seja, é resultado de caso fortuito ou força maior.
Não é necessário, para a sua prova, diferenciar essas duas situações. O importante é que você saiba
que este tipo de embriaguez pode levar o agente à inimputabilidade, se impedir que o agente tenha
o discernimento necessário para compreender sua própria conduta.

Um bom exemplo é o de um militar que, tendo sido ferido em serviço, na fala de medicamentos
adequados é anestesiado por meio da ingestão de grandes quantidades de bebida alcoólica.

O parágrafo único traz mais uma situação de semi-imputabilidade, a ser aplicável quando o
agente, por força de embriaguez acidental, não estava em sua plena capacidade mas tinha alguma
compreensão do fato. Interessante que aqui não se aplica a regra do art. 73, pois o próprio parágrafo
único determina os limites de redução.

BIZU MONSTRUOSO

A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente


por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

MENORES:

O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela
suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar- se de acordo
com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a metade.

EQUIPARAÇÃO A MAIORES:

Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade:

1) os militares;
2) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados temporariamente
desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;

3) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares, que
já tenham completado dezessete anos.

DICA: Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis
inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em
legislação especial.

CONCURSO DE AGENTES

COAUTORIA
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.

TEORIA PLURALISTA Haverá tantos crimes quantos forem os agentes.

TEORIA DUALISTA Há dois crimes: um cometido pelos coautores, e outro


cometido pelos partícipes

TEORIA MONISTA Há apenas um crime, por mais que dele participem


(UNITÁRIA) várias pessoas.

CONDIÇÕES OU CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS


§ 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros,
determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as
condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
AGRAVAÇÃO DE PENA
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente que:
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
ATENUAÇÃO DA PENA
§3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos
importância.

CABEÇAS
§4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem,
provocam, instigam ou excitam a ação.
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados
cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.

Esta regra é campeã de prova! Ela é própria do CPM, que relaciona os cabeças com os crimes de
concurso de pessoas necessário, ou seja, aqueles que não podem ser praticados por apenas uma
pessoa, a exemplo do crime de motim.

Os cabeças são aqueles que coordenam, promovem, organizam a ação. Os cabeças em geral são
pessoas que têm algum poder de decisão, e por essa razão, quando estamos diante de um crime
perpetrado por oficiais e praças, os oficiais serão considerados os cabeças.

CASOS DE INIMPUNIBILIDADE
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não
são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Este é o princípio da acessoriedade da participação. A participação em crime só pode ser
punida se a autoria também for punida. Lembre-se de que, para que haja punição pela tentativa, é
necessário que o agente pratique a conduta, mas não atinja a finalidade pretendida por razões alheias
à sua vontade.

COAUTORIA

Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.

BIZU MONSTRUOSO

A punibilidade de qualquer dos concorrentes é


independente da dos outros, determinando-se segundo
a sua própria culpabilidade. Não se comunicam,
outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.
AGRAVAÇÃO DE PENA:

A pena é agravada em relação ao agente que:

• promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;


• coage outrem à execução material do crime;
• instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
• executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

ATENUAÇÃO DE PENA:

A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância.

CABEÇAS

Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam,
instigam ou excitam a ação.

Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças,
assim como os inferiores que exercem função de oficial.

CASOS DE IMPUNIBILIDADE:

O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis
se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

QUESTÕES POTENCIAIS DE PROVA

01) O Código Penal Militar (CPM), ao estabelecer a relação de causalidade no crime, adotou o princípio
da equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine qua non, o qual se contrapõe à teoria
monista adotada pelo mesmo código quanto ao concurso de pessoas.

02) A legislação penal militar admite o uso, em situação especial, de meios violentos por parte do
comandante para compelir os subalternos a executar serviços e manobras urgentes, para evitar o
desânimo, a desordem ou o saque.

03) Considerando-se que, em relação ao concurso de agentes, o CPM possui disciplinamento singular,
entendendo o “cabeça” como o líder na prática de determinados crimes, é correto afirmar que,
havendo participação de oficiais em crime militar, ainda que de menor importância, para todos os
efeitos penais, eles devem ser considerados como “cabeças”.

04) O CPM, ao adotar o princípio da participação de menor importância, estabeleceu uma exceção à
teoria monista do concurso de agentes.
05) O CPM estabelece que não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal,
exceto quando elementares do crime, o que significa dizer que responde por crime comum a pessoa
civil que, juntamente com um militar, cometa, por exemplo, crime de peculato tipificado no CPM.

06) O CPM, ao estabelecer que aquele que, de qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas
penas a este cominadas, adotou, em matéria de concurso de agentes, a teoria monista.

07) No CPM, as circunstâncias que atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação a que
poderia ter resistido ou em cumprimento de ordem de autoridade superior.

08) A posse, por militar, de substância entorpecente, independentemente da quantidade e do tipo,


em lugar sujeito à administração castrense, não autoriza a aplicação do princípio da insignificância.

09) Embora o CPM tenha se filiado à teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine
qua non), consideram-se cabeça, nos crimes de autoria coletiva necessária, os oficiais ou inferiores
que exercem função de oficial

10) No sistema penal militar, o estado de necessidade segue a teoria diferenciadora do direito penal
alemão, que faz o balanço dos bens e interesses em conflito. O estado de necessidade pode ser
exculpante ou justificante. O primeiro é causa de exclusão da culpabilidade e o segundo, de exclusão
de ilicitude.

11) À luz do Código Penal Militar, julgue o item a seguir, no que diz respeito a aplicação da lei penal,
imputabilidade penal, crime e extinção da punibilidade.

Situação hipotética: Durante operação conjunta das Forças Armadas, um sargento danificou
patrimônio militar. Em sua defesa, ele argumentou que agiu em estado de necessidade, não tendo
podido, por esta razão, evitar o dano causado. Assertiva: Nessa situação, o estado de necessidade,
se comprovado, será considerado excludente do crime, independentemente da valoração do bem
sacrificado.

12) Acerca da aplicação da lei penal militar, dos crimes militares e da aplicação da pena no âmbito
militar, cada um do item que se segue apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada.

Um oficial foi preso em flagrante delito pelo cometimento de crime militar que não se consumou por
circunstâncias alheias à sua vontade, tendo sido denunciado e se tornado réu em ação penal militar.
Nessa situação, a depender da gravidade, o juiz poderá aplicar a pena do crime consumado, sem
diminuí-la.
13) Em relação ao crime militar, é CORRETO afirmar:

a) Nos casos previstos no Código Penal Militar, não há punição em relação ao crime tentado.

b) Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois


terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.

c) Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, sempre diminuída de um


terço.

d) Nos casos previstos no Código Penal Militar, em relação à tentativa, é vedada a aplicação da pena
correspondente ao crime consumado.

14) Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser
incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação praticado contra
superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores
de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da imputabilidade
fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico.

15) É inimputável o agente que pratica o fato criminoso sem capacidade de entendimento e sem
determinação, em razão de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

16) A embriaguez patológica recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa no
CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir este, consciência no momento
da prática do crime.

17) À luz do Código Penal Militar, julgue o item a seguir, no que diz respeito a aplicação da lei penal,
imputabilidade penal, crime e extinção da punibilidade. Situação hipotética: Um cabo das Forças
Armadas escalado para serviço na organização militar a que servia compareceu e assumiu a
incumbência em estado de embriaguez, tendo ingerido, voluntariamente, grande quantidade de
bebida alcoólica momentos antes de se apresentar no serviço. Todavia, seu estado não foi notado,
e, nas primeiras horas da atividade, ao discutir com um militar que também estava em serviço,
disparou sua arma de fogo na direção deste, matando-o instantaneamente. Assertiva: Nessa situação,
será considerado inimputável o cabo, se ficar comprovado que, naquele momento, sua embriaguez
era completa e que ele era plenamente incapaz de entender o caráter criminoso do fato.

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