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RESSUMO

SSAURO
DIREITO PENAL
PRINCIPIOS DO DIREITO PENAL
Princípio da reserva do legal

O princípio da legalidade, externado no artigo 5º, inciso II,


da CF/88, estabelece que ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Logo, as
obrigações dos indivíduos só podem ser criadas por espécies
normativas produzidas em conformidade com o devido processo
legislativo.

Princípio da legalidade

Esse princípio está previsto no art. 1º do Código Penal e


também no artigo 5º, XXXIX da Constituição. É uma forma de
limitação do Direito Penal para atuar somente dentro da lei, dentro
das normas positivadas. Decorrente desse entendimento, temos
o princípio de anterioridade da lei. A lei penal só pode retroagir
se for para beneficiar o réu, caso contrário, não pode ser aplicada
a fatos anteriores.

No Código Penal:

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há


pena sem prévia cominação legal.

E na Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;


Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos

O Direito Penal deve tutelas bens jurídicos mais relevantes


para a vida em sociedade, sem levar em consideração valores
exclusivamente morais ou ideológicos.

Princípio da intervenção mínima

Só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do


direito não forem suficientes. Em outras palavras, é a última
opção, para ser usado quando estritamente necessário.

Princípio da ofensividade

Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a


bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.

Princípio da responsabilidade pessoal do agente

Responde pela conduta o agente que a praticou, sendo sua


responsabilidade pessoal, não sendo transferível a terceiros. Daqui
podemos citar o princípio da intranscendência, que é basicamente
isso: a responsabilidade penal não passa para terceiros. A
obrigação de reparar o dano pode ser estendida aos sucessores.

Princípio da culpabilidade

É preciso que exista dolo ou culpa na conduta do agente


para que este seja penalmente responsabilizado. Só haverá
responsabilidade penal se o agente for imputável, que possui
consciência da ilicitude.

Princípio da adequação social

Condutas historicamente aceitas e consideradas adequadas


pela sociedade em tese não merecem intervenção penal punitiva,
não sendo abrangidas pelos tipos penais.

Princípio da insignificância ou bagatela

Somente lesões mais relevantes devem sofrer intervenção


penal, levando em conta bens jurídicos mais importantes. Deve-se
analisar se houve uma mínima ofensividade, se houve
periculosidade social da ação, se há reprovabilidade relevante no
comportamento.
Princípio da humanidade da pena

Decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana.


Assim, impede-se, em tese, de que a pena seja usada como meio
de violência, com tratamento desumano ou cruel.

Princípio da proporcionalidade

Determina que a pena não pode ser superior ao grau de


responsabilidade pela prática do fato

Princípio da anterioridade da lei

Para que haja crime e seja imposta pena é preciso que o


fato tenha sido cometido depois de a lei entrar em vigor. A lei
posterior mais severa tem efeito "ex nunc"

Princípio da fragmentariedade

O direito penal intervém somente nos casos de maior


gravidade, protegendo uma parte dos interesses jurídicos.

Princípio da individualização da pena

A pena deve estar proporcionada ou adequada à magnitude


da lesão e ao bem jurídico representada pelo delito e a medida
de segurança à periculosidade criminal do agente.

O princípio da proibição da analogia "in malam partem": proíbe a


adequação típica por semelhança entre fatos.

Non bis in idem = estabelece que ninguém pode ser julgado duas
vezes pelo mesmo fato delituoso.
Das penas
Espécies:
Reclusão; deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto
ou aberto

Detenção: regime semiaberto, ou aberto

Prisão simples; (para as contravenções penais)

Regimes penitenciários:
Fechado; a pena é cumprida em estabelecimento penal de
segurança média ou máxima

Semiaberto; a pena é cumprida em colônias agrícolas,


industrial ou em estabelecimento similar.

Abertos; o preso tem a liberdade de frequentar cursos ou


trabalhar durante o dia, mas a noite e nos dias de folga precisa
se recolher em Casa de Albergados ou estabelecimento similar.

Regime inicial de cumprimento da pena


a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado; Reclusão

Hipótese de regime inicial obrigatório, pois se a pena for superior


a 8 anos, não haverá possibilidade de escolha, cabendo apenas o
regime fechado. Aplicável apenas à pena de reclusão.
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la
em regime semiaberto; Reclusão

Diante da pena dessa faixa (sup. a 4 e não sup. a 8 anos)


haverá duas hipóteses: a) reclusão: se o condenado for reincidente
o regime será obrigatoriamente fechado; se for não reincidente, o
regime será facultativo: semiaberto ou fechado. b) detenção: como
é regra elementar de hermenêutica que os parágrafos devem ser
interpretados de acordo com o caput e este veda o início do
cumprimento da pena de detenção em regime fechado, sendo ou
não reincidente o condenado a pena de detenção superior a 4
anos iniciará, obrigatoriamente, o cumprimento da pena em regime
semiaberto.

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4


(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Detenção

Com a pena não superior a 4 anos, haverá duas situações


distintas: a) reclusão: se o condenado for não reincidente, o
regime inicial é facultativo, podendo ser fixado o fechado, o
semiaberto ou o aberto, ou seja o juiz poderá escolher dentre os
três; já se for reincidente, a lei não permite a fixação do regime
aberto, restando os outros dois: fechado ou semiaberto. b)
detenção: sendo o réu não reincidente, o regime inicial será
facultativo entre o semiaberto ou aberto; se for reincidente, não
haverá a possibilidade de iniciar em regime aberto, sendo
obrigatório o semiaberto.

Regras dos regimes


Aos regimes são impostas regras que variam de acordo com a
especificidade de cada regimento.

Regime fechado

 Primeiramente o condenado é submetido a um exame


criminológico de classificação para individualização da pena
(Art. 34, caput, CP)
 Posteriormente, o condenado fica sujeito a trabalho interno no
período diurno e a noite será isolado.
 O trabalho será sempre de acordo com as aptidões
anteriores à pena
 É remunerado, não sendo inferior a ¾ do salário mínimo; a
cada 3 dias de trabalho, o preso tem direito a 1 dia de
desconto da pena.
 O preso pode também trabalhar externamente, mas em
serviços ou obras públicas.

Regime semiaberto

 O exame criminológico antes do ingresso também é


realizado
 O artigo 35, do CP, em seu parágrafo 1º diz que “O
condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o
período diurno em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar. ”
 O trabalho externo e a frequência a cursos são aceitos.

Regime aberto

As condições deste regime podem ser gerais, obrigatórias e


especiais.

 Condições gerais

Neste regime exige-se autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado. Este deverá trabalhar,
frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada fora do
estabelecimento e sem vigilância tendo seu recolhimento
durante o período noturno e nos dias de folga (Art. 36, §
1º, CP).

 Condições obrigatórias

Encontram-se dispostas no artigo 115, da LEP. Que


nos diz:
Art. 115 – O juiz poderá estabelecer condições especiais para
a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes
condições:

I – Permanecer no local que for designado, durante o


repouso e nos dias de folga;

II – Sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;

III – não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização


judicial;

IV – Comparecer a juízo, para informar e justificar as suas


atividades, quando for determinado.

Como o próprio nome já diz, essas condições impostas pelo


juiz são obrigatórias, tendo que cumprir todos os condenados
que se encontram em regime aberto.

 Condições especiais

Há ainda condições que o juiz poderá estabelecer, são as


condições especiais que encontram-se dispostas no art. 116,
da LEP, que diz que o juiz poderá modificar as condições
estabelecidas, desde que as circunstâncias o recomendem.
Essas condições, ao contrário das obrigatórias, o juiz pode
ou não estabelecer, ela vai de acordo o seu prudente
arbítrio.

Detração penal o cômputo no prazo da pena


privativa de liberdade, do tempo de prisão
provisória ou administrativa.

1. Regras do regime disciplinar diferenciado

Encontra-se estabelecido este tipo de regime no Art. 52, LEP.


Nos é disposto que o recolhimento será em cela individual; as
visitas semanais são de duas pessoas sem contar as crianças,
com duração de duas horas; e o preso terá direito a saída da
cela.  
2. Regime especial

O Código Penal em seu artigo 37 dispõe que as mulheres


cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os
deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como,
no que couber, o disposto neste capítulo.

3. Direitos e trabalho do preso

O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da


liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua
integridade física e moral. Art. 38, CP. Tais direitos encontram-se
do artigo 40 aos 43 da LEP.

O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe


garantidos os benefícios da Previdência Social. Art. 39, CP. O
trabalho do preso é tratado do artigo 28 aos 37 da LEP.

4. Superveniência de doença mental

O condenado que tiver alguma doença mental deve ser


recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, caso haja
falta deste, o recolhe em outro estabelecimento adequado. Art. 41,
CP.

Remissão da Pena
1. Conceito: consiste na possibilidade do preso abreviar o tempo
de cumprimento da pena privativa de liberdade nos
regimes fechado e semiaberto, pelo trabalho ou estudo, devendo o
tempo remido ser computado como pena já cumprida.

2. Finalidade: evitar o ócio do preso e estimular a produção


humana. Obs.: finalidade da pena à punitiva e preventiva (preventiva
especial – ressocialização do preso)

3. Competência: juízo da execução penal. 

4. O tempo remido é computado na pena já cumprida à STJ: Os dias


declarados remidos devem ser computados como dias de pena
efetivamente cumpridos, conforme orientação mais favorável ao
preso, adotada de forma pacífica por esta Corte.

5. Requisitos:

5.1 Pena cumprida em regime fechado ou semiaberto. Não cabe


no aberto (entendimento majoritário), salvo: para o condenado que
esteja em livramento condicional. 

5.2 Três (3) dias de trabalho, com jornada entre 6 e 8 horas,


exceto domingos e feriados ou 12 horas de frequência escolar,
divididas, no mínimo, em 3 dias.

5.3 Merecimento, pela ausência de falta grave. 

6. Cabe remição na prisão provisória.  Inclusive, 716, STF: Admite-se


a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determinada, antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória.

7. Não cabe remição na medida de segurança.

8. Jornada de trabalho inferior a seis horas: STJ à Deve ser


considerado, para fins de remição da pena, o total de horas
trabalhadas em jornada diária inferior a seis horas.

9. Falta de trabalho por insuficiência administrativa Estatal à não tem


direito à remição (entendimento majoritário)

10. Hora extra: não será computada para fins de remição


(entendimento não pacífico).

11. Possibilidade de remissão pelo estudo à distancia. 

12. Cumulação entre trabalho e estudo: pode, desde que os horários


sejam compatíveis.

13. Acréscimo de 1/3 do tempo para o caso de conclusão do


ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da
pena. 

14. Crimes hediondos: cabe remição.

15. Retroatividade da lei penal mais benéfica: concede-se a remição


aos presos que já trabalhavam antes da existência do instituto. 
16. Livramento condicional, indulto, progressão de regime: O tempo
remido será computado como pena cumprida, para todos os
efeitos.

17. Revogação de até 1/3 dos dias remidos por prática de falta


grave (faculdade do juiz). Não há violação ao direito adquirido,
quanto aos dias remidos o condenado tem uma expectativa de
direito. Súmula Vinculante 09: O disposto no artigo 127 da Lei
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto
no caput do artigo 58.

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