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Aula 2

LEGISLAÇÃO EM SAÚDE
DO TRABALHADOR

Prof. Gerson Luiz Pontarolli


TEMA 1 – LEGISLAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR – DIREITO PENAL
(PARTE 1)

Antes de continuarmos nossos estudos, vamos retornar a um tema que já


vimos, que foi a Constituição Federal de 1988, pois não há como falar em direito
sem retornarmos às suas origens. A Carta Magna é a principal lei, a lei soberana
e que deve ser obrigatoriamente seguida por todas as outras, ou seja, pela lei
cível, criminal etc. Tudo o que estiver em desarmonia com ela é inconstitucional,
o que significa que, seja do direito penal ou do direito civil, não produzirá efeitos.
Como consequência, temos que o direito penal deve obedecer ao que determina
a Constituição Federal, pois tem seu alicerce nesta.
Vejamos alguns artigos da Constituição e se eles têm relação com a saúde
e a proteção do trabalhador (Brasil, 1988):

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Então, esse é o art. 6º, no qual observamos que o trabalho é um direito


social previsto na Constituição. Ainda temos o art. 7º, que dispõe:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
mais do que o salário normal;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa; [...] (Brasil, 1988, grifo nosso)

Então, vemos a real importância de que todos os ramos do direito


obedeçam ao que determina a Carta Magna.

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O direito penal é uma um ramo do direito público, com normas jurídicas de
caráter penal e foco na repressão das condutas delitivas, de modo a dar
penalidades por meio do poder de punir do Estado, para garantir a ordem social,
a boa convivência e o desenvolvimento de toda a coletividade. No entanto, parece
que esse conceito é mais abrangente do que podemos imaginar, então vamos
detalhar algumas partes:

• Ramo do direito público – o que isto quer dizer? Quer dizer que não se pode
afastar esta norma, ela é de observância obrigatória, por exemplo no caso
de um acidente do trabalho com morte, em que teremos a presença da
polícia para o levantamento dos fatos, a perícia criminal e, quando for o
caso, o aparato judiciário, acionado por meio de uma ação penal.
• Normas jurídicas de caráter penal – são normas de conduta e que têm um
objetivo punitivo. Não se trata de um castigo, mas de uma tentativa de que
o culpado não repita o ato, adotando um outro caminho e se recuperando
para viver em sociedade de forma harmoniosa.
• Poder de punir do Estado – este poder também é conhecido como ius
puniende, pois o Estado possui o binômio poder e dever. Se, de um lado,
tem o poder de investigar e mesmo punir, de outro tem o dever de fazê-lo
todas as vezes que algum direito do cidadão for infringido.

Cezar Roberto Bitencourt assim considera:

O Direito Penal apresenta, por um lado, como um conjunto de normas


jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza
penal e suas sanções correspondentes- penas e medidas de segurança.
Por outro lado, apresenta como um conjunto de valorações e princípios
que orientam a própria aplicação e interpretação das normas penais.
Esse conjunto de normas, valorações e princípios, devidamente
sistematizados, tem a finalidade de tornar possível a convivência
humana, ganhando aplicação prática nos casos ocorrentes, observando
rigorosos princípios de justiça. (Bitencourt, 2012, p. 57)

Vamos mais uma vez para a Carta Magna, desta feita ao art. 5º, e vejamos
alguns de seus incisos e se eles têm relação com o direito penal:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
se omitirem;

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XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser,
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
até o limite do valor do patrimônio transferido; (Brasil, 1988)

Observe que na Constituição de 1988 constam expressamente as palavras


crime e penas, ou seja, as normas surgem dela.

TEMA 2 – LEGISLAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR – DIREITO PENAL


(PARTE 2)

Então, vamos continuar com o direito penal? Conforme observamos, a


Carta Magna traz em seu conteúdo e de forma expressa as palavras crime e pena.
Vamos continuar analisando alguns dispositivos do art. 5º da Constituição de
1988.

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,


as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade (mais grave);
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Aqui temos uma negação sobre as penas:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis; (Brasil, 1988)

Agora, vejamos alguns artigos importantes e do nosso dia a dia:

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória; (Brasil, 1988)

Esses artigos, que destacamos como os mais importantes, trazem uma


realidade, da qual temos que somente uma autoridade competente, no caso um
juiz, pode prolatar uma sentença – não pode ser um delegado ou mesmo um
promotor. Ainda, o juiz deve pertencer à área que está sendo analisada. Então,
se for uma sentença criminal, deve ser um juízo criminal, e não um juízo cível.

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Outro fator importante é que as provas devem ser legais e não podem ser
adquiridas por meio ilícitos, tais como coação contra a pessoa ou confissão sob
tortura.
Então, para haver uma condenação, deve existir um processo dentro do
que determina a lei, com todas as possibilidades para que o acusado possa se
defender das alegações contra si, e este só pode ser considerado efetivamente
culpado após a sentença penal da qual não caiba mais nenhum recurso.
Assim, se pelo descumprimento das normas de segurança, higiene e
medicina do trabalho ocorrerem acidentes de trabalho, tal fato poderá ser
enquadrado desde um crime de homicídio, lesão corporal ou de perigo comum,
previstos nos arts. 121, 129 e 132 do Código Penal brasileiro, mas pode haver
agravantes quando analisado se a conduta foi dolosa ou culposa do empregador
e mesmo dos responsáveis, pois a responsabilidade penal é pessoal – seja o
empregador, o preposto, os membros da Cipa e do SESMT, que são responsáveis
pela segurança e saúde dos trabalhadores.
A lei penal assim estabelece:

Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. [...]
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. [...]
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime
mais grave. (Brasil, 1940)

2.1 Atentado contra a liberdade de trabalho

Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:


I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a
trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados
dias:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência; (Brasil, 1940)

2.2 Atentado contra a liberdade de associação

Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a


participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação
profissional:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência. (Brasil, 1940)

2.3 Frustração de direito assegurado por lei trabalhista

Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela


legislação do trabalho:

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Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado
estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em
virtude de dívida;
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza,
mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais
ou contratuais; (Brasil, 1998)

Pois bem, como se pode prevenir que um ato não se enquadre como um
crime? Quando dos levantamentos dos fatos ocorridos, tem-se as atenuantes e
agravantes, pois, quando há morte, seja pelo motivo que for, é obrigatória a
investigação dos fatos até o encerramento. Então, se as pessoas atuaram com
diligência em suas funções, até serão investigadas, mas poderão ser
consideradas “inocentes” por suas condutas.

TEMA 3 – LEGISLAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR – DIREITO PENAL


(PARTE 3)

O Código Penal é uma codificação, ou seja, é uma junção de inúmeras leis


que tratam de um mesmo assunto, visto que um código é um conjunto sistemático
de normas jurídicas e escritas que se referem a determinado ramo específico do
direito, como é o caso do código penal.
Quando da elaboração de um código, não se trata simplesmente de unir
leis sem que se tenha, nessa junção, um sentido maior, sendo que a elaboração
de um código traz em si um necessário conhecimento técnico-científico do direito.
Assim, já podemos construir um conceito de código penal: Código Penal é
o conjunto de leis que tratam das penas a serem aplicadas aos que
cometerem algum tipo de crime.

3.1 Função do direito penal

Lembra do que já comentamos? O objetivo do direito penal é a proteção de


bens jurídico-penais mais importantes, do qual destacamos a vida. Em geral,
utiliza-se o binômio valor e interesse para conceituar bem jurídico, ou seja, valores
relevantes para a vida humana individual ou coletiva; valores e interesses mais
significativos da sociedade; valor ou interesse juridicamente reconhecido. O
código penal possui 361 artigos e é dividido em duas partes: a parte geral (art.1°
ao art.120 do CP), que define os critérios a partir dos quais o direito penal será
aplicado, ou seja, diz quando o crime existe, como e quando aplicar a pena; e a
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parte especial, que prevê os crimes em espécie e as penas correspondentes. O
crime pode ser tanto uma ação (por exemplo, roubar – art. 157 do CP), quanto um
“deixar de agir”, ou seja, uma omissão (por exemplo, omissão de socorro – art.135
do CP). Cada crime prevê uma determinada escala punitiva, de acordo com sua
gravidade.

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Crédito: Ilya Akinshin/Shutterstock.

Os bens jurídicos não são protegidos somente pelo direito penal. O direito
penal os protege subsidiariamente, em conjunto com as demais áreas do direito.
O direito penal é o braço mais forte do estado. Somente deve ser acionado
quando não houver mais saídas ou quando todas as possibilidades já tiverem sido
tentadas e frustradas – intervenção mínima.

Vamos avançar um pouco mais?


Direito penal é o ramo do direito público que estuda o conjunto de normas
jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, definindo crimes e os vinculando
penas ou medidas de segurança. Como todos os outros ramos do direito, há
princípios que o norteiam. Vamos conhecer alguns deles?

3.1 Princípio da legalidade

Está previsto na Constituição, art.5º, inciso XXXIX: “Não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (nullum crime nulla
poena sine lege), e no art. 1º do Código Penal: “Art. 1º - Não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” (redação dada
pela Lei n. 7.209, de 11 de julho de 1984) (Brasil, 1984).
No direito penal, o princípio da legalidade possui quatro finalidades vitais:

1. Proibir a retroatividade da lei penal.


2. Proibir a criação de crimes e penas pelos costumes.
3. Proibir o emprego de analogia para criar crimes e penas.

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4. Proibir incriminações vagas e indeterminadas.

Tido como cláusula pétrea (que não pode ser abolida), confere-se o caráter
de mandamento constitucional. Assim, é uma limitação do poder punitivo do
Estado, assegurando que a lei deve ser a única responsável por tratar, de forma
especialmente clara e objetiva, as condutas enquadradas no tipo penal e suas
penalidades.

3.2 Princípio da anterioridade da lei

Na mesma linha, está no art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal e


no art. 1º do Código Penal: “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal” (Redação dada pela Lei n. 7.209/1984)
(Brasil, 1984).
Deve existir uma prévia que regulamente de forma efetiva a conduta que
deve estar vinculada ao fato posterior praticado com vistas à punição prevista.
Assim, temos: não se admite que seja conferida uma pena a determinado
infrator, sem que a prática delitiva esteja devidamente disposta
anteriormente e na legislação ao fato questionável. A lei deve estar em vigor
na data da ocorrência do fato.

3.3 Princípio da isonomia

Isonomia que dizer igualdade, e este princípio determina que se atribua a


todos os indivíduos tratamento igualitário, conferindo-lhes igual acolhimento
jurídico na esfera criminal.
Tem-se que aos desiguais seja dispensado tratamento desigual à
medida de sua desigualdade, ponderando assim os mecanismos jurídicos
em face da Justiça. Todos são iguais perante a lei (Brasil, 1988).

TEMA 4 – LEGISLAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR – DIREITO PENAL


(PARTE 4)

4.1 Princípio da insignificância ou criminalidade de bagatela

Já ouvimos falar que uma pessoa foi presa por ter furtado um pedaço de
carne no mercado, pois estava com fome e também precisava alimentar sua
família. Assim, surge a ideia de que o direito penal não deve se preocupar com
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questões insignificantes, insuficientes para desencadear prejuízo ao bem jurídico
legalmente assegurado.
Dada a ocorrência em que se verifique a ausência de grave lesão ao
ordenamento jurídico, bem como para a ordem social, requer-se por meio deste
princípio que seja devidamente reconhecida a atipicidade penal da conduta.
É importante lembrar que não é suficiente o exame da conduta praticada
considerando tão somente a proporcionalidade nos elementos do tipo penal.
Exige-se também que a conduta em tela provoque lesão ou traga risco a terceiros,
de modo significante ao bem jurídico a que se visa tutelar.
Ou seja, o princípio não deve ser aplicado em abstrato, mas ao caso
concreto, sendo imprescindível a inspeção minuciosa acerca do caso concreto
para fins de obtenção adequada da aplicabilidade do princípio em tela.

4.2 Princípio da presunção da inocência

Trata-se de um princípio muito conhecido, pois sempre ouvimos que


ninguém é culpado enquanto não ficar devidamente comprovado. A presunção da
inocência está expressamente prevista na Constituição Federal, em seu art. 5º,
inciso LVIII, que diz: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
da sentença penal condenatória” (Brasil, 1988), ou seja, para que haja uma
atribuição de culpa a uma pessoa, exige-se o trânsito em julgado da decisão
condenatória, fazendo com que, até então, o indivíduo seja considerado inocente.

4.3 Princípio do ne bis in idem

Trata-se de um dos princípios fundamentais do direito penal, que é o


princípio da vedação a dupla incriminação ou princípio no bis in idem, ou
seja, proíbe-se que uma pessoa seja processada, julgada e condenada mais de
uma vez pela mesma conduta.
De forma literal, a expressão traz o significado de “não repetir sobre o
mesmo”, ou seja, é a vedação de dupla imputação e punição do agente pela
prática do mesmo fato delitivo.
O referido princípio deve ser examinado de uma maneira mais abrangente
possível, considerando qualquer tipo de duplicidade de penalização que se
verifique, impedindo que ocorra a desproporcionalidade da pena decorrente de
excessos do poder punitivo do Estado.

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4.4 Princípio da proporcionalidade

É também conhecido como princípio da razoabilidade e traz um conceito


que fala sobre a ideia da adequação entre a gravidade apontada da infração penal
praticada e a pena correspondente, trata-se de um equilíbrio. Assim, proíbe a
utilização e a aplicação de penas exageradas e desproporcionais ao contexto
penal.
É importante registrar que o referido princípio regula a atuação do próprio
legislador, atentando-se para a fixação de penas coerentes com a lesividade
trazida pelo delito no contexto social e jurídico.

4.5 Princípio da humanidade

Trata-se da inconstitucionalidade na elaboração de leis ou cominações


penais que atentem contra a integridade física ou mesmo moral do indivíduo. É
decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana, disposto no art. 1º, inciso
III, da Constituição Federal, qual seja a dignidade da pessoa humana.

TEMA 5 – LEGISLAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR – DIREITO PENAL


(PARTE 5)

Continuemos nossa discussão acerca dos princípios do direito penal.

5.1 Princípio da intervenção mínima

Este princípio traz consigo o famoso jargão jurídico ultima ratio, o qual
pressupõe que o direito penal só deve se preocupar com a proteção dos bens
mais caros (liberdade e vida) e necessários à convivência harmoniosa em
sociedade.
Mas o que é um bem caro? Será um conceito financeiro? A resposta reside
no termo importante, e neste norte utilizaremos a vida e a liberdade como os
melhores exemplos dos bens mais caros à pessoa humana, motivo pelo qual
teremos a incidência do direito penal sobre eles.
De outro vértice, temos que, se o objeto da prestação jurídica não for tão
importante, atuam os outros ramos do direito visando resolver a situação, sem que
o direito penal necessariamente atue.

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Lidar com os bens mais caros muitas vezes é danoso ao indivíduo e à
própria sociedade. Esse é o motivo pelo qual o poder penal só deve ser acionado
quando todas as outras alternativas não resolverem.

5.2 Princípio da individualização da pena

Analisemos a seguinte questão: quando um crime é cometido, todos os


envolvidos devem ser punidos de maneira idêntica? Assim, muitas pessoas
entendem que individualizar a pena é imputar o fato à pessoa que o praticou, mas
não é o fundamento do princípio da individualização da pena.
O princípio que diz que as penas dos infratores não sejam igualadas,
mesmo que tenham praticado crimes idênticos, pois, independentemente da
prática de mesma conduta, cada indivíduo possui um histórico pessoal, devendo
cada qual receber apenas a punição que lhe é devida.

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Crédito: Ilya Akinshin/Shutterstock.

Assim, individualizar a pena é aplicar corretamente o método de imputação,


qual seja, o critério trifásico do art. 59 do Código Penal: pena base + agravantes
e atenuantes + causas de aumento e diminuição da pena.

Sabe-se que a vida em sociedade determina e exige uma necessária


adequação a uma série de normas impostas. A par deste contexto, o ser humano
tem sua liberdade restringida e não pode agir à maneira como quiser, já que se
depara com normas de conduta que foram instituídas por ele próprio mediante a
atividade estatal, à qual também deu origem, quando iniciou sua convivência em
sociedade.
Então, o direito penal veio regular várias dessas condutas, prevendo a
conduta a que se proíbe e também a penalidade quando tal conduta for infringida.
Então, perguntamos, como aplicamos ou processamos essas normas?

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A resposta é: por meio do direito processual penal, no qual a palavra
processo, em seu sentido etimológico, traz a ideia de “avançar ou seguir adiante”.
Assim, é “uma série de sucessão de atos” (Guasp, 1997, p. 8), uma sequência de
acontecimentos interligados e relacionados entre si, em que em cada etapa ou
fase utilizam-se todos os recursos, esgotam-se todas vias para conversão deste
em um resultado final.

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REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 17. ed. rev.,
ampl. e atual. de acordo com a Lei n. 12.550, de 2011. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

_____. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da União,


Poder Executivo, Rio de Janeiro, RJ, 31 dez. 1940.

_____. Lei n. 7.209, de 11 de julho de 1984. Diário Oficial da União, Poder


Executivo, Brasília, DF, 13 jul. 1984.

_____. Lei n. 9.777, de 29 de dezembro de 1998. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 30 dez. 1998.

GUASP, Jaime. Concepto y Metodo de Derecho Procesal. Madrid: Civitas,


1997.

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