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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Direito Penal Subjetivo:Poder de punir do estado, ou seja, capacidade conferida ao Estado para
criar leis e exigir sua observância.
GENERALIDADE
+
IMPERATIVIDADE
+
IMPESSOALIDADE
+
EXCLUSIVIDADE
Fundamentos:
Art. 1º, do CP - “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.”
Art. 5º, XXXIX, CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
-Onde está escrito pena, leia-se: SANÇÃO PENAL (pena e medida de segurança)
A infração penal somente pode ser criada por lei em sentido estrito (LEI ORDINÁRIA ou
LEI COMPLEMENTAR), aprovada pelo Congresso Nacional.
Lei delegada, tratados internacionais, medida provisória, decreto e resoluções NÃO podem
criar infrações penais nem cominar penas.
Nesta senda, o art. 5º, inc.II, da Constituição Federal declara que “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Art. 1º, do CP: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
Art. 5º, XXXIX, da CF: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
Para criação de crimes (infrações penais) e consequente cominação de penas, exige-se lei
anterior à prática do fato.
Trata-se do Princípio da Taxatividade, o qual estabelece que os tipos penais devem prever
de maneira clara e precisa os comportamentos rotulados enquanto criminosos.
O direito penal deve agir quando for efetivamente necessário, atuando quando os demais
ramos do direito se mostrarem insuficientes na tutela de determinado bem (PRINCÍPIO DA
SUBSIDIARIEDADE), abarcando somente lesão ou perigo de lesão relevante e intolerável
ao bem jurídico tutelado (PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE).
A. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
O Direito Penal só deve atuar quando os demais ramos do direito se mostrarem falhos na
tutela do determinado bem jurídico (ultima ratio ou soldado de reserva).
B. PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
O Direito Penal deve se preocupar somente com os bens mais fundamentais para
manutenção da sociedade quando sujeitos a lesões relevantes e intoleráveis.
Não possui previsão legal, mas é amplamente aceito pelo STF e pelo STJ.
CONCEITO
Traduz a ideia de que não haverá crime quando a conduta pelo agente for insignificante. Ou
seja, sua conduta não ofende, nem ao menos coloca em perigo o bem jurídico protegido pelo
Direito Penal, pois é uma conduta ínfima, insignificante.
Ocorrerá quando, em que pese existir adequação do fato à lei (TIPICIDADE FORMAL),
não se verificar lesão ou perigo efetivo de lesão ao bem jurídico tutelado (TIPICIDADE
MATERIAL).
Quando a lesão efetivamente praticada for muito diminuída, por mais que exista a tipicidade
formal, o comportamento não é capaz de atingir de forma relevante e intolerável o bem
jurídico tutelado, afastando-se a tipicidade MATERIAL da conduta.
FINALIDADE
Destina-se a efetuar uma interpretação restritiva da lei penal, diminuindo o seu alcance,
eis que a lei penal é muito abrangente.
Reincidente: “O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma
regra geral (uma tese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou não do princípio da
insignificância deve ser feita caso a caso.”
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância à luz
do caso concreto.
Criminoso habitual: é aquele que faz da prática de crimes seu meio de vida. Ao criminoso
habitual NÃO SE APLICA O PRINC. DA INSIGNIFICÂNCIA.
Objetiva analisar a extensão do dano causado ao ofendido. Furtar uma bicicleta velha e com
defeitos, a princípio haveria incisão do prin. da insignificância.
Agora imagine que a mencionada bicicleta pertença a um servente, pai de 06 filhos, que
utiliza a bicicleta como único meio de transporte para dirigir-se ao seu trabalho que fica a
quilômetros de sua residência. Nessa situação não incidirá o prin. da bagatela.
C. APLICABILIDADE:
1. Furto simples:
Admite-se, desde que o valor do bem não supere 10% do salário mínimo vigente à época
(STJ).
2. Não se aplica ao roubo/extorsão e aos crimes cometidos com violência à pessoa ou grave
ameaça;
Exceção: DESCAMINHO
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no
território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma
de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido
em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte
aéreo, marítimo ou fluvial.
7. Contrabando (art. 334-A, do CP) : Não se aplica.
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise
ou autorização de órgão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à
exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma
de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido
em residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte
aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
9. Crimes contra a fé pública: não se aplica, como ocorre, por exemplo, no crime de moeda
falsa.
Segundo o entendimento do STJ, não é possível que a autoridade policial aplique o princípio
da insignificância (Info. 441), tendo em vista que se trata de matéria reservada ao poder
judiciário.
2.2.4. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
O direito penal fica impossibilitado de atuar caso o comportamento do agente não afete bem
jurídico de terceira pessoa.
Por tal motivo, a pessoa que se autolesiona ou se automutila não responderá por nenhum
crime.
Não há crime quando a conduta não é capaz de provocar lesão ou, pelo menos, perigo de
lesão ao bem jurídico protegido pela lei penal.
Art. 5º, LVII, da CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória.
Desdobramentos:
- No caso de dúvidas, o réu deverá ser absolvido (in dúbio pro reo).
Cuidado: Segundo o STF não é possível a execução provisória da pena (ADCs 43, 44 e 54)
Deve a sanção prevista na infração penal ser correspondente à gravidade do delito. Bens de
maior significado para a sociedade, como a vida, por exemplo, quando violados, devem
ensejar uma repressão mais rígida.
PROIBIÇÃO DE EXCESSO: deve-se evitar uma dura repressão (pena) para crimes de
reduzida gravidade. Garantismo negativo.
PROIBIÇÃO DE PROTEÇÃO DEFICIENTE: a proteção prevista na infração penal não
pode ser muito aquém da gravidade do bem violado. Garantismo positivo.
Art. 5º, XLVI, da CF - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,
as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
O juiz fixará a pena necessária e adequada à prevenção e repressão do fato praticado pelo
agente.
Desdobramentos:
a. Processual: ninguém será processado duas vezes pelo mesmo fato.
c. Execucional: ninguém poderá ser executado duas vezes pelo mesmo fato.
Fundamentos:
Art. 5º, XL, da CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
Art. 2º, do CP: Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL
(arts. 1º ao 12, do CP)
1. INTRODUÇÃO
A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal, tendo em vista que apenas a lei penal
cria crimes e comina penas (desdobramento do princípio da legalidade).
2. TEMPO DO CRIME
a. TEORIA DO RESULTADO
b. TEORIA DA UBIQUIDADE/MISTA
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
A Teoria da Atividade possui relevância apenas para os crimes materiais ou
causais, ou seja, aqueles em que o tipo penal contém conduta e resultado
naturalístico (consuma-se apenas quando este é produzido).
Por exemplo, o crime de homicídio consuma-se com a efetiva morte da vítima.
Em relação aos crimes formais e aos crimes de mera conduta, a consumação ocorre sempre
com a prática da ação, não importando o momento do resultado, por isso o art. 4º perde a
relevância.
A TEORIA DA ATIVIDADE também foi adotada pelo ECA para se definir o momento da
prática de ATO INFRACIONAL.
Assim, por exemplo, quando um adolescente de 17 anos e 22 dias efetua disparos de arma
de fogo, com o dolo de matar, ferindo gravemente a vítima que morre duas semanas após,
temos dois momentos distintos, quais sejam:
Ferimento da vítima = o agente era menor;
Morte da vítima = o agente já era maior.
No exemplo acima, o autor dos disparos irá responder por ATO INFRACIONAL análogo ao
homicídio, tendo em vista que no tempo do crime era menor ainda. Pouco importa o
momento em que ocorreu o resultado.
Aumento de pena
Art. 121, §4º, do CP - § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Para a vítima menor de 14 anos, haverá a incidência. Para a vítima menor de 60 anos, no
momento da ação, não haverá a incidência.
Por fim, a Teoria da Atividade ainda é importante para determinar a lei que se aplica ao
caso.
3. LUGAR DO CRIME
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
O art. 6º do CP aplica-se apenas aos crimes à distância, também conhecidos como crimes de
espaço máximo, em que a conduta e o resultado ocorrem em PAÍSES DIVERSOS.
Vejamos:
Art. 5º, do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Há dois vetores fundamentais para analisarmos a lei penal no espaço, quais sejam:
Territorialidade (art. 5º do CP) – é a regra geral. Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes
cometidos no território nacional.
Art. 5º, § 1º, do CP - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Por exemplo, dentro de uma aeronave brasileira, em solo japonês, é cometido um homicídio.
A jurisdição será do Brasil, tendo em vista que a aeronave brasileira é considerada uma
extensão do território nacional.
Art. 5º, § 2º, do CP - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em
porto ou mar territorial do Brasil.
- Direito de passagem inocente: não será aplicada a lei penal brasileira ao fato
criminoso ocorrido a bordo de embarcação que ingresse no território nacional
meramente de passagem.
5. EXTRATERRITORIALIDADE
É a aplicação da lei brasileira aos crimes (não se aplica para contravenções penais)
cometidos fora do Brasil, são as exceções ao princípio da territorialidade.
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta
a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Um brasileiro, nos EUA, (c) mata (b) um argentino. Logo depois, entra no Território
Brasileiro (a). Nos EUA ele não foi processado (d) (e). (Art. 7º, II, “b” CP)
O brasileiro entrou no território nacional;
Art. 7º, § 3º, do CP - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no
parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
De quem é a competência para o processo e julgamento? Regra = Justiça Estadual.
Mnemônico: CIDA
A execução de sentença estrangeira será feita por JUIZ FEDERAL (art. 109, X,
da CF).
7. CONTAGEM DO PRAZO
O art. 10 do CP traz a forma de contagem do prazo (intervalo dentro do qual deve ser
praticado determinado ato).
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e
os anos pelo calendário comum.
Todo prazo possui um termo inicial (a quo) e um termo final (ad quem).
Calendário comum é aquele que estabelece que o dia é o intervalo entre a meia noite e a
meia noite subsequente.
O Direito Penal afeta a liberdade do cidadão, colocando em risco o seu direito de ir e vir.
Por isso, com o intuito de favorecer o réu, inclui-se na contagem do prazo o dia do começo e
exclui-se o último dia.
Por exemplo, imagine que Pedro foi preso às 23:50 do dia 10 de fevereiro de 2017, para
cumprir uma pena de um ano, os dez minutos do dia 10/02 serão considerados como dia do
começo. Assim, no dia 09 de fevereiro de 2018 a pena terá sido cumprida.
9. LEGISLAÇÃO ESPECIAL
O CP, em seu art. 12, consagra o princípio da convivência das esferas autônomas, ou seja, o
CP será aplicado para toda legislação penal especial, é a regra geral. Havendo previsão
específica, será aplicada a lei especial.
Legislação especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.
10. LEI PENAL NO TEMPO
10.1. INTRODUÇÃO
O estudo da Lei Penal no Tempo envolve o princípio da continuidade das leis, segundo o
qual, depois de entrar em vigor, a lei permanece nessa condição (em vigor) até ser revogada
por outra lei.
Uma lei somente pode ser revogada por outra lei. Ademais, toda e qualquer lei pode ser
revogada (não existe lei irrevogável), pois a função legislativa é irrenunciável.
Decisão judicial também não revoga lei, ainda que seja proferida pelo STF em sede de
controle concentrado de constitucionalidade.
É a situação que se verifica quando uma nova lei penal entra em vigor, revogando (ab-
rogação ou derrogação) a lei anterior, restando ao aplicador do direito determinar qual das
leis será aplicada ao caso concreto.
Para saber qual lei penal será aplicada ao fato criminoso, temos DUAS regras:
1. Tempus Regit Actum– aplica-se a lei penal vigente no momento da prática do fato
criminoso.
Ex. Se João matar Pedro no dia 15/05/2020, deverá ser aplicada a lei vigente no momento da
prática do delito.
Ex. Se João matar Pedro no dia 15/05/2020, deverá ser aplicada a lei vigente no momento da
prática do delito, exceto se posteriormente sobrevier lei penal que seja mais benéfica a João.
Cumpre frisar que temos DUAS exceções às regras mencionadas:
A. LEI EXCEPCIONAL ou TEMPORÁRIA
B. CRIME CONTINUADO ou PERMANENTE.
LEI EXCEPCIONAL – é aquela que vigora somente durante uma situação de anormalidade.
Por exemplo, cria-se uma lei para enfrentar crise hídrica.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução
e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código.
Ex. A caixa de um supermercado furta, a cada dois dias, a quantia de R$ 100,00 (cem reais)
de seu patrão quando fecha o caixa com objetivo de apurar R$ 1.000,00 para comprar um
celular.
Na situação em comento, cada vez que a caixa subtraiu cem reais restou configurado a
prática do crime de furto qualificado pelo abuso de confiança, crime com pena de 02 a 08
anos de reclusão (art. 155, §4º, II, do CP). Caso não existisse a ficção do crime continuado,
ela deveria responder pela prática de DEZ furtos qualificados, tendo uma pena que oscilaria
de 20 a 80 anos. Objetivando evitar injustiças, o CP criou a ficção jurídica do crime
continuado, no presente caso ela responderá pela prática de um crime de furto qualificado
com a pena majorada de um sexto a dois terços.
- CRIME PERMANENTE:
Ocorre quando a nova lei torna atípico o fato, até então, considerado criminoso. Ou seja, o
fato perde o caráter penal.
A natureza jurídica é dada pelo art. 107, III do CP, trata-se de causa extintiva
de punibilidade. O Estado perde o direito de punir.
Toda lei penal benéfica é dotada de extratividade, gênero que possui duas espécies:
RETROATIVIDADE – a lei irá retroagir para atingir fatos passados, anteriores a sua
vigência.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
A novatio legis incriminadora é uma nova lei que cria um crime, até então, inexistente.
Já a novatio legis in pejus (Lex gravior) prejudica, de qualquer modo, a situação do agente.
O crime já existia.
Ocorre quando, por exemplo, partes da lei antiga são benéficas ao réu e partes da lei nova
também são benéficas. Poderá haver combinação dessas leis, formando-se uma terceira lei
para favorecer o réu? Para o STJ, NÃO.
11.1. INTERPRETAÇÃO
Interpretação nada mais é do que buscar o sentido de um texto. No direito penal, será a
busca da compreensão mais adequada do conteúdo de determinada lei penal.
Classifica-se em:
- QUANTO AO SUJEITO:
a) Autêntica: aquela trazida pela própria lei. Ex. art. 327, do CP.
b) Doutrinária: efetuada pelos estudiosos do direito.
c)Jurisprudencial: entendimento conferido pelos juízes ao julgarem determinada demanda.
Ex. edição de súmulas vinculantes pelo Supremo Tribunal Federal.
- QUANTO AO MÉTODO ADOTADO
a) Literal: busca compreender o sentido da norma a partir do sentido literal das palavras.
b) Teleológica: busca aferir o fim da norma penal, a vontade da lei.
c) Sistemática: interpreta a norma dentro do sistema no qual a mesma está inserida.
d) Histórica: vai em busca dos fundamentos da lei, entendendo o contexto histórico do
momento de sua criação.
e) Analógico: norma fornece um enunciado casuístico e logo em seguida o legislador
apresenta um enunciado genérico.
ATENÇÃO: INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA PODE SER A FAVOR E CONTRA O
RÉU.
- QUANTO AO RESULTADO
a) Declaratório: o resultado da interpretação não amplia nem restringe seu alcance.
b) Restritiva: reduz-se o campo de incidência da lei. A lei disse mais do que queria
efetivamente dizer.
c) Extensiva: amplia-se o campo de incisão da lei. A lei disse menos que queria dizer.
Dois ou mais agentes devem praticar condutas relevantes para ocorrência do resultado.
C. LIAME SUBJETIVO:
Os agentes devem agir CONSCIENTES de que estão reunidos para cometer o crime.
Ex. “A” e “B” planejam matar “C”, sem conhecer a vontade um do outro. “A” se posiciona
com um rifle numa casa à direita de “C” e “B se posiciona no morro à esquerda de “C”,
ambos disparam contra “C” ao mesmo tempo levando este a morte.
Como não há liame subjetivo (autoria colateral): o autor do tiro letal, responderá por
homicídio consumado e o outro por tentativa.
- Teoria monista (unitária): Havendo mais de um agente e diversas condutas onde todos
concorreram para a ocorrência do resultado e há somente um delito, nesse caso, todos
respondem por esse mesmo delito na medida de sua culpabilidade. É a teoria adotada pelo
Código Penal em seu artigo 29:
“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.”
AUTOR e PARTÍCIPE
Ex. “A” pula o muro de uma casa e subtrai uma TV, enquanto “B” espera “A” no veículo
para dar fuga. Nesse caso, “A” é o autor do delito de furto por ter praticado o núcleo do tipo
(subtrair) enquanto “B” é um partícipe por ter concorrido para a produção do resultado
embora apenas com uma conduta acessória.
O indivíduo que concorre para a prática do crime sem cometer a ação nuclear do tipo,
auxiliando, instigando ou induzindo. Conduta acessória, auxiliar.
A autoria mediata se da quando o agente utiliza como mero instrumento para cometimento
do delito, uma pessoa não culpável, ou que não tenha atuado com dolo ou culpa.
Autoria imediata é o autor com o domínio do fato, pois embora este não tenha praticado a
figura típica, ele detinha o controle da ação e se utilizou de pessoa não culpável para
cometer o delito por ele.
- FORMAS DE PARTICIPAÇÃO
Material (auxílio): quando o agente fornece meios para prática do crime. Chamado de
cúmplice.
Ex. Emprestar a arma para um amigo cometer roubo.
Ex. Dirigir o veículo na fuga de um assalto.
Moral (induz ou instiga): induzir significa fazer nascer a ideia da prática do crime. Instigar
significa reforçar, estimular que o agente cometa o delito.
Ex. João, sabendo que Pedro passa por dificuldades financeiras, sugere que ele pratique
furto para quitar as dívidas.
Ex. João comenta com Pedro que deseja cometer um roubo, instante em que Pedro sugere o
dia, hora, local e modo de execução.
- PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE
Ex. “A”, com 16 anos, desfere tiros contra “B”, matando-o. “C”, que possui 25 anos,
emprestou o revólver para “A”. Nesse caso, “C” deve responder como partícipe, pois “A”
praticou um fato típico e ilícito embora não culpável por sua inimputabilidade.
Ex. Marcos empresta uma faca para João matar seu desafeto. Como precaução, João decide
comprar uma arma de fogo e sequer leva a faca no dia do cometimento do crime.
- COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA
Um dos concorrentes quis participar de crime menos grave do que a efetivamente praticado.
Ex. João induz Pedro a cometer furto na casa de Ana, depois das 07h, horário em que Ana
saia para o trabalho, mesmo sabendo que ela costumava trabalhar em casa em determinadas
ocasiões. Pedro adentra ao imóvel às 08h e encontra com Ana, que não tinha ido trabalhar
naquele dia, momento em que emprega violência para subtrair os bens. Nesse caso, João
respondera por furto com pena aumentada até a metade.
É a participação por omissão, é quando o agente que não tinha o dever legal de agir e nem
de evitar o resultado, presencia uma ação criminosa e mesmo podendo impedir, nada faz, se
tornando conivente. Não é punível pela lei brasileira por não ter o agente o dever de agir,
trata-se de uma falha moral.
Ex. A percebe um ladrão entrar na casa de B, que está de viagem para o exterior, e não avisa
a polícia. A é conivente e não responderá por crime.
RESUMINDO:
Pega o bizu!
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.