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DIREITO PENAL – AULA 1

. Introdução

O que é o direito penal? Conjunto de princípios e regras que disciplinam a vida em sociedade,
prevendo condutas indesejadas como infrações, e cominando, àqueles que as realizam, a
respectiva sanção penal.

. Finalidade

a. Proteção de Bens jurídicos (Roxin): Seleção de bens jurídicos – Constituição (Mandados


Constitucionais de Criminalização.

b. Controle social
c. Limitação do Poder do Estado
d. Outros

Direito Penal simbólico

Códigos penais brasileiros

a. Código Penal do Império – 1830


b. Código Penal dos Estados Unidos do Brasil de 1890 (Brasil República)
c. Consolidação das Leis Penais – 1932
d. Código Penal de 1940 – atual, com diversas alterações.

FONTES DO DIREITO PENAL

Sujeito que cria – fonte de produção: União, artigo 22, inciso I, da CF:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;
Modo de criação – fontes de conhecimento:

1. Imediata: Lei – É quem cria, diretamente, o Direito Penal, definindo determinada


conduta como infração penal e cominando, a ela, a respectiva sanção penal.

CF:

Art. 5. (...)

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;

Medida Provisória? Artigo 62, §1°, I, b

CF:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá


adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato
ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I - relativa a:

b) direito penal, processual penal e processual civil;

2. Mediata: Influenciam no estudo, interpretação e aplicação do direito penal:

a. Costumes: Costumes absolutórios e princípio da adequação social? – Súmula


502 do STJ:

Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime


previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
AgRg nos EDcl no AREsp 265891/RS, Rel. Ministro CAMPOS MARQUES
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PR), QUINTA TURMA, julgado em
07/05/2013, DJe 10/05/2013) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL

b. Doutrina:

c. Jurisprudência: Conjunto de decisão reiterada no mesmo sentido.

ADO 26/DF – Racismo social

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de um a três anos e multa.

d. Princípios Gerais do Direito: O conhecimento da lei é inescusável, ninguém


pode se valer da própria torpeza, dignidade da pessoa humana.

. TEORIA DA NORMA

Classificação das normas

a. INCRIMINADORA: Define crimes (preceito primário) e impõem sanções penais


(preceito secundário).

b. NÃO INCRIMINADORA: Tornar lícita condutas, afastar a culpabilidade, esclarecer


conceitos e apresentar princípios para a aplicação da lei penal

I. DESCRIMINANTES/PERMISSIVAS: justificantes e exculpantes


II. EXPLICATIVAS: Art. 327 do CP
III. COMPLEMENTARES: Artigo 59.

Norma penal em branco (primariamente remetidas)

A. HOMOGÊNEA/IMPRÓPRIA: O complemento corresponde à uma norma de igual


natureza àquela a ser complementada (Ou seja, o complemento deriva da LEI).
B. HETEROGÊNEA/PRÓPRIA: O complemento deriva de norma de natureza diversa
àquela a ser complementada. Ou seja, de natureza administrativa, como a Portaria 344
da ANVISA, que define o que são drogas.

Viola o princípio da Legalidade?

A revogação do complemento gera abolitio criminis – STJ HC 94397 – É a corrente


dominante. A outra diz que só a revogação do tipo principal gera a abolitio.

Norma penal em branco ao quadrado

Anomia e Antinomia:

Anomia: Ausência de norma ou de obediências a elas.

Antinomia: Existência de duas normas no mesmo ordenamento jurídico, tendo o


mesmo âmbito de validade.

Critério Cronológico

Critério Hierárquico

Critério da Especialidade

LINDB:

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.

Conflito Aparente de Normas:

Diversas normas no ordenamento. Apenas no CP temos mais de 350 artigos.

Pressupostos:

1. Unidade de fato
2. Mais de uma norma aparentemente aplicável ao caso

Para tanto foram desenvolvido 3 (alguns trazem 4) critérios para sanar referido conflito, que,
reitera-se, é meramente aparente.

1. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Se verifica no plano abstrato, comparando, de forma


equidistante, os dois dispositivos, em que o especial apresentará os denominados
“elementos especializantes”, que tornam sua subsunção mais adequada à espécie.

Lei especial x lei geral

CP:
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.

2. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: Na impossibilidade de se aplicar a lei mais grave (tipo


principal – primário), se aplicará a lei menos grave (tipo subsidiário).

É chamado por Nelson Hungria como soldado de reserva.


Ex: Desistência voluntária, arrependimento eficaz.

Análise no campo concreto.

Subsidiária expressa e tácita.

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.

A subsidiariedade é extraída da própria lógica da situação apresentada, quando um


tipo penal está contido em outro como elemento constitutivo do crime, causa de
aumento ou qualificadora.

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

Explosão

Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,


mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

3. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: Um delito é meio necessário ou normal, ou, ainda, fase de


preparação, execução e exaurimento para outro delito.

Ante factum e pos factum impunível.

Delito Consultivo e delito consulto.

O delito consulto é mero instrumento, mera etapa para se alcançar o delito consultivo.

O potencial lesivo do delito consulto deve estar contido no delito consultivo.


a. Ante factum impunível: Uma conduta é meio de preparação necessária
para a outra.

Violação de domicílio e furto.

Súmula 17 do STJ: Se o falso se exaure no estelionato, sem maior


potencialidade lesiva, ficar por ele absorvido. É um crime mais grave
absorvido por um menos grave.

b. Pos factum impunível: O agente pratica outra conduta para aferir a vantagem
da primeira.

Ex: falsifica o documento público, para depois usá-lo. Ex: CNH

A finalidade do direito penal é proteger bens jurídicos.

c. CRIME PROGRESSIVO: Para se chegar ao delito que se deseja, necessariamente


tem que realizar condutas que, de forma autônoma, seriam consideradas crimes.

Os crimes meios são chamados de crimes de ação de passagem.

d. PROGRASSÃO CRIMINOSA: Modificação do dolo.

Zona cinzenta entre o princípio da subsidiariedade e consunção (Francisco de Assis


Toledo).

4. PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE: Tipos misto alternativos.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

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