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– PARTE GERAL
SUMÁRIO
2. CONCEITOS IMPORTANTES
A parte conceitual nunca teve grande relevância para as provas de concurso. Entretanto,
recentemente, a Cespe trouxe algumas questões envolvendo este aspecto, o que torna relevante
a apresentação destas classificações.
ͫ A lei penal, para produzir seus efeitos na prática, precisa ser: anterior ao fato, escrita,
elaborada no seu sentido estrito e certa/determinada (ademais, deve respeitar o aspecto
formal e material na sua elaboração).
c) a terceira, consolida a ideia de proibição à criação a tipos penais vagos, abstratos,
indeterminados.
Importante mencionar que a norma penal em branco não se enquadra neste aspecto. A norma mencionada é
aquela que depende de uma complementação normativa para que se possa compreender o âmbito de aplicação
do preceito primário da norma.
DIREITO PENAL
– PARTE GERAL
SUMÁRIO
2. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Este princípio não encontra previsão expressa no texto constitucional, sendo um desdobra-
mento lógico oriundo de critérios hermenêuticos (interpretativos).
Possui três sentidos fundamentais: a) culpabilidade como elemento integrante do conceito
analítico de crime; b) culpabilidade como princípio medidor da pena; c) culpabilidade como ferra-
menta latu sensu, que traz a ideia de responsabilidade.
O primeiro elemento corresponde a identificar se a culpabilidade é preenchida para identificar
se o critério trifásico para conceituar o crime encontra-se preenchido.
No segundo aspecto, a culpabilidade deve ser analisada sob o crivo de que o crime já existe.
Para tanto, no ato da aplicação de uma pena, o magistrado deve se ater ao CRITÉRIO TRIFÁSICO,
previsto no art. 59 do CP e ponderar qual é o grau de culpabilidade do agente, entendendo-se como
o grau de participação do agente na prática da conduta.
Na última opção, o estudo da culpabilidade latu sensu consagra a ideia de que o sujeito só
pode ser responsabilizado se sua conduta ofensiva for dolosa (quis o fato ou assumiu o risco de
produzi-lo) ou culposa (deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia), evitan-
do-se, portanto, a chamada imputação objetiva.
Embora a responsabilidade penal, em regra, seja subjetiva, no que diz respeito aos crimes ambientais e à responsabilidade
civil do Estado, esta será objetiva.
Assim, a simples participação material no resultado não configura, por si só, responsabilidade penal.
DIREITO PENAL
– PARTE GERAL
SUMÁRIO
O art. 8, §2º, da Convenção Americana sobre Direito Humanos: Toda pessoa acusada de um
delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias
mínimas.
Pelo presente princípio, identificamos uma regra probatória, que configura o dever da acu-
sação em demonstrar a responsabilidade do réu (e não a este comprovar sua inocência); e que a
condenação deve derivar da certeza do julgador, sendo que qualquer dúvida interpretada a favor
do réu (in dubio pro reo).
É importante registrar que a partir do julgamento das ADC’s 43, 44 e 54, o STF reconheceu
que a execução provisória de pena, baseada em acórdão penal condenatório proferido em grau de
apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, viola o princípio constitucional da
presunção de inocência, não sendo permitida, portanto.
É importante que o estudante fique atento, pois esta regra pode ser alterada dependendo da composição
do STF.
4. PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE/INTRANSCENDÊNCIA DA
PENA
CF
Art. 5º.
[...]
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Este princípio traz um importante vetor de controle social, bem como a limitação da punição.
Nesse contexto, diferentemente do que acontecia nos primórdios, sobretudo à época da vin-
gança privada, a pena poderia passar para outra pessoa da família (ascendente, descendente ou
colateral), entretanto, corroborado pelo princípio do direito penal do autor, somente quem pratica
o fato é que pode sofrer os consectários lógicos decorrentes de uma conduta.
A extensão para os limites patrimoniais, dizem respeito a uma possível indenização na seara
cível, a título de reparação de danos.
DIREITO PENAL
– PARTE GERAL
SUMÁRIO
- Crimes unissubsistentes;
- Crimes preterdolosos.
SUMÁRIO
DIREITO PENAL – PARTE GERAL ................................................................................................. 2
1. Lei ou Norma Penal em Branco ou Incompleta ou Primariamente Remetida: ............................ 2
1.1. Norma Penal em Branco Homogênea/em sentido Lato sensu/Imprópria/Homóloga ............ 2
1.2. Heterogênea/Sentido Estrito/Própria/Heteróloga .................................................................. 2
2. Norma Penal Em Branco Secundariamente Remetida, ao Avesso ou ao Revés .......................... 3
Para sua correta classificação e compreensão do instituto, deve-se observar com rigor a
FONTE LEGISLATIVA (origem da norma).
Divide-se em:
Da mesma forma as condutas descritas nos arts. 268 e 269 do CP, que trata da infração
de medida sanitária destinada a impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa e a
omissão de informação de doença de notificação compulsória. Porém, essas doenças, bem
Vale destacar que, em que pese ter havido grande embate acerca da constitucionalidade
desta modalidade de lei, prevaleceu o entendimento de que SÃO CONSTITUCIONAIS, na
medida em que possibilitam um melhor e mais seguro controle das substâncias ditas por
ilícitas, sem a necessidade de um moroso procedimento legislativo para sua alteração.
Ou seja, o preceito primário da norma é claro, porém, no que concerne à pena, haverá a
disposição de que a pena será "a mesma aplicada para outro delito”, conforme exemplos
abaixo.
Ex. 1: "Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados,
a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração."
3. ANALOGIA
Diferentemente do que faz crer, a analogia é um recurso utilizado para suprir uma lacuna de lei.
Não será, necessariamente, uma fonte, mas sim um recurso de integração, permitindo a aplicação
de uma situação prevista em lei para um caso semelhante não abrangido pela norma.
O grande exemplo pode ser extraído do art. 302 do CTB. Trata-se do homicídio culposo praticado na direção de
veículo automotor.
O dispositivo mencionado, tutela a vida.
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No art. 121 do Código Penal também temos a tutela à vida. Ocorre que, no §3º do art. 121, temos o homicídio
culposo. Mais adiante, no §5º do mesmo art. 121 temos uma hipótese de perdão judicial.
Pelo texto da lei, quando uma pessoa praticar homicídio culposo, se a consequência da conduta for mais grave
do que uma possível pena, o magistrado deixará de aplicá-la.
Entretanto, esta hipótese de perdão judicial não está prevista para o homicídio culposo do CTB.Por essa razão,
como ambos tutelam o mesmo bem jurídico, devem ter a mesma regulamentação. A consequência é a aplicação
do perdão judicial analogicamente à previsão contida no CTB.
INTERPRETAÇÃO DA
LEI PENAL
2
2. MECANISMOS EMPREGADOS
2.1. QUANTO AO SUJEITO
Quanto à pessoa que interpreta, temos as seguintes formas:
a) autêntica ou legislativa: é aquele fornecida pelo próprio legislador no corpo da Lei. Como
vemos, por exemplo, no art. 327 do CP, que traz expressamente a classificação de funcionário público.
b) doutrinária ou científica: é aquela interpretação feita pelos cientistas do direito, gerando,
as chamadas, correntes doutrinárias.
c) jurisprudencial: trata-se da interpretação praticada pelos Tribunais
3. INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA:
Para esta modalidade, que destoa um pouco do conceito de interpretação, estamos diante de
situações em que, em homenagem ao princípio da legalidade, o legislador traz algumas situações
que de fato pretendeu regular, mas, na sequência, permite que aquilo que seja semelhante também
seja abrangido pelo dispositivo (ex.: quando o código utiliza a expressão: “ou outro meio...”, “ou
por qualquer outro meio...”, como acontece no art. 121, §2º, I, do CP).
“Art. 121, CP: (...)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
(...)
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido;”
CUIDADO!!! Não se pode confundir a interpretação analógica com analogia. A primeira é
interpretação, a segunda, é meio de integração utilizada em caso de lacuna de lei.
DIREITO PENAL
PARTE GERAL
SUMÁRIO
1.1.TERRITÓRIO NACIONAL
Tratam-se de normas que nos auxiliam a identificar quando a Lei Penal Brasileira terá incidência.
O art. 5º do CP estabelece que, ressalvadas as disposições constantes em convenções, tratados
e regras de direito internacional, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido em território nacional.
Para fins de compreensão do território nacional, devemos entender que neste se compreende:
a) território físico ou geográfico: compreende o solo, subsolo, rios, lagos, mar territorial e o
espaço aéreo correspondente.
Obs.: Para fins de definição do mar territorial, considera-se uma linha de 12 milhas náuticas contadas da linha
de baixa-mar (Art. 1º da Lei nº 8.617/1993).
De maneira complementar, o art. 11, da Lei nº 7.565/1986, dispõe que o Brasil exerce com-
pleta e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial.
b) território jurídico ou por equiparação (Art. 5º, §§1º e 2º):
- as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem;
É comum que as questões de concurso apresentem em suas questões a menção de uma
aeronave ou embarcação que está a serviço do governo, com pessoas de diversas etnias,
e uma delas pratica um crime com a outra. A resposta para a assertiva é muito simples.
Sendo a aeronave pública ou estando ela a serviço do governo brasileiro, onde que se
encontre será considerada como extensão do território nacional, em decorrência do
princípio da territorialidade.
ͫ As aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
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Vemos, aqui, verdadeira exceção ao bis in idem, isso porque, além de não ser necessário o
preenchimento de nenhuma condição para a incidência da Lei brasileira, o agente será punido
mesmo que condenado no estrangeiro. Eventual condenação aplicada no estrangeiro será detraída/
descontada da condenação do Brasil, vide o art. 8º do CP.
Para sua prova, os exemplos virão da maneira mais complexa possível. Entretanto, a resolução
da questão depende exclusivamente do texto de lei.
pena será possível quando: 1) o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência
habitual ou vínculo pessoal no Brasil; 2) a sentença tiver transitado em julgado; 3) a duração da con-
denação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, um ano, na data de apresentação
do pedido ao Estado da condenação; 4) o fato que originou a condenação constituir infração penal
perante a lei de ambas as partes; e 5) houver tratado ou promessa de reciprocidade de tratamento.
Ademais, o pedido passivo de transferência da execução da pena formulado por Estado estran-
geiro deve ser encaminhado pela via diplomática ou por via de autoridades centrais, se houver
tratado nessa matéria, sendo certo que, após o recebimento pela autoridade responsável do Poder
Executivo, ele deve ser encaminhado ao STJ para decisão quanto à sua homologação (art. 105, inc.
I, “i”, da CF/1988, c/c art. 101 e §§, da Lei nº 13.445/2017). Caso o STJ decida pelo preenchimento
dos pressupostos legais para a homologação, deve a sentença estrangeira ser encaminhada para
a respectiva vara de execução penal da Justiça Federal do local onde se encontra a pessoa que irá
cumprir a pena (art. 102 da Lei nº 13.445/2017).
3. CONTAGEM DE PRAZO
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
Este dispositivo, embora pareça simples e não tenha a devida importância, deve ser enfatizado,
na medida em que permite a aplicação de uma série de benefícios ao acusado. Além disso, a própria
Cespe já cobrou questão nesse sentido, senão vejamos:
(CESPE – 2006)
Acerca da ação penal nos crimes contra os costumes, julgue o item a seguir.
O dia do começo inclui-se na contagem do prazo penal e tem relevância para as hipóteses de cálculo de duração
da pena, do livramento condicional e da prescrição. Em todos esses casos, a contagem dos dias, meses e anos é
feita pelo calendário gregoriano.
A assertiva está correta, tendo em vista que a hipótese se correlaciona com um prazo penal,
que é aquele utilizado para a contagem dos institutos penais, tais como a prescrição, decadência,
livramento condicional, dias de prisão etc.
Não se pode confundir o prazo de natureza penal com o prazo de natureza processual: este
possui previsão no art. 798, § 1º do CPP e, para ele, não se computará no prazo o dia do começo,
incluindo-se, porém, o do vencimento.
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.
EXERCÍCIOS
1. (CESPE – 2013 – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL)
Havendo conflito aparente de normas, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que incide no
caso de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a realização
de uma delas para que se configure o crime.
Certo ( ) Errado ( )
2. (CESPE – 2013 – DEPEN)
O conflito aparente de normas é o conflito que ocorre quando duas ou mais normas são apa-
rentemente aplicáveis ao mesmo fato. Há conflito porque mais de uma pretende regular o
Exercícios 5
fato, mas é um conflito aparente, porque, com efeito, apenas uma delas acaba sendo aplicada
à hipótese.
Fernando Capez. Curso de direito penal, V. I: parte geral. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012 (com adaptações).
Com base no texto acima e nos princípios utilizados para a solução do conflito aparente de
normas penais, julgue o item seguinte.
Considere que Alberto, querendo apoderar-se dos bens de Cícero, tenha apontado uma arma
de fogo em direção a ele, constrangendo-o a entregar-lhe a carteira e o aparelho celular.
Nesta situação hipotética, da mera comparação entre os tipos descritos como crime de cons-
trangimento ilegal e crime de roubo, aplica-se o princípio da especialidade, a fim de tipificar
a conduta de Alberto.
Certo ( ) Errado ( )
3. (CESPE – 2013 – DEPEN)
Considere que Adolfo, querendo apoderar-se de bens existentes no interior de uma casa
habitada, tenha adentrado o local e subtraído telas de LCD e um forno micro-ondas. Nesta
situação, aplicando-se o princípio da consunção, Adolfo não responderá pelo crime de violação
de domicílio, mas somente pelo crime de furto.
Certo ( ) Errado ( )
4. (CESPE – 2012 – POLÍCIA FEDERAL)
Julgue o item a seguir, com base no direito penal.
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da
consunção – ou absorção. De acordo com este princípio, quando um crime constitui meio
necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais
abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de documento
para a prática do crime de estelionato sem mais potencialidade lesiva: este absorve aquele.
Certo ( ) Errado ( )
5. (CESPE – 2012 – MPE/PI)
Em relação ao conflito aparente de normas penais, ao crime impossível e às causas extintivas
da punibilidade, julgue o item que se segue.
O princípio da consunção, consoante ao posicionamento doutrinário e jurisprudencial, resolve
o conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessário, fase
de preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente pelo
último. Há incidência deste princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a
prática do homicídio.
Certo ( ) Errado ( )
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GABARITO
1. Errado
2. Errado
3. Certo
4. Certo
5. Certo
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SUMÁRIO
TEORIA DO CRIME ............................................................................................................................................. 2
1. TEORIA GERAL DO CRIME .......................................................................................................................... 2
2. INFRAÇÃO PENAL....................................................................................................................................... 2
3. SUJEITOS DO CRIME................................................................................................................................... 3
4. OBJETOS DO CRIME ................................................................................................................................... 3
5. FATO TÍPICO ............................................................................................................................................... 4
5.1. Noções Gerais ..................................................................................................................................... 4
5.2. Conceito de Conduta .......................................................................................................................... 4
5.3. Situações que Ensejam a Exclusão da Conduta .................................................................................. 4
5.4. Formas de Conduta ............................................................................................................................ 5
TEORIA DO CRIME
1. TEORIA GERAL DO CRIME
Avançando no estudo da Teoria do Crime, passamos à análise dos elementos
constitutivos do tipo penal, bem como quais são os elementos imprescindíveis para a
configuração do delito.
Passamos também pela análise do delito doloso e culposo, assim como pelas causas
excludentes de ilicitude e culpabilidade.
Ainda, estudamos a teoria do erro, bem como situações envolvendo concurso de crimes
e o entendimento jurisprudencial consolidado.
2. INFRAÇÃO PENAL
Ao falarmos no conceito de infração penal, abordaremos as três teorias existentes para o
embasamento.
Sob o conceito formal, é toda conduta que está rotulada em uma norma penal
incriminadora sob ameaça de pena (análise legislativa).
Por último, o conceito analítico, que é o que importa para o nosso estudo, classifica a
infração penal como fato típico, antijurídico e culpável.
Além disso, a legislação brasileira adota o sistema binário para definir a infração penal,
pois a considera como um gênero, do qual são espécies: a) crime e b) contravenção penal
(delito liliputiano, crime anão, crime vagabundo, quase crime).
Além disso, para contravenção penal não se admite tentativa → art. 4º LCP,
enquanto os crimes podem ser punidos na sua forma tentada (art. 14, II, CP).
3. SUJEITOS DO CRIME
Sujeito ativo, é o indivíduo que pratica o ato ilícito. Qualquer pessoa física, maior e capaz
pode ser sujeito ativo de um crime.
Hoje em dia, seguindo o que preconiza o art. 225, §3º, da CF c/c a Lei nº
9.605/1998, a pessoa jurídica (PJ) pode ser considerada sujeito ativo de um
crime.
Para a jurisprudência e doutrina majoritárias, a PJ pode ser sujeito ativo de
crime ambiental, sendo desnecessária a dupla imputação (punir a pessoa física e a
jurídica simultaneamente).
Com relação ao sujeito ativo, o crime pode ser comum (quando pode ser praticado por
qualquer pessoa) ou próprio (aquele em que se exige uma condição especial do agente, por
exemplo, peculato, que só pode ser praticado por funcionário público).
4. OBJETOS DO CRIME
Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. Registre-se, que é
plenamente possível que um crime não tenha objeto material, pois determinadas condutas
não recaem sobre pessoas nem coisas (ex.: arts. 338 e 135, ambos do CP).
Noutra banca, não se confunde o objeto material com o objeto jurídico. Este é o
interesse tutelado pela norma, aquilo que o direito penal de fato quis proteger. Destaque-se
que não há crime sem objeto jurídico tutelado.
5. FATO TÍPICO
5.1. NOÇÕES GERAIS
De fato, o Direito Penal somente se preocupa com as condutas mais relevantes para
permitir a coexistência humana. Isso permite concluir que não são todas as situações que
ocorrerem num universo jurídico que ensejarão na aplicação do Direito Penal. Para que isso
ocorra, é necessário que ocorra uma ação ou omissão humana, que viole a lei imperativa e
produza resultado lesivo (resultado naturalístico).
A partir das noções gerais do fato típico, extraímos seus elementos: a) conduta, b) nexo
causal, c) resultado, d) tipicidade.
Se, na análise completa, faltar algum dos pressupostos indicados, haverá a exclusão do
fato típico, com posterior exclusão do crime.
Este elemento não pode ser confundido com a coação moral irresistível,
pois, esta, além de ser uma situação à culpabilidade, o agente tinha a opção entre
o agir/não agir, mas uma força psicológica (grave ameaça), retira a liberdade de
escolha do cidadão.
a) Crime comissivo (praticado por ação): é o crime praticado por ação, quando há
subsunção de uma conduta a um núcleo de um tipo penal.
b.1) Crime omissivo próprio: é o crime omissivo por excelência, aquele em que já
contem no tipo penal a ideia de não fazer, constando expressamente em seu núcleo: "deixar
de...".
Exemplos:
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
2. FORMAS DE CONDUTA
Quando se analisa a conduta, é importante analisar a voluntariedade do agente, que consiste
em ter ciência no ato praticado.
Para tanto, é imprescindível analisar se a conduta foi dolosa (praticada intencionalmente)
ou culposa (sem intenção de produzir o resultado), praticada por ação (conduta positiva/agir – ou
também chamado de crime comissivo) ou por omissão (conduta negativa, deixar de fazer).
Como já visto anteriormente, a ação e a omissão possuem sua relevância. Entretanto, avan-
çaremos à análise do dolo e da culpa.
Obs. 2: Não confundir dolo eventual com dolo de segundo grau. Neste dolo, o resultado paralelo é certo e
necessário, enquanto que no dolo eventual, o resultado é incerto, mas possível.
SUMÁRIO
Sumário ................................................................................................................................................ 1
DIREITO PENAL – PARTE GERAL................................................................................................. 2
1. ETAPAS DA REALIZAÇÃO DO DELITO (“ITER CRIMINIS”) ............................................ 2
a) Cogitação .................................................................................................................................. 2
b) Atos Preparatórios .................................................................................................................... 2
c) Atos Executórios....................................................................................................................... 2
d) Consumação ............................................................................................................................. 2
2. Situações que Impedem a responsabilizaÇão do Agente pelo Resultado .................................... 3
2.1. Tentativa ................................................................................................................................ 3
2.2. Tentativa abandonada ou qualificada: ................................................................................... 4
2.3. Arrependimento Posterior...................................................................................................... 4
2.4. Crime Impossível ................................................................................................................... 5
Ademais, estuda-se também a consumação e tentativa, tendo em vista que existe reflexo
jurídico distinto em cada uma das situações.
A) COGITAÇÃO
Consiste a fase interna, o mero pensamento, antecipação mental. Mostra -se irrelevante
aos fins de direito na medida em que não houve o exercício ou violação de bem jurídico alheio.
B) ATOS PREPARATÓRIOS
Momento anterior ao início da execução e posterior à cogitação.
Via de regra, estes atos preparatórios são impuníveis, mas existem exceções.
As exceções aparecem nos arts. 288 e 291 do CP, bem como no art. 34 da Lei
de Drogas, e art. 5º da Lei 13.260/2016.
C) ATOS EXECUTÓRIOS
Aqui, efetivamente dá-se início à violação ao bem jurídico alheio. São as ações ou
omissões diretamente dirigidas ao intento criminoso.
D) CONSUMAÇÃO
É a fase conclusiva do iter criminis. O delito encontra-se consumado quando estiverem
reunidas todas as suas elementares (Art. 14, I, CP). Com a consumação alcança -se o resultado,
o que faz preencher a figura típica.
Por outro lado, no arrependimento eficaz, os atos executórios já foram praticados, mas
o agente, agindo em sentindo contrário, evita o resultado do crime.
Perceba que nesta segunda hipótese o agente evita a produção do resultado. E para ser
agraciado com a aplicação do instituto, o resultado não pode se produzir.
Além disso, perceba que neste instituto o agente termina de praticar TODOS os atos de
execução.
Neste sentido, nos termos do art. 16 do CP, que também é conhecido como “Ponte de
Prata”, nos crimes sem violência ou grave ameaça, se o agente repara o dano ou restitui a
coisa (por ato voluntário – não necessariamente espontâneo) até o recebimento da
denúncia, tem sua pena reduzida de 1 a 2/3.
CUIDADO!!
Embora o caput do art. 16 estabeleça que o instituto é aplicado aos crimes
sem violência ou grave ameaça, temos os seguintes entendimentos:
ATENÇÃO!!
As causas que afastam o fato típico e a ilicitude excluem o crime (tornam o fato atípico).
De outro lado, as causas que excluem a culpabilidade isentam o agente de pena.
Para delimitar a capacidade em nosso ordenamento jurídico, o Código Penal adotou a mescla
de um critério biológico e outro psicológico, o que a doutrina chama de critério biopsicológico.
Ou seja, para o primeiro deles, o agente deve ter mais de 18 anos na prática da conduta (cri-
tério biológico – art. 27, CP)
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
normas estabelecidas na legislação especial.
No critério psicológico, por sua vez, é necessário que agente, maior de 18 anos, tenha condi-
ções de discernir e saber aquilo que está praticando. Qualquer espécie de comprometimento da
percepção do ato ilícito pode representar uma impossibilidade na imposição da pena (inimputabi-
lidade) ou redução da pena pela incapacidade parcial (semi-imputabilidade).
A partir das considerações introdutórias, é plenamente possível avançar aos elementos que
compõem a culpabilidade.
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2. ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
2.1. IMPUTABILIDADE
Consiste na capacidade de autodeterminação, ou o conjunto de condições que permitem ao
agente a faculdade de atuar de modo distinto, aceitando que a responsabilidade penal possa recair
sobre quem praticou a conduta.
A nossa construção legislativa não laborou no sentido de apresentar um conceito claro de
imputabilidade, mas apresenta diretamente hipóteses de inimputabilidade.
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Menores de dezoito anos.
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
normas estabelecidas na legislação especial.
Como mencionado na parte preambular, o CP adotou um critério biopsicológico (duplo cumu-
lativo) para tratar da culpabilidade. Caso não sejam preenchidos um dos critérios (biológico ou
psicológico), o agente não poderá ser submetido à pena.
Em apertado resumo, se menor de 18 anos, ficará sujeito às medidas do Estatuto da Criança
e do Adolescente. Se maior de 18, mas sem condições psíquicas, poderá ser submetido à medida
de segurança.
Para se avaliar as reais condições psicológicas do indivíduo, depende-se de LAUDO MÉDICO OFICIAL, não bas-
tando a simples alegação.
B) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Neste requisito, deparamo-nos com a situação de hierárquica entre superior e subordinado.
Dessa forma, não pode o funcionário questionar a determinação recebida pelo superior, salvo se
claramente ilegal.
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Logo, o subordinado que cumpre uma ordem que não seja manifestamente ilegal, não res-
ponderá pelo crime, mas somente o autor da ordem.
DIREITO PENAL
– PARTE GERAL
SUMÁRIO
B) EMBRIAGUEZ
Neste ponto, é imprescindível cuidado especial. Perceba, o inciso II do art. 28 do CP estabelece
com propriedade que a embriaguez voluntária ou culposa também não têm o condão de excluir
a imputabilidade penal.
A única forma de se excluir a imputabilidade em razão da embriaguez, é aquela completa e for-
tuita ou acidental. Porém, exige-se que ela conduza o agente a estado em que seja inteiramente inca-
paz de entender o caráter criminoso do fato e de determinar-se de acordo com seu entendimento.
Art. 28. CP: (...)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, prove-
niente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
Etapas da embriaguez: excitação; depressão/confusão; sono.
Da mesma forma que a lei penal considera o alcoólatra como um doente, que possui a
culpabilidade comprometida, a Lei de Drogas, em seu art. 45 traz disposição bastante
semelhante, senão vejamos:
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, prove-
niente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão,
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este
apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste
4
A) COGITAÇÃO
Consiste a fase interna, o mero pensamento, antecipação mental. Mostra-se irrelevante aos
fins de direito na medida em que não houve o exercício ou violação de bem jurídico alheio.
B) ATOS PREPARATÓRIOS
Momento anterior ao início da execução e posterior à cogitação.
Via de regra, estes atos preparatórios são impuníveis, mas existem exceções.
As exceções aparecem nos arts. 288 e 291 do CP, bem como no art. 34 da Lei de Drogas, e art. 5º da Lei nº
13.260/2016.
C) ATOS EXECUTÓRIOS
Aqui, efetivamente dá-se início à violação ao bem jurídico alheio. São as ações ou omissões
diretamente dirigidas ao intento criminoso.
D) CONSUMAÇÃO
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 5
É a fase conclusiva do iter criminis. O delito encontra-se consumado quando estiverem reu-
nidas todas as suas elementares (Art. 14, I, CP). Com a consumação alcança-se o resultado, o que
faz preencher a figura típica.
Como acima mencionado, o exaurimento não compõe o caminho do crime. Cuida-se, em verdade, de momento
posterior à consumação, sendo, em regra, por ela absorvido.
2.1. TENTATIVA
Também chamada de conatus, é denominada uma norma de extensão (regra ampliativa da
tipicidade penal), que permite a aplicação de pena mesmo quando não há a consumação delitiva.
Art. 14. Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspon-
dente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
A tentativa pode se desmembrar em:
ͫ Tentativa perfeita ou inacabada (crime falho): O agente percorre todo o iter criminis,
esgotando o processo executório que tinha por objetivo, mas a consumação não ocorre
por fatores involuntários.
ͫ Tentativa imperfeita ou inacabada: Aqui, o agente não consegue levar adiante todo o
plano criminoso. O processo de execução delitiva sofre interferência antes mesmo da
realização do itinerário previsto.
ͫ Tentativa vermelha ou cruenta: A vítima sofre lesões, mas o fato não se consuma.
ͫ Tentativa branca ou incruenta: a vítima não chega a ser fisicamente atingida.
Não admitem tentativa:
- Crimes de atentado;
- Crimes culposos;
- Crimes preterdolosos;
- Crimes omissivos próprios;
- Crimes unissubsistentes;
- Crimes habituais;
- Contravenções penais.
MNEMÔNICO QUE AUXILIA É O CCHOUP:
Contravenções penais;
Culposos;
Habituais;
6
Omissivos Próprios;
Unissubsistentes;
Preterdolosos.
Obs.: Também, o crime de Atentado.
DIREITO PENAL
– PARTE GERAL
SUMÁRIO
5. PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL
Casos de impunibilidade
Art. 31 . O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
A análise dessa conduta dispõe expressamente que os crimes como um todo, desde que não
ingressem nos atos executórios, não receberão a chancela de intervenção do Direito Penal, salvo
quando constituírem crimes autônomos.
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SUMÁRIO
CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE............................................................................................................. 2
1. Considerações Gerais ................................................................................................................................ 2
1.1. Morte do Agente ................................................................................................................................ 2
1.2. Anistia, Graça e Indulto ...................................................................................................................... 2
1.3. Retroatividade da Lei que Deixa de Considerar o Fato Criminoso ..................................................... 3
1.4. Prescrição ........................................................................................................................................... 3
1.5. Decadência ......................................................................................................................................... 3
1.6. Perempção .......................................................................................................................................... 4
1.7. Renúncia do Direito de Queixa ........................................................................................................... 4
1.6. Perdão do Ofendido ........................................................................................................................... 4
1.7. Retratação .......................................................................................................................................... 5
1.8. Perdão Judicial (quando previsto em lei) ........................................................................................... 5
Na anistia, a União, por meio de Lei Penal elaborada formalmente pelo poder legislativo
e sancionada pelo presidente da república, e baseadas em razões políticas, filosóficas,
históricas, etc, concedem perdão a um determinado fato. O instituto em discussão apaga os
efeitos penais primários e secundários, mantendo-se, contudo, os efeitos extrapenais.
Funciona como se fosse uma abolitio criminis.
Já a graça e o indulto, também consistem numa espécie de perdão pelo fato praticado.
Ambos são concedidos pelo Presidente da República, via decreto presidencial, podendo a
atribuição ser delegada aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da República ou ao
Advogado Geral da União (art. 84, XII, CF).
1.4. PRESCRIÇÃO
Por ser um instituto de ordem estritamente técnica e eivado de requisitos particulares,
analisaremos sua aplicação num bloco próprio.
1.5. DECADÊNCIA
É a omissão da vítima em propor a ação privada, quedando-se inerte no transcurso do
prazo de seis meses de que dispõe para exercer o seu direito, contados como regra do
conhecimento da autoria da infração (an. 38, CPP, c/c o art. 107, IV, CP).
Vale destacar, sempre por oportuno que, sendo o referido prazo de natureza
decadencial, não se prorroga, não se suspende nem se interrompe, contando-se na forma do
art. 10 do CP, incluindo-se o primeiro dia e excluindo-se o do vencimento.
1
“O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
secundários, penais ou extrapenais”.
Portanto, a vítima tem prazo para ajuizar a ação privada. Se não o fizer, decai do direito,
ocasionando a extinção da punibilidade.
1.6. PEREMPÇÃO
É uma sanção de caráter processual que revela a desídia do querelante que já exerceu o
direito de ação, sendo uma sanção processual ocasionada pela inércia na condução da ação
privada, desaguando na extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP). Suas hipóteses de
ocorrência estão disciplinadas no art. 60 do CPP. Vejamos:
A renúncia tácita admite todos os meios de prova para demonstrá-la (art. 57, CPP), ao
passo que a renúncia expressa deve constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu
representante legal, ou por procurador com poderes especiais (este não precisa ser
advogado).
Características: Por consectário lógico, a renúncia é (i) ato voluntário (sem coação
sobre a pessoa do ofendido ou do seu representante legal), (ii) unilateral (não há
necessidade de aceitação pelo suposto sujeito ativo da infração), (iii) pré-processual
(extraprocessual) e (iv) irretratável, já que em razão dela o direito de ação não mais poderá
ser exercido, tendo por consequência a extinção da punibilidade (art. 107, V, CP).
Qualquer motivo pode levar a vítima a não mais desejar prosseguir com a ação,
perdoando o réu. O perdão tem por consequência a extinção da punibilidade (art. 107, V, CP).
Contudo, precisa ser aceito pelo imputado, senão não operará efeitos (ato bilateral). Uma vez
oferecido o perdão mediante declaração nos autos (EXPRESSO), o demandado será intimado
para dizer se concorda, dentro de três dias. Se nada disser, o silêncio implica acatamento
(TÁCITO).
1.7. RETRATAÇÃO
Consiste no ato de rever (retirar) aquilo que fora manifestado outrora. Tal retratação
somente será cabível nas hipóteses previstas em lei, sendo elas:
a) calúnia e difamação (art. 143, CP): o querelado que antes da sentença se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação fica isento de pena.
A retratação deve ocorrer até a sentença de primeiro grau.
b) falso testemunho ou falsa perícia (art. 342, §2º do CP): o fato não será punível se,
antes da sentença (no processo em que ocorreu o ilícito), o agente se retrata e declara a
verdade.
A retratação deve ocorrer até a sentença que julga o processo em que
ocorreu a falsa perícia ou falso testemunho.
Não se confunde com o perdão do ofendido, pois este é instituto exclusivo da ação penal
privada, e depende de aceitação. O perdão judicial é concedido pelo magistrado, quando
previsto em lei.
PRESCRIÇÃO
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Sem dúvidas, consiste em um dos temas que emana maior atenção do estudante, especial-
mente por conter diversas modalidades e prazos distintos.
É imprescindível atenção especial para o estudo e para alocar corretamente os prazos, sob
pena de entrar em parafuso mental, que dificulta a absorção do conteúdo.
A prescrição consiste na perda do direito de punir pelo Estado. No jargão popular, utiliza-se o
termo “caducou” (apenas uma analogia).
A Constituição Federal, em seu art. 5º, XLII estabelece como imprescritíveis os crimes de
racismo e aqueles praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
e o estado democráticos de direito.
Em síntese, sempre que ocorre um determinado fato, o Estado dispõe de um tempo para apli-
car a sanção ao agente. Caso o estado não honre com a responsabilização do agente neste prazo,
operar-se-á a prescrição.
Dentro do estudo, teremos duas modalidades de prescrição:
a) Prescrição da Pretensão Punitiva.
b) Prescrição da Pretensão Executória.
A segunda modalidade apresentada, será contabilizada a partir do trânsito em julgado da
sentença condenatória – este será o marco para sua contagem.
Já a prescrição da pretensão punitiva irá se desdobrar em:
ͫ Prescrição da pretensão punitiva em abstrato (própria ou real).
ͫ Prescrição da pretensão punitiva superveniente ou intercorrente.
ͫ Prescrição da Pretensão punitiva retroativa.
ͫ Prescrição da pretensão punitiva virtual.
2. PRAZOS
Antes de avançarmos à análise de cada uma das modalidades, é imperioso analisarmos os
prazos prescricionais previstos em Lei. Eles são apontados pelo art. 109 do CP, vejamos:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
PRESCRIÇÃO 3
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede
a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Note que o prazo está relacionado ao quantum de pena abstratamente previstos. E são estes
os prazos que irão nortear todas as modalidades da prescrição.
Nesse momento, é prudente com jugar o art. 109 com o art. 115 do Código Penal, eis que
este traz uma regra especial de contagem. Na espécie, em duas situações específicas a prescrição
poderá ser contada pela metade.
Redução dos prazos de prescrição
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos.
Assim, sendo o agente menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 por ocasião da sen-
tença, a prescrição será contada pela metade do prazo previsto no art. 109.
Nesse contexto, a prescrição da pretensão executória será regulada pela pena remanescente
(quatro anos).
Este prazo de quatro anos deverá ser analisado em conjunto com os prazos dispostos no art.
109 do CP, para se apurar o tempo que o Estado possui para recapturar este indivíduo.
DIREITO PENAL –
PARTE GERAL
2
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento
da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores,
quando inadmissíveis; e
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não
corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
A situação constante do inciso I, diz respeito às chamadas prejudiciais de mérito. Exemplo
clássico, imagine-se, no crime de bigamia, enquanto o agente discute no cível acerca da validade
do casamento. Naturalmente que, além de o processo criminal permanecer suspenso, a prescri-
ção também permanece, na medida em que, o resultado da demanda anulatória pode impactar
diretamente na persecução penal.
A hipótese do inciso II, corresponde à hipótese de o agente cumprir pena no estrangeiro.
A terceira situação, corresponde à situação de pendência de embargos de declaração ou
recursos perante os Tribunais Superiores, quando julgados inadmissíveis.
Destacamos que o STF, no REx 966.177/RS aplicou interpretação conforme para igualar estas hipóteses aos
recursos que aguardam julgamento sob o regime da repercussão geral em matéria criminal.
A quarta situação corresponde em não se contar a prescrição enquanto não cumprido ou não
rescindido o acordo de não persecução penal (art. 28-A, CPP).
Importante frisar que este rol não é exaustivo (taxativo), na medida em que existem
outros dispositivos em outros diplomas que também autorizam a suspensão do prazo
prescricional, como, por exemplo, no art. 89, §6º, da Lei nº 9.099/95 que suspende o
prazo prescricional enquanto o agente se encontra no período de prova e, também, a
hipótese do art. 366 do CPP (réu citado por edital que não comparece nos autos nem
constitui defensor).
Por fim, a hipótese destacada no parágrafo único, dispõe que a prescrição não corre, após o
trânsito em julgado, durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
DIREITO PENAL –
PARTE GERAL
2
2 De acordo com a Súmula nº 191 do STJ, a pronúncia é causa interruptiva da prescrição mesmo que o
Tribunal de Justiça venha desclassificar o crime.
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 5
2. PERDÃO JUDICIAL
Perdão judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de
reincidência.
É o instituto aplicável às hipóteses previstas em lei.
Geralmente, aparece vinculado aos crimes culposos e remete à hipótese de extinção da
punibilidade.
Nesse contexto, a Súmula nº 18 do STJ:
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não
subsistindo qualquer efeito condenatório.
Exemplos de aplicação: art. 121, §5º, CP (homicídio culposo) e art. 129, §8º, CP (lesão corporal
culposa).