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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL........................................................................................... 2


Direito Penal ............................................................................................................................ 2
Conceito ............................................................................................................................ 2
Função do Direito Penal ................................................................................................... 2
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Introdução ............................................................................................................................... 2
Princípio da Legalidade ....................................................................................................... 2
Conceito ............................................................................................................................ 2

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

1
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

DIREITO PENAL
CONCEITO
É conjunto de normas jurídicas que define as infrações penais e suas respectivas
penas, mas que serve de limite ao poder punitivo do Estado.

FUNÇÃO DO DIREITO PENAL


Segundo a doutrina, a principal função do Direito Penal é a proteção de bens
jurídicos. Por exemplo, ao tipificar o crime de homicídio, a intenção do legislador foi tutelar
o bem jurídico “vida”.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


1
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PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

INTRODUÇÃO
Os princípios do Direito Penal são os alicerces da limitação do poder de punir do
Estado e servem como parâmetro na elaboração de leis penais e na sua interpretação
pelos julgadores.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
CONCEITO
O princípio da legalidade é a exigência de lei, em sentido estrito, para a criação de
infrações penais (crimes ou contravenções) e cominação de penas.

Tal princípio está previsto expressamente no art. 5º, XXXIX, da Constituição (CF/88):

Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;

E no art. 1º do Código Penal (CP):

1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 08

2
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.

A lei em sentido estrito é a espécie normativa que preencha, cumulativamente, o


critério material e critério formal da lei.

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O critério material da lei está relacionado ao seu conteúdo, portanto, trata-se de uma
norma abstrata que disciplina relações jurídicas.

Por exemplo, um edital de abertura de concurso público é uma norma abstrata e,


corriqueiramente, é chamada de “lei do concurso”.

Por outro lado, o critério formal tem relação com o processo legislativo, assim,
somente será considerado lei se for observado o procedimento estabelecido na
Constituição para sua elaboração.

Em regra, o processo legislativo segue o seguinte trâmite:

Evidentemente, para a criação de infrações penais, não basta apenas o critério


material, mas, também, o critério formal que lhe concede legitimidade democrática.

3
A resposta é LEI ORDINÁRIA.

O princípio da legalidade não exige quórum especial para criação de tipos penais,
dessa forma, basta que a lei seja aprovada por maioria simples (lei ordinária).

A resposta é SIM. Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Inicialmente, é bom lembrar que a lei complementar é a espécie normativa que
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exige maioria absoluta para sua aprovação.

Apesar de os tipos penais serem criados por meio de lei ordinária, nada impede que
o legislador opte pelo processo legislativo mais exigente, previsto na lei complementar.

Por exemplo, o art. 25 da Lei Complementar nº 64/90 prevê um crime eleitoral:

Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade, ou


a impugnação de registro de candidato feito por interferência
do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade,
deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé:

Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de 20


(vinte) a 50 (cinquenta) vezes o valor do Bônus do Tesouro
Nacional (BTN) e, no caso de sua extinção, de título público que
o substitua.

4
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Medidas Provisórias (MP)............................................................................................ 2
Analogia ...................................................................................................................... 3
Mandado de Criminalização .................................................................................... 4

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1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
MEDIDAS PROVISÓRIAS (MP)
Medidas provisórias são espécies de normas editadas pelo Presidente da República,
quando preenchidos os requisitos constitucionais de urgência e relevância.

As medidas provisórias são previstas no art. 62 da CF/88:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da


República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

É interessante observar que, apesar de possuir força de lei, não se trata de lei em
sentido estrito, pois, como visto, não obedece ao processo legislativo ordinário.

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A resposta é DEPENDE.

Da literalidade do texto constitucional, tal possibilidade seria vedada, pois:

Art. 62, § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre


matéria
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos
e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;

Na realidade, a vedação constitucional decorre do próprio princípio da legalidade,


pois, como visto anteriormente, a criação de tipos penais exige lei em sentido estrito.

Contudo, o STF tem jurisprudência no sentido de que, se uma medida provisória tratar
de Direito Penal (em tese, vedado), é necessário verificar se a norma jurídica abordou o
tema de maneira benéfica ao réu.

O fundamento é simples, se o princípio da legalidade foi criado como forma de


proteção ao indivíduo frente ao Estado Punidor, não faz sentido utilizá-lo para agravar a
situação do réu.

Por exemplo, se uma medida provisória prevê uma abolitio criminis temporária,
apesar de ser matéria de Direito Penal, deve ser aplicada, pois não faz sentido exigir lei em
sentido estrito para afastar o benefício ao réu.

2
Em resumo:

ANALOGIA
A analogia é uma espécie de integração legislativa, que, em face da ausência de
lei específica para o caso concreto, é necessário recorrer a uma lei aplicável para uma
situação semelhante (análoga).

Da mesma forma que se admite a medida provisória em favor do réu, a


jurisprudência e a doutrina admitem aTiago
Anderson utilização da analogia
Meneguelli benéfica (in bonam partem).
Oliva
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Assim, é vedada apenas a analogia gravosa (in malam partem).
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Em 2019, o STF decidiu que o art. 20 da Lei nº 7.716/89 pode ser aplicado para punir
condutas homofóbicas e transfóbicas.

O art. 20 da Lei nº 7.716/89 tem a seguinte redação:

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito


de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

É interessante observar que o crime não descreve a “orientação sexual” como um


dos elementos do tipo relacionados ao preconceito.

Apesar disso, o Tribunal Excelso entendeu que não se trata de aplicação de analogia,
mas de interpretação conforme a Constituição e fundamentada no chamado mandado
de criminalização.

MANDADO DE CRIMINALIZAÇÃO
O mandado de criminalização pode ser conceituado como o dever incumbido pela
Constituição ao legislador infraconstitucional de criminalizar condutas que configurem
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violações aos preceitos constitucionais.
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Nesse sentido, caso o legislador031.721.292-33
falhe em editar tais leis, haverá mora inconstitucional
sanável por meio de mandado de injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por
omissão.

No exemplo acima, o STF entendeu que houve omissão inconstitucional aos incisos
XLI e XLII, do art. 5º, da CF/88.

Art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos


direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

4
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ..................................................................................................2
Princípio da Legalidade ..................................................................................................2
Costumes .......................................................................................................................2
Princípio da Taxatividade ............................................................................................3
Princípio da Anterioridade ..............................................................................................3
Conceito ........................................................................................................................3
Princípio da Personalidade, Pessoalidade ou Intranscendência da Pena .............4
Conceito ........................................................................................................................4
Efeito: Penal x Cível ......................................................................................................4
Princípio da Individualização da Pena .........................................................................4
Conceito ........................................................................................................................4
Princípio da Intervenção Mínima ...................................................................................5
Conceito ........................................................................................................................5
Subprincípios..................................................................................................................
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1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
COSTUMES
Os costumes, fonte mediata do Direito Penal, são regras de comportamento adotadas
pelas pessoas como se fossem obrigatórias1.

Assim, para a doutrina, os costumes são formados por 02 elementos:

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Em razão do princípio da legalidade, os costumes não podem criar crimes, mas
poderão ser utilizados como elementos de interpretação do tipo penal.

Por exemplo, o conceito de repouso noturno no furto (art. 155, §1º, do CP) vai
depender dos costumes do local onde o crime ocorrer.

A resposta é NÃO.

Em respeito ao princípio da simetria, revogação de uma lei depende de outra lei.

Nesse sentido, a venda de DVD’s piratas configura crime contra os direitos autorais,
ainda que a conduta seja tolerada pela sociedade e pelas autoridades estatais.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 145

2
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE
O princípio da taxatividade, que decorre do princípio da legalidade, afirma que,
além de previsão em lei, o tipo penal deve ser claro e compreensível de forma a evitar
que o indivíduo não consiga alcançar o seu sentido.

Dessa forma, deve-se evitar a edição de tipos penais vagos e que não delimitem,
corretamente, o alcance da norma jurídica.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
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CONCEITO 031.721.292-33
O princípio da anterioridade é a exigência de lei anterior ao fato para que seja
possível a aplicação do Direito Penal.

É um princípio expressamente previsto na Constituição, bem como no Código Penal,


aliás, junto com o princípio da legalidade.

Tal princípio está previsto no art. 5º, XXXIX, da Constituição (CF/88):

Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;

E no art. 1º do Código Penal (CP):

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.

O princípio da anterioridade está relacionado à ideia de que “só há como jogar o


jogo se, antes, souber as regras”.

3
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE, PESSOALIDADE OU
INTRANSCENDÊNCIA DA PENA
CONCEITO
O princípio da pessoalidade afirma que a pena não pode passar da pessoa do
condenado.

Dessa forma, a responsabilização penal é individual e deve ser suportada apenas por
aquele que praticou a conduta considerada lesiva.

Trata-se de um princípio expressamente previsto na Constituição Federal.

Art. 5º, XLV, da CF/88: ”Nenhuma pena passará da pessoa do


condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido".

EFEITO: PENAL X CÍVEL


Anderson
A Constituição veda que a penaTiagosejaMeneguelli Oliva
transferida do condenado para terceiros,
contudo, é importante ressaltar que os efeitos cíveis de uma condenação penal podem
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atingi-los. 031.721.292-33
Nesse sentido, a reparação de danos e o perdimento de bens podem ser estendidos
aos sucessores do condenado, mas sempre respeitado o limite da herança recebida.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” foi condenado à pena de prisão e pagamento de multa,


bem como a reparar os danos causados à vítima, “B”.

Se “A” vier a morrer durante a execução da pena, não haverá necessidade de


cobrar a multa (efeito penal), contudo, em relação à indenização de “B” (efeito cível),
deverá haver desconto na herança deixada por “A”.

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA


CONCEITO
O princípio da individualização da pena é expresso na Constituição Federal.

Art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,


entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

4
A ideia é de que cada condenado deve ter a exata e justa punição pelo ilícito
praticado.

Nesse sentido, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial do art. 44 da Lei de


Drogas, que vedava a concessão de liberdade provisória e conversão da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos, pois cabe ao juiz, no caso concreto, avaliar a
possibilidade de aplicação de tais institutos.

Art. 44, Lei de Drogas. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e §
1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
conversão de suas penas em restritivas de direitos.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA


CONCEITO
Segundo Jamil Chaim Alves 2 , “o direito penal, sendo a forma mais violenta de
interferência estatal na vida privada do indivíduo, somente deve ser utilizado em face dos
ataques mais graves aos bens jurídicos mais relevantes (...)”.

SUBPRINCÍPIOS Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Do princípio da intervenção mínima, a doutrina extrai 02 (dois) subprincípios:
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1. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE – O Direito Penal deve ser o último recurso
(ultima ratio). Portanto, só pode ser utilizando quando os outros ramos do
Direito sancionador não forem aptos a manter o controle social.

2. PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE – O Direito Penal não vai tratar de todas as


condutas, mas apenas de uma pequena parte de situações (fragmentos) que
possam causar lesão aos bens jurídicos.

Portanto:

2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 123

5
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Adequação Social ................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Princípio da Ofensividade (Lesividade) ....................................................................... 3
Conceito ...................................................................................................................... 3
Princípio da Alteridade.................................................................................................. 4
Princípio da Culpabilidade ........................................................................................... 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Princípio do Ne Bis In Idem ............................................................................................ 4
Conceito ...................................................................................................................... 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL


CONCEITO
O princípio da adequação social afirma que uma conduta, apesar de tipificada, não
será considerada criminosa, em razão de ser socialmente adequada.

Por exemplo, furar a orelha de uma recém-nascida se amolda ao tipo penal de lesão
corporal (art. 129, CP), mas por se tratar de conduta socialmente aceita, não há crime.

Segundo Rogério Sanches1, o princípio da adequação social tem 02 funções:

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A resposta é SIM.

O tema é, inclusive, objeto da Súmula nº 502 do STJ:

Apesar da comercialização de DVD’s piratas ser tolerada pelo Estado e sociedade,


o princípio da adequação social não pode ser utilizado para revogar tipos penais.

1
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 101

2
Nesse sentido, o comerciante responderá pelo tipo penal do art. 184, §2º, do Código
Penal:

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
(...)
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro
direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga,
introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou
cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com
violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou
executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda,
aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem
a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os
represente.

PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE (LESIVIDADE)


CONCEITO
Nas palavras de, Jamil Chaim Alves, o princípio da ofensividade significa que apenas
condutas que causem efetiva lesão ou perigo de lesão a bem jurídico podem ser objeto
de repressão penal2. Anderson Tiago Meneguelli Oliva
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Desse princípio, decorrem algumas conclusões:

2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 123

3
PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
O princípio da alteridade afirma que o Direito Penal não pode ser aplicado contra
alguém que cause mal apenas para si próprio.

Dessa forma, há relação direta entre o princípio da alteridade e o da ofensividade.

PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
CONCEITO
Segundo a doutrina, o princípio da culpabilidade está implicitamente na
Constituição e significa que ninguém pode ser punido se não tiver agido com dolo ou, ao
menos, culpa.

Dessa forma, ao contrário do que ocorre em outros ramos do Direito, não é admissível
a responsabilidade penal objetiva.

PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM


CONCEITO Anderson Tiago Meneguelli Oliva
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O princípio do ne bis in idem afirma que ninguém pode ser julgado e punido pelo
mesmo fato mais de uma vez.
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O Código Penal brasileiro adotou a chamada extraterritorialidade incondicionada


em seu art. 7º, §1º.

Art. 7º, § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a


lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

4
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância (Bagatela) ........................................................................ 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Natureza Jurídica ................................................................................................................ 2
Requisitos Objetivos ............................................................................................................ 2
Requisitos Subjetivos ........................................................................................................... 3

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1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (BAGATELA)


CONCEITO
O princípio da insignificância é uma interpretação restritiva da lei penal, pois
determinadas condutas, apesar de formalmente previstas em lei como infrações penais,
não serão reprimidas diante de sua ínfima lesão ao bem jurídico.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” subtrai alguns produtos de higiene pessoal de uma grande
rede de supermercados.

Nesse exemplo, a conduta de “A” se amolda ao tipo penal do art. 155 do Código
Penal (furto), mas diante da inexpressiva lesão ao patrimônio do estabelecimento
comercial, não haverá aplicação do Direito Penal.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Para a jurisprudência e doutrina majoritária, a resposta é NÃO.

Nesse sentido, para o STJ, somente o Poder Judiciário tem a competência para
reconhecer o princípio da insignificância.

NATUREZA JURÍDICA
O princípio da insignificância tem natureza jurídica de causa de exclusão de
tipicidade material.

Nesse sentido, apesar da conduta ser tipificada como infração penal (tipicidade
formal), a insignificância da lesão jurídica afastará a tipicidade material.

REQUISITOS OBJETIVOS
É importante destacar que o princípio da insignificância não tem previsão legal.

Diante disso, coube ao STF formular os seguintes requisitos para o reconhecimento da


insignificância:

2
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REQUISITOS SUBJETIVOS
Como se percebe, os requisitos objetivos estão relacionados à conduta e sua ínfima
lesão ao bem jurídico.

Por outro lado, os requisitos subjetivos são associados à figura do agente infrator e da
vítima.

3
A resposta é SIM.

Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, a reincidência, por si só, não exclui
a aplicação do princípio da insignificância.

A resposta é NÃO. Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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O criminoso habitual é o indivíduo que faz da prática de delitos seu meio de vida.
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Dessa forma, agraciar o criminoso habitual com o princípio da insignificância seria
dar-lhe “carta branca” para continuar a prática de pequenas infrações penais sem que
fosse possível aplicar-lhe o Direito Penal.

4
A resposta é, excepcionalmente, SIM 1.

Como dito acima, a habitualidade criminosa específica (reiteração no mesmo crime)


é um elemento que afasta o princípio da insignificância.

Contudo, segundo o STF, a depender das particularidades do caso concreto,


excepcionalmente, será possível aplicá-lo.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Por fim, é preciso analisar a situação da vítima quando da aplicação do princípio da


insignificância, pois a irrelevância da conduta praticada deve ser apreciada no caso
concreto.

Por exemplo, a subtração de um bem que seja recordação de um familiar falecido


pode não ter valor econômico relevante, mas, certamente, afastará a incidência do
princípio da insignificância em razão do valor sentimental para a vítima.

1
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00
mesmo que o agente tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/31c23973a376c90940f5f5ff2118b5d2>. Acesso em: 06/03/2021

5
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância (Bagatela) ............................................................................. 2
Princípio da Insignificância (Bagatela) Imprópria....................................................... 2
Princípio da Insignificância – Jurisprudência ................................................................... 2
Introdução............................................................................................................................ 2
Furto Famélico ..................................................................................................................... 2
Furto Qualificado ................................................................................................................ 3
Furto de Bem com Valor Superior a 10% do Salário-Mínimo..................................... 4
Furto durante o Repouso Noturno .................................................................................. 4
Crimes Praticados com Violência ou Grave Ameaça .............................................. 4
Receptação ........................................................................................................................ 5
Crimes contra a Administração Pública ....................................................................... 5
Descaminho (e Crimes Tributários) ................................................................................. 6

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1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (BAGATELA)


PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (BAGATELA) IMPRÓPRIA
O princípio da insignificância imprópria ocorre quando a conduta praticada é
penalmente relevante, contudo, em razão de circunstâncias do caso concreto, a pena
acaba se tornando desnecessária.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” praticou um furto privilegiado. Logo em seguida,


arrependido, devolve o bem à vítima. Durante o curso da ação penal, “A” demonstra
comportamento ajustado e não volta a delinquir.

Segundo Rogério Sanches1:

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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – JURISPRUDÊNCIA


INTRODUÇÃO
Inicialmente, é importante recordar que, por não haver previsão legal, o princípio da
insignificância é avaliado no caso concreto, ou seja, são as características do fato ocorrido
que vão ensejar, ou não, sua incidência.

Em suma, ainda que seja admitida a incidência do princípio da insignificância para


determinado tipo penal, sempre será necessário analisar as circunstâncias do caso
concreto.

FURTO FAMÉLICO
O furto famélico ocorre quando o indivíduo pratica o crime para saciar uma
necessidade urgente e relevante. Por exemplo, a subtração de gêneros alimentícios de
pequena expressão econômica.

1
Cunha, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 2020, 8ª edição, pág. 100

2
A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação do princípio da
insignificância.

FURTO QUALIFICADO
O furto qualificado é previsto no art. 155, §4º, do Código Penal e, em regra, não
admite a aplicação do princípio da insignificância.

Art. Anderson
155, § 4º - A pena é deMeneguelli
Tiago reclusão de dois a oito anos, e multa,
Oliva
se o crime é cometido:
I - com andersontiago158@gmail.com
destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa; 031.721.292-33
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

Contudo, em situações excepcionais, os Tribunais Superiores têm admitido a sua


incidência2.

2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando
presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ab4c389364232588a6680ad92ec170c7>. Acesso em: 06/03/2021

3
FURTO DE BEM COM VALOR SUPERIOR A 10% DO SALÁRIO-
MÍNIMO
A subtração patrimonial com valor superior a 10% do salário-mínimo aponta
relevância da conduta praticada, segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores.

Novamente, em casos excepcionais, o STJ já admitiu a incidência do princípio da


insignificância para furto de bens estimados em 12,97% do salário-mínimo, praticado por
agente primário e com restituição à vítima.

FURTO DURANTE O REPOUSO NOTURNO


Anderson
O furto praticado durante Tiagonoturno
o repouso Meneguelli
é umaOliva
causa de aumento de pena
prevista no art. 155, §1º, doandersontiago158@gmail.com
Código Penal.
031.721.292-33
Art. 155, § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno.

Apesar do maior desvalor da conduta, o STF aplicou o princípio da insignificância


para o furto durante o repouso noturno de mercadorias avaliadas em R$ 29,153.

CRIMES PRATICADOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA

3
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em
R$ 29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3501672ebc68a5524629080e3ef60aef>. Acesso em: 06/03/2021

4
A jurisprudência dos Tribunais Superiores afasta a aplicação do princípio da
insignificância para os crimes praticados com violência ou grave ameaça, pois tais
elementos apontam relevante desvalor da conduta.

Por exemplo, não é possível incidir o princípio da insignificância para o crime de


roubo, ainda que a subtração patrimonial seja irrisória.

RECEPTAÇÃO
Segundo o STF, a receptação é um crime pluriofensivo que afeta, além do patrimônio,
a própria administraçãoAnderson Tiago
da justiça, pois Meneguelli
a ação Oliva dificulta a persecução
do receptador
penal. andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
Dessa forma, é incabível o princípio da insignificância para o crime de receptação.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Os crimes praticados contra a Administração Pública envolvem lesão a bens jurídicos
bastante relevantes, como exemplo, probidade e erário.

Diante disso, é importante observar que, ao menos em tese, não há como considerar
insignificante tais condutas criminosas.

Nesse sentido, é o entendimento sumulado do STJ:

5
Contudo, o STF, excepcionalmente, tem admitido a aplicação do princípio da
insignificância para crimes praticados contra a Administração Pública.

Por exemplo, no delito de peculato-furto, praticado por carcereiro que subtraiu um


farol de milha, estimado em R$ 13,00, que guarnecia um bem apreendido4.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

DESCAMINHO (E CRIMES TRIBUTÁRIOS)


Os Tribunais Superiores admitem a aplicação do princípio da insignificância para o
descaminho.

4
HC 112388/SP, Rel. Min Ricardo Lewandowski, 21/08/2012

6
É evidente que a incidência do princípio da bagatela exige um limite patrimonial
para sua incidência.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
A resposta é R$ 20.000,00. 031.721.292-33
Apesar da divergência histórica entre os Tribunais Superiores quanto ao limite, hoje, é
possível afirmar que ambos adotam R$ 20.000,00, que corresponde ao valor-mínimo para
o ajuizamento de ação de execução fiscal, segundo a Portaria nº 75 e 130, do Ministério
da Fazenda.

7
5

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
A resposta é NÃO 6. 031.721.292-33

Segundo o STJ, o parâmetro de R$ 20.000, 00 é exclusivo para os tributos federais,


tanto que foi fixado com base na Portaria do Ministério da Fazenda (órgão da União).

Por outro lado, em relação aos tributos estaduais, é necessário observar a lei estadual
vigente em razão da autonomia do ente federativo.

5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível utilizar o parâmetro mínimo de 20 mil reais (criado para a execução fiscal)
como critério para aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários?. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aecad42329922dfc97eee948606e1f8e>. Acesso em:
06/03/2021
6
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes tributários estaduais e o limite de 20 mil reais. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ac3870fcad1cfc367825cda0101eee62>. Acesso em:
06/03/2021

8
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância – Jurisprudência .............................................................. 2
Descaminho (e Crimes Tributários) ........................................................................... 2
Contrabando .............................................................................................................. 4
Apropriação Indébita Previdenciária e Sonegação de Contribuição
Previdenciária ............................................................................................................. 5

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – JURISPRUDÊNCIA


DESCAMINHO (E CRIMES TRIBUTÁRIOS)
Os Tribunais Superiores admitem a aplicação do princípio da insignificância para o
descaminho.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

É evidente que a incidência do princípio da bagatela exige um limite patrimonial


para sua incidência.

A resposta é R$ 20.000,00.

Apesar da divergência histórica entre os Tribunais Superiores quanto ao limite, hoje, é


possível afirmar que ambos adotam R$ 20.000,00, que corresponde ao valor-mínimo para
o ajuizamento de ação de execução fiscal, segundo a Portaria nº 75 e 130, do Ministério
da Fazenda.

2
1

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

A resposta é NÃO 2.

Segundo o STJ, o parâmetro de R$ 20.000, 00 é exclusivo para os tributos federais,


tanto que foi fixado com base na Portaria do Ministério da Fazenda (órgão da União).

Por outro lado, em relação aos tributos estaduais, é necessário observar a lei estadual
vigente em razão da autonomia do ente federativo.

1
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível utilizar o parâmetro mínimo de 20 mil reais (criado para a execução fiscal)
como critério para aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários?. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aecad42329922dfc97eee948606e1f8e>. Acesso em:
06/03/2021
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes tributários estaduais e o limite de 20 mil reais. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ac3870fcad1cfc367825cda0101eee62>. Acesso em:
06/03/2021

3
CONTRABANDO
Inicialmente, é importante distinguir os tipos penais de contrabando e de
descaminho:

Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, é inaplicável, em regra, o princípio


da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado
vai além do mero valor pecuniário do imposto sonegado, alcançando também o interesse
estatal de impedir a entrada e a comercialização
Anderson Tiago Meneguelli de produtos
Oliva proibidos em território
nacional .
3
andersontiago158@gmail.com
Excepcionalmente, 031.721.292-33
os Tribunais Superiores admitem a aplicação
do princípio da
insignificância para o contrabando, por exemplo, para o agente que importa pequena
quantidade de medicamento (sem aprovação da ANVISA) para uso próprio.

3
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Contrabando: não se aplica o princípio da insignificância. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/36a16a2505369e0c922b6ea7a23a56d2>.
Acesso em: 26/05/2020

4
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA E SONEGAÇÃO DE
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
A apropriação indébita previdenciária e a sonegação de contribuição
previdenciária são tipos penais incompatíveis com o princípio da insignificância, diante do
elevado grau de reprovabilidade da conduta.

Nesse sentido, é importante ressaltar que a Previdência Social é um bem jurídico


supra individual e que jamais pode ser considerada insignificante qualquer lesão causada.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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5
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância – Jurisprudência .............................................................. 2
Estelionato Previdenciário, FGTS ou Seguro-Desemprego ..................................... 2
Moeda Falsa e outros Crimes contra a Fé Pública ................................................. 2
Lei de Drogas .............................................................................................................. 3
Estatuto do Desarmamento ...................................................................................... 4
Crimes Ambientais ...................................................................................................... 5
Violência Doméstica contra a Mulher ..................................................................... 6
Transmissão Clandestina de Sinal de Internet ......................................................... 6

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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031.721.292-33

1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – JURISPRUDÊNCIA


ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO, FGTS OU SEGURO-
DESEMPREGO
Segundo a jurisprudência pacífica dos Tribunais Superiores, não é possível aplicar o
princípio da insignificância ao estelionato praticado contra entidades ou benefícios de
interesse público e social.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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MOEDA FALSA E OUTROS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA


O crime de moeda falsa não admite a aplicação do princípio da insignificância.

Aliás, a vedação se estende, também, aos demais crimes contra a fé pública, dada
a relevância desse bem jurídico.

2
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” foi preso em flagrante ao tentar pagar a conta do
supermercado com uma nota falsa de R$ 10,00.

Nesse caso, não será possível aplicar o princípio da insignificância, pois não se trata
de proteção apenas ao valor econômico do dinheiro, mas sua de credibilidade.

LEI DE DROGAS
Em relação ao tráfico de drogas, a jurisprudência dos Tribunais é pacífica em afastar
o princípio da insignificância, por se tratar de crime de perigo abstrato (saúde pública).

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
Da mesma forma, em regra, é vedada a aplicação do princípio da insignificância
031.721.292-33
para o crime de porte ilegal para consumo.

Contudo, excepcionalmente, o STF já admitiu sua incidência em uma apreensão de


ínfima quantidade de maconha com o réu 1.

1
HC 110475/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, 14/02/2012

3
A resposta é NÃO2.

Para os Tribunais Superiores, é considerada atípica a conduta de importar pequena


quantidade sementes de maconha.
É interessante observar que a decisão dos Tribunais Superiores não se fundamenta na
aplicação do princípio da insignificância, mas na ausência de THC (tetrahidrocanabinol)
na semente de maconha.

Por outro lado, a semente não pode ser considerada matéria-prima ou insumo (art.
34 da Lei de Drogas) do entorpecente, pois não se trata de um ingrediente para sua
confecção.

ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Em relação aos crimes de posse ou porte de arma de fogo, a regra é a
inaplicabilidade do princípio da insignificância, por se tratar de crime de perigo abstrato
(incolumidade pública).

Contudo, tanto o STF, quanto o STJ, já admitiram o princípio da insignificância, por


exemplo, em apreensão de pequena quantidade de munições e sem a arma de fogo3,
bem como ao indivíduo que utilizava munição como pingente de cordão4.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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A resposta é NÃO.

Segundo o STF 5 , o tráfico internacional de armas e munições tem como maior


clientela o crime organizado transnacional, portanto, não há como reconhecer a mínima
ofensividade da conduta ou a ausência de periculosidade da ação.

2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Atipicidade da importação de pequena quantidade de sementes de maconha. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/07ac7cd13fd0eb1654ccdbd222b81437>. Acesso em: 06/03/2021
3
REsp 1710320/RJ, Rel. Min Jorge Mussi, 03/05/2018
4
HC 133984/MG, Rel. Min Carmen Lúcia, 17/05/2016
5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Tráfico internacional de arma de fogo ou munição: não se aplica o princípio da
insignificância. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a26398dca6f47b49876cbaffbc9954f9>. Acesso em: 06/03/2021

4
CRIMES AMBIENTAIS
O tema é polêmico, mas a jurisprudência dominante é no sentido de ser aplicável o
princípio da insignificância para os crimes ambientais 6.

Nesse sentido:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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A resposta é, em regra, NÃO.

Segundo o entendimento majoritário dos Tribunais Superiores, o princípio da


insignificância não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da
Lei nº 9.605/98 7.

6
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes ambientais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a1519de5b5d44b31a01de013b9b51a80>. Acesso em: 07/03/2021
7
AgRg no REsp 1558312/ES, Rel. Min Felix Fischer, 02/02/2016

5
Contudo, em situações excepcionais, houve o reconhecimento do princípio da
insignificância para o crime de pesca ilegal 8.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER


A vedação à aplicação do princípio da insignificância é entendimento sumulado
pelo STJ.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Portanto:

TRANSMISSÃO CLANDESTINA DE SINAL DE INTERNET


A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância para o crime de
transmissão clandestina de sinal de internet é divergente entre os Tribunais Superiores.

Assim, o STJ tem entendimento sumulado no sentido de ser vedada a aplicação do


princípio da insignificância.

8
REsp 1.409.051-SC, Rel. Min Nefi Cordeiro, 20/04/2017

6
Por outro lado, o STF tem admitido o princípio da insignificância, quando não há
indícios de perigo ou dano aos sistemas de telecomunicações9.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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9
HC 161483 AgR, Rel. Min Edson Fachin, 07/12/2020

7
SUMÁRIO
LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................... 2
Tempo do Crime ............................................................................................................ 2
Teoria da Atividade .................................................................................................... 2
Regra e Exceção ........................................................................................................... 2
Regra – Lei Vigente..................................................................................................... 2
Exceção – Lei Penal Benéfica Posterior.................................................................... 3
Abolitio Criminis .............................................................................................................. 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Princípio da Continuidade Normativo-Típica .......................................................... 5
Extra-Atividade da Lei Penal Benéfica ........................................................................ 6
Conceito ...................................................................................................................... 6

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
LEI PENAL NO TEMPO

TEMPO DO CRIME
TEORIA DA ATIVIDADE
É o momento em que se considera praticado o crime.

No Direito Penal brasileiro, foi adotada a chamada teoria da atividade.

Nesse sentido, tem-se a redação do art. 4º do Código Penal:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou


omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Portanto:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Assim, não importa qual foi o momento do resultado do crime, sendo considerada
apenas a ação ou omissão do agente.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com 17 anos e 364 dias, atira contra “B”, que vem a
falecer na semana seguinte.

Nesse caso, “A” não poderá responder pelo crime de homicídio, pois, no momento
da ação, era inimputável (menoridade).

REGRA E EXCEÇÃO
REGRA – LEI VIGENTE
A regra no Direito é que seja aplicada a lei vigente no momento da conduta (teoria
da atividade).

2
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” é preso em flagrante ao transportar elevada quantidade
de drogas em seu carro.

Nesse caso, “A” responderá pelo crime de tráfico de drogas segundo a Lei nº
11.343/06 (legislação atual).

EXCEÇÃO – LEI PENAL BENÉFICA POSTERIOR


Apesar do Direito Penal adotar a regra da lei vigente, excepcionalmente, aplicar-se-
Anderson
á a lei posterior e benéfica Tiago
aos fatos Meneguelli
praticados Oliva
anteriormente (ou seja, de forma
retroativa). andersontiago158@gmail.com
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Tal exceção é prevista no art. 2º, parágrafo único, do Código Penal:

Art. 2º, Parágrafo único, do CP - A lei posterior, que de qualquer


modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

3
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, na vigência da lei X, com previsão de pena de prisão,
pratica determinado crime. Posteriormente, entra em vigor a lei Y, que revogando a
legislação anterior, traz previsão de pena de multa para a mesma conduta.

Nesse caso, a lei posterior (lei Y), por ser mais benéfica, será aplicada à conduta
praticada por “A”.

ABOLITIO CRIMINIS
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
CONCEITO andersontiago158@gmail.com
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A abolitio criminis 1 representa a supressão da figura criminosa e ocorre quando há a
revogação de um tipo penal por uma lei posterior descriminalizadora.

Por exemplo, o adultério era considerado crime até o ano de 2005, sendo revogado
pela Lei nº 11.106/2005:

Art. 240 - Cometer adultério:


Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.
§ 1º - Incorre na mesma pena o corréu.
§ 2º - A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge
ofendido, e dentro de 1 (um) mês após o conhecimento do fato.

A abolitio criminis é prevista no art. 2º, caput, do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

É importante salientar que a cessação dos efeitos penais da condenação é imediata,


devendo, o juiz absolver sumariamente o réu ou soltá-lo caso, eventualmente, esteja
cumprindo sua pena.

1
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 8ª edição. 2020, pág. 135

4
A resposta é SIM.

Apesar de cumprida a pena, não se pode esquecer dos efeitos penais secundários
da condenação, por exemplo, a reincidência.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” foi condenado e cumpriu a pena pela prática de um


crime. Poucos meses após a sua soltura, foi promulgada uma lei que tornou atípica
mencionada conduta (abolitio criminis).

Nesse exemplo, caso “A” venha a praticar um novo crime antes do fim do período
depurador (05 anos a partir do cumprimento da pena), não poderá incidir a agravante da
reincidência.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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A resposta é NÃO.

O art. 2º, caput, do Código Penal aponta que apenas os efeitos penais são afastados
com a abolitio criminis.

Dessa forma, ainda que ocorra a abolitio criminis, se a conduta do autor configurar
prejuízo à vítima, subsistirá o dever de indenizar (efeito cível).

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA


O princípio da continuidade normativo típica é o fenômeno que ocorre quando a
revogação de um tipo penal não leva à abolitio criminis, pois há transferência de sua
tipicidade para outro dispositivo legal.

Por exemplo, o art. 214 do Código Penal que previa o crime de atentado violento ao
pudor foi revogado pela Lei nº 11.106/2005.

Contudo, seu conteúdo foi transferido para o tipo penal do art. 213 do Código Penal
que prevê o crime de estupro.

5
Dessa forma, hoje, o estupro engloba a conjunção carnal e outros atos libidinosos
praticados por meio de violência ou grave ameaça.

EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA


CONCEITO
Como visto anteriormente, a lei posterior benéfica possui efeito retroativo, pois incide
sobre fatos anteriores à sua vigência.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Por outro lado, a lei posterior gravosa só terá efeito após a sua vigência, portanto,
sem efeito retroativo.

Aliás, diante da ausência de efeito retroativo da lei penal gravosa, mesmo revogada,
a lei benéfica vigente no momento da conduta será aplicável na sentença, portanto, terá
efeito ultra-ativo.

6
Dessa forma, é possível afirmar que a lei penal benéfica tem efeito extra-ativo, ou
seja, detém efeito retroativo e efeito ultra-ativo.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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7
SUMÁRIO
LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................... 2
Método da Seta ............................................................................................................. 2
Método ........................................................................................................................ 2
Vacatio Legis .................................................................................................................. 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Lei Penal Benéfica Intermediária ................................................................................. 5
Lei Temporária e Lei Excepcional................................................................................. 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
Efeito Ultra-Ativo.......................................................................................................... 6

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
LEI PENAL NO TEMPO

MÉTODO DA SETA
MÉTODO
A Lei Penal no Tempo é recorrentemente cobrada nos concursos públicos, razão pela
qual desenvolvi um método que lhe permitirá acertar todas as questões sobre o tema.

1) Inicialmente, basta que você identifique, na sucessão de leis penais no tempo,


qual é considerada benéfica;

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Ou

2
2) Após, “trace” uma seta da lei benéfica em direção à lei gravosa;

Ou

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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3) O efeito (retroativo/ultra-ativo) dependerá da direção da seta;

Ou

3
VACATIO LEGIS
CONCEITO
A vacatio legis corresponde ao período compreendido entre a publicação da lei e
sua vigência, ou seja, o período de sua vacância.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
Sua função é dar tempo para que a sociedade se “acostume”
andersontiago158@gmail.com com a nova
legislação antes que essa comece a ser aplicada.
031.721.292-33

Não há consenso em relação tema.

Uma primeira corrente entende que a vacatio legis não pode impedir a aplicação
imediata da lei penal benéfica, pois sua função é apenas de dar tempo para que a
sociedade tome conhecimento do seu teor. Dessa forma, tal instituto jamais poderia ser
utilizado em desfavor do réu.

Por outro lado, uma segunda corrente defende que a lei em vacatio legis não tem
vigência e pode vir a nunca entrar em vigor, como exemplo, cita-se o Código Penal de
1969, conforme pontua Jamil Chaim Alves1.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 161

4
LEI PENAL BENÉFICA INTERMEDIÁRIA
Com a sucessão de leis, é possível que a lei penal mais benéfica não seja aquela
vigente no momento da ação ou omissão e nem mesmo a da prolação da sentença.

Portanto, a lei penal benéfica seria uma lei intermediária.

Nesse caso, em razão do efeito extra-ativo da lei penal benéfica, a lei intermediária
seria aplicável ao réu.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL


CONCEITO
Tanto a lei temporária quanto a lei excepcional foram criadas para terem certo prazo
de duração, ou seja, são caracterizadas pela transitoriedade.

Rogério Sanches2 traz os seguintes conceitos:

a) Lei penal temporária: é aquela instituída por um prazo determinado, ou seja, é a


lei que criminaliza determinada conduta, porém prefixando no seu texto lapso
temporal para a sua vigência. Por exemplo, a Lei nº 13.284/16, que criou tipos
penais para proteger o patrimônio material e imaterial das entidades
organizadoras das Olimpíadas de 2016.

b) Lei penal excepcional: é editada em função de algum evento transitório e


perdura enquanto persistir o estado excepcional.

2
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 8ª edição. 2020, pág. 143

5
EFEITO ULTRA-ATIVO
O art. 3º do Código Penal trata da ultra-atividade da lei temporária e da lei
excepcional:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o


período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência

Assim:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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6
SUMÁRIO
LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................... 2
Combinação de Leis Penais ......................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Súmula nº 711 do STF: Crime Permanente e Crime Continuado .............................. 3
Conceitos .................................................................................................................... 3
Súmula nº 711 STF ........................................................................................................ 3

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
LEI PENAL NO TEMPO

COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS


CONCEITO
Segundo Jamil Chaim Alves 1 , é a conjugação de trechos de leis penais que se
sucederam no tempo, feita pelo juiz, para formar uma terceira lei, benéfica ao acusado.

Por exemplo, a Lei nº 6.368/76 (antiga Lei de Drogas) não previa a figura do tráfico
privilegiado, de forma que a causa de diminuição prevista na Lei nº 11.343/06 (atual Lei de
Drogas) seria mais benéfica neste ponto.

Por outro lado, a lei anterior previa pena mínima inferior à legislação atual. Dessa
forma, a combinação de leis redundaria na aplicação da causa de diminuição da Lei nº
11.343/06 sobre a pena prevista na Lei nº 6.368/76.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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031.721.292-33

A resposta é NÃO.

Ao apreciar o tema, o STF entendeu que a combinação de leis penais pelo juiz seria
uma indevida usurpação da competência do Poder Legislativo, pois estaria criando uma
terceira lei para o caso concreto.

Inclusive, há entendimento sumulado do STJ nesse sentido.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 163

2
SÚMULA Nº 711 DO STF: CRIME PERMANENTE E CRIME
CONTINUADO

CONCEITOS
Inicialmente, é importante conceituar o crime permanente e o crime continuado:

a) Crime permanente: é aquele cujo momento de consumação se prolonga no


tempo. Por exemplo, é o que ocorre no crime de sequestro ou cárcere privado
(art. 148, CP);

b) Crime continuado: é uma espécie de concurso de crimes em que o agente


comete diversos crimes, em condições semelhantes (lugar, tempo, etc.) e que,
por ficção jurídica, são considerados apenas um em continuidade delitiva;

SÚMULA Nº 711 STF


A Súmula nº 711 do STF tem a seguinte redação:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

Apesar da grande confusão que os alunos fazem com questões que cobram essa
súmula, sua fundamentação é bastante simples.

3
Assim:

E para o crime continuado:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

4
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 2
Lugar do Crime............................................................................................................... 2
Teoria da Ubiquidade ................................................................................................ 2
Territorialidade ................................................................................................................ 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Extensão do Território Nacional................................................................................. 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

1
LEI PENAL NO ESPAÇO

LUGAR DO CRIME
TEORIA DA UBIQUIDADE
O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, também denominada de mista,
para o lugar do crime.

Art. 6º do CP: “Considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.”

Dessa forma, não importa se é o local onde ocorreu a ação ou omissão ou se foi nele
em que se produziu (ou deveria se produzir) o resultado.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

Há um método mnemônico bastante interessante para relacionar as teorias da lei


penal no tempo e no espaço.

2
O crime à distância é aquele em que a ação ou omissão ocorre em um país,
enquanto o resultado ocorre em outro.

A teoria da ubiquidade foi adotada para crime à distância no Código Penal brasileiro.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” envia uma carta-bomba da Argentina para o Brasil, ou


vice-versa. Em ambos os casos, será aplicada a lei penal brasileira.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
Os crimes plurilocais são aqueles praticados no mesmo país, contudo, em comarcas
031.721.292-33
diversas.

Nesse caso, será adotada, em regra, a teoria do resultado, conforme o art. 70 do


Código de Processo Penal:

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar


em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução.

Portanto:

3
TERRITORIALIDADE
CONCEITO
A territorialidade consiste em aplicar o Direito Penal brasileiro para o crime cometido
dentro do território nacional.

É prevista no art. 5º do Código Penal, com a seguinte redação:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
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EXTENSÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL


A extensão territorial para fins penais vai além do chamado território geográfico.

Nesse sentido, tem-se o art. 5º, §1º, do Código Penal:

Art. 5º, § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como


extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.

Assim, a extensão do território nacional para fins penais, inclui:

4
O art. 5º, §2º, do Código Penal apresenta outra hipótese de territorialidade ao afirmar
que: Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
Art. 5º, § 2º - É031.721.292-33
também aplicável a lei brasileiraaos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente,
e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Nesse caso, trata-se de aplicação do princípio da reciprocidade, assim, para


aeronaves e embarcações privadas estrangeiras dentro do território nacional, será
aplicada a legislação penal brasileira, já que não são extensão territorial de país
estrangeiro.

A resposta é NÃO.

As embaixadas não configuram território brasileiro no estrangeiro.

Na realidade, são locais invioláveis em razão do Tratado de Viena de 1965, que


impede a entrada de pessoas não autorizadas pelo Chefe da missão diplomática.

5
Segundo Jamil Chaim Alves, é o direito reconhecido aos navios de todas as
nacionalidades de atravessarem o mar territorial brasileiro, independentemente de pedido
de autorização ao governo, desde que o façam de forma contínua e rápida, sem
prejudicarem a paz, a ordem ou a segurança do país.

Por exemplo, um navio australiano, com destino ao Uruguai, atravessa o mar territorial
brasileiro para se aproximar do porto uruguaio. Nesse caso, a embarcação não necessita
de autorização brasileira para adentrar o mar territorial nacional.

Nessa situação, em caso de crimes cometidos durante a passagem inocente, aplicar-


se-á a legislação penal do país da bandeira da embarcação.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
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6
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 2
Extraterritorialidade ........................................................................................................ 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Extraterritorialidade Incondicionada ........................................................................ 2
Extraterritorialidade Condicionada .......................................................................... 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
LEI PENAL NO ESPAÇO

EXTRATERRITORIALIDADE
CONCEITO
A extraterritorialidade é a aplicação do Direito Penal brasileiro para um crime
cometido no estrangeiro.

É importante ressaltar que a extraterritorialidade deve ser vista como exceção no


Direito Penal, pois esbarra na soberania de um país, que cede a aplicação de sua
legislação penal em favor da estrangeira.

O art. 7º do Código Penal prevê 02 (duas) espécies de extraterritorialidade:


incondicionada e condicionada.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
A extraterritorialidade incondicionada, como o próprio nome aponta, é aquela que
autoriza a aplicação do Direito Penal brasileiro independentemente do preenchimento de
quaisquer requisitos.

Suas hipóteses se restringem aos ilícitos penais que atentam diretamente contra os
interesses da República Federativa do Brasil e estão elencados no art. 7º, I, do Código
Penal:

Art. 7º, I, do CP – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos


no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
no Brasil;

Dessa forma, será aplicado o Direito Penal brasileiro, sem qualquer condição, nos
casos de:

2
A resposta é SIM.
Anderson
O princípio do ne bis Tiago
in idem proíbe queMeneguelli
um indivíduo Oliva
seja processado e julgado por
um mesmo fato mais de uma vez.
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
Apesar de ser uma importante garantia ao indivíduo, o art. 7º, §1º, do Código Penal
permite que, na hipótese de extraterritorialidade incondicionada, o agente seja
responsabilizado no país, ainda que tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro.

Nesse sentido:

Art. 7º, § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a


lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

A resposta é SIM.

O art. 2º da Lei de Tortura tem a seguinte redação:

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não


tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima

3
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição
brasileira.

Dessa forma, aplica-se a Lei nº 9.455/97 aos crimes cometidos contra brasileiro ou se
agente esteja em local sob a jurisdição brasileira, ainda que praticados fora do território
nacional.

A doutrina aponta que se trata de hipótese de extraterritorialidade incondicionada,


ou seja, sendo a vítima brasileira (ou em local sob a jurisdição brasileira), pode ser aplicada
a Lei de Tortura.

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
A extraterritorialidade condicionada é a aplicação do Direito Penal brasileiro para
031.721.292-33
um crime cometido no estrangeiro e desde que haja o preenchimento das condições
previstas no Código Penal.

Os ilícitos penais que admitem essa modalidade de extraterritorialidade estão


elencados no art. 7º, II, do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 7º, II, do CP – “(...) os crimes


a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.”

Portanto, de forma esquematizada:

4
Como dito anteriormente, a extraterritorialidade condicionada exige que
determinados pressupostos estejam presentes no caso concreto.

Chama-se atenção para o fato de que todos os requisitos devem estar presentes, ou
seja, são condições cumulativas.

Tais condições estão elencadas no art. 7º, §2º, do Código Penal:

Art. 7º, § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira


depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

A dupla tipicidade, ou dupla incriminação, é a exigência de que o fato seja


considerado um ilícito penal tanto no local onde a conduta foi praticada, quanto no país
que irá julgar o agente.

Trata-se de uma das condições exigidas pela extraterritorialidade condicionada (art.


7º, §2º, alínea “b”, do Código Penal.

Por exemplo, uma embarcação de bandeira holandesa, país onde é permitido o


aborto, sempre em alto-mar, realiza procedimentos abortivos em gestantes de países em
que a prática é considerada crime.

Nessa situação, não será possível aplicar a extraterritorialidade condicionada, em


razão da ausência de dupla tipicidade.

5
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 2
Extraterritorialidade ........................................................................................................ 2
Extraterritorialidade Condicionada .......................................................................... 2
Extraterritorialidade Hipercondicionada .................................................................. 3
Princípios relacionados à Extraterritorialidade ........................................................ 4
Pena Cumprida no Estrangeiro .................................................................................... 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Eficácia de Sentença Estrangeira ................................................................................ 5
Hipóteses...................................................................................................................... 5
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL ......................................................................................... 5
Homologação de Sentença Estrangeira ................................................................. 5
Contagem de Prazo ...................................................................................................... 6

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

1
LEI PENAL NO ESPAÇO

EXTRATERRITORIALIDADE
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
A extraterritorialidade condicionada é a aplicação do Direito Penal brasileiro para
um crime cometido no estrangeiro e desde que haja o preenchimento das condições
previstas no Código Penal.

Os ilícitos penais que admitem essa modalidade de extraterritorialidade estão


elencados no art. 7º, II, do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 7º, II, do CP – “(...) os crimes


a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.”

Portanto, de forma esquematizada:


Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

Como dito anteriormente, a extraterritorialidade condicionada exige que


determinados pressupostos estejam presentes no caso concreto.

Chama-se atenção para o fato de que todos os requisitos devem estar presentes, ou
seja, são condições cumulativas.

Tais condições estão elencadas no art. 7º, §2º, do Código Penal:

Art. 7º, § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira


depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;

2
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.

A dupla tipicidade, ou dupla incriminação, é a exigência de que o fato seja


considerado um ilícito penal tanto no local onde a conduta foi praticada, quanto no país
que irá julgar o agente.

Trata-se de uma das condições exigidas pela extraterritorialidade condicionada (art.


7º, §2º, alínea “b”, do Código Penal.

Por exemplo, uma embarcação de bandeira holandesa, país onde é permitido o


aborto, sempre em alto-mar, realiza procedimentos abortivos em gestantes de países em
que a prática é considerada crime. Tiago Meneguelli Oliva
Anderson
andersontiago158@gmail.com
Nessa situação, não será possível aplicar a extraterritorialidade condicionada, em
031.721.292-33
razão da ausência de dupla tipicidade.

EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA
Há uma hipótese ainda mais restrita de extraterritorialidade prevista no art. 7º, §3º, do
Código Penal:

Art. 7º, § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido


por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Assim, além dos requisitos previstos no art. 7º, §2º, do Código Penal, quando a vítima
for brasileira, é possível aplicar a extraterritorialidade desde que tenha sido negada (ou
não foi pedida) a extradição e que haja a requisição do Ministro da Justiça.

3
PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXTRATERRITORIALIDADE
A doutrina aponta 05 (cinco) princípios que caracterizam a extraterritorialidade1:

1. Princípio da defesa, da proteção ou real: O bem jurídico envolvido é de


relevância nacional. Por exemplo, o crime que atenta contra a vida e a
liberdade do Presidente da República (art. 7º, I, alínea “a”);

2. Princípio da justiça universal ou cosmopolita: O bem jurídico envolvido é de


relevância transnacional. Por exemplo, o genocídio praticado por brasileiro ou
indivíduo domiciliado no país (art. 7º, I, alínea “d”);

3. Princípio da nacionalidade passiva: A vítima do crime é brasileira;

4. Princípio da nacionalidade ativa: O autor do crime é brasileiro;

5. Princípio da bandeira ou do pavilhão: A bandeira da aeronave ou


embarcação é brasileira;

PENA CUMPRIDA Anderson


NO ESTRANGEIRO
Tiago Meneguelli Oliva
CONCEITO andersontiago158@gmail.com
O art. 8º do
031.721.292-33
Código Penal apresenta a hipótese de atenuaçãoda pena a ser
cumprida no Brasil, caso o indivíduo já tenha cumprido pena no estrangeiro.

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta


no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 171

4
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
HIPÓTESES
É possível que uma sentença condenatória estrangeira tenha efeitos dentro do Brasil,
desde que observados os requisitos do art. 9º do Código Penal:

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei


brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode
ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.

De forma esquematizada:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL


HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
A sentença estrangeira, antes de ter efeito no Brasil, precisa ser homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme art. 105, I, alínea “i”, da Constituição Federal:

Art. 105, da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
(...)
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de
exequatur às cartas rogatórias;

Por outro lado, para a homologação da sentença estrangeira, exige-se o trânsito em


julgado.

Além do trânsito em julgado, o parágrafo único do art. 9º do Código Penal aponta


outros requisitos:

Art. 9º, Parágrafo único - A homologação depende:


a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;

5
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença,
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

CONTAGEM DE PRAZO
A forma de contagem de prazo no Direito Penal está prevista no art. 10 do Código
Penal:

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.


Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Por exemplo, se o indivíduo iniciar o cumprimento da pena em 13.02, esse dia será
computado para o tempo de prisão.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

Supondo que a condenação seja de 01 mês de prisão:

O prazo final será no dia 12.03, pois os dias, meses e anos são computados pelo
calendário comum.

6
Outra característica importante é que não importa se o fim do prazo ocorreu em um
final de semana, ou seja, os prazos penais são improrrogáveis.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” cometeu um crime, mas, em razão da demora na


tramitação da ação penal, o prazo prescricional vai se encerrar no próximo domingo.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
Nesse exemplo, para não ocorrer a prescrição, o juiz deverá prolatar a sentença
andersontiago158@gmail.com
antes da data limite, mesmo sendo em um final de semana.
031.721.292-33
De forma esquematizada:

7
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DE PENA
O art. 10 do Código Penal aponta que as frações de dias ou de valores impostos na
multa devem ser desprezados:

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas


restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as
frações de cruzeiro.

Por exemplo, o juiz não pode condenar um indivíduo à pena de 01 ano, 06 meses e
24 dias e meio de reclusão, nesse caso, deverá desconsiderar o “meio” dia.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

8
SUMÁRIO
TEORIA GERAL DO CRIME ................................................................................................. 2
Infração Penal ................................................................................................................ 2
Infração Penal: Crime x Contravenção ................................................................... 2
Sujeito Ativo .................................................................................................................... 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
Sujeito Ativo: Pessoa Jurídica .................................................................................... 5
Crime: Comum, Próprio e de Mão Própria .............................................................. 6
Sujeito Passivo ................................................................................................................. 7
Conceito ...................................................................................................................... 7
Espécies ....................................................................................................................... 7

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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031.721.292-33

1
TEORIA GERAL DO CRIME

INFRAÇÃO PENAL
INFRAÇÃO PENAL: CRIME X CONTRAVENÇÃO
A infração penal é um gênero que admite 02 (duas) espécies: crime e contravenção.

De forma esquematizada:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
Na realidade, a única distinção entre as espécies é grau de lesividade, sendo o crime
a modalidade mais grave e a contravenção a infração penal mais leve.

Nesse sentido, é apenas por opção do legislador que determinada conduta lesiva é,
portanto, tipificada como crime ou contravenção.

O art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal tem a seguinte redação:

Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina


pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente.

2
A resposta é SIM.

O art. 28 da Lei de Drogas tem a seguinte redação:

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou


trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar
será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.

Diante da ausência de previsão de pena privativa de liberdade, surgiu uma polêmica


acerca da natureza jurídica do tipo penal
Anderson TiagodoMeneguelli
porte ilegal para consumo.
Oliva
andersontiago158@gmail.com
De um lado, uma corrente minoritária entende que o art. 28 da Lei de Drogas não se
amolda à definição legal de crime 031.721.292-33
e, portanto, tornou-se uma infração penal sui generis,
houve, portanto, a descriminalização.

Contudo, a corrente majoritária, inclusive, defendida pelos Tribunais Superiores,


entende que o porte ilegal para consumo é crime, havendo, apenas, o fenômeno da
despenalização diante da ausência de pena de prisão.

3
1

Por fim, é possível identificar outras características que distinguem as espécies de


infração penal:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 208

4
SUJEITO ATIVO
CONCEITO
O sujeito ativo do crime é o indivíduo que pratica a infração penal. Segundo Rogério
Sanches2, é “qualquer pessoa física capaz de discernimento e autodeterminação, com 18
anos completos”.

SUJEITO ATIVO: PESSOA JURÍDICA

A resposta é SIM.

O art. 225, §3º, da Constituição


Anderson Federal tem a seguinteOliva
Tiago Meneguelli redação:
andersontiago158@gmail.com
Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
031.721.292-33
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

Assim, diante da expressa previsão constitucional, as pessoas jurídicas podem


responder por crimes ambientais.

A teoria da dupla imputação afirma que a responsabilização penal da pessoa


jurídica exige que a pessoa física que atuou em nome daquela, também, seja
responsabilizada.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” é o administrador da indústria “X” que, indevidamente,


lançou dejetos em um afluente próximo da empresa.

2
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 202

5
Nesse caso, segundo a teoria da dupla imputação, só seria possível responsabilizar a
indústria X se, também, “A”, administrador, fosse responsabilizado.

CRIME: COMUM, PRÓPRIO E DE MÃO PRÓPRIA


Existe uma classificação de crimes que leva em consideração a figura do sujeito
ativo:

1. Crime Comum que não


– É aqueleTiago
Anderson exige nenhuma
Meneguelli característica especial do
Oliva
sujeito ativo, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex: Furto;
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
2. Crime Próprio – É aquele que exige determinada qualidade do sujeito ativo.
Ex: Corrupção passiva que exige a qualidade de “funcionário público” do
sujeito ativo;

3. Crime de Mão Própria – É aquele que, além da qualidade especial, só pode


ser praticado pelo próprio sujeito ativo. Ex: Falso testemunho;

De forma esquematizada:

6
SUJEITO PASSIVO
CONCEITO
O sujeito passivo da infração penal é o indivíduo ou ente (pessoa jurídica) que sofre
as consequências da infração penal.

É importante ressaltar que até mesmo entes indeterminados (sem personalidade


jurídica) podem ser sujeitos passivo, como exemplo, família, coletividade, etc.

Segundo Jamil Chaim Alves3, é aquele que não possui sujeito passivo determinado.

Por exemplo, é o que ocorre com crime de violação de sepultura (art. 210 do Código
Penal) que teria a coletividade como sujeito passivo.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
ESPÉCIES 031.721.292-33
A doutrina classifica o sujeito passivo em 02 (duas) espécies distintas4:

1. Sujeito Passivo Mediato (Formal) – É o sujeito passivo que sempre estará


presente, que é o Estado;

2. Sujeito Passivo Imediato (Material) – É o titular do bem jurídico diretamente


atingido. Por exemplo, é o indivíduo que teve o celular subtraído no crime de
furto;

De forma esquematizada:

3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 217
4
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 203

7
SUMÁRIO
TEORIA GERAL DO CRIME ................................................................................................. 2
Crime ............................................................................................................................... 2
Crime: Conceito ......................................................................................................... 2
Elementos do crime .................................................................................................... 2
Escada do Crime ........................................................................................................... 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO.............................................................................................. 5
Fato Típico (Tipicidade) ................................................................................................. 5
Introdução ................................................................................................................... 5
Elementos .................................................................................................................... 5

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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031.721.292-33

1
TEORIA GERAL DO CRIME

CRIME
CRIME: CONCEITO
Segundo a doutrina1, o crime pode ser conceituado sob 03 diferentes aspectos:

• Material (substancial) – É um conceito pré-jurídico e está relacionado às


condutas que a sociedade considera contrárias aos seus interesses e,
portanto, proibidas;

• Formal (legal) – É um conceito apresentado pela lei, ou seja, crime é a


conduta estabelecida em lei como tal;

• Analítico (dogmático) – É um conceito sob o prisma da ciência do Direito, que


afirma ser o crime formado por elementos: fato típico, ilicitude e
culpabilidade 2;

De forma esquematizada:
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ELEMENTOS DO CRIME
Como visto no tópico anterior, o conceito analítico do crime leva em consideração
seus elementos, cuja quantidade vai variar de acordo com a teoria adotada.

Nesse sentido, há 03 (três) teorias apontadas pela doutrina:

• Tripartida – O crime é composto por 03 elementos: fato típico, ilicitude e


culpabilidade;

• Bipartida – O crime é composto por 02 elementos: fato típico e ilicitude. A


culpabilidade é um pressuposto de aplicação da pena;

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 199
2
Segundo a teoria tripartite

2
• Quadripartida – O crime é composto por 04 elementos: fato típico, ilicitude,
culpabilidade e punibilidade. É a teoria menos aceita e falha ao incluir a
punibilidade como elemento, quando, na realidade, é uma consequência do
crime;

De forma esquematizada:

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3
ESCADA DO CRIME
CONCEITO
Neste material, será adotada a teoria tripartida dos elementos, dessa forma, o crime
é um fato típico, ilícito e culpável.

Para fins didáticos, é possível vislumbrar os elementos do crime como degraus de uma
“escada”:

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Dessa forma, pode-se concluir que:

1. Só há crime se “subir” toda a escada, ou seja, é necessária a presença de


todos os elementos (fato típico, ilicitude e culpabilidade);

2. Só há ilicitude (2º degrau) se antes houver um fato típico (1º degrau) e só há


culpabilidade (3º degrau) se presentes os elementos anteriores;

4
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO

FATO TÍPICO (TIPICIDADE)


INTRODUÇÃO
O fato típico é o primeiro elemento do crime (primeiro degrau na “escada” do crime)
e pode ser definido como a conduta humana que visa um resultado lesivo e que é
penalmente relevante em razão da tipicidade.

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ELEMENTOS
Do conceito apresentado, percebe-se que o fato típico é constituído de 04 (quatro)
elementos: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade.

5
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO.............................................................................................. 2
Fato Típico (Tipicidade) ................................................................................................. 2
Introdução ................................................................................................................... 2
Elementos .................................................................................................................... 2
FATO TÍPICO: CONDUTA .................................................................................................... 3
Conceito ......................................................................................................................... 3
Teorias.............................................................................................................................. 3
Teoria Causalista ......................................................................................................... 3
Teoria neokantista....................................................................................................... 3
Teoria Finalista ............................................................................................................. 4
Causas de Exclusão da Conduta ................................................................................ 5
Introdução ................................................................................................................... 5
Estado de Inconsciência ........................................................................................... 5
Involuntariedade ........................................................................................................
Anderson Tiago Meneguelli Oliva 5
Coação Física Irresistível (Vis Absoluta) .................................................................... 6
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Coação Moral Irresistível (vis compulsiva) ............................................................... 6
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1
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO

FATO TÍPICO (TIPICIDADE)


INTRODUÇÃO
O fato típico é o primeiro elemento do crime (primeiro degrau na “escada” do crime)
e pode ser definido como a conduta humana que visa um resultado lesivo e que é
penalmente relevante em razão da tipicidade.

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ELEMENTOS
Do conceito apresentado, percebe-se que o fato típico é constituído de 04 (quatro)
elementos: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade.

2
FATO TÍPICO: CONDUTA

CONCEITO
A definição de conduta depende da teoria do crime a ser adotada.

Nos próximos tópicos, iremos analisar as principais teorias e qual o sentido empregado
para a definição de conduta.

TEORIAS
TEORIA CAUSALISTA
A teoria causalista, criada por Franz von Liszt e Ernst von Beling, tem relevância apenas
histórica, pois não é adotada pela doutrina moderna.

Para tal corrente, a conduta é um movimento corpóreo voluntário e que produz


modificação no mundo exterior 1.

Dessa forma, a conduta na teoria causalista não incorpora o elemento subjetivo (dolo
ou culpa), sendo, portanto, uma relação física entre causa e resultado.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
dolo e culpa são elementos da culpabilidade.
Na teoria causalista, andersontiago158@gmail.com
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A crítica mais relevante à teoria causalista é desconsiderar a finalidade da conduta,
pois na esfera penal, ninguém faz ou deixa de fazer algo sem um propósito.

TEORIA NEOKANTISTA
A teoria neokantista foi desenvolvida por diversos estudiosos, Mezger e Reinhard Frank
como expoentes, e se destacou por buscar uma definição de crime que fosse além de
uma relação física de causa e efeito.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 235

3
Dessa forma, para os neokantista, a conduta é um comportamento humano
voluntário valorado negativamente pelo legislador 2.

Apesar de se afastar da teoria causalista, é importante ressaltar que, na teoria


neokantista, o dolo e a culpa continuam como elementos da culpabilidade.

Atualmente, a teoria neokantista não é adotada pela doutrina, pois falha ao


apresentar uma definição vaga de conduta, que depende da opinião do legislador, além
de manter o dolo e a culpa como elementos da culpabilidade.

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TEORIA FINALISTA
A teoria finalista foi desenvolvida por Hans Welzel e tem como principal característica
afirmar que toda conduta humana é dotada de finalidade.

É a teoria adotada pelas bancas examinadoras e, portanto, neste material didático.

Na teoria finalista, o dolo e a culpa deixam de ser elementos da culpabilidade e


passam a integrar a conduta, já que se trata de um comportamento humano voluntário e
dirigido a um fim.

2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 235

4
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA
INTRODUÇÃO
É interessante observar que, independente da teoria adotada para sua definição, a
conduta é um comportamento humano consciente e voluntário.

Dessa forma, o estado de inconsciência e a involuntariedade são hipóteses que


levam à exclusão da conduta como elemento do fato típico.

ESTADO DE INCONSCIÊNCIA
Em relação ao estado de inconsciência, é possível citar o sonambulismo e a hipnose
como hipóteses que afastam a conduta penalmente relevante.

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INVOLUNTARIEDADE
Por outro lado, em relação à involuntariedade, há o exemplo do chamado
movimento reflexo, que consiste numa reação motora automática e provocada por um
estímulo3.

Por exemplo, o reflexo patelar que é o toque no joelho que provoca um movimento
involuntário de chute.

Segundo Jamil Chaim Alves4, são reações explosivas e momentâneas, provocadas


por emoções violentas que afloram rapidamente.

3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 241
4
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 241

5
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” descobre a traição de “B” e, num ataque de fúria, o
agride fisicamente.

Ao contrário do que ocorre no movimento reflexo, a ação em curto circuito é dotada


de voluntariedade, circunstância que não afasta a conduta.

COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL (VIS ABSOLUTA)


Trata-se de hipótese de excludente de conduta em razão da involuntariedade,
contudo, dada a sua relevância para os concursos públicos, será abordada em tópico
específico.

Segundo Rogério Sanches, coação física irresistível ocorre nas hipóteses em que o
agente, em razão de força física externa, é impossibilitado de determinar seus movimentos
de acordo com sua vontade5.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: O carona puxa o braço do motorista, fazendo com que o


veículo desvie e atropele um pedestre6.

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COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (VIS COMPULSIVA)

A coação moral irresistível (vis compulsiva) ocorre quando o agente emprega grave
ameaça contra a vítima.

Nesse caso, a vontade não é eliminada, contudo, torna-se viciada devido à coação
sofrida.

Oportunamente, demonstraremos que a coação moral irresistível é uma hipótese de


inexigibilidade de conduta diversa, que exclui a culpabilidade.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” sequestra a família de “B”, gerente bancário, e exige que
este lhe entregue o dinheiro que se encontra na instituição financeira. Nesse exemplo, “B”
não responde pelo crime, pois ausente a culpabilidade.

5
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 256
6
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 242

6
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7
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA ........................................................................................... 2
Dolo ................................................................................................................................. 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Teorias do dolo ............................................................................................................ 2
Espécies de dolo ............................................................................................................ 3
Dolo: Direto e Indireto ................................................................................................ 3
Dolo Indireto: Alternativo e Eventual ........................................................................ 3
Dolo: 1º Grau e 2º Grau.............................................................................................. 4
Dolo: Genérico e Específico ...................................................................................... 5
Dolo Geral (Erro Sucessivo) ........................................................................................ 6
Dolo Abandonado ..................................................................................................... 6
Dolo Cumulativo ......................................................................................................... 6

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1
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA

DOLO
CONCEITO
Segundo a teoria finalista, a conduta é um comportamento humano voluntário
dirigido a uma finalidade e, por isso, o dolo e a culpa integram esse elemento do fato
típico.

O crime doloso está previsto no art. 18, I, do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 18 - Diz-se o crime:


I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco
de produzi-lo;

Portanto, o dolo consiste na vontade e consciência de realizar o delito ou assumir o


risco de produzi-lo.

TEORIAS DO DOLO
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A doutrina aponta 03 (três) teorias distintas para o dolo:
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• TEORIA DA REPRESENTAÇÃO – O dolo exige apenas a previsão do resultado, ou
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seja, basta que o agente tenha antevisto o resultado de sua conduta. Essa
teoria não foi adotada pelo Código Penal;

• TEORIA DA VONTADE – O dolo exige, além da previsão do resultado, a vontade


de produzir o resultado. No Código Penal, é a teoria adotada para o dolo
direto;

• TEORIA DO ASSENTIMENTO – Há dolo quando o agente tem a vontade de


produzir o resultado ou quando assume o risco de produzi-lo. No Código Penal,
é a teoria adotada para o dolo eventual;

De forma esquematizada:

2
ESPÉCIES DE DOLO
DOLO: DIRETO E INDIRETO
O dolo direto é aquele em que o agente tem a vontade de alcançar o resultado. Por
exemplo, há dolo direto quando “A”, com a intenção de matar, atira contra “B”.

Por outro lado, no dolo indireto, o agente não tem a vontade dirigida a um resultado
específico 1.

DOLO INDIRETO: ALTERNATIVO E EVENTUAL


Anderson Tiago Meneguelli Oliva
O dolo indireto se subdivide em: dolo eventual e dolo alternativo.
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• DOLO ALTERNATIVO – Ocorre quando o agente vislumbra mais de um resultado
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possível e pratica sua conduta para atingir, indistintamente, qualquer deles.
Por exemplo, “A” joga o carro em cima de “B”, sendo-lhe indiferente se ocorrer
morte ou lesão corporal;

O agente deverá responder pelo crime mais grave (homicídio) na modalidade


tentada.

O motivo é simples.

Se o agente teve a vontade de praticar um crime mais grave, ainda que de forma
alternativa, deverá responder por tal conduta, seja na modalidade consumada ou
tentada.

1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 244

3
• DOLO EVENTUAL – Ocorre quando o agente prevê mais de um resultado,
dirigindo sua conduta para realizar um determinado evento, mas assumindo o
risco de provocar o outro 2 . Por exemplo, “A” participa de uma disputa
automobilística clandestina em área com trânsito intenso de pedestres,
assumindo, portanto, o risco de causar um acidente;

De forma esquematizada:

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DOLO: 1º GRAU E 2º GRAU


Segundo Jamil Chaim Alves 3 , o dolo de 1º grau é a vontade consciente dirigida
especificamente ao resultado. Por exemplo, “A”, com a intenção de matar, desfere uma
facada em “B”, que morre.
Por outro lado, o dolo de 2º grau, denominado de dolo de consequências
necessárias, é a vontade do agente dirigida a determinado resultado, efetivamente
desejado, em que a utilização dos meios para alcança-lo inclui, obrigatoriamente, efeitos
colaterais 4.

Como exemplo de dolo de 2º grau, “A”, com a intenção de matar, coloca uma
bomba no avião em que “B” vai viajar. Caso haja a detonação do explosivo, todos os
demais passageiros também morrerão.

2
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 258
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 248
4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 248

4
Para alguns autores, o dolo de 3º grau seria o efeito colateral do efeito colateral.

No exemplo acima, caso um dos passageiros fosse uma grávida, o aborto decorrente
da explosão seria o doloAnderson
de 3º grau. Tiago Meneguelli Oliva
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DOLO: GENÉRICO E ESPECÍFICO
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O dolo genérico ocorre quando o agente tem a intenção de praticar a conduta
descrita no tipo, que não exige finalidade específica.

Por exemplo, é o crime de homicídio:

Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Por outro lado, o dolo específico ocorre quando o agente tem vontade de realizar a
conduta, buscando uma finalidade específica, que é elementar do tipo penal.

Por exemplo, o crime de extorsão mediante sequestro:

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para


outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos

5
DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO)
O dolo geral é uma hipótese de erro de tipo acidental que recai sobre o nexo causal
(aberratio causae).

Segundo Jamil Chaim Alves, ocorre quando o agente, acreditando ter alcançado o
resultado pretendido, pratica uma nova conduta com finalidade diversa, sendo esta a
efetiva causa do resultado inicialmente visado 5.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” dispara contra a vítima, que cai desacordada. Supondo
que ela morreu, “A” lança o corpo ao mar, com o objetivo de desfazer-se do cadáver,
vindo, contudo, a efetivamente matá-la por afogamento.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
DOLO ABANDONADO
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O dolo abandonado ocorre nas hipóteses de tentativa abandonada – desistência
voluntária e arrependimento eficaz – em que o agente, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado aconteça.

DOLO CUMULATIVO
O dolo cumulativo ocorre quando o agente tem a vontade de alcançar um
determinado resultado e, ao fazê-lo, sua vontade evolui para atingir outro resultado.

Trata-se de hipótese de progressão criminosa.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” rouba “B” e, em seguida, decide estuprá-la.

5
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 249

6
O crime progressivo ocorre quando o agente tem a intenção de praticar um crime
mais grave, mas, para concretizá-lo, passa por um menos grave.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com a intenção de matar, desfere diversas facadas em


“B”. Nesse caso, “A” praticou diversas lesões corporais (art. 129, CP) até alcançar o
homicídio (art. 121, CP).

Portanto:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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7
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA ........................................................................................... 2
Culpa ............................................................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Elementos do crime culposo ........................................................................................ 2
Conduta Voluntária.................................................................................................... 3
Violação do Dever Objetivo de Cuidado ............................................................... 3
Resultado Naturalístico Involuntário ......................................................................... 3
Nexo Causal ................................................................................................................ 4
Previsibilidade do Resultado...................................................................................... 4
Tipicidade .................................................................................................................... 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA

CULPA
CONCEITO
Segundo Jamil Chaim Alves 1, a culpa é a conduta voluntária e consciente, voltada
à realização de um determinado resultado, mas que provoca um resultado involuntário,
apesar de previsível, que poderia ser evitado com a devida cautela.

Há, inclusive, uma definição legal prevista no art. 18, II, do Código Penal, nos seguintes
termos:

Art. 18 - Diz-se o crime:


(...)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.

ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO


O crime culposo apresenta, em regra, os seguintes elementos:
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Por exemplo, um indivíduo, atrasado, dirige seu carro (conduta voluntária) em alta
velocidade (violação do dever objetivo de cuidado). Sem conseguir reduzir a velocidade
quando o sinal fechou, acaba atingindo o veículo da frente, causando ferimentos no
motorista (resultado naturalístico involuntário).

Nessa situação, era previsível (previsibilidade objetiva) que a direção imprudente


poderia causar um acidente (nexo causal), assim, o indivíduo responderá pelo crime de
lesão corporal culposa (tipicidade).

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 250

2
CONDUTA VOLUNTÁRIA
No crime culposo, a vontade do agente se limita à prática de uma conduta perigosa
e não ao resultado naturalístico produzido.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, atrasado para uma reunião, dirige em alta velocidade e
acaba causando, involuntariamente, um acidente de trânsito.

VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO


Ocorre quando o indivíduo descumpre as regras de atenção e cautela que devem
ser observadas por toda a sociedade.

RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO


No crime culposo, o resultado tem que ser involuntário, do contrário, haveria dolo na
conduta do agente.

Assim, se o resultado é involuntário, em regra, o crime culposo não admite tentativa.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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A resposta é NÃO.

A culpa imprópria que decorre do erro de tipo inescusável admite a modalidade


tentada.

Em regra, os crimes culposos são crimes materiais, pois é necessária a ocorrência do


resultado naturalístico, ou seja, se a conduta é perigosa, mas não causa um resultado
lesivo, será atípica.

3
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com pressa, dirige em alta velocidade, contudo, chega
ao seu destino sem causar nenhum acidente.

NEXO CAUSAL
Tendo em vista que a modalidade culposa exige resultado naturalístico, há, portanto,
o nexo causal entre conduta e resultado.

PREVISIBILIDADE DO RESULTADO
O resultado involuntário deve ser previsível para um homem médio, ou seja, o agente
pode até não ter previsto o resultado, mas seria algo esperado para as pessoas comuns.

TIPICIDADE
O crime culposo somente pode ser punido se houver previsão legal expressa, caso
contrário, o fato será atípico.

Nesse sentido, é o art. 18, parágrafo único, do Código Penal:

Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,


ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
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quando o pratica dolosamente.
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4
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA ........................................................................................... 2
Modalidades de Culpa ................................................................................................. 2
Espécies de Culpa ......................................................................................................... 2
Culpa: Consciente x Inconsciente............................................................................ 2
Culpa: Própria x Imprópria ......................................................................................... 4
Compensação de Culpas ............................................................................................ 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
Crime Preterdoloso ........................................................................................................ 5
Conceito ...................................................................................................................... 5

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1
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA

MODALIDADES DE CULPA
As modalidades de culpa estão descritas no art. 18, II, do Código Penal e são:
imprudência, negligência e imperícia.

Segundo Cleber Masson1, temos:

- IMPRUDÊNCIA: é a forma positiva da culpa, consistente na atuação do agente sem


observância das cautelas necessárias. Por exemplo, dirigir em excesso de
velocidade;

- NEGLIGÊNCIA: é a modalidade negativa da culpa, consistente na omissão em


relação à conduta que se devia praticar. Por exemplo, o pai que esquece o filho
dentro do carro e a criança vem a morrer;

- IMPERÍCIA: é a culpa no desempenho da atividade profissional, pois somente pode


ser praticada no exercício de arte, profissão ou ofício. Por exemplo, um engenheiro
que erra ao projetar uma planta imóvel com falha estrutural;

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


Dessa forma:
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ESPÉCIES DE CULPA
CULPA: CONSCIENTE X INCONSCIENTE
A culpa inconsciente, ou ex ignorantia, ocorre quando o agente pratica uma
conduta sem “enxergar” o resultado lesivo.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” atende uma ligação telefônica e, desatento, acaba


causando um acidente de trânsito.

Por outro lado, a culpa consciente, ou ex lascívia, ocorre quando o agente pratica
uma conduta e prevê que o resultado lesivo pode acontecer, contudo, por acreditar que
conseguirá evita-lo, prossegue em sua ação (ou omissão).

1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 256

2
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, atrasado, avança o sinal vermelho e acelera para desviar
das pessoas que atravessam a faixa de pedestre. Contudo, “B”, criança, solta a mão de
sua mãe e corre para atravessar a rua, sendo atingida pelo veículo.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Nas duas hipóteses, o agente tem a capacidade de antever o resultado.

Contudo, na culpa consciente, o agente não quer e nem assume o risco de produzir
o resultado. Por outro lado, no dolo eventual, o agente é indiferente em relação à sua
ocorrência.

3
A resposta é NÃO.

Para os Tribunais Superiores, a embriaguez ao volante, por si só, não configura o dolo
eventual.

Dessa forma, é necessário apreciar todas as circunstâncias do caso concreto para


verificar se o agente assumiu o risco de produzir o resultado.

Por exemplo, existe dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência
de álcool, além de fazê-lo na contramão 2.

A resposta é SIM.
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Segundo a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores3, o homicídio causado
em decorrência de disputa clandestina de corrida, “racha”, configura dolo eventual.
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CULPA: PRÓPRIA X IMPRÓPRIA


A culpa própria ou, propriamente dita, ocorre quando o agente não quer o resultado
e nem assume o risco de produzi-lo.

Por outro lado, a culpa imprópria, ou por equiparação, ocorre quando há o erro de
tipo inescusável.

Assim, quando o indivíduo age com falsa percepção da realidade, seu dolo é
afastado, contudo, poderá responder pela modalidade culposa caso seja inescusável.

2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Dirigir alcoolizado na contramão: reconhecimento de dolo eventuala. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8b10a9280bd46b8874af9b5cadec91d5>. Acesso em: 20/04/2021
3
HC 101698/RJ, Rel. Min Luiz Fux, 1ª Turma, 18/10/11

4
COMPENSAÇÃO DE CULPAS
CONCEITO
O Direito Penal não admite a compensação de culpas, assim, a culpa da vítima não
afasta a culpa do agente.

Por exemplo, “A” dirigindo em alta velocidade atinge “B”, que havia avançado um
sinal, caso ambos fiquem feridos, responderão por lesões corporais.

CRIME PRETERDOLOSO
CONCEITO
O crime preterdoloso é aquele em que o agente age com dolo na conduta
antecedente e culpa em relação ao resultado mais grave.

Por exemplo, é o que ocorre com a lesão corporal seguida de morte, prevista no art.
129, §3º, do Código Penal.

Art. 129, § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que


Anderson
o agente não quisTiago Meneguelli
o resultado, nem assumiuOliva
o risco de produzi-
lo: andersontiago158@gmail.com
Pena - reclusão,031.721.292-33
de quatro a doze anos.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” desfere um soco em “B” com a intenção de feri-lo,


contudo, ao cair, a vítima bate a cabeça na calçada e morre.

É importante registrar que o Direito Penal não admite a responsabilidade penal


objetiva, portanto, o resultado lesivo precisa ser, ao menos, culposo:

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só


responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.

5
A resposta é DEPENDE.

O latrocínio é um crime qualificado pelo resultado.

É importante ressaltar que todo crime preterdoloso é um crime qualificado pelo


resultado, mas nem todo crime qualificado pelo resultado é um crime doloso, há uma
relação de gênero e espécie.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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Por exemplo, ocorre um latrocínio quando “A” aborda “B” com o intuito de assaltá-
lo (dolo na conduta antecedente) e, diante da demora da vítima em entregar o bem,
resolve dar-lhe um tiro na cabeça (dolo no resultado mais grave).

Por outro lado, se durante o assalto, a arma de “A” disparasse sem querer e atingisse
“B” com um tiro fatal, nesse caso, o latrocínio seria um crime preterdoloso.

6
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: RESULTADO .................................................................................................. 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
Espécies........................................................................................................................... 2
Resultado Naturalístico............................................................................................... 2
Resultado Jurídico ...................................................................................................... 2
Crime: Material, Formal e de Mera Conduta .......................................................... 3

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
FATO TÍPICO: RESULTADO

CONCEITO
O resultado é a consequência da conduta do agente.

ESPÉCIES
RESULTADO NATURALÍSTICO
O resultado naturalístico é a alteração do mundo exterior causada pela conduta do
agente.

Por exemplo, o resultado naturalístico do homicídio é a morte da vítima.

RESULTADO JURÍDICO
É a alteração do mundo jurídico e consiste na efetiva lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico penalmente tutelado.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
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A resposta é NÃO.

De fato, o resultado naturalístico não é previsto para os crimes de mera conduta.

Contudo, não há crime sem resultado jurídico, pois toda infração penal agride um
bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.

Por exemplo, o porte ilegal de arma de fogo não apresenta um resultado naturalístico
em seu tipo penal, porém a conduta de portar ilegalmente arma de fogo viola a
incolumidade pública.

2
CRIME: MATERIAL, FORMAL E DE MERA CONDUTA
Essa classificação leva em consideração o resultado naturalístico e a consumação
do crime.

Nesse sentido, segundo Jamil Chaim Alves1:

- CRIME MATERIAL – É aquele cuja consumação depende da ocorrência de resultado


naturalístico. Por exemplo, o homicídio consumado ocorre quando a vítima morre;

- CRIME FORMAL: É aquele que se consuma com a prática da conduta,


independentemente de possível resultado naturalístico. Por exemplo, na corrupção
passiva (art. 317, CP), o crime se consuma com a solicitação da vantagem indevida
pelo funcionário público, independentemente de o particular pagá-la;

- CRIME DE MERA CONDUTA: É aquele que sequer há resultado naturalístico previsto


no tipo penal, portanto, a conduta praticada, por si só, configura a modalidade
consumada. Por exemplo, o porte ilegal de arma de fogo, como explicado acima;

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 216

3
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL ............................................................................................. 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
Teorias.............................................................................................................................. 2
Teoria da Equivalência dos Antecedentes.............................................................. 2
Teoria da Causalidade Adequada .......................................................................... 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL

CONCEITO
O nexo causal, ou causa, é o vínculo estabelecido entre a conduta e o resultado.

A definição legal consta na parte final do art. 13, caput, do Código Penal:

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,


somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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TEORIAS
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES
A teoria da equivalência dos antecedentes, conhecida como conditio sine qua non,
afirma que causa é toda ação ou omissão sem a qual não teria ocorrido o resultado.

Da redação do art. 13, caput, do Código Penal, percebe-se que foi a teoria adotada,
como regra, no Direito Penal.

2
A adoção da teoria da equivalência dos antecedentes tem a vantagem de
simplificar o conceito de causa e afastar o subjetivismo do julgador.

É o procedimento utilizado na teoria da equivalência dos antecedentes para aferir


se determinado evento é causa do resultado.

O método consiste em, mentalmente, excluir um evento da cadeia de eventos. Caso


o resultado não mais ocorra em razão da exclusão, mencionado evento será causa do
resultado. Por outro lado, se a exclusão não afetar o resultado, o evento não é causa do
resultado.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, decidido a matar seu desafeto “B”, adquire uma arma
de fogo e, logo após, se hospeda num hotel próximo à residência da vítima. Na manhã
seguinte, “A” encontra “B” e dispara contra a vítima, que morre.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
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Nesse sentido, o evento “hospedar no hotel”, se for eliminado, não alterará o


resultado morte da vítima, não sendo, portanto, sua causa.

3
Trata-se de uma crítica à teoria da equivalência dos antecedentes, pois a aplicação
do método da eliminação hipotética, em tese, levaria à responsabilização penal dos
ascendentes do criminoso.

Contudo, segundo a doutrina, a crítica é despropositada, pois, como visto


anteriormente, a relevância do evento exige que haja dolo ou culpa do agente.

TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA


A teoria da causalidade adequada aponta que causa é somente o evento apto a
produzir o resultado.

É adotada excepcionalmente no Código Penal, em seu art. 13º, §1º:

Art. Anderson
13, § 1º - A Tiago Meneguelli
superveniência de Oliva
causa relativamente
independente exclui a imputação
andersontiago158@gmail.com quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.
031.721.292-33

Dessa forma, é possível perceber que a teoria da causalidade adequada é mais


restritiva do que a teoria da equivalência dos antecedentes, pois limita o nexo causal aos
eventos que tem aptidão, de fato, de produzir o resultado.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 265

4
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL ............................................................................................. 2
Concausas ...................................................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Concausas Absolutamente Dependentes .............................................................. 2
Concausas Absolutamente Independentes ........................................................... 2
Concausas Relativamente Independentes ............................................................. 3
Concausas Relativamente Independentes Supervenientes ................................. 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
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1
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL

CONCAUSAS
CONCEITO
Concausas é a ocorrência de mais de uma causa para produzir o resultado.

São classificadas em:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
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CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE DEPENDENTES


Segundo Jamil Chaim Alves1, são aquelas que se originam da conduta do agente e
produzem o resultado.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A, com a intenção de matar, espanca “B” até desacordá-
lo. Logo após, “A” lança no mar a vítima, que acaba se afogando.

CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES


São aquelas que não se originam da conduta do agente e produzem o resultado por
si só.

As concausas absolutamente independentes podem ser classificadas em:

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 271

2
- PREEXISTENTE: A causa efetiva do resultado é anterior à conduta do agente. Por
exemplo, “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, atingindo-o em regiões
vitais. Contudo, o exame necroscópico conclui ter sido a morte provocada pelo
envenenamento anterior efetuado por “C” 2;

- CONCOMITANTE: A causa efetiva do resultado ocorre simultaneamente à conduta


do agente. Por exemplo, “A” efetua disparo de arma de fogo contra “B” no momento
em que a vítima é atingida por um carro em alta velocidade, vindo a morrer em
função do atropelamento3;

- SUPERVENIENTE: A causa efetiva do resultado é posterior à conduta do agente. Por


exemplo, “A” subministra dose letal de veneno a “B”, mas, antes que se produzisse o
efeito almejado, surge “C”, antigo desafeto de “B”, que nele efetua inúmeros
disparos de arma de fogo, matando-o4;

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES


Segundo Jamil Chaim Alves5, são aquelas que se unem à conduta do agente para,
conjuntamente, produzirem o resultado.

As concausas relativamente independentes também se classificam em:

- PREEXISTENTE: A concausa existe antes da conduta do agente. Por exemplo, “A”


desfere uma facada em “B”, que é portador de hemofilia. Devido ao ferimento
associado à hemofilia, “B” acaba morrendo de hemorragia;

2
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 210
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 271
4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 211
5
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 271

3
- CONCOMITANTE: A concausa ocorre simultaneamente à conduta do agente. Por
exemplo, “A” atira contra “B”, que, assustado, sofre uma parada cardíaca e morre;

- SUPERVENIENTE: A concausa surge posteriormente à conduta do agente. Há duas


hipóteses para essa concausa: quando por si só produz o resultado ou quando por si
Anderson
só não produz o resultado. DadaTiago Meneguelli
a complexidade, Olivaserá analisado em tópico
o tema
específico; andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES


SUPERVENIENTES
Como dito anteriormente, o nexo causal adota a teoria da equivalência dos
antecedentes, admitindo, excepcionalmente, a teoria da causalidade adequada.

A exceção ocorre na chamada concausa relativamente independente


superveniente que por si só produz o resultado.

A previsão legal é o art. 13, §1º, do Código Penal:

4
Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.

A concausa relativamente independente superveniente é aquela em que um evento


não previsto na linha de desdobramento ordinário, mas que ocorre em razão da concausa
anterior, dá causa ao resultado.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com a intenção de matar, atira contra “B”. A vítima,
contudo, é socorrida e levada de ambulância até um hospital. Logo após dar entrada, “B”
morre em razão de um incêndio que Tiago
Anderson atingiu o estabelecimento
Meneguelli Olivahospitalar.
andersontiago158@gmail.com
No exemplo, o incêndio não tem relação direta com o tiro, mas a vítima teve que ser
031.721.292-33
levada ao hospital por conta disso (concausa relativamente independente e
superveniente).

Por outro lado, o incêndio é um evento que levaria ao resultado (morte),


independentemente, do tiro sofrido (por si só produziu o resultado).

5
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: TIPICIDADE ................................................................................................... 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) .......................................................................................... 3
Conceito ......................................................................................................................... 3
Excludente de Ilicitude .................................................................................................. 3
Causas supralegais de exclusão de Ilicitude .............................................................. 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Consentimento do Ofendido .................................................................................... 4

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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1
FATO TÍPICO: TIPICIDADE

CONCEITO
A tipicidade é a subsunção da conduta ao tipo penal, ou seja, ocorre quando o
agente pratica um fato descrito na lei como sendo uma infração penal.

A tipicidade formal é o conceito tradicional de tipicidade, exatamente como


descrito acima.

Por outro lado, a tipicidade material é a necessidade da existência de lesão ou


perigo de lesão ao bem jurídico.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
Basta recordar que o princípio da insignificância é a ausência de tipicidade material,
andersontiago158@gmail.com
ou seja, apesar da conduta praticada se amoldar a um tipo penal, não há lesão jurídica
relevante (atipicidade material). 031.721.292-33

2
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE)

CONCEITO
A antijuridicidade, também denominada de ilicitude, é a contrariedade da conduta
praticada e o ordenamento jurídico.

EXCLUDENTE DE ILICITUDE
É importante destacar que, para configurar uma infração penal, não basta que o
agente pratique uma conduta típica, é necessário verificar se não há no ordenamento
jurídico circunstância que a autorize, hipótese em que ocorrerá uma causa de exclusão
de ilicitude.

Por exemplo, “A” atira em “B”, pois, segundos antes, este havia apontado uma arma
em sua direção com o intuito de dispará-la.

Nesse caso, “A” age em legítima defesa que, apesar de ser uma conduta típica, não
é ilícita.

O art. 23 do Código Penal aponta as causas de excludentes de ilicitude, nos seguintes


termos: Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
Art. 23 - Não há 031.721.292-33
crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.

3
CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE
CONCEITO
Segundo a doutrina e jurisprudência, as causas de exclusão de ilicitude não se limitam
àquelas descritas no art. 23 do Código Penal, assim, é possível a existência de causas
supralegais.

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Em regra, o consentimento do ofendido é uma hipótese de causa supralegal de
exclusão da ilicitude.

Dessa forma, quando o titular do bem jurídico permite a pratica de um fato típico por
terceiro, resta afastada a ilicitude da conduta.

Por exemplo, é o que ocorre quando um indivíduo consente com a realização de


uma tatuagem em seu corpo que, sem dúvidas, trata-se de uma lesão corporal.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
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Os requisitos para o reconhecimento do consentimento do ofendido como causa


supralegal de exclusão da ilicitude são:

1. Consentimento expresso: o consentimento tem que ser inequívoco e o agente


tem que ter capacidade para consentir;

2. Disponibilidade do bem jurídico: não há como consentir com a lesão a um


bem jurídico que é indisponível;

3. Manifestação prévia ou concomitante: o consentimento tem que ser anterior


à consumação do crime;

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 304

4
SUMÁRIO
ESTADO DE NECESSIDADE ................................................................................................. 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
Teorias.............................................................................................................................. 3
Teoria Unitária.............................................................................................................. 3
Teoria Diferenciadora................................................................................................. 3
Requisitos......................................................................................................................... 4
Perigo Atual ................................................................................................................. 4
Situação de perigo não voluntária .......................................................................... 5
Perigo inevitável.......................................................................................................... 6
Perigo a bem próprio ou alheio ................................................................................ 6
Ausência do dever de enfrentar o perigo ............................................................... 6
Espécies........................................................................................................................... 7
Estado de Necessidade Defensivo ........................................................................... 7
Estado de Necessidade Agressivo
Anderson ............................................................................
Tiago Meneguelli Oliva 7
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1
ESTADO DE NECESSIDADE

CONCEITO
Segundo Jamil Chaim Alves1, o estado de necessidade é uma situação de perigo
atual e inevitável, na qual se faz necessário o sacrifício de um bem jurídico para a
preservação de outro.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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031.721.292-33

O art. 24 do Código Penal traz a definição legal do estado de necessidade, nos


seguintes termos:

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica


o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.

1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 290

2
TEORIAS
TEORIA UNITÁRIA
É a teoria adotada pelo Código Penal e afirma que há exclusão da ilicitude somente
quando o bem protegido tem valor igual ou superior ao sacrificado.

Segundo a teoria unitária, não será possível incidir a excludente de ilicitude, contudo,
nos termos do art. 24, §2º, do Código Penal, é admissível uma diminuição de pena de um
a dois terços.

Art. 24, § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito


ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
TEORIA DIFERENCIADORA
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A teoria diferenciadora apresenta duas consequências distintas para o estado de
necessidade, ora funcionando como excludente de ilicitude, ora como excludente de
culpabilidade.

Nesse sentido, caso o bem jurídico sacrificado seja de igual ou menor relevância, o
estado de necessidade será uma excludente de ilicitude (justificante).

Por outro lado, se o bem jurídico sacrificado for de maior relevância e desde que não
seja exigível um comportamento distinto do agente, o estado de necessidade será uma
excludente de culpabilidade (exculpante).

3
Portanto:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


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REQUISITOS
PERIGO ATUAL
O perigo atual é a característica essencial do estado de necessidade. Dessa forma,
é a sua existência que autoriza o indivíduo invocar a excludente de ilicitude.

Há duas correntes doutrinárias distintas.

4
De um lado, Nucci e Mirabete 2 , por exemplo, afirmam que o texto legal excluiu,
propositalmente, o perigo iminente, razão pela qual não seria possível invocar a
excludente de ilicitude.

Por outro, Damásio de Jesus e Flávio Monteiro Barros apontam que exigir do agente
que aguarde até o perigo se tornar real, mesmo em sua iminência, seria despropositado.
Assim, em situação de perigo iminente, seria possível alegar o estado de necessidade.

SITUAÇÃO DE PERIGO NÃO VOLUNTÁRIA


O legislador afasta a possibilidade do indivíduo que provocou, por sua vontade, a
situação de perigo invocar o estado de necessidade.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
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Segundo posição majoritária da doutrina, a resposta é SIM.

Nesse sentido, o art. 24 do Código Penal aponta a expressão “não provocou por sua
vontade”, circunstância que denota a exigência de dolo na conduta do agente.

2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 291

5
PERIGO INEVITÁVEL
É importante destacar que se o agente tiver a possibilidade de evitar o perigo, não
será possível alegar que agiu em estado de necessidade.

Por exemplo, se o indivíduo for atacado por um cão feroz e tiver a possibilidade de
fugir, não lhe será autorizado matar o animal.

PERIGO A BEM PRÓPRIO OU ALHEIO


O Direito Penal brasileiro autoriza a ação em estado de necessidade em favor de
direito próprio ou de terceiro.

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
A resposta é NÃO. 031.721.292-33
Segundo doutrina, a vontade do terceiro em perigo não é tomada em consideração,
sendo substituída pela vontade do agente, além disso, em muitos casos, não há tempo
para pedir a anuência do terceiro3.

AUSÊNCIA DO DEVER DE ENFRENTAR O PERIGO


O art. 24, §1º, do Código Penal tem a seguinte redação:

Art. 24, § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem


tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

Tal preceito legal não significa que o agente deve realizar atos de heroísmo em seu
dever de enfrentar o perigo.

Nesse sentido, um bombeiro, que tem o dever de enfrentar um incêndio, não pode
ser obrigado a sacrificar a própria vida para salvar a de outrem.

3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 293

6
ESPÉCIES
ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO
Segundo Cleber Masson 4 , é aquele em que o agente pratica o fato necessitado
contra bem jurídico pertencente àquele que provocou o perigo.

Por exemplo, “A” mata o cão que o havia atacado, posteriormente, descobre-se que
o animal havia fugido de seu dono, “B”.

ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO


Por outro lado, no estado de necessidade ofensivo, o agente pratica o ato contra
terceiro inocente, ou seja, que não foi responsável pela situação de perigo.

Por exemplo, “A”, para escapar de um caminhão que vinha na contramão, joga o
carro na calçada e acaba derrubando o muro da residência de “B”.

Dessa forma:

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33

É importante ressaltar que o estado de necessidade agressivo afasta a


responsabilidade penal, contudo, não afasta o dever de indenizar o terceiro inocente
pelos prejuízos causados.

Eventualmente, o agente poderá ajuizar ação regressiva contra o causador do


perigo.

4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 341

7
5

Anderson Tiago Meneguelli Oliva


andersontiago158@gmail.com
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5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Responsabilidade civil no caso de ato praticado em estado de necessidadee. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c410003ef13d451727aeff9082c29a5c>. Acesso em: 20/05/2021

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