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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
DIREITO PENAL
CONCEITO
É conjunto de normas jurídicas que define as infrações penais e suas respectivas
penas, mas que serve de limite ao poder punitivo do Estado.
INTRODUÇÃO
Os princípios do Direito Penal são os alicerces da limitação do poder de punir do
Estado e servem como parâmetro na elaboração de leis penais e na sua interpretação
pelos julgadores.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
CONCEITO
O princípio da legalidade é a exigência de lei, em sentido estrito, para a criação de
infrações penais (crimes ou contravenções) e cominação de penas.
Tal princípio está previsto expressamente no art. 5º, XXXIX, da Constituição (CF/88):
Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 08
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Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Por outro lado, o critério formal tem relação com o processo legislativo, assim,
somente será considerado lei se for observado o procedimento estabelecido na
Constituição para sua elaboração.
3
A resposta é LEI ORDINÁRIA.
O princípio da legalidade não exige quórum especial para criação de tipos penais,
dessa forma, basta que a lei seja aprovada por maioria simples (lei ordinária).
Apesar de os tipos penais serem criados por meio de lei ordinária, nada impede que
o legislador opte pelo processo legislativo mais exigente, previsto na lei complementar.
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SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Medidas Provisórias (MP)............................................................................................ 2
Analogia ...................................................................................................................... 3
Mandado de Criminalização .................................................................................... 4
1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
MEDIDAS PROVISÓRIAS (MP)
Medidas provisórias são espécies de normas editadas pelo Presidente da República,
quando preenchidos os requisitos constitucionais de urgência e relevância.
É interessante observar que, apesar de possuir força de lei, não se trata de lei em
sentido estrito, pois, como visto, não obedece ao processo legislativo ordinário.
Contudo, o STF tem jurisprudência no sentido de que, se uma medida provisória tratar
de Direito Penal (em tese, vedado), é necessário verificar se a norma jurídica abordou o
tema de maneira benéfica ao réu.
Por exemplo, se uma medida provisória prevê uma abolitio criminis temporária,
apesar de ser matéria de Direito Penal, deve ser aplicada, pois não faz sentido exigir lei em
sentido estrito para afastar o benefício ao réu.
2
Em resumo:
ANALOGIA
A analogia é uma espécie de integração legislativa, que, em face da ausência de
lei específica para o caso concreto, é necessário recorrer a uma lei aplicável para uma
situação semelhante (análoga).
3
Em 2019, o STF decidiu que o art. 20 da Lei nº 7.716/89 pode ser aplicado para punir
condutas homofóbicas e transfóbicas.
Apesar disso, o Tribunal Excelso entendeu que não se trata de aplicação de analogia,
mas de interpretação conforme a Constituição e fundamentada no chamado mandado
de criminalização.
MANDADO DE CRIMINALIZAÇÃO
O mandado de criminalização pode ser conceituado como o dever incumbido pela
Constituição ao legislador infraconstitucional de criminalizar condutas que configurem
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
violações aos preceitos constitucionais.
andersontiago158@gmail.com
Nesse sentido, caso o legislador031.721.292-33
falhe em editar tais leis, haverá mora inconstitucional
sanável por meio de mandado de injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por
omissão.
No exemplo acima, o STF entendeu que houve omissão inconstitucional aos incisos
XLI e XLII, do art. 5º, da CF/88.
4
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ..................................................................................................2
Princípio da Legalidade ..................................................................................................2
Costumes .......................................................................................................................2
Princípio da Taxatividade ............................................................................................3
Princípio da Anterioridade ..............................................................................................3
Conceito ........................................................................................................................3
Princípio da Personalidade, Pessoalidade ou Intranscendência da Pena .............4
Conceito ........................................................................................................................4
Efeito: Penal x Cível ......................................................................................................4
Princípio da Individualização da Pena .........................................................................4
Conceito ........................................................................................................................4
Princípio da Intervenção Mínima ...................................................................................5
Conceito ........................................................................................................................5
Subprincípios..................................................................................................................
Anderson Tiago Meneguelli Oliva 5
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PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
COSTUMES
Os costumes, fonte mediata do Direito Penal, são regras de comportamento adotadas
pelas pessoas como se fossem obrigatórias1.
Por exemplo, o conceito de repouso noturno no furto (art. 155, §1º, do CP) vai
depender dos costumes do local onde o crime ocorrer.
A resposta é NÃO.
Nesse sentido, a venda de DVD’s piratas configura crime contra os direitos autorais,
ainda que a conduta seja tolerada pela sociedade e pelas autoridades estatais.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 145
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PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE
O princípio da taxatividade, que decorre do princípio da legalidade, afirma que,
além de previsão em lei, o tipo penal deve ser claro e compreensível de forma a evitar
que o indivíduo não consiga alcançar o seu sentido.
Dessa forma, deve-se evitar a edição de tipos penais vagos e que não delimitem,
corretamente, o alcance da norma jurídica.
Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
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PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE, PESSOALIDADE OU
INTRANSCENDÊNCIA DA PENA
CONCEITO
O princípio da pessoalidade afirma que a pena não pode passar da pessoa do
condenado.
Dessa forma, a responsabilização penal é individual e deve ser suportada apenas por
aquele que praticou a conduta considerada lesiva.
4
A ideia é de que cada condenado deve ter a exata e justa punição pelo ilícito
praticado.
Art. 44, Lei de Drogas. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e §
1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Portanto:
2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 123
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SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Adequação Social ................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Princípio da Ofensividade (Lesividade) ....................................................................... 3
Conceito ...................................................................................................................... 3
Princípio da Alteridade.................................................................................................. 4
Princípio da Culpabilidade ........................................................................................... 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Princípio do Ne Bis In Idem ............................................................................................ 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Por exemplo, furar a orelha de uma recém-nascida se amolda ao tipo penal de lesão
corporal (art. 129, CP), mas por se tratar de conduta socialmente aceita, não há crime.
A resposta é SIM.
1
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 101
2
Nesse sentido, o comerciante responderá pelo tipo penal do art. 184, §2º, do Código
Penal:
2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 123
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PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
O princípio da alteridade afirma que o Direito Penal não pode ser aplicado contra
alguém que cause mal apenas para si próprio.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
CONCEITO
Segundo a doutrina, o princípio da culpabilidade está implicitamente na
Constituição e significa que ninguém pode ser punido se não tiver agido com dolo ou, ao
menos, culpa.
Dessa forma, ao contrário do que ocorre em outros ramos do Direito, não é admissível
a responsabilidade penal objetiva.
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SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância (Bagatela) ........................................................................ 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Natureza Jurídica ................................................................................................................ 2
Requisitos Objetivos ............................................................................................................ 2
Requisitos Subjetivos ........................................................................................................... 3
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PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” subtrai alguns produtos de higiene pessoal de uma grande
rede de supermercados.
Nesse exemplo, a conduta de “A” se amolda ao tipo penal do art. 155 do Código
Penal (furto), mas diante da inexpressiva lesão ao patrimônio do estabelecimento
comercial, não haverá aplicação do Direito Penal.
Nesse sentido, para o STJ, somente o Poder Judiciário tem a competência para
reconhecer o princípio da insignificância.
NATUREZA JURÍDICA
O princípio da insignificância tem natureza jurídica de causa de exclusão de
tipicidade material.
Nesse sentido, apesar da conduta ser tipificada como infração penal (tipicidade
formal), a insignificância da lesão jurídica afastará a tipicidade material.
REQUISITOS OBJETIVOS
É importante destacar que o princípio da insignificância não tem previsão legal.
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Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
REQUISITOS SUBJETIVOS
Como se percebe, os requisitos objetivos estão relacionados à conduta e sua ínfima
lesão ao bem jurídico.
Por outro lado, os requisitos subjetivos são associados à figura do agente infrator e da
vítima.
3
A resposta é SIM.
Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, a reincidência, por si só, não exclui
a aplicação do princípio da insignificância.
4
A resposta é, excepcionalmente, SIM 1.
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem avaliado em R$ 20,00
mesmo que o agente tenha antecedentes criminais por crimes patrimoniais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/31c23973a376c90940f5f5ff2118b5d2>. Acesso em: 06/03/2021
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SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância (Bagatela) ............................................................................. 2
Princípio da Insignificância (Bagatela) Imprópria....................................................... 2
Princípio da Insignificância – Jurisprudência ................................................................... 2
Introdução............................................................................................................................ 2
Furto Famélico ..................................................................................................................... 2
Furto Qualificado ................................................................................................................ 3
Furto de Bem com Valor Superior a 10% do Salário-Mínimo..................................... 4
Furto durante o Repouso Noturno .................................................................................. 4
Crimes Praticados com Violência ou Grave Ameaça .............................................. 4
Receptação ........................................................................................................................ 5
Crimes contra a Administração Pública ....................................................................... 5
Descaminho (e Crimes Tributários) ................................................................................. 6
1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
FURTO FAMÉLICO
O furto famélico ocorre quando o indivíduo pratica o crime para saciar uma
necessidade urgente e relevante. Por exemplo, a subtração de gêneros alimentícios de
pequena expressão econômica.
1
Cunha, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 2020, 8ª edição, pág. 100
2
A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação do princípio da
insignificância.
FURTO QUALIFICADO
O furto qualificado é previsto no art. 155, §4º, do Código Penal e, em regra, não
admite a aplicação do princípio da insignificância.
Art. Anderson
155, § 4º - A pena é deMeneguelli
Tiago reclusão de dois a oito anos, e multa,
Oliva
se o crime é cometido:
I - com andersontiago158@gmail.com
destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa; 031.721.292-33
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando
presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ab4c389364232588a6680ad92ec170c7>. Acesso em: 06/03/2021
3
FURTO DE BEM COM VALOR SUPERIOR A 10% DO SALÁRIO-
MÍNIMO
A subtração patrimonial com valor superior a 10% do salário-mínimo aponta
relevância da conduta praticada, segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores.
3
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em
R$ 29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja
reincidente. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3501672ebc68a5524629080e3ef60aef>. Acesso em: 06/03/2021
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A jurisprudência dos Tribunais Superiores afasta a aplicação do princípio da
insignificância para os crimes praticados com violência ou grave ameaça, pois tais
elementos apontam relevante desvalor da conduta.
RECEPTAÇÃO
Segundo o STF, a receptação é um crime pluriofensivo que afeta, além do patrimônio,
a própria administraçãoAnderson Tiago
da justiça, pois Meneguelli
a ação Oliva dificulta a persecução
do receptador
penal. andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
Dessa forma, é incabível o princípio da insignificância para o crime de receptação.
Diante disso, é importante observar que, ao menos em tese, não há como considerar
insignificante tais condutas criminosas.
5
Contudo, o STF, excepcionalmente, tem admitido a aplicação do princípio da
insignificância para crimes praticados contra a Administração Pública.
4
HC 112388/SP, Rel. Min Ricardo Lewandowski, 21/08/2012
6
É evidente que a incidência do princípio da bagatela exige um limite patrimonial
para sua incidência.
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5
Por outro lado, em relação aos tributos estaduais, é necessário observar a lei estadual
vigente em razão da autonomia do ente federativo.
5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível utilizar o parâmetro mínimo de 20 mil reais (criado para a execução fiscal)
como critério para aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários?. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aecad42329922dfc97eee948606e1f8e>. Acesso em:
06/03/2021
6
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes tributários estaduais e o limite de 20 mil reais. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ac3870fcad1cfc367825cda0101eee62>. Acesso em:
06/03/2021
8
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância – Jurisprudência .............................................................. 2
Descaminho (e Crimes Tributários) ........................................................................... 2
Contrabando .............................................................................................................. 4
Apropriação Indébita Previdenciária e Sonegação de Contribuição
Previdenciária ............................................................................................................. 5
1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
A resposta é R$ 20.000,00.
2
1
A resposta é NÃO 2.
Por outro lado, em relação aos tributos estaduais, é necessário observar a lei estadual
vigente em razão da autonomia do ente federativo.
1
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível utilizar o parâmetro mínimo de 20 mil reais (criado para a execução fiscal)
como critério para aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários?. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aecad42329922dfc97eee948606e1f8e>. Acesso em:
06/03/2021
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes tributários estaduais e o limite de 20 mil reais. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ac3870fcad1cfc367825cda0101eee62>. Acesso em:
06/03/2021
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CONTRABANDO
Inicialmente, é importante distinguir os tipos penais de contrabando e de
descaminho:
3
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Contrabando: não se aplica o princípio da insignificância. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/36a16a2505369e0c922b6ea7a23a56d2>.
Acesso em: 26/05/2020
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APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA E SONEGAÇÃO DE
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
A apropriação indébita previdenciária e a sonegação de contribuição
previdenciária são tipos penais incompatíveis com o princípio da insignificância, diante do
elevado grau de reprovabilidade da conduta.
5
SUMÁRIO
Princípios Do Direito Penal ................................................................................................ 2
Princípio da Insignificância – Jurisprudência .............................................................. 2
Estelionato Previdenciário, FGTS ou Seguro-Desemprego ..................................... 2
Moeda Falsa e outros Crimes contra a Fé Pública ................................................. 2
Lei de Drogas .............................................................................................................. 3
Estatuto do Desarmamento ...................................................................................... 4
Crimes Ambientais ...................................................................................................... 5
Violência Doméstica contra a Mulher ..................................................................... 6
Transmissão Clandestina de Sinal de Internet ......................................................... 6
1
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Aliás, a vedação se estende, também, aos demais crimes contra a fé pública, dada
a relevância desse bem jurídico.
2
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” foi preso em flagrante ao tentar pagar a conta do
supermercado com uma nota falsa de R$ 10,00.
Nesse caso, não será possível aplicar o princípio da insignificância, pois não se trata
de proteção apenas ao valor econômico do dinheiro, mas sua de credibilidade.
LEI DE DROGAS
Em relação ao tráfico de drogas, a jurisprudência dos Tribunais é pacífica em afastar
o princípio da insignificância, por se tratar de crime de perigo abstrato (saúde pública).
1
HC 110475/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, 14/02/2012
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A resposta é NÃO2.
Por outro lado, a semente não pode ser considerada matéria-prima ou insumo (art.
34 da Lei de Drogas) do entorpecente, pois não se trata de um ingrediente para sua
confecção.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Em relação aos crimes de posse ou porte de arma de fogo, a regra é a
inaplicabilidade do princípio da insignificância, por se tratar de crime de perigo abstrato
(incolumidade pública).
A resposta é NÃO.
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Atipicidade da importação de pequena quantidade de sementes de maconha. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/07ac7cd13fd0eb1654ccdbd222b81437>. Acesso em: 06/03/2021
3
REsp 1710320/RJ, Rel. Min Jorge Mussi, 03/05/2018
4
HC 133984/MG, Rel. Min Carmen Lúcia, 17/05/2016
5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Tráfico internacional de arma de fogo ou munição: não se aplica o princípio da
insignificância. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a26398dca6f47b49876cbaffbc9954f9>. Acesso em: 06/03/2021
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CRIMES AMBIENTAIS
O tema é polêmico, mas a jurisprudência dominante é no sentido de ser aplicável o
princípio da insignificância para os crimes ambientais 6.
Nesse sentido:
6
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes ambientais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a1519de5b5d44b31a01de013b9b51a80>. Acesso em: 07/03/2021
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AgRg no REsp 1558312/ES, Rel. Min Felix Fischer, 02/02/2016
5
Contudo, em situações excepcionais, houve o reconhecimento do princípio da
insignificância para o crime de pesca ilegal 8.
8
REsp 1.409.051-SC, Rel. Min Nefi Cordeiro, 20/04/2017
6
Por outro lado, o STF tem admitido o princípio da insignificância, quando não há
indícios de perigo ou dano aos sistemas de telecomunicações9.
9
HC 161483 AgR, Rel. Min Edson Fachin, 07/12/2020
7
SUMÁRIO
LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................... 2
Tempo do Crime ............................................................................................................ 2
Teoria da Atividade .................................................................................................... 2
Regra e Exceção ........................................................................................................... 2
Regra – Lei Vigente..................................................................................................... 2
Exceção – Lei Penal Benéfica Posterior.................................................................... 3
Abolitio Criminis .............................................................................................................. 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Princípio da Continuidade Normativo-Típica .......................................................... 5
Extra-Atividade da Lei Penal Benéfica ........................................................................ 6
Conceito ...................................................................................................................... 6
1
LEI PENAL NO TEMPO
TEMPO DO CRIME
TEORIA DA ATIVIDADE
É o momento em que se considera praticado o crime.
Portanto:
Assim, não importa qual foi o momento do resultado do crime, sendo considerada
apenas a ação ou omissão do agente.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com 17 anos e 364 dias, atira contra “B”, que vem a
falecer na semana seguinte.
Nesse caso, “A” não poderá responder pelo crime de homicídio, pois, no momento
da ação, era inimputável (menoridade).
REGRA E EXCEÇÃO
REGRA – LEI VIGENTE
A regra no Direito é que seja aplicada a lei vigente no momento da conduta (teoria
da atividade).
2
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” é preso em flagrante ao transportar elevada quantidade
de drogas em seu carro.
Nesse caso, “A” responderá pelo crime de tráfico de drogas segundo a Lei nº
11.343/06 (legislação atual).
3
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, na vigência da lei X, com previsão de pena de prisão,
pratica determinado crime. Posteriormente, entra em vigor a lei Y, que revogando a
legislação anterior, traz previsão de pena de multa para a mesma conduta.
Nesse caso, a lei posterior (lei Y), por ser mais benéfica, será aplicada à conduta
praticada por “A”.
ABOLITIO CRIMINIS
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
CONCEITO andersontiago158@gmail.com
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A abolitio criminis 1 representa a supressão da figura criminosa e ocorre quando há a
revogação de um tipo penal por uma lei posterior descriminalizadora.
Por exemplo, o adultério era considerado crime até o ano de 2005, sendo revogado
pela Lei nº 11.106/2005:
A abolitio criminis é prevista no art. 2º, caput, do Código Penal, nos seguintes termos:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
1
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 8ª edição. 2020, pág. 135
4
A resposta é SIM.
Apesar de cumprida a pena, não se pode esquecer dos efeitos penais secundários
da condenação, por exemplo, a reincidência.
Nesse exemplo, caso “A” venha a praticar um novo crime antes do fim do período
depurador (05 anos a partir do cumprimento da pena), não poderá incidir a agravante da
reincidência.
A resposta é NÃO.
O art. 2º, caput, do Código Penal aponta que apenas os efeitos penais são afastados
com a abolitio criminis.
Dessa forma, ainda que ocorra a abolitio criminis, se a conduta do autor configurar
prejuízo à vítima, subsistirá o dever de indenizar (efeito cível).
Por exemplo, o art. 214 do Código Penal que previa o crime de atentado violento ao
pudor foi revogado pela Lei nº 11.106/2005.
Contudo, seu conteúdo foi transferido para o tipo penal do art. 213 do Código Penal
que prevê o crime de estupro.
5
Dessa forma, hoje, o estupro engloba a conjunção carnal e outros atos libidinosos
praticados por meio de violência ou grave ameaça.
Aliás, diante da ausência de efeito retroativo da lei penal gravosa, mesmo revogada,
a lei benéfica vigente no momento da conduta será aplicável na sentença, portanto, terá
efeito ultra-ativo.
6
Dessa forma, é possível afirmar que a lei penal benéfica tem efeito extra-ativo, ou
seja, detém efeito retroativo e efeito ultra-ativo.
7
SUMÁRIO
LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................... 2
Método da Seta ............................................................................................................. 2
Método ........................................................................................................................ 2
Vacatio Legis .................................................................................................................. 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Lei Penal Benéfica Intermediária ................................................................................. 5
Lei Temporária e Lei Excepcional................................................................................. 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
Efeito Ultra-Ativo.......................................................................................................... 6
1
LEI PENAL NO TEMPO
MÉTODO DA SETA
MÉTODO
A Lei Penal no Tempo é recorrentemente cobrada nos concursos públicos, razão pela
qual desenvolvi um método que lhe permitirá acertar todas as questões sobre o tema.
Ou
2
2) Após, “trace” uma seta da lei benéfica em direção à lei gravosa;
Ou
Ou
3
VACATIO LEGIS
CONCEITO
A vacatio legis corresponde ao período compreendido entre a publicação da lei e
sua vigência, ou seja, o período de sua vacância.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
Sua função é dar tempo para que a sociedade se “acostume”
andersontiago158@gmail.com com a nova
legislação antes que essa comece a ser aplicada.
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Uma primeira corrente entende que a vacatio legis não pode impedir a aplicação
imediata da lei penal benéfica, pois sua função é apenas de dar tempo para que a
sociedade tome conhecimento do seu teor. Dessa forma, tal instituto jamais poderia ser
utilizado em desfavor do réu.
Por outro lado, uma segunda corrente defende que a lei em vacatio legis não tem
vigência e pode vir a nunca entrar em vigor, como exemplo, cita-se o Código Penal de
1969, conforme pontua Jamil Chaim Alves1.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 161
4
LEI PENAL BENÉFICA INTERMEDIÁRIA
Com a sucessão de leis, é possível que a lei penal mais benéfica não seja aquela
vigente no momento da ação ou omissão e nem mesmo a da prolação da sentença.
Nesse caso, em razão do efeito extra-ativo da lei penal benéfica, a lei intermediária
seria aplicável ao réu.
2
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. 8ª edição. 2020, pág. 143
5
EFEITO ULTRA-ATIVO
O art. 3º do Código Penal trata da ultra-atividade da lei temporária e da lei
excepcional:
Assim:
6
SUMÁRIO
LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................... 2
Combinação de Leis Penais ......................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Súmula nº 711 do STF: Crime Permanente e Crime Continuado .............................. 3
Conceitos .................................................................................................................... 3
Súmula nº 711 STF ........................................................................................................ 3
1
LEI PENAL NO TEMPO
Por exemplo, a Lei nº 6.368/76 (antiga Lei de Drogas) não previa a figura do tráfico
privilegiado, de forma que a causa de diminuição prevista na Lei nº 11.343/06 (atual Lei de
Drogas) seria mais benéfica neste ponto.
Por outro lado, a lei anterior previa pena mínima inferior à legislação atual. Dessa
forma, a combinação de leis redundaria na aplicação da causa de diminuição da Lei nº
11.343/06 sobre a pena prevista na Lei nº 6.368/76.
A resposta é NÃO.
Ao apreciar o tema, o STF entendeu que a combinação de leis penais pelo juiz seria
uma indevida usurpação da competência do Poder Legislativo, pois estaria criando uma
terceira lei para o caso concreto.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 163
2
SÚMULA Nº 711 DO STF: CRIME PERMANENTE E CRIME
CONTINUADO
CONCEITOS
Inicialmente, é importante conceituar o crime permanente e o crime continuado:
Apesar da grande confusão que os alunos fazem com questões que cobram essa
súmula, sua fundamentação é bastante simples.
3
Assim:
4
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 2
Lugar do Crime............................................................................................................... 2
Teoria da Ubiquidade ................................................................................................ 2
Territorialidade ................................................................................................................ 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Extensão do Território Nacional................................................................................. 4
1
LEI PENAL NO ESPAÇO
LUGAR DO CRIME
TEORIA DA UBIQUIDADE
O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, também denominada de mista,
para o lugar do crime.
Dessa forma, não importa se é o local onde ocorreu a ação ou omissão ou se foi nele
em que se produziu (ou deveria se produzir) o resultado.
2
O crime à distância é aquele em que a ação ou omissão ocorre em um país,
enquanto o resultado ocorre em outro.
A teoria da ubiquidade foi adotada para crime à distância no Código Penal brasileiro.
Portanto:
3
TERRITORIALIDADE
CONCEITO
A territorialidade consiste em aplicar o Direito Penal brasileiro para o crime cometido
dentro do território nacional.
4
O art. 5º, §2º, do Código Penal apresenta outra hipótese de territorialidade ao afirmar
que: Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
Art. 5º, § 2º - É031.721.292-33
também aplicável a lei brasileiraaos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente,
e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
A resposta é NÃO.
5
Segundo Jamil Chaim Alves, é o direito reconhecido aos navios de todas as
nacionalidades de atravessarem o mar territorial brasileiro, independentemente de pedido
de autorização ao governo, desde que o façam de forma contínua e rápida, sem
prejudicarem a paz, a ordem ou a segurança do país.
Por exemplo, um navio australiano, com destino ao Uruguai, atravessa o mar territorial
brasileiro para se aproximar do porto uruguaio. Nesse caso, a embarcação não necessita
de autorização brasileira para adentrar o mar territorial nacional.
6
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 2
Extraterritorialidade ........................................................................................................ 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Extraterritorialidade Incondicionada ........................................................................ 2
Extraterritorialidade Condicionada .......................................................................... 4
1
LEI PENAL NO ESPAÇO
EXTRATERRITORIALIDADE
CONCEITO
A extraterritorialidade é a aplicação do Direito Penal brasileiro para um crime
cometido no estrangeiro.
Suas hipóteses se restringem aos ilícitos penais que atentam diretamente contra os
interesses da República Federativa do Brasil e estão elencados no art. 7º, I, do Código
Penal:
Dessa forma, será aplicado o Direito Penal brasileiro, sem qualquer condição, nos
casos de:
2
A resposta é SIM.
Anderson
O princípio do ne bis Tiago
in idem proíbe queMeneguelli
um indivíduo Oliva
seja processado e julgado por
um mesmo fato mais de uma vez.
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
Apesar de ser uma importante garantia ao indivíduo, o art. 7º, §1º, do Código Penal
permite que, na hipótese de extraterritorialidade incondicionada, o agente seja
responsabilizado no país, ainda que tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro.
Nesse sentido:
A resposta é SIM.
3
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição
brasileira.
Dessa forma, aplica-se a Lei nº 9.455/97 aos crimes cometidos contra brasileiro ou se
agente esteja em local sob a jurisdição brasileira, ainda que praticados fora do território
nacional.
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
A extraterritorialidade condicionada é a aplicação do Direito Penal brasileiro para
031.721.292-33
um crime cometido no estrangeiro e desde que haja o preenchimento das condições
previstas no Código Penal.
4
Como dito anteriormente, a extraterritorialidade condicionada exige que
determinados pressupostos estejam presentes no caso concreto.
Chama-se atenção para o fato de que todos os requisitos devem estar presentes, ou
seja, são condições cumulativas.
5
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 2
Extraterritorialidade ........................................................................................................ 2
Extraterritorialidade Condicionada .......................................................................... 2
Extraterritorialidade Hipercondicionada .................................................................. 3
Princípios relacionados à Extraterritorialidade ........................................................ 4
Pena Cumprida no Estrangeiro .................................................................................... 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Eficácia de Sentença Estrangeira ................................................................................ 5
Hipóteses...................................................................................................................... 5
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL ......................................................................................... 5
Homologação de Sentença Estrangeira ................................................................. 5
Contagem de Prazo ...................................................................................................... 6
1
LEI PENAL NO ESPAÇO
EXTRATERRITORIALIDADE
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
A extraterritorialidade condicionada é a aplicação do Direito Penal brasileiro para
um crime cometido no estrangeiro e desde que haja o preenchimento das condições
previstas no Código Penal.
Chama-se atenção para o fato de que todos os requisitos devem estar presentes, ou
seja, são condições cumulativas.
2
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA
Há uma hipótese ainda mais restrita de extraterritorialidade prevista no art. 7º, §3º, do
Código Penal:
Assim, além dos requisitos previstos no art. 7º, §2º, do Código Penal, quando a vítima
for brasileira, é possível aplicar a extraterritorialidade desde que tenha sido negada (ou
não foi pedida) a extradição e que haja a requisição do Ministro da Justiça.
3
PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXTRATERRITORIALIDADE
A doutrina aponta 05 (cinco) princípios que caracterizam a extraterritorialidade1:
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 171
4
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
HIPÓTESES
É possível que uma sentença condenatória estrangeira tenha efeitos dentro do Brasil,
desde que observados os requisitos do art. 9º do Código Penal:
De forma esquematizada:
5
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença,
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
CONTAGEM DE PRAZO
A forma de contagem de prazo no Direito Penal está prevista no art. 10 do Código
Penal:
Por exemplo, se o indivíduo iniciar o cumprimento da pena em 13.02, esse dia será
computado para o tempo de prisão.
O prazo final será no dia 12.03, pois os dias, meses e anos são computados pelo
calendário comum.
6
Outra característica importante é que não importa se o fim do prazo ocorreu em um
final de semana, ou seja, os prazos penais são improrrogáveis.
7
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DE PENA
O art. 10 do Código Penal aponta que as frações de dias ou de valores impostos na
multa devem ser desprezados:
Por exemplo, o juiz não pode condenar um indivíduo à pena de 01 ano, 06 meses e
24 dias e meio de reclusão, nesse caso, deverá desconsiderar o “meio” dia.
8
SUMÁRIO
TEORIA GERAL DO CRIME ................................................................................................. 2
Infração Penal ................................................................................................................ 2
Infração Penal: Crime x Contravenção ................................................................... 2
Sujeito Ativo .................................................................................................................... 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
Sujeito Ativo: Pessoa Jurídica .................................................................................... 5
Crime: Comum, Próprio e de Mão Própria .............................................................. 6
Sujeito Passivo ................................................................................................................. 7
Conceito ...................................................................................................................... 7
Espécies ....................................................................................................................... 7
1
TEORIA GERAL DO CRIME
INFRAÇÃO PENAL
INFRAÇÃO PENAL: CRIME X CONTRAVENÇÃO
A infração penal é um gênero que admite 02 (duas) espécies: crime e contravenção.
De forma esquematizada:
Nesse sentido, é apenas por opção do legislador que determinada conduta lesiva é,
portanto, tipificada como crime ou contravenção.
2
A resposta é SIM.
3
1
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 208
4
SUJEITO ATIVO
CONCEITO
O sujeito ativo do crime é o indivíduo que pratica a infração penal. Segundo Rogério
Sanches2, é “qualquer pessoa física capaz de discernimento e autodeterminação, com 18
anos completos”.
A resposta é SIM.
2
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 202
5
Nesse caso, segundo a teoria da dupla imputação, só seria possível responsabilizar a
indústria X se, também, “A”, administrador, fosse responsabilizado.
De forma esquematizada:
6
SUJEITO PASSIVO
CONCEITO
O sujeito passivo da infração penal é o indivíduo ou ente (pessoa jurídica) que sofre
as consequências da infração penal.
Segundo Jamil Chaim Alves3, é aquele que não possui sujeito passivo determinado.
Por exemplo, é o que ocorre com crime de violação de sepultura (art. 210 do Código
Penal) que teria a coletividade como sujeito passivo.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
ESPÉCIES 031.721.292-33
A doutrina classifica o sujeito passivo em 02 (duas) espécies distintas4:
De forma esquematizada:
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 217
4
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 203
7
SUMÁRIO
TEORIA GERAL DO CRIME ................................................................................................. 2
Crime ............................................................................................................................... 2
Crime: Conceito ......................................................................................................... 2
Elementos do crime .................................................................................................... 2
Escada do Crime ........................................................................................................... 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO.............................................................................................. 5
Fato Típico (Tipicidade) ................................................................................................. 5
Introdução ................................................................................................................... 5
Elementos .................................................................................................................... 5
1
TEORIA GERAL DO CRIME
CRIME
CRIME: CONCEITO
Segundo a doutrina1, o crime pode ser conceituado sob 03 diferentes aspectos:
De forma esquematizada:
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
ELEMENTOS DO CRIME
Como visto no tópico anterior, o conceito analítico do crime leva em consideração
seus elementos, cuja quantidade vai variar de acordo com a teoria adotada.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 199
2
Segundo a teoria tripartite
2
• Quadripartida – O crime é composto por 04 elementos: fato típico, ilicitude,
culpabilidade e punibilidade. É a teoria menos aceita e falha ao incluir a
punibilidade como elemento, quando, na realidade, é uma consequência do
crime;
De forma esquematizada:
3
ESCADA DO CRIME
CONCEITO
Neste material, será adotada a teoria tripartida dos elementos, dessa forma, o crime
é um fato típico, ilícito e culpável.
Para fins didáticos, é possível vislumbrar os elementos do crime como degraus de uma
“escada”:
4
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO
5
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO.............................................................................................. 2
Fato Típico (Tipicidade) ................................................................................................. 2
Introdução ................................................................................................................... 2
Elementos .................................................................................................................... 2
FATO TÍPICO: CONDUTA .................................................................................................... 3
Conceito ......................................................................................................................... 3
Teorias.............................................................................................................................. 3
Teoria Causalista ......................................................................................................... 3
Teoria neokantista....................................................................................................... 3
Teoria Finalista ............................................................................................................. 4
Causas de Exclusão da Conduta ................................................................................ 5
Introdução ................................................................................................................... 5
Estado de Inconsciência ........................................................................................... 5
Involuntariedade ........................................................................................................
Anderson Tiago Meneguelli Oliva 5
Coação Física Irresistível (Vis Absoluta) .................................................................... 6
andersontiago158@gmail.com
Coação Moral Irresistível (vis compulsiva) ............................................................... 6
031.721.292-33
1
FATO TÍPICO: INTRODUÇÃO
2
FATO TÍPICO: CONDUTA
CONCEITO
A definição de conduta depende da teoria do crime a ser adotada.
Nos próximos tópicos, iremos analisar as principais teorias e qual o sentido empregado
para a definição de conduta.
TEORIAS
TEORIA CAUSALISTA
A teoria causalista, criada por Franz von Liszt e Ernst von Beling, tem relevância apenas
histórica, pois não é adotada pela doutrina moderna.
Dessa forma, a conduta na teoria causalista não incorpora o elemento subjetivo (dolo
ou culpa), sendo, portanto, uma relação física entre causa e resultado.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
dolo e culpa são elementos da culpabilidade.
Na teoria causalista, andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
A crítica mais relevante à teoria causalista é desconsiderar a finalidade da conduta,
pois na esfera penal, ninguém faz ou deixa de fazer algo sem um propósito.
TEORIA NEOKANTISTA
A teoria neokantista foi desenvolvida por diversos estudiosos, Mezger e Reinhard Frank
como expoentes, e se destacou por buscar uma definição de crime que fosse além de
uma relação física de causa e efeito.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 235
3
Dessa forma, para os neokantista, a conduta é um comportamento humano
voluntário valorado negativamente pelo legislador 2.
2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 235
4
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA
INTRODUÇÃO
É interessante observar que, independente da teoria adotada para sua definição, a
conduta é um comportamento humano consciente e voluntário.
ESTADO DE INCONSCIÊNCIA
Em relação ao estado de inconsciência, é possível citar o sonambulismo e a hipnose
como hipóteses que afastam a conduta penalmente relevante.
INVOLUNTARIEDADE
Por outro lado, em relação à involuntariedade, há o exemplo do chamado
movimento reflexo, que consiste numa reação motora automática e provocada por um
estímulo3.
Por exemplo, o reflexo patelar que é o toque no joelho que provoca um movimento
involuntário de chute.
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 241
4
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 241
5
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” descobre a traição de “B” e, num ataque de fúria, o
agride fisicamente.
Segundo Rogério Sanches, coação física irresistível ocorre nas hipóteses em que o
agente, em razão de força física externa, é impossibilitado de determinar seus movimentos
de acordo com sua vontade5.
A coação moral irresistível (vis compulsiva) ocorre quando o agente emprega grave
ameaça contra a vítima.
Nesse caso, a vontade não é eliminada, contudo, torna-se viciada devido à coação
sofrida.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” sequestra a família de “B”, gerente bancário, e exige que
este lhe entregue o dinheiro que se encontra na instituição financeira. Nesse exemplo, “B”
não responde pelo crime, pois ausente a culpabilidade.
5
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 256
6
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 242
6
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
7
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA ........................................................................................... 2
Dolo ................................................................................................................................. 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Teorias do dolo ............................................................................................................ 2
Espécies de dolo ............................................................................................................ 3
Dolo: Direto e Indireto ................................................................................................ 3
Dolo Indireto: Alternativo e Eventual ........................................................................ 3
Dolo: 1º Grau e 2º Grau.............................................................................................. 4
Dolo: Genérico e Específico ...................................................................................... 5
Dolo Geral (Erro Sucessivo) ........................................................................................ 6
Dolo Abandonado ..................................................................................................... 6
Dolo Cumulativo ......................................................................................................... 6
1
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA
DOLO
CONCEITO
Segundo a teoria finalista, a conduta é um comportamento humano voluntário
dirigido a uma finalidade e, por isso, o dolo e a culpa integram esse elemento do fato
típico.
O crime doloso está previsto no art. 18, I, do Código Penal, nos seguintes termos:
TEORIAS DO DOLO
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
A doutrina aponta 03 (três) teorias distintas para o dolo:
andersontiago158@gmail.com
• TEORIA DA REPRESENTAÇÃO – O dolo exige apenas a previsão do resultado, ou
031.721.292-33
seja, basta que o agente tenha antevisto o resultado de sua conduta. Essa
teoria não foi adotada pelo Código Penal;
De forma esquematizada:
2
ESPÉCIES DE DOLO
DOLO: DIRETO E INDIRETO
O dolo direto é aquele em que o agente tem a vontade de alcançar o resultado. Por
exemplo, há dolo direto quando “A”, com a intenção de matar, atira contra “B”.
Por outro lado, no dolo indireto, o agente não tem a vontade dirigida a um resultado
específico 1.
O motivo é simples.
Se o agente teve a vontade de praticar um crime mais grave, ainda que de forma
alternativa, deverá responder por tal conduta, seja na modalidade consumada ou
tentada.
1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 244
3
• DOLO EVENTUAL – Ocorre quando o agente prevê mais de um resultado,
dirigindo sua conduta para realizar um determinado evento, mas assumindo o
risco de provocar o outro 2 . Por exemplo, “A” participa de uma disputa
automobilística clandestina em área com trânsito intenso de pedestres,
assumindo, portanto, o risco de causar um acidente;
De forma esquematizada:
Como exemplo de dolo de 2º grau, “A”, com a intenção de matar, coloca uma
bomba no avião em que “B” vai viajar. Caso haja a detonação do explosivo, todos os
demais passageiros também morrerão.
2
Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: geral, 8. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 258
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 248
4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 248
4
Para alguns autores, o dolo de 3º grau seria o efeito colateral do efeito colateral.
No exemplo acima, caso um dos passageiros fosse uma grávida, o aborto decorrente
da explosão seria o doloAnderson
de 3º grau. Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
DOLO: GENÉRICO E ESPECÍFICO
031.721.292-33
O dolo genérico ocorre quando o agente tem a intenção de praticar a conduta
descrita no tipo, que não exige finalidade específica.
Por outro lado, o dolo específico ocorre quando o agente tem vontade de realizar a
conduta, buscando uma finalidade específica, que é elementar do tipo penal.
5
DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO)
O dolo geral é uma hipótese de erro de tipo acidental que recai sobre o nexo causal
(aberratio causae).
Segundo Jamil Chaim Alves, ocorre quando o agente, acreditando ter alcançado o
resultado pretendido, pratica uma nova conduta com finalidade diversa, sendo esta a
efetiva causa do resultado inicialmente visado 5.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A” dispara contra a vítima, que cai desacordada. Supondo
que ela morreu, “A” lança o corpo ao mar, com o objetivo de desfazer-se do cadáver,
vindo, contudo, a efetivamente matá-la por afogamento.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
DOLO ABANDONADO
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
O dolo abandonado ocorre nas hipóteses de tentativa abandonada – desistência
voluntária e arrependimento eficaz – em que o agente, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado aconteça.
DOLO CUMULATIVO
O dolo cumulativo ocorre quando o agente tem a vontade de alcançar um
determinado resultado e, ao fazê-lo, sua vontade evolui para atingir outro resultado.
5
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 249
6
O crime progressivo ocorre quando o agente tem a intenção de praticar um crime
mais grave, mas, para concretizá-lo, passa por um menos grave.
Portanto:
7
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA ........................................................................................... 2
Culpa ............................................................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Elementos do crime culposo ........................................................................................ 2
Conduta Voluntária.................................................................................................... 3
Violação do Dever Objetivo de Cuidado ............................................................... 3
Resultado Naturalístico Involuntário ......................................................................... 3
Nexo Causal ................................................................................................................ 4
Previsibilidade do Resultado...................................................................................... 4
Tipicidade .................................................................................................................... 4
1
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA
CULPA
CONCEITO
Segundo Jamil Chaim Alves 1, a culpa é a conduta voluntária e consciente, voltada
à realização de um determinado resultado, mas que provoca um resultado involuntário,
apesar de previsível, que poderia ser evitado com a devida cautela.
Há, inclusive, uma definição legal prevista no art. 18, II, do Código Penal, nos seguintes
termos:
Por exemplo, um indivíduo, atrasado, dirige seu carro (conduta voluntária) em alta
velocidade (violação do dever objetivo de cuidado). Sem conseguir reduzir a velocidade
quando o sinal fechou, acaba atingindo o veículo da frente, causando ferimentos no
motorista (resultado naturalístico involuntário).
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 250
2
CONDUTA VOLUNTÁRIA
No crime culposo, a vontade do agente se limita à prática de uma conduta perigosa
e não ao resultado naturalístico produzido.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, atrasado para uma reunião, dirige em alta velocidade e
acaba causando, involuntariamente, um acidente de trânsito.
A resposta é NÃO.
3
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com pressa, dirige em alta velocidade, contudo, chega
ao seu destino sem causar nenhum acidente.
NEXO CAUSAL
Tendo em vista que a modalidade culposa exige resultado naturalístico, há, portanto,
o nexo causal entre conduta e resultado.
PREVISIBILIDADE DO RESULTADO
O resultado involuntário deve ser previsível para um homem médio, ou seja, o agente
pode até não ter previsto o resultado, mas seria algo esperado para as pessoas comuns.
TIPICIDADE
O crime culposo somente pode ser punido se houver previsão legal expressa, caso
contrário, o fato será atípico.
4
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA ........................................................................................... 2
Modalidades de Culpa ................................................................................................. 2
Espécies de Culpa ......................................................................................................... 2
Culpa: Consciente x Inconsciente............................................................................ 2
Culpa: Própria x Imprópria ......................................................................................... 4
Compensação de Culpas ............................................................................................ 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
Crime Preterdoloso ........................................................................................................ 5
Conceito ...................................................................................................................... 5
1
FATO TÍPICO: DOLO E CULPA
MODALIDADES DE CULPA
As modalidades de culpa estão descritas no art. 18, II, do Código Penal e são:
imprudência, negligência e imperícia.
ESPÉCIES DE CULPA
CULPA: CONSCIENTE X INCONSCIENTE
A culpa inconsciente, ou ex ignorantia, ocorre quando o agente pratica uma
conduta sem “enxergar” o resultado lesivo.
Por outro lado, a culpa consciente, ou ex lascívia, ocorre quando o agente pratica
uma conduta e prevê que o resultado lesivo pode acontecer, contudo, por acreditar que
conseguirá evita-lo, prossegue em sua ação (ou omissão).
1
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 256
2
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, atrasado, avança o sinal vermelho e acelera para desviar
das pessoas que atravessam a faixa de pedestre. Contudo, “B”, criança, solta a mão de
sua mãe e corre para atravessar a rua, sendo atingida pelo veículo.
Contudo, na culpa consciente, o agente não quer e nem assume o risco de produzir
o resultado. Por outro lado, no dolo eventual, o agente é indiferente em relação à sua
ocorrência.
3
A resposta é NÃO.
Para os Tribunais Superiores, a embriaguez ao volante, por si só, não configura o dolo
eventual.
Por exemplo, existe dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência
de álcool, além de fazê-lo na contramão 2.
A resposta é SIM.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
Segundo a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores3, o homicídio causado
em decorrência de disputa clandestina de corrida, “racha”, configura dolo eventual.
031.721.292-33
Por outro lado, a culpa imprópria, ou por equiparação, ocorre quando há o erro de
tipo inescusável.
Assim, quando o indivíduo age com falsa percepção da realidade, seu dolo é
afastado, contudo, poderá responder pela modalidade culposa caso seja inescusável.
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Dirigir alcoolizado na contramão: reconhecimento de dolo eventuala. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8b10a9280bd46b8874af9b5cadec91d5>. Acesso em: 20/04/2021
3
HC 101698/RJ, Rel. Min Luiz Fux, 1ª Turma, 18/10/11
4
COMPENSAÇÃO DE CULPAS
CONCEITO
O Direito Penal não admite a compensação de culpas, assim, a culpa da vítima não
afasta a culpa do agente.
Por exemplo, “A” dirigindo em alta velocidade atinge “B”, que havia avançado um
sinal, caso ambos fiquem feridos, responderão por lesões corporais.
CRIME PRETERDOLOSO
CONCEITO
O crime preterdoloso é aquele em que o agente age com dolo na conduta
antecedente e culpa em relação ao resultado mais grave.
Por exemplo, é o que ocorre com a lesão corporal seguida de morte, prevista no art.
129, §3º, do Código Penal.
5
A resposta é DEPENDE.
Por outro lado, se durante o assalto, a arma de “A” disparasse sem querer e atingisse
“B” com um tiro fatal, nesse caso, o latrocínio seria um crime preterdoloso.
6
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: RESULTADO .................................................................................................. 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
Espécies........................................................................................................................... 2
Resultado Naturalístico............................................................................................... 2
Resultado Jurídico ...................................................................................................... 2
Crime: Material, Formal e de Mera Conduta .......................................................... 3
1
FATO TÍPICO: RESULTADO
CONCEITO
O resultado é a consequência da conduta do agente.
ESPÉCIES
RESULTADO NATURALÍSTICO
O resultado naturalístico é a alteração do mundo exterior causada pela conduta do
agente.
RESULTADO JURÍDICO
É a alteração do mundo jurídico e consiste na efetiva lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico penalmente tutelado.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
A resposta é NÃO.
Contudo, não há crime sem resultado jurídico, pois toda infração penal agride um
bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
Por exemplo, o porte ilegal de arma de fogo não apresenta um resultado naturalístico
em seu tipo penal, porém a conduta de portar ilegalmente arma de fogo viola a
incolumidade pública.
2
CRIME: MATERIAL, FORMAL E DE MERA CONDUTA
Essa classificação leva em consideração o resultado naturalístico e a consumação
do crime.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 216
3
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL ............................................................................................. 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
Teorias.............................................................................................................................. 2
Teoria da Equivalência dos Antecedentes.............................................................. 2
Teoria da Causalidade Adequada .......................................................................... 4
1
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL
CONCEITO
O nexo causal, ou causa, é o vínculo estabelecido entre a conduta e o resultado.
A definição legal consta na parte final do art. 13, caput, do Código Penal:
TEORIAS
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES
A teoria da equivalência dos antecedentes, conhecida como conditio sine qua non,
afirma que causa é toda ação ou omissão sem a qual não teria ocorrido o resultado.
Da redação do art. 13, caput, do Código Penal, percebe-se que foi a teoria adotada,
como regra, no Direito Penal.
2
A adoção da teoria da equivalência dos antecedentes tem a vantagem de
simplificar o conceito de causa e afastar o subjetivismo do julgador.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, decidido a matar seu desafeto “B”, adquire uma arma
de fogo e, logo após, se hospeda num hotel próximo à residência da vítima. Na manhã
seguinte, “A” encontra “B” e dispara contra a vítima, que morre.
Anderson Tiago Meneguelli Oliva
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
3
Trata-se de uma crítica à teoria da equivalência dos antecedentes, pois a aplicação
do método da eliminação hipotética, em tese, levaria à responsabilização penal dos
ascendentes do criminoso.
Art. Anderson
13, § 1º - A Tiago Meneguelli
superveniência de Oliva
causa relativamente
independente exclui a imputação
andersontiago158@gmail.com quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.
031.721.292-33
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 265
4
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL ............................................................................................. 2
Concausas ...................................................................................................................... 2
Conceito ...................................................................................................................... 2
Concausas Absolutamente Dependentes .............................................................. 2
Concausas Absolutamente Independentes ........................................................... 2
Concausas Relativamente Independentes ............................................................. 3
Concausas Relativamente Independentes Supervenientes ................................. 4
1
FATO TÍPICO: NEXO CAUSAL
CONCAUSAS
CONCEITO
Concausas é a ocorrência de mais de uma causa para produzir o resultado.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A, com a intenção de matar, espanca “B” até desacordá-
lo. Logo após, “A” lança no mar a vítima, que acaba se afogando.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 271
2
- PREEXISTENTE: A causa efetiva do resultado é anterior à conduta do agente. Por
exemplo, “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, atingindo-o em regiões
vitais. Contudo, o exame necroscópico conclui ter sido a morte provocada pelo
envenenamento anterior efetuado por “C” 2;
2
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 210
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 271
4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 211
5
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 271
3
- CONCOMITANTE: A concausa ocorre simultaneamente à conduta do agente. Por
exemplo, “A” atira contra “B”, que, assustado, sofre uma parada cardíaca e morre;
4
Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, com a intenção de matar, atira contra “B”. A vítima,
contudo, é socorrida e levada de ambulância até um hospital. Logo após dar entrada, “B”
morre em razão de um incêndio que Tiago
Anderson atingiu o estabelecimento
Meneguelli Olivahospitalar.
andersontiago158@gmail.com
No exemplo, o incêndio não tem relação direta com o tiro, mas a vítima teve que ser
031.721.292-33
levada ao hospital por conta disso (concausa relativamente independente e
superveniente).
5
SUMÁRIO
FATO TÍPICO: TIPICIDADE ................................................................................................... 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) .......................................................................................... 3
Conceito ......................................................................................................................... 3
Excludente de Ilicitude .................................................................................................. 3
Causas supralegais de exclusão de Ilicitude .............................................................. 4
Conceito ...................................................................................................................... 4
Consentimento do Ofendido .................................................................................... 4
1
FATO TÍPICO: TIPICIDADE
CONCEITO
A tipicidade é a subsunção da conduta ao tipo penal, ou seja, ocorre quando o
agente pratica um fato descrito na lei como sendo uma infração penal.
2
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE)
CONCEITO
A antijuridicidade, também denominada de ilicitude, é a contrariedade da conduta
praticada e o ordenamento jurídico.
EXCLUDENTE DE ILICITUDE
É importante destacar que, para configurar uma infração penal, não basta que o
agente pratique uma conduta típica, é necessário verificar se não há no ordenamento
jurídico circunstância que a autorize, hipótese em que ocorrerá uma causa de exclusão
de ilicitude.
Por exemplo, “A” atira em “B”, pois, segundos antes, este havia apontado uma arma
em sua direção com o intuito de dispará-la.
Nesse caso, “A” age em legítima defesa que, apesar de ser uma conduta típica, não
é ilícita.
3
CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE
CONCEITO
Segundo a doutrina e jurisprudência, as causas de exclusão de ilicitude não se limitam
àquelas descritas no art. 23 do Código Penal, assim, é possível a existência de causas
supralegais.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Em regra, o consentimento do ofendido é uma hipótese de causa supralegal de
exclusão da ilicitude.
Dessa forma, quando o titular do bem jurídico permite a pratica de um fato típico por
terceiro, resta afastada a ilicitude da conduta.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 304
4
SUMÁRIO
ESTADO DE NECESSIDADE ................................................................................................. 2
Conceito ......................................................................................................................... 2
Teorias.............................................................................................................................. 3
Teoria Unitária.............................................................................................................. 3
Teoria Diferenciadora................................................................................................. 3
Requisitos......................................................................................................................... 4
Perigo Atual ................................................................................................................. 4
Situação de perigo não voluntária .......................................................................... 5
Perigo inevitável.......................................................................................................... 6
Perigo a bem próprio ou alheio ................................................................................ 6
Ausência do dever de enfrentar o perigo ............................................................... 6
Espécies........................................................................................................................... 7
Estado de Necessidade Defensivo ........................................................................... 7
Estado de Necessidade Agressivo
Anderson ............................................................................
Tiago Meneguelli Oliva 7
andersontiago158@gmail.com
031.721.292-33
1
ESTADO DE NECESSIDADE
CONCEITO
Segundo Jamil Chaim Alves1, o estado de necessidade é uma situação de perigo
atual e inevitável, na qual se faz necessário o sacrifício de um bem jurídico para a
preservação de outro.
1
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 290
2
TEORIAS
TEORIA UNITÁRIA
É a teoria adotada pelo Código Penal e afirma que há exclusão da ilicitude somente
quando o bem protegido tem valor igual ou superior ao sacrificado.
Segundo a teoria unitária, não será possível incidir a excludente de ilicitude, contudo,
nos termos do art. 24, §2º, do Código Penal, é admissível uma diminuição de pena de um
a dois terços.
Nesse sentido, caso o bem jurídico sacrificado seja de igual ou menor relevância, o
estado de necessidade será uma excludente de ilicitude (justificante).
Por outro lado, se o bem jurídico sacrificado for de maior relevância e desde que não
seja exigível um comportamento distinto do agente, o estado de necessidade será uma
excludente de culpabilidade (exculpante).
3
Portanto:
REQUISITOS
PERIGO ATUAL
O perigo atual é a característica essencial do estado de necessidade. Dessa forma,
é a sua existência que autoriza o indivíduo invocar a excludente de ilicitude.
4
De um lado, Nucci e Mirabete 2 , por exemplo, afirmam que o texto legal excluiu,
propositalmente, o perigo iminente, razão pela qual não seria possível invocar a
excludente de ilicitude.
Por outro, Damásio de Jesus e Flávio Monteiro Barros apontam que exigir do agente
que aguarde até o perigo se tornar real, mesmo em sua iminência, seria despropositado.
Assim, em situação de perigo iminente, seria possível alegar o estado de necessidade.
Nesse sentido, o art. 24 do Código Penal aponta a expressão “não provocou por sua
vontade”, circunstância que denota a exigência de dolo na conduta do agente.
2
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 291
5
PERIGO INEVITÁVEL
É importante destacar que se o agente tiver a possibilidade de evitar o perigo, não
será possível alegar que agiu em estado de necessidade.
Por exemplo, se o indivíduo for atacado por um cão feroz e tiver a possibilidade de
fugir, não lhe será autorizado matar o animal.
Tal preceito legal não significa que o agente deve realizar atos de heroísmo em seu
dever de enfrentar o perigo.
Nesse sentido, um bombeiro, que tem o dever de enfrentar um incêndio, não pode
ser obrigado a sacrificar a própria vida para salvar a de outrem.
3
Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 293
6
ESPÉCIES
ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO
Segundo Cleber Masson 4 , é aquele em que o agente pratica o fato necessitado
contra bem jurídico pertencente àquele que provocou o perigo.
Por exemplo, “A” mata o cão que o havia atacado, posteriormente, descobre-se que
o animal havia fugido de seu dono, “B”.
Por exemplo, “A”, para escapar de um caminhão que vinha na contramão, joga o
carro na calçada e acaba derrubando o muro da residência de “B”.
Dessa forma:
4
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 341
7
5
5
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Responsabilidade civil no caso de ato praticado em estado de necessidadee. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c410003ef13d451727aeff9082c29a5c>. Acesso em: 20/05/2021