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Contestação com Invocação de Exceção de Caso Julgado

Contestação com Invocação de Exceção de Caso Julgado

Comarca de Coimbra                              

Proc. nº ……                                              

Ação Comum

Ex.mo Senhor Juiz do

Juizo Local de Competência


Genérica de

Arganil

R……., Réu nos autos de ação com processo comum acima identi cados que lhe move  N……,

vem apresentar a sua

CONTESTAÇÃO

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

DA EXCEÇÃO DE CASO JULGADO

Pretende, o A., com a presente ação, ver declarada a sua propriedade sobre um quadro, representando a
gura do seu avô paterno, pintado pelo famoso pintor F…, que identi ca na douta p.i.,

Pedindo a condenação do Réu, seu tio, a reconhecer tal propriedade e, em consequência a entregar o
mesmo ao A., que, nas suas palavras, o deterá sem ter qualquer título que tal legitime e contra a vontade
do A., seu proprietário.

Sucede, porém, que a questão que constitui a causa de pedir do A. – o facto de ser proprietário do
referido quadro por ser o único herdeiro de seu pai, – foi já apreciada em ação proposta pelo Réu contra o
pai o A.,

Na qual foi declarado que o ora Réu, ali A., era dono e legítimo possuidor de tal quadro (que lhe fora
doado por seu pai por conta da sua quota disponível!), sendo o pai do A., ali Réu, condenado a reconhecer
essa propriedde e a respeitá-la.


/
Tal decisão foi proferida no processo …. da … do extinto Tribunal da comarca de ……, con rmada por
[1]
acórdão do Tribunal da Relação de ….., transitado em julgado , como resulta da certidão dessa decisão
que se junta e cujo conteúdo se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais (doc. nº 1).

Veri ca-se, assim, estar já decidida, por sentença judicial anterior e transitada em julgado, a questão
essencial trazida aos presentes autos pelo A. – os factos de que decorre a existência do direito de
propriedade do A. sobre o referido quadro -.

Sendo tal decisão tomada em processo em que eram parte o pai do A. e o ora Réu,

Sendo idênticos a causa de pedir e o pedido, tal como os de nem os nºs 2 e 3 do artigo 581º do CPC.

Na verdade,

Numa e noutra causas se pretende obter o mesmo efeito jurídico – a declaração de propriedade de uma
das partes sobre o mesmo bem – o que preenche o requisito nº 3 daquele preceito,

10º

Procedendo, claramente, a causa de pedir do mesmo facto jurídico – que é, no caso de ambas as ações, o
que deriva daquele direito real de propriedade – o que, igualmente, permite considerar preenchido o
requisito inscrito no nº 4 do artigo 581º do CPC.

11º

A tal dupla identidade – de pedido e causa de pedir – acresce, indiscutivelmente a identidade de sujeitos,
uma vez que as partes são as mesmas sob o ponto de vista da sua qualidade jurídica, tal como enuncia o
nº 2 do artigo 581º do CPC,

12º

Sendo absolutamente irrelevante o facto de o A. da presente ação não ser parte na ação anterior (uma vez
que ambos, o A. e seu Pai, este na ação anterior, ocupam a mesma posição jurídica),

13º

Sendo, igualmente, indiferente para a consideração dessa identidade, o facto de ocuparem posições
diversas no processo, sendo o A., parte ativa e tendo o seu pai assumido, na ação precedente, a posição
de réu.

14º

Torna-se,  assim,  necessário  concluir  estar-se  perante  ação  idêntica  quanto  aos sujeitos, ao pedido e à
causa de pedir, o que se traduz numa situação de repetição de causa de nida no nº 1 do artigo 581º do
CPC.

15º

Uma vez que a ação repetida (a ação proposta pelo ora réu contra o pai do A.) se mostra já decidida por
sentença que não admite recurso ordinário, haverá lugar à declaração da existência da exceção do caso
[2]
julgado, (cfr. nº 1 do artigo 580º do CPC ),

16º

Que constitui exceção dilatória prevista na alínea i) do artigo 577º do CPC, que obsta ao conhecimento do
mérito da causa, determinando a absolvição da instância do réu.

Sem prescindir,

POR IMPUGNAÇÃO

17º

Por mera cautela de patrocínio e para a hipótese – improvável – de o Tribunal considerar não se estar
perante uma repetição de causas geradora do invocado caso julgado, sempre se dirá não
corresponderem à verdade os factos articulados sob os nºs 1º a 9º da douta p.i., /
18º

Não sendo o A., mas antes o Réu, o dono e legítimo possuidor do objeto reivindicado pelo A. – quadro
representando o pai do réu e avô paterno do A..,

19º

Uma vez que este quadro lhe foi doado por seu pai, legitimo proprietário do mesmo, há mais de 15 anos,

20º

Desde então estando na posse do réu, pendurado na parede da sua sala de jantar à vista de todos os que
ai acedem – o que sucedia com o A.,

21º

Sem que este tivesse, em qualquer momento, reagido contra tal posse, legítima pelo réu, 

22º

Que, assim, sempre o teria adquirido por usucapião, forma de aquisição que apenas por imperioso
respeito pela existência de caso julgado não se invocará!

23º

Carece, assim, de fundamento a pretensão do A., que deve ser desatendida pelo Tribunal, absolvendo o
réu dos pedidos formulados.

Termos em que deve ser julgada procedente a exceção dilatória de


existência de caso julgado e o Réu
[3]
ABSOLVIDO DA INSTÂNCIA ,

ou, se tal não for entendido

ABSOLVIDO DO PEDIDO.

 
[4]
TESTEMUNHAS, cuja noti cação se requer,

1) M…., (pro ssão), residente em….

2) J….., (pro ssão), residente em….

 
[5]
VALOR : O sugerido pela A[6].

JUNTA: Um documento e procuração[7].

 
[8]
O(A) ADVOGADO(A)

(Nome pro ssional)

(Domicílio pro ssional)

(endereço de correio eletrónico)

[1]
 Esta circunstância de ter transitado em julgado a decisão proferida no processo que se pretende ser
agora repetido constitui o fator essencial para se considerar, perante a repetição de uma causa, estar-se
perante uma exceção de caso julgado e não de litispendência. Para que se veri que a exceção de /
litispendência – que também pressupõe nos termos do nº 1 do artigo 580º do CPC, a repetição de uma
causa – é necessário que a primeira causa ainda esteja em curso, ou seja, que não tenha ainda sido
decidida por sentença que não admita recurso ordinário.
[2]
 Nos termos do nº 2 do artigo 580º do CPC “tanto à exceção da litispendência como a do caso julgado
têm por m evitar que o Tribunal seja colocado na alternativa de contradizer ou de reproduzir uma
decisão anterior”. Com este propósito a declaração de procedência de uma destas exceções obsta ao
conhecimento do mérito da causa por parte do Juiz do processo instaurado em segundo lugar.
[3]
 Apesar de, por natureza, a decisão de absolvição da instância não impedir o autor dessa ação de
propor nova ação sobre o mesmo objeto, conforme prevê o nº 1 do artigo 279º do CPC, impõe-se concluir
que a absolvição da instância decidida com fundamento da existência de caso julgado, constitui uma
verdadeira objeção à propositura de nova ação… talvez, por isso, na versão do CPC anterior à reforma de
1985, a exceção de caso julgado constituía expresso fundamento de absolvição do pedido. Será, aliás, em
coerência com a alegação da existência de caso julgado que o réu não deduzirá pedido reconvencional
(como pareceria resultar dos factos alegados) pois o conhecimento deste pedido, a ser deduzido, estaria
também prejudicado pela decisão proferida na causa anterior, a qual é invocada para obstar ao
conhecimento do mérito da pretensão do autor.
[4]
 Nos termos da alínea d) do artigo 572º do CPC, o réu deve, no nal da contestação, apresentar o rol de
testemunhas e indicar outros meios de prova. Na indicação de testemunhas devem ser tidas em conta as
disposições insertas no nº 1 do artigo 498º, no nº 2 do artigo 507º e no nº 1 do artigo 511º, todos do CPC.
Nos termos da primeira, “as testemunhas são indicadas no rol pelos seus nomes, pro ssões e moradas”,
quando estes elementos sejam su cientes para as identi car; da segunda disposição decorre que as
testemunhas serão apresentadas pelas partes, salvo se tiver sido requerida, pela parte que as indicou, a
sua noti cação; na terceira disposição prevê-se o limite de 10 testemunhas (ou 5 em ações de valor não
superior à alçada do tribunal de 1ª instância), considerando-se não escritas as que excederem aquele
limite. O nº 4 do artigo 511º do CPC estabelece a possibilidade de o Juiz, por decisão irrecorrível, admitir
número de testemunhas superior àqueles limites se a natureza e extensão dos temas de prova o
justi car.
[5]
 O valor da presente ação terá sido sugerido pelo autor (não tendo sido impugnado pelo réu) em função
do valor do quadro em obediência ao critério enunciado no nº 1 do artigo 302º do CPC, nos termos do
qual “se a ação tiver por m fazer valer o direito de propriedade sobre uma coisa, o valor desta determina
o valor da causa”.
[6]Nos termos da alínea f) do nº 1 do artigo 552º do CPC, compete ao autor, na petição inicial, declarar o
valor da causa, podendo este valor ser impugnado pelo réu, na sua defesa, oferecendo outro valor em sua
substituição, (cfr. nº 1 do artigo 305º do CPC). Na hipótese de tal suceder, ter-se-á iniciado um incidente de
veri cação do valor, sumariamente regulado no artigo 308º do CPC. A aceitação pelo réu do valor sugerido
pelo autor, traduzida na expressão utilizada na minuta ou na simples não impugnação daquele valor, não
vincula o Juiz que, nos termos do nº 1 do artigo 306º do CPC, xa o valor da causa, sem prejuízo do dever
de indicação que impende sobre as partes. Prevê o nº 2 do artigo 306º do CPC que o valor da causa é
xado no despacho saneador, ou na sentença quando não haja lugar àquele, salvo nos processos de
liquidação ou noutros em que, analogamente, a utilidade económica do pedido só se de ne na sequência
da ação, tal como enunciado no nº 4 do artigo 299º do CPC.
[7]Nos termos do nº 1 do artigo 9º da Portaria 280/2013 de 26 de Julho, na redação que lhe foi dada pela
Portaria 170/2017 de 25 de Maio, “o responsável pelo prévio pagamento da taxa de justiça ou de outra
quantia devida a título de custas, de multa ou outra penalidade deve indicar, em campo próprio dos
formulários de apresentação de peça processual constantes do sistema informático de suporte à
atividade dos tribunais, a referência que consta do documento único de cobrança (DUC), encontrando-se
dispensado de juntar ao processo o respetivo documento comprovativo do pagamento. Deixou, assim, de
ser necessário juntar aos autos o documento comprovativo do pagamento prévio da taxa de justiça,
conforme era exigido por este preceito, na redação constante da Portaria 280/2013 de 26 de Agosto.
[8]
 Não integra o artigo 572º do CPC (Elementos da contestação) previsão semelhante à da alínea b) do
artigo 552º do CPC (Requisitos da petição inicial). Esta obrigação de identi cação do mandatário decorre
dos termos do nº 2 do artigo 221º do CPC, de acordo com o qual o mandatário judicial que assuma o
patrocínio na pendência do processo, comunica o seu domicílio pro ssional e endereço de correio
eletrónico ao mandatário judicial da contraparte.

/
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