Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
POLICIAL
BOOK
MEDICINA LEGAL
CAPÍTULO 1
Olá, aluno!
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins
de entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!
estrutura do CERS Book foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar
especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada
capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto
com a leitura de jurisprudência selecionada.
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!
1
● Recorrência da disciplina e de cada assunto dentro dela
● Questões comentadas
● Questão desafio para aprendizagem proativa
● Jurisprudência comentada
● Indicação da legislação compilada para leitura
● Quadro sinótico para revisão
● Mapa mental para fixação
2
Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para alcançar
a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que
um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para
o estudo da disciplina.
Bons estudos
3
SOBRE ESTA DISCIPLINA
Daremos início ao estudo da disciplina Medicina Legal. Via de regra, nos concursos de
Carreiras policiais, esta disciplina costuma ser cobrada, em especial, A carreira de Delegado de
polícia.
Vale acrescentar, por fim, que, como se constatará ao longo dos capítulos, os
Examinadores dos concursos voltados a carreira policial, vêm cobrando a disciplina de modo
abrangente. Deste modo, em que pese alguns temas sejam mais recorrentes, nenhum capítulo
deste material deve ser negligenciado.
4
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA
A partir da análise das últimas provas em que contemplam esta disciplina, verificou-se que a matéria
de Medicina Legal possui grande recorrência. Através destes dados, identificou-se quais os temas mais
cobrados na disciplina de Direito Penal.
6% 5%
2% 7% 11%
3%
8%
32%
26%
Perícias e Peritos
Antropologia Médico-legal
Traumatologia Médico-legal
Tanatologia Médico-legal
Sexologia Médico-legal
Embriaguez alcoólica
Toxicofilias
Psicopatologia Forense
Balística Forense e lesões por PAF
5
TEMAS RECORRÊNCI
A
Traumatologia Médico-legal
Perícias e Perito
Sexologia Médico-legal
Psicopatologia Forense
Embriaguez Alcoólica
Toxicofilias
6
Assim, os assuntos de Medicina Legal estão distribuídos da seguinte forma:
CAPÍTULOS
7
SOBRE ESTE CAPÍTULO
Prezado aluno, no presente capítulo iremos estudar o tema “perícias e peritos”, um dos
assuntos iniciais da disciplina de medicina legal.
naquelas voltas às carreiras policiais, baseando-se sobretudo nas doutrinas e nas legislações
pertinentes, ou seja, REDOBRE A ATENÇÃO em todos os dispositivos legais que indicaremos ao
decorrer da apostila, ok? Aconselhamos que, durante o estudo, a lei seca fique de lado para a
leitura em conjunto dos materiais, facilitando assim o seu aprendizado e compreensão do
assunto!
É válido ressaltar que, com a vigência do Pacote Anticrime, a legislação penal sofreu
algumas mudanças, inclusive no que diz respeito à sistemática dos Peritos e Perícias.
Vamos juntos!
8
SUMÁRIO
MEDICINA LEGAL 10
Capítulo 1 10
1. 12
1.3 Peritos 19
1.3.1 Atuação. 20
1.3.3 Nomeação. 21
1.4.1 Conceitos 34
1.6.1 Conceito 50
1.6.2 Notificações 51
1.6.3 Atestados 52
QUADRO SINÓTICO 60
QUESTÕES COMENTADAS 64
GABARITO 72
QUESTÃO DESAFIO 73
LEGISLAÇÃO COMPILADA 75
MAPA MENTAL 76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77
10
11
MEDICINA LEGAL
Capítulo 1
Por diversas vezes o magistrado se depara com situações em que, para decidir uma causa,
sejam: economista, engenheiro, botânico, armeiro, psiquiatra etc.), é que se faz imprescindível a
realização das perícias.
1. Perícias e Peritos
Atenção! Caro aluno, medicina legal é matéria presente em praticamente todos os editais de
carreiras policiais, ademais, como preceituado mais acima, o conhecimento sobre perícias
CPP. Exame de corpo de delito1 direto e indireto é um dos assuntos mais cobrado nas provas,
e não menos importante! Não deixe de dar ênfase a cadeia de custódia, inovação trazida pelo
pacote anticrime!
1
Questão 1
12
O conceito de perícia médico-legal pode ser definido basicamente como um conjunto de
procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de
interesse da justiça, relativos a questões estranhas ao meio jurídico em diferentes áreas. Assim,
é o procedimento médico (exames clínicos, laboratoriais, necroscopia, exumação) determinado
por autoridade policial ou judiciária, praticado por profissional da medicina visando a prestar
esclarecimentos à Justiça é denominado de perícia ou diligência médico-legal.
destacados ao longo da persecução penal, realizado por pessoa dotada de qualificação técnica
(perito), e que se materializa através da confecção de laudos, constituídos de uma peça escrita,
Vejamos como esse assunto costuma ser cobrado pelos concursos públicos:
(Cespe - Delegado de Polícia - PE/2016) Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito,
perito e perícia em medicina legal e aos documentos médico-legais, assinale a opção correta.
B) o atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para serventia nos autos de inquéritos e
processos judiciais, devendo ambos ser emitidos por perito oficial.
C) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área de sua competência incumbido
de realizar o exame.
13
D) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois peritos oficiais.
Gabarito: Alternativa A.
E, quando os fatos são relacionados à vida ou à saúde, tem-se então a perícia médico-legal.
já que funciona como instrumento pelo qual as fontes de prova seriam introduzidas no processo
penal. Outros doutrinadores entendem que ela é um elemento técnico que possui uma opinião
destinada à elucidação de fato relevante. Assim, o perito seria um auxiliar do magistrado, e não,
apenas um sujeito de prova.
“A perícia possui:
• uma parte objetiva (relacionada às alterações visíveis encontradas nas lesões e, nos
laudos, serão destacadas na "descrição");
• uma parte subjetiva (valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir divergências que
serão destacadas na parte de "discussão" dos laudos).” 2
2
FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Coleção Sinopses para Concursos – Medicina Legal 41, 2020, p. 45. Salvador:
Juspodivm.
14
Não é por outra razão que a maioria da doutrina afirma que a principal finalidade de uma
perícia é a perpetuação da materialidade e dos vestígios deixados pela prática de uma infração
penal, sendo o exemplo mais claro dessa afirmação o exame de corpo de delito, como uma das
mais importantes perícias disciplinadas no CPP.
Sabe-se que o tempo, na grande maioria dos casos, faz com que desapareçam os vestígios
deixados pela prática da infração penal, o que inviabilizaria a análise desses elementos em
momento posterior, quando ao tempo da instrução criminal após a instauração do processo
criminal. Por isso se dá a importância da realização de exame pericial e sua documentação feita
em pormenorizada análise e descrição dos peritos sobre os elementos que compõe o chamado
“corpo de delito”.
O Código de Processo Penal faz referência, em seu art. 158, quanto à necessidade do exame
pericial nos crimes que deixam vestígios.
É importante termos atenção que o novo artigo 158-A, §3º, do Código de Processo Penal,
incluído pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019), trouxe a definição do termo “vestígio”,
considerado como qualquer objeto, instrumento, marca, rastro, presente em um local de crime,
que possa ter relação com o suposto delito praticado.
Poderá ser perceptível, quando captado pelos sentidos humanos, ou latente, quando invisível,
demandando a utilização de meios de técnicas forenses para sua revelação. Senão vejamos a
literalidade da lei:
15
Art. 158-A.
(...).
Sobre o tema, é relevante o conceito e a distinção entre duas categorias de delitos apontadas
pela doutrina penalista:
● Crimes não transeuntes (delicta factis permanentis): são os crimes que deixam
vestígios, cuja prática da infração deixa rastros, pistas ou indícios perceptíveis pelos
sentidos, que tem como seu exemplo mais claro o homicídio (art. 121 do CP). No caso,
podem ser possíveis vestígios deixados pela infração o cadáver da vítima, manchas se
sangue, eventual arma apreendida no local do crime, vestes do suspeito, dentre outras
coisas.
decurso de tempo. Como exemplos, podem ser apontados os crimes de injúria verbal
(art. 140 do CP), desacato (art. 331 do CP), omissão de socorro (art. 135 do CP), dentre
outros.
a) Pessoas;
b) Cadáveres;
c) Objetos e instrumentos relacionados com a infração penal;
16
d) Nos animais presentes na cena do crime.
identidade, idade, raça, sexo, altura; diagnosticar gravidez, parto e puerpério; lesão corporal,
sociopatias; estupro e doenças venéreas; determinar exclusão da paternidade; doença e retardo
mental, simulação de loucura, e, ainda, investigar envenenamentos e intoxicações, bem como
Nos cadáveres possui como objetivo diagnosticar a realidade, a causa jurídica e o tempo da
morte; a identificação do morto; diferencias as lesões intra vitam e post mortem; realizar exames
toxicológicos nas vísceras do morto; proceder à exumação e extrair projéteis alojados no corpo.
Nos objetos e instrumentos, pode ter a finalidade de busca por pêlos, levantamento de
impressões digitais, exames de armas e projéteis (balística), caracterização dos agentes
Por fim, quando realizadas em animais presentes na cena do crime, pode ter o objetivo de
buscar projéteis de arma de fogo, caso o transeunte tenha sido alvo de algum disparo.
O art. 6º, I do CPP trata das diligências a serem efetivadas pelo Delegado de Polícia logo
que tiver conhecimento da prática da infração penal, dispondo que:
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
17
Amintas Vidal Gomes3 conceitua local do crime como:
A área em que haja ocorrido o delito com violência a pessoa ou coisa ou daqueles que
deixam ou possam deixar vestígios no lugar da consumação, bem como no sítio de preparo
dos meios materiais para o fato delituoso ou de ocultação do produto deste. Na expressão
local do crime compreendem-se também as cercanias do lugar em que se registrou o fato.
Para efeito de investigações, equiparam-se também a local de crime os lugares em que se
verificam mortes suspeitas, suicídios, desastres e incêndios.
Logo, por exemplo, para a constatação da qualificadora da escalada no delito de furto (art.
155, § 4º, II do CP), importante se faz a preservação do local para garantir a idoneidade da
Também é nesse sentido a orientação trazida pela norma constante do art. 169 do CPP:
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
Portanto, somente após a liberação dos peritos é que os objetos encontrados no local da
prática da infração serão apreendidos, podendo haver alteração na cena do crime.
3
GOMES, Vital Amintas. Manual do Delegado – Teoria e Prática, 7ª ed., atual e ampl./Rodolfo Queiroz Laterza.
Rio de Janeiro: Forense, 2012, p.100.
18
O art. 1º da Lei 5.970/73 excepcionou essa regra, excluindo de sua aplicação os casos de
acidente de trânsito, dispondo que a autoridade ou agente que primeiro comparecer ao local
do acidente poderá providenciar a imediata remoção das pessoas e/ou veículos envolvidos no
acidente, alterando assim a cena do fato, nos casos em que haja prejuízo para o tráfego na via
pública:
Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá
autorizar, independentemente de exame do local, imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem
como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policia lavrará boletim da ocorrência, nele
consignando o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao
esclarecimento da verdade.
Nesses crimes, além de descrever os vestígios, os peritos indicarão que instrumentos, por
e II do CP.
19
O laudo pericial então embasará todo o transcorrer da persecução penal, desde o
indiciamento no inquérito policial até a denúncia oferecida pelo órgão acusador e a posterior
sentença do magistrado.4
● Avaliação pericial.
prejuízo sofrido pela vítima. Servirão de análise as coisas destruídas, deterioradas ou que
constituam produto do crime. A avaliação poderá ser:
apreendido.
por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem das diligências
operadas no inquérito.
É importante destacar que o delegado de polícia deve requisitar a avaliação pericial mesmo
Dessa forma, o laudo de avaliação do prejuízo causado pela prática da infração servirá para:
4
Vide questão 4
20
🡺 Para o reconhecimento e aplicação de privilegiadora nos crimes patrimoniais que a
admitem (art. 155, § 2º; e art. 171, § 1º, ambos do CP);
🡺 Para a fixação do patamar mínimo indenizatório pelos danos causados pela infração, por
● Exame grafotécnico.
O exame grafotécnico ou caligráfico é uma espécie de perícia técnica que tem por objetivo
o reconhecimento de escritos, através da comparação de letra constante em documentos ou
papéis relacionados com a prática de determinada infração, que são atribuídos à lavra ou autoria
de determinada pessoa.
I. A pessoa a quem se atribua ou possa se atribuir o escrito será intimada para o ato,
caso seja encontrada;
II. Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou
IV. Quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos,
a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente
a pessoa, mas em lugar certo, esta diligência poderá ser realizada mediante a
21
expedição de carta precatória, em que se consignarão as palavras que deve
escrever;
● Instrumentos do crime.
eficiência (art. 175 do CPP). Assim, em caso de homicídio no qual se utilizou de uma faca para
a execução, o laudo deverá descrever a natureza do instrumento, bem como sua eficiência para
a causalidade do dano à integridade física ou vida da pessoa que fora vítima do delito.
O art. 6º, II do CPP trata da apreensão dos objetos que guardem relação com o crime, a
fim de propiciar posterior perícia, a exemplo da arma utilizada pelo agressor em uma tentativa
de roubo, uma carta subscrita apelo agente, na qual ameaça a vítima, dentre outros.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
(...)
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
1.3 Peritos
Portanto, sua atuação deve sempre se pautar pelas disposições legais determinadas pelo
CPP, estando os peritos, oficiais ou não, sujeitos à disciplina judiciária, conforme determina
o art. 275 do referido diploma legal.
Há uma distinção que deve ser feita entre perito criminal e perito legista. O legista é aquele
que atua na realização de perícia médica, feita em seres humanos vivos ou mortos, inteiros
ou em partes. Assim, sempre que a perícia envolver um assunto médico, quem atuará na
realização do exame e elaboração do respectivo laudo será o perito legista. Podemos citar como
exemplos os laudos cadavéricos de autópsias, análise de lesões corporais em pessoas vivas para
caracterizar o grau da lesão, exame sexológico para análise de vestígios deixadas por crimes
Os peritos legistas, no Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, são os especialistas que atuam
na área da Medicina Legal (médicos, dentistas, toxicologistas e farmacêuticos).
O perito criminal, por sua vez, tem sua área de atuação determinada por um critério de
exclusão ou subsidiário, ou seja, atua em quaisquer perícias que não envolvam assuntos
médicos, tais como análise e coleta de provas no local do crime, realização de exame de balística
para o estudo de projéteis encontrados na cena do crime ou mesmo no corpo da vítima, análise
de substâncias químicas encontradas no corpo da vítima, elaboração de laudo preliminar de
substância toxicológica para atestar sua natureza como sendo droga, dentre outras perícias. São
5
FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Coleção Sinopses Para Concursos – Medicina Legal. 2020, p. 50, Salvador: Juspodivm.
23
1.3.1 Atuação.
Embora de grande importância na função jurisdicional, é certo que a atuação dos peritos é
limitada, pois que eles não julgam, não defendem nem acusam.
A eles incumbe apenas a análise do estado das coisas no local de ocorrência da infração, o
exame das armas ou instrumentos encontrados no local do crime e que com ele guardem
relação, das lesões (se houver), realização de exame cadavérico6, sintomas apresentados em
pessoas vivas e a respectiva sequela natural, prestando minucioso relatório através de laudo,
esclarecendo assim os fatos relevantes para as autoridades oficiais que atuam na apuração do
crime.
A atuação dos peritos, portanto, se resume a examinar e relatar fatos de natureza específica
e caráter permanente de esclarecimento necessário num processo. O perito analisa e refere;
É função do perito verificar o fato, indicando a causa que o motivou, conforme a sua opinião
embasada cientificamente.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
28.3.1994)7
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
6
Questão 3
7
Vide questão 06
24
De acordo com o referido dispositivo legal, os peritos devem descrever detalhadamente o
que estes examinarem e responder aos quesitos que forem realizados, elaborando o laudo
pericial no prazo máximo de 10 dias, lapso temporal que pode ser estendido, em casos
excepcionais, desde que sejam requeridos pelos especialistas.
Caso o laudo pericial não tenha observado as formalidades ou foi de alguma forma obscuro,
omisso ou contraditório, o magistrado ordenará suprir a formalidade, complementar o
documento ou esclarecer o laudo, conforme dispõe o art. 181, caput, do CPP.
1.3.3 Nomeação.8
A escolha do perito cabe ao juiz da causa, seja no âmbito cível ou criminal, que deverá
8
Vide questão 2
25
A Lei 12.030/09, que estabelece as normas gerais para perícias oficiais de natureza criminal,
assegura autonomia técnica, científica e funcional no exercício de perícia oficial de natureza
Peritos médicos-
Formação superior em medicina.
legistas
Peritos odonto-
Formação superior em odontologia.
legistas:
9
Pode ocorrer, no caso concreto, a hipótese de nomeação, pelo juiz, de peritos não oficiais
O art. 159, § 1º do CPP determina que, nas comarcas em que não haja peritos oficiais, é
permitido à autoridade judiciária designar duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de
curso superior, escolhidas preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação
técnica relacionada à natureza do exame.
9
Vide questão 8
26
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
Essa é, portanto, a única exceção trazida pela lei que permite a atuação de peritos não oficiais
em demandas judiciais nas quais se faça necessária a realização de exame pericial. O
que lhes foi atribuído (art. 159, § 2º do CPP), diferentemente dos peritos oficiais, que não
necessitam de juramentação para cada perícia que realizarem. Por serem vinculados a órgãos
27
Em resumo, a nomeação dos peritos pode ser ilustrada a partir do seguinte esquema:
(CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal). Acerca da prova no processo
penal, julgue o item a seguir. Na falta de perito oficial para realizar perícia demandada em
determinado IP, é suficiente que a autoridade policial nomeie, para tal fim, uma pessoa idônea
com nível superior completo, preferencialmente na área técnica relacionada com a natureza do
exame.
Gabarito: ERRADO.
que atuará no caso, não podendo as partes do processo influenciarem na nomeação do perito,
conforme dispõe o art. 276 do CPP:
28
O que poderá acontecer é as partes indiquem seus assistentes técnicos, que são os peritos
de confiança das partes, que irão auxiliar o perito oficial, não o substituindo.
O perito, quando nomeado pelo juiz para a realização da perícia, é obrigado a aceitar o
encargo, seja ele oficial ou não, pois exerce o chamado “ múnus público”, dever de cooperar
para realização da justiça. Só é possível ao perito recusar o encargo judicial caso apresente um
motivo plausível para tanto, que justifique a sua impossibilidade de atuar naquela demanda,
conforme dispõe a parte final do art. 277 do CPP.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena
de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Isso porque, estando os peritos sujeitos à disciplina judiciária, a eles se aplicam as mesmas
causas de suspeição e impedimento atinente aos juízes, razão pela qual é perfeitamente possível
que um perito decline de sua atuação em um dado processo, desde que o faça de maneira
Caso se neguem a aceitar o encargo, ou, ainda, deixem de atender à intimação, não
compareçam ao local da perícia ou obstem à realização da perícia e confecção do respectivo
laudo, estarão sujeitos a multa estipulada pelo aludido art. 277 do CPP, nas hipóteses de seu
caput e parágrafo único.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
imediatamente:
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.
29
Caso o perito se recuse a comparecer no local do crime para a realização da perícia, é
possível a sua condução coercitiva, nos moldes do art. 278 do CPP:
Art. 278. No caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridadepoderá
determinar a sua condução.
É vedado ao médico:
Art. 92 Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal caso não tenha
realizado pessoalmente o exame.
Art. 93 Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer
outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em
que atue ou tenha atuado.
Art. 94 Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos
profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado,
reservando suas observações para o relatório.
Art. 97 Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito,
procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em
30
situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente,
comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente.
Art. 98 Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito
ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua
competência.
Parágrafo único. O médico tem direito a justa remuneração pela realização do exame
pericial.
Caro aluno, é importante ressaltar que o médico perito NÃO está impedido de exercer outra
especialidade em sua clínica particular e em hospitais. Assim, pode ser que se veja diante do
Ademais, lembre-se que, como regra, o médico JAMAIS poderá ser o perito no caso de
paciente que atendeu, tratou ou até mesmo o acompanhou, pois não poderá realizar a perícia
de maneira imparcial.
Dos peritos, oficiais ou não, nomeados pelo juiz se exige uma atuação imparcial, razão pela
qual se aplicam também aos peritos as mesmas hipóteses de suspeição relativas aos
magistrados, conforme o art. 279 do CPP.
31
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos
juízes.
A hipótese elencada no inciso I, após a reforma do Código Penal, agora está trabalhada no
art. 47 do CP, no que se refere à interdição temporária para o exercício das funções habituais,
Também são impedidos de oficiarem no processo aqueles que nele já tiverem prestado
depoimento na qualidade de testemunha, por exemplo, sendo defeso ao mesmo tempo o
Em que pese a equiparação das menoridades civil e penal, estando agora em 18 anos, a
maioria da doutrina ainda entende que continua válida a previsão legal acerca da vedação de
A perícia será realizada em instituições oficiais, a não ser que existam elementos materiais
que não possam ser removidos ou que haja necessidade de o perito ter uma noção da cena
que determinada situação ocorreu.
Quanto ao momento da realização da perícia médica, esta pode ser solicitada em qualquer
fase, seja durante o inquérito policial, seja durante a instrução criminal, ou até mesmo após da
sentença para que haja avaliação da imputabilidade nas doenças mentais supervenientes.
32
Segundo Bittar:
Na fase de inquérito policial, pode ser feita qualquer perícia, mas apenas os exames de
corpo de delito são elencados como pressupostos de validade no art. 564, III, b do CPP,
ressalvado o disposto no art. 167 do mesmo diploma legal, hipótese em que apenas será
admitida a prova testemunhal quando houveram desaparecido os vestígios, a qual não
tem o mesmo valor probante de corpo de delito direto. Havendo vestígios, como nem a
confissão do acusado afasta a necessidade de exame de corpo de delito, não pode o juiz
ou a autoridade policial negar-se a deferi-lo quando requerido pelas partes (Art. 184 do
CPP), pois o desaparecimento dos vestígios vai impedir a sua posterior análise e pode
comprometer o estabelecimento do nexo de causalidade com futuras complicações. Já as
outras perícias podem ser negadas quando desnecessárias ao esclarecimento da verdade. 10
Assim como qualquer outro profissional, os peritos podem eventualmente vir a ser
responsabilizados por ato ilícito cometido durante sua atuação, nos termos da legislação vigente.
dispositivos trazem as hipóteses em que poderá o perito ser responsabilizado quando sua
atuação gerar dano a alguém, quando restarem configurados os elementos subjetivos do dolo
ou da culpa, bem como traz, no caso do art. 158 do CPC, as respectivas sanções aplicáveis.
No que tange à responsabilidade criminal dos peritos, é certo que sua atuação é passível de
configurar a prática de alguns crimes previstos na legislação penal vigente.
10
BITTAR, Neuza. Medicina Legal e noções de Criminalística. 9ª edição. 2020, p. 33. Salvador: Juspodivm.
33
(CESPE/CEBRASPE - Médico Legista - PC-MA/2018) Um perito médico legista não incluiu
propositalmente em seu laudo necroscópico o resultado da alcoolemia de um cadáver que ele
Gabarito: Alternativa B
Assim, a depender do caso, poderão os peritos incorrer na prática dos seguintes crimes e
restar sujeitos a suas respectivas penas:
34
Art. 317 do
Corrupção passiva:
Código Penal.
Crime de falso
Art. 342 do
testemunho ou
Código Penal.
falsa perícia:
Podem requisitar a perícia, na fase de inquérito, a autoridade policial civil, militar ou federal
Dessa forma, segundo o inciso VII, do CPP, logo que tiver conhecimento da prática da
infração penal, a autoridade policial deverá determinar, se for o caso, que se proceda o exame
Por sua vez, na fase processual, quem será competente é a autoridade judiciária.
35
Os peritos, sendo estes oficiais ou não, JAMAIS poderão ser indicados pelas partes, pois a
determinar diretamente a perícia ao IML, vez que em tese também possui poderes investigativos
de acordo com sua lei orgânica estadual e federal. Além do mais, se o MP pode oferecer a
denúncia, também pode pedir a perícia necessária à produção de prova que a embasa.
Em que pese esse entendimento ser refutado pelas autoridades policiais, a proposta de
EC (PEC 37) que sugere a inclusão de um novo parágrafo ao art. 144 da CF/88, que trata da
segurança Pública, limitando o poder de investigação do MP, à apuração de infrações penais
policial. Por isso mesmo é que não há falar em exceção de suspeição em se tratando de
assistentes técnicos.
11
Vide questão 04
36
No Processo Civil o tema é disciplinado a partir do art. 465:
(NCPC) Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de
imediato o prazo para a entrega do laudo.
(...)
Art. 466. o perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.
(...)
Art. 475- Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um
assistente técnico.
que seja pertinente à perícia realizada nos autos. Sua atuação na persecução penal consiste em
confrontar o laudo pericial confeccionado pelos peritos atuantes no processo.
De acordo com o art. 159, § 3º do CPP, podem requisitar a atuação de assistentes técnicos:
37
A atuação do assistente técnico depende de admissão pelo juiz da causa, e terá cabimento
Durante o curso do processo, é facultado às partes indicar assistentes técnicos, que poderão
apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz, ou até mesmo ser inquiridos em audiência.
Os assistentes técnicos poderão analisar o material probatório que serviu de base para a
perícia, mas somente dentro do ambiente do órgão oficial e na presença dos peritos oficiais.
É importante destacar que os assistentes técnicos não podem ser considerados como
funcionários públicos, diferentemente da disciplina acerca dos peritos oficiais, elencados no art.
159, caput do CPP. Assim, caso venham a praticar falsidades no seu ofício, a análise deverá ser
Com a vigência do pacote anticrime, o Juiz pode deferir o pedido de admissão de assistente
técnico para acompanhar a produção da perícia, conforme preceitua o art. 3º-B, XVI, do CPP:
(CPP) Art. 3°-B. o juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido
reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
38
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da
perícia;
elaborem pedido ao Juiz das Garantias sobre a admissão para que o assistente técnico, apenas,
acompanhe a produção da perícia.
Resumindo: A atividade desempenhada neste caso será passiva, como mero coadjuvante na
produção de prova técnica. No entanto, isso fará com que as partes que propuserem o assistente
ganhem certo tempo na formulação dos seus pareceres, conforme o art. 159, §5º, II do CPP:
(CPP) Art. 159. o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei n° 11.690, de 2008)
II - indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado
pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei n° 11.690, de 2008)
1.4.1 Conceitos
Caro Aluno, é importante que você não confunda “corpo de delito” com “exame de corpo
vestígios deixados pelo crime, ou seja, diz respeito à materialidade da infração penal.
12
Vide questão 11
39
b) Exame de corpo de delito: É uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos
ou científicos sobre os vestígios deixados pela infração penal, seja para fins de comprovação da
Nas infrações que deixam vestígios, assim denominadas como crimes materiais, a realização
do exame de corpo de delito é indispensável, visando assim à comprovação da materialidade
Nessa categoria de infrações penais, o exame de corpo de delito não poderá ser suprido
nem mesmo pela confissão do acusado, comprovando assim a relatividade do valor probatório
desta como meio de prova, que, pelo sistema da livre apreciação da prova, deverá ser
confrontada com os demais meios de prova produzidos no processo.
O exame de corpo de delito pode ser realizado de duas formas, as quais caracterizam o
O próprio Código de Processo Penal estabelece no seu art. 169, que logo após a prática da
uma infração penal a autoridade policial terá que isolar o local do crime, para que não se altere
CPP.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
40
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquemas elucidativos.
O perito tem um prazo para a elaboração do laudo pericial, o qual corresponde ao período
de 10 dias, podendo ser prorrogado se houver necessidade, mediante autorização do juiz.
CPP.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente
o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
existência da infração através de meios outros que não o contato direto dos peritos
com os vestígios deixados pela infração penal. (ex.: prontuário médico lavrado após
o cometimento de lesões corporais, mas que, no entanto, não se foi feita a perícia
das lesões por órgão oficial do Estado, bem como fotografias da lesão)13.
13
41
A maioria da doutrina entende que também pode servir como meio indireto de constatação
da materialidade delitiva a prova testemunhal.
CPP.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Tanto o exame de corpo de delito direto quanto o indireto é necessário no processo dos
crimes materiais para efeito de viabilizar uma condenação, pois ao final do processo, caso o juiz
Inclusive, este assunto costuma ser cobrado frequentemente por diversas bancas
examinadoras, portanto, não custa dar mais uma atençãozinha aqui, ok? Vejamos um exemplo
de como este tema foi cobrado na prova de Delegado de polícia civil do Estado de Minas Gerais:
(FUMARC - Delegado de Polícia - PCMG/2018) No que tange à perícia oficial e em acordo com
o CPP, é CORRETO afirmar:
(A) É facultada ao acusado a indicação de assistente técnico, após admissão pela autoridade
policial.
(B) Entende-se por perícia complexa aquela que abrange mais de uma área de conhecimento
especializado.
42
(C) Faculta-se ao Ministério Público e ao assistente técnico do querelante a formulação de
quesitos a qualquer tempo do inquérito policial.
(D) Na falta de perito oficial, qualquer contribuinte poderá exercer o mister, desde que não
inadimplente com impostos públicos, e que seja admitido pelo delegado de polícia presidente
do inquérito.
Gabarito: Alternativa B
No entanto, em regra geral, ambas as modalidades de exame de corpo de delito não são
indispensáveis para a propositura da ação, pois ele poderá ser realizado no curso do processo
judicial.
Existem, no entanto, algumas hipóteses em que a lei vai exigir o exame de corpo de delito
para que haja a propositura da ação penal, seja direto ou indireto, constituindo o exame de
corpo de delito uma condição específica de procedibilidade.
É o que acontece nos crimes previstos na lei de drogas, onde se exige para a instauração
autorais).
A falta de exame de corpo de delito, nestes casos, acarretará a rejeição na inicial acusatória
por falta de condições da ação.
Lei 11.343/06.
Art. 50 (...)
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.
43
CPP.
Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não
será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam
o corpo de delito.
A Lei nº 13.721/2018 acrescenta um parágrafo único ao art. 158 do CPP afirmando que
deverá ser dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime
que envolva:
CPP.
Art. 158. (...)
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito
quando se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
que pode ser entendida como o registro da movimentação dos elementos que compõem o
corpo de delito, assegurando a preservação dos vestígios desde o primeiro contato até o
descarte.
44
Cabe ressaltar que o Código de Processo Penal já trazia em outros dispositivos, a
precaução acerca da preservação dos elementos informativos e provas. Como se pode verificar
no artigo 169, que dispõe sobre o procedimento de preservação do local do crime até a chegada
dos peritos criminais. No mesmo sentido, determina o artigo 6º que a autoridade policial
providencie para que não se alterem o estado de conservação das coisas, até a chegada dos
peritos criminais.
Desse modo, a inserção do artigo 158-A do CPP, pelo Pacote Anticrime definiu o conceito
45
9) Armazenamento: guarda do material para eventual utilização posterior;
10) Descarte: liberação do vestígio.
No que tange à cadeia de custódia, a importância na seara da medicina legal deste instituo
se baseia na preservação de vestígios, que poderão se transformar em verdadeiros meios de
provas no curso da lide processual. Além de se garantir a integridade e idoneidade das amostras,
também se faz possível que possa rastrear todo o processo que originou determinado exame
pericial.
Ainda sobre o tema, de acordo com o artigo 158-C do CPP, caberá preferencialmente ao
perito oficial a coleta dos vestígios, que deverão ser encaminhados a uma central de custódia.
Esta, por sua vez, será destinada à guarda e controle dos vestígios, devendo compor os quadros
de todos os Institutos de Criminalística.
A regra geral é a de que o exame de corpo de delito será realizado por um perito oficial.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
É possível que haja a nomeação de mais de um perito oficial para a elaboração do laudo, nas
chamadas perícias complexas14.
Em regra, a perícia é realizada por um perito, conforme o caput do Art. 159, CPP. No entanto,
CPP.
Art. 159 (...)
14
VIDE QUESTÃO 10 DESTE MATERIAL.
47
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito
oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
Quando o juiz determina a realização de uma perícia, deverá intimar as partes para que,
querendo, elaborem quesitos para que o perito oficial responda, no prazo de 10 dias. É
possível, ainda, que as partes façam a indicação de um assistente técnico, que são os peritos de
confiança das partes, que somente atuarão após a confecção do laudo pelo perito oficial.
● Até quando podem nomear assistentes técnicos: Podem ser indicados somente
na fase de processo judicial – nunca durante a fase investigativa, pois o CPP prevê
que o assistente técnico só poderá ingressar no processo após a sua admissão pelo
juiz da causa, presumindo-se assim que já houve a devida instauração do processo.
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão
dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas
desta decisão.
48
Os assistentes técnicos podem ter contato direto com os vestígios deixados pela infração,
porém somente no local onde os objetos da infração estiverem guardados, e sob a fiscalização
do perito oficial.
O perito oficial tem necessariamente que ser imparcial no processo, inclusive se aplicando a
eles as hipóteses de suspeição referente aos magistrados. Os assistentes técnicos, no entanto,
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.
A perícia que deverá prevalecer é a que mais for compatível com os demais elementos
inseridos no contexto probatório do processo, não sendo necessariamente a que foi elaborada
pelo perito oficial, podendo inclusive o juiz decidir sem ter por base os laudos periciais – o juiz
não se vincula a perícia, pois o sistema é o liberatório e não o vinculatório.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.
49
Uma vez elaborada a perícia, as partes podem querer ouvir o perito para fins de melhor
esclarecimento do laudo e saneamento de eventuais dúvidas quanto a ele. Nesse caso, o perito
CPP.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
se, em seguida, o acusado.
Caso seja necessária a oitiva do perito, as partes deverão fazer uma solicitação prévia nesse
sentido, conforme o teor do art. 400, § 2º do CPP:
O requerimento prévio deve ser feito no prazo mínimo de 10 dias antes da audiência de
instrução e julgamento, já devendo apresentar previamente os quesitos que o perito deverá
esclarecer em audiência.
50
necessário se verificar se o laudo complementar de destina especificamente aos crimes de
lesão corporal, ou se o laudo complementar se destina a outras perícias.
Isso porque há uma particularidade em relação ao delito de lesão corporal que interfere
necessariamente na própria tipificação da conduta. No art. 129, § 1º, I do CP está tipificado
o crime de lesão corporal grave na hipótese em que, por conta da prática da infração, a
vítima ficar impossibilitada para a prática de suas atividades habituais por mais de 30 dias.
Nesse caso, há uma obrigatoriedade de realização de novo exame pericial na vítima após
transcorrido esse lapso temporal de 30 dias, a fim de atestar suas atuais condições físicas e
atestado pelo laudo complementar de exame de corpo de delito, a conduta será enquadrada
no crime de lesão corporal grave, nos termos do art. 129, § 1º, I do CP. Caso tenham
desaparecido os vestígios da lesão praticada, ou, ainda, embora presentes, não impeçam a
vítima de desempenhar suas atividades rotineiras, o crime será o de lesão corporal leve,
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a
exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
(...)
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser
feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
51
de passados 30 dias da prática do crime e da realização do primeiro laudo, conforme o teor
do § 2º do art. 168 do CPP.
Essa é, portanto, uma hipótese em que o exame e laudo complementares são obrigatórios!
52
A ausência desse laudo ocasiona a desclassificação da lesão corporal grave para a lesão
corporal leve.
Não tendo como se comprovar, passados os 30 dias, a incapacidade para o exercício das
ocupações habituais, poderá haver comprovação por meio de prova testemunhal, como
forma de exame de corpo de delito indireto, conforme determina o art. 168, § 3º do CPP:
poderá ocorrer ou não, a depender do caso concreto, nas hipóteses em que o primeiro laudo
for incompleto.
constatar uma contradição, omissão ou obscuridade num laudo, o juiz PODERÁ determinar
a realização de um segundo laudo complementar15.
15
VIDE QUESTÕES 7 E 9 DESTE MATERIAL.
53
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades
ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou
esclarecer o laudo.
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame,
por outros peritos, se julgar conveniente.
Não existe, portanto, um limite de perícias a serem realizadas dentro de um mesmo processo,
conforme o teor do art. 180 do CPP:
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as
declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu
laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá
mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Se uma perícia é realizada por meio de carta precatória, a designação dos peritos é feita
pelo Juízo deprecado, sendo esta a regra geral para a realização desse tipo de perícia.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado.
Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser
feita pelo juiz deprecante.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
54
1.5 Questões controvertidas
O assunto de Perícias e Peritos possui algumas questões que merecem ser pontuadas e
debatidas. Vamos lá?
Com a entrada em vigor da lei 13.245/16, houve a alteração do Estatuto da Ordem dos
(...)
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de
todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela
Lei nº 13.245, de 2016)
(...)
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício
dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso
do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda
55
não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência,
da eficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 13. O disposto nos incisos XIII e XIV do caput deste artigo aplica-se integralmente a
processos e a procedimentos eletrônicos, ressalvado o disposto nos §§ 10 e 11 deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.793, de 2019)
Assim, não há óbice que o patrono do investigado o assista durante a prova pericial, que
geralmente irá ocorrer na fase de inquérito.
Outra questão que merece ser debatida é a possibilidade de produção de prova no Tribunal
do Júri. De acordo com o parágrafo terceiro do art. 473 do CPP, as partes e os jurados poderão
Assim, conclui-se que os peritos podem ser chamados para esclarecer aspectos da perícia
realizada também quando se tratar de Tribunal do Júri.
§ 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso aos autos e aos instrumentos
do crime se solicitarem ao juiz presidente.
E, será nessa fase que os jurados poderão solicitar prova pericial, cujo deferimento
desconstituir a sentença contaminada por erro judiciário, contanto que antes da extinção da
punibilidade.
Como pode ser visto, o inciso II elenca decisão fundada em exame falso, incluindo a perícia
médico legal e do local de crime, desde que tenham influído decisivamente na conclusão.
57
Já o inciso III, se refere à descoberta de provas novas em favor do acusado,
independentemente dos elementos de prova já existissem por ocasião do processo, mas que
Assim, na seara da medicina legal, a repetição ou produção de nova prova pericial dependerá
da durabilidade dos vestígios, podendo a perícia correr em processo à parte ou dentro da
1.6.1 Conceito
Segundo Genival Veloso de França17, “documento é toda anotação escrita que tem a
finalidade de reproduzir e representar uma manifestação de pensamento”.
exposição verbal e documentos escritos por médicos e/ou peritos, com a finalidade de elucidar
a Justiça e servir de prova pré-constituída de fatos neles representados.
1) Notificações;
2) Atestados;
3) Relatórios;
4) Pareceres;
5) Depoimentos orais;
16
BITTAR, Neuza. Medicina Legal e noções de Criminalística. 9ª Ed. Salvador: Juspodivm. 2020, p. 49
17
FRANÇA; Genival Veloso de. Medicina Legal, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014, p. 25.
58
Vamos agora analisar o conceito e as principais características de cada um separadamente.
1.6.2 Notificações
As notificações nada mais são do que comunicações compulsórias feitas por profissionais
1.6.3 Atestados
escrito, de um fato médico e de suas possíveis consequências. Pode ser emitido por qualquer
médico no exercício regular de sua profissão, a fim de sugerir um estado de doença, para
59
Os atestados oficiosos são aqueles solicitados pelos pacientes a seus respectivos médicos
a fim de justificar a falta ao trabalho, aulas ou quaisquer outras atividades rotineiras de seu
interesse.
Já os atestados administrativos são os solicitados pelo servidor público para fins de gozo
de licenças, aposentadorias ou abono de faltas a que façam jus.
Os atestados judiciários, por sua vez, são aqueles cujo interesse é pertinente à Justiça,
sendo assim sempre requisitados pelos juízes no exercício da prestação jurisdicional.
18
O atestado médico, muito embora deve necessariamente atender à veracidade das
informações nele constantes, é um documento que não exige compromisso legal!
Também é importante frisar que a veiculação de informações falsas no bojo dos atestados
médicos pode configurar na prática os crimes de falsidade ideológica (art. 299 do CP) ou
falsidade de atestado médico (art. 302 do CP), conforme o caso.
Nesses casos, para que haja a caracterização dos referidos crimes, é necessário que o
profissional da medicina haja com dolo, consistente na vontade livre e consciente de falsear a
atestação, visto que os referidos crimes, em sendo catalogados entre os crimes contra a fé
18
Vide questão 05
60
Embora não se obrigue ao atestado uma forma fixa, é conveniente que dele constem quatro
partes: nome e sobrenome do médico, seus títulos e qualidades; qualificação do paciente; o
estado mórbido e demais fatos verificados; e, por fim, as consequências do que foi apurado.
O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo o seu fornecimento direito
inalienável do paciente (art. 1º da RES. CFM nº 1.658/2002, alterada parcialmente pela RES. CFM
nº 1.851/2008).
O atestado médico será falso quando afirmar uma inverdade, negar ou omitir algum fato
verídico, ou, até mesmo quando este for emitido sem o paciente ter realizado nenhum exame
médico. Assim, a falsidade deste documento será ideológica, afetando diretamente o que
dispõe.
profissional médico deve detalhar o tempo concedido de dispensa da atividade, que será
necessário para a recuperação do obreiro, conforme preceitua o art. 3º da Resolução 1658/2002.
É interessante salientar que os finais de semana devem estar inclusos no prazo do atestado
médico.
Por sua vez, os atestados de óbito são os dados de ordem médica constantes do bloco V
Art. 77. Nenhum sepultamento será feito sem certidão do oficial de registro do lugar do
falecimento ou do lugar de residência do de cujus, quando o falecimento ocorrer em local
diverso do seu domicílio, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do
atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
61
Nas mortes naturais, o médico assistente é obrigado a assinar o atestado de óbito, mas se
na localidade inexistirem médicos, o documento pode ser assinado por qualquer pessoa
qualificada.
o óbito.
Mas, você sabia que não só existe a morte natural? Não? Bom, preparei este pequeno
esquema para você saber diferenciar! (não se preocupe! Nos próximos capítulos este
Ademais, na morte natural, o médico não poderá atestar o óbito quando este não tenha
dado assistência, ou quando não existir o diagnóstico da causa mortis.
É válido ressaltar que o atestado de óbito pode conter duas causas da morte quando, diante
de duas lesões que tenham condições suficientes para terem ocasionado o óbito, não conseguir
62
determinar qual delas desencadeou o evento, sejam por serem da mesma intensidade, ou por
ser impossível saber qual delas ocorreu primeiro.
Porém, durante o período que estamos vivendo, pode surgir uma dúvida: - Mas professora,
e como será a situação de morte em período de pandemia???
Bom, no caso de pandemia, deve-se alinhar a maior certa no diagnóstico da causa mortis
Dessa forma, os casos não devem ser encaminhados para a realização da autópsia nos SVOs
durante o período da pandemia, nos moldes do Decreto 64.880 de SP. 20
a) Os casos de SARS ou outro quadro respiratório, com o diagnóstico já confirmado, devem ter
as DOs preenchidas como Covid-19; b) os casos de óbito por SARS ou outro quadro respiratório
suspeito de COVID-19 devem: Colher swab nasal/orofaríngeo após o óbito em até 24 horas,
caso não tenha sido colhido o material em vida e preencher a declaração de óbito como “morte
a esclarecer – aguarda exames”. c) os demais casos por morte natural sem suspeita de COVID-
19 devem ter a DO preenchida pelo médico que assistiu a morte ou constatou o óbito do
paciente. Caso as informações trazidas pelos familiares possibilitarem a identificação do motivo
19
BITTAR, Neuza. Medicina Legal e Noções de Criminalística. 2020, pgs. 77 e 78. Salvador: Juspodivm.
20
BITTAR, Neuza. Medicina Legal e Noções de Criminalística. 2020, pgs. 77 e 78. Salvador: Juspodivm.
63
da morte, o médico deverá preencher a DO com estas informações. d) Por fim, as mortes que
não tenha origem natural, ficarão a cargo da autoridade policial e dos IMLs.21
representa, de acordo com a literatura sobre o tema, uma espécie de documento médico-legal.
A) Denúncia.
B) Atestado.
C) Petição.
D) Agravo.
E) Sentença.
Gabarito: Alternativa B
21
BITTAR, Neuza. Medicina Legal e Noções de Criminalística. 2020, pgs. 77 e 78. Salvador: Juspodivm.
64
Trata-se de um registro escrito que descreve minuciosamente todos os fatos de natureza
específica e caráter permanente que são pertinentes a uma perícia médica, requisitada por
autoridade competente a peritos oficiais ou, onde não houver, a peritos não oficiais.
Aqui vai uma primeira distinção importante e de corriqueira abordagem nas provas de
concurso público! Trata-se da distinção entre auto e laudo. Se o relatório é ditado diretamente
LAUDO.
II) Quesitos: são perguntas cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que
65
de esclarecer a perícia. Corresponde a uma anamnese do exame clínico comum.
Na maioria das vezes, os dados referentes aos antecedentes do histórico de saúde
com exposição minuciosa dos exames e técnicas empregadas e de tudo o que for
constatado pelos peritos. Trata-se da descrição exata daquilo que for objeto da
VII) Respostas aos quesitos: os peritos devem responder a todos os quesitos, ainda
mais aprofundados a uma instituição cujo corpo técnico tenha competência inquestionável ou
a professor de renome22.
Também pode ser denominada de perícia extrajudicial. O parecer nada mais é então do
que a resposta referente a assunto médico-forense dada aos questionamentos que abordam
pontos de dúvida sobre uma determinada perícia ou relatório médico-legal.
Como prova técnica, possui um valor probante relativo a ser analisado pelo juiz, que dera
Salienta-se que o perito dará seu depoimento como parte técnica do corpo judicante, nunca
como testemunha! O depoimento do perito deverá se restringir ao laudo que ofereceu nos
Este documento é importante nos casos em que ainda haja algum tipo de dúvida acerca do
relatório médico-legal, pois podem ser condensadas na consulta.
Este documento médico-legal é importante nos casos em que ainda haja algum tipo de
dúvida acerca do relatório médico-legal, pois podem ser condensadas na consulta médico-
legal. É, de acordo com Hygino Hercules, o documento no qual a autoridade ou outro
22
VIDE QUESTÃO 10 DESTE MATERIAL.
67
perito requerem que sejam esclarecidos determinados pontos controvertidos do relatório,
podendo expor novos quesitos (quesitos complementares). Pode ser utilizada, também,
para esclarecer determinada situação médico-legal requisitada pela autoridade policial e
que requeira a atuação de um médico-legista.
QUADRO SINÓTICO
23
Vide questão 09
68
● Perito oficial: basta um perito. Não precisa prestar
juramento – presta o compromisso no ato de posse do
Atuação dos peritos
cargo público.
na realização de
● Não oficial: 2 pessoas idôneas, portadoras de diploma
exame de corpo de de curso superior, que tiverem habilitação técnica,
delito – Art. 159 do preferencialmente na área específica relacionada com a
69
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em
vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte.
realização
É facultativo, podendo ser requisitado no caso de dúvidas ou
Laudo obscuridades sobre o resultado da perícia.
complementar Obs.: É obrigatório em se tratando do crime de lesão corporal grave (art.
129, § 1º, I do CP c/c art. 168, § 2º do CPP).
- Não há óbice que o patrono do investigado o assista durante a prova
pericial, que geralmente irá ocorrer na fase de inquérito;
Questões
- Os peritos podem ser chamados para esclarecer aspectos da perícia
controvertidas realizada também quando se tratar de Tribunal do Júri. E, além da
acusação e da defesa, os jurados também poderão pedir esclarecimentos.
É toda e qualquer exposição verbal e documentos escritos por médicos
Documentos
e/ou peritos, com a finalidade de elucidar a Justiça e servir de prova pré-
médico-legais constituída.
São comunicações compulsórias feitas por profissionais da saúde às
autoridades competentes acerca de um fato médico, bem como a
Notificações
respeito de doenças infectocontagiosas e outras relacionadas ao trabalho
de que tenham conhecimento.
São também denominados de certificados médicos. Consistem na
afirmação simples, por escrito, de um fato médico e de suas possíveis
consequências. Subdividem-se em:
70
🡺 Atestados judiciários: são aqueles cujo interesse é pertinente à
Justiça, sendo assim sempre requisitados pelos juízes.
legal na consulta.
71
QUESTÕES COMENTADAS
Prezado aluno, uma vez que não existem muitas questões recentes acerca do tema,
tornou-se necessário incluir questões de outros concursos, mas não há prejuízo ao
aprendizado, haja vista que todas possuem comentários extremamente importantes para a
fixação da matéria.
Questão 1
A) a prova testemunhal substitui o exame de corpo de delito mesmo quando vestígios forem
encontrados.
B) a análise dos vestígios é dispensável quando o culpado confessar o crime ou for pego em
flagrante.
C) vestígios são provas do cometimento de um crime, sobretudo se são encontrados no local
dos fatos.
D) o corpo da vítima é parte do corpo de delito e os vestígios nele encontrados.
E) corpo de delito é o conjunto de vestígios encontrados no local dos fatos ou a estes
relacionados.
Comentário:
72
A) INCORRETO. Segundo Genival, “Diz ainda o citado dispositivo que “no exame
complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito a fim de suprir-lhe a
deficiência ou retificá-lo"; que “se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito
no artigo 129, § 1o, no I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorrer o prazo de
30 dias, contados da data do crime" ; e, finalmente, que “a falta de exame complementar
poderá ser suprida pela prova testemunhal". Em determinadas circunstâncias, os peritos
podem não ter condições, no primeiro exame, de precisar com mais exatidão a
quantidade ou a qualidade da lesão examinada e, por isso, é fundamental a realização
do exame complementar ou da sanidade."FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal,
Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p. 475
E) CORRETO. Segundo Genival, “corpo de delito, como uma metáfora, supõe o conjunto
de elementos materiais interligados, dos quais se compõem as provas ou vestígios do
fato ilícito."FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª
edição, 2015, p. 1357.
Questão 2
73
A) É facultada ao acusado a indicação de assistente técnico, após admissão pela autoridade
policial.
B) Entende-se por perícia complexa aquela que abrange mais de uma área de conhecimento
especializado.
D) Na falta de perito oficial, qualquer contribuinte poderá exercer o mister, desde que não
inadimplente com impostos públicos, e que seja admitido pelo delegado de polícia presidente
do inquérito.
Comentário:
A) INCORRETA - Art. 159. § 4º, CPP O assistente técnico atuará a partir de sua admissão
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta decisão.
B) CORRETA- Art. 159. § 7º,CPP- Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área
de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e
D) INCORRETA – Art. 159, § 1º, CPP- Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
74
Questão 3
morte, a equipe pericial encontra a vítima na cama, com o objeto usado como elemento
constritor removido.
B) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada, isolar e preservar o local de morte, e
solicitar o envio de equipe pericial do instituto médico-legal para realização de perícia conjunta.
D) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é encontrado em torno dele ou que possa
ter relação com o fato em questão, e registrar no laudo a alteração notada no local de morte.
Comentário:
A) INCORRETO- não cabe ao perito buscar pistas de envolvimento com terceiros. No caso em
análise, o perito deveria realizar o exame externo do cadáver no local encontrado.
75
B) INCORRETO- perito não faz Boletim de Ocorrência. O cadáver deve ser enviado ao IML para
ser periciado.
D) CORRETO- O exame cadavérico será o externo. E como houve alteração no local de sua
morte, deve-se verificar tudo o que é encontrado em torno dele e fazer o devido registro no
laudo.
E) INCORRETO- perito não investiga circunstâncias da morte. O exame pericial externo deve
ser feito no local.
Questão 4
perito legista, com a finalidade de buscar elementos de informação para o inquérito policial.
Com base nas informações acima, assinale a alternativa correta.
B) O exame para diagnóstico do aborto recente em mulher morta tem como objetivo, dentre
outros, a análise de aspectos internos e externos do cadáver.
76
C) O perito legista irá responder aos quesitos do exame mediante a apresentação do atestado,
que deverá ser entregue no prazo de quinze dias.
D) É inviável a realização de exame de DNA para confronto entre restos fetais e um cadáver do
sexo feminino.
lesões.
Comentário:
A) INCORRETO - O perito através da perícia pode analisar qual o produto utilizado para a
prática do aborto. Analisa-se o cadáver, e diante do que ele apresenta, poderá se dizer o que
foi utilizado como meio abortivo. Conforme HÉRCULES explica, o emprego de substâncias
de Carvalho. Medicina Legal, Texto e Atlas. Ed. Atheneu, 2005, p.599 e 600.
no cadáver. Mas, quando ocorre morte materna como complicação do aborto, a perícia deve
ser complementada pela necropsia. Os peritos passam a ter acesso à genitália interna e às
demais vísceras. Mas a demonstração dos elementos ovulares continua a ser a pedra angular
da perícia nos casos de morte materna." HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina Legal, Texto
77
e Atlas. Ed. Atheneu, 2005, p. 590. C)INCORRETO- Art. 160, CPP. Os peritos elaborarão o laudo
pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos
formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Questão 5
CÓDIGO CIVIL.
JUDICIALMENTE.
78
E) QUALQUER MÉDICO INSCRITO OU NÃO INSCRITO NO CRM (CONSELHO REGIONAL DE
MEDICINA) PODE EMITIR UM ATESTADO.
Comentário:
Questão 6
79
E) NA “DISCUSSÃO” DO RELATÓRIO, O PERITO DESCREVE MINUCIOSAMENTE O QUE CONCLUIU
SOBRE OS FATOS ANALISADOS NO EXAME PERICIAL.
Comentário:
● Alternativa A incorreta: O laudo será requisitado por uma autoridade pública, jamais
pela própria parte interessada, para fins particulares. Alternativa B incorreta: O
relatório e suas espécies (laudo e auto) seguem uma forma específica, contendo as
seguintes partes: preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, discussão, conclusão e
resposta aos quesitos. Alternativa D incorreta: A perícia e, consequentemente, o laudo,
também podem ser realizados por peritos não oficiais, na falta do perito oficial.
Alternativa E incorreta: É na descrição em que o perito descreve minuciosamente os
fatos analisados no exame. Na discussão, por outro lado, serão postas em discussão
as várias hipóteses, afastando-se o máximo das conjecturas pessoais, podendo-se
inclusive citar autoridades recomendadas sobre o assunto. Alternativa C correta:
requisição do exame (e seu laudo) é feita por uma autoridade policial ou judiciária ao
órgão competente.
Questão 7
80
D) CONJUNTO DE PROCEDIMENTOS MÉDICOS E TÉCNICOS QUE TEM COMO FINALIDADE O
ESCLARECIMENTO DE UM FATO DE INTERESSE DA JUSTIÇA.
Comentário:
Pode ocorrer que sejam realizadas perícias mediante a atuação de mais de um perito, mais
especificamente no caso das chamadas perícias complexas, que são aquelas que envolvem mais
não ficando o juiz vinculado a nenhum deles, podendo aceitá-los, no todo ou em parte, rejeitá-
los, se for o caso, determinando a realização de nova perícia, decidindo de acordo com sua
convicção. Lembre-se que no CPP vigora o princípio do livre convencimento motivado, no que
tange ao sistema de apreciação da prova, sendo assim um sistema liberatório, e não
Questão 8
81
NASCIMENTO, COM A CONSTATAÇÃO DA MORTE, EMITE‐SE UMA DECLARAÇÃO DE ÓBITO E
O CARTÓRIO EMITE UMA CERTIDÃO DE ÓBITO.
COSTA FILHO, PEG. MEDICINA LEGAL E CRIMINALÍSTICA. 2.ª ED. BRASÍLIA: ALUMNUS, 2015
(COM ADAPTAÇÕES).
COM BASE NO TEXTO ACIMA, JULGUE O ITEM A SEGUIR NO QUE DIZ RESPEITO AOS
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
● O enunciado está CORRETO, uma vez que são documentos odontolegais a notificação
compulsória, o atestado, o relatório, o parecer e o depoimento oral.
Questão 9
Comentário:
● Segundo Genival, “os maus-tratos a crianças, que vão desde a prisão e o isolamento
em ambientes insalubres até os espancamentos brutais seguidos de morte. (...)Os
autores desses meios cruéis são geralmente padrastos, pais jovens ou familiares
diretos (...)As crianças mais novas que não sabem manifestar-se de outra forma
choram quando se aproximam delas determinadas pessoas.". Genival Veloso de
França- FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª
edição, 2015, p. 389/390
Logo, suspeita-se que a criança esteja sendo maltratada pelo responsável, permitir a
sua presença não contribuirá para descobrir algo, ainda mais quando é o responsável
que está causando a situação, sendo portanto, a alternativa C incorreta. Alternativa
A correta: os peritos devem descrever as lesões quanto a forma, ao tipo, a localização
e ao número. Alternativa B correta: devem também realizar um estudo radiológico
para verificar se houve alguma fratura ou calcificação óssea em diferentes estágios
no corpo da vítima. Alternativa D correta: Além disso, os peritos devem verificar a
escassez de tecido subcutâneo relacionado à privação de alimento, Alternativa E
correta: Também devem verificar se há a presença de infestações de parasitas
relacionadas à negligência.
83
Questão 10
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
● De acordo com a lista do art. 151 da Lei 8.213/91 e anexo XLV da IN 77/2015, é
passível de Tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla,
hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, dentre outras. Ou seja, a alienação
mental é apenas uma das hipóteses de concessão de previdência por invalidez, assim
sendo, o enunciado está errado!
84
GABARITO
Questão 1 - CERTO
Questão 2 - C
Questão 3 - A
Questão 4 - E
Questão 5 - B
Questão 6 - C
Questão 7 - A
Questão 8 - CERTO
Questão 9 - C
Questão 10 - ERRADO
85
QUESTÃO DESAFIO
86
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
As notificações, de acordo com Ferreira (Coleção Sinopses para Concursos - Medicina Legal, 41.
Por muito tempo, o uso de drogas ilícitas e embriaguez já foram condições de notificação
É o que determina França (Medicina legal / Genival Veloso de França. -- 11. ed. -- Rio de Janeiro
: Guanabara Koogan, 2017., n.p.):
1976.”
Omissão de notificação de doença Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública
doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
De acordo com Júnior (Manual de medicina legal / Delton Croce e Delton Croce Jr. — 8. ed. —
São Paulo : Saraiva, 2012., n.p.):
conhecimento, e assim impedir o evento, só o médico que se omite, não havendo participação
criminosa, comete o crime tipificado no art. 269 do Código Penal: “Deixar o médico de denunciar
devida pelo profissional de Medicina. A inação non facere, o “deixar de comunicar” é que
constitui em si o crime, sendo irrelevante a motivação do agente. O delito consuma-se na
omissão daquele que, devendo e podendo atuar para evitar o evento lesivo no caso concreto,
apesar de ser ele previsível, não o faz, por inércia psíquica, por preguiça mental, por displicência.”
88
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Dos peritos:
89
MAPA MENTAL
90
91
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, Vital Amintas. Manual do Delegado – Teoria e Prática, 7ª ed., atual e ampl./Rodolfo Queiroz Laterza. Rio
de Janeiro: Forense, 2012.
FRANÇA; Genival Veloso de. Medicina Legal, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
BITTAR, Neuza. Medicina Legal e noções de Criminalística. 9ª edição. 2020, Salvador: Juspodivm.
FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Coleção Sinopses para Concursos – Medicina Legal 41, 2020. Salvador:
Juspodivm.
93