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Sumário

Sumário ............................................................................................................... 2

Raio X da Banca ............................................................................................... 3

a. Teoria .............................................................................................................. 5

b. Mapa Mental ............................................................................................... 17

c. Revisão 01 ................................................................................................... 18

d. Revisão 02 .................................................................................................. 20

e. Revisão 03 .................................................................................................. 22

f. Normas .......................................................................................................... 24

g. Gabarito ....................................................................................................... 28

h. Comentários às questões ..................................................................... 29

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Rodada #01 –Direito Penal

Professor Bruno Schettini

Raio X da Banca
Prezado aluno,

Para subsidiar nossa análise, segue levantamento estatístico da


Banca dos últimos concursos. Para facilitar a visualização ordenei
os assuntos do maior para o menor percentual de cobrança.

PERCENTUAL DE
CONTEÚDO
COBRANÇA

1. Do Crime e Aplicação da Lei Penal 40%

2. Crimes contra a pessoa 19%

3. Crimes contra a administração pública 15%

4. Crimes contra o patrimônio 13%

5. Crimes contra a fé pública 8%

6. Outros 5%

Total 100%
Obs.: Alguns dos itens do edital são novos para este concurso. Sendo
assim, poderemos ter muita variação.

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Assuntos da Rodada

DIREITO PENAL: 1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal.


2.2 Lei penal no tempo. 2.2.1 Tempo do crime. 2.2.2 Conflito
de leis penais no tempo. 2.3 Lei penal no espaço. 2.3.1 Lugar
do crime. 2.3.2 Territorialidade. 2.3.3 Extraterritorialidade. 3
Tipicidade. 3.1 Crime doloso e crime culposo. 3.2 Erro de tipo. 3.3
Crime consumado e tentado. 3.4 Crime impossível. 3.5 Punibilidade e
causas de extinção. 4 Ilicitude. 4.1 Causas de exclusão da ilicitude.
4.2 Excesso punível. 5 Culpabilidade. 5.1 Causas de exclusão da
culpabilidade. 5.2 Imputabilidade. 5.3 Erro de proibição. 6 Crimes.
6.1 Crimes contra a pessoa. 6.2 Crimes contra o patrimônio. 6.3
Crimes contra a dignidade sexual. 6.4 Crimes contra a incolumidade
pública. 6.5 Crimes contra a fé pública. 6.6 Crimes contra a
Administração Pública.

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a. Teoria

Olá, pessoal!
Vamos iniciar o nosso estudo sobre o Direito Penal discorrendo sobre os
princípios da legalidade e da anterioridade e a aplicação da lei penal no
tempo e no espaço.
Após a leitura da matéria, traremos questões para testar e fixar o
conteúdo.
Boa aula!

Da aplicação da lei penal

Sempre que começamos o estudo de algum ramo do Direito,


invariavelmente nos deparamos com os tais princípios. mas o que são
esses princípios? Os princípios são os fundamentos de manutenção do
sistema jurídico. Constituem-se de valores essenciais do
ordenamento.

A seguir vamos nos ater a alguns princípios que são importantes para
o nosso estudo de Direito Penal.

1. Princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX CF e art. 1º CP):


Somente a lei pode definir crimes e contravenções penais. Não há
crime sem lei que o defina, nem pena sem cominação legal.

1.1 Só há crime nas hipóteses taxativamente previstas em lei.

1.2 A reserva legal nos impõe que a descrição da conduta


criminosa seja detalhada e específica.

1.3 É cláusula pétrea na Constituição Federal, ou seja, seu


conteúdo não pode ser restringido.

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1.4 É expressamente vedada, conforme art. 62 da Constituição
Federal, a edição de medidas provisórias sobre a matéria
concernente a Direito Penal.

“§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

b) direito penal, processual penal e processual civil”

O quadro adiante a nossa orientação no que tange aos


princípios ora estudados:

PRINCÍPIO DA PRINCÍPIO DA RESERVA PENAL


LEGALIDADE
COMPREENDE:
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

CRIMES

PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE
ABRANGE CONTRAVENÇÕES

MEDIDAS DE
SEGURANÇA

2. Princípio da anterioridade (art. 5º, inciso XXXIX da CF e art.


1º do CP) nos diz que é necessário que a lei esteja em vigor na
data em que o fato foi praticado.

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“Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal.”

Ou seja, tanto o crime quanto a pena devem estar pré-definidos


em lei.

3. Princípio da reserva legal: Esse princípio tem dois


fundamentos – um jurídico e um político.

3.1 Fundamento jurídico: deve haver determinação exata do


tipo penal e da sanção penal. É a taxatividade, determinação
precisa ou certeza.

3.2 Fundamento político: é a proteção do ser humano em face


do arbítrio do poder de punir do Estado

A lei somente será


aplicável a fatos
praticados depois
da sua entrada em
vigor!

Lei Penal no Tempo

4. Aqui vigora o princípio da continuidade das leis, o qual nos


diz que a lei penal vigora até ser revogada por outra norma de igual
natureza.

4.1 E o que é a revogação? É a retirada da vigência de uma lei.

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4.2 A revogação pode ser:

- total ou absoluta: ab-rogação

- parcial: derrogação

5. A regra em Direito Penal é o tempus regit actum, ou seja,


prevalece a lei que se encontrava em vigor no momento da prática do
fato ou da conduta. Mas veremos casos específicos em que esse
princípio não é aplicado.
6. O Direito Penal Intertemporal é o conjunto de regras e
princípios que buscam solucionar o conflito de leis penais no tempo. E
para entendê-lo devemos aprender antes o que seria a
extratividade da lei penal. É quando a lei passa a valer em um
período de tempo diferente daquele em que esteve em vigor.
7. Extratividade da lei penal: A lei penal benéfica é sempre
retroativa (lei regula situações passadas) ou ultrativa (lei se aplica
após a cessação da sua vigência), ou seja, ela se movimenta no
tempo a fim de beneficiar o agente. VEJAMOS:

ULTRATIVIDADE TEMPUS REGIT ACTUM

ABOLITIO CRIMINIS
RETROATIVIDADE

NOVATIO LEGIS IN MELLIUS

a. Em razão do princípio da continuidade normativa, não há


abolitio criminis quando, mesmo com a revogação formal do dispositivo, o
tipo penal passa a ser disposto em outro.
b. Ressalte-se que, durante a vacatio legis, a lei penal não pode
ser aplicada, mesmo que ela seja mais favorável ao réu.

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Mas o que é vacatio legis? É o prazo legal que uma lei tem
para entrar em vigor. Ou seja, é o lapso temporal entre a publicação
de uma norma e o início da sua vigência.

c. Combinação de leis penais ou lex tertia: A combinação de leis


seria a possibilidade de adotar partes de uma lei favoráveis ao réu com
preceitos favoráveis de outra lei

O STF, majoritariamente, inadmite a hipótese, porém, em


julgado histórico, admitiu o cabimento, sob o argumento de que não
resultaria em “criação indireta da lei”.

d. Lei penal intermediária: Cabível em casos de sucessão de leis


penais. O STF admite a aplicação desta lei, desde que mais favorável ao
agente.
e. O STJ entende que normas que disciplinam o regime de
cumprimento de pena, proibindo progressões de regime e tornando mais
severa ou branda a execução da sanção penal são normas de caráter penal,
submetidas ao princípio da retroatividade in mellius.
f. Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação
da continuidade ou da permanência.

Leis penais em branco e o conflito de leis no tempo

8. As leis penais em branco se conceituam como as que o seu


preceito primário necessita de complementação, ao passo que o
preceito secundário é completo.

8.1 Preceito primário ou preceptum iuris: é o encarregado de


fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se procura
proibir ou impor. Assim, no preceito primário do art. 155 do Código
Penal, temos a seguinte redação:

"Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia


móvel".

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8.2 Preceito secundário ou sanctio iuris: a ele cabe a tarefa de
individualizar a pena cominando-a em abstrato. Vem logo depois do
preceito primário. Por exemplo, no preceito secundário do art. 155 do
Código Penal, temos a seguinte redação:

"Pena - reclusão, de 1(um) a 4(quatro) anos, e multa."

Tempo e Lugar do crime (crimes à distância)

9. Tempo do crime: o artigo 4º do CP adotou a teoria da


atividade, que diz que se considera praticado o crime no momento
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

“Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação


ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. “

10. O artigo 111, inciso I, do CP escolheu a TEORIA DO


RESULTADO, em relação à prescrição, já que a causa extintiva da
punibilidade tem por termo inicial a data da consumação da infração
penal.
11. No crime continuado, no qual os crimes anteriores eram
punidos por uma lei, operando-se o aumento de pena por lei nova,
aplica-se esta última a toda unidade delitiva, se sob sua vigência
continue a ser praticada.
12. Lugar do crime: o art. 6º do CP adotou a teoria mista ou da
ubiquidade, segundo a qual considera-se praticado o crime no lugar
da ação ou da omissão, bem como no local em que o crime se
consumou ou que deveria ter se consumado.

“Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.”
Atenção! Há exceções à Teoria da Ubiquidade no caso de
crimes conexos, plurilocais, atos infracionais, crimes falimentares e

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infrações de menor potencial ofensivo. Para o referido concurso é
importante apenas entender que há exceção, sem necessidade de se
aprofundar nesse sentido.

Lei Penal no espaço: territorialidade e extraterritorialidade

13. Princípio da Territorialidade é a regra geral. Ou seja, aplica-


se a lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional (real ou
por extensão). A exceção são os crimes em que o Brasil tenha
firmado acordos internacionais – é o princípio da territorialidade
temperada ou mitigada.

Atenção! A exceção é o princípio da extraterritorialidade,


onde a lei brasileira é aplicada aos crimes cometidos no estrangeiro.
A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada:

a. Incondicionada:

Hipóteses

- Crimes contra a vida ou a liberdade do Pres. da


República;

- Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do


Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público;

- Crimes contra a administração pública, por quem está a


seu serviço;

- Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou


domiciliado no Brasil.

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b. Condicionada:

Hipóteses

- Crimes que, que, por tratado ou convenção, o Brasil se


obrigou a reprimir;

- Crimes praticados por brasileiro;

- Crimes praticados em aeronaves ou embarcações


brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando
em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

Condições

- Entrar o agente no território nacional;

- Dupla tipicidade: ser o fato também punível no país em


que foi praticado;

- Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei


brasileira autoriza a extradição;

- Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não


ter aí cumprido pena;

- Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por


outro motivo, não estar extinta a punibilidade, seguindo a
lei mais favorável.

14. Território é o local no qual um Estado exerce a sua soberania.

14.1 Território compreende:


14.1.1 espaço territorial delimitado pelas fronteiras;
14.1.2 mar territorial ou marginal: 12 milhas;

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14.1.3 plataforma continental: medindo 200 milhas;
14.1.4 espaço aéreo;
14.1.5 navios e aeronaves particulares, em alto mar ou
no espaço aéreo correspondente ao alto mar; e
14.1.6 navios e aeronaves de natureza pública

15. Princípio da personalidade ou da nacionalidade: Ele


autoriza a submissão à lei brasileira dos crimes praticados por
brasileiro no estrangeiro ou contra vítima que seja brasileira.
a. Princípio da personalidade ativa: O agente será punido
consoante a lei brasileira
b. Princípio da personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira
quando a vítima for brasileira.

16. Princípio do domicílio: segundo ele, o autor do delito deve


ser julgado conforme a lei do país no qual for domiciliado.
17. Princípio da defesa, proteção ou real: Preceitua que se
submeterão à lei penal do Brasil os crimes, que mesmo cometidos no
estrangeiro, ofendam aos bens jurídicos nacionais.
18. Princípio da representação, da bandeira, subsidiário,
substituição ou do pavilhão: a lei penal brasileira se aplicará nos
crimes cometidos em embarcações e aeronaves brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território
estrangeiro e aí não forem julgadas.

Atenção! Caso a aeronave ou embarcação brasileira seja


pública ou estiver a serviço do governo brasileiro, não se aplica o
princípio da representação, da bandeira, subsidiário, substituição ou
do pavilhão e, sim, o princípio da territorialidade. Isso porque as
aeronaves ou embarcações brasileiras, públicas ou a serviço do
governo brasileiro, são consideradas extensão do território nacional.

19. Princípio da justiça universal, da justiça cosmopolita,


jurisdição universal ou mundial, da repressão mundial, da

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competência universal ou da universalidade do direito de
punir: todos os Estados de uma certa comunidade internacional
podem punir os autores de certos crimes que se encontrem em seu
território, segundo convenções ou tratados internacionais firmados,
não se levando em consideração a nacionalidade do agente, o bem
jurídico atingido ou o local do crime.

Lei penal excepcional e temporária (leis intermitentes)

20. Essas leis são autorrevogáveis


21. Elas têm ultratividade, ou seja, embora transcorrido o período
de sua duração ou extinta a circunstância que a determinou, elas se
aplicam aos fatos praticados durante a sua vigência.
22. Lei temporária: Tem a vigência predeterminada no tempo,
ou seja, o seu termo final tem data determinada.
Exemplo de lei temporária: Lei Geral da Copa do Mundo de 2014
(Lei 12.663 / 2012).
23. Lei excepcional: Vigora em situações de anormalidade.
Observe-se que essas leis são autorrevogáveis e tem
ULTRATIVIDADE, mesmo que em desfavor do réu.
Exemplo hipotético: lei que puna com reclusão de três meses a
dois anos quem deixar vasilhas de água descobertas, pneus e
outros objetos em casa que acumulem água parada e sejam
criatórios de mosquitos vetores da dengue, zyca e chykungunya.
24. As leis tanto excepcionais como temporárias buscam evitar que,
por serem leis limitadas no tempo, possam ser frustradas suas
sanções visando, assim, evitar injustiças.

Leis Especiais

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25. Segundo o princípio da especialidade, as leis especiais
prevalecem sobre as gerais.

“Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos


incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso.”

26. Princípio da convivência das esferas autônomas: Preconiza


que as regras gerais dispostas no Código Penal convivem em
harmonia com as dispostas nas leis especiais.

Eficácia da sentença estrangeira

27. Uma sentença judicial é ato representativo da soberania de um


país. Porém, para a sua eficácia deve ser executada.
28. Não há necessidade de homologação da sentença estrangeira
condenatória para caracterização da reincidência no Brasil.
29. Segundo o artigo 105, inciso I, alínea “i” da CF, é competência
do STJ a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do
exequatur às cartas rogatórias.

Da contagem do prazo

30. No Direito Penal, inclui-se no cálculo do prazo, o dia do começo,


por ser mais benéfico ao réu.

“Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.


Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum.”

Exemplo: Se o prazo começou a correr às 23:59 da sexta-feira,


conta-se o dia todo para efeito da contagem de prazo.

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31. Os prazos penais são IMPRORROGÁVEIS e FATAIS, ainda
que terminem em sábados, domingos ou feriados.

Frações não computáveis da pena

32. Nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direito,


desprezam-se as frações de dia, e, na pena de multa, desprezam-se
os centavos.

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b. Mapa Mental

As leis se classificam em:

Homogêneas ou em sentido O complemento está em norma


amplo de mesma hierarquia

Heterogêneas ou em O completo está em norma de


sentido estrito hierarquia inferior

TET
L.U. T.A.

LUGAR = UBIQUIDADE TEMPO = ATIVIDADE

OBS: A ubiquidade não se aplica nos: “ COPA ME FALI”

Crimes conexos

Crimes plurilocais

Atos infracionais

Infrações de menor potencial

Crimes falimentares

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c. Revisão 01

QUESTÃO 1
No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme
a qual o lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

QUESTÃO 2
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da
sentença — em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo
já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do
crime.

QUESTÃO 3
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de
crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em
desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José
levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização
de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi
instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada
nova lei que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá
se beneficiar desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo
princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.

QUESTÃO 4
Pelo princípio da irretroatividade da lei penal, não é possível a
aplicação de lei posterior a fato anterior à edição desta. É exceção ao
referido princípio a possibilidade de retroatividade da lei penal
benéfica que atenue a pena ou torne atípico o fato, desde que não
haja trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

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QUESTÃO 5
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido
no território da República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda
que o agente seja absolvido naquele país.

QUESTÃO 6
Situação hipotética: João, brasileiro, residente em Portugal,
cometeu crime de corrupção e de lavagem de dinheiro no território
português, condutas essas tipificadas tanto no Brasil quanto em
Portugal. Antes do fim das investigações, João fugiu e retornou ao
território brasileiro.
Assertiva: Nessa situação, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime
praticado por João em Portugal.

QUESTÃO 7
Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida,
passou a viger a lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei
X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo
cometimento do citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de
se fundamentar no instituto da retroatividade em benefício do réu
para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y.

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d. Revisão 02

QUESTÃO 8
É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.

QUESTÃO 9
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio
criminis, ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo
penal, criado pela norma revogadora.

QUESTÃO 10
O direito penal, mediante a interpretação das leis penais, proporciona
aos juízes um sistema orientador de decisões que contém e reduz o
poder punitivo, para impulsionar o progresso do estado constitucional
de direito.

QUESTÃO 11
O Código Penal brasileiro, ao tratar da competência criminal quanto
ao tempo do crime, adota a teoria mista ou da ubiquidade, que
considera o momento da ação ou da omissão típica,
independentemente do resultado danoso.

QUESTÃO 12
O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas
penais incriminadoras, excluindo-se de sua incidência as normas
penais não incriminadoras.

QUESTÃO 13
A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio
que esteja a serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação
esteja ancorada em território estrangeiro.

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QUESTÃO 14
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de
regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de
execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em
vigor de nova lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a
conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação,
Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio
criminis com a edição da nova lei.

21
e. Revisão 03

QUESTÃO 15
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes
cometidos no estrangeiro são puníveis segundo a lei brasileira se
praticados contra a administração pública quando o agente delituoso
estiver a serviço do governo brasileiro, salvo se já absolvido pela
justiça no exterior com relação àqueles mesmos atos delituosos.

QUESTÃO 16
Considerando os princípios informativos da retroatividade e
ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada
mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência.

QUESTÃO 17
As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de
leis temporárias ou excepcionais.

QUESTÃO 18
O prazo prescricional começa a ser contado a partir do dia seguinte
ao da prática do delito, não se podendo considerar, em sua
contagem, frações de dia.

QUESTÃO 19
Considera-se lugar do crime, para efeito de fixação da competência
territorial da jurisdição penal brasileira, o lugar em que ocorreu a
ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como o lugar em que
se produziu o resultado.

QUESTÃO 20
Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime
tanto no momento da conduta quanto no da produção do resultado.

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QUESTÃO 21
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse
período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de aumento
de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa
situação hipotética, a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a
atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova
legislação, antes da cessação da permanência do crime.

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f. Normas

CÓDIGO PENAL (ART. 1º AO 12)

PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Anterioridade da Lei

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há


pena sem prévia cominação legal. (trata-se do princípio da
anterioridade, o qual é subprincípio da legalidade)

Lei penal no tempo

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo


favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Lei excepcional ou temporária

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o


período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
(tais leis são sempre ULTRATIVAS)

Tempo do crime

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação


ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (TEORIA
DA ATIVIDADE)

Territorialidade

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão


do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se

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encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados


a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.

Lugar do crime

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. (TEORIA DA
UBIQUIDADE OU MISTA)

Extraterritorialidade

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:

I - os crimes: (Trata-se da extraterritorialidade incondicionada)

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito


Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado


no Brasil;

II - os crimes: (tal inciso trata da extraterritorialidade


condicionada)

b) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,


mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.

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§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira


depende do concurso das seguintes condições:

b) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei


brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí


cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro


motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
previstas no parágrafo anterior:

b) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta


no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas. (trata-se do fenômeno da detração penal)

Eficácia de sentença estrangeira

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei


brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser
homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a


outros efeitos civis;

II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único - A homologação depende:

26
a)para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição


com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou,
na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

Contagem de prazo

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.


Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Frações não computáveis da pena

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas


restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as
frações de cruzeiro.

Legislação especial

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos


incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.

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g. Gabarito

1 2 3 4 5

C C E E C

6 7 8 9 10

C E E E C

11 12 13 14 15

E C C C E

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h. Comentários às questões

QUESTÃO 1
No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme
a qual o lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Certa. A teoria da ubiquidade prevê que, tanto o lugar onde se
pratica a conduta quanto o lugar do resultado, são considerados
como local do crime. Esta teoria é adotada pelo Código Penal, no seu
art. 6º.

QUESTÃO 2
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da
sentença — em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo
já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do
crime.
Certa. A questão trata da ultratividade, que é quando a lei, mesmo
depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a
sua vigência.

QUESTÃO 3
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de
crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em
desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José
levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização
de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi
instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada
nova lei que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá
se beneficiar desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo
princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.

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Errada. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado. Trata-se de novatio legis in mellius.

QUESTÃO 4
Pelo princípio da irretroatividade da lei penal, não é possível a
aplicação de lei posterior a fato anterior à edição desta. É exceção ao
referido princípio a possibilidade de retroatividade da lei penal
benéfica que atenue a pena ou torne atípico o fato, desde que não
haja trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Errada. O art. 2º, parágrafo único, do Código Penal, dispõe que a lei
posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.

QUESTÃO 5
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido
no território da República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda
que o agente seja absolvido naquele país.
Certa. Trata-se de hipótese de extraterritorialidade
incondicionada. Logo, a mera prática do crime em território
estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira,
independentemente de qualquer outro requisito.
As hipóteses de extraterritorialidade incondicionada encontram
previsão no art. 7.º, I, do Código Penal, e, no tocante a esses crimes,
o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

QUESTÃO 6
Situação hipotética: João, brasileiro, residente em Portugal,
cometeu crime de corrupção e de lavagem de dinheiro no território
português, condutas essas tipificadas tanto no Brasil quanto em

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Portugal. Antes do fim das investigações, João fugiu e retornou ao
território brasileiro.
Assertiva: Nessa situação, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime
praticado por João em Portugal.
Certa. É a hipótese da extraterritorialidade condicionada, a qual aduz
que, para que a lei penal brasileira seja aplicada, deve-se cumprir
cumulativamente os seguintes requisitos:
- entrar o infrator no território nacional;
- o fato deve ser punível no país em que foi praticado e também aqui
no Brasil;
- estar o crime incluído dentre aqueles que o Brasil autoriza
extradição;
- não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido pena;
- não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou não estar, por
outro motivo, extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

QUESTÃO 7
Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida,
passou a viger a lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei
X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo
cometimento do citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de
se fundamentar no instituto da retroatividade em benefício do réu
para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y.
Errada. O magistrado terá de se fundamentar não no instituto da
retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei x, mas sim na
ultratividade da lei mais benéfica. Conforme leciona Cleber
Masson, tal se verifica quando o crime foi praticado durante a
vigência de uma lei, posteriormente revogada por outra prejudicial ao
agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior, mais favorável.
Isso porque a lei penal mais grave jamais retroagirá.

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QUESTÃO 8
É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.
Errada. Somente por lei em sentido estrito se pode criar crime e
impor pena, em matéria de direito penal.
É o que preconiza o princípio da reserva legal (lex scripta): somente a
lei em sentido estrito pode veicular crimes ou penas. A lei ordinária
pode criar tipos penais além de cominar pena.

QUESTÃO 9
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio
criminis, ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo
penal, criado pela norma revogadora.
Errada. Trata-se do princípio da continuidade normativo-típica, o
qual aduz que aparentemente pode ter havido abolição da figura
delitiva, mas em havendo continuidade normativo-típica, os
elementos do tipo penal revogado transferem-se para outro tipo
penal incriminador já existente ou que foi criado por uma nova lei.
Ora, se a nova lei revoga o tipo penal, mas os elementos
constitutivos deste passam a integrar outro tipo, a conduta continua
a ser considerada crime. Não há abolitio criminis, mas sim
desclassificação da conduta. Ocorreu tal hipótese no caso do crime de
atentado violento ao pudor, previsto no antigo art. 214, do CP,
revogado pela Lei nº 12.015/2009. Porém, os seus elementos do tipo
passaram a integrar o art. 213, do CP, crime de estupro.

QUESTÃO 10
O direito penal, mediante a interpretação das leis penais, proporciona
aos juízes um sistema orientador de decisões que contém e reduz o
poder punitivo, para impulsionar o progresso do estado constitucional
de direito.
Certa. A questão invoca o princípio da legalidade, o qual, além de
orientar o magistrado a respeito dos limites repressivos do direito

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punitivo, também serve como uma proteção aos cidadãos, os quais
poderão fazer tudo aquilo que a lei permitir, e tudo o que não for
expressamente vedado por ela.

QUESTÃO 11
O Código Penal brasileiro, ao tratar da competência criminal quanto
ao tempo do crime, adota a teoria mista ou da ubiquidade, que
considera o momento da ação ou da omissão típica,
independentemente do resultado danoso.
Errada. O CP adota quanto ao tempo do crime a teoria da atividade
(momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado) e, quanto ao lugar do crime, adota a teoria
mista/ubiquidade (momento da ação ou omissão ou o momento do
resultado).

QUESTÃO 12
O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas
penais incriminadoras, excluindo-se de sua incidência as normas
penais não incriminadoras.
Certa. As normas penais não incriminadoras, em relação as quais
não vige o princípio da legalidade, quando apresentarem falhas ou
omissões, podem ser integradas pelos recursos fornecidos pela
ciência jurídica, e não apenas pela lei, assim como acontece com as
normas penais incriminadoras que devem seguir o estrito
cumprimento do tal princípio elencado no Art.1 do CP.

QUESTÃO 13
A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio
que esteja a serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação
esteja ancorada em território estrangeiro.

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Certa. Observe que se o navio está a serviço do governo brasileiro é
considerado extensão territorial do Brasil onde quer que ele se
encontre, aplicando-se o Art. 7º, II, C, do CP.

QUESTÃO 14
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de
regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de
execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em
vigor de nova lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a
conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação,
Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio
criminis com a edição da nova lei.
Certa. É a aplicação do princípio da continuidade normativa.

QUESTÃO 15
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes
cometidos no estrangeiro são puníveis segundo a lei brasileira se
praticados contra a administração pública quando o agente delituoso
estiver a serviço do governo brasileiro, salvo se já absolvido pela
justiça no exterior com relação àqueles mesmos atos delituosos.
Errada. É caso de extraterritorialidade incondicionada, logo será
aplicada a lei brasileira ainda que o agente já tenha sido condenado
ou absolvido no exterior.

QUESTÃO 16
Considerando os princípios informativos da retroatividade e
ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada
mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência.

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Certa. Considerando os princípios informativos da retroatividade e da
lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada mesmo quando a
ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência.

QUESTÃO 17
As medidas provisórias podem regular matéria penal nas hipóteses de
leis temporárias ou excepcionais.
Errada. Consoante o art. 62 da CF, é vedada a edição de medidas
provisórias relativas à matéria de Direito Penal

QUESTÃO 18
O prazo prescricional começa a ser contado a partir do dia seguinte
ao da prática do delito, não se podendo considerar, em sua
contagem, frações de dia.
Errada. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se
os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

QUESTÃO 19
Considera-se lugar do crime, para efeito de fixação da competência
territorial da jurisdição penal brasileira, o lugar em que ocorreu a
ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como o lugar em que
se produziu o resultado.
Certa. É a teoria da ubiquidade: Considera-se praticado o crime no
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

QUESTÃO 20
Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime
tanto no momento da conduta quanto no da produção do resultado.
Errada. O momento do crime é o da ação ou omissão, ainda que
outro seja o do resultado. O legislador adotou para o tempo do crime
a teoria da atividade.

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QUESTÃO 21
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse
período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de aumento
de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa
situação hipotética, a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a
atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova
legislação, antes da cessação da permanência do crime.
Certa. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência.

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