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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

ABDULCADRE AMISSE PAULINO

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

NAMPULA

2024
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO

ABDULCADRE AMISSE PAULINO

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

Trabalho individual de carácter avaliativo, da


cadeira de Direito Penal I, Turma B, I Semestre,
2º Ano, pós Laboral, curso de licenciatura em
Direito.
Leccionada pela Dra. Tehssin M. Ikbal

NAMPULA

2024
Índice
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1. PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL.......................................................................................... 2
1.1. PRINCIPIO DA LEGALIDADE ......................................................................................... 2
1.2. Princípio da igualdade .......................................................................................................... 3
1.3. Princípio da não retroactividade ........................................................................................... 3
1.4. Princípio da territorialidade .................................................................................................. 4
1.5. Princípio da intervenção mínima do Estado ......................................................................... 4
1.6. Princípio da ofensividade ou lesividade ............................................................................... 5
1.7. Princípio da intervenção mínima.......................................................................................... 5
1.8.Princípio da ofensividade ou lesividade ................................................................................ 6
1.9.Princípio da humanidade ou da dignidade da pessoa humana .............................................. 6
10. Princípio da culpabilidade ..................................................................................................... 6
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 8
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................................................ 9
INTRODUÇÃO

O presente trabalho é de carácter avaliativo da cadeira de Direito Penal I, que tem


como tema, princípios de Direito penal. Onde irá se fazer menção de cada princípio que norteia a
disciplina e suas implicações no que tange o posicionamento do legislador Moçambicano.
Princípios de direito penal, são meios ou instrumentos que orientam a interpretação de direito
penal para uma melhor aplicação e execução.

O trabalho esta organizado da seguinte forma:

 Introdução;
 Desenvolvimento e
 Conclusão.

1
1. PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL

1.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade tem uma importância fundamental na Teoria da Lei


Penal. Debruça-se sobre as particularidades da lei penal relativamente à teoria geral das fontes de
direito. Como tal, está relacionado com a matéria das espécies de fontes do direito penal, com a
forma como se processam a interpretação e integração da lei penal e com a aplicação da lei penal
no tempo. O princípio da legalidade surge no âmbito das especificidades da lei penal face à lei
civil (geral)1.
O princípio da legalidade comporta vários subprincípios. Normalmente, é
apresentado na seguinte forma: nullum crimen, nulla poena sine lege (não há crime nem pena
sem lei). Na verdade, não há crime nem pena sem lei escrita, certa, estrita e prévia. Isto está
consagrado no n.º 1 do artigo 60 da Constituição da República de Moçambique2.
O princípio da legalidade tem de ser aplicado sempre que, ao não ter em consideração esse
princípio, agravo ou fundamento a responsabilidade do agente, e isto pode acontecer mesmo com
normas penais negativas. O princípio da legalidade, segundo a maior parte da doutrina, aplica-se
às normas penais positivas (que fundamentam ou agravam a responsabilidade jurídica penal),
mas já não às normas penais negativas3. Dentro das normas penais negativas encontramos dois
tipos:

 Normas que excluem a responsabilidade (ex.: normas que prevêem causas de exclusão da
ilicitude);
 Normas que prevêem circunstâncias atenuantes (circunstâncias que diminuem a medida
da pena).

1
http://ae.fd.unl.pt/wp-content/uploads/2019/10/Teoria-da-Lei-Penal.pdf
2
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República (2004), in Boletim da República, 1º série, nº51 de
22 de Dezembro.
3
http://ae.fd.unl.pt/wp-content/uploads/2019/10/Teoria-da-Lei-Penal.pdf

2
1.2. Princípio da igualdade

O princípio da igualdade está previsto de maneira expressa no capítulo I da


constituição da República de Moçambique4. O legislador estabelece que todos os cidadãos são
iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres,
independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de
instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção política.

A igualdade, entretanto, não deve ser considerada sob o seu aspecto meramente
formal, mas substancial, demandando tratamento análogo apenas aos iguais, mas desigual aos
desiguais, na medida de suas desigualdades. O princípio da igualdade pressupõe não somente a
igualdade formal, mas também a igualdade material, ou seja, para todos os indivíduos com as
mesmas características devem prever-se, através da lei, iguais situações ou resultados jurídicos
ou, ainda, deve-se tratar de forma "igual o que é igual e desigualmente o que é desigual5.
1.3. Princípio da não retroactividade

O princípio da não retroactividade da lei penal desfavorável - traduzido na


máxima latina, nullum crimen, nulla poena sine lege praevia constitui um dos corolários do
princípio da legalidade que mais questões suscita e que maior importância pode ter na prática.
Para além ser expressamente referido nos preceitos constitucionais que consagram
expressamente o princípio da legalidade (vd preceitos constitucionais supracitados), o princípio
da proibição de retroactividade da lei penal desfavorável bem como o princípio da aplicação da
lei penal mais favorável constam em regra dos códigos penais6.
Significam tais princípios que: A lei não pode qualificar como crimes factos
passados nem aplicar a crimes anteriores penas mais graves; Deixa de ser considerado crime o
facto que lei posterior venha despenalizar e deixa de ser aplicável a lei do tempo do facto se este
passar a ser menos severamente penalizado por lei posterior (Aplicação da lei mais favorável).

4
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República (2004), in Boletim da República, 1º série, nº51 de
22 de Dezembro.
5
CUNHA, Rogério Sanches, Manual de direito penal, parte geral, 3ª Edição, Podivm Editora, 2015, p. 95.
6
http://www.csmj.cv/images/sampledata/fruitshop/MANUAL---C1.compressed.pdf

3
1.4. Princípio da territorialidade

De acordo com o princípio da territorialidade, a lei penal Moçambicana é


aplicável a factos praticados em território Moçambicano, seja qual for a nacionalidade do
infractor, salvo tratado ou convenção em contrário. O legislador estabelece nos termos dos
artigos 4 e 5 do Código Pena7.

1.5. Princípio da intervenção mínima do Estado

O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que
a sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controlo (carácter
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem
juridicamente tutelado (carácter fragmentário)8.

O princípio da intervenção mínima do Estado significa que o direito penal só


intervém se, se mostrar eficaz nas suas medidas. Como o próprio nome diz, este princípio afirma
que o Direito Penal deve intervir o mínimo possível nas relações sociais – somente deve atuar e
interferir em situações realmente graves e especiais –, onde seja estritamente necessário para
garantir a segurança jurídica e a tutela de determinado bem jurídico. Portanto, do Princípio da
Intervenção Mínima surgem dois princípios decorrentes. Princípio da fragmentariedade - Se o
Direito Penal deve intervir minimamente na protecção de bens jurídicos, é sinal que ao tutelar
um bem específico deve-se fazê-lo de forma fragmentária, ou seja, criminalizando apenas os
fragmentos mais importantes e necessários deste bem para garantia do bem-estar social. Portanto,
nem todas as facetas de lesão a um bem jurídico necessitam da intervenção penal, não sendo
necessário protegê-lo de forma absoluta, pois se a intervenção deve ser mínima, somente certas
formas de lesão deste bem deverão ser objecto do Direito Penal. Art 34 do Código Penal9.
Princípio da subsidiariedade O Direito Penal é apenas mais um ramo do direito e,
junto com os demais (Civil, Tributário, Constitucional, Administrativo etc.), integra o
ordenamento jurídico. Porém, como deve intervir minimamente nas relações sociais, funciona de
forma subsidiária em relação aos demais ramos, sendo a última alternativa (ultima ratio) do

7
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248
8
CUNHA, Rogério Sanches, Manual de direito penal, parte geral, 3ª Edição, Podivm Editora, 2015, p. 69.
9
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248

4
legislador para tutelar bens jurídicos, garantir a segurança jurídica e proteger a ordem pública.
Em outras palavras, o Direito Penal só deve ser chamado a actuar, através da criação de uma lei
penal, quando os demais ramos do direito forem insuficientes para protecção do bem jurídico em
questão10.
1.6. Princípio da ofensividade ou lesividade

O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) exige que


do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado11.
O princípio da ofensividade está atrelado à concepção dualista da norma penal, isto é, a norma
pode ser primária (delimita o âmbito do proibido) ou secundária (cuida do castigo, do âmbito da
sancionabilidade). A norma primária, por seu turno, possui dois aspectos: ela é valorativa (existe
para a proteção de um valor) ; e também imperativa (impõe uma determinada pauta de conduta).
O aspecto valorativo da norma fundamenta o inj usto penal, isto é, só existe crime quando há
ofensa concreta a esse bem jurídico. Daí se conclui que o crime exige, sempre, desvalor da ação
(a realização de uma conduta) assim como desvalor do resultado (afetação concreta de um bem
jurídico). Sem ambos os desvalores não há injusto penal (não há crime)
O princípio da lesividade não se destina somente ao legislador, mas também ao
aplicador da norma incriminadora, que deverá observar, diante da ocorrência de um fato tido
como criminoso, se houve efectiva lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido.
Uma vez reconhecido este princípio, parcela da doutrina questiona a constitucionalidade dos
delitos de perigo abstracto (ou presumido), casos em que da conduta o legislador presume, de
forma absoluta, o perigo para o bem jurídico.
1.7. Princípio da intervenção mínima

O princípio da intervenção mínima estabelece que o direito penal deve ser


utilizado como última instância, reservado apenas para casos em que os demais ramos do direito,
como o civil e o administrativo, não são suficientes para resolver o problema. Isso significa que a
criminalização de condutas deve ser feita com parcimônia, evitando-se a punição excessiva12.

10
SOUSA, Elísio de Direito Penal Moçambicano, Escolar Editora, Maputo, 2012, P.45
11
CUNHA, Rogério Sanches, Manual de direito penal, parte geral, 3ª Edição, Podivm Editora, 2015, p
12
https://www.direitopenalbrasileiro.com.br/resumo-principios-do-direito-penal/.

5
1.8.Princípio da ofensividade ou lesividade

O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) exige que


do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado13.
O princípio da ofensividade está atrelado à concepção dualista da norma penal, isto é, a norma
pode ser primária (delimita o âmbito do proibido) ou secundária (cuida do castigo, do âmbito da
sancionabilidade). A norma primária, por seu turno, possui dois aspectos: ela é valorativa (existe
para a proteção de um valor) ; e também imperativa (impõe uma determinada pauta de conduta).
O aspecto valorativo da norma fundamenta o inj usto penal, isto é, só existe crime quando há
ofensa concreta a esse bem jurídico. Daí se conclui que o crime exige, sempre, desvalor da ação
(a realização de uma conduta) assim como desvalor do resultado (afetação concreta de um bem
jurídico). Sem ambos os desvalores não há injusto penal (não há crime)
O princípio da lesividade não se destina somente ao legislador, mas também ao
aplicador da norma incriminadora, que deverá observar, diante da ocorrência de um fato tido
como criminoso, se houve efectiva lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido.
Uma vez reconhecido este princípio, parcela da doutrina questiona a constitucionalidade dos
delitos de perigo abstracto (ou presumido), casos em que da conduta o legislador presume, de
forma absoluta, o perigo para o bem jurídico.
1.9.Princípio da humanidade ou da dignidade da pessoa humana

O princípio da humanidade é, sem dúvida, o mais básico, fundamental e


importante de todos os princípios que estudaremos, já que em curtas palavras este princípio
afirma: O Direito Penal deve respeitar, sempre e acima de tudo, os direitos humanos
fundamentais, garantindo e preservando a dignidade da pessoa humana. Artigo 40 da
constituição da República de Moçambique e o artigo 60 do Código Penal14
10. Princípio da culpabilidade

O princípio da culpabilidade estabelece que uma pessoa só pode ser punida se for
culpada de cometer um crime. Isso significa que a culpabilidade é um elemento essencial na
configuração do delito. O indivíduo deve ter agido com dolo (intenção) ou culpa (negligência)
para ser responsabilizado criminalmente. Proíbe a responsabilidade penal objectiva. Desta forma,

13
CUNHA, Rogério Sanches, Manual de direito penal, parte geral, 3ª Edição, Podivm Editora, 2015, p
14
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248

6
para que alguém pratique um crime, torna-se necessária a actuação com dolo ou culpa. Via de
regra, o crime será doloso15. No entanto, caso haja expressa previsão legal, o crime poderá ser
culposo. O legislador estabelece nos termos do artigo 112 da Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro,
Lei de Revisão do Código Penal.

15
https://www.direitopenalbrasileiro.com.br/resumo-principios-do-direito-penal/.

7
CONCLUSÃO

Após a conclusão do trabalho, constatou-se que os princípios de direito penal são


os instrumentos que ajudam para a sua interpretação e execução. O legislador estabelece alguns
princípios no Código Penal que nos ajudam a entender a letra da Lei no que tange ao pensamento
do legislador. Um dos princípios muito importante em Direito Penal é o princípio da humanidade
ou da dignidade da pessoa humana. Que estabelece que o Direito Penal deve respeitar, sempre e
acima de tudo, os direitos humanos fundamentais, garantindo e preservando a dignidade da
pessoa humana.

8
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Legislações:

 REPUBLICA DE MOCAMBIQUE, Lei n.º 1/2018, de 12 de Junho, Constituição da República,


in Boletim da República I série n.º 20.
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do
Código Penal, in Boletim da República, I série no 248.
Doutrinas:

 CUNHA, Rogério Sanches, Manual de direito penal, parte geral, 3ª Edição, Podivm
Editora, 2015.
 SOUSA, Elísio de Direito Penal Moçambicano, Escolar Editora, Maputo, 2012.
 http://www.csmj.cv/images/sampledata/fruitshop/MANUAL---C1.compressed.pdf.
 https://www.direitopenalbrasileiro.com.br/resumo-principios-do-direito-penal/.
 http://ae.fd.unl.pt/wp-content/uploads/2019/10/Teoria-da-Lei-Penal.pdf

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