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Direito Penal – Teoria do Crime

O que é Direito Penal?

O direito penal é o balanço entre o poder punitivo do estado e a responsabilidade


social que cada indivíduo tem com os seus atos perante a sociedade.
O direito penal é um ramo do direito público que tem como objetivo a regulamentação
do poder punitivo do Estado. A partir do conjunto normativo criado pelo Poder Legislativo,
portanto, o Direito Penal regula a aplicação de penas frente a crimes, delitos e infrações.
É por meio do Direito Penal também que se definem quais ações são consideradas
criminosas, ou que configuram um delito.
Embora o direito penal lide com crimes que pessoas cometem contra terceiros, é um
ramo do direito público. Isso ocorre porque compete ao Poder Público, na figura do Judiciário,
a aplicação da punição adequada ao delito praticado pela pessoa.
Além disso, importa ressaltar que o concito – isto é, a definição do que ~e o Direito
Penal – costuma girar em torno de três instâncias de entendimento.
A primeira instância é aquela formal. Nesse sentido, o Direito Penal é entendido como
o conjunto de normas em si. Em normas advém do Estado, que busca, por meio delas, definir e
qualificar quais comportamentos humanos caracterizam infração penal. Bem com, é claro,
define também a pena para esses comportamentos.
Uma segunda instância é aquela que compreende o Direito Penal do ponto de vista
material. Sob essa perspectiva, o Direito Penal diz respeito aos comportamentos em si, isto é,
as ações e omissões que causam danos aos bens jurídicos e ao progresso da sociedade.
A terceira e última instância pela qual se pode conceituar o Direito Penal é a
sociológica. Como o próprio nome sugere, essa concepção está menos ligada as teorias do
Direito, e mais a Sociologia. Mas já foi, inclusive alvo de perguntas em concursos.
Segundo essa abordagem sociológica, o Direito Penal é um instrumento de controle
social. Ou seja, uma ferramenta, utilizada pelo estado, para garantir o bem-estar e a harmonia
da sociedade.

Fontes do Direito Penal

As fontes penais são divididas em materiais e imateriais.


Materiais: As fontes matérias dizem respeito aos sujeitos que podem criar normas de
Direito Penal. No ordenamento jurídico brasileiro, é competências privativa da União legislar
sobre a matéria penal. Já os estados podem fazê-lo por meio de lei autorizativa.

Formais: As fontes formais podem ser divididas em imediatas e mediatas. As fontes


imediatas são os instrumentos que revelam as normas vigentes, ou seja, é a lei. Como
exemplos, cita-se a Constituição Federal, tratados internacionais, leis infraconstitucionais,
entre outras. Já as fontes formais mediatas são aquelas que auxiliam na interpretação ou
explicação das fontes imediatas (lei). Assim, são elas a jurisprudência e a doutrina.

Obs: Costumes, embora auxiliem na interpretação de normas penais, são considerados


fontes informais do Direito Penal.

Qual a função do Direito Penal?

A partir do que foi apresentado acima, pode-se concluir que a função do direito penal,
portanto, é de proteger os bens jurídicos estabelecidos como importantes dentro de uma
sociedade em seu contexto histórico.
Bem jurídico se modifica de acordo com o tempo e com as situações específicas da
sociedade em que ele se encontra inserido. Pode-se entender como bem jurídico tudo aquilo
que é importante o suficiente para o sujeito e para a sociedade ao ponto de necessitar de
proteção jurídica.
Entretanto, o direito penal não é o ramo do direito que lida com a proteção de todos
os bens jurídicos. Pelo contrário, o foco são aqueles que não estão protegidos por outros
ramos específicos do direito. Dessa forma, protege apenas os bens jurídicos que caso sejam
violados, configurem em sua violação um crime passível de punição pelo Estado.

Código Penal
O objetivo do Código Penal é dispor os regramentos que instituem quais condutas são
consideradas criminosas. Além, é claro, das penas que o Estado prevê para tais condutas. Por
isso, ele é talvez o diploma legal mais completo em vigor no país, quando se trata de Direito
Penal.
O código é dividido entre a Parte geral e a Parte Especial.
Parte Geral: A parte geral do Código Penal de 1940 possui 120 artigos. Ali, não estão as
tipificações penais e suas penas em si, mas sim um conjunto de informações que apresentam
os princípios fundamentais do direito penal. Nesse trecho, tem-se também instruções sobre
como deverão ser aplicadas e interpretadas as normativas apresentadas no texto.
Dentro da parte geral, em resumo, tem-se:
 A apresentação das aplicações das leis penais;
 A definição do que configura crime;
 As situações onde há imputabilidade penal;
 A conceituação de três diferentes espécies de pena (multa, restrição de
direitos e privação de liberdade);
 As condições de reabilitação do criminoso;
 As situações que ocorrem em extinção de punibilidade

Parte Especial: A parte especial do Código Penal é a parte mais volumosa do texto, que
é justamente onde se encontram os tipos penais, isto é, quais são os crimes previstos
dentro do Código, seus atenuantes e suas penas.
Na parte especial, encontram-se tipos de penais divididos em diferentes títulos, cada
um com uma temática diferente.
São esses títulos:
 Dos crimes contra a pessoa;
 Dos crimes contra o patrimônio;
 Dos crimes contra a propriedade imaterial;
 Dos crimes contra a organização do trabalho;
 Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos;
 Dos crimes contra os costumes;
 Dos crimes contra a família;
 Dos crimes contra a incolumidade pública;
 Dos crimes contra a paz pública;
 Dos crimes contra a fé pública;
 Dos crimes contra a administração pública
Cada um desses títulos, portanto, vai trazer a tipificação dos crimes relacionados a
essas esferas, bem como, as previsões de pena.
Princípios Fundamentais do Direito Penal
Como todas as áreas do ordenamento jurídico brasileiro, o direito penal segue
princípios que funcionam como base de toda a aplicação das leis penais.
A partir dos princípios, podemos entender como a legislação penal é pensada, como a
jurisprudência sobre o tema é formada, como o Poder Judiciário deve encarar a aplicação das
leis e como o Estado deve se portar para garantir que as penas serão aplicadas da forma
pretendida.

Princípio da Legalidade
Provavelmente o princípio penal mais conhecido, prevê que não há crime sem que
haja uma lei tipificando a conduta assumida enquanto tal: “ Art. 1º (CP) – Não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. ”
Esse princípio é provavelmente o mais importante para prevenir ações autoritárias e
arbitrárias do Estado na aplicação de sua ferramenta punitiva. Com isso, garante-se à pessoa
que ela não receberá punição por realizar algo que não seja expressamente ilícito.

Princípio da Retroatividade
O princípio da retroatividade é de compreensão bastante simples: ninguém pode
continuar sendo punido por um crime que não é mais expressamente previsto enquanto tal na
legislação.
Dessa forma, o próprio Código Penal garante que ninguém pode continuar pagando
por uma pena de um crime que, por algum motivo, deixa de ser visto como crime pela lei,
como aponta o artigo 2º do CP: “ Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória. ”

Princípio da Culpabilidade
O princípio da culpabilidade aponta que só é passível de penalização a pessoa que
comete o crime com dolo ou culpa, ou seja, que de alguma forma possui consciência ou tem
capacidade de ter consciência de que o ato realizado é ilícito.
É por esse motivo, por exemplo, que a excludente de culpabilidade também existe
dentro do direito penal.

Princípio da Intervenção Mínima


Por se tratar da ação punitiva do Estado para proteger os bens jurídicos mais
importantes para o indivíduo e para a sociedade, o direito penal deve ser a última linha de
recursos para lidar com qualquer tipo de impasse.
Dessa forma, o Princípio da Intervenção Mínima aponta que todos os meios
administrativos e legais possíveis devem ser utilizados antes da aplicação dos tipos penais
sobre um ato especifico, deixando a punição do Estado como último recurso de intervenção.

Princípio da Insignificância
Outro princípio fundamental do direito penal é o princípio da insignificância, que
aponta que uma pessoa não deve sofrer punição ao realizar um ato ilícito cujo resultado
implique em dano insignificante ao bem jurídico afetado.
Esse princípio, embora não seja plenamente pacificado, tem como objetivo impedir
que alguém seja punido por algo que tenha um impacto insignificante.
Por exemplo: ao acusar uma pessoa pelo roubo de um pacote de balas de uma
padaria, dificilmente ela será encarcerada, uma vez que o objeto furtado tem valor
insignificante em relação ao possível encarceramento.
Esse princípio tem como principal objetivo garantir que a pena seja proporcional ao
ato cometido, mantendo um balanço justo.

Princípio da Pessoalidade
O Princípio da Pessoalidade traz que nenhuma pessoa deverá receber punição pelo
crime de outra pessoa, sendo a única responsável pelo crime a pessoa que o cometeu.
Esse princípio vem do artigo 5º, inciso XLV da Constituição Federal, que traz:
“ XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. “

Princípio da Humanidade da Pena


Por último, é a vez do Princípio da Humanidade, que traz influências da Declaração dos
Direitos Humanos.
O princípio da Humanidade do Direito Penal garante que nenhuma pessoa deverá ser
penalizada de forma degradante à dignidade humana. Com isso, se impossibilita a punição de
morte, tortura, trabalho forçado ou qualquer outro tipo de violência física, moral ou
psicológica.
Por esse motivo, não há pena de morte dentro do direito penal brasileiro, por
exemplo.
Apesar desses princípios, que devem nortear a aplicação do Direito Penal, é comum
que casos de grande repercussão pública sejam impactados pela cobertura midiática.

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