Você está na página 1de 4

Aulas de Direito Penal

PROFESSOR EDSON NALON SILVA

CRUZ AZUL

SAÚDE E EDUCAÇÃO

CursoPreparatóriopara o CFS – 2016

Conceito de Direito Penal:

A vidaemsociedadeexige um complexo de normasdisciplinadorasqueestabeleça as


regrasindispensáveisaoconvívio entre osindivíduosque a compõem. O conjuntodessasregras,
denominadodireitopositivo, quedeveserobedecido e cumpridoportodososintegrantes do grupo
social, prevê as consequências e sançõesaosqueviolaremseuspreceitos.

A reunião das normasjurídicaspelasquais o Estado proíbedeterminadascondutas, sob ameaça


de sanção penal, estabelecendoaindaosprincípiosgerais e ospresssupostospara a aplicação das
penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de Direito Penal.

Julio FabbriniMirabete. Manual de Direito Penal

Denominação da Disciplina

A disciplinareferenteaocrime eàssuasconsequênciassãodenominadasporDireito Penal e Direito


Criminal.

A primeira é largamente utilizada, principalmente, nospaísesocidentais, comoAlemanha,


França, Espanha, Itália etc.

No Brasil, a denominaçãopassou a serutilizada no Cód. Penal da República, em 1890,


mantendo a nomenclaturanaConsolidação das Leis Penaisem 1936 e o Código Penal vigenteem
1940.

Vale lembrarque a CF reservou a competênciaparalegislarsobre a matériasomente à União.

Definição de Direito Penal

Para Guilherme de Souza Nucci* Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas voltado à
fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e as sanções
correspondentes, bem como regras atinentes à sua aplicação.

Manual de Direito Penal, 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

Características do Direito Penal

Diz-se que o Direito Penal é uma ciência cultural e normativa. Cultural porque indaga o dever
ser, traduzindo-se em regras de conduta que devem ser observadas por todos no respeito aos
mais relevantes interesses sociais. Diferencia-se, assim, das ciências naturais, em que o objeto
do estudo é o ser.

É também uma ciência normativa, pois seu objeto é oestudo da lei, da norma, do direito
positivo.

Direito Penal Objetivo e Subjetivo

Denomina-se Direito Penal objetivo o conjunto de normas que regula a ação estatal, definindo
os crimes e cominando as respectivas sanções.

Somente o Estado pode estabelecer e aplicar estas sanções, titular do direito de punir (jus
puniendi).

Direito Penal subjetivo é o direito de punir do Estado, que surge após o cometimento da
infração penal.

Direito Penal Comum e Direito Penal Especial

Os doutrinadores definem como Direito Penal comum aquele que se aplica a todas as pessoas
e aos atos delitivos em geral e, o Direito Penal especial aquele dirigido a uma classe de
indivíduos de acordo com sua qualidade especial e a certos atos ilícitos particularizados, ex. 1)
Cód. Penal, Lei de Drogas, CTB, etc. (sujeitos à aplicação pela justiça comum) e 2) Cód. Penal
Militar, Lei de Impeachment, etc. aplicadas por uma justiça especializada.

Direito Penal Comum e Direito Penal Especial

A citada distinção, porém, não encontra apoio na legislação, que se refere genericamente à
legislação especial como sendo aquela que não consta no Cód. Penal (art. 12 e 360 do CP).
Assim, pode-se falar em legislação penal comum em relação ao Cód. Penal, e em legislação
especial como sendo as normas penais que não se encontram no referido Estatuto.

Direito Penal Mínimo (ultima ratio) e Fragmentariedade

Intervenção mínima significa que o Direito Penal não deve interferir em demasia na vida do
indivíduo, retirando-lhe autonomia e liberdade, afinal, a lei penal não deve ser vista como a
primeira opção (prima ratio) do legislador para compor conflitos existentes em sociedade.

O Direito Penal deve ser considerado como a ultimaratio, ou seja, quando não há outra forma
de se solucionar o conflito.

Caso o bem jurídico possa ser protegido de outro modo, deve-se abrir mão da opção legislativa
penal, para não banalizar a punição.

Fragmentariedade significa que nem todas as lesões a bens jurídicos protegidos devem ser
tuteladase punidas pelo Direito Penal, que, por sua vez, constitui somente parcela do
ordenamento jurídico. O Direito Penal deve ser fragmentário, ou seja, deve ocupar-se das
condutas mais graves.

Direito Penal Material e Formal


Direito penal material ou substantivo, é representado pelas normas que definem as figuras
penais, estabelecendo as sanções respectivas (Cód. Penal, Lei de Contravenções Penais etc).

Direito Penal Formal ou adjetivo, constitui-se de preceitos de aplicação do direito material e de


organização judiciária.

Modernamente, esta distinção se faz através apenas do Direito Penal e Direito Processual
Penal.

Exercício

1. Direito Penal é:

a. ( ) Conjunto de normas que visa punir o infrator da lei.

b. ( ) Um ramo do direito que cuida dos infratores das normas de boa convivência.

c. ( ) Complexo de normasdisciplinadorasqueestabeleça as regrasdispensáveisaoconvívio


entre osindivíduos.

d. ( ) Conjunto de normasjurídicasque tem comoobjetivo a tutela dos bens jurídicos e


quepodemseralterados de acordo com o tempo e o lugar.

Conceito de Crime

Teoria Geral do Crime

A teoria do delito tem a finalidade de identificar os elementos que integram a infração penal,
criando um roteiro a ser obrigatoriamente seguido pelos aplicadores do direito, para que se
possa concluir ou não sobre a existência do crime.

Conceito de Crime

O crime pode ser conceituado sob o aspecto material (considerando o conteúdo do fato
punível), sob o aspecto formal e sob o aspecto analítico (considerando sua caracterização
externa, seus elementos estruturais).

Conceito Material de Crime:

É a violação de um bem penalmente protegido, ou seja, aquela conduta que viola os bens
jurídicos mais importantes.

Conceito Formal de Crime:

Crime é a conduta proibida por lei, sob a imposição de pena criminal, ou seja, toda conduta
que atenta frontalmente contra a lei penal editada pelo Estado.
Conceito analítico de crime

Este conceito procura analisar os elementos ou características que integram a infração penal,
permitindo ao intérprete, após sua analise, concluir ou não pela sua pratica.

Dentre as várias definições analíticas que existem, a mais aceitável é a que considera o crime
um fato típico, antijurídico e culpável.

Teoria causalista ou causal da ação

Para essa teoria, crime é fato típico, antijurídico e culpável, estando o dolo e a culpa situados
na culpabilidade. No causalismo, a conduta é despida de valoração, é uma ação ou omissão
voluntária e consciente que exterioriza movimentos corpóreos. Dolo e culpa se situam na
culpabilidade.

Teoria Finalista da Ação

Para esta teoria, crime é fato típico, antijurídico e culpável, estando o dolo e a culpa situados
no fato típico. O alemão Hans Welzel (nascido em 1904)foi o criador desta teoria, sendo
considerado o penalista mais importante do século XX. A conduta segundo Welzel, é composta
de ação ou omissão, voluntária e consciente, que se volta a uma finalidade, portanto, o dolo e
a culpa foram deslocados da culpabilidade para o fato típico, à culpabilidade restou a
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.

Teoria Finalista Tripartida

Sustenta ser o crime um fato típico, antijurídico e culpável, é a vertente mais tradicional da
teoria finalista, inclusive sustentada por Welzel.

Teoria Finalista Bipartida

Sustenta ser o crime um fato típico e antijurídico, funcionando a culpabilidade como


pressuposto de aplicação da pena. Para essa teoria a culpabilidade permanece sendo juízo de
reprovação social, ligando-se ao criminoso e não ao crime, como pressuposto de aplicação da
pena.

Crime e Contravenção Penal

Crime e contravenção penal são espécies de “Infração Penal”. Não há regra para a
caracterização da infração em crime ou contravenção, fica a critério do legislador, contudo,
alguns autores chamam a contravenção, que só pode ser apenada com prisão simples ou
multa, por “crime anão” por ter seus objetos jurídicos uma importância menor que o do crime,
as contravenções também são chamadas de “crime de menor potencial ofensivo”, definição
vinda da lei 9.099/95, art. 61.

Você também pode gostar