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Profª Luciana de Rezende

1º PERÍODO /NOTURNO

1ª ATIVIDADE PARA COMPOR


A NOTA DE NT1 EM DUPLA
Valor: 1,0 (um) ponto

RESPONDA AOS QUESTIONAMENTOS ABAIXO DE FORMA


JUSTIFICADA!

1) Qual o conceito de Direito Penal?

DIREITO PENAL é o conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para


combater o crime, através das penas e medidas de segurança

2) Defina Direito Penal Objetivo e Subjetivo

Denomina-se direito penal objetivo o conjunto de normas que regulam a ação estatal,
definindo os crimes e cominando as respectivas sanções. Já o direito penal subjetivo
é o direito que tem o Estado de atuar sobre os delinquentes na defesa da sociedade
contra o crime; é o direito de punir do Estado.

3) Quais os caracteres/características do Direito Penal?


Diz-se que o direito pena é uma ciência cultural e normativa. É uma ciência cultural
porque indaga o dever ser, traduzindo-se em regras de conduta que devem ser
observadas por todos no respeito aos mais relevantes interesses sociais. É também
uma ciência normativa, pois seu objeto é o estudo da lei, da norma do direito positivo,
como dado fundamental e indiscutível na sua observância obrigatória. A norma penal
é valorativa porque tutela os valores mais elevados da sociedade, dispondo-os em
uma escala hierárquica e valorando os fatos de acordo com a sua gravidade. Afirma-
se que se trata, também, de um direito constitutivo porque possui um ilícito próprio,
oriundo da tipicidade, uma sanção peculiar (pena), e institutos exclusivos como o
sursis.

4) Discorra sobre a relação do direito penal com os seguintes ramos do direito:


civil, administrativo, constitucional, processual penal e internacional.

O direito penal relaciona-se com o Direito Constitucional, em que se define o Estado e


seus fins, bem como os direitos individuais, políticos e sociais. É na carta magna que
se estabelecem normas específicas para resolver um conflito entre os direitos dos
indivíduos e a sociedade. Como é administrativa a função de punir, é evidente o
relacionamento do Direito Penal com o Direito Administrativo. A lei penal é aplicada
através dos agentes de administração (juiz, promotor de justiça, delegado de polícia,
etc.). O Direito Processual Penal, já denominado de direito penal adjetivo, é um ramo
jurídico autônomo, em que se prevê a forma de realização e aplicação da lei penal,
tornando efetiva a sua função de prevenção e repressão dos crimes. Como se
acentua a cooperação internacional na repressão ao crime, fala-se em Direito penal
Internacional como ramo do direito e esse tem por objetivo a luta contra a
criminalidade universal. Quanto ao Direito Civil um mesmo fato pode caracterizar um
ilícito penal e obrigar a uma reparação civil. Com relação ao Direito Comercial, tutela
a lei penal institutos como o cheque, a duplicata, etc
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5) Relacione o Direito Penal com: a criminologia, Vitimologia, medicina legal,


psicologia e psiquiatria forenses.
A criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam os fenômenos e as
causas da criminalidade, a personalidade do delinquente e sua conduta delituosa e a
maneira de ressocializá-lo.
Na Medicina Legal, que é a aplicação de conhecimentos médicos para a realização de
leis penais ou civis, verificam-se a existência, a extensão e a natureza dos danos à
saúde e à vida, a ocorrência de atentados sexuais, etc. A criminalística, também
chamada polícia científica, é a técnica que resulta da aplicação de várias ciência e
investigação criminal, colaborando na descoberta dos crimes e na identificação de
seus autores.
A Psiquiatria Forense estuda os distúrbios mentais em face dos problemas
judiciários.
A Psicologia forense estuda a mente de um individuo que cometeu algum crime,
analisa o comportamento, o histórico de vida do sujeito, seu meio social e suas
capacidades psicológicas.

6) Quais são as fontes do Direito Penal?

Fonte do Direito Penal: De onde provém, de onde se origina a lei penal. -Materiais
(substanciais ou de produção): informam a gênese, a substância, a matéria de que é
feito o Direito Penal, como é produzido, elaborado. -Formais (de conhecimento, de
cognição): referem-se ao modo pelo qual se exterioriza o direito, pelo qual se dá ele a
conhecer.

7) Quais são as fontes materiais do Direito Penal?

Fontes Materiais A única fonte de produção do Direito Penal é o Estado. Art. 22, I, da
CF – compete privativamente à União legislar sobre “direito penal”. OBS: Parágrafo
único do art. 22 prevê a possibilidade de lei complementar autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas no art. 22.

8) Quais são as fontes formais do Direito Penal?

Fontes Formais - Diretas (imediatas): Leis; - Indiretas (mediatas, subsidiárias):


Costumes; Princípios Gerais do Direito (LICC, art. 4º); Costume: Regra de conduta
praticada de modo geral, constante e uniforme, com a consciência de sua
obrigatoriedade. Influência na interpretação e na elaboração da lei penal; Princípios
gerais do Direito: premissas éticas extraídas da legislação, do ordenamento jurídico

9) Discorra sobre as leis incriminadoras e não incriminadoras citando exemplos


de cada uma.

Leis penais incriminadoras (leis penais em sentido estrito, proibitivas ou


mandamentais Entende-se, diante dela, que quando a lei penal criminaliza um
comportamento ela não diz textualmente que determinada conduta é proibida, mas
sim incorpora a técnica de descrever essa conduta e logo após cominar uma pena.
Veja-se o exemplo do homicídio simples, previsto no art. 121, caput, do CP:Art. 121.
Mata alguém: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
No caso não está dito pela lei que “é proibido matar”, porém o intérprete, diante do
comportamento descrito, e com a correspondente cominação de pena, entende
perfeitamente que ali está sendo veiculada uma norma proibitiva (ou seja, entende
que “é proibido matar”, pois há uma ameaça de pena para essa conduta). Desse
modo, a lei penal incriminadora apresenta um preceito primário (descrição da
conduta) e um preceito secundário (cominação da pena). No caso do exemplo dado,
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preceito primário: “Matar alguém”; e preceito secundário: “Pena – reclusão, de 6


(seis) a 20 (vinte) anos”. Técnica legislativa semelhante é utilizada quando se trata de
crimes omissivos, com a diferença de que nestes a norma ao invés de proibir, impõe
um comportamento. 4.1.2 Leis penais não incriminadoras Intuitivamente se observa
que as leis penais não incriminadoras, diferentemente das incriminadoras, não
definem crimes nem cominam sanções. Resta, todavia, delimitar seu campo de
regulação, não somente dizendo a que não se prestam, mas também especificando,
em linhas gerais, o conteúdo delas. Note-se o seguinte exemplo de dispositivo não
incriminador, contido no CP: “Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal”. A diversidade de características da lei penal
não incriminadora é bem maior do que da incriminadora. Por essa razão, divide a
doutrina as normas não incriminadoras em: a) permissivas – prevê em circunstâncias
que afastam o caráter criminoso do comportamento. Podem ser divididas em
permissivas justificantes (arts. 23, 24 e 25 do CP, por exemplo) e permissivas
exculpantes (arts. 26, caput, e 28, § 1º, do CP, por exemplo); b) interpretativas ou
explicativas – estabelecem conceitos que ajudam na interpretação de outras normas
penais (exemplo: art. 327 do CP); c) de aplicação, finais ou complementares –
“delimitam o campo de validade das leis incriminadoras. Exemplos: arts. 2º e 5º do
Código Penal” d) diretivas – estabelecem princípios (exemplo: art. 1º do CP); e)
integrativas ou de extensão – “são as que complementam a tipicidade no tocante ao
nexo causal nos crimes omissivos impróprios, à tentativa e à participação (CP, arts.
13, § 2º, 14, II, e 29, caput, respectivamente)”

10) Discorra sobre as leis penais incompletas, citando exemplo.

Leis penais incompletas A principal delas: Leis penais em branco - São aquelas que
exigem uma complementação de seu preceito primário (descrição da conduta)
veiculada por meio de outra lei ou proveniente de fonte diversa (portaria, decreto
etc.). Conforme aduz Luiz Regis Prado (2007, v. 1, p. 179): “A lei penal em branco
pode ser conceituada como aquela em que a descrição da conduta punível se mostra
incompleta ou lacunosa, necessitando de outro dispositivo legal para a sua
integração ou complementação”. O complemento referido pode ser anterior ou
posterior à vigência da lei penal em branco. O art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que
descreve o crime de tráfico de drogas, é um claro exemplo de lei penal em branco.
Vejamos o caput de referido dispositivo: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. (Grifos nossos)
Note-se que para a aplicação do artigo em referência é necessário definir drogas,
vocábulo este de acepção ampla; ou seja, o preceito primário não está completo
(trata-se de uma lei penal em branco).

11) O que significa interpretar?

“Interpretar a lei penal significa descobrir o seu significado, o seu sentido, a sua
exata extensão normativa (ou seja, seu âmbito concreto de incidência)”
12) Como pode ser a interpretação quanto ao órgão ou sujeito?

Levando em consideração o sujeito da qual provém, a interpretação pode ser


autêntica, doutrinária e jurisprudencial. Interpretação autêntica ou legislativa: Quando
a interpretação provém do próprio legislador, ou seja, um texto legal interpreta o
outro. Nesse caso aparece a chamada lei interpretativa ou norma interpretativa, criada
especificamente para esclarecer o conteúdo e o significado de outra já existente.
Pode ser contextual, quando a interpretação é realizada contemporaneamente o texto
legal a ser interpretado; e posterior, quando realizada depois da edição do texto legal
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interpretado. A título de ilustração, pondere-se que a exposição de motivos do nosso


Código Penal não pode ser tida como uma interpretação autêntica, mas sim
doutrinária, pois não faz parte do texto normativo. Para finalizar, vejamos exemplos
de interpretação autêntica: a) art. 150, §§ 4º e 5º, do CP; e b) art. 327, caput, do CP.
Interpretação doutrinária ou científica: É a interpretação feita pelos estudiosos do
Direito, conhecidos como juristas ou doutrinadores. Revela-se nas obras jurídicas
(livros, artigos, monografias etc.) ou mesmo em debates e palestras. O entendimento
doutrinário, embora tenha caráter científico, não tem força vinculante, ou seja, não é
de observância obrigatória (por exemplo: o juiz, mesmo diante de um entendimento
doutrinário pacificado, não é obrigado a segui-lo em suas decisões). Apesar disso,
inegável a sua importância para o Direito Penal, pois esta é responsável pela
consolidação de seus fundamentos. Interpretação judicial ou jurisprudencial:
Consiste na interpretação da lei penal feita pelos magistrados (membros do Poder
Judiciário) nos julgamentos das causas por eles apreciadas. Quer dizer, somente é
judicial a interpretação feita por órgão judiciário (juiz ou tribunal) e no exercício da
atividade julgadora. A opinião sobre determinada lei, por exemplo, emitida por um juiz
em um livro por ele escrito não é uma interpretação jurisprudencial, mas sim
doutrinária. A reiteração de decisões judiciais sobre determinado assunto forma o
que chamamos de jurisprudência Em regra, a interpretação jurisprudencial não tem
força vinculante, ou seja, não obriga outros intérpretes a seguir o mesmo
entendimento. Fogem a esta regra duas situações, segundo pontuado pela doutrina:
a) as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, conforme prevê
o art. 103-A da CF, sendo que os entendimentos nelas veiculados devem ser
obrigatoriamente seguidos por todos os órgãos do Poder Judiciário e também pela
Administração Pública, de qualquer esfera; b) a interpretação contida nas decisões
judiciais transitadas em julgado é de observância obrigatória para o caso concreto
decidido. c) são também vinculantes as decisões proferidas pelo STF nas ações
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade (art.
102, § 2º, da CF. De acordo com o art. 10, § 3º, da Lei nº 9.882/1999, igualmente são
vinculantes as decisões do STF nos julgamentos das arguições de descumprimento
de preceito fundamental (ADPFs)

13)

Os policiais prenderam João Joaquim dos Santos, conhecido como “Birrôla”, 63 anos, acusado de
ser o proprietário e organizador da rinha e um menor acusado de pratica tráfico de drogas. Segundo
informações as apostas chegavam até os R$ 3.000. Maltratar animais é crime previsto na Lei dos
Crimes Ambientais e prevê pena de detenção por 03 meses a 01 ano e multa. Os acusados foram
encaminhados para a 2ª Delegacia de Polícia Civil juntamente com os animais e todos os materiais
apreendidos. (Disponível em: <http://valmiravozdopovao.blogspot.com/2009/08/violencia-ou-
diversao-rinha-de-galo.html>. Acesso em: 16 set. 2011).
Em razão ao princípio da adequação social, há jurisprudência que em razão de ter se tornado
procedimento normal na sociedade (costume contra legem), aqueles que apenas assistem a
rinha não são mais punidos, apesar da previsão legal.

Com base nas informações dadas, é possível o costume revogar uma lei? Apresente
argumentos que dêem suporte à sua resposta.
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Com base nas informações dadas, é possível o costume revogar uma lei? Apresente
argumentos que dêem suporte à sua resposta.
Verificamos que o Direito Penal só pune atividades que tenham relevância social, que
agridam o interesse coletivo, e por tal motivo as conduta aceitas pela sociedade, normais
não sofrem com uma valoração negativa, sob pena da lei incriminadora padecer do vício de
inconstitucionalidade.
Tal princípio parte de um critério subjetivo de aceitação ou reprovação por parte da
sociedade, sendo esta responsável pelo “senso de justiça”, lembrando-se que a lei não deve
punir algo considerado “normal” pela sociedade. Podemos exemplificar tais fatos com o
crime de adultério, que antigamente estava previsto no artigo 240 do Código Penal Brasileiro,
sendo que, para a sociedade tal conduta deixou de ser vista como criminosa, motivo que
levou o legislador a adequar tal conduta conforme o costume, ratificando que as leis devem
ser adequadas conforme a sociedade.
Tal instituto sofre críticas em seu tocante, pois o costume não pode revogar lei, e
também não pode o Magistrado substituir o legislador e dar por revogada uma lei em plena
vigência, conforme dispõe Fernado Capez: “Critica-se essa teoria porque, em primeiro lugar,
costume não revoga lei, e, em segundo, porque não pode o juiz substituir-se ao legislador e
dar por revogada uma lei incriminadora em plena vigência, sob pena de afronta ao princípio
constitucional da separação de poderes, devendo a atividade fiscalizadora do juiz se
suplementar e, em casos extremos, de clara atuação abusiva do legislador na criação do
tipo”.
Assim sendo, o costume fonte mediata, não pode revogar a lei, mas influenciam para
que a lei em vigor seja revogada por outra lei equivalente.

14) No dia 30 de setembro de 2002, o caseiro gaúcho “Garnisé” aproveitou a pouca


vigilância do patrão e furtou da propriedade, em Porto Alegre, cinco galinhas e dois
sacos de ração. Embora tenha devolvido as aves e a ração, nos oito anos seguintes o
fato mobilizaria o aparato do moroso Judiciário brasileiro". A ação penal contra
“Garnisé” somente veio a ser trancada em novembro último pelo Supremo. (Disponível
em: <http://blogdofred.folha.blog.uol.com.br/arch2011-02-13_2011-02-19.html>. Acesso
em: 16 set. 2011)

Disponível em: <http://novojornal.jor.br/blog/2011/08/27/charge-superlotacao-nas-cadeias/>. Acesso


em: 16 set. 2011.

Diante da charge e notícia discorra sobre o principio constitucional de direito penal


evidenciado, principio da insignificância.

Diante da charge e notícia discorra sobre o principio constitucional de direito penal


evidenciado, principio da insignificância.
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O surgimento do princípio da insignificância ou da criminalidade de bagatela tem os


seus primórdios surgidos no direito civil, justamente com o brocardo jurídico minimus non
curat praetor (o direito penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar
o bem jurídico). A partir dos ensinamentos de Claus Roxin em meados da década de 70 é que
tal princípio foi incorporado ao direito penal.
O princípio da Insignificância aparece em qualquer espécie de delito, desde que com
ele seja compatível, não só apenas aos crimes contra o patrimônio. Por outro lado é
importante frisar que tal princípio não tem cabimento em crimes praticados mediante
violência ou grave ameaça, pois os seus resultados não se pode considerar como
insignificantes.
Ele aparece como causa de exclusão da tipicidade. De acordo com o Superior Tribunal
Federal “a mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica
constituem requisitos da ordem objetiva autorizadores da aplicação desse princípio”.
De tal entendimento pode-se extrair os critérios ou vetores para a aplicação do
Principio, quais sejam, mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade
social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade
da lesão jurídica provocada, bem como foi analisada sua natureza jurídica, traduzida em
causa excludente de tipicidade. Tais vetores de interpretação vem sendo reiteradamente
mencionados nos julgados e doutrinas atuais, representando nova tendência no Direito
Penal.

RODRIGUES, Roberto e PACHECO, Livia Mara Abrão. Direito Penal fundamental: parte geral.
Goiânia: Ed. UCG, 2008.

Diante do mapa mental apresentado, verifica-se que a analogia não é fonte do direito penal.
Discorra sobre essa forma de auto-integração da lei, dando ênfase, ao conceito, espécies e
aplicação em norma penal incriminadora.

A analogia constitui método de integração do ordenamento jurídico, em que se aplica uma


regra existente para solucionar caso concreto semelhante, para o qual não tenha havido
expressa regulamentação legal.

Acompanhe um exemplo: o CP considera crime de abandono material o ato de “deixar, sem


justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou
inapto para o trabalho (...)” (art. 244). Identifica-se nesta norma uma lacuna, uma vez que
omite o companheiro, o qual também é civilmente obrigado à prestação alimentar, nos
mesmos moldes de cônjuge. Poderia o juiz, suprindo a omissão legislativa, considerar como
sujeito ativo do abandono material o convivente que deixou de adimplir com seu dever
alimentar em favor daquele com quem possuía união estável? Não, pois violaria o princípio
da legalidade (nullum crimen sine lege stricta). Existem duas espécies de analogia:
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■ in malam partem: isto é, aquela prejudicial ao agente, por criar ilícitos penais ou agravar a
punição dos já existentes;

■ in bonam partem: é dizer, a que amplia a liberdade individual, restringindo de qualquer


modo o direito de punir do Estado ou, em outras palavras, a realizada em benefício do
agente.

Somente a primeira é vedada; a outra é amplamente admitida, justamente por não ferir o
iuslibertatis. Assim, por exemplo, o CP autoriza o livramento condicional (medida de
antecipação da liberdade ao preso definitivo) depois de cumprido mais de um terço da pena,
se o sentenciado não é reincidente em crime doloso e possui bons antecedentes (art. 83, I).
Permite a lei, ainda, que o reincidente em delito doloso seja premiado com o mesmo instituto,
porém, desde que passada mais da metade do tempo de prisão (art. 83, II). Omite o Código,
entretanto, quanto ao primário de maus antecedentes. Não fará jus, então, ao benefício?
Evidente que sim, aplicando-se a ele o mesmo patamar previsto no inc. I da disposição, isto
é, uma vez transcorrida mais da terça parte da pena privativa de liberdade (analogia in bonam
partem)
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RESPONDER E FUNDAMENTAR LEGALMENTE AS SEGUINTES QUESTÕES:

1) Dirigindo imprudentemente o automóvel de seu pai, Apressadônio Velozeiro, de 17 anos,


atropela um homem que, em conseqüência dos ferimentos recebidos, morre vinte dias depois.
Entre a data do atropelamento e a morte da vítima, entra em vigor nova lei, reduzindo de 18
para 16 anos a maioridade penal. Qual a lei aplicável?

Consoante artigo 4º do código penal, “Considera-se praticado o crime no momento da ação


ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado“. Assim aplica-se a lei vigente ao
tempo do atropelamento, ou seja, Apressadônio Velozeiro era inimputável.

2) Chifronilda Safadósia cometeu adultério e foi condenada em sentença penal transitada em


julgado (irrecorrível). Lei posterior, entretanto, revoga o art. 240 do Código Penal, deixando,
portanto, de considerar o adultério como conduta criminosa. Qual a lei aplicável?

Entende-se por abolitio criminis, a transformação de um fato típico em atípico, onde


determinada conduta antes tipificada como crime, perde a tipicidade em razão de nova lei
que a torna fato atípico. Trata-se de fato jurídico extintivo de punibilidade, conforme
art. 107 , III , do Código Penal : "extingue-se a punibilidade: III - pela retroatividade de lei
que não mais considere o fato como criminoso".
Em decorrência, cessarão a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, bem
como todos os efeitos penais da conduta antes reputada como criminosa, nos termos do
art. 2º do CP . Vale ressaltar que o aludido artigo fala de efeitos PENAIS, não excluindo os
extrapenais, prosseguindo-se, portanto, os de natureza civil.

3) Durante período de violenta seca, entrou em vigor lei considerando crime o desperdício de
água (lavação de carros, irrigação de jardins, etc.). Quatro meses depois, cessada a
calamidade, a lei perdeu a eficácia. No período de vigência da lei, entretanto, Lavanildo de
Sousa praticou a conduta tipificada como “desperdício de água” e fugiu para outra localidade.
Qual a lei aplicável?

Trata-se de uma lei excepcional (criada para vigorar sob determinadas condições
excepcionais (calamidade, guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no período de tais
condições, ou seja, fora dos períodos “normais”)
Ultratividade (ultrativas) – é o fenômeno de que os fatos cometidos dentro de sua vigência,
mesmo após a extinção, continuam a ter efeitos.
Pelo fenômeno da ultratividade, os fatos praticados dentro do período da lei excepcional ou
temporária (mesmo que já extintas) continuam a produzir efeitos. Os efeitos dos atos
praticados não extinguem-se com elas, como preceitua o art. 3º do CP

4) Assassinandro Pires, de 17 anos, fere Morredorino de Castro, de 13, com dolo de homicídio.
Morredorino falece, em consequência dos ferimentos, vinte dias depois. No entretempo,
Assassinandro completa 18 anos e Morredorino 14. Qual o tempo do crime?

Consoante artigo 4º do código penal, “Considera-se praticado o crime no momento da ação


ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado“. Assim aplica-se a lei vigente ao
tempo do disparos, Assassinandro Pires era inimputável.

5) Em um navio mercante sueco atracado no porto de Santos, um tripulante mata outro, ambos
naturais do país da embarcação. É aplicável a lei brasileira?

Observa-se que o § 2º do art. 5º do Codigo penal prevê: É também aplicável a lei


brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
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propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no


espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(...)” (grifo nosso).

6) A bordo de um avião comercial brasileiro, procedente de Buenos Aires, com destino a Porto
Alegre, mas ainda em espaço aéreo argentino, ocorre um crime, sendo autor e vítima naturais
do país vizinho. É aplicável a lei brasileira?

Não é aplicável a lei brasileira tendo em vista que a aeronave brasileira de propriedade
privada encontra-se em espaço aéreo estrangeiro, não é extensão de nosso território

7) A bordo de embarcação brasileira de propriedade privada, em alto-mar, um estrangeiro


comete crime contra brasileiro. É aplicável a lei brasileira?

Observa-se que § 1º do art. 5º do CP prevê: Para os efeitos penais, consideram-se


como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza
pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Portanto, é
aplicável a lei brasileira.

8) Um marinheiro de navio de guerra estrangeiro, atracado no porto de Itajaí, aproveita folga


para ir à terra divertir-se em casa de libidinagem, onde acaba cometendo crime contra
companheiro de tripulação. É aplicável a lei brasileira?

Observa-se que apesar de estrangeiro o crime foi praticado em território brasileiro,


portanto o autor do crime esta sujeito as lei penal brasileira.

9) Em um ônibus que viajava de Florianópolis para Montevidéu, lotado com turistas uruguaios
que retornavam a seu país, um passageiro, ainda em território brasileiro, desfere uma facada
em outro, que morre quando o veículo já rodava em solo do país vizinho. Qual o lugar do
crime? A lei brasileira é aplicável?

O Brasil, como se depreende do art. 6° do Código Penal, adotou, na matéria, a


teoria mista, ou da ubiqüidade: desde que a ação ou o resultado tenham ocorrido em nosso
país, a lei brasileira é aplicável ao crime. No dizer de Nelson Hungria, basta que o
crime, na fase da tentativa ou da consumação, haja tocado o território nacional,
para que seja submetido à lei brasileira

10) Um avião da VARIG parte de Chicago em vôo direto para o Rio de Janeiro. Ainda em
espaço aéreo americano, um passageiro espanhol fere outro, húngaro, com dolo de homicídio.
O vôo prossegue e o húngaro morre quando a aeronave já sobrevoava alto-mar. Qual o lugar
do crime? A lei brasileira é aplicável?

Na situação acima a lei brasileira é aplicável, posto que, tendo ocorrido uma das
fases do crime em território nacional ou sua extensão, nele se considera praticado
o crime, independentemente da nacionalidade dos envolvidos.
O resultado ocorreu em alto mar, como dispõe o § 1º do art. 5º do CP: § 1º - Para os efeitos
penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
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11) Dois bolivianos seqüestram, no Brasil, uma criança chilena, levando-a para Assunção,
Paraguai, onde o resgate é pago. Qual o lugar do crime? A lei brasileira é aplicável?

Na situação acima a lei brasileira é aplicável, posto que, tendo ocorrido uma das
fases do crime em território nacional ou sua extensão, nele se considera praticado
o crime, independentemente da nacionalidade dos envolvidos. Observa-se que a criança foi
sequestrada no Brasil, lugar da ação.

12) Durante visita do Presidente da República a país estrangeiro, um nacional desse país tenta
matá-lo. Aí é processado, condenado e cumpre pena. É aplicável a lei brasileira?

Note-se que, no caso do art. 7º, I, a aplicação da lei brasileira não está
sujeita a qualquer condição, podendo acontecer mesmo que o agente tenha s ido
absolvido, condenado, ou até cumprido pena no país onde o crime aconteceu.
Trata-se de extraterritorialidade incondicionada, devendo entretanto, observar a regra do
Art. 8°. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas

13) Uma brasileira se submete, no estrangeiro, a aborto, licitamente, segundo as leis locais, e
retorna em seguida ao Brasil. É aplicável a lei brasileira?

No inciso II do mesmo art. 7°, a lei brasileira só será aplicável se estiverem


presentes todas as condições mencionadas no § 2°, “a” a “e”, às quais se devem
somar as previstas no § 3°, “a” e “ b”, quando se tratar de crime cometido
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. Observa-se que o fato deve ser punível
também no país em que foi praticado, e não é.

14) Malvadósio Cruelino, brasileiro, em viagem por outro país, aí comete homicídio. Procurado
pela polícia, consegue escapar e retorna ao Brasil. É aplicável a lei brasileira?

A Constituição não permite a extradição de brasileiro, s alvo o naturalizado, emcaso


de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei . A garantia
constitucional não pode, como é evidente, servir de manto protetor, a garantir a
impunidade de brasileiros que cometam crimes no exterior. No caso, presentes
as demais condições estabelecidas no § 2° do art. 7°, o sujeito seria processado no
Brasil, de acordo com nossas leis.

15) Afanásio Babaluf, estrangeiro, em seu país comete crime de falsificação de selo postal
brasileiro (contra a fé pública da União) e aí é condenado a dois anos de prisão, que cumpre.
No Brasil, vem a ser condenado, pelo mesmo crime, a três anos de reclusão. De que forma é
aplicada a lei brasileira?

O condenado deverá cumprir somente a diferença (um ano). Se a pena no


exterior tivesse sido de multa, o juiz brasileiro a levaria em conta como
atenuante, em quantidade a seu critério.

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