Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1º PERÍODO /NOTURNO
Denomina-se direito penal objetivo o conjunto de normas que regulam a ação estatal,
definindo os crimes e cominando as respectivas sanções. Já o direito penal subjetivo
é o direito que tem o Estado de atuar sobre os delinquentes na defesa da sociedade
contra o crime; é o direito de punir do Estado.
Fonte do Direito Penal: De onde provém, de onde se origina a lei penal. -Materiais
(substanciais ou de produção): informam a gênese, a substância, a matéria de que é
feito o Direito Penal, como é produzido, elaborado. -Formais (de conhecimento, de
cognição): referem-se ao modo pelo qual se exterioriza o direito, pelo qual se dá ele a
conhecer.
Fontes Materiais A única fonte de produção do Direito Penal é o Estado. Art. 22, I, da
CF – compete privativamente à União legislar sobre “direito penal”. OBS: Parágrafo
único do art. 22 prevê a possibilidade de lei complementar autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas no art. 22.
Leis penais incompletas A principal delas: Leis penais em branco - São aquelas que
exigem uma complementação de seu preceito primário (descrição da conduta)
veiculada por meio de outra lei ou proveniente de fonte diversa (portaria, decreto
etc.). Conforme aduz Luiz Regis Prado (2007, v. 1, p. 179): “A lei penal em branco
pode ser conceituada como aquela em que a descrição da conduta punível se mostra
incompleta ou lacunosa, necessitando de outro dispositivo legal para a sua
integração ou complementação”. O complemento referido pode ser anterior ou
posterior à vigência da lei penal em branco. O art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que
descreve o crime de tráfico de drogas, é um claro exemplo de lei penal em branco.
Vejamos o caput de referido dispositivo: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. (Grifos nossos)
Note-se que para a aplicação do artigo em referência é necessário definir drogas,
vocábulo este de acepção ampla; ou seja, o preceito primário não está completo
(trata-se de uma lei penal em branco).
“Interpretar a lei penal significa descobrir o seu significado, o seu sentido, a sua
exata extensão normativa (ou seja, seu âmbito concreto de incidência)”
12) Como pode ser a interpretação quanto ao órgão ou sujeito?
13)
Os policiais prenderam João Joaquim dos Santos, conhecido como “Birrôla”, 63 anos, acusado de
ser o proprietário e organizador da rinha e um menor acusado de pratica tráfico de drogas. Segundo
informações as apostas chegavam até os R$ 3.000. Maltratar animais é crime previsto na Lei dos
Crimes Ambientais e prevê pena de detenção por 03 meses a 01 ano e multa. Os acusados foram
encaminhados para a 2ª Delegacia de Polícia Civil juntamente com os animais e todos os materiais
apreendidos. (Disponível em: <http://valmiravozdopovao.blogspot.com/2009/08/violencia-ou-
diversao-rinha-de-galo.html>. Acesso em: 16 set. 2011).
Em razão ao princípio da adequação social, há jurisprudência que em razão de ter se tornado
procedimento normal na sociedade (costume contra legem), aqueles que apenas assistem a
rinha não são mais punidos, apesar da previsão legal.
Com base nas informações dadas, é possível o costume revogar uma lei? Apresente
argumentos que dêem suporte à sua resposta.
Profª Luciana de Rezende
1º PERÍODO /NOTURNO
Com base nas informações dadas, é possível o costume revogar uma lei? Apresente
argumentos que dêem suporte à sua resposta.
Verificamos que o Direito Penal só pune atividades que tenham relevância social, que
agridam o interesse coletivo, e por tal motivo as conduta aceitas pela sociedade, normais
não sofrem com uma valoração negativa, sob pena da lei incriminadora padecer do vício de
inconstitucionalidade.
Tal princípio parte de um critério subjetivo de aceitação ou reprovação por parte da
sociedade, sendo esta responsável pelo “senso de justiça”, lembrando-se que a lei não deve
punir algo considerado “normal” pela sociedade. Podemos exemplificar tais fatos com o
crime de adultério, que antigamente estava previsto no artigo 240 do Código Penal Brasileiro,
sendo que, para a sociedade tal conduta deixou de ser vista como criminosa, motivo que
levou o legislador a adequar tal conduta conforme o costume, ratificando que as leis devem
ser adequadas conforme a sociedade.
Tal instituto sofre críticas em seu tocante, pois o costume não pode revogar lei, e
também não pode o Magistrado substituir o legislador e dar por revogada uma lei em plena
vigência, conforme dispõe Fernado Capez: “Critica-se essa teoria porque, em primeiro lugar,
costume não revoga lei, e, em segundo, porque não pode o juiz substituir-se ao legislador e
dar por revogada uma lei incriminadora em plena vigência, sob pena de afronta ao princípio
constitucional da separação de poderes, devendo a atividade fiscalizadora do juiz se
suplementar e, em casos extremos, de clara atuação abusiva do legislador na criação do
tipo”.
Assim sendo, o costume fonte mediata, não pode revogar a lei, mas influenciam para
que a lei em vigor seja revogada por outra lei equivalente.
RODRIGUES, Roberto e PACHECO, Livia Mara Abrão. Direito Penal fundamental: parte geral.
Goiânia: Ed. UCG, 2008.
Diante do mapa mental apresentado, verifica-se que a analogia não é fonte do direito penal.
Discorra sobre essa forma de auto-integração da lei, dando ênfase, ao conceito, espécies e
aplicação em norma penal incriminadora.
■ in malam partem: isto é, aquela prejudicial ao agente, por criar ilícitos penais ou agravar a
punição dos já existentes;
Somente a primeira é vedada; a outra é amplamente admitida, justamente por não ferir o
iuslibertatis. Assim, por exemplo, o CP autoriza o livramento condicional (medida de
antecipação da liberdade ao preso definitivo) depois de cumprido mais de um terço da pena,
se o sentenciado não é reincidente em crime doloso e possui bons antecedentes (art. 83, I).
Permite a lei, ainda, que o reincidente em delito doloso seja premiado com o mesmo instituto,
porém, desde que passada mais da metade do tempo de prisão (art. 83, II). Omite o Código,
entretanto, quanto ao primário de maus antecedentes. Não fará jus, então, ao benefício?
Evidente que sim, aplicando-se a ele o mesmo patamar previsto no inc. I da disposição, isto
é, uma vez transcorrida mais da terça parte da pena privativa de liberdade (analogia in bonam
partem)
Profª Luciana de Rezende
1º PERÍODO /NOTURNO
3) Durante período de violenta seca, entrou em vigor lei considerando crime o desperdício de
água (lavação de carros, irrigação de jardins, etc.). Quatro meses depois, cessada a
calamidade, a lei perdeu a eficácia. No período de vigência da lei, entretanto, Lavanildo de
Sousa praticou a conduta tipificada como “desperdício de água” e fugiu para outra localidade.
Qual a lei aplicável?
Trata-se de uma lei excepcional (criada para vigorar sob determinadas condições
excepcionais (calamidade, guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no período de tais
condições, ou seja, fora dos períodos “normais”)
Ultratividade (ultrativas) – é o fenômeno de que os fatos cometidos dentro de sua vigência,
mesmo após a extinção, continuam a ter efeitos.
Pelo fenômeno da ultratividade, os fatos praticados dentro do período da lei excepcional ou
temporária (mesmo que já extintas) continuam a produzir efeitos. Os efeitos dos atos
praticados não extinguem-se com elas, como preceitua o art. 3º do CP
4) Assassinandro Pires, de 17 anos, fere Morredorino de Castro, de 13, com dolo de homicídio.
Morredorino falece, em consequência dos ferimentos, vinte dias depois. No entretempo,
Assassinandro completa 18 anos e Morredorino 14. Qual o tempo do crime?
5) Em um navio mercante sueco atracado no porto de Santos, um tripulante mata outro, ambos
naturais do país da embarcação. É aplicável a lei brasileira?
6) A bordo de um avião comercial brasileiro, procedente de Buenos Aires, com destino a Porto
Alegre, mas ainda em espaço aéreo argentino, ocorre um crime, sendo autor e vítima naturais
do país vizinho. É aplicável a lei brasileira?
Não é aplicável a lei brasileira tendo em vista que a aeronave brasileira de propriedade
privada encontra-se em espaço aéreo estrangeiro, não é extensão de nosso território
9) Em um ônibus que viajava de Florianópolis para Montevidéu, lotado com turistas uruguaios
que retornavam a seu país, um passageiro, ainda em território brasileiro, desfere uma facada
em outro, que morre quando o veículo já rodava em solo do país vizinho. Qual o lugar do
crime? A lei brasileira é aplicável?
10) Um avião da VARIG parte de Chicago em vôo direto para o Rio de Janeiro. Ainda em
espaço aéreo americano, um passageiro espanhol fere outro, húngaro, com dolo de homicídio.
O vôo prossegue e o húngaro morre quando a aeronave já sobrevoava alto-mar. Qual o lugar
do crime? A lei brasileira é aplicável?
Na situação acima a lei brasileira é aplicável, posto que, tendo ocorrido uma das
fases do crime em território nacional ou sua extensão, nele se considera praticado
o crime, independentemente da nacionalidade dos envolvidos.
O resultado ocorreu em alto mar, como dispõe o § 1º do art. 5º do CP: § 1º - Para os efeitos
penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Profª Luciana de Rezende
1º PERÍODO /NOTURNO
11) Dois bolivianos seqüestram, no Brasil, uma criança chilena, levando-a para Assunção,
Paraguai, onde o resgate é pago. Qual o lugar do crime? A lei brasileira é aplicável?
Na situação acima a lei brasileira é aplicável, posto que, tendo ocorrido uma das
fases do crime em território nacional ou sua extensão, nele se considera praticado
o crime, independentemente da nacionalidade dos envolvidos. Observa-se que a criança foi
sequestrada no Brasil, lugar da ação.
12) Durante visita do Presidente da República a país estrangeiro, um nacional desse país tenta
matá-lo. Aí é processado, condenado e cumpre pena. É aplicável a lei brasileira?
Note-se que, no caso do art. 7º, I, a aplicação da lei brasileira não está
sujeita a qualquer condição, podendo acontecer mesmo que o agente tenha s ido
absolvido, condenado, ou até cumprido pena no país onde o crime aconteceu.
Trata-se de extraterritorialidade incondicionada, devendo entretanto, observar a regra do
Art. 8°. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas
13) Uma brasileira se submete, no estrangeiro, a aborto, licitamente, segundo as leis locais, e
retorna em seguida ao Brasil. É aplicável a lei brasileira?
14) Malvadósio Cruelino, brasileiro, em viagem por outro país, aí comete homicídio. Procurado
pela polícia, consegue escapar e retorna ao Brasil. É aplicável a lei brasileira?
15) Afanásio Babaluf, estrangeiro, em seu país comete crime de falsificação de selo postal
brasileiro (contra a fé pública da União) e aí é condenado a dois anos de prisão, que cumpre.
No Brasil, vem a ser condenado, pelo mesmo crime, a três anos de reclusão. De que forma é
aplicada a lei brasileira?