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Regulamentação das Ações ..........................................................................................................................................................3
Processo Coletivo .........................................................................................................................................................................4
Modelos de Tutela Coletiva .........................................................................................................................................................5
Conceitos de Ação .......................................................................................................................................................................8
Objeto Material da Tutela Coletiva ..............................................................................................................................................9
Reflexos do NCPC nos Processos Coletivos ................................................................................................................................14
Princípios do Processo Coletivo ..................................................................................................................................................21
Aspectos do Processo Coletivo ...................................................................................................................................................23
Competência ..............................................................................................................................................................................26
Condições da Ação .....................................................................................................................................................................31
Intervenção de Terceiros ...........................................................................................................................................................40
Tutelas Provisórias .....................................................................................................................................................................44
Coisa Julgada Coletiva ................................................................................................................................................................48
Prescrição e Decadência ............................................................................................................................................................52
Liquidação e Execução ...............................................................................................................................................................56
Instrumentos Extraprocessuais e Extrajudiciais de Tutela Coletiva ...........................................................................................58
Este material foi elaborado com base no livro Curso de Processo Coletivo de Fabrício Bastos
(1ª Edição, 2018) e no material de aula anotado do curso do mesmo autor.
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Capítulo 1 – REGULAMENTAÇÃO DAS AÇÕES COLETIVAS NO BRASIL
(Fabrícios Bastos)
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1.3. Do diálogo das Fontes
A multiplicidade de fontes normativas que compõe o microssistema pode resultar na existência de conflito aparente de
normas ou na necessidade de aplicação conjunta de normas, sendo a utilização do Diálogo das Fontes a solução que confere
maior efetividade ao processo coletivo. Segundo a teoria do diálogo das fontes, as normas jurídicas, mesmo que pertencentes a
ramos jurídicos distintos, não devem se excluir, mas se complementar. Assim, prestigia-se a unidade do ordenamento jurídico,
além de conferir maior efetividade ao processo coletivo.
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Capítulo 3 – MODELOS DE TUTELA COLETIVA
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e) Quanto ao órgão jurisdicional que exerce a admissibilidade e o órgão julgador: no IRDR, o órgão competente para fazer o
juízo de admissibilidade é o próprio órgão colegiado responsável pela fixação da tese jurídica; nos recursos repetitivos, a
admissibilidade será feita pelo Relator no Tribunal Superior, enquanto o julgamento será realizado pelo órgão colegiado.
f) Quanto à possibilidade de suspensão dos processos individuais e coletivos pendentes: no IRDR, a simples admissibilidade do
incidente acarreta a suspensão; no procedimento dos recursos repetitivos, a afetação do recurso acarreta a suspensão.
g) Quanto aos legitimados ativos: no IRDR, são legitimados o juiz, o relator, as partes, o MP ou a DP; nos recursos repetitivos, o
presidente ou vice do tribunal de origem (TJ ou TRF).
h) Quanto à possibilidade de assunção da condução do processo: em havendo desistência ou abandono do processo, não
haverá óbice para a análise do mérito, quando será aplicada a causa-modelo. Nos casos de IRDR, o MP pode assumir a condução
do incidente.
i) Quanto à necessidade de intervenção do MP: o MP deve intervir obrigatoriamente como custos iuris, quando já não for parte.
j) Quanto à aplicabilidade da limitação territorial da eficácia: no IRDR, a decisão será limitada ao âmbito de abrangência do TJ
ou TRF respectivo; no caso dos recursos repetitivos, a abrangência é nacional.
k) Quanto à eficácia vinculante do resultado: haverá eficácia vinculante aos casos concretos pendentes (suspensos) e futuros,
salvo quando houve revisão da tese.
l) Quanto ao regime jurídico da coisa julgada material: a tese jurídica não gera coisa julgada material, sendo possível revisão da
tese. A coisa julgada material apenas ocorre no âmbito do processo suspenso (individual ou coletivo) no qual foi aplicada a tese
jurídica, mas não guarda relação direta e exata com a criação da tese.
b) Quanto ao pressuposto objetivo para verificação do modelo: para que seja proposta uma ação coletiva, basta a existência de
uma situação fática/jurídica coletiva.
d) Quanto à aplicabilidade da causa-modelo ou causa-piloto: nas ações coletivas, não há que se falar em causa-modelo ou
causa-piloto.
e) Quanto ao órgão jurisdicional que exerce a admissibilidade e o órgão julgador: ambos são realizados pelo órgão jurisdicional
com competência para a matéria. ATENÇÃO! No âmbito da tutela coletiva cível, não existe foro por prerrogativa de função.
f) Quanto à possibilidade de suspensão dos processos individuais e coletivos pendentes: em razão do sistema do fair notice, é
possível que uma ação coletiva gere a suspensão de uma demanda individual.
g) Quanto aos legitimados ativos: a legitimação coletiva ativa é extraordinária e disjuntiva, em regra, e será verificada em
concreto a depender do tipo de demanda.
h) Quanto à possibilidade de assunção da condução do processo: há previsão expressa no microssistema de tutela coletiva para
a assunção da condução do processo tanto na fase de conhecimento quanto na fase de cumprimento de sentença (arts.5º, §3º e
15 da LACP e 9º, 16 e 17 da LAP).
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i) Quanto à necessidade da intervenção do MP: quando o MP não for parte, deverá intervir como custos iuris.
j) Quanto à aplicabilidade da limitação territorial da eficácia: redação do art.16 da LACP à críticas da doutrina e interpretação
da jurisprudência: A eficácia da decisão proferida em ACP não fica limitada ao território do juízo prolator da decisão
O art. 16 da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) estabelece o seguinte: Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes,
nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. (Redação
dada pela Lei nº 9.494/97) O que o art. 16 quis dizer foi o seguinte: a decisão do juiz na ação civil pública não produz efeitos no
Brasil todo. Ela irá produzir efeitos apenas na comarca (se for Justiça Estadual) ou na seção ou subseção judiciária (se for Justiça
Federal) do juiz prolator. Para o STJ, o art. 16 da LACP é válido? A decisão do juiz na ação civil pública fica restrita apenas à comarca
ou à seção (ou subseção) judiciária do juiz prolator? NÃO. A posição que prevalece atualmente é a seguinte: A eficácia das decisões
proferidas em ações civis públicas coletivas NÃO deve ficar limitada ao território da competência do órgão jurisdicional que
prolatou a decisão. STJ. Corte Especial. EREsp 1134957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/10/2016. Os efeitos da sentença
proferida em ação civil pública versando direitos individuais homogêneos em relação consumerista operam-se erga omnes para
além dos limites da competência territorial do órgão julgador, isto é, abrangem todo o território nacional, beneficiando todas as
vítimas e seus sucessores, já que o art. 16 da Lei nº 7.347/85 deve ser interpretado de forma harmônica com as demais normas
que regem a tutela coletiva de direitos. STJ. 3ª Turma. REsp 1594024/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
27/11/2018.
Tal limitação territorial não pode ser aplicada nas demandas coletivas de consumo, pois o art.103 do CDC não traz
qualquer previsão neste sentido.
No plano subjetivo (repercussão do resultado do processo), são identificáveis as seguintes eficácias subjetivas:
a. Inter partes;
b. Erga omnes;
c. Ultra partes.
No plano objetivo, em regra, aplica-se o regime jurídico condicionado: ao resultado da demanda, no caso de direitos
individuais homogêneos; ou ao resultado da instrução probatória, nos casos de direitos difusos e coletivos stricto senso.
Somente haverá coisa julgada material a impedir a repropositura das demandas coletivas pelo mesmo ou por outro legitimado
coletivo se o resultado for de improcedência pura (sem o designativo “por falta de provas”) ou procedência.
No plano subjetivo, em se tratando de direito coletivo stricto senso, a eficácia subjetiva será ultra partes; em se tratando de
direito difuso ou individual homogêneo, a eficácia subjetiva será erga omnes. Será aplicável, também, por óbvio, entre as partes
formais da demanda coletiva a eficácia inter partes.
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Capítulo 4 – CONCEITOS DE AÇÃO
3. AÇÃO PSEUDOINDIVIDUAL
Nesta, há uma demanda individual que, apesar de lastreada em direito subjetivo individual com uma pretensão
individualmente exercida, deveria ter sido objeto de processo coletivo, pois o resultado da ação afetará todos que titularizam o
direito subjetivo. Trata-se de demanda baseada em direito material unitário. Ex: ação de anulação de assembleia de
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determinada sociedade. Se um sócio ou acionista propuser uma ação de anulação de assembleia, o direito material deduzido é
incindível, é unitário. Ou a assembleia será válida para todos que fizerem parte da sociedade, ou será inválida para todos.
Levando-se em conta o direito material subjacente, é imprescindível que os demais titulares do direito material sejam
cientificados. A eficácia subjetiva da coisa julgada material deverá ser erga omnes, tanto no caso de improcedência, quanto no
de procedência (imutabilidade pro et contra), ou seja, deverá atingir todos que titularizam o direito material deduzido em juízo.
1. INTRODUÇÃO
Os direitos transindividuais podem ser classificados da seguinte forma:
a) Quanto ao objeto material da demanda coletiva: direitos difusos, direitos coletivos em sentido estrito e direitos individuais
homogêneos;
b) Quando ao tipo de direito: direitos essencialmente coletivos e direitos acidentalmente coletivos;
c) Quanto ao grau de litígio: litígios de difusão global, litígios de difusão irradiada e litígios de difusão local.
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indisponível. Na ação coletiva, quem titulariza direito indisponível é o autor (sujeito ativo). Assim, não faz sentido aplicar o
art.345, II, NCPC, ao processo coletivo, sendo possível, portanto, a aplicação da revelia relevante em processo coletivo.
Entretanto se for uma ação coletiva passiva, pode ser que o direito material titularizado seja indisponível. Neste caso,
aplica-se o art.345, II, NCPC.
d. Confissão: segundo o art.392, NCPC, não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
Assim, somente valerá como confissão a admissão de fato relativo a direito disponível da parte confitente. Nos processos
coletivos, será possível a confissão, mas quando realizada pelo legitimado coletivo, aplica-se o art.392 do NCPC, afastando seus
efeitos, mas não impede que a parte contrária, desde que seja titular de direito material disponível, admita fato que lhe seja
desfavorável e valha como confissão.
e. Convenção das partes sobre o ônus da prova (art.373, §3º, NCPC): o art.373, §3º, I, NCPC, não veda a convenção em litígios
sobre direitos indisponíveis, mas sim a convenção que recair sobre o direito material indisponível da parte. Assim, a convenção
só não será possível quando o ônus da prova for ampliado em desfavor do titular do direito material indisponível. Seria um
tremendo contrassenso vedar a realização da inversão convencionada do ônus da prova em favor da coletividade, pelo simples
fato do litígio versar sobre direito material indisponível.
f. Negócio jurídico processual (art.190, NCPC): é plenamente possível a celebração de negócio jurídico processual em processo
coletivo. Assunto a ser tratado mais adiante.
g. Autocomposição: não pode ser confundida a ideia de autocomposição com disponibilidade do direito material. A
autocomposição é uma das formas de solução do litígio, que não pressupõe a disponibilidade do direito material, ou seja, o
simples fato de as partes formularem um acordo (autocomposição) não significa, de per si, que dispuseram do direito material
objeto da demanda. Diante dessa simples premissa, é possível defender a tese segundo a qual é plenamente possível celebrar
autocomposição em processos coletivos.
6.3. Aspectos processuais à são os mesmos dos direitos difusos, com algumas peculiaridades:
a. Mutação no polo ativo: relativamente informal. No plano abstrato, a titularidade do direito coletivo pertence a sujeitos
indeterminados. Qualquer alteração na titularidade ativa não precisa, a priori, ser formalizada nos autos, mas em determinadas
etapas do procedimento será imprescindível essa formalização, mormente nas fases de liquidação e execução. No direito difuso,
ao reverso, a mutação no polo ativo é absolutamente informal.
b. Coisa julgada material: quanto ao limite subjetivo da coisa julgada, a eficácia é ultra partes, mas limitada ao grupo, categoria
ou classe, salvo na hipótese de improcedência por falta de provas.
Quanto ao regime jurídico da imutabilidade, no plano subjetivo (eficácia subjetiva da imutabilidade), analisa-se quem
será atingido pelo resultado do processo – na ação coletiva que tutela interesse coletivo, a eficácia da sentença é ultra partes.
No plano objetivo, analisa-se o modo de produção da imutabilidade, que, na tutela de direitos coletivos em sentido estrito, é
condicionada ao resultado da instrução probatória (imutabilidade secundum eventus probationis): a improcedência por falta de
provas, a despeito de resolver o mérito, acarretará apenas coisa julgada formal. Aqui, valem as mesmas considerações feitas no
regime jurídico da imutabilidade dos direitos difusos.
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art.94 do CDC, ou caso exercitem seu direito individual à indenização, em decorrência de habilitação para fins de liquidação e
execução de sentença, na forma do art.97 do CDC.
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g. Revelia: pelo fato de o direito individual homogêneo ser, em regra, disponível, não se aplica a vedação do art.345, II, NCPC.
Mas, mesmo que se trate de direito individual homogêneo indisponível, valem os mesmos comentários feitos no tópico
“revelia” referente aos direitos difusos.
h. Confissão: como, em regra, o direito individual homogêneo é disponível, não se aplica o art.392, II, NCPC quanto à vedação à
confissão. Mas, mesmo que se trata de direito individual homogêneo indisponível, valem os mesmos comentários feitos no
tópico “confissão” referente aos direitos difusos.
i. Convenção das partes sobre o ônus da prova: não se aplica a vedação inscrita no inc.I do §3º do art.373 do NCPC, uma vez
que, em regra, o direito individual homogêneo é disponível. Mas mesmo que se trate de direito individual homogêneo
indisponível, valem os mesmos comentários feitos no tópico “convenção das partes sobre o ônus da prova” referente aos
direitos difusos.
f. Negócio jurídico processual: vale os mesmos comentários feitos no tópico “negócio jurídico processual” referente aos direitos
difusos. Sendo que, quanto aos direitos individuais homogêneos, é ainda mais fácil defender a possibilidade da celebração de
negócios jurídicos processuais, pois, como regra, o direito material subjacente é disponível.
8.1. Sistema do fair notice e right to opt in or out aplicável aos processos coletivos que veiculam direitos individuais
homogêneos
O sistema processual coletivo não impede o ajuizamento de demandas individuais correlatas às demandas coletivas, e o
próprio sistema normativo não reconhece a possibilidade de litispendência entre demandas coletivas e individuais.
O ordenamento prevê a necessidade de intimação (fair notice), no bojo da ação individual, do autor da ação para que,
no prazo decadencial de 30 dias, exerça o direito de optar (right to opt) entre o sistema de inclusão (right to opt in) ou de
exclusão (right to opt out) da demanda coletiva.
Esta intimação é indispensável para a configuração do sistema, pois a mera publicidade preconizada no art.94 do CDC
não tem o condão de garantir a plena ciência da existência de demandas coletivas, versando sobre a mesma situação jurídica
das demandas individuais correlatas.
Somente poderá se valer do transporte in utilibus, previsto no art.103, §3º, do CDC, o autor individual que optar pela
suspensão da sua demanda.
À guisa de conclusão, o sistema do IRDR retira do autor da demanda individual o seu direito de optar por prosseguir ou
suspender sua demanda individual, pois permite a suspensão das demandas individuais de ofício pelo magistrado quando
versarem sobre situações jurídicas homogêneas. A suspensão decorre da mera admissibilidade do IRDR pelo Tribunal.
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8.2. Consequência da aplicação prática do IRDR no microssistema de tutela coletiva
Em se admitindo a aplicação do IRDR para a solução de demandas envolvendo direitos individuais homogêneos, haverá
a revogação tácita das normas da tutela coletiva que trazem a previsão do sistema do fair notice e right to opt? Não, o sistema
do fair notice e right to opt continua valendo.
12. TIPOLOGIA DOS LITÍGIOS – UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO AMPLO
Os conflitos coletivos, segundo Edilson Vitorelli, podem ser globais, locais e irradiados, conforme o impacto
efetivamente provocado pela lesão, usando como premissa para a sua classificação duas características: a conflituosidade e a
complexidade.
O autor demonstra a necessidade da revisão da classificação tradicional tomando como centro da nova qualificação o
próprio conflito em si, e não mais o direito material subjacente, porque este não tem o condão de diferenciar o procedimento
que será o mais adequado para a tutela da coletividade.
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
O reflexo mais imediato e inconteste é a adoção do novo modelo de processo colaborativo, cooperativo ou
comparticipativo, no qual todos os sujeitos do processo, com base nos princípios da boa-fé objetiva e da cooperação, atuam na
condução da relação jurídica processual, bem como para a resolução das questões processuais que surgirem.
Outro reflexo é a adoção do procedimento comum (princípio do procedimento comum único) como regra geral no
NCPC. Em havendo omissão na regulamentação do procedimento aplicável à determinada demanda coletiva (a lei específica não
regulamente a ação, não diga qual procedimento deve ser aplicado, nem seja encontrada solução no microssistema), será
aplicável o procedimento comum previsto no NCPC.
Também, o procedimento executório do NCPC será plenamente aplicável, de forma residual, aos processos coletivos.
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Com o advento do NCPC, o poder geral de efetivação passa a ter uma configuração mais abrangente, pois poderá ser
utilizado para qualquer comando jurisdicional, ainda que não seja de provimento final.
Nos processos coletivos não chega a ser uma inteira novidade a possibilidade de dilação dos prazos processuais, pois o
art.7º, IV, da LAP preconiza que o prazo para o oferecimento da contestação é de 20 dias, mas pode ser prorrogado por mais 20
dias, desde que devidamente requerido pelo interessado.
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A assunção do processo ocorrerá toda vez que o legitimado coletivo que assumir a condução do processo já for
legitimado originário para fazê-lo, como ocorre no caso de uma associação civil autora de uma ACP der causa à extinção do
processo e o MP assumir a titularidade ativa, pois, até o momento, somente atuava como custos iuris, conforme art.5º, §3º,
LACP.
A assunção de legitimidade ocorre toda vez que o legitimado coletivo que assumir a condução do processo não for,
originariamente, legitimado para fazê-lo, tal como ocorre na ação popular quando o cidadão-eleitor dá causa à extinção do
processo sem resolução do mérito e o MP assume a titularidade ativa, conforme art.9º da LAP.
LACP, Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.
11. SISTEMA DO FAIR NOTICE E RIGHT TO OPT IN OR OUT APLICÁVEL AOS PROCESSOS COLETIVOS QUE VEICULAM DIREITOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
O sistema processual coletivo não impede o ajuizamento de demandas individuais correlatas às demandas individuais.
No entanto, prevê a necessidade de intimação, no bojo da demanda individual, do autor da ação para que, no prazo decadencial
de 30 dias, exerça o direito de optar (right to opt) entre o sistema de inclusão (right to opt in) e o de exclusão (right to opt out)
da demanda coletiva proposta.
Por esse sistema, caso o autor da demanda individual queira beneficiar-se do resultado jurídico da demanda coletiva,
deverá se manifestar de forma expressa e requerer a suspensão do processo individual. Por outro lado, caso seu desejo seja o
de manter-se imune ao resultado da demanda coletiva, bastará sua inércia dentro do prazo de 30 dias. Somente poderá valer-se
do transporte in utilibus (art.103, §3º, CDC) o autor individual que optar pela suspensão da sua demanda.
ATENÇÃO! A LMS e LMI determinam que o impetrante da demanda individual deva desistir de sua ação para que possa se
beneficiar da demanda coletiva. Fabrício Bastos considera tais normas inconstitucionais e defende a aplicação do microssistema
para estes casos, ou seja, as normas jurídicas dos arts.22, §1º, LMS e 13, p.u., LMI, deverão ser lidas na forma prevista no art.104
do CDC.
DE OLHO NA JURIS! O STJ – contrariando o sistema do fair notice e da legislação que afirma não haver litispendência entre
demanda coletiva e demanda individual - já admitiu que o juiz, de ofício, suspenda automaticamente as ações individuais,
quando houver a propositura de demanda coletiva.
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O ato judicial que recebe a inicial da ACP por ato de improbidade administrativa é recorrível por agravo de instrumento,
conforme art.17, §10, LIA. Em verdade, esta norma prevista na LIA encontra lastro no inc.XIII do art.1015 do NCPC. Tal hipótese,
com base no microssistema, deverá ser aplicável aos demais processos coletivos.
Apesar destas mudanças ocorridas no NCPC, Fabrício Bastos reputa inaplicáveis aos processos coletivos. Nestes, todas
as decisões interlocutórias são agraváveis (art.19, §1º, LAP e art.1046, §2º, NCPC) e sujeitas ao regime jurídico da preclusão
imediata.
b. O processo cautelar, como processo autônomo, deixa de existir. As medidas cautelares serão requeridas no bojo do mesmo
processo, sem a necessidade de instauração de relação jurídica processual nova.
c. Há a possibilidade de instauração de nova relação jurídica processual no caso de tutela de urgência cautelar requerida em
caráter antecedente. O autor pode formular o pedido cautelar e o principal nos mesmos autos, ou não.
d. As medidas cautelares típicas ou nominadas deixam de existir como regulamentação autônoma e devem seguir o
procedimento comum.
e. Previsão de requerimento da tutela provisória de urgência antecipada em caráter antecedente, quando a urgência for
concomitante ao ajuizamento da demanda e a possibilidade da sua estabilização, conforme arts.303 e 304, NCPC.
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A tutela provisória, dotada de sumariedade e precariedade, tem por objetivo antecipar provisoriamente os efeitos da
tutela jurisdicional definitiva. Divide-se em tutela de urgência e tutela de evidência.
A tutela de urgência se subdivide em: tutela de urgência cautelar e tutela de urgência antecipada/satisfativa. As tutelas
de urgência, quanto ao momento processual, poderão ser requeridas de forma antecedente ou incidental. A tutela de evidência
sempre será requerida em caráter incidental.
Não há que se confundir as tutelas provisórias com as medidas liminares. Estas significam que o magistrado apreciou,
para concedê-las ou rejeitá-las, a medida de urgência requerida no início da relação jurídica processual, antes de qualquer
manifestação do demandado e, até mesmo, antes de sua citação. As medidas liminares incluem todas as tutelas provisórias.
Partimos, agora, para as repercussões nos processos coletivos. Toda a nova sistematização das tutelas provisórias é
aplicável aos processos coletivos. Há, contudo, que adequar a redação do art.12 da LACP, pois, em verdade, não haverá mais a
necessidade de ajuizamento de ação cautelar, mas a formulação do pedido cautelar (em caráter antecedente ou incidente).
No confronto entre a sistematização das tutelas provisórias e o procedimento da ACP por Ato de Improbidade
Administrativa, surge a seguinte indagação: para fins de estabilização da tutela provisória de urgência antecipada requerida em
caráter antecedente, qual deverá ser o marco processual para fins de estabilização?
Fabrício Bastos entende que, apesar do procedimento especial de recebimento da inicial da ACP por ato de
improbidade administrativa (art.17, §§7º ao 10, LIA), deve ser aplicada a mesma regra prevista no art.304 do NCPC, ou seja,
somente haverá a estabilização da tutela antecipada caso o réu deixe de impugnar a decisão concessiva da tutela provisória.
Quanto à tutelar provisória cautelar, questiona-se se a norma do art.17 da LIA manterá a mesma essência em
decorrência da alteração do procedimento cautelar, notadamente diante da redação do art.1046, §2º, NCPC. Ao não reproduzir
a necessidade da propositura de duas ações autônomas previstas no CPC/73, pode ser levantada a tese de que o procedimento
da ACP por ato de improbidade administrativa, neste ponto, deverá seguir o regramento previsto nos arts.305 e 308 do NCPC,
com base nos princípios da celeridade, economia e efetividade processual.
O art.1046, §2º, NCPC é expresso no sentido da manutenção dos procedimentos especiais que não foram revogados
pelo advento do novel diploma. De fato, o procedimento da LIA não está na listagem dos procedimentos revogados do art.1072
do NCPC, o que levanta uma outra tese de que seria, sim, necessário o ajuizamento de duas ações (uma antecedente e outra
principal) para o fim de obter a tutela provisória de urgência cautelar antecedente.
15. PRAZOS PARA O OFERECIMENTO DO AGRAVO INTERNO NOS PROCESSOS COLETIVOS – Art.6º, p.u., Lei 13.300/15
O art.1070, NCPC, unificou os prazos para a interposição do recurso de agravo interno (outrora chamado de agravo
regimental), ainda que previsto nos regimentos internos dos tribunais: 15 dias. Trata-se de recurso interposto com vistas a obter
a reforma ou a anulação das decisões proferidas pelos relatores ou qualquer outra decisão unipessoal.
Diante dessa modificação, surgem duas repercussões claras e diretas nos processos coletivos:
a. Qual será o prazo de interposição do recurso de agravo interno das decisões unipessoais do Presidente do Tribunal em sede
do incidente de suspensão da segurança (arts.4º, §3º, da Lei 8.437/92; 12, §1º, LACP; 15, LMS e 16 da Lei 9.507/97), quando
requerido no bojo de um processo coletivo? Será de 5 dias. Após a entrada em vigor no NCPC, foi editada a Lei 13.300/2016 que,
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em seu art.6º, p.u., fixou o prazo de 5 dias para interposição de agravo interno contra decisão monocrática ou unipessoal que
inadmite a inicial do mandado de injunção – este deverá ser o prazo aplicado, em razão das regras do microssistema de tutela
coletiva, da aplicação residual do CPC/15 e dos critérios cronológico e da especialidade.
b. Qual será o prazo de interposição do recurso de agravo interno das decisões monocráticas ou unipessoais proferidas no bojo
dos processos coletivos? 05 dias, conforme Lei 13.300/2016.
É factível sustentar a possibilidade de celebração de negócio jurídico processual com o fim de fixar ou criar a
legitimidade extraordinária, ou seja, haveria a possibilidade de uma legitimidade extraordinária negociada, convencionada,
negocial ou convencional, na forma do art.190 do NCPC (cláusula geral dos negócios jurídicos processuais).
Seria possível a celebração no processo coletivo de um negócio jurídico para conferir legitimação extraordinária? A
legitimação extraordinária negocial não pode ser admitida nos processos coletivos. Como, no processos coletivos, a regra é a
legitimação extraordinária, não há como ocorrer a transferência da legitimação para terceiros diversos daqueles prescritos em
lei. Ora, se o próprio titular do direito material não pode exercer a pretensão coletiva, porque não existe legitimidade ordinária
na tutela coletiva, como seria possível transferi-la? Quem seria o responsável por tal transferência?
A celebração de convenções (negócios) processuais pelo MP (principal legitimado coletivo para as ações coletivas) foi
recomendada pela Resolução 118 do CNMP, tanto na fase pré-processual, quanto processual.
Há certa resistência de uma forma geral para utilização das convenções processuais em processo civil, principalmente
quando se trata de direito transindividual. Outro ponto de intensa resistência é a indisponibilidade dos direitos transindividuais
que, por certo, vedaria a possibilidade de realização de negócio jurídico processual na seara do processo coletivo.
Para Fabrício Bastos, há uma clara confusão entre a disponibilidade do direito material e a celebração de uma
convenção sobre os aspectos processuais. Assim, é possível a celebração de negócio jurídico processual em sede de processo
coletivo, que ficará restrito aos ônus, direitos e faculdades processuais, não ensejando a renúncia ou outra forma de disposição
do direito material.
A cláusula genérica que permite a realização de negócios jurídicos processuais (art.190, NCPC) não exige que o direito
seja disponível, mas que admita autocomposição e é inegável a possibilidade de realização de autocomposição na seara do
processo coletivo, pois o próprio ordenamento permite a celebração de TAC (art.5º, §6º, LACP), acordo de leniência (art,16, LAC
e art.86, LDC) e compromisso de cessação (art.85, LDC).
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O grande problema a ser enfrentado reside na LACP, por não fixar qualquer tipo de procedimento/rito. Apesar desta
omissão, há normas jurídicas que fazem remissões expressas no sentido da aplicação do procedimento previsto na LACP.
Podemos apontar como exemplos os arts.105-A da Lei 9504/97 e 21 da LAC.
A primeira lei preconiza a inaplicabilidade dos procedimentos previstos na LACP. Trata-se de regra inócua, pois não há
procedimento previsto na LACP. Ao que parece, o legislador intentou vedar a utilização do Inquérito Civil (IC), cuja natureza
jurídica é de procedimento administrativo, na seara eleitoral. Tal instrumento, ao contrário do que pensou o nobre legislador,
não é de aplicação exclusiva às ações civis públicas, pois pode servir de substrato para qualquer instrumento (judicial ou
extrajudicial) da tutela coletiva, inclusive das ações eleitorais (impugnação de mandato eletivo, captação ilícita de sufrágio e
investigação judicial eleitoral) que são, a rigor, ações coletivas, mas não ações civis públicas.
Esta vedação prevista no art.105-A da Lei 9.504/97 é inconstitucional, pois: a. retira a efetividade da tutela jurisdicional
coletiva na seara eleitoral; b. viola o princípio do acesso à justiça; c. retira do MP uma de suas funções institucionais que é a
tutela jurídica da ordem jurídica e do regime democrático por meio da instauração do IC e propositura da ACP; d. aplicação do
conceito único de garantias constitucionais para abranger as garantias institucionais, como se destacam as relativas ao MP; e.
violação aos princípios da moralidade, probidade e coibição ao abuso do poder político e econômico.
O TSE, devidamente instado a se manifestar sobre o tema, reconheceu a inconstitucionalidade da norma do art.105-A,
permitindo o uso do IC e o manejo da ACP em matéria eleitoral.
O art.21 da LAC preconiza a aplicabilidade do rito previsto na LACP aos procedimentos decorrentes do ajuizamento da
ação civil de responsabilização judicial por atos de corrupção. Trata-se de mais uma norma inócua, pois não há
procedimento/rito previsto na LACP a ser aplicado.
Considerando que a referência ao procedimento da LACP é totalmente inócua, forçoso concluir que devemos buscar no
NCPC a solução para o caso, pois as demais normas procedimentais ínsitas ao microssistema de tutela coletiva são por demais
especiais e não devem ser utilizadas em matéria eleitoral e na ação de responsabilização por ato de corrupção.
@dicasexconcurseira 20
Nos processos coletivos, quando houver mais de uma demanda coletiva em curso, uma perante a justiça federal e outra
perante a justiça estadual, portanto, aplicar-se-á a norma do art.57 do NCPC para determinar a extinção da ação contida, ou a
Súmula 489 do STJ (para reunir as ações perante a Justiça Federal)? Aplica-se a Súmula 489 do STJ. Mas, se as duas ações
correrem perante a mesma justiça, deverá haver a reunião das ações perante o juízo da demanda continente.
Qual regra de prevenção deve ser aplicada aos processos coletivos? De acordo com o NCPC, o registro ou a distribuição
da inicial acarretará a prevenção do juízo. A LAP e a LACP preconizam que o juiz prevento é aquele no qual a ação é proposta.
Para Fabrício Bastos, não há distinção entre a regra de prevenção do NCPC e do microssistema de tutela coletiva. Ora, o critério
legal para identificar quando uma ação é considerada proposta é o seu registro (nas comarcas de juízo único) ou a distribuição
(nas comarcas onde houver mais de um juízo competente).
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Todos os princípios básicos e fundamentais do direito processual civil são diretamente aplicáveis aos processos
coletivos. Agora, vale a análise dos princípios específicos do processo coletivo, quais sejam: princípio da adequada
representação, princípio da competência adequada (forum non conveniens, forum shopping e translatio iudicii), princípio da
certificação adequada, princípio da ampla divulgação/informação (informação e publicidade adequadas), princípio do transporte
in utilibus (coisa julgada diferenciada com a extensão secundum eventus litis da decisão favorável ao plano individual), princípio
da gratuidade das ações coletivas, princípio da obrigatoriedade, princípio da indisponibilidade e princípio da não
taxatividade/atipicidade das ações coletivas.
4. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE
O princípio da indisponibilidade versa sobre a possibilidade do legitimado coletivo dispor (ou não) da demanda coletiva.
Tal princípio decorre dos seguintes pontos: a. o legitimado coletivo não titulariza o direito material coletivo deduzido em juízo,
portanto se dispuser da demanda vai impedir a tutela jurisidiconal do próprio direito material; b. regime jurídico rígido do
arquivamento do IC, que exige uma promoção de arquivamento com fundamentação adequada e suficiente, com a devida
homologação pelo órgão colegiado administrativo superior, o que gera a não propositura da demanda coletiva; c. regime da
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assunção do processo coletivo e da legitimidade que exige a ocorrência da sucessão processual por outro legitimado coletivo,
nos casos de abandono, desistência ou outra causa extintiva da punibilidade.
Estes 3 pontos acima destacados denotam que os legitimados coletivos não podem, sem a necessária manifestação
expressa e fundamentada, deixar de promover a tutela coletiva. Alguns autores, em virtude da necessidade de fundamentação
sustentam a existência do princípio da disponibilidade motivada da demanda coletiva.
7. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA ADEQUADA – FORUM SHOPPING, FORUM NON CONVENIENS E TRANSLARIO IUDICII
De acordo com este princípio, a mera observância da regra de competência não é suficiente para obtenção da tutela
jurisdicional adequada e eficiente. A regra geral de competência em processo coletivo é o foro do local do dano (arts.5º, LAP; 2º,
LACP e 93 CDC). Pode ocorrer, contudo do dano atingir mais de um local; neste caso, haverá foros concorrentes (opções de foro)
e a escolha será realizada pelo legitimado coletivo (forum shopping – a escolha do foro competente decorrerá da conveniência
exclusiva do autor). No entanto, a escolha feita pelo autor da ação coletiva poderá sofrer um controle por parte do magistrado
(forum non conveniens). Assim, o juiz pode recursar a demanda, sob o argumento de que o foro escolhido não é o mais
adequado, remetendo o processo ao juízo que reputar mais adequado.
Fredie Didier sustenta a possibilidade jurídica da utilização do foro non conveniens no nosso ordenamento, porém,
existe decisão do STJ vedando a utilização deste instituto sob o argumento de que não tem previsão legal.
@dicasexconcurseira 22
10. PRINCÍPIO DA LEGITIMAÇÃO (REPRESENTATIVIDADE ADEQUADA)
Este princípio permite o exercício do controle judicial quanto à legitimidade e tem como pressupostos: a. pertinência
temática; b. congruência entre as finalidades institucionais e o objeto da demanda coletiva; c. autorização dos membros
(estatutária ou assemblear). Assim, no caso concreto, deverá ser verificada a adequação da atuação daquele que, no plano
abstrato (legal), é o legitimado coletivo. Este assunto será devidamente aprofundado no capítulo 9.
1. INTRODUÇÃO
Em geral, os processos coletivos seguem a mesma lógica dos processos individuais. Aqui, analisaremos as questões dos
processos coletivos que são mais peculiares. Muitas das questões que seriam trabalhadas neste capítulo já foram objeto de
estudo em capítulos anteriores e, por razões didáticas, serão devidamente identificadas.
@dicasexconcurseira 23
2.2. Litisconsórcio
Litisconsórico é a pluralidade de partes no mesmo polo da demanda. Tanto o conceito de litisconsórcio, quanto as suas
diversas modalidades são aplicáveis ao processo coletivo. Vale, aqui, estudar dois aspectos: a. litisconsórcio entre membros de
MP’s diversos; b. litisconsórcio ulterior ou superveniente; c. existência de litisconsórcio necessário.
A possibilidade de litisconsórcio entre MP’s diversos encontra respaldo no art.5º, §5º, LACP, possibilidade esta
reconhecida pelo STJ. CUIDADO! A atuação no feito de mais de um órgão de execução pertencente ao mesmo ramo do MP
também será possível, mas não poderá ser considerada como uma hipótese de litisconsórcio, e sim atuação conjunta.
Sendo possível a atuação de MP Estadual e MP Federal em litisconsórcio, por exemplo, qual seria o juízo competente
para julgar a demanda? 1ª tese (minoritária): não é possível a existência deste tipo de litisconsórcio, pois há vinculação entre as
atribuições dos membros do MP e a competência dos órgãos jurisdicionais; 2ª tese (majoritária): é possível a formação desse
tipo de litisconsórcio. O STJ, inclusive, já reconheceu a possibilidade da atuação do MP estadual perante a justiça federal, desde
que em regime de litisconsórcio com o MP federal.
Para Fabrício Bastos, que entende ser a 2ª tese a mais correta, a escolha do juízo deve observar o seguinte: a.
preponderância de interesse: devem os membros do MP verificar, diante das peculiaridades do caso concreto, qual o interesse
que prepondera para, então, escolher o juízo adequado; b. princípio da competência adequada.
Doutrina majoritária defende ser plenamente possível a intervenção de colegitimado no processo coletivo comum. A
divergência se dá quanto à natureza dessa intervenção: 1ª tese: litisconsórcio ulterior, em virtude do colegitimado ter ampla
liberdade para a condução do processo; 2ª tese: assistente litisconsorcial, porque não poderá promover alterações objetivas na
demanda; 3ª tese (majoritária): natureza híbrida, diretamente relacionada à postura processual à se o legitimado intentar
modificações objetivas, será litisconsorte ulterior; se não o fizer, será assistente litisconsorcial.
CUIDADO! A intervenção do colegitimado no processo coletivo especial (ações de controle de constitucionalidade)
ostenta uma abordagem completamente diversa, havendo divergência doutrinária a respeito da natureza jurídica da
intervenção: se se trata de intervenção de terceiro na modalidade assistência litisconsorcial, na modalidade amicus curiae ou se
não se trata de intervenção de terceiro, mas uma forma de litisconsórcio ulterior.
Não é possível haver litisconsórcio necessário no polo ativo da demanda coletiva. Mas, e o no polo passivo? Em
especial, e no polo passivo das ações de MS, ACP por ato de improbidade administrativa e ação popular?
No tocante ao litisconsórcio necessário, no polo passivo na ACP por ato de improbidade, entre o agente público e o
beneficiário do ato, importante ressaltar o entendimento do STJ no sentido de que o terceiro beneficiário não pode figurar
sozinho no polo passivo (regra da dupla imputação), apesar de afirmar não existir litisconsórcio necessário entre eles. Para
Fabrício Bastos, no entanto, estamos, sim, diante de hipótese de litisconsórcio necessário e os fundamentos já foram
devidamente enumerados no capítulo 6.
Na ação popular, prevalece o entendimento, inclusive no STJ, de que há um litisconsórcio necessário no polo passivo
entre a pessoa jurídica de direito público e os beneficiários do ato. Para Fabrício Basto, este litisconsórcio é também simples.
Entretanto, há quem defenda que, a depender do tipo de pretensão deduzida na demanda, que o litisconsórcio poderá ser
simples ou unitário.
@dicasexconcurseira 24
2.5. Relação entre ações coletivas
Entre as ações coletivas podem ser verificadas as seguintes relações:
a. Relação de prejudicialidade: quando for verificada a potencial conflituosidade entre as demandas, ainda que entre elas não
exista conexão ou continência. Neste caso, poderão ser adotadas as seguintes medidas: i. reunião das ações perante o juízo
prevento (art.55, §3º, NCPC); ii. suspensão de um dos processos (art.313, V, NCPC).
b. Relação de semelhança: poderá haver reunião das ações no juízo prevento ou extinção de uma delas (art.57, NCPC).
c. Relação de litispendência: quando há exata identidade entre os elementos das demandas. ATENÇÃO! O legislador afastou a
possibilidade de litispendência entre ação coletiva e ação individual, mas é possível litispendência entre ações coletivas.
2.5.1. Litispendência
Havendo duas ações iguais pendentes, uma delas deve ser extinta sem resolução do mérito. Isso porque a
litispendência possui natureza jurídica de pressuposto processual negativo. A causa processual da litispendência é a citação no
processo posterior. A natureza jurídica da sentença que reconhece a litispendência é terminativa.
2.5.1.1. Teorias acerca da litispendência
Para a caracterização da litispendência, encontramos duas teorias: i. teoria tri eadem ou da tríplice identidade: deve
haver identidade de parte, pedido e causa de pedir; ii. teoria da identidade da relação jurídica/teoria da identidade da
pretensão: basta que seja deduzida em juízo a mesma relação jurídica material.
2.5.1.2. Litispendência entre ações coletivas
A litispendência entre ações coletivas deve ser verificada com base na pretensão judicial exercida, de modo que a
identidade entre os legitimados coletivos é irrelevante (o que importa é a parte em sentido material, ou seja, quem titulariza o
direito material posto em juízo), bem como a identidade nominal das ações (pode ser reconhecida litispendência entre ações
coletivas nominalmente diferentes).
Mas qual será a consequência processual do reconhecimento da litispendência entre ações coletivas?
1ª tese: extinção do processo sem resolução do mérito apenas nos casos em que houver a tríplice identidade; não havendo a
tríplice identidade, deve haver a reunião dos processos perante o juízo prevento.
2ª tese: extinção do processo sem resolução de mérito, ainda que não verificada a tríplice identidade.
3ª tese: dependerá do caso concreto: extinção do processo sem resolução do mérito, quando as ações forem nominalmente
idênticas e houver a tríplice identidade; ou reunião das ações perante o juízo prevento, quando as ações não forem
nominalmente idênticas.
4ª tese: reunião das ações perante o juízo prevento, para processo e julgamento simultâneo.
2.5.2. Conexão e continência à as questões processuais derivadas da continência nos processos coletivos foram devidamente
abordadas no capítulo 6.
2.5.3. Relação entre ação coletiva e ação individual: sistema do fair notice e right to opt (in or out)
Esse sistema deve ser empregado quando estiverem em curso uma demanda coletiva e outra individual versando sobre
o mesmo pedido e/ou causa de pedir. Deverá ser dada ciência formal nos autos da ação individual ao autor da demanda
individual da existência da ação coletiva em curso. Ao ser intimado, o autor da ação individual terá o prazo decadencial de 30
dias para o exercício do direito de opção (right to opt). Sua inércia acarreta na escolha pela demanda individual. Para optar pela
suspensão da ação individual, deve fazê-lo de forma expressa.
Se por ventura o autor da ação individual optar pela suspensão do processo individual, significa que exerceu o chamado
right to opt in, ou seja, optou por sua inclusão no resultado do processo coletivo. Significa que o resultado do processo coletivo
pode atingir a sua esfera jurídica individual, mas só vai atingi-la para beneficiá-lo (regime in utilibus). A suspensão do processo
individual perdurará até o final do processo coletivo. O autor individual, ao optar pela suspensão, terá a faculdade de retomar o
curso do seu processo quando quiser. Se o resultado do processo coletivo for negativo, ele pode retomar sua ação individual. O
autor individual, ao optar pelo prosseguimento da sua ação individual (right to opt out), exclui a sua esfera jurídica do resultado
do processo coletivo, mesmo que o resultado seja positivo.
@dicasexconcurseira 25
efetivação); d. em sede de controle de constitucionalidade, não há a vinculação do órgão jurisdicional quanto ao pedido, pois
poderá ser declarada inconstitucional, por arrastamento, norma que sequer foi ventilada pelo legitimado na demanda.
Outro tema de extrema relevância para o estudo da tutela coletiva é a utilização de medidas estruturais ou
estruturantes para o proferimento das decisões judiciais. Trata-se de uma decorrência lógica e direta do ativismo judicial, mas
cujo conceito não é encontrado na doutrina. Na concepção de Fabrício Bastos, trata-se de uma modalidade decisória que se
(pre)ocupa mais com a efetividade do comando proferido do que com a resolução da relação jurídica processual. O órgão
jurisdicional, além de indicar a solução da lide, profere uma decisão que ostenta uma eficácia prospectiva.
A doutrina costuma apontar as seguintes medidas como exemplos de decisões estruturais: a. proferimento de decisões
com a indicação clara de metas a serem cumpridas pelos destinatários; b. determinação de condutas precisas e individualizadas;
c. intervenção judicial em pessoas jurídicas de direito público e privado; d. provimentos em cascata; e. imposição de um regime
jurídico de transição entre a situação anterior e aquela que se busca implantar; f. fixação do rito procedimental, tal como
quando o STF fixou o rito do impeachment.
2.8. Recursos
Aplicam-se aos processos coletivos os mesmos requisitos e pressupostos recursais existentes no processo individual,
bem como as mesmas modalidades recursais, mas vale apontar algumas peculiaridades:
a. Inaplicabilidade do rol taxativo do art.1.015 do NCPC;
b. Regime jurídico do efeito suspensivo;
c. Nova feição do interesse recursal como um interesse eventual que pode ensejar recurso somente para alterar a
fundamentação da decisão judicial;
d. Aplicação da regra do reexame necessário prevista no art.19 LAP às ACPs por ato de improbidade administrativa;
e. (in)aplicabilidade da técnica de julgamento prevista no art.942 do NCPC, que substituiu o recurso de embargos
infringentes, tendo em vista a regra prevista no art.25 da LMS;
f. Irrecorribilidade das decisões proferidas pelo plenário, desde que sejam finais, em sede de processo coletivo especial,
ressalvada a possibilidade do manejo dos embargos de declaração, sendo relevante mencionar que o STF já inadmitiu
tal recurso com efeitos infringentes em sede de processo coletivo especial;
g. Previsão expressa de legitimidade recursal da autoridade coatora (art.14, §2º, LMS);
h. Reexame necessário do art.19 da LAP à i. permite o reexame necessário de sentença terminativa; ii. permite o
reexame necessário de sentença favorável à Fazenda Pública; iii. DE OLHO NA JURIS! O STJ entende que também é
aplicável às ACP’s por ato de improbidade administrativa, no sentido de que a sentença que concluir pela carência ou
improcedência da ação de improbidade administrativa está sujeita ao reexame necessário; iv. DE OLHO NA JURIS! O STJ
já afastou a aplicabilidade deste dispositivo às ACP’s que verse sobre direitos individuais homogêneos, mas este
entendimento não reflete a posição sedimentada no STJ.
Capítulo 9 – COMPETÊNCIA
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Reconhecida a incompetência absoluta, haverá a anulação dos atos decisórios, se o juiz competente deixar de ratifica-
los; já, se reconhecida a incompetência relativa, haverá a remessa dos autos ao juízo competente, sem a decretação da
invalidade dos atos judiciais decisórios.
DE OLHO NA JURIS! Caso o dano de âmbito nacional decorra de conflito federativo entre os Estados ou entre eles e a União, a
competência originária será do STF, conforme art.102, I, f, da CF. Esta competência originária, contudo, somente será verificada
nos casos de efetivo ou potencial risco ao pacto federativo.
Analisando a redação do art.93 do CDC, fácil perceber que o legislador separou as matérias federais e estaduais para
fins de fixação de competência para as demandas coletivas e não trouxe previsão de autorização para que as matérias federais
fossem propostas perante o juízo estadual. O STF, inclusive, manifestou-se neste mesmo sentido. Assim, para Fabrício Bastos, a
inexistência de órgão jurisdicional federal no local do dano não terá o condão de permitir a propositura da demanda coletiva
perante a justiça estadual.
As atribuições do MP não estão vinculadas às competências do órgão jurisdicional, ou seja, não há uma vinculação
entre a atuação judicial dos ramos do MP com a competência de “jurisdição”. Assim, a simples presença do MPF em
determinado feito não terá, como sustenta a doutrina dominante, o condão de atrair a competência para a justiça federal à
posição a ser adotada em prova para MP. DE OLHO NA JURIS! O STF e o STJ, na maioria dos seus julgados, entendem pela
vinculação das atribuições dos membros do MP às justiças comum federal ou estadual, conforme o caso.
@dicasexconcurseira 27
ser territorial, a competência é funcional, por expressa definição legal, por isso, a maioria da doutrina define a competência
como territorial-funcional, portanto, absoluta.
Já o CDC, ao estabelecer a competência do foro do local do dano, não lhe atribui caráter funcional. A par da omissão, é
possível sustentar que a competência das demandas coletivas consumeristas também é absoluta. Importante destacar que,
conforme art.101, I, CDC, nas ações individuais de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços, a ação pode ser
proposta no foro do domicílio do autor.
4. REGRAS DE COMPETÊNCIA
4.1. Princípio da competência adequada: forum shopping x forum non conveniens
Como já foi visto, em determinados casos, especialmente quando se tratar de danos de âmbito regional e nacional, o
autor da demanda coletiva terá opções de foro (foros concorrentes) para ajuizamento da demanda. Nestes casos, como
controlar a escolha do foro, quanto tal escolha gerar prejuízos para a parte adversa ou até mesmo para a prestação da tutela
jurisdicional? A escolha do foro é denominada de forum shopping pela doutrina. O órgão jurisdicional, forte no princípio do
kompetenz-kompetenz, pode, ao verificar, tal situação, exercer o controle da competência adequada, recusando o recebimento
e processamento da ação e remetendo o feito - por de meio de uma decisão interlocutória (que, no processo coletivo, é
agravável) - para o juízo que reputar mais adequado. Esse tipo de controle da adequação da competência é denominado pela
doutrina de forum non conveniens.
DE OLHO NA JURIS! O STJ já reconheceu este princípio da competência adequada como aplicável às demandas de improbidade
administrativa.
O mandado de injunção também poderá ser impetrado perante os Tribunais de origem (TJ/TRF) quando a produção
normativa for de atribuição das demais autoridades.
@dicasexconcurseira 28
A principal problemática é saber qual será a competência quando o agente ímprobo tiver foro por prerrogativa de
função e este problema gira em torno da natureza jurídica da ACP por ato de improbidade administrativa, pois, como se sabe, só
existe foro por prerrogativa de função para ações penais.
a. Não há foro por prerrogativa de função na seara de improbidade administrativa, sendo a competência sempre do juízo de
primeiro grau. Isso porque a ACP por ato de improbidade administrativa possui natureza cível. Este é o posicionamento do STF e
STJ. Não obstante, o próprio STF fixou tese jurídica segundo a qual somente ele poderá processar e julgar os seus próprios
Ministros por ato de improbidade administrativa.
b. Da inexistência de bis in idem na aplicação da lei de improbidade administrativa ao agente público. Em nosso ordenamento,
há dois regimes sancionatórios aplicáveis aos agentes políticos, decorrentes da prática de atos contrários à probidade
administrativa: i. o regime jurídico do crime de responsabilidade, regulamentado na Lei 1.079/1950 e no Decreto-lei 201/67; e ii.
o regime jurídico do ato de improbidade administrativa, regulamentado pela Lei 8.429/92
Nem todas as sanções previstas para os atos de improbidade têm a mesma natureza das sanções aplicáveis aos crimes
de responsabilidade, daí concluir-se que ambos os regimes são simultaneamente aplicáveis.
c. Da natureza jurídica das sanções decorrentes da prática de ato de improbidade administrativa: as sanções possuem natureza
eminentemente civil. É este o entendimento do STJ.
d. Da natureza jurídica da ação de improbidade administrativa: a ACP por ato de improbidade administrativa tem natureza cível
e tem por objetivo proteger o direito difuso à probidade administrativa.
A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são
da competência legislativa privativa da União.
A competência para julgar a ação popular é sempre do órgão judiciário de primeiro grau, conforme a origem do ato
impugnado. É do juiz federal se o ato for praticado por qualquer autoridade vinculada à União ou às suas autarquias, empresas
públicas e função públicas. É do juiz estadual se o ato é de qualquer autoridade estadual ou municipal.
Como se percebe, o foro por prerrogativa de função não alcança as ações populares ajuizadas contra autoridades
detentoras de prerrogativas.
@dicasexconcurseira 29
Da mesma forma, com vimos no tópico sobre a regra geral de competência, será necessário verificar a regra territorial
de competência, mas sempre com viés absoluto. A LAP é omissa quanto à regra territorial, portanto, aplica-se o foro do local do
dano.
ECA, Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
competência originária dos tribunais superiores.
DE OLHO NA JURIS! O STJ fixou entendimento no sentido de que a competência para o processo e julgamento de ACP
fundamentada no ECA pertence ao Juízo da Infância e da Juventude e que esta ostenta natureza absoluta.
5. PREVENÇÃO
O NCPC, em seu art.59, estabelece que o registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo, sendo que a
teor do art.312 do NCPC, a ação é considerada proposta quando a petição inicial for protocolada, só produzindo efeitos contra o
réu depois que ele for validamente citado. Portanto, o que gera prevenção agora é a propositura da ação.
Quanto ao microssistema de tutela coletiva, a regra hoje é a mesma que a do NCPC: o que gera a prevenção é a
propositura da ação. Mas a LACP e a LIA não falam quando a ação é considerada proposta... Daí deve-se aplicar o NCPC, no
sentido de que a ação é considerada proposta quando a petição inicial for protocolada e o que gera a prevenção é a propositura
da ação.
Essa regra de prevenção traz uma aplicação prática muito importante, pois previne a jurisdição em todas as demais
ações. Em virtude dessa afirmativa, surge a pergunta: essa vis atracttiva que existe no juízo prevento gera juízo universal? 1ª
tese: existe o juízo universa que vai atrair tanto as ações individuais quanto as ações coletivas (literalidade da norma). 2ª tese:
não há juízo universal, pois a vis atracttiva só abrangerá as ações coletivas que ostentam alguma semelhança com a demanda
que gerou a prevenção, ou seja, as ações individuais serão propostas observando a livre distribuição.
O CDC tratou apenas da execução com base em título executivo judicial. O legislador optou pelo critério funcional
horizontal de competência, ou seja, a liquidação e a execução, como regra, deverão ser propostas perante o mesmo juízo
responsável pela formação do título. No entanto, STJ e doutrina dominante afirmam que a liquidação e a execução de sentença
coletiva de procedência, quando requeridas no plano individual, podem ser propostas no foro do domicílio da vítima e de seu
sucessor, com base no princípio do acesso à justiça.
Para as hipóteses de liquidação de sentença, a doutrina sustenta a necessidade de verificar o momento
processual/procedimental para fins de fixação do juízo competente, bem como se o processo é coletivo ou individual: a. caso a
liquidação seja incidental, tanto no processo coletivo (liquidação realizada por legitimado coletivo), quanto no individual, deve
ser utilizado o critério funcional horizontal e o requerimento deverá ser apresentado prante o mesmo órgão jurisdicional; b.
caso a liquidação seja individual de sentença de procedência genérica, deve ser admitida a possibilidade do requerimento ser
apresentado perante o juízo do foro do domicílio da vítima ou de seu sucessor, tal como ocorre para as hipóteses de execução e
com base na mesma linha argumentativa.
@dicasexconcurseira 30
Capítulo 10 – CONDIÇÕES DA AÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O CPC/73 falava expressamente em “condições da ação”, quais eram: legitimidade ad causam, interesse de agir e
possibilidade jurídica do pedido. Esta regra não foi, contudo, reproduzida no NCPC, que, em seu art.17, diz que ao postular em
juízo, é necessário ter interesse e legitimidade.
O NCPC separou os requisitos das condições da ação em alocando-os em pressupostos processuais e questões de
mérito. Assim, interesse de agir e legitimidade ad causam extraordinária passaram a ser tratados como pressupostos
processuais e a ausência de qualquer deles é causa de indeferimento da petição inicial; enquanto que a possibilidade jurídica do
pedido e a legitimidade ad causam ordinária passaram a integrar o mérito.
Legitimidade ad causam extraordinária + interesse de agir à pressupostos processuais.
Legitimidade ad causam ordinária + possibilidade jurídica do pedido à mérito.
Para Fabrício Bastos, não existe mais a categoria autônoma “condições da ação”, apesar de os elementos que ora a
constituíam pertencerem, agora, à classe dos pressupostos processuais ou fazerem parte do mérito do processo. No entanto,
para uma outra parte da doutrina (majoritária), não há que se falar no fim da categoria jurídica “condições da ação” pelo simples
fato do termo ter sido omitido. De toda forma, mesmo esta parte da doutrina entende que a possibilidade jurídica do pedido faz
parte do mérito da ação.
2.4. Relativização da coisa julgada por meio de ACP – posição dos Tribunais Superiores
@dicasexconcurseira 32
Em regra, a doutrina admite a relativização da coisa julgada nas seguintes hipóteses: a. nas ações de investigação de
paternidade, quando o resultado for pela improcedência em razão da insuficiência de provas, desde que não tenha sido
realizado o exame de DNA; b. para fins de proteção do patrimônio público; e c. para fins de controle de constitucionalidade.
Neste tópico, o que interessa é saber se a ACP é considerada um meio adequado para relativizar a coisa julgada.
O STJ, na maioria dos seus precedentes, bem como o STF já admitiram a possibilidade do manejo da ACP com o fim de
relativizar a coisa julgada, nas seguintes hipóteses: i. para a tutela do patrimônio público (erário); e ii. como sucedâneo de
querela nullitatis insanabilis.
2.5. ACP com o fim de requerer reparação por dano moral coletivo e dano social
Apesar de certa resistência doutrinária, deve ser admitida a possibilidade de ajuizamento de ACP com o objetivo de
pleitear dano moral coletivo e dano social.
Em nosso ordenamento jurídico, podem ser apontadas as seguintes normas jurídicas que fundamentam a possibilidade
do dano moral coletivo: art.5º, X, CF; art.1º, caput, LACP; e art.6º, VI, CDC.
O STJ, seguindo a linha da doutrina majoritária, também admite a possibilidade de reparação por dano moral coletivo,
desde que exista a demonstração de que houve efetiva lesão a valores coletivos.
O STJ entende que a indenização por danos sociais – que são aqueles que rebaixam a qualidade de vida da coletividade
– somente pode ser requerida em demandas coletivas.
4. LEGITIMIDADE
4.1. Legitimidade ad causam ativa
Nas demandas coletivas, o titular do direito material não possui legitimidade ativa para a ação, pois esta pertence aos
denominados legitimados coletivos definidos em lei, os quais podem ser órgão públicos ou privados, ou, ainda, cidadãos.
Entretanto, para que se compreenda da forma devida a legitimidade ativa nas demandas coletivas, devem ser
separadas as ações acidentalmente coletivas das ações essencialmente coletivas. No que tange às ações acidentalmente
coletivas, há um certo consenso de que a legitimidade é extraordinária. O problema está na classificação das essencialmente
coletivas, ou seja, nas difusas ou coletivas em sentido estrito. Há, basicamente, 3 teses:
1ª tese: a legitimação é ordinária ou institucional;
2ª tese (amplamente majoritária): a legitimação é extraordinária (substituição processual);
3ª tese: legitimação autônoma/ legitimação para condução do processo/ legitimação processual coletiva.
@dicasexconcurseira 33
Na legitimidade extraordinária subordinada, a atuação do legitimado extraordinário está condicionada à atuação
processual do legitimado ordinário – é o que ocorre na assistência simples.
LACP, Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.
CDC, Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente
destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
@dicasexconcurseira 34
Lei 7.853/89 (Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência), Art. 3o As medidas judiciais destinadas à proteção de
interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas
pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por
associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou
sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos
da pessoa com deficiência.
ECA, Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
Estatuto do Idoso, Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou
homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
I – o Ministério Público;
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
A ACP por ato de improbidade administrativa é demanda que visa tutelar o patrimônio público (direito difuso),
podendo ser proposta pelo MP ou pela pessoa jurídica interessada. DE OLHO NA JURIS! O STJ já decidiu que não se pode
interpretar o art.17 da LIA extensivamente.
Mas... Qual seria a pessoa jurídica interessada: somente a de direito público ou também a de direito privado? Qual a
natureza jurídica da legitimação da pessoa jurídica interessada? A DP tem legitimidade?
O termo “pessoa jurídica interessada” deve ser compreendido amplamente, abarcando todas as pessoas jurídicas que
podem ser atingidas (sujeito passivo) pela prática do ato de improbidade administrativa. Há, porém, que defenda a realização de
uma interpretação restritiva, para abranger apenas a Fazenda Pública.
Quanto ao tipo de legitimidade, parte da doutrina defende tratar-se de legitimidade extraordinária, porque o interesse
tutelado é sempre o difuso; para Fabrício Bastos, trata-se de hipótese de legitimidade híbrida, pois terá natureza de legitimidade
ordinária no tocante à pretensão ressarcitória e natureza de legitimidade extraordinária quanto à tutela do patrimônio público
que pertence à coletividade.
Para Fabrício Bastos, a DP não tem legitimidade para propor ACP por ato de improbidade administrativa, pois: i. o
art.17 da LIA não fala em Defensoria Pública, nem comporta interpretação extensiva; e ii. a atuação da DP somente deve ocorrer
para tutelar coletivamente os hipossuficientes e hipervulneráveis, e não para a tutela do patrimônio público, ainda que este seja
um dos objetos da ACP genérica (art.1º, VIII, LACP), ou seja, pode atuar para a tutela do patrimônio público em seu sentido
prestacional, mas não para requerer a imposição de sanções da LIA.
O autor, porém, entende que a DP pode atuar em ACP por ato de improbidade administrativa nas seguintes hipóteses:
i. atuação como representante processual nos casos de demandas propostas por associações civis hipossuficientes;
ii. possibilidade de atuação para efetivar direitos atrelados à sua função institucional.
No tocante à legitimação passiva na ACP por ato de improbidade administrativa, devem ser analisados os conceitos de
agente público e dos beneficiários do ato de improbidade administrativa. O conceito legal de agente público, para fins de LIA,
está previsto no art.2º da lei e ostenta uma acepção bem ampla.
LIA, Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. à TERCEIROS BENEFICIÁRIOS
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu
patrimônio.
@dicasexconcurseira 35
A pluralidade de agentes e/ou terceiros que tenham de alguma forma concorrido ou se beneficiado da improbidade
leva à ocorrência de litisconsórcio necessário no polo passivo, que será simples.
A pessoa jurídica de direito público da qual faça parte o agente público não deve ser incluída no polo passivo, mas, sim,
citada para integrar a relação jurídica processual com o fim de decidir se vai atuar ao lado do autor ou do réu.
Importante mencionar a vedação de o particular figurar sozinho no polo passivo da ACP por ato de improbidade
administrativa (AIA), sem que esteja devidamente acompanhado em litisconsórcio com o agente público, ou seja, não se admite
ACP por AIA proposta exclusivamente em face do particular, mas é plenamente possível que figure no polo passivo apenas o
agente público (não é obrigatória a formação de litisconsórcio entre o suposto autor do ato de improbidade e eventuais
beneficiários). Trata-se de entendimento consolidado no STJ, que adota o chamado conceito inelástico.
Não é demais lembrar que os herdeiros e sucessores (art.8º, LIA) daquele que pratica, concorre ou se beneficia do ato
de improbidade também poderão figurar – originariamente ou por meio de sucessão processual mortis causa – no polo passivo
da demanda, mas somente poderão sofrer sanções de índole patrimonial (ressarcimento ao erário, multa civil e proibição de
contratação com o poder público), desde que seja observada a limitação intra vires hereditatis (arts.1.784 c/c 1.792, CC).
O principal ponto sobre este tema é definir se os agentes políticos estão submetidos à incidência da LIA.
Não há nenhuma norma constitucional que imunize os agentes políticos – sujeitos ao crime de responsabilidade – de
qualquer das sanções previstas na LIA e no art.37, §4º, da CF. Para Fabrício Bastos, o agente político pode ser responsabilizado,
ao mesmo tempo e pelo mesmo fato, com base na LIA e na legislação que regulamenta os crimes de responsabilidade.
Para o STJ, somente os casos que a CF excepcionou podem ser afastados do alcance do regime sancionatório da LIA, tais
como o Presidente da República (art.86, CF) e os Ministros de Estado.
Ao analisar recentes decisões monocráticas dos Ministros do STF, é possível afirmar que a tendência será a fixação de
tese jurídica pela aplicabilidade da LIA aos agentes políticos submetidos ao regime jurídico do crime de responsabilidade.
A legitimação ativa está atrelada ao âmbito de atuação de cada legitimado por meio da demonstração da sua pertinência
temática.
Os atos de corrupção previstos no art.5º da LAC poderão ensejar sanções administrativas (art.6º, LAC), por meio do devido
processo legal administrativo, e sanções judiciais, por meio do devido processo legal.
LAC, Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização
na esfera judicial.
LAC, Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica
cabem à autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou
mediante provocação, observados o contraditório e a ampla defesa.
LAC, Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º, sem prejuízo
daquelas previstas neste Capítulo (SANÇÕES JUDICIAIS), desde que constatada a omissão das autoridades competentes para
promover a responsabilização administrativa. à espécie de legitimação subsidiária do MP.
O que deve ser entendido como omissão para fins de aplicação do art.20 da LAC? Como o MP terá a efetiva ciência da
instauração e do teor do procedimento administrativo? Após a propositura da demanda judicial pelo MP, poderá ser instaurado
processo administrativo pelo ente político? Poderá o ente político requerer o seu ingresso como litisconsorte ativo ulterior do
MP?
Para Fabrício Bastos, devem ser reconhecidos como omissão os seguintes casos?
a. O MP notifica o membro da advocacia pública fixando prazo para informar se irá instaurar o procedimento
administrativo e não obtém resposta;
b. O MP notifica o membro da advocacia pública fixando prazo para informar se irá instaurar o procedimento
administrativo e obtém resposta insatisfatória, sob o ponto de vista do dever jurídico de fundamentação;
c. O MP expede recomendação instando o ente político e obtém respostas como nos itens anteriores;
d. Quando verificada a existência de paralisação infundada do procedimento administrativo por prazo irrazoável;
e. Quando o juízo valorativo definitivo do ente político para não aplicar as sanções for violador do ordenamento jurídico.
Neste caso, o MP, ao promover a demanda, deverá requerer a invalidação do processo administrativo anterior.
A fim de ter ciência da instauração e teor do procedimento administrativo, Fabrício Bastos defende a aplicação do art.15 da
LIA que determina a ciência ao MP quando da instauração do processo administrativo.
LIA, Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência
de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
@dicasexconcurseira 36
Para Fabrício Bastos, após a propositura da demanda judicial pelo MP, o ente político não poderá propor processo
administrativo, pois a coincidência entre os objetos retira o interesse procedimental, mas nada impede que o ente figure como
litisconsorte ativo ulterior do MP.
A legitimação passiva é daqueles que praticaram o ato de corrupção (pessoa jurídica, dirigentes, partícipes e seus
beneficiários), conforme arts.1º, p.u. e 3º da LAC.
LMS, Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
Podem os demais legitimados coletivos impetrar MSC? Para Fabrício Bastos, todos os demais legitimados, inclusive o
MP e a DP, poderão impetrar MSC, em razão da aplicação do microssistema de tutela coletiva. O STJ tem julgados nesse sentido.
Quanto à legitimidade passiva, há divergência na doutrina, tanto do MS individual quanto do MSC. Vamos aos pontos:
i. O art.6º da LMS diz que o autor deve apontar a autoridade coatora e a pessoa jurídica da qual faz parte;
LMS, Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas)
vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
ii. O art.7º trata da fase de admissibilidade da petição inicial e diz, no inc.I, que deve ser feita a notificação da
autoridade coatora para prestar informações; enquanto o inc.II determina que a pessoa jurídica será citada para,
querendo, ingressar no feito, o que pode ser entendido como a impossibilidade da autoridade coatora figurar no
polo passivo;
LMS, Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos
documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem
documentos, para que, querendo, ingresse no feito;
iii. O art.14, §2º, LMS preconiza que a autoridade coatora também tem legitimidade para recorrer, norma que pode
ser interpretada no sentido de que ela não figura no polo passivo e, por isso, houve a necessidade da regra
expressa.
LMS, Art.14, §2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.
Diante da redação destas normas, surge 3 teses a respeito da legitimidade passiva do MS:
1ª tese: a legitimidade passiva é exclusiva da autoridade coatora;
2ª tese: há um litisconsórcio passivo necessário simples entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a qual pertença;
3ª tese (dominante na doutrina e na jurisprudência): a legitimidade passiva é exclusivamente da pessoa jurídica de direito
público. A autoridade coatora não figurará no polo passivo do MS, mas será notificada para prestar informações, pois quem
deve ser responsabilizado pelo ato coator, com base na teoria do órgão e da imputação volitiva, é a pessoa jurídica (e não o
agente que praticou o ato). Ademais, o agente público (autoridade coatora) somente será responsabilizado de forma regressiva
pela pessoa jurídica de direito público.
DE OLHO NA JURIS!
- O STJ já reconheceu que a autoridade coatora é legitimada passiva extraordinária;
- O STJ já se manifestou sobre a indicação errônea da autoridade coatora da seguinte forma:
a. indicação errônea gera extinção do processo sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva;
b. o vício poderá ser corrigido, como emenda à inicial, desde que presentes os seguintes requisitos: i. erro facilmente
perceptível; ii. se o sujeito indicado como autoridade coatora, de forma erada, e o que deveria ter sido indicado pertencerem à
mesma pessoa jurídica de direito público; iii. a correção pode ser feita por emenda à inicial ou de ofício, em respeito aos
princípios da economia processual e da efetividade do processo.
@dicasexconcurseira 37
CUIDADO! O STJ, ao mesmo tempo que reconhece a ilegitimidade passiva da autoridade coatora, afirma que o processo pode
ser extinto sem resolução do mérito em caso de indicação errada da autoridade coatora. Não há como compatibilizar estes dois
entendimentos dentro de um mesmo tribunal.
Outra questão importante na seara da legitimação passiva diz respeito à aplicação da teoria da encampação, adotada
pela doutrina dominante e pelo STJ, que significa que: se a autoridade coatora, ao ser notificada, exorbita da função de prestar
informações e defende o mérito do ato coator, entende-se que ela encampa o ato para si e, com isso, passa a integrar o polo
passivo da demanda. Para o STJ, a adoção dessa teoria deve respeitar 3 requisitos:
i. Defesa do mérito, ou seja, a autoridade coatora, nas informações, defende o mérito do ato coator;
ii. Inalterabilidade da competência em razão da matéria;
iii. Subordinação hierárquica ou vínculo hierárquico entre a autoridade coatora que foi indicada na inicial e a pessoa
jurídica a qual ela se encontra vinculada;
iv. Seja razoável a dúvida quanto à legitimação passiva.
ATENÇÃO! Autoridade coatora é aquela que determina a prática do ato, e não aquela que praticou.
Quanto à legitimidade passiva, predomina o entendimento de que o MIC só pode ser impetrado em face do Poder,
órgão ou autoridade de natureza pública que, responsável pela regulamentação do direito constitucional, deixou de adimplir a
obrigação. É este o entendimento do STF e o art.4º da LMI parece endossar esta tese.
LMI, Art. 4º A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão
impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado.
6.7. Legitimação coletiva passiva. Ação coletiva passiva. Defendant Class Actions
A ação coletiva passiva nada mais é do que uma ação proposta em face de uma coletividade. Existe, no entanto, grande
polêmica doutrinária que consiste em saber se a coletividade ostenta legitimação passiva. Para uma 1ª tese, não é possível falar-
se em ação coletiva passiva, pois inexiste previsão legal; para uma 2ª tese, dominante, é possível a existência de uma demanda
coletiva passiva. O STJ já reconheceu a possibilidade de demanda coletiva passiva em alguns de seus julgados.
@dicasexconcurseira 38
pessoas portadoras de deficiência e idosos), conforme já reconhecido pelo STJ. Há quem sustente, também, a possibilidade da
sua atuação, qualificando-a como atípica, em prol dos hipossuficientes organizacionais, entendidos como aqueles que têm
severas dificuldades, em face das relações complexas existentes na sociedade contemporânea, de se organizar para a defesa dos
seus direitos em juízo ou fora dele.
Por fim, quanto aos demais instrumentos da tutela coletiva, a DP poderá valer-se de Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC), pois se trata de um órgão público legitimado (art.5º , §6º, LACP), mas não poderá se valer de IC, por ser instrumento
exclusivo do MP, acordo de leniência, porque o legislador se referiu apenas ao MP e aos entes políticos, e recomendação, por
total ausência de previsão legal e por ser instrumento exclusivo do MP.
@dicasexconcurseira 39
jurisdição do órgão responsável pela decisão e que sejam filiados em momento anterior a demanda ou até a propositura desta e
que estejam na relação jurídica acostada à inicial. O próprio STF violou os preceitos das súmulas 629 e 630 do tribunal.
8. Resp 1.468.734/SP, AgRg no AResp 664.713/RJ, REsp 1.129.023/SC e Edcl no AgRg no Resp 1.185/789/GO: o STJ seguiu o
mesmo entendimento adotado pelo STF no item anterior.
9. Resp 1.213.614/RJ: o STJ fixou entendimento no sentido de ser possível o reconhecimento de ofício da inidoneidade da
associação civil autora da ação e, assim, reconhecendo a sua ilegitimidade ativa, bem como a impossibilidade de admitir-se
autorização genérica no estatuto, seguindo a linha adotada pelo STF no bojo do RE 573.232/RJ.
10. AgRg no Resp 1.546.659/RS e Resp 1.405.697/MG: o STJ definiu a necessidade da associação civil obter autorização dos seus
membros para a propositura da demanda. Apesar disso, há um julgado posterior do STJ no sentido da desnecessidade desta
exigência. Vale mencionar que os precedentes que exigem a autorização dos membros – tanto no STJ quanto no STF – versam
sobre a tutela dos direitos individuais homogêneos, enquanto que os precedentes do STJ que permitem a propositura da
demanda sem autorização versam sobre direitos difusos e coletivos em sentido estrito.
Na doutrina, entretanto, os autores fazem a correta distinção entre os institutos da representação processual e da
substituição e afirmam que somente poderá ser exigida a autorização dos membros da coletividade nos casos de representação
processual.
9. CONTROLE JUDICIAL (OPE IUDICIUS) E LEGAL (OPE LEGIS) DA LEGITIMIDADE – REPRESENTATIVIDADE ADEQUADA
(ADEQUACY OF REPRESENTATION)
Como já dito, a legitimidade ativa coletiva decorre diretamente de lei. A questão é saber se, apesar disso, ainda haverá
espaço para o exercício do controle por parte do magistrado (controle judicial) no caso concreto.
O controle judicial decorre diretamente do princípio da representatividade adequada. O legislador, portanto, teria
criado apenas uma presunção relativa de representatividade adequada, possibilitando, por via de consequência, a produção de
provas em sentido diverso e abrindo oportunidade do exercício judicial do controle da legitimação. DE OLHO NA JURIS! Os mais
recentes julgados no STJ seguem este entendimento. A bem da verdade, é fácil notar que a jurisprudência dos tribunais
superiores já aplica a concepção do controle judicial da legitimação, como nos casos dos processos coletivos especiais, da
atuação do MP, da DP e das associações.
Os requisitos normalmente exigidos para a definição da representatividade são: a. pertinência temática; b. aptidão
técnica da entidade civil; c. autorização dos membros; d. constituição da entidade nos termos da lei civil; e. constituição da
entidade há pelo menos um ano; e. falso litígio coletivo.
O controle legal (ope legis), normalmente atrelado aos sistemas que adotam a civil law, da legitimidade coletiva decorre
da atividade legislativa que, de forma abstrata, determina quais são os autores coletivos autorizados para a propositura das
demandas. Assim, caberia ao órgão jurisdicional somente a análise da presença dos requisitos legalmente exigidos para a
presença da legitimidade ativa coletiva, ou seja, há uma presunção absoluta da legitimidade para aqueles que estiverem no rol
previsto em lei, portanto, representantes adequados da coletividade.
1. INTRODUÇÃO
Intervenção de terceiros é a possibilidade de admissão no processo de quem não é parte em determinada relação
jurídica processual para nela atuar, sendo o conceito de “terceiro” determinado por exclusão, ou seja, terceiro é aquele que não
é parte.
@dicasexconcurseira 40
No processo individual, em regra, o resultado da demanda só atinge as partes (art.506, NCPC).
NCPC, Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros (MAS PODE BENEFICIAR
TERCEIROS).
No processo coletivo, é desnecessária a presença de todos os interessados em juízo, sendo estes representados pelos
legitimados extraordinários legalmente previstos; e os efeitos da decisão – erga omnes ou ultra partes – podem ser estendidos
àqueles que não foram parte em sentido formal da demanda.
Nesse sentido, a depender do objeto material da demanda (direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos) e do
tipo de intervenção, pode haver ausência de interesse jurídico que justifique a intervenção. Há, por certo, a necessidade de
adequação das normas processuais do NCPC ao processo coletivo.
Na demanda coletiva, o terceiro interveniente deve demonstrar a necessidade de sua participação, bem como a
eventual relação direta que possua com o objeto material do litígio coletivo. CUIDADO! Nos processos coletivos especiais (ações
de controle), não se admite e intervenção de terceiros, salvo a do amicus curiae.
2. ASSISTÊNCIA
NCPC, Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja
favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
No processo coletivo, a maioria da doutrina não admite a intervenção individual através da assistência simples, em
razão da inexistência de interesse jurídico diante do regime in utilibus, já que o resultado de um processo coletivo só atinge a
esfera jurídica individual para beneficiá-la. CUIDADO! É possível a intervenção das seguintes autarquias como assistentes
simples: CADE (art.118, Lei 12.529/2011), CVM (art.31, Lei 6.385/1976) e INPI (arts.56, 57, 173 e 175, Lei 9.276/1996).
ATENÇÃO! É possível, no entanto, assistência litisconsorcial por meio da intervenção de colegitimado. O art.18, p.u., do NCPC
permite a intervenção do substituído como assistente litisconsorcial, portanto, factível sustentar que tal norma autoriza esta
modalidade de assistência em demandas coletivas.
NCPC, Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial.
2.1. Intervenção individual nas ações acidentalmente coletivas (direitos individuais homogêneos)
Em regra, nas ações essencialmente coletivas (direitos difusos e coletivos), não se admite a intervenção individual por
versar sobre direitos indivisíveis. Mas a intervenção individual é possível nas demandas acidentalmente coletivas, pois os
interesses individuais homogêneos são essencialmente individuais, porém tratados de forma coletiva. Neste caso, o particular
não poderá, por óbvio, formular pretensão individual.
É o que podemos inferir da leitura dos arts.94 e 103, §2º, do CDC. Segundo o art.94, após a propositura da ação
coletiva, será publicado edital, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes. Esta intervenção
será exteriorizada por meio da assistência litisconsorcial. Por sua vez, o §2º do art.103 dispõe que “os interessados que não
tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual”.
O litisconsorte que ingressa no processo sofrerá os efeitos do resultado da demanda, seja ele positivo ou negativo
(regime de imutabilidade pro et contra). Para o indivíduo que não ingressou como litisconsorte, somente será atingido pelo
resultado benéfico, havendo o transporte in utilibus para a esfera individual. Assim, se o resultado da demanda for negativo, ele
poderá ingressar com uma ação individual. Para se chegar a esta conclusão, basta realizar uma leitura a contrario senso do
art.103, §2º, CDC.
@dicasexconcurseira 41
O legislador, dentro do microssistema de tutela coletiva, previu a possibilidade de intervenção do colegitimado que
acarretará na existência da assistência litisconsorcial. As hipóteses legalmente previstas são: art.6º, §5º, LAP; art.5º, §2º, LACP e
art.3º, §5º, Lei 7.853/1989.
LAP, Art.6º, §5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
LACP, Art.5º, §2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como
litisconsortes de qualquer das partes.
Lei 7.853/1989, Art.3º, §5º Fica facultado aos demais legitimados ativos habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas
por qualquer deles.
A principal questão a ser abordada sobre o tema é a utilização desta modalidade de intervenção na ação popular. A
assistência litisconsorcial prevista no art.6º, §5º, da LAP gera, a rigor, um exemplo de intervenção de colegitimado, na medida
em que o particular que intervier também é legitimado par aa propositura da demanda coletiva. Mas, somente o cidadão-eleitor
poderá formular o requerimento para figurar como assistente litisconsorcial ou os demais legitimados coletivos também?
Trata-se de tema com certa divergência na doutrina. Há quem entenda que somente o cidadão-eleitor pode intervir,
pois o legislador assim previu expressamente, bem como diante da legitimidade extraordinária exclusiva para a propositura da
AP. Outra parte da doutrina entende que os demais legitimados coletivos também poderão intervir, pois: i. o objeto material da
tutela de uma AP coincide com o de uma ACP; ii. a legitimidade coletiva é extraordinária concorrente disjuntiva; iii. o MP tem
atuação multifacetária nas demandas coletivas; iv. o MP poderá assumir a condução do processo, tanto na fase de
conhecimento, quanto na de execução; v. a Fazenda Pública poderá figurar tanto no polo passivo, quanto no polo ativo,
inclusive com migração de um para o outro durante o processo, bem como assumir a sua condução.
3. OPOSIÇÃO
NCPC, Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser
proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.
Na oposição, a pretensão do terceiro é a obtenção para si do objeto da demanda, o que é incompatível com a
sistemática dos processos coletivos, pois, nestes, o legitimado coletivo não titulariza o objeto da demanda.
5. CHAMAMENTO AO PROCESSO
É modalidade de intervenção de terceiro em que o réu, na contestação, requerer a citação de todos aqueles que devam
figurar no polo passivo com ele. Assim, a sua finalidade é a formação de litisconsórcio passivo ulterior, nos casos do art.130.
NCPC, Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
Para a doutrina, essa modalidade de intervenção de terceiros é compatível com as demandas coletivas, desde que se
trata de hipótese de responsabilidade solidária. Sustenta-se que o chamamento ao processo vai facilitar a esfera de
@dicasexconcurseira 42
responsabilidade em virtude da solidariedade e da indivisibilidade da obrigação em decorrência da própria incindibilidade do
bem jurídico lesado.
DE OLHO NA JURIS! O STJ, em sede de julgamento de recursos repetitivos, decidiu pela desnecessidade de chamamento ao
processo em caso de responsabilidade solidária dos entes federados no fornecimento de medicamentos. A despeito da
responsabilidade solidária dos entes, a tese foi fixada no sentido de que o chamamento ao processo não deve ser admitido
quando revelar-se medida protelatória que não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito,
revelando-se obstáculo inútil à garantia fundamental do cidadão à saúde.
6. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Trata-se de ação regressiva antecipada, na hipótese de sucumbência do denunciante, ou seja, seu objetivo é assegurar
a pretensão indenizatória do denunciante, caso este perca a demanda principal. Conforme art.125 NCPC, qualquer das partes
pode promover a denunciação da lide em caso de evicção ou havendo obrigação de indenizar decorrente de lei ou contrato.
A doutrina diverge quanto ao cabimento da denunciação da lide no processo coletivo. Como se trata de uma ação
regressiva antecipada, admitir a denunciação da lide seria admitir uma cumulação de ação individual em sede de ação coletiva,
descaracterizando-se a finalidade da demanda coletiva que é a tutela do interesse coletivo.
DE OLHO NA JURIS! O STJ já se manifestou no sentido da impossibilidade de denunciação da lide em demandas coletivas.
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Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos,
de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e
de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em
que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.
Esta modalidade de intervenção pode acarretar o deslocamento de competência.
8. AMICUS CURIAE
Não existe qualquer óbice para a sua admissibilidade nos processos coletivos, mas, ao contrário, deve ser estimulada a
intervenção do amicus curiae para fins de fomentar o devido processo legal democrático e participativo com a devida
pluralização do debate, mormente em casos de grande repercussão nos quais há uma intensa conflituosidade interna.
LAP, Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação, promover,
em qualquer tempo, e no que as beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.
LIA, Art.17, §3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no §
3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. à aplicabilidade da intervenção móvel da ACP por improbidade.
Considerando a existência do microssistema da tutela coletiva, pode-se concluir ser plenamente possível a ocorrência
da intervenção móvel nas demais demandas coletivas. O próprio STJ reconhece esta possibilidade em seus precedentes.
Pode a Fazenda Pública, mesmo atuando ao lado da ação popular, requerer a improcedência do pedido? Sim, desde
que adequadamente fundamentada, pois sua atuação é completamente autônoma à do autor popular.
1. INTRODUÇÃO
O microssistema de tutela coletiva prevê a possibilidade de concessão das tutelas provisórias nas seguintes normas:
arts.4º e 12, LACP; art.5º, §4º, LAP; art.7º, III, LMS e art.84, §3º, CDC.
LACP, Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e
social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou
aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
LACP, Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
LAP, Art.5º, §4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.
CDC, Art.84, §3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
2. CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao conteúdo, as tutelas provisórias podem ser divididas em:
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a. Tutela provisória satisfativa: pode ser uma tutela provisória de urgência ou tutela provisória de evidência.
b. Tutela provisória cautelar (não satisfativa): a tutela cautelar é meramente assecuratória.
3. TUTELAS JURISDICIONAIS
O Estado oferece dois tipos de tutelas jurisdicionais: as provisórias e as definitivas. A tutela provisória é concedida no
curso do processo com a finalidade de assegurar o direito e evitar um risco à efetividade da jurisdição.
Tutela provisória de evidência: é sempre satisfativa. O tempo para a obtenção da tutela definitiva não deve ser
suportado pelo titular do direito, eis que as afirmações de fato foram devidamente comprovadas, sendo, pois, evidentes. Para
Fabrício Bastos, a tutela de evidência ostenta maior relevância nos casos em que o IC for submetido ao contraditório mínimo
com a efetiva participação do investigado.
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LMS, Art.7º, III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou
depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
A exigência de caução configura uma contracautela, ou seja, uma “cautelar” em favor do requerido e tem por objetivo
garantir eventual ressarcimento dos danos decorrentes da efetivação da medida.
Para Fabrício Bastos, em razão da gratuidade das demandas coletivas, não é possível a exigência de caução nos
processos coletivos.
LMS, Art.7º, §2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento
ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
§3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.
§5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se
referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Art.22, §2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da
pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas.
Na Lei 8.437/1992, que trata da concessão de medidas cautelares contra o Poder Público, há normas restritivas que
pode ser assim divididas:
i. Norma que estende as mesmas vedações existentes no MS (art.1º);
ii. Norma que veda a possibilidade de concessão de tutela provisória pelo juízo de 1º grau, quando o ato for praticado por
autoridade coatora que deve ser analisado em sede de MS por tribunal, no exercício de sua competência originária (art.1º, §1º)
– esta regra não se aplica à AP e à ACP (art.1º, §2º);
iii. Norma que veda a concessão de tutela provisória cujo objeto esgote o próprio objetivo da demanda proposta (art.1º, §3º);
iv. Norma que veda a possibilidade de concessão de tutela provisória que defira compensação de créditos tributários ou
previdenciários (art.1º, §5º);
v. Norma que veda a possibilidade de concessão da tutela provisória sem prévia manifestação do representante judicial da
Fazenda Pública (art.2º), que somente é aplicável aos casos de MSC e ACP.
Na Lei 9.494/1997, foi fixada uma extensão das regras restritivas previstas na Lei 8.437/1992 para os casos de tutelas
antecipadas.
Entretanto, o NCPC, em seu art.1059, dispôs sobre a aplicação da tutela provisória satisfativa ou cautelar contra a
Fazenda Pública, prevendo que o estabelecido nos arts.1º ao 4º da Lei 8.437/1992 e no art.7º, §2º, da LMS são aplicáveis à
tutela provisória antecipada. Assim, o art.1º da Lei 9.494/1997 tornou-se despiciendo, com o advento do NCPC.
DE OLHO NA JURIS! De acordo com o STF, em casos excepcionais, o juiz poderá afastar tais restrições e vedações,
principalmente se tiver relação com o direito à vida, pode ser concedida tutela provisória contra a Fazenda Pública. O STJ,
contudo, aplica as restrições legais.
As vedações e restrições citadas são aplicáveis apenas às tutelas provisórias de urgência, ou seja, não se aplicam à
tutela de evidência. Pela leitura do art.1º, §3º, da Lei 8.437/1992, parece que não cabe a tutela de evidência em face do poder
público, porque a tutela de evidência gera uma decisão de mérito que esgota o objeto da ação, mas, ainda assim, entendo ser
possível a tutela de evidência em desfavor do poder público.
Quanto à exigência de prévia oitiva do representante judicial do poder público, vale apresentar a divergência acerca da
efetiva aplicabilidade das regras nos processos coletivos:
1ª tese (STJ – Corte Especial): aplicação integral da regra às ACPs e MSC;
2ª tese (STJ – 1ª Turma): aplicabilidade somente aos casos em que a medida requerida puder atingir bens ou interesses da
Fazenda Pública;
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3ª tese (doutrina majoritária): aplicabilidade da exigência, desde que não seja caso de efetiva urgência;
4ª tese: aplicabilidade da exigência, salvo nos casos de urgência efetiva da medida e quando for aplicado o contraditório mínimo
no IC que embasou a demanda.
4.4.1. Sequestro
LIA, Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do
órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
Há autores que sustentam tratar-se, na verdade, de arresto.
Arresto Sequestro
Medida cautelar usada com a finalidade de assegurar a Medida cautelar usada com a finalidade de assegurar a
eficácia de uma execução de obrigação de pagar quantia eficácia de uma execução de obrigação de entrega de coisa
certa; certa;
Atinge o patrimônio do devedor/requerido sem a O objeto da medida é um bem determinado que pertence ao
necessidade de individualização dos seus bens; patrimônio do devedor/requerido;
Não se discute a propriedade dos bens objeto da medida; Há em seu bojo discussão sobre a propriedade dos bens
atingidos;
Os bens arrestados podem ser convolados em penhora. O bem será depositado.
Para Fabrício Bastos, o requerente deverá, à luz do caso concreto, ainda mais com o rol exemplificativo previsto no
art.301 do NCPC, escolher qual é a melhor solução: arresto ou sequestro. De qualquer forma, o requerente da medida deve
indicar de forma precisa quais serão os bens objeto da constrição.
Considerando que se trata de medida cautelar, imprescindível a demonstração do fumus boni iuris e do periculum in
mora. Entretanto, há julgados do STJ que afastam a necessidade de demonstração do periculum in mora, que é presumido.
Qual o procedimento aplicável ao sequestro/arresto? O art.16 da LIA faz referência aos arts.822 ao 825 do CPC/73, que
não foram reproduzidos no NCPC. Este, todavia, faz referência expressa ao sequestro como medida cautelar típica, devendo,
assim, ser seguido o procedimento delineado nos arts.300, 305 e 308, NCPC.
A doutrina sustenta que o sequestro somente é cabível nas ACP por improbidade administrativa que tratem sobre
enriquecimento ilícito ou lesão ao erário (arts.9 e 10, LIA).
O STJ tem entendimento consolidado de que a medida cautelar do sequestro pode ser deferida inaudita altera pars.
A impenhorabilidade decorrente de regra legal pode gerar óbice para a decretação da medida cautelar prevista no
art.16 da LIA? Como já dito, há divergência se se trata de sequestro ou arresto. Se for considerada (e requerida na forma de)
arresto, recairá sobre todos os bens, exceto aqueles considerados como bens de família, salvo nos casos e que forem adquiridos
através da prática do ato de improbidade; caso seja considerada (e requerida na forma de) sequestro, recairá sobre bens
determinados adquiridos após a prática do ato de improbidade.
4.4.2. Indisponibilidade
No caso da medida cautelar de indisponibilidade, não se vislumbra uma típica tutela provisória de urgência, mas sim
uma tutela de evidência. Não tem caráter sancionador, nem antecipa a culpabilidade do agente. É cabível quando o julgador
entender presentes fortes indícios de responsabilidade na prática do ato de improbidade que cause dano ao erário, estando o
periculum in mora implícito/presumido, conforme entendimento do STJ.
Segundo o STJ, a indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio do réu em ação de improbidade
administrativa de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento do dano, levando-se em consideração, ainda, o valor de
possível multa civil como sanção autônoma, não podendo recair sobre bens impenhoráveis, salvo quando estes forem
adquiridos comprovadamente através da conduta ímproba.
O STJ já proferiu decisões nos seguintes sentidos:
a. Considerando que a decretação da indisponibilidade não gera expropriação do bem, reconheceu a possibilidade de recair
sobre bem de família e bem impenhorável;
b. Permitiu a indisponibilidade recaindo sobre bens que não tinham relação direta com o ato de improbidade e, caso o réu
alegue que adquiriu o bem de forma lícita, o ônus da prova passa a ser dele;
c. Admitiu a indisponibilidade recaindo sobre bens com valor superior ao indicado na inicial.
O entendimento consolidado no STJ é de que a indisponibilidade de bens em ACP por ato de improbidade:
a. é possível antes do recebimento da petição inicial;
b. basta a comprovação do dano ao erário e/ou do enriquecimento ilícito, caracterizadores do fumus boni iuris;
@dicasexconcurseira 47
c. independe da comprovação de início de dilapidação patrimonial, tendo em vista que o periculum in mora é presumido;
d. pode recair sobre bens adquiridos anteriormente à conduta ímproba;
e. deve recair sobre tantos bens quantos forem suficientes a assegurar o ressarcimento do dano, bem como o pagamento da
multa civil;
f. pode recair sobre bens em valor superior ao indicado na petição inicial;
g. pode ser decretada no caso de atos de improbidade que atentem contra os princípios da administração pública (art.11, LIA),
para assegurar o pagamento da multa civil.
1. CONCEITO
A coisa julgada possui natureza jurídica de pressuposto processual negativo (art.485, V, NCPC), porque refere-se à
originalidade da demanda, bem como a uma garantia processual fundamental atrelada ao princípio da segurança jurídica. O
art.502, NCPC, denomina coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível decisão de mérito não mais
sujeita a recurso. A bem da verdade, como diz a melhor doutrina, a coisa julgada material gera a imutabilidade e
indiscutibilidade do conteúdo do dispositivo da decisão.
A imutabilidade deve ser analisada em dois planos: subjetivo e objetivo. No plano subjetivo, analisa-se a eficácia da
imutabilidade, ou seja, quem será atingido pelo resultado do processo. No processo individual, vige a regra geral da eficácia
subjetiva inter partes (art.506, NCPC). No processo coletivo, a regra geral do NCPC não é suficiente para regular as demandas
coletivas, pois, nestas, os titulares do direito material deduzido em juízo não participam formalmente da demanda. Assim, a
repercussão subjetiva ultrapassa os limites formais da demanda para atingir membros da coletividade, desde que o resultado
seja positivo (regime jurídico in utilibus), conforme art.103, §§1º e 3º, CDC.
Conforme o direito transindividual deduzido, poderão ser verificadas as seguintes eficácias subjetivas da coisa julgada
material:
a. Eficácia erga omnes (arts.81, p.u., I c/c 103, I, do CDC; 18, LAP; 16, LACP): aplicável aos direitos difusos e significa que todos
serão atingidos pelo resultado da demanda de forma indistinta;
b. Eficácia ultra partes (arts.81, p.u., II c/c 103, II, CDC): aplicável aos direitos coletivos em sentido estrito e significa que o
resultado da demanda repercutirá na esfera jurídica dos membros, grupos ou classe de pessoas que titularizam o direito
material;
c. Eficácia erga omnes (art.81, p.u., III c/c 103, III, CDC): aplicável aos direitos individuais homogêneos. ATENÇÃO! Parte da
doutrina defende que se trata de eficácia erga victmae.
No plano objetivo, analisa-se o modo de produção da imutabilidade. Em regra, no processo civil individual, a
imutabilidade é pro et contra, ou seja, haverá imutabilidade independentemente do resultado da demanda (se favorável ou
não). No processo coletivo, porém, o modo de produção da imutabilidade é variado a depender do direito tutelado. Em regra, a
imutabilidade da decisão é sempre condicionada, mas a sua forma de produção varia nas seguintes espécies:
a. Imutabilidade condicionada secundum eventum probationis: quando a formação da coisa julgada material dependerá do
resultado da instrução probatória. Assim:
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i. se resultar procedência do pedido, haverá coisa julgada material;
ii. se o resultado for de improcedência do pedido por insuficiência ou falta de provas, haverá só coisa julgada formal;
iii. se o resultado for de improcedência pura (sem ser por deficiência de provas), haverá coisa julgada material.
Aplicável aos direitos difusos e coletivos em sentido estrito.
b. Imutabilidade condicionada secundum eventus litis: quando a formação da coisa julgada material está condicionada ao
resultado da demanda. Assim:
i. se o resultado da demanda for pela procedência, haverá coisa julgada material;
ii. se o resultado da demanda for de improcedência pura, haverá coisa julgada material em desfavor dos legitimados
coletivos, mas não impedirá a propositura das demandas individuais (art.103, §1º, CDC);
iii. se o resultado da demanda for pela improcedência por insuficiência ou falta de provas, haverá coisa julgada
material.
Aplicável aos direitos individuais homogêneos.
2. CARACTERÍSTICAS
2.1. Direitos essencialmente coletivos: direitos difusos
No plano objetivo da coisa julgada, o modo de produção da imutabilidade da decisão é condicionado ao resultado da
instrução probatória (secundum eventus probationis).
Assim, se a improcedência for por insuficiência de provas, a despeito de se ter resolvido o mérito, haverá apenas coisa
julgada formal (o mesmo legitimado ou outro legitimado poderá propor nova demanda); se o resultado for de procedência ou
improcedência por outro fundamento, haverá coisa julgada material.
@dicasexconcurseira 49
O art.503, §1º, NCPC preconiza a expressa possibilidade da coisa julgada material abranger a questão prejudicial
decidida incidentemente no processo, independentemente da propositura de ação declaratória incidental. Tal dispositivo só se
aplica aos processos iniciados após a entrada em vigor da nova lei processual.
NCPC, Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.
§1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
NCPC, Art. 1.054. O disposto no art. 503, § 1º , somente se aplica aos processos iniciados após a vigência deste Código,
aplicando-se aos anteriores o disposto nos arts. 5º , 325 e 470 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 .
2.2.1. Procedência do pedido nas ações coletivas que veiculam direito coletivo em sentido estrito
Sendo o pedido julgado do procedente, a sentença produzirá coisa julgada material, com eficácia ultra partes,
beneficiando todos os membros do grupo categoria ou classe, que poderão promover, no plano individual, a liquidação e
execução da sentença de procedência (art.103, §3º, CDC).
2.2.2. Improcedência do pedido nas ações coletivas que veiculam direito coletivo em sentido estrito
A improcedência pura faz coisa julgada material e impede a renovação da ação coletiva, mas não impede a propositura
de uma ação individual (art.103, §1º, CDC).
A improcedência por insuficiência de provas não impede a renovação da demanda coletiva (desde que o legitimado
traga novas provas), nem a propositura de ação individual.
2.3.1. Improcedência pura nas ações coletivas que veiculam tutela de direitos individuais homogêneos
Neste caso, haverá coisa julgada material para os legitimados coletivos, os quais não poderão propor nova ação
coletiva; porém, não impede a propositura de ação individual, salvo nos casos de intervenção individual.
@dicasexconcurseira 50
2.3.2. Improcedência por insuficiência de provas nas ações coletivas que veiculam tutela de direitos individuais homogêneos
Neste caso, haverá coisa julgada material para os legitimados coletivos reproduzirem a demanda, mas, em regra, não
impede ação individual, salvo nos casos de intervenção individual.
Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente a ação coletiva proposta em defesa de direitos
individuais homogêneos – independentemente do motivo que tenha fundamentado a rejeição do pedido – não é possível a
propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro estado da federação.
Este é o entendimento predominante na doutrina.
3. LIMITAÇÃO TERRITORIAL DA EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES COLETIVAS ATRELADAS À COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO
JURISDICIONAL
LACP, Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se
o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Este dispositivo é severamente criticado pela doutrina, que o considera inconstitucional. Seguem os principais motivos
da crítica:
• Gera prejuízo à economia processual e pode ocasionar decisões contraditórias entre julgados proferidos em Municípios ou
Estados diferentes;
• Viola o princípio da igualdade por tratar de forma diversa os brasileiros (para uns irá "valer" a decisão, para outros não);
• Os direitos coletivos “lato sensu” são indivisíveis, de forma que não há sentido que a decisão que os define seja separada por
território;
• A redação do dispositivo mistura “competência” com “eficácia da decisão”, que são conceitos diferentes. O legislador confundiu,
ainda, “coisa julgada” e “eficácia da sentença”;
• O art. 93 do CDC, que se aplica também à LACP, traz regra diversa, já que prevê que, em caso de danos nacional ou regional, a
competência para a ação será do foro da Capital do Estado ou do Distrito Federal, o que indica que essa decisão valeria, no mínimo,
para todo o Estado/DF.
Os efeitos da sentença proferida em ação civil pública versando direitos individuais homogêneos em relação consumerista
operam-se erga omnes para além dos limites da competência territorial do órgão julgador, isto é, abrangem todo o território
nacional, beneficiando todas as vítimas e seus sucessores, já que o art. 16 da Lei nº 7.347/85 deve ser interpretado de forma
harmônica com as demais normas que regem a tutela coletiva de direitos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1594024/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/11/2018.
Assim, os efeitos da eficácia da sentença levarão em conta a extensão do dano e a qualidade dos interesses
transindividuais postos em juízo, de forma que foram fixados os seguintes entendimentos:
a. O efeito erga omnes da coisa julgada material na ACP será de âmbito nacional, regional ou legal conforme a extensão e a
indivisibilidade do dano ou ameaça de dano;
b. O procedimento regulado na ACP pode ser utilizado para a defesa dos direitos do consumidor em juízo, porém somente no
que não contrariar as regras do CDC, que contém, em seu art.103, uma disciplina exaustiva para regular a produção de efeitos
da sentença. Assim, não é possível a aplicação do art.16 da LACP para as relações consumeristas.
ATENÇÃO! Considerando que a ACP por ato de improbidade pertence ao microssistema da tutela coletiva de combate à
corrupção, assim como a LAC, as mesmas regras apresentadas serão aplicáveis para a ACP prevista no art.21 da LAC.
LMI, Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora.
§1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do
direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
§2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do
relator.
§3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos
probatórios.
A eficácia subjetiva da decisão em sede de MIC segue o mesmo regramento previsto para as demais demandas
coletivas, conforme o tipo de direito tutelado.
Quanto ao regime jurídico da formação da coisa julgada, Fabrício Bastos sustenta que, em virtude do §3º do art.9º da
LMI, é aplicável a imutabilidade secundum eventus probationis.
1. INTRODUÇÃO
A prescrição é a perda de uma pretensão para o exercício judicial da tutela de um direito subjetivo violado, em virtude
do decurso do prazo legal fixado. A decadência, por sua vez, é a perda do próprio direito material potestativo que não foi
judicialmente exercido dentro do prazo legal fixado. Os institutos são semelhantes no plano processual porque são questões
preliminares ao mérito. A análise dos institutos gera a necessidade do proferimento de uma decisão de mérito. A prescrição e a
decadência legal são matéria de ordem pública e podem ser conhecidas de ofício pelo juiz.
2. TESE DA IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETESNÃO JUDICIAL EXERCÍVEL VIA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA A TUTELA DE DIREITOS
DIFUSOS E COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO
@dicasexconcurseira 52
Em que pese a inexistência de qualquer previsão na LACP acerca do prazo prescricional, o entendimento da doutrina
largamente dominante quanto à tutela dos direitos difusos e coletivos em sentido estrito – inclusive reconhecido pelo STJ – é
pela imprescritibilidade da pretensão judicial exercível pelas ações essencialmente coletivas, haja vista que os bens jurídicos
tutelados por elas são indisponíveis e de natureza indivisíveis.
Quanto aos direitos individuais homogêneos, parte da doutrina também sustenta a imprescritibilidade. Para Fabrício
Bastos, no entanto, tais direitos se submetem à prescrição, pois: a. são direitos divisíveis e, portanto, suscetíveis de apropriação
individual; b. são direitos que podem ser disponíveis e, assim, prescritíveis as pretensões decorrentes; c. sustentar o contrário,
tornará letra morta disposições legais expressas que contêm prazo prescricional. Assim, para os direitos individuais
homogêneos, deve ser observado o prazo quinquenal da prescrição a que se referem os arts.21, LAP; 27, CDC; 23, LIA; 25, LAC.
DE OLHO NA JURIS! O STJ seguiu o mesmo entendimento aqui sustentado quanto à aplicabilidade do prazo quinquenal, mas
sem distinguir se os direitos tutelados eram disponíveis ou indisponíveis.
Há, na doutrina, quem sustente ser plenamente aplicável o regime jurídico da prescritibilidade nas demandas coletivas,
à exceção da pretensão de ressarcimento ao erário e de reparação de dano ambiental. Assim, para quem defende a aplicação da
prescrição na tutela coletiva, o prazo para a propositura é de 5 anos, porque deve observar as regras no microssistema como
forma de suprir a omissão da LACP. Este é o entendimento do STJ.
No tocante à reparação do dano ambiental, doutrina e jurisprudência sustentam que tal pretensão é imprescritível.
Caso a pretensão condenatória exercida versar sobre ressarcimento ao erário, indispensável a leitura do art.37, §5º, CF.
CF, Art.37, §5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
2ª tese (maioria da doutrina): é imprescritível, tendo em vista disposição expressa do art.37, §5º, da CF neste sentido. O STJ segue
esse entendimento. O STF também segue essa linha de raciocínio, porém faz uma diferenciação:
i. Se a pretensão de ressarcimento ao erário tiver como base ato ilícito comum, submete-se ao prazo prescricional de 3 anos,
conforme art.206, §3º, V, CC;
ii. Se a pretensão de ressarcimento ao erário tiver como base ato de improbidade administrativa, será imprescritível.
@dicasexconcurseira 53
Esta modalidade de prescrição, aplicável aos processos individuais, pode ser aplicada na seara da improbidade
administrativa?
1ª tese: deve ser aplicada a prescrição intercorrente na seara da improbidade, tal como ocorre na seara penal;
2ª tese: não se aplica a prescrição intercorrente na seara da improbidade, pois pressupõe consumação do prazo no curso da
relação processual e, enquanto estiver em curso a fase de conhecimento, não corre prazo prescricional.
Quando começa a correr o prazo prescricional? Quando do término do vínculo eleitoral. Assim, ainda que o ato de
improbidade seja praticado durante o 1º mandato, o prazo prescricional só começa a correr após o encerramento do 2º mandato.
É a posição da doutrina e do STJ.
E na hipótese de descontinuidade do mandato? Imaginando a hipótese em que o prefeito exerce o 1º mandato, tem seu
2º mandato cassado pelo TER, mas, na convocação de novas eleições, foi reeleito. Para Fabrício Bastos, neste caso, não há
qualquer consequência da descontinuidade do mandato em relação à suspensão ou interrupção do prazo prescricional. Assim,
ato de improbidade praticado no 1º mandato só teria seu prazo prescricional iniciado após o término do 2º mandato. Assim
entendeu também o STJ.
3.5. Situação jurídica híbrida: agente público possui vínculo efetivo com a Administração Pública, mas exerce de forma
transitória uma função pública
Se for praticado ato de improbidade durante o exercício da função pública transitória, com posterior exoneração do
agente nesta função e permanência no cargo efetivo, quando começará a correr a prescrição do ato de improbidade?
1ª tese: a data do término do vínculo funcional atrelado à função pública que permitiu a prática do ato de improbidade (data da
exoneração da função transitória).
2ª tese (majoritária): a data do término do vínculo funcional efetivo. O argumento principal desta tese é o fato de que essa função
pública transitória só existiu em virtude do vínculo efetivo com a Administração Pública. O STJ já decidiu nesse sentido.
Lei 8.112/90, Art.142, §2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
também como crime.
LC 75/1993, Art.244, Parágrafo único. A falta, prevista na lei penal como crime, prescreverá juntamente com este.
Diante da combinação destes três artigos, surge a tese da aplicabilidade do prazo prescricional previsto na legislação
penal aos atos de improbidade que também configurem infração penal. O STJ fixou este entendimento e determinou a aplicação
do art.109 do CP com base na pena em concreto e disse, também, que há necessidade de ter se iniciado a apuração na seara
penal para fins de aplicação do prazo prescricional do Direito Penal.
@dicasexconcurseira 54
3.9. Interpretação extensiva do art.23, I, LIA
O art.23, I, LIA traz rol exemplificativo. Assim, estão abrangidas as seguintes situações: a. contratados por tempo
determinado; b. convocados e requisitados; c. delegados de função pública, exceto os notários, porque, apesar de exercerem
função pública delegada, são investidos em cargo efetivo.
@dicasexconcurseira 55
Capítulo 15 – LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Assim como no processo individual, no processo coletivo a execução pode seguir dois modelos:
a. processo sincrético: onde há duas fases procedimentais, derivadas da fusão entre os processos de conhecimento e execução
b. processo autônomo: necessidade de uma ação de execução; em regra, é utilizado quando houver título executivo
extrajudicial, como o TAC e o acordo de leniência.
Tanto no processo sincrético quanto no processo autônomo, a execução pode ocorrer por meio de sub-rogação
(substitutividade) ou execução indireta (colaboração do executado para satisfação da obrigação).
No microssistema de tutela coletiva, a multa aplicada para coagir o executado a cumprir a obrigação depende do
trânsito em julgado da decisão, conforme arts.12, §2º, LACP, por mais que isso viole o princípio da efetividade.
LACP, Art.12, §2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao
autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
Parte da doutrina sustenta que os arts.15, LACP e 16, LAP somente se aplicam aos direitos difusos e coletivos em
sentido estrito, enquanto que o art.100 do CDC se aplica aos direitos individuais homogêneos.
3.2. Fundo de defesa dos direitos difusos e execução por fluid recovery
Havendo condenação em dinheiro, este será destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), criado pela Lei
7.347/1985 e regulamentado pela Lei 9.088/1995. O FDD é gerido pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Despesa de
Direitos Difusos (CFDD), o qual deve ser informado acerca da propositura de toda ação civil pública, da existência de depósito
judicial, de sua natureza e do trânsito em julgado da decisão.
Ressalte-se que o art.100, p.u., do CDC, que tem a previsão da execução pelo fluid recovery, trata-se da situação em
que, havendo condenação genérica determinando a indenização de direitos individuais homogêneos e decorrido o prazo de 1
@dicasexconcurseira 56
ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, os legitimados coletivos poderão
promover a liquidação e execução da indenização devida, e, neste caso, o produto da indenização será revertido ao FDD.
CDC, Art. 100. Decorrido o prazo de um 1 sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano,
poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.
Qual a natureza jurídica do prazo de 1 ano?
1ª tese (minoritária): natureza de prazo decadencial, que só atinge o direito material à habilitação (para uns), pois se perder a
parte perder esse prazo, poderá posteriormente promover uma ação própria para obter a reparação no plano individual; enquanto
que para outros, acarreta a perda do prazo acarreta a perda do direito material ao crédito.
2ª tese (majoritária): o prazo tem natureza processual (o prazo não é decadencial nem prescricional), porque atinge apenas o
direito da parte de se habilitar (e não o direito material ao crédito).
Qual é o termo inicial do prazo?
1ª tese (majoritária): o termo inicial é o trânsito em julgado da sentença coletiva, tendo em vista a inexistência de obrigatoriedade
da execução de uma sentença que ainda não ostenta o caráter de definitividade.
2ª tese (minoritária): o termo inicial começa a partir da publicação dos editais, na forma do art.94 do CDC. O STJ já decidiu neste
sentido.
Qual a consequência jurídica da não observância deste prazo? Gera a transferência da legitimidade para promover a
execução e liquidação, e a perda do direito à habilitação e o indivíduo terá que promover uma demanda individual de
conhecimento com o fim de requerer a reparação dos seus danos.
Qual é a natureza jurídica da legitimidade dos legitimados coletivos? Subsidiária e residual, pois somente poderão atuar
caso os indivíduos não se habilitem em número compatível com a gravidade do dano.
CDC, Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985 e de
indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo evento danoso, estas (INDENIZAÇÕES INDIVIDUAIS) terão
preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao fundo criado pela Lei n°7.347 de
24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de segundo grau as ações de indenização pelos danos
individuais, salvo na hipótese de o patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das
dívidas.
@dicasexconcurseira 57
5. COMPETÊNCIA
A execução deverá ser proposta perante o mesmo órgão formador do título executivo (critério funcional horizontal de
competência).
LACP, Art.8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10
(dez) dias úteis.
Lei 7.853/1989, Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a
10 (dez) dias úteis.
@dicasexconcurseira 58
coletividade, seja com a judicialização da questão (visão demandista da tutela coletiva) ou com a adoção dos demais meios de
solução de conflito (visão resolutiva da tutela coletiva).
1.2. Características
a. Oficialidade: o IC deve ser instaurado formalmente, por meio de despacho fundamentado do MP exteriorizado por uma
portaria.
b. Publicidade: em regra, o IC é público. Por meio de promoção do MP, devidamente fundamentada, em casos excepcionais,
será decretado o sigilo total ou parcial.
c. Inquisitivo: não há contraditório e ampla defesa. Porém, é possível que o parquet possibilite o exercício do contraditório e da
ampla defesa.
d. Dispensabilidade: é dispensável. Para celebrar TAC, acordo de leniência ou expedir recomendação, será imprescindível, ao
menos, a existência de um procedimento administrativo ou instrumento formalizado, salvo nos casos de urgência.
e. Ausência de controle judicial da promoção de arquivamento: o arquivamento do IC sofre controle interna corporis, ou seja, o
próprio órgão superior do MP (Conselho Superior do MP, no caso de MP estadual; e Câmara de Coordenação e Revisão, no caso
do MPU) é que faz o exame do pedido de arquivamento.
LACP, Art.9º, §1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em
falta grave, no prazo de 3 dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
f. Incomunicabilidade do separável: a existência de vício no IC não contamina as ações coletivas decorrentes. O vício no IC
apenas contaminará os atos do próprio IC que dele sejam necessariamente dependentes. Os eventuais vícios e nulidades do IC
não prejudicam os atos que deles independam, muito menos a ACP que eventualmente venha a ser ajuizada.
g. Prazo para conclusão: o IC tem prazo para conclusão de 1 ano, prorrogável por igual período, sem limite, desde que por meio
de promoção fundamentada. A prorrogação deve ser sempre informada ao órgão colegiado superior.
PERGUNTA DE CONCURSO: A existência de foro por prerrogativa de função influencia a atribuição para instauração do IC? Não
influencia, pois inexiste foro por prerrogativa de função na seara da tutela coletiva (Fabrício Bastos).
b) Fase instrutória: quando será reunido todo o supedâneo que fundamentará a medida que for adotada, seja ela judicial ou
extrajudicial. Apesar de se tratar de uma fase inquisitória, nada impede que o MP proporcione o contraditório e a ampla defesa
– o que a doutrina convencionou chamar de “processualização dos procedimentos”.
Para Fabrício Bastos, deve ser observado um contraditório mínimo, consubstanciado em: a) notificação do investigado
dando-lhe ciência da instauração do procedimento e fixação de prazo para a resposta; b) convocação de reuniões e audiências
públicas, com a devida ciência e participação do investigado; c) após a devida avaliação conveniência procedimental, juntar aos
autos os documentos fornecidos, expedir requisições e notificações das testemunhas, conforme requerido pelo investigado; d)
notificação e participação - sempre que conveniente para o procedimento - do investigado na realização de inspeções e perícias;
e e) notificação para ciência do convencimento definitivo do membro do MP com o fim de obter esclarecimentos e possibilitar o
manejo de algum instrumento que possa evitar a judicialização do tema.
@dicasexconcurseira 59
As provas colhidas no IC têm valor probatório relativo, porque colhidas sem a observância do contraditório (em regra),
mas só devem ser afastadas quando há contraprova de hierarquia superior, ou seja, produzida sob o manto do contraditório.
Toda a prova colhida no IC é coligida aos autos do processo com natureza de prova documental, sendo oportunamente
submetida ao crivo do contraditório.
Parte da doutrina aproxima o IC da produção antecipada de prova, mormente quando o procedimento administrativo
se desenvolveu sob o pálio do contraditório. Se assim o for, conforme Fabrício Bastos, o acervo probatório do IC poderá
dispensar a realização da prova pericial (art.472, NCPC). É óbvio que a existência de um IC não impede a realização de uma ação
probatório autônoma, mas se o procedimento seguir o contraditório mínimo, conforme sustenta Fabrício Bastos, será
despicienda. Considerando que o NCPC ampliou o objeto das ações probatórias autônomas (art.381, NCPC) para todas as
espécies de prova e sem a necessidade de demonstração da situação de urgência, será possível sustentar a criação de lastro
probatório mínimo a ensejar a atuação dos legitimados coletivos, principalmente aqueles que não podem presidir o IC, por meio
da ação probatória autônoma.
DE OLHO NA JURIS! A respeito dos sigilos bancário e fiscal: a) possibilidade da Receita Federal quebrar o sigilo bancário
diretamente (sem necessidade de judicializar a questão), conforme preconiza o art.6º, LC 105/2001, com o devido
reconhecimento de sua constitucionalidade pelo STF; b) possibilidade da Receita Federal compartilhar as informações
decorrentes da quebra de sigilo bancário e fiscal com o MP sem a necessidade de intervenção judicial, pois todos os órgãos
envolvidos tem a obrigação de sigilo em relação às informações (para o STF, não há quebra de sigilo neste caso, mas sim
transferência de informações sigilosas); c) possibilidade de o MP requisitar diretamente informações bancárias referentes às
verbas públicas, sem a necessidade de intervenção judicial.
DE OLHO NA JURIS! O STJ sempre reconheceu a possibilidade jurídica da simultaneidade de procedimentos investigatórios
(penal e cível) para apurar um mesmo fato, bem como a possibilidade de prova emprestada entre o IP e o IC.
c) Fase de encerramento ou conclusão: nessa fase, o MP, com a formação de seu convencimento definitivo, irá praticar, com a
devida fundamentação adequada, um dos seguintes atos: a) solução judicial, com a propositura da ação coletiva; c) solução
extrajudicial (TAC, acordo de leniência ou recomendação); c) promoção de arquivamento do IC.
2. PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO DO IC
A promoção de arquivamento exterioriza, de forma fundamentada, o convencimento definitivo do MP quanto à
inexistência do fato, do dano ou da autoria, ou, ainda, a prescrição ou decadência. O controle da promoção de arquivamento é
interna corporis (não é controle judicial), através do reexame necessário realizado pelo órgão colegiado superior.
ATENÇÃO! A promoção de arquivamento do IC é ato administrativo composto, pois, apesar de ser um ato administrativo único,
surte os seus regulares efeitos após a homologação do órgão colegiado superior.
2.2. Atitudes que o órgão colegiado superior pode tomar no exercício do reexame necessário
O órgão colegiado superior, ao receber a promoção de arquivamento do membro do MP, poderá adotar uma das
seguintes atitudes: a) homologação da promoção de arquivamento; b) não homologar a promoção de arquivamento; c) rejeitar
a homologação da promoção de arquivamento.
A não homologação da promoção de arquivamento decorre do convencimento ainda não definitivo, ou seja, o órgão
colegiado superior entende ser indispensável a realização de diligências (art.10, §4º, Resolução 23, CNMP). Neste caso, entende-
se que a promoção de arquivamento é prematura, pois há necessidade de novas diligências.
A rejeição da promoção de arquivamento decorre do convencimento definitivo do órgão colegiado superior que
entende não ser caso de arquivamento, mas sim situação que enseja a propositura de ação coletiva ou adoção dos demais
instrumentos de tutela coletiva.
@dicasexconcurseira 60
3.2. RECOMENDAÇÃO
É instrumento de atuação extrajudicial exclusiva do MP, por intermédio do qual este expõe, em ato formal, razões
fáticas e jurídicas sobre determinada questão, com o objetivo de persuadir o destinatário a praticar ou deixar de praticar
(atuação preventiva ou repressiva) determinados atos em benefício da melhoria dos serviços públicos e de relevância pública ou
do respeito aos interesses, direitos e bens defendidos pela instituição, atuando, assim, como instrumento de prevenção de
responsabilidade ou correção de condutas.
3.2.1. Características
A recomendação, ato administrativo enunciativo, possui as seguintes características:
a) Unilateralidade: é ato unilateral, pois expedido pelo MP sem a necessidade de prévia negociação com o destinatário.
b) Exclusividade: é ato administrativo enunciativo de atribuição exclusiva do MP, que deverá atuar sempre de forma
fundamentada, com indicação precisa dos atos que devem ser praticados pelo destinatário.
c) Ausência de coerção (eficácia admonitória): é instrumento persuasivo, sem caráter vinculativo. Assim, o destinatário não é
obrigado a cumprir os termos da recomendação, mas sujeitar-se-á às consequências descritas em seu bojo. Por ser instrumento
persuasivo, tem que conter advertências.
d) Fixação do dolo do destinatário: a expedição da recomendação enseja, após a devida ciência formal do destinatário, o
afastamento peremptório da boa-fé. Com efeito, a efetiva ciência dos termos da recomendação tem o condão de fixar o dolo.
1ª tese: O TAC não é transação (majoritária). Esta corrente considera do TAC como sendo um ato jurídico unilateral de mero
reconhecimento de uma conduta lesiva ou potencialmente lesiva a um direito transindividual que necessita de adequação aos
ditames normativos. O TAC só pode versar sobre os aspectos periféricos e secundários do direito material transindividual
(condições de tempo, modo e local), jamais o seu cerne. Não pode ser considerado transação, pois: a) não é celebrado pelo
titular do direito material, mas pelos legitimados coletivos, que atuam como substitutos processuais; b) os direitos
transindividuais são, na essência, indisponíveis; c) não é possível a realização de concessões recíprocas.
4ª tese: O TAC possui uma natureza jurídica híbrida, sendo, simultaneamente um ato de reconhecimento da ilicitude da
conduta (sem possibilidades de transação quanto ao cerne do direito material) e uma transação quanto aos aspectos periféricos
(condições de modo, tempo e local).
5ª tese: O TAC não é uma transação, mas, tão somente, uma forma de regular o modo como se deverá proceder à sua
reparação.
6ª tese: O TAC é um acordo equivalente a um negócio jurídico bilateral e constitutivo, ou seja, que não apenas declara direitos,
como também cria, altera ou extingue relações jurídicas.
@dicasexconcurseira 61
esgote o objeto da demanda, haverá o proferimento de sentença com resolução do mérito; iv. formação da coisa julgada sobre
o tema.
b) TAC extrajudicial: i. legitimidade para sua celebração fica adstrita aos órgãos públicos legitimados – MP, DP e Fazenda
Pública* (art.5º, §6º, LACP); ii. suspensão (arquivamento administrativo) da tramitação do IC até o cumprimento integral do
ajuste; iii. caso o TAC seja total e se esgote o objeto da investigação, haverá o arquivamento institucional do IC; iv. a celebração
do TAC não acarreta a formação da coisa julgada material e não impedirá a atuação dos demais legitimados coletivos.
* As sociedades de economia mista e empresas públicas possuem legitimidade para celebrar TAC?
1ª tese: ilegitimidade, pois são pessoas jurídicas de direito privado e o art.5º, §6º da LACP exige que seja um órgão público.
2ª tese (majoritária): possuem legitimidade dentro do âmbito de sua atuação, pois, apesar de serem pessoas jurídicas de direito
privado, o regime jurídico aplicado é de direito público na hipótese de serem prestadoras de serviço público.
A legitimidade para executar o TAC é concorrente e disjuntiva e mitiga, por conseguinte, o princípio do vínculo
subjetivo ao título. Assim, qualquer colegitimado poderá promover a execução do instrumento, mormente diante da omissão
daquele que o celebrou. O STJ reconhece esta possibilidade, desde que o legitimado coletivo ostente legitimidade para a
celebração do TAC.
DE OLHO NA JURIS! O STJ já reconheceu que o TAC não é direito subjetivo do infrator/investigado, ou seja, não pode ser exigida
a oportunização da celebração do instrumento antes da propositura da demanda coletiva, ainda que demonstre interesse na
pactuação.
A doutrina, de uma forma geral, entende que o compromisso de cessação deverá seguir as mesmas diretrizes aplicáveis
ao TAC. Quanto à sua natureza jurídica, há divergência doutrinária, predominando, no entanto, o entendimento de que o
compromisso de cessação é uma verdadeira transação.
@dicasexconcurseira 62
Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990 , e nos demais crimes
diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados
no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos
desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente
beneficiário da leniência.
Lei 12.846/2013 (LEI ANTICORRUPÇÃO), Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo
de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetivamente com as
investigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte:
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.
2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art.
19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.
§3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integralmente o dano causado.
§6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das
investigações e do processo administrativo.
§7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada.
§8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de
3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pública do referido descumprimento.
§9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
§10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão competente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder
Executivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra a administração pública estrangeira.
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de
ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas à isenção ou atenuação das sanções administrativas
estabelecidas em seus arts. 86 a 88.
Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de responsabilização e aplicação de penalidades
decorrentes de:
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração
pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto
de 2011.
@dicasexconcurseira 63