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A sentença dizia “ MORRA MORTE NATURAL DE FOGO , o réu teria que ser
queimado vivo. A sentença ordenava “ MORRA MORTE NATURAL NA
FORCA PARA SEMPRE -onde estivesse sofreria a morte ( Basileu Garcia –
Instituições do Direito Penal)
Beccaria (1764) “ Quem poderia ter dado a homens o direito de degolar seus
semelhantes?
“ A experiência de todos os séculos prova que a pena de morte nunca deteve
celerados determinados a fazer mal”
“ A pena de morte á ainda funesta à sociedade pelos exemplos de crueldade
que dá aos homens´ Beccaria
A origem da Penitenciária
Durante a idade média predominavam as prisões eclesiásticas para fins
penitenciais e a expiação dos hereges e apóstatas. Esses estabelecimentos
eram chamados de penitenciários.
Assim, a crise das punições até então adotadas acabou originando uma nova
forma de sanção: a pena privativa de liberdade.
Resumo
TEORIA ABSOLUTA
Pauta-se na idéia de que a pena teria um fim em si mesma. Não haveria, segundo
seus defensores, qualquer elemento externo (finalidade) a justificar a sua aplicação,
a legitimação deveria ser encontrada na própria punição, como medida de justiça.
Com o passar dos tempos, o pensar absoluto passou a abrigar duas correntes
distintas: A corrente expiatória e a retributiva.
No âmbito da expiação, o isolamento a que o condenado estaria submetido com a
aplicação da pena, permitiria que este alcançasse o arrependimento perante Deus,
atingindo a sua redenção moral.
PREVENÇÃO ESPECIAL
A teoria da prevenção especial visa o delinqüente tendo por objetivo que este não
volte a praticar novos delitos. A prevenção especial ocorre em dois caminhos: a
prevenção especial positiva e a prevenção especial negativa.
A teoria da “coação psicológica”, que tem como defensor Beccaria preconiza que “a
pena aplicada ao autor da infração penal tende a repercutir, junto à sociedade,
evitando-se que as demais pessoas que se encontram com os olhos voltados na
condenação de um de seus membros possam refletir antes da prática de qualquer
delito”.
A aplicação da pena de prisão exerce dupla intimidação: “uma, que incide sobre as
pessoas, para que não cometam delitos e, outra, que, dirigida a coletividade,
buscaria inibir a existência de reações sociais contra o delinqüente, em sua garantia.
( LUIGI FERRAJOLI 2002 ).
Teoria absoluta
No âmbito retributivo, fica claro notar que em nosso atual estágio de
desenvolvimento, onde cada vez mais se reclama medidas eficazes, capazes de
coibir o aumento da criminalidade, falar em “retribuição” sem qualquer fim social útil
seria retroceder no tempo.
Não obstante tais ponderações, é apropriado destacar um fenômeno que a
Criminologia Crítica chama de seletividade do sistema penal.
CRÍTICA A PREVENÇÃO GERAL POSITIVA
A critica que se faz a teoria preventiva geral positiva é a total, ou melhor, a ausência
de eficácia, pois não há estudos que demonstrem o poder da pena de motivar a
fidelidade ao Direito, consequentemente emprestando a pena criminal um caráter de
instrumentalização de opressão social, legitimando a seletividade do sistema, vez
que a resposta penal depende estreitamente do grau de visibilidade social dos
conflitos de desviação existentes numa sociedade.
Nem todo delito cometido é perseguido; nem todo delito perseguido é registrado;
nem todo delito registrado é averiguado pela polícia; nem todo delito averiguado é
denunciado; nem toda denúncia é recebida; nem todo recebimento termina em
condenação. (ANDRADE, 1999, )
Toda vida forçada dentro da prisão sofre uma profunda arregimentação e não há
como a interna rebelar-se contra a mesma ou contestar sua autoridade. (Lemgruber,
1983)
7) CRIMINOLOGIA
Criminologia
Etimologicamente, Criminologia deriva do latim crimen (crimen, delito) e do
grego logo (tratado), sendo o antropólogo francês Topinard (1830-1911) o primeiro a
utilizar este termo., Reconhecimento oficial e aceito internacionalmente graças à
obra de Garofalo, e seus compatriotas italianos: Lombroso[3](que fala de
Antropologia Criminal) e Ferri (que evoluciona em direção a Sociologia Criminal). Os
fundadores da Criminologia científica. Lélio Braga Calahu ( Promotor)
CONCEITO DE CRIMINOLOGIA
Ciência que estuda o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do
delinqüente e sua conduta delituosa, e a maneira de ressocializá-lo. ( Edwin
Sutherland).
OBJETOS DA CRIMINOLOGIA:
O objeto da Criminologia é o crime, suas circunstâncias, seu autor, sua vítima,
controle social e tudo mais que o cerca.
MÉTODO:
Empírico – observação da realidade.
Código de Hamurabi ( 1726 – 1686) – Olho por olho e dente por dente
Confúcio (551 – 478 Tem cuidado de evitar os crimes par depois não
ver-te obrigado a castigar
Protágoras ( 485 -415 a.c) sustentou o caráter preventivo da pena
Sócrates ( 470 -399 ac Que se devia ensinar aos indivíduos que se
tornaram criminosos como não reincidirem no crime.
Platão ( 427 -347 ac ) o ouro do homem sempre foi motivo de seus males.
Aristóteles – a miséria engendra rebelião e delito
Sêneca em Roma ( 4 ac – 65 d.c ) A ira a mola propulsora do crime
FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA:
Informar a sociedade e os poderes públicos sobre o delito, o delinqüente, a vítima
e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita
compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com
eficácia e de modo positivo no homem delinqüente.
08) CRIMINOLOGIA TRADICIONAL
Estuda as causas do crime, como é possível prevenir sua ocorrência.
Criminologia tradicional
Escola clássica
Escola positiva
a) Teorias bioantropológicas
b). Teorias psicodinâmicas
c). Teorias psico-sociológicas
Sociologia criminal
a). Teorias ecológicas
b) Teorias da subcultura
c). Teorias da anomia
Carrara defende a concepção do delito como ente jurídico, constituído por duas
forças: a física (movimento corpóreo e dano causado pelo crime) e a
moral (vontade livre e consciente do delinqüente).
Define o crime como sendo "a infração da lei do Estado, promulgada para proteger
a segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do homem, positivo ou
negativo, moralmente imputável e politicamente danoso".
ESCOLA POSITIVISTA
TEORIAS PSICODINÂMICAS
O criminoso é diferente do não-criminoso, mas essa diferença não é congênita.
Decorre de falhas no processo de aprendizado e socialização do criminoso,
uma vez que o ser humano é, por natureza, um ser a-social. Para
compreender as causas do crime, investiga porque a generalidade das
pessoas não comete crimes. O crime decorre do conflito interior entre os
impulsos naturais e as resistências adquiridas pela aprendizagem de um
sistema de normas. Lélio Braga Calhau Criminólogo.( GAROFALO)
TEORIAS PSICO-SOCIOLÓGICAS.
Predomínio dos elementos sociais e situacionais sobre a personalidade.
Este termo usado Emile Durkhein (1910) em seu livro o Suicídio . Durkheim
emprega este termo para mostrar que algo não funciona na sociedade de
forma harmônica
CRIMINOLOGIA TRADICIONAL
Nasceu nos EUA, com a obra The New Criminology de Lan Taylor, Paul Walton e
Jock Young, no inicio da década de 70, uma reação aos conceitos neocapitalistas.
Seguiu uma linha socialista.
Essa nova criminologia está centrada na dinâmica dos movimentos sociais,
entretanto, vai além do determinismo presente no positivismo e se preocupa com a
reação social ante o crime, buscando elucidar o motivo de determinadas pessoas
serem tachadas de criminosas ao passo que outras não o são.
A prática de crimes não rotula ninguém, porque não é a qualidade negativa que
pertence a certos delitos o fator determinante do etiquetamento, e sim depende de
certos mecanismos e procedimentos sociais de definição e seleção, pois para a
sociedade delinquente não é todo aquele que infringe a lei, isto é, o delinquente é
aquele que preenche certos requisitos e é etiquetado pelas instâncias
criminalizadoras como tal.
A idéia do direito penal do inimigo foi introduzida nas discussões jurídicas por
Jakobs, através do paradoxo “direito penal do cidadão versus direito penal do
inimigo”. Segundo Jakobs, o cidadão é aquele que delinque ocasionalmente, e por
isso para ele deve ser aplicada a norma, baseada no fato, no desvio cometido. Já
o inimigo delinque por essência, é um ser socialmente nocivo e representa um
risco para a sociedade, e por isso é necessário colocá-lo à margem como forma de
contê-lo, aplicando-lhe um direito penal prospectivo (o importante não é a
ocorrência do fato criminoso e sim sua identificação e rotulação do possível autor
antes mesmo da prática do delito). Günther Jakobs (1973)
TEORIA DA ETNOMETODOLOGIA
Sustenta que é preciso limitar o Direito Penal, que está a serviço de grupos
minoritários, tornando-o mínimo, porque a pena, representada em sua
manifestação mais drástica pelo Sistema Penitenciário, é uma violência
institucional que limita os direitos e reprime necessidades fundamentais das
pessoas, mediante a ação legal ou ilegal de servidores do poder, legítima ou
ilegitimamente investidos na função.
Cada um, poderá adotar uma atitude diferente. O estudante número dois,
furioso, dirá que não quer morar com o primeiro e fala em expulsá-lo da casa; o
terceiro declarará: "O que se tem que fazer é comprar uma nova televisão e
outros pratos e ele que pague". O quarto estudante, traumatizado com o que
acabou de presenciar, grita: "Ele está evidentemente doente; é preciso procurar
um médico, levá-lo a um psiquiatra, etc.". O último ainda sussurra: "A gente
achava que se entendia bem, mas alguma coisa deve estar errada em nossa
comunidade, para permitir um gesto como esse. Vamos fazer juntos um exame
de consciência".
Vítima inocente é aquela que não tem nenhuma culpa ou partição no delito, o
delinqüente é o único culpado, pois a vítima nada colaborou. Exemplo:
seqüestro, vítima de bala perdida, calúnia , infanticídio, etc.
Vítima menos culpada é aquela que a vítima por pura ignorância é que
contribui de alguma forma para o resultado do delito, como freqüentar lugares
reconhecidamente perigosos ou expor seus bens materiais sem preocupação e
cuidados que deveria ter .
Vítima tão culpada quanto o delinqüente é aquela provocadora, o crime é
consumado com sua participação ativa, sem sua participação não haveria
crime, põe exemplo: homicídio privilegiado, rixa etc. Onde a vítima também é a
causador do delito.
Vítima mais culpada é aquela que causa o delito, a vítima faz com que o
agente provoque o delito, o caso mais freqüente são o de lesão corporal que é
cometido após injusta provocação da vítima ao agente.
Vítima como única culpada é aquela onde o agente provocador da ação
Vítimas Acidentais: São aquelas que surgem no caminho do delinqüente
Vítimas Falsas: Casos de denunciação caluniosa
Vítima Imaginária ou Putativa : A pessoa não foi vítima, mas, diferentemente
do caso anterior, não sabe disso. Acredita fielmente ter sido vitimada por erro
ou alienação mental
Vítima Latente ou por Tendência (Von Hentig) : Aquela que tem uma
disposição permanente e inconsciente para ser vítima, vindo dessa forma a
atrair os delinqüentes
Vítima Intra-familiar: Aquela que sofre a vitimização no seio familiar
NO BRASIL
A Lei n.º 7.209/84 que veio modificar a Parte Geral do Código Penal, cujo texto
contido no Capítulo III – Da aplicação da pena, art. 59 caput, passou a
estabelecer, o seguinte:
“ O juiz atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do
crime, bem como o comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
“... a lei 9.099/95, no âmbito da criminalidade pequena e média, introduziu no
Brasil o chamado modelo consensual de Justiça Criminal. A prioridade agora
não é o castigo do infrator, senão sobretudo a indenização dos danos e
prejuízo causados pelo delito em favor da vítima (Luiz Flávio Gomes –
Reparação do Dano)
16 ) POLÍTICAS CRIMINAIS
Para Hobbes, o delinqüente deve ser mantido em seu status de pessoa (ou de
cidadão), a não ser que cometa delitos de "alta traição", os quais
representariam uma negação absoluta à submissão estatal, então resultando
que esse indivíduo não deveria ser tratado como "súdito", mas como inimigo.
Kant admitia reações "hostis" contra seres humanos que, de modo persistente,
se recusassem a participar da vida "comunitário-legal", pois não pode ser
considerada uma "pessoa" o indivíduo que ameaça alguém constantemente
Observa Hans von Hentig, com lógica irretorquível: já que três-quartos de todos
os crimes são crimes contra a propriedade, torna-se clara a importância da
condição econômica individual. Muitos outros crimes são causados
indiretamente por dificuldades econômicas, pois a fome, o frio, ou a vida dos
cortiços não melhoram o controle dos nossos atos (Crime, Causes and
Conditions, p. 96).
Daí por que, acerca do chamado crime político-social, salientou Crispigni que
as maiores conquistas no sentido do aprimoramento das instituições
democráticas terem sido alcançadas justamente por essa espécie de crimes.
Não se pode ignorar que a queda das tiranias, a abolição da servidão da gleba,
a igualdade civil e política, os direitos do homem, a melhoria das condições de
vida do proletariado etc. não teriam sido possíveis sem o ímpeto dos crimes
político-sociais (apud Nélson Hungria - Comentários ao Código
Penal, voI. I, Tomo 1 °, p. 185).
Tal fato pode ser comparado com o que ocorre na Colômbia, em conseqüência
da guerra civil nesse país (Jornal do Senado,08.06.2001, p. 5).
O gigantismo das cidades como fator criminógeno. Favelização
Por sua vez, o poder opera em vários níveis ou esferas; há centros de poder
político, como assembléias, administração, exército, polícia, magistratura,
municípios, partidos políticos, assim como existem também centros de poder
econômico e centros de poder ideológico.
Daí, "todo abuso de poder forma parte do mesmo exercício do poder que se
encontra dentro de uma formação social determinada, e obedece aos seus
mecanismos" (Lola Aniyar - ob. cit., ps. 127 a 133).
O mesmo se pode dizer em relação a motocicletas, sendo que alguns tipos das
mesmas poluem dez vezes mais do que os automóveis.
Em 1973, por exemplo, de acordo com estatísticas oficiais, apurou-se que 12%
dos motoristas de ônibus apresentavam disritmia, e todos dirigiam mais de 12
horas por dia, transportando u'a média de cem pessoas por viagem. Dois anos
mais tarde, uma pesquisa também oficial constatou que 15% dos motoristas de
uma empresa particular eram portadores de sífilis e verminose. Isso, quando
não tinham problemas de hipertensão arterial e surdez, como lembramos
alhures (Criminologia, ps. 115 e segs.).
Por outro lado, os países mais desenvolvidos possuem leis severas, no que
diz respeito aos motoristas que tenham tomado bebidas alcoólicas. Na
Alemanha, por exemplo, é considerada como infração grave e embriaguez no
volante. Bastam 2 copos de cerveja, apenas, para que o motorista seja
considerado alcoolizado e, no caso, a medida tomada é a cassação imediata e,
na maioria das vezes, definitiva, da carteira de motorista.
Em Israel, por exemplo, no que diz respeito à severidade das leis de trânsito,
há um critério para a perda da carteira de habilitação: basta que o motorista
some 8 pontos em inftações cometidas. Para o excesso de velocidade a
punição é 1 mês sem licença. Andar sem seguro são 8 pontos - e um juiz
decide o tempo de cassação. O motorista surpreendido sem documentos tem o
prazo de 24 horas para apresentá-los. Sendo alguém que estava suspenso,
temporariamente, a perda é às vezes duplicada de 1 para 3 anos.
"Art. 2° - Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de
idade.
Salienta ainda César Barros Leal que, por ocasião do Segundo Congresso das
Nações Unidas sobre Prevenção do Delito e Tratame_to do Delinqüente,
realizado em Londres, em 1960, foi aprovada recomendação no sentido de que
o significado da expressão delinqüência juvenil deve restringir-se o mais
possível às infrações do Direito Penal.
Está fora de dúvida, porém, que os males resultantes da fome são des-
proporcionalmente maiores para os pobres, até porque estas condições lhes
são impostas, como conseqüência das desigualdades internacionais e da
exploração exercida pelas potências imperialistas, através do controle de
preço, açambarcamento e distribuição de alimentos, nos diversos países
capitalistas.
A subnutrição não é apenas um mal em si: todos os anos cem mil crianças
ficam cegas por causa daquela; 40% das mulheres adultas dos países
subdesenvolvidos são anêmicas.
Mutatis mutandis, da mesma forma que em relação aos adultos, existem cifras
douradas (em relação aos menores pertencentes às classes sociais
privilegiadas), cifras negras (práticas delituosas não detectadas, ou que
escapam ao controle oficial) e as práticas delituosas reprimidas, em
conformidade com a legislação aplicável em cada país.
Como seres humanos, embora com tenra idade, as crianças são também
suscetíveis de degenerescência, seja por fatores ou causas hereditárias,
genéticas, biológicas, sociais, econômicas, psicológicas, familiares, que podem
exercer influência maléfica sobre aquelas, a ponto de transformá-Ias em
verdadeiros monstros, entes perversos, insensíveis, cruéis, torpes, assassinos,
sangüinários.
Cabe lembrar ainda que, de acordo com os estudos sobre o assunto, o menor
ou maior quociente de inteligência, assim como o fenômeno do indi-" víduo
superdotado não resultam da hereditariedade, constituindo sim características
individuais, da mesma forma, por exemplo, como os dotes vocais, a bela voz, o
talento artístico.
Por outro lado, sob o título de periclitação da vida e da saúde prevê o art. 130
do Código Penal a figura delituosa consistente emperigo de contágio
venéreo, ou seja, as denominadas Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST).
Versando sobre o ressarcimento, José de Aguiar Dias não deixa dúvida acerca
do caráter ilícito e do dever de indenizar, no caso de transmissão de doença
venérea, em face dos princípios que regem o ordenamento jurídico pátrio,
nessa esfera (Da Responsabilidade Civil,voI. lI, p. 445).
Há certa diferença entre emoção e paixão, embora esta seja originária daquela.
Kant dizia que a emoção é como "uma torrente que rompe o dique da
continência", enquanto a paixão é o "charco que cava o próprio leito, infiltrando-
se, paulatinamente, no solo".
O interesse que a humanidade sente pelo homicídio, escreve Hans von Hentig,
reside no fato de que o matar ou ser morto fere suas fibras mais íntimas.
Por sua vez, Enrique Ferri, que foi um gigante da oratória forense, obteve
retumbantes vitórias nos Tribunais do Júri, em memoráveis defesas penais,
obras-primas de literatura jurídica, em que o romanesco se confunde com as
construções legais, do maior rigor científico.
À certa altura, desse belo texto literário, assim se expressa o autor: "Estamos
perante um caso de homicídio, seguido de suicídio frustrado, em seguida ao
amplexo de amor, depois da febre e do frenesi que produzem, no momento
fugitivo da volúpia, o esquecimento da dor que atormenta, do destino
inelutável".
E adiante: "Por amor se bate na pessoa amada, e até, por vezes, esta gosta de
ser batida. Mas pessoas menos cultas como regra geral, nas pessoas
intelectualmente mais elevadas como fenômeno ocasional e patológico - o
amor, em vez de diminuir, aumenta com as sevícias e os maus-tratos, e assim,
as misérias do masoquismo levam às violências do sadismo, que são as
doenças do amor e a sua gangrena."
Prossegue:
O panorama legal, nos dias atuais, com relação à prostituição feminina revela
o seguinte quadro, nos diferentes países capitalistas:
Por volta de 1925, no Turquestão, foi criada uma cláusula adicional ao Código
Penal da extinta União Soviética, que já previa penalidades pesadas para os
homossexuais. Surgiram espionagens e delações, desprezo por parte dos
comitês do Partido Comunista inclusive expurgos.
Em 1934, foi publicado um diploma legal assinado por Kalinin, declarando que
as relações sexuais entre homens eram consideradas como "crime social", com
penas de cinco a oito anos.
Por sua vez, Wilhelm Reich formula interessante concepção acerca do que
denominou de "economia sexual", ou seja, aquilo que diz respeito à maneira de
regulação da energia sexual, isto é, a economia das energias sexuais do
indivíduo, a maneira pela qual o ser humano manobra a sua energia biológica,
quanta energia ele represa e quanta ele descarrega organasticamente. Os
fatores que influem nessa regulação são de natureza sociológica, psicológica e
biológica, que devem ser objeto de estudo e sistematização científica, em
relação às práticas e manifestações humanas (A Revolução Sexual, ps.
245a315).
Salienta ainda que a mulher, pelo seu todo orgânico, se aproxima mais da
criança do que do homem, porquanto ela é menos cérebro do que este.
Todos os órgãos do corpo humano estão em relação íntima com o cérebro, por
meio de seus filetes de comunicação nervosa; domina, assim, o princípio da
simpatia no organismo, não havendo antipatias, sendo o cérebro o órgão da
cenestesia, e, portanto, da personalidade.
Dentre alguns povos, o cavalo e o cão tinham maior valor que a mulher. Entre
outros, que admitiam a poligamia, o adultério da mulher era considerado um
roubo, porque ela era propriedade do marido.
Durante a longa evolução humana, a mulher não foi mais do que objeto do
homem, em função das concepções políticas, econômicas, filosóficas, jurídicas,
religiosas e demais instituições dominantes.
Daí resulta que a mulher tem um cérebro e uma psique infantil, porque e só
porque foi submetida a uma existência que, pelas próprias contingências,
buscou esse resultado.
A instituição da escravidão e da família não são apenas análogas, e sim
idênticas, provindo do direito de conquista, sendo o escravo e a mulher
submetidos, como parte venci da e mais fraca, ao jugo do mais forte.
Assim, o cérebro da mulher não foi criado "para" ser o que tem sido e somente
isso. Podemos dizer que a sua organização cerebral está de acordo com o tipo
de civilização existente, as necessidades e aspirações femininas verificadas
até agora, com ilimitadas possibilidades de transformação, conclui Tito Lívio de
Castro (A Mulher e a Sociogenia).
Seja como for, a ilusória luta pela conquista do socialismo abriu novas e
amplas perspectivas para o movimento feminino e a emancipação da mulher.
Na verdade, a emancipação da mulher só se toma possível quando ela pode
participar em grande escala, em escala social, da produção, e quando o
trabalho doméstico lhe toma apenas um tempo insignificante. Esta condição só
pode ser alcançada com a grande indústria moderna, que não apenas permite
o trabalho da mulher em grande escala, mas até o exige, e tende cada vez
mais a transformar o trabalho doméstico privado em uma indústria pú blica
(através não só das grandes empresas industriais mas também da organização
de creches, restaurantes, lavanderias, indústrias alimentícias).
Naturalmente, sob uma nova ordem social, sem a influência negativa desse
conjunto de fatores, acima examinados, a conduta feminina terá outro sentido a
direção, pois até então, como afirmou Afrânio Peixoto, a civilização fez da
mulher máquina de prazer: a mulher vadia, a cavalo de corrida, os gatos
peludos e os cãezinhos de luxo; e, somente numa sociedade onde todos
trabalhem e sejam remunerados apenas pelo seu trabalho, não haverá tempo a
perder, nem riqueza a acumular, e assim:
Por seu turno, Freud entendia que o crime feminino representa uma rebelião
contra o natural papel biológico da mulher e evidencia um "complexo de
masculinidade".
Entretanto, em 1950, Otto Pollack surge com uma nova idéia: a mulher é tão
criminosa quanto o homem; a diferença nas taxas de criminalidade reflete, tão-
somente, o fato de que os crimes cometidos por mulheres são em geral menos
detectáveis do que aqueles cometidos por homens. Ademais, mesmo quando
descobertos, os crimes femininos são menos freqüentemente relatados às
autoridades e, quando relatados, há menor chance de que as mulheres sejam
levadas a tribunais e consideradas culpadas, não oferecendo, porém, o
mencionado autor, dados estatísticos confiáveis, para a comprovação de suas
assertivas.
Estudos mais recentes, entretanto, trouxeram à baixa fatores sócio-estruturais,
com argumentos e dados plausíveis.
Em geral, sustenta-se que as mulheres cometem menos crimes porque o seu
estilo de vida apresenta-Ihes menos oportunidades para delinqüir: mais afeitas
às lides domésticas e menos expostas às pressões econômicas, já que a
responsabilidade pela obtenção de recursos necessários à manutenção da
família tende a recair mais sobre os homens, as mulheres estão menos sujeitas
ao crime. Além disso, verificou-se também que na faixa de idade em que,
hipoteticamente, as mulheres estariam ocupadas com os cuidados de seus
filhos menores, há menor incidência na prática de delitos.
Bibliografia Recomendada
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Bibliografias auxiliares
ARTIGOS