Você está na página 1de 7

Ezequias Rodrigues Oliveira

As pessoas podem fazer seus planos, porém é


o SENHOR Deus quem dá a última palavra
Provérbios 16:1
ANÁLISE CRIMINAL – ASSALTO A SHOPPING - 2023
Estudos relativos à busca por melhores resultados em incidentes críticos exigem uma
análise que englobe fatores preponderantes como o tratamento das informações e a
aplicação assertiva de inteligência ( aqui compreendida como processo de tratamento das
informações e seu uso adequado no processo decisório), de modo a permitir uma melhor
compreensão e o insight para atuação, estabelecendo uma base mais sólida para formular
estratégias e planos que possibilitem soluções eficazes e eficientes.
Tendo como base a teoria a presentada acima, sigo em realizar Analise
Criminológica independente dos ataques a lojas em shoppings centers, na qual foram
identificadas e contabilizadas através de pesquisas em fontes abertas, foi encontrado 39
ataques a shoppings center em 2023, sendo onze em São Paulo, sete no Rio Grande do
Sul, cinco no Ceará, quatro no Rio de Janeiro, três no Amazonas, Distrito Federal, Pará e
Santa Catarina com dois cada, seguidos de Maranhão, Paraná e Minas Gerais com uma
ocorrência cada. As ocorrências foram estudadas com o objetivo de encontrar padrões
que possam subsidiar os gestores com informações sobre modus operandi, padrões dos
crimes, sua localização e concentração, lugares potenciais que estão emergindo como
grandes concentradoras de criminalidade e violência, assim planejar as operações com
objetivo de proteger vidas e patrimônios.
É preciso compreender que estamos claramente diante de um CONFLITO
ASSIMÉTRICO, onde criminosos que agem nesta modalidade de ataques violentos
contra patrimônio, que detêm um arsenal com poder de destruição muito superior quando
se comparado as armas e equipamentos utilizados pelas forças de segurança privada.
Consequentemente faz-se necessário que a seleção do profissional, a capacitação técnica,
os meios empregados, e principalmente o mindset (preparo da mente) dos agentes estejam
no mais alto nível, uma vez que a ação adversa é certa, mas os resultados são totalmente
incertos.

Distribuição das Ocorrências em território Nacional.


CENÁRIO BRASILEIRO
O país vive uma série de assaltos milionários a joalherias instaladas em shoppings.
Segundo as polícias, a impunidade explica a quantidade de casos. Se condenado, o ladrão
pega dois anos de prisão, uma pena pequena que é cumprida sempre em regime aberto. O
que nos direciona para o estudo apresentado por Gary Becker sobre a Economia do Crime,
o estudo apresenta que o ingresso na vida do crime é uma escolha racional, a relação do
indivíduo, em relação ao crime envolve custos e benefícios, se o benefício for maior que
o custo o criminoso é incentivado a cometer o ilícito, agora se o benefício for menor que
o custo, a uma desmotivação para o criminoso cometer o ato ilícito, mas qual o benefício
por trás do crime? O ganho fácil através do tráfico de drogas, o carro e o celular roubados,
o ataque a uma loja dentro de um shopping center, qual o custo do crime? A compra de
armas, o suborno de autoridades e o gasto de tempo selecionando vítimas são alguns
exemplos.
No Brasil o crime parece
compensar, no Rio de Janeiro a cada 100
roubos apenas 5 são identificados, poucos
resultam em penas realmente graves, a vida
no crime é uma empreitada com mais de
95% de sucesso, a pena deveria gerar temor
no criminoso, em países com penas
severas, os criminosos se preocupam em
primeiro lugar com a intensidade da pena,
no Brasil esta preocupação aparece apenas
em 4° lugar entre os presos, eles enxergam a punição como uma piada, os problemas do
Brasil são muitos, mas apenas 1 une a todos nós, a falta de segurança, e por estes motivos
temos que evoluir e cientificar as nossas ações com bases firmes em conhecimentos
científicos assim como Becker fez, utilizar ferramentas quantitativas e qualitativas para
promover a aplicação de efetivo para o patrulhamento ostensivo preventivo do dia a dia,
com vistas à manutenção da sensação de segurança e assim contribuir para a redução da
criminalidade em nossos shoppings.

INDICE POR REGIÃO


Norte
Sul 13%
26% Nordeste
15%

Sudeste
41%
ANALISE CRIMINAL E MODUS OPERANDI
Observando as dinâmicas dos crimes, ainda é possível identifica que em 10 casos
foram utilizados boné e máscara, já por 06 vezes foram utilizados somente máscara, 09
vezes utilizaram boné, 05 ocorrências teve tomada de reféns e 4 vezes com disparos de
arma de fogo, gerando repercussão negativa nas mídias, as principais lojas alvo
continuam sendo do setor de joias e telefonia sendo que 24 ocorrências foram em
joalherias e 11 em lojas de telefonia.

Também foram identificados outros alvos, como Casa de Câmbio, lojas de


departamento, a arma do vigilante como alvo e um registro de assassinato dentro do
shopping.
Análise Criminal – Mancha Horário

A maioria das ocorrências aconteceram no horário entre 10hs e 12hs, uma das
motivações pode ser que neste horário há um número reduzido de pessoas devido a
abertura das lojas, o que favorece a ação criminosa.
Também foi identificado padrões nos horários entre 15hs e 17hs, períodos
próximo a troca de turnos de lojistas e poucas ações preventivas adotadas, outro padrão
identificado foi no horário entre 18hs e 22hs, horário em que a percepção preventiva dos
lojistas está baixa, iniciam-se os fechamentos e os processos de aberturas dos cofres para
guarda de mercadorias e ainda tem o período noturno que é um risco natural.
Nos levantamentos tivemos dois casos considerados fora da curva, por ocorrerem
fora do horário comercial, onde um atuou como simulação de locatário de espaço de lojas
e outra com tomada de refém no trajeto de casa a loja, o que reforça a questão de que o
crime é mutante e sempre surgem novas modalidades ameaçando os empreendimentos.
Outro ponto relevante é a violência aplicada nas ações, onde quatro ocorrências
terminaram com disparos de arma de fogo, gerando pânico generalizado e traumas em
clientes e colaboradores, além de mancharem a imagens do shopping. Nestas ações
perpetradas não costuma haver uma grande organização para a prática desses roubos.
Ainda assim, é um fato grave, que comumente tem empenho de arma de fogo e ameaças
às vítimas. É uma ação considerada de grande complexidade, e é ousada, praticada à luz
do dia, em shoppings, locais com movimento. Esses criminosos agem com audácia.
Análise Criminal – Mancha Semanal
É possível observar os dias da semana com maior incidência de assaltos, estudando o
crime praticado identificamos os dias com maior índice de ações criminosas.
Às terças e sábados foram identificadas dez e nove ocorrências respectivamente,
seguidos por sextas e quartas, com registros de sete e seis ocorrências respectivamente.

A maioria das ações vêm sendo perpetradas por mais de 3 causadores do evento
critico, onde um faz a segurança, outro anuncia o assalto e outro atua recolhendo as
mercadorias, e quase sempre com um veículo em condições de realizar a fuga rápida e
desimpedida, houve um aumento das ações realizadas por duplas, que reflete a ousadia e
o encorajamento devido a impunidade e morosidade das respostas do poder judiciário.
Fica claro que a maioria das ocorrências são praticadas por homens, algumas pesquisas
apontam um aumento da criminalidade feminina, porém não atuam na ação direta do
assalto, elas realizam levantamentos de informações e reconhecimento pré-operacional
nos shoppings, já que levantam menos suspeita, foram identificado mulheres monitorando
joalherias que foram assaltadas e registrando a movimentação das equipes de segurança,
foram encontradas após apreensão de celular “No vídeo do celular apreendido, uma
mulher aparece filmando a movimentação de pessoas no shopping. As imagens mostram
também a porta da joalheria e o segurança, de terno, nas proximidades, do outro lado
do corredor”.
CONCLUSÃO

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) categorizou como Crimes


Violentos Contra o Patrimônio (CVP) todos os crimes classificados como roubo, exceto
o roubo seguido de morte (latrocínio), uma vez que estes já foram computados nos índices
de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVP). Nesse contexto, as altas taxas de
ocorrências do crime de roubo têm chamado a atenção dos gestores, pois tal delito
promove uma sensação de ineficiência do Estado em manter seguro o patrimônio do
cidadão.

As informações contidas nas análises criminais podem influenciar e promover


mudanças imediatas de escalas de serviço, emprego adicional de efetivo ou deslocamento
de efetivo de uma área para outra e em horários mais propícios a ataques.

O chamado planejamento estratégico deve contemplar, portanto, um diagnóstico


adequado da realidade, dos recursos disponíveis e dos óbices que eventualmente
dificultem a consecução desses objetivos.

Uma gestão que se denomina moderna não deve abrir mão da Análise Criminal
como instrumento otimizador de suas ações, com todas as novidades que o progresso
científico-tecnológico pode hoje nos proporcionar. Mesmo entendendo que a Análise
Criminal seja mais do que a coleta de dados quantitativos para a produção de uma
estatística criminal confiável, esta é, sem dúvida, sua primeira etapa. Assim, torna-se
importante primeiramente a construção de bases de dados abrangendo informações sobre
as práticas dos atores do sistema de segurança, juntamente com um ferramental analítico
adequado; depois, a sensibilização desses próprios atores para que, por meio de uma
postura moderna, possam de fato utilizar em toda sua plenitude o instrumental
disponibilizado pela análise, quer na projeção de cenários, na elaboração de inferências,
no estabelecimento de padrões ou no mapeamento de tendências criminais.

“Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa


serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento
é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.”
(Eclesiastes 7:12)

Você também pode gostar